O Que é Mais Importante, Seu Dinheiro ou Seu Tempo? O Impacto da Menção do Tempo e Dinheiro na Previsão da Adaptação Hedônica do Consumidor Autoria: Gabriela de Souza Neves, Fernanda Fernandes Cachapuz, Vinícius Andrade Brei RESUMO Seu dinheiro ou seu tempo? Segundo Mogilner e Aaker (2009), as atitudes e o comportamento do consumidor em relação a produtos e marcas podem mudar devido a algo tão sutil como a menção de tempo ou dinheiro. Através da metodologia experimental e o uso do serviço MTurk (Amazon), foram realizados 2 experimentos a fim de analisar se a previsão da adaptação hedônica do consumidor é influenciada pela menção das variáveis tempo e dinheiro em situações de consumo. Concluímos que, quando existe a percepção dessas duas variáveis, a previsão de adaptação hedônica é maior quando a variável tempo é enfatizada. 1 1. INTRODUÇÃO Seu dinheiro ou seu tempo? Qual deles você valoriza mais? Diferentes níveis de ligação pessoal com um bem de consumo são decorrentes do apelo relacionado ao tempo ou ao dinheiro (MOGILNER; AAKER, 2009). De acordo com essas pesquisadoras, é surpreendente ver como as atitudes e o comportamento do consumidor em relação a produtos e marcas podem mudar devido a algo tão sutil como a mera menção de tempo ou dinheiro. Os estudos de Mogilner e Aaker (2009) demonstram que os consumidores associam a ênfase sobre o tempo (vs. dinheiro) a situações de consumo mais agradáveis. Para as pesquisadoras, as pessoas pensam de modo mais positivo sobre o produto porque com o gasto de tempo se tornam mais ligadas a ele. O produto tem de dizer algo sobre elas e gastar dinheiro traz menos ligação pessoal. Ou seja, a ênfase sobre o tempo, em uma situação de consumo, aumenta o foco sob a experiência de uso do produto e, consequentemente, eleva o sentimento de conexão pessoal. O foco sobre o dinheiro, no entanto, salienta apenas a posse do produto; situação que, com exceção dos consumidores materialistas, leva a uma adaptação mais rápida. Essa adaptação aos produtos consumidos pode ser entendida pela definição adotada por Wang, Novemsky e Dhar, (2009, p. 149) em que a adaptação hedônica é definida como “a atenuação das reações afetivas decorrentes da propriedade e do uso contínuo de determinado produto”. A redução do prazer após a posse ou uso de determinado item de consumo é o principal fator responsável pelo predomínio, no comportamento do consumidor, do ciclo: desejo de consumo – compra – satisfação – adaptação – novo desejo de consumo e, assim por diante. As pessoas, muitas vezes, comentam sobre a rapidez com que o extraordinário se torna comum. Uma experiência ou um produto antes tão desejado perde, ou ao menos reduz, seu interesse após o uso prolongado. De modo geral, é possível perceber que um ciclo insaciável de desejo de consumo é algo bastante comum. Brickman e Campbell (1971) utilizaram o termo “esteira hedonista” (hedonic treadmil, em inglês) ao descrever o fato de que as pessoas reagem rapidamente aos acontecimentos bons e ruins, mas em pouco tempo voltam a uma situação de neutralidade. Ou seja, a maioria das mudanças no bem-estar subjetivo é transitória e cada indivíduo possui um nível de equilíbrio, ou patamar de felicidade, ao qual se ajusta após um período de desequilíbrio. De acordo com Diener, Lucas e Scollon (2006), as pessoas vivem continuamente em busca da felicidade, porque elas acreditam incorretamente que a felicidade está no próximo objetivo a ser conquistado, no próximo relacionamento pessoal ou no próximo problema resolvido. Entretanto, a busca incessante por esse “algo mais” pode ser inútil quando a adaptação hedônica não é considerada. A adaptação é um processo que pode acontecer tanto em nível psicológico quanto fisiológico e representa uma redução no impacto sentido durante a exposição freqüente a determinado estímulo. Assim, avaliando esses estudos, observa-se que algumas questões importantes ainda não estão respondidas na literatura, por exemplo: a previsão da adaptação é afetada, ou difere significativamente, em situações de consumo com apelo sobre o tempo ou sobre o dinheiro? O objetivo desse artigo é avaliar a influência desses aspectos relacionados ao tempo versus o dinheiro no processo de previsão da adaptação hedônica do consumidor. A previsão da adaptação hedônica proporcionada por um produto ou por uma experiência de consumo é relevante em diversos domínios do comportamento do consumidor. Dentre as diversas dimensões afetadas pelo que a literatura chama de “previsão afetiva” (affective forecasting, em inglês), podemos citar, por exemplo, o processo de escolha e tomada de decisão do consumidor. Estudos referentes à previsão afetiva do consumidor são relevantes, também, para pesquisas que buscam compreender alterações de humor e bem-estar 2 emocional dos compradores, ou ainda, o tempo de decisão em uma situação de consumo (MACINNIS; PATRICK; PARK, 2005). Portanto, compreender parte do processo de adaptação hedônica é relevante e justificase pelo simples fato de estar relacionado ao aumento do bem-estar do consumidor. Estudos que investiguem maneiras de amenizar, ou ao menos retardar, os processos de adaptação são importantes, principalmente na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. Mas por que relacionar a adaptação hedônica à variável tempo (vs. dinheiro)? Baseadas nos estudos de Mogilner e Aaker (2009) e Mogilner (2010), acreditamos que a ênfase da variável tempo (vs. dinheiro), enquanto os consumidores avaliam um produto, os levará a crenças diferentes a respeito da adaptação hedônica. A questão que propomos com esse artigo é avaliar se a situação de consumo mais favorável relatada pelos consumidores quando o apelo relacionado ao tempo (vs. dinheiro) é enfatizado, causa influência também em um período pós-consumo, ou seja, na previsão da adaptação hedônica. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 TEMPO VERSUS DINHEIRO Os filmes, os livros de auto-ajuda, as músicas – apenas para citar alguns exemplos – mostram que o ser humano está constantemente em busca da felicidade. Somos estimulados de diversas formas a querer sempre mais e mais a fim de encontrar a realização pessoal, a completude e a felicidade. Muitas vezes, essa busca é associada ao dinheiro. A possibilidade de satisfazer um desejo de consumo, através do dinheiro, é uma das visualizações do construto felicidade. Uma das razões da associação entre dinheiro e felicidade pode ser explicada pelo fato de que as pessoas aprendem a desejar bens materiais, e a realização desses desejos levaria a sentimentos de bem-estar, apontam Diener et al. (2010). O senso comum sustenta a ideia de que quanto mais dinheiro, maiores serão as chances de alcançar a felicidade plena. Alguns estudos corroboram com a ideia de que o dinheiro possa proporcionar a conquista da felicidade e do bem-estar, desde que seja empregado adequadamente (DUNN; GILBERT; WILSON, 2011). Entretanto, segundo Kahneman e Deaton (2010), mais dinheiro não necessariamente compra mais felicidade, mas menos dinheiro está associado com a dor emocional. Para Mogilner (2010), os psicólogos têm encontrado fraca relação entre dinheiro e felicidade. Um número crescente de estudos mostra que simplesmente pensar em dinheiro pode afastar os indivíduos de comportamentos que levam a uma maior satisfação e bem-estar. Apenas o fato de mencionar a palavra dinheiro torna os indivíduos menos propensos a ajudar os outros, fazer doações para caridade e socializar com a família e amigos – comportamentos que estão intimamente relacionados à felicidade (AAKER; RUDD; MOGILNER, 2011). Além disso, de acordo com Binswanger (2006), os níveis de felicidade não aumentam proporcionalmente com o aumento do nível de renda. O autor comenta que as pessoas estariam se sentindo melhores e mais felizes se trabalhassem menos e tivessem mais tempo para o lazer e para as relações sociais. Entretanto, as pessoas geralmente não incorporam esse comportamento no seu dia a dia, superestimando a felicidade derivada da renda e subestimando os benefícios do tempo para o lazer. Mogilner e Aaker (2009) mostraram que as atitudes e decisões dos consumidores em relação aos produtos podem ser influenciadas por algo tão singelo como simples referências ao tempo e ao dinheiro. Na verdade, enfatizar tempo (versus dinheiro) tende a encorajar, ou impulsionar positivamente, as atitudes e decisões em relação a um produto sob avaliação. O 3 efeito do tempo (versus dinheiro) é impulsionado, principalmente, pela conexão pessoal elevada que os consumidores sentem em relação aos produtos nessas situações, ou seja, à medida em que o produto reflete parte do self. A premissa das pesquisadoras foi derivada de três linhas principais de pesquisa. A primeira relaciona as variáveis tempo e dinheiro a situações voltadas para doações e caridade. De acordo com os estudos de Reed et al. (2007), os indivíduos preferem doar seu tempo ao invés de seu dinheiro para caridade. Isso porque os indivíduos relatam que a forma como as pessoas gastam seu tempo reflete melhor sua identidade pessoal do que a forma como elas gastam seu dinheiro. A segunda linha de pesquisa relaciona-se com a primeira e associa além da caridade, o tempo e o dinheiro com a variável felicidade. Liu e Aaker (2008) demonstraram que questionar indivíduos a respeito de doações de tempo versus doações de dinheiro para instituições de caridade promove crenças diferentes em relação à felicidade pessoal. Por exemplo, quando os indivíduos são questionados sobre a doação de parte de seu tempo para uma instituição de caridade, eles são propensos a considerar a felicidade pessoal decorrente dessa doação. Se ao invés disso, eles são primeiramente questionados sobre determinada doação em dinheiro para uma instituição, eles são menos propensos a considerar a sua felicidade pessoal. Consequentemente, os indivíduos dão significativamente mais dinheiro para a caridade quando questionados primeiramente por aspectos relacionados ao tempo (versus dinheiro). Por último, a terceira corrente de pesquisa relaciona a variável tempo e o self do indivíduo. É essa ideia de que o tempo, e principalmente a falta dele, pode representar parte do indivíduo - muito mais do que o dinheiro - que Mogilner e Aaker (2009) utilizaram para comprovar sua premissa. Ou seja, ativar a ideia de tempo (vs. dinheiro) enquanto os consumidores avaliam um produto, os leva a se concentrarem na experiência de uso. Isto faz com que a conexão pessoal com o produto seja aumentada e, consequentemente, leve a uma situação mais agradável. Ainda conforme Mogilner e Aaker (2009), quando as situações de consumo enfatizam aspectos associados às relações interpessoais e ao tempo (vs. dinheiro), os consumidores sentem-se mais confortáveis e propensos a pagar valores mais altos por determinado produto ou experiência. As pesquisadoras comprovam que a mera menção de tempo (vs. dinheiro) no marketing de um produto pode influenciar as atitudes e decisões dos consumidores quanto à compra e quanto ao montante que estão dispostos a pagar por determinado produto. Em um de seus experimentos, por exemplo, Mogilner e Aaker manipularam o marketing de uma barraca de limonada em três condições: a primeira enfatizando o tempo, a segunda o dinheiro e por fim um grupo de controle sem nenhum estímulo. Como resultado, as pesquisadoras mostraram que o apelo relacionado ao tempo (vs. dinheiro) é capaz de tornar o produto mais atraente e proporcionar uma condição de consumo mais agradável, assim como leva os consumidores a pagarem valores mais altos pelo mesmo produto. 2.2 PREVISÃO DA ADAPTAÇÃO HEDÔNICA De acordo com Frederick e Loewenstein (1999), a adaptação hedônica pode ser entendida como os processos que atenuam o impacto emocional (ou hedônico) em longo prazo, tanto em circunstâncias favoráveis como desfavoráveis. Conforme os autores, “a adaptação, em seu sentido mais amplo, refere-se a qualquer ação, processo ou mecanismo que reduz os efeitos (de percepção, fisiológicos, de atenção, motivacional, hedônico, e assim por diante) de um estímulo constantemente repetido” e ainda, “a adaptação hedônica é a adaptação aos estímulos que são afetivamente relevantes” (ibid., p. 302). 4 Com o objetivo de compreender melhor o fenômeno da adaptação, Nelson e Meyvis (2008) estudaram o efeito de pausas durante tarefas irritantes ou prazerosas. Em um primeiro momento, os pesquisadores perceberam que os voluntários preferiam intuitivamente que as experiências positivas ocorressem de forma contínua, enquanto que as negativas fossem intercaladas por intervalos. Contudo, os autores afirmam que inserir um intervalo, ou pausa, na experiência deve interromper o processo de adaptação. Nesse caso, as pausas intensificariam a experiência, seja em circunstâncias agradáveis ou não. Isto é, após a inserção de um intervalo pode ser observado um aumento da satisfação em situações prazerosas, bem como um maior desconforto em experiências adversas (ibid.). A pesquisa de Nelson e Meyvis (2008) mostrou que os participantes não levaram em consideração a adaptação quando escolheram inserir intervalos nas experiências negativas e não interromper as experiências consideradas agradáveis. O engano dos consumidores ao prever a adaptação a diferentes situações e produtos também foi abordado por Wang et al., (2009). O erro na previsão da adaptação pode ser explicado pelo fato de que as pessoas tendem a prever uma duração muito maior do impacto hedônico que o produto ou experiência vai proporcionar. Os pesquisadores acreditam que os indivíduos podem até possuir crenças corretas quanto à adaptação, porém não as utilizam no momento da decisão de compra. “Na vida diária, nós frequentemente prevemos como nossas decisões e escolhas nos fará sentir; desde a escolha do sabor de um sorvete até a escolha de um companheiro” (PATRICK; MACINNIS; PARK, 2007, p. 479) Quantas vezes ao longo do dia nos deparamos com situações como estas? A todo momento fazemos escolhas com base em nossas previsões afetivas, mesmo que inconscientemente. A previsão afetiva (affective forecasting, em inglês) pode ser definida como uma antecipação de sentimentos decorrentes de uma situação futura. No âmbito do comportamento do consumidor, a previsão de sentimentos afetivos é essencial, principalmente quando falamos do processo de tomada de decisão. De acordo com MacInnis, Patrick e Park (2005), as experiências de previsão afetiva podem ser descritas em termos de diversas dimensões que refletem o tipo de sentimento propriamente dito, a intensidade e a duração do mesmo. Pesquisas em psicologia sugerem que quando as pessoas pensam sobre suas emoções futuras, na maioria das vezes, elas fazem previsões erradas. Em outras palavras, as pessoas demonstram uma previsão equivocada, que pode ser visualizada pela diferença entre os sentimentos previstos e os experienciados (PATRICK; MACINNIS, 2006). Gilbert et al. (1998) esclarecem que, de certa forma, as previsões são bastante precisas, por exemplo, qualquer pessoa reconhece que um final de semana em Paris será muito mais agradável que uma cirurgia de vesícula. O maior problema, contudo, surge na tentativa de estimar a duração das reações afetivas, sejam estas positivas ou negativas. Conforme MacInnis et al. (2005), as pessoas tendem a superestimar quanto tempo elas sentir-se-ão bem, ou mal, após um evento futuro positivo ou negativo respectivamente. Wang et al. (2009) sugerem que a negligência da adaptação hedônica pode resultar em insatisfação, decorrente da falta de capacidade dos indivíduos em prever o quão rapidamente o prazer proporcionado por uma nova compra vai desaparecer. Se os consumidores não preveem a redução do impacto afetivo ao tomar uma decisão de compra, eles podem sentir-se particularmente frustrados ou insatisfeitos quando seu prazer começar a diminuir. Em outras palavras, pode-se dizer que a previsão do impacto hedônico de uma nova compra, e mais especificamente o erro decorrente dessa previsão, está intimamente relacionada ao bem-estar emocional do consumidor. Principalmente devido ao fato de que tais previsões afetivas são vitais para o processo de tomada de decisão. A literatura, principalmente voltada para a psicologia, tem estudado as fontes influenciadoras de erros nas previsões afetivas e o porquê das previsões de afeto futuro serem frequentemente errôneas. Em alguns casos, os consumidores sentem-se diferentes do previsto 5 porque representam o futuro equivocadamente. Ao pensar sobre o futuro o consumidor pode deixar de considerar detalhes importantes, ser influenciado por outras circunstâncias do momento, ou negligenciar outros aspectos que podem torná-lo feliz. Em outros casos, o consumidor pode sentir-se diferente do esperado, porque ele não imagina adequadamente ou precisamente sua reação afetiva para o resultado futuro. Em algumas situações, o consumidor pode errar por ajustar suas previsões com base em seu estado emocional atual. Pode ocorrer, ainda, do resultado real ser de acordo com o esperado, mas simplesmente não produzir a intensidade de emoção prevista (MACINNIS; PATRICK; PARK, 2005). Enfim, dentro dessas grandes categorias, podem ser identificadas diversas fontes influenciadoras de erro na previsão afetiva. Diante do contexto apresentado, as hipóteses a serem testadas no presente estudo são: H1: A previsão de adaptação hedônica do consumidor é diferente nas situações de consumo que enfatizam, de forma independente, aspectos relacionados ao tempo (vs. dinheiro). H2: Quando as duas variáveis tempo e dinheiro são utilizadas de forma conjunta, a previsão de adaptação hedônica do consumidor é mais alongada nas situações que enfatizam aspectos relacionados ao tempo (vs. dinheiro). 3. METODOLOGIA A partir do problema de pesquisa e das hipóteses apresentadas, utilizamos o método experimental para a operacionalização da pesquisa. O desenho experimental caracteriza-se por um estudo fatorial, uma vez que apresenta duas variáveis independentes: tempo versus dinheiro e o tempo decorrente para a adaptação. Cada variável independente será manipulada em dois níveis e o desenho do experimento pode ser representado pelos seguintes tratamentos diferentes: 2 (variável: tempo versus dinheiro) x 3 (tempo: 6 meses, 1 ano e 2 anos). Com o intuito de minimizar as limitações decorrentes da obtenção da amostra, normalmente formada por estudantes de graduação, os experimentos desta pesquisa serão realizados através do serviço Mechanical Turki, da Amazon. Conforme Schwartsman (2011), o serviço Mechanical Turk permite recrutar centenas de indivíduos e submetê-los a alguns tipos de experimentos em menos de 48 horas. De acordo com Buhrmester et al. (2011), o site permite que as pessoas registrem-se como ‘solicitantes’ (requesters), os criadores das tarefas, ou como ‘trabalhadores’ (workers), indivíduos pagos para completarem as tarefas. Os ‘solicitantes’ podem criar e publicar praticamente qualquer tarefa que pode ser realizada através do computador (tais como questionários, experimentos, etc.), usando modelos simples, scripts técnicos ou conectando os ‘trabalhadores’ a ferramentas externas de pesquisa online (por exemplo, SurveyMonkey). Os ‘trabalhadores’ podem navegar pelas tarefas disponíveis e são pagos após a conclusão de cada tarefa. Os ‘solicitantes’ podem recusar o pagamento das tarefas, caso acreditem que o trabalho não foi bem realizado (BUHRMESTER et al., 2011). Essa plataforma permite a realização de experimentos online com milhares de indivíduos de diferentes países (BOHANNON, 2011). Além da variação do universo de pesquisa, o tempo e o custo dos experimentos tendem a ser muito menores quando comparados ao procedimento padrão. Segundo Buhrmester et al. (2011), o Mechanical Turk tem os elementos necessários para completar com sucesso uma pesquisa do início ao fim. A dificuldade de recrutar pessoas interessadas em participar das pesquisas, principalmente com a baixa possibilidade de remuneração, é superada pelo serviço da Amazon. Os usuários do 6 MTurk são internautas interessados, principalmente, em complementar sua renda, embora, alguns participantes procurem tarefas no sistema com o intuito de se divertir ou “matar o tempo” (SCHWARTSMAN, 2011). Buhrmester et al. (2011) sugerem que a população participante do MTurk é tão ou mais representativa quanto aquelas dos estudos tradicionais. O mais importante é que Buhrmester et al. (2011) constataram que a qualidade dos dados proporcionados pelo Mechanical Turk é no mínimo tão confiável quanto aquela obtida pelos métodos convencionais. 3.1 DESENHO EXPERIMENTAL O propósito dos experimentos realizados era analisar se a previsão da adaptação hedônica do consumidor é influenciada pela menção das variáveis tempo e dinheiro em situações de consumo. Os estudos de Mogilner e Aaker (2009) e Mogilner (2010) serviram de base teórica para a realização dos dois experimentos que compõem esta pesquisa. O experimento 1 busca verificar se existe influência dessas variáveis sobre a previsão da adaptação, quando tratadas de forma independente (em um estudo between-subjects). O experimento 2 busca observar essa mesma influência, quando essas variáveis são expostas de forma conjunta e saliente ao consumidor (em um estudo within-subjects) (KEPPEL; WICKENS, 2004). 3.1.1 EXPERIMENTO 1 No experimento 1 foi adotado o procedimento between-subjects, no qual cada grupo de indivíduos foi exposto à apenas um nível dos dados tratados. Assim, cento e quatro pessoas, recrutadas pelo MTurk, participaram do experimento 1, sendo que 50% dessas pessoas realizaram o experimento com a manipulação da variável tempo e as outras 50% realizaram o experimento com a manipulação da variável dinheiro. Nos dois grupos os participantes foram alocados por ordem de chegada até completar o número da amostra, estipulado previamente. A situação de consumo utilizada no experimento foi a compra de um notebook e a manipulação foi feita através de cenários escritos em inglês. Os cenários eram exatamente iguais para os dois grupos, com exceção da ênfase sobre a variável tempo ou dinheiro. Para o grupo de indivíduos com ênfase sobre a variável dinheiro, foi simulada uma situação em que os indivíduos compraram um novo notebook devido ao seguinte anúncio: “Compre um notebook ‘GTF’. O melhor para o seu dinheiro. Acompanha software com serviço diário de gestão do seu dinheiro e software que mostra como as pessoas têm gasto seu dinheiro diariamente. Mais econômico!”. Após a reflexão sobre o anúncio, os indivíduos tiveram que responder as seguintes perguntas: “o quanto você acredita que vai ser prazeroso e o quanto você vai gostar de usar seu notebook após 6 meses da compra? Após 1 ano? E após 2 anos?” Para responder a essas perguntas, os participantes utilizaram a escala de 9 pontos (1 = nem um pouco prazeroso; 9 = muito prazeroso), a qual foi empregada no estudo de Wang et al. (2009). Já para o grupo de indivíduos com ênfase sobre a variável tempo, foi simulada a mesma situação em que os indivíduos compraram um novo notebook, entretanto o anúncio era voltado para a questão do tempo: “Compre um notebook ‘GTF’. O melhor para o seu tempo. Acompanha software com serviço diário de gestão do seu tempo e software que mostra como as pessoas têm usado seu tempo diariamente. Mais rápido!”. Os participantes tiveram que responder, utilizando a escala de 9 pontos, as mesmas três perguntas: “o quanto você acredita 7 que vai ser prazeroso e o quanto você vai gostar de usar seu notebook após 6 meses da compra? Após 1 ano? E após 2 anos?”. Resultados Quando as variáveis tempo versus dinheiro são apresentadas, de modo independente, ao consumidor, observa-se que a previsão de adaptação hedônica não sofre nenhum tipo de influência significativa. Conforme previsto, os valores médios do nível de adaptação diminuíram ao longo do tempo, ou seja, é possível observar que as pessoas conseguiram prever uma redução da satisfação com o produto, ao longo do tempo: Níveis de Adaptação Hedônica 8 7 6 5 dinheiro 4 tempo 3 2 1 0 6 meses 1 ano 2 anos Figura 1. Níveis de Adaptação Hedônica referentes ao experimento 1 Contudo, o objetivo principal de verificar o efeito da ênfase das variáveis tempo e dinheiro na previsão de adaptação hedônica do consumidor não se mostrou significativo (Pvalor6meses = 0,50; P-valor1ano = 0,50; P-valor2anos = 0,39). Além disso, surpreendentemente, as médias do nível de adaptação hedônica nas condições de tempo de 6 meses e 1 ano foram exatamente iguais, tanto para a variável tempo quanto para a variável dinheiro (μtempo(6 meses) = μdinheiro (6 meses) = 7,17; μtempo(1 ano) = μdinheiro (1 ano) = 6,11). Na figura 1, essa igualdade é observada nitidamente, o traço referente à variável tempo está exatamente em cima do traço referente à variável dinheiro, essa sobreposição ocorre devido às médias do nível de adaptação hedônica nas duas primeiras condições temporais serem exatamente as mesmas, variando somente após o primeiro ano. Esses resultados também estão apresentados na Tabela 1: 8 Tabela 1: Estatísticas dos níveis de adaptação hedônica referentes ao experimento 1 Média Desvio Padrão P-valor 6 meses Tempo Dinheiro 7,17 7,17 1,50 1,56 0,50 1 ano Tempo Dinheiro 6,11 6,11 1,63 1,64 0,50 2 anos Tempo Dinheiro 4,71 4,83 2,17 2,07 0,39 Amostra: Ntempo = Ndinheiro = 52 pessoas; N = 104 pessoas. FONTE: coleta de dados 3.1.2 EXPERIMENTO 2 No experimento 2 foi adotado o procedimento within-subjects, no qual cada participante foi exposto a todas as condições experimentais. Conforme Wang et al. (2009), o fato de variar o valor de um atributo em um estudo within-subject aumenta a relevância desse atributo. No experimento realizado por Wang et al. (2009), os pesquisadores utilizaram esse procedimento para testar se as previsões dos consumidores incorporam a crença na adaptação quando o período de tempo é enfatizado. Com o intuito de verificar a influência das variáveis tempo versus dinheiro no processo de previsão da adaptação hedônica do consumidor, o procedimento within-subjects foi utilizado. Nesse caso, as condições experimentais foram exatamente as duas mesmas que no experimento anterior. Cento e cinquenta e seis pessoas, recrutadas pelo MTurk por ordem de chegada, participaram do experimento, sendo que oito respostas foram invalidadas, pois estavam incompletas, totalizando assim cento e quarenta e oito respondentes válidos. Na primeira etapa do experimento, foi simulada a situação de consumo com manipulação da variável dinheiro. Em seguida, todos os participantes responderam as mesmas perguntas: “o quanto você acredita que vai ser prazeroso e o quanto você vai gostar de usar seu notebook após 6 meses da compra? Após 1 ano? E após 2 anos?”. Foi utilizada a mesma escala de 9 pontos para responder as perguntas. Na segunda etapa do experimento, ocorreu exatamente o mesmo procedimento, entretanto foi simulada a situação de consumo com manipulação da variável tempo. Assim, ao contrário do experimento 1, no experimento 2 todos os indivíduos puderam avaliar o impacto de ambas as variáveis – tempo e dinheiro - na previsão de adaptação ao produto. Resultados A segunda hipótese da pesquisa foi comprovada com esse experimento. Em todas as três condições temporais (6 meses, 1 ano e 2 anos após o consumo), a média dos níveis de adaptação hedônica foi maior nas situações em que a variável tempo foi enfatizada. A maior parte dos resultados foi estatisticamente significativa, considerando um nível de confiança de 95% (P-valor6meses = 0,04; P-valor1ano = 0,05). Todavia, na condição temporal de 2 anos, apesar da média do nível de adaptação hedônica ser maior (μtempo = 4,64; μdinheiro = 4,47), a diferença entre os valores não é estatisticamente significativa (P-valor2anos = 0,12). Os resultados estão apresentados na Tabela 2: 9 Tabela 2: Estatísticas dos níveis de adaptação hedônica referentes ao experimento 2 Média Desvio Padrão P-valor 6 meses Tempo Dinheiro 6,82 6,60 1,88 1,91 0,04 1 ano Tempo Dinheiro 5,75 5,51 1,86 1,84 0,05 2 anos Tempo Dinheiro 4,64 4,47 2,04 2,13 0,12 Amostra: N = 148 pessoas FONTE: coleta de dados A Figura 2 demonstra o comportamento das médias dos níveis de adaptação nas duas condições. A linha em vermelho, que representa os níveis de adaptação para a variável tempo, permanece ao longo de todo o gráfico acima da linha azul, que representa os níveis de adaptação para a variável dinheiro. Níveis de Adaptação Hedônica 8 7 6 5 Dinheiro 4 Tempo 3 2 1 0 6 meses 1 ano 2 anos Figura 2. Níveis de Adaptação Hedônica referentes ao experimento 2 4. DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES O principal objetivo da pesquisa como um todo era avaliar o impacto da variável tempo versus dinheiro no processo de previsão da adaptação hedônica do consumidor. Após a realização dos experimentos, observou-se que quando adotado o procedimento betweensubjects (experimento 1), no qual cada grupo de indivíduos é exposto à apenas um nível de tratamento, não houve diferenças significativas na previsão de adaptação hedônica (vide Tabela 1). Ou seja, quando os indivíduos foram separados em dois grupos e participaram de 10 apenas uma condição experimental (tempo ou dinheiro), os mesmos não notaram a diferença das variáveis tempo e dinheiro na previsão da adaptação hedônica. Pode ser observado, inclusive, que os participantes tenderam a prever níveis bastante semelhantes de adaptação nas duas condições. No experimento 2, quando adotado o procedimento within-subjects, no qual todos os participantes do experimento são expostos a todos os níveis de tratamento, o resultado encontrado foi outro. Isto é, quando as pessoas têm a percepção das duas variáveis na situação de consumo, a previsão da adaptação hedônica diferiu significativamente. Entretanto, a previsão da adaptação na condição de 2 anos não gerou resultados estatisticamente significativos. Isso pode ser explicado pelo fato de que à medida que o período de tempo torna-se mais longo, torna-se mais difícil para os indivíduos manterem crenças precisas sobre a adaptação. Pesquisas posteriores podem explorar esse aspecto temporal associado à previsão da adaptação hedônica. Nas demais condições (6 meses e 1 ano), a hipótese de que os aspectos associados ao tempo (vs. dinheiro) influenciam a previsão da adaptação, quando enfatizados em uma situação de consumo, pôde ser comprovada. Nos dois casos, o teste estatístico (P-valor6meses = 0,04; P-valor1ano = 0,05) nos permite afirmar, ao nível de significância de 5%, que as médias dos níveis de adaptação são maiores quando a variável tempo é enfatizada. Ou seja, em geral, os indivíduos acreditam que o valor hedônico pelo produto permanece por mais tempo quando a variável tempo (versus dinheiro) é enfatizada em uma situação de consumo. De acordo com Mogilner e Aaker (2009), o uso das variáveis tempo e dinheiro como argumento em uma campanha de marketing pode evocar fortes reações nos consumidores. Os anúncios de marketing rotineiramente enfatizam temas financeiros ou relacionados ao tempo em suas campanhas. Mogilner e Aaker (2009) sugerem que as empresas estejam atentas quanto ao uso dessas duas variáveis, uma vez que o comportamento e as atitudes dos consumidores podem ser alterados quando enfatizados uma ou outra. De forma a complementar o estudo dessas autoras, essa pesquisa buscou esclarecer a influência das variáveis tempo e dinheiro na percepção dos consumidores, na situação de pós-consumo. Ou seja, se a situação agradável provocada pela menção da variável tempo (vs. dinheiro) pode ser postergada em um período pós-consumo. A maioria das campanhas de marketing criam temas específicos relacionados ao tempo ou ao dinheiro. Segundo Mogilner e Aaker (2009), quando os anúncios enfatizam a questão do tempo (vs. dinheiro), sensações benéficas são percebidas pelos consumidores. No entanto, com a presente pesquisa observou-se que, se essas duas variáveis (tempo e dinheiro) forem tratadas de forma isolada os efeitos benéficos advindos da ênfase do tempo podem não ser percebidos em uma situação de pós-consumo (previsão de adaptação hedônica). Foi comprovado que, quando empregadas de forma conjunta, além de propiciar ganhos momentâneos, os benefícios proporcionados pela variável tempo são percebidos e podem provocar alterações positivas nas previsões de adaptação hedônica do consumidor. Portanto, conclui-se que quando as variáveis são utilizadas de forma conjunta, o indivíduo percebe a noção de tempo versus a noção de dinheiro na situação de consumo, e sua previsão de adaptação é maior. Observamos que analisar a previsão de adaptação hedônica de forma isolada pode ser considerada uma limitação do nosso trabalho. Paralelamente ao estudo de previsão de adaptação, seria interesse analisar o processo de adaptação real do consumidor para ampliar e melhor compreender os resultados dessas variáveis no processo de adaptação hedônica como um todo. Um estudo da adaptação real requer uma pesquisa longitudinal, que obviamente requer mais tempo e é mais complexa em sua operacionalização. Como sugestão para pesquisas futuras, indicamos a análise da adaptação hedônica real do consumidor para essas duas situações de consumo, a fim de verificar se aspectos relacionados ao tempo, tal como maior conexão pessoal, podem influenciar no processo de adaptação hedônica real; 11 retardando assim esse processo e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos consumidores. Portanto, a presente pesquisa traz conclusões relevantes para a área de comportamento do consumidor, assim como para a sociedade, ao aprofundar os conhecimentos acerca da relação entre parte do processo de adaptação hedônica do consumidor e a qualidade de vida dos mesmos. Corroborando com os resultados encontrados por Mogilner e Aaker (2009) e Mogilner (2010), podemos comprovar com esse artigo que a ênfase sobre o tempo traz efeitos positivos ao consumidor, contudo, para que esse efeito permaneça em um período pós-consumo, as variáveis tempo e dinheiro devem ser tratadas de forma conjunta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, Jennifer; RUDD, Melanie; MOGILNER, Cassie. If Money Doesn’t Make You Happy, Consider Time. Journal of Consumer Psychology, v. 21, p. 126-130, April, 2011. BINSWANGER, M. Why does income growth fail to make us happier? Searching for the treadmills behind the paradox of happiness. The Journal of Socio-Economics, v. 35, p. 366– 381, 2006. BOHANNON, J. 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