II – São Paulo, 123 (226) Diário Oficial Poder Executivo - Seção II sábado, 30 de novembro de 2013 Geraldo Alckmin - Governador SEÇÃO II Volume 123 • Número 226 • São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2013 www.imprensaoficial.com.br A mostra Gente de Cinema, em cartaz até o dia 8 na Casa Guilherme de Almeida – instituição da Secretaria de Estado da Cultura, administrada pela Poiesis –, expõe uma das paixões do poeta, crítico, tradutor e cronista Guilherme de Almeida. O trabalho reúne, entre outros itens, diversos recortes ampliados das críticas que escreveu para a coluna Cinematographos de O Estado de S.Paulo, a partir de 1927 – época em que crítica cinematográfica era prerrogativa de revistas especializadas, e os jornais limitavam-se a informar as salas e horários das exibições. Há textos curiosos e, num deles, Guilherme comenta a escolha da atriz que interpretaria o papel de Scarlet O’Hara no filme E o vento levou (1939), já na época em que a coluna chamava-se apenas “Cinema”. Mostra revela a paixão de Guilherme de Almeida pela sétima arte, sentimento que o tornou pioneiro como crítico de cinema no País Logo na entrada do museu, na parte externa, grandes painéis exibem conteúdo do livro que dá nome à exposição. Gente de Cinema, produção independente de 1929, é uma coletânea de escritos de Guilherme FOTOS: PAULO CESAR DA SILVA O poeta e seu amor pelo cinema À direita, recorte da coluna Cinematographos, escrita por Guilherme de Almeida, que recebeu foto com dedicatória de Walt Disney À esquerda, embaixo da caixa redonda, o livro Hollywood: a novela da vida real, uma das relíquias do amigo Olympio Guilherme sobre a atuação de seus atores preferidos de Hollywood. O visitante poderá ainda se deliciar com a leitura de trechos originais de roteiros que Guilherme escreveu para os filmes Apassionata (1952), Tico-tico no fubá (1952) e Sinhá-moça (1953), todos produzidos pela extinta Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Um amigo, um personagem Uma das “felizes descobertas” da curadoria durante o levantamento de material para a mostra foram os registros sobre a amizade de Guilherme de Almeida com o ator Olympio Guilherme. Jornalista natural de Bragança, Olympio vencera, em 1927, concurso promovido pelos estúdios da Fox para levar “talentos latinos” para trabalhar nos Estados Unidos. Entre os inscritos estavam Carmen Miranda, ainda pouco conhecida, e Patrícia Galvão (Pagu). Apenas Olympio venceu. Foi para a América, tirou fotos ao lado de celebridades, mas nada de contrato. O concurso era, na verdade, um pretexto da Fox para expandir sua área de distribuição no País. Vivendo das escassas “pontas” que conseguia fazer, chegou a passar fome. Mesmo assim, conseguiu produzir um documentário vanguardista, justamente sobre a situação de estrangeiros que iam para lá iludidos com a promessa de “fazer fama no cinema”. Sobre o mesmo tema, escreveu o livro Hollywood: A novela da vida real. Nos três anos em que Olympio viveu no Exterior, foi Guilherme de Almeida quem mais contribuiu para divulgar seu trabalho no Brasil. Citava-o com frequência em suas críticas, com frases provocativas: “Olympio Guilherme vai estrear seu primeiro filme” ou “Qual nome artístico deverá adotar?” O amigo, por sua vez, enviava-lhe cartas e livros com dedicatória, o que fortalecia a amizade. “Descobrimos tudo isso aos 45 minutos do segundo tempo, quando finalizávamos a exposição. Não podíamos deixar de fora”, lembra Donny, que durante as pesquisas arrematou um exemplar de Hollywood: A novela da vida real. A publicação, restaurada, numerada e com a impressão digital do autor, integra a mostra Gente de Cinema. Donny Correia, que ao lado do diretor Marcelo Tápia e de Marlene Laky, assina a curadoria da exposição, revela que durante as pesquisas a equipe se deparou com detalhes surpreendentes. Foram encontradas, por exemplo, críticas a diversos filmes de vanguarda, como São Paulo: Sinfonia da metrópole (1929), que até hoje só despertam o interesse de públicos específicos. “Ler seus escritos nos permite perceber o crescimento da cidade e sentir o frescor e o cheiro daquela São Paulo que se transformava em metrópole internacional”, afirma. Uma estreita relação – Além de escrever críticas sobre os filmes, Guilherme também produzia crônicas sobre o próprio hábito de ir ao cinema. Avaliava as salas, escrevia sobre os tipos que as frequentavam e a relação de cada um diante dos filmes. “Guilherme tinha predileção pelo cinema. Valorizava essa linguagem desde quando ainda se discutia se o cinema era ou não arte. Observava elementos como atuação, direção, fotografia, iluminação. Isso teve grande importância na história da crítica cinematográfica do País”, acrescenta Tápia. Detalhes como a publicação da Fox Brasil, para a qual ele escrevia, em 1940, a coluna Memória de um fã; exemplares da revista de cinema Review ou ainda a participação em conferência ministrada por Douglas Fairbanks Jr. (filho do ator Douglas Fairbanks) revelam Donny Correia: “O cheiro daquela São Paulo” um homem conectado com as tendências do universo cinematográfico e explicam por que ele era tão avançado em suas críticas. Tornam a mostra ainda mais especial sutilezas como a foto com dedicatória de Walt Disney; a carta da direção do antigo Cine Metro agradecendo por menção em sua coluna; o pequeno fichário de madeira com perfis de artistas ou a carta em que uma fã diz ter mudado de opinião a respeito do trabalho da atriz Simone Simon, no filme O Sétimo Céu (1937), depois de ler sua coluna. Roseane Barreiros Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial SERVIÇO Casa Guilherme de Almeida Rua Macapá, 187, Pacaembu – SP Telefones (11) 3673-1883 / 3672-1391 De terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas Entrada franca. Até o dia 8 A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br sábado, 30 de novembro de 2013 às 02:13:19.