RESUMO DO PROJETO Considerado um dos oradores mais destacados de seu tempo, Cícero nos chama a atenção não só por sua atuação nos tribunais, mas por sua produção, tanto no campo da eloqüência, quanto no campo filosófico e político. Seu conhecimento da eloqüência ultrapassa aspectos puramente técnicos. Neste sentido, teremos ocasião de perceber que a filosofia torna-se importante ferramenta na produção da argumentação. Por isso nossa pesquisa tem o propósito de estabelecer uma relação dialógica e intrínseca entre o conteúdo filosófico e a retórica ciceroniana, expressa na literatura. Se, no período sofístico, tínhamos um embate entre filosofia e retórica, devido a uma despreocupação com a verdade e, portanto, com o conteúdo do discurso, em Cícero podemos perceber que esta questão é resolvida. Embora a Retórica Romana fosse uma releitura da Retórica grega, podemos perceber que esta superou a mera aplicação de regras que garantissem a persuasão. A importância dada por Cícero ao estudo da filosofia, nos atesta isto. A eloqüência, segundo Cícero, não é tirada da oratória, mas da filosofia. Ele se confessa um orador, formado não nas oficinas dos retores, mas pela academia. Segundo ele, ambas se complementam. Ele chega a citar Péricles como exemplo de bom orador, principalmente por este ter tido contato com a filosofia. E mais, o nosso autor critica ferozmente aqueles que acreditam que o simples fato de falar, os torna oradores. Assim, nosso estudo irá demonstrar que o conteúdo filosófico e a obra literária podem ser aliados na conquista da verdade e na capacidade que o poeta tem de persuadir o destinatário para esta mesma verdade.