ALECIANE DA SILVA MOREIRA FERREIRA1 SÔNIA MARIA GUEDES GONDIM2 GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM ENTREVISTAS DE EMPREGO NA PRÁTICA PROFISSIONAL FEIRA DE SANTANA (BA) 2012 1 Mestre em Psicologia Organizacional pela Universidade Federal da Bahia, Administradora, Professora de Recursos Humanos, Consultora de Empresas, Analista Universitária. 2 Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora Associada do Instituo de Psicologia da Universidade Federal da Bahia 2 RESUMO Os processos seletivos compreendem um importante subsistema da área de gestão de pessoas ou recursos humanos, uma vez que repercutem significativamente na vida das pessoas que estão em busca de emprego. Atualmente, os profissionais de recursos humanos utilizam várias técnicas complementares de seleção, visando a contribuir para a qualidade dos processos seletivos; mas o que se observa é que a técnica mais frequentemente usada é a entrevista de emprego. Embora ela sinalize a presença de subjetividade na interação face a face entre o entrevistador e o entrevistado, é uma importante ferramenta para a decisão de contratação, podendo ser utilizada, muitas vezes, como única técnica de seleção. O gerenciamento de impressão (GI) é o modo como uma pessoa se apresenta a outra, utilizando um conjunto de estratégias, intencionalmente ou não, para influenciar favoravelmente a opinião alheia. São cinco as estratégias descritas na literatura: autopromoção, exemplificação, suplicação, intimidação e insinuação. Este livro aborda a percepção de selecionadores de pessoas ou entrevistadores quanto ao uso das estratégias de gerenciamento de impressões pelos candidatos a emprego, por meio de estudos empíricos de naturezas qualitativa e quantitativa, a fim de avaliar os comportamentos verbais e não-verbais dos candidatos relacionados às estratégias de GI. Constatou-se que a estratégia de autopromoção foi a mais percebida pelos entrevistadores, pois os candidatos enfatizaram seus resultados positivos, habilidades e competências. Associados ao uso dessa estratégia, foram observados comportamentos não-verbais caracterizados como cinestésicos e de acentuação. As estratégias de autopromoção, associadas aos comportamentos não-verbais, parecem repercutir favoravelmente na decisão de contratação do candidato pelo entrevistador. Conclui-se que as implicações do uso dessas estratégias de GI podem contribuir para a diminuição dos vieses subjetivos da entrevista de emprego. Palavras-chave: Gerenciamento de Impressão. Estratégias. Entrevista de Emprego. Percepção. 3 INTRODUÇÃO Transformações tecnológicas intensas, sofisticação dos processos laborais, demandas de trabalho diferenciadas, busca por trabalhadores qualificados e dinâmicos – esse é o contexto atual do mundo do trabalho. Mais do que no passado, a meta é alcançar melhores resultados com maior eficiência e eficácia, é obter bons desempenhos com menor esforço e desgaste para as organizações e para os trabalhadores, ou seja, a meta é alinhar trabalho com quem é mais capaz de realizálo. Diante dessas transformações, há um relativo consenso de que os processos seletivos estão passando por mudanças impulsionadas pelo novo cenário do mundo do trabalho (FARR e TIPPINS, 2010). Embora os critérios de seleção ainda estejam baseados nas definições de perfis profissionais e nas especificidades das tarefas, o nível de exigência de qualificação e capacitação, em todos os cargos e funções, aumentou significativamente, tornando um desafio encontrar pessoas habilitadas para ocupar as vagas disponíveis (ANASTASI e URBINA, 2000; LESTER, MENCL, MARANTO, BOURNE e KEAVENY, 2010). A preocupação em desenvolver habilidades individuais, para a aquisição e manutenção do emprego, parece ter aumentado, devido ao fato de o mercado de trabalho ter-se tornado mais restrito e exigente. O problema, então, não é somente oferecer trabalho, mas encontrar pessoas que possam ocupar a contento as vagas disponíveis. O gerenciamento de impressões (GI), no contexto de seleção de emprego, surge como um fenômeno que repercute no desempenho do candidato, já que consiste na forma como esse candidato interage com o entrevistador, buscando transmitir uma imagem positiva e tentando fazê-lo perceber que possui os requisitos necessários para a contratação. A meta do candidato é transmitir uma impressão favorável, ao supor que as impressões geradas no entrevistador contribuem positivamente na avaliação e decisão de contratação. A literatura de gerenciamento de impressões (GI) também traz uma discussão das características dos entrevistadores como um fator influente nos comportamentos dos candidatos, num interjogo em que as características e comportamentos desses candidatos também acabam influenciando a percepção dos entrevistadores durante as entrevistas (DELERY e KACMAR, 1998). Por ser o GI um fenômeno inerente a qualquer processo de interação social, na entrevista de seleção ele é ainda mais evidente, pois os candidatos estão sendo 4 submetidos a um processo avaliativo, cujo resultado poderá mudar significativamente sua vida. Em decorrência disto, a entrevista desperta nesses candidatos, o aumento da consciência de estarem sendo julgados, o que os leva a tentar impressionar positivamente o entrevistador. Para os profissionais de recursos humanos, por sua vez, conduzir um processo de seleção de pessoas e atender às necessidades das organizações, em meio à competitividade do mundo atual, tornou-se um desafio. Cabe a eles a identificação do melhor candidato em pouco tempo, sem demandar gastos adicionais para a organização. Indefeso diante da necessidade de se apresentar melhor que outros profissionais para ocupar vagas concorridas, o candidato adota estratégias de autogestão para se tornar competitivo no mercado, procurando se preparar melhor por meio de leituras, cursos e outros recursos de suporte emocional, técnico e estratégico que lhe auxiliem a se sair bem nas entrevistas de seleção ou progredirem na carreira (RALSTON e KIKWOOD, 1999). A relevância da questão tem motivado, rotineiramente, a divulgação de dicas sobre como se apresentar em entrevistas de seleção, em jornais, revistas, sites etc. Este livro tem o objetivo de abordar o uso de gerenciamento de impressões pelo candidato em entrevistas de emprego, visando qualificar melhor o entrevistador para compreender e lidar adequadamente com este fenômeno. O livro está organizado em cinco capítulos. No Capítulo 1, será discutida a percepção social de pessoas, especialmente em processos de avaliação, abordando também as atribuições causais. O Capítulo 2 tem como foco as definições da formação de impressões, as formas de conceber e estudá-la no contexto organizacional, introduzindo os conceitos de gerenciamento de impressões e sua relação com a entrevista de emprego. O Capítulo 3 direciona sua discussão para a entrevista de emprego, focalizando as perspectivas teóricas de abordagem do fenômeno, definições e subsídio para a preparação de entrevistadores. O Capítulo 4 traz um estudo empírico das estratégias de gerenciamento de impressões em situações de entrevistas de emprego, a fim de se compreender melhor esse fenômeno. Por fim, o Capítulo 5 traz considerações finais a respeito da necessidade de mais estudos empíricos e teóricos sobre o gerenciamento de impressões, especialmente para subsidiar ações de treinamento de entrevistadores. 5 1. GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO O gerenciamento de impressão (GI) começou a ser estudado por Goffman (1959), e é definido por vários estudiosos como um conjunto de comportamentos adotados pelo indivíduo, voltados para influenciar a maneira como os outros o percebem (ELLIS, et. al, 2002; ROSENFELD et. al, 2002; MCFARLAND et. al, 2003; ROSENFELD, EDWARDS e THOMAS, 2005; BOLINO et. al., 2008). Esses comportamentos descrevem aspectos centrais do indivíduo, como a tentativa consciente ou inconsciente de influenciar as percepções dos outros sobre si, sobre um objeto ou evento, por meio da regulação e controle de informações na interação social. A terminologia gerenciamento de impressão é entendida por alguns autores como autoapresentação, que para Swann (1983) é usada para designar diversas atividades autodescritivas que validam o próprio autoconceito. Para Jones e Pittman (1982), o gerenciamento de impressões serve para eliciar comportamentos pretensiosos, e, para Leary (1996), é, por vezes, aplicado somente para atividades públicas destinadas a influenciar os outros. Em resumo, o objetivo parece ser o de criar uma imagem positiva. O que parece distinguir as definições é o nível de consciência, visto que a autoapresentação é somente consciente, enquanto que o GI é processado inconsciente e conscientemente (SCHLENKER e WEIGOLD, 1992). Não há nada nefasto ou superficial acerca do gerenciamento de impressões, tendo em vista ser esse um fenômeno natural e presente em todas as relações humanas. O que se observa é que a informação apresentada pelo indivíduo se adapta às diferentes circunstâncias, incluindo as metas e valores desse indivíduo e também as expectativas e valores do observador. Um exemplo oportuno, trazido por Schlenker e Weigold (1992), sublinha que, assim como um escritor de livros didáticos deve editar as informações para apresentá-las de forma legível e concisa, as pessoas devem “editar” as informações sobre si na vida cotidiana, para oferecer o que têm de melhor. A maioria dessas pessoas está preocupada com a impressão gerada em outras e, portanto, recorre a uma variedade de estratégias para gerenciar essa impressão, conforme afirma Bolino et. al. (2008), sobretudo para descrever a si mesma de modo a promover a impressão desejada (JONES e PITTMAN, 1982; LEARY, 1996). 6 Alguns autores se posicionam de forma diferente quanto às circunstâncias em que o gerenciamento de impressão é empreendido. Por exemplo, alguns entendem que o GI é usado somente em condições específicas, ou por certos tipos de pessoas (SNYDER, 1987; BRIGGS e CHEEK 1988). Outros estudiosos do assunto, como Goffman (1959), Hogan (1983) e Shlenker, (1985), entendem que o GI é um comportamento ubíquo, ou seja, faz-se presente em todas as relações humanas e é um fenômeno natural e positivo. Concordando com Goffman, Hogan e Shlenker, é fato que, para interagir, as pessoas precisam ter clareza da situação e dos papéis de cada uma, pois têm de levar em consideração alguns aspectos, como a aceitação e o respeito à identidade do outro. Nesse contexto, o GI se faz presente para que se possa obter uma interação harmoniosa e efetiva. Ademais, o GI pode variar em dimensões quanto à quantidade de esforço cognitivo exercido pelo indivíduo na apresentação de informações à medida que está consciente de tentar criar impressões particulares, ou no que se refere à tentativa do indivíduo de controlar o seu comportamento, ou ainda estar atento à forma como o observador o percebe (SCHLENKER e WEIGOLD, 1992). O gerenciamento de impressão também abrange, largamente, os comportamentos não-verbais como gestos, expressões faciais, linguagem corporal, tom de voz, apresentação social, proximidade e movimentos corporais (AMBADY e WEISBUCH, 2010). Alguns autores utilizam o termo não-verbal como interação comunicativa face a face, ou ainda a consideram como atividade expressiva que precede ou acompanha o uso de palavras (RECTOR e TRINTA (1985). As comunicações não-verbais para o ser humano podem ser processadas através de três suportes, conforme Corraze (1982). O primeiro é o corpo, nas suas qualidades físicas, fisiológicas e nos seus movimentos. O segundo é constituído por objetos associados ao corpo, como os adornos, as roupas, ou mesmo as mutilações, marcas ou cicatrizes de tatuagens, ou de rituais. E o terceiro suporte se refere à dispersão dos indivíduos no espaço, que engloba desde o espaço físico que cerca o corpo (espaço pessoal) até o espaço que a ele se relaciona (espaço territorial). Em resumo, o GI pode ser concebido como um processo inerente às interações humanas, em que fazendo uso de estratégias verbais e não-verbais, alguém procura, conscientemente ou não, influenciar a opinião dos outros sobre si. A preocupação é fazer com que a outra pessoa tenha uma imagem positiva e que isto venha a influenciar as atitudes e o comportamento para com ela. 7 1.1. GERENCIANDO AS IMPRESSÕES EM ENTREVISTAS DE EMPREGO Embora esse fenômeno aconteça em todas as interações humanas diárias, como já foi mencionado, na entrevista de seleção para emprego, o gerenciamento de impressão é muito mais evidente, uma vez que há uma relação de poder entre o candidato e entrevistador. Esse último tem o poder de decisão de contratação, enquanto o primeiro esforça-se por apresentar-se da melhor forma possível, para obter aprovação, fazendo uso de estratégias que o ajudam a ser visto como possuidor dos requisitos que a vaga exige, ou que atendam às expectativas do selecionador em relação a ele. Essas estratégias são definidas por Jones e Pittman (1982), os pioneiros no estudo deste fenômeno, como um plano global que se vale de táticas para atingir metas previamente estabelecidas. As estratégias de gerenciamento de impressões podem ser classificadas em cinco tipos: insinuação, autopromoção, exemplificação, intimidação e suplicação (WAYNE e FERRIS, 1990; ROSENFELD et al, 2002). Para insinuar-se, autopromover-se, exemplificar, intimidar ou suplicar, as pessoas fazem uso de táticas autoelogiosas, de intitulação, intensificação, superação de obstáculos, de conformidade, justificação, enaltecimento ou pedidos de ajuda, conforme ilustrado na Tabela 1 Tabela 1: Tipos de estratégias de gerenciamento de impressões em entrevistas de emprego Estratégias Descrição Táticas ou ações Insinuação Apresenta-se amigável e O candidato se faz parecer mais atrativo e simpático simpático. que os outros. Elogia o entrevistador, a fim de elevar sua autoestima. Relata favores pessoais feitos aos colegas, para mostrar amabilidade. Concorda sistematicamente com as opiniões do entrevistador. Ou aceita um resultado negativo, para demonstrar humildade. Autopromoção Demonstra imagem de O candidato apresenta-se altamente competente, competência, destacando suas ressaltando suas habilidades ou aptidões. Ressalta habilidades. apenas resultados positivos individuais realizados, mesmo se isso não for verdade. Leva o entrevistador a crer que ele é importante para a organização e também competente para exercer a função a que concorre. Declara que teve um resultado mais positivo do que outros candidatos. Exemplificação Exemplifica suas virtudes morais, O candidato mostra-se moralmente confiável, como honestidade, lealdade, exemplificando situações em que outros o ética. admiravam e seguiam seus exemplos. Relata, por exemplo, casos em que ficou no trabalho até mais tarde, ou que chegou ao trabalho mais cedo, a fim de ser visto com o dedicado. 8 Intimidação Suplicação Transmite uma imagem de que é O candidato apresenta as desvantagens de a imprescindível para a empresa não contratá-lo, enaltecendo suas organização qualidades pessoais. Apresenta a dificuldade em encontrar profissionais qualificados em sua área de atuação e o desejo de outras organizações em contratá-lo. Transmite uma imagem de O candidato mostra-se desamparado e vítima, para necessidade de ajuda, visando a solicitar ajuda do entrevistador para sua colocação gerar no outro uma resposta de no mercado de trabalho. Demonstra os prejuízos que proteção e auxílio. vem tendo em função de sua situação de desemprego. Nota: Adaptada da escala de Bolino e Turnley (1999),pág. 199. No uso de estratégias de gerenciamento, os candidatos a emprego lançam mão de táticas, definidas como ações ou procedimentos de influência, para serem percebidos como simpáticos, competentes, moralmente confiáveis, imprescindíveis e merecedores de pena (BOLINO e TURNLEY, 1999). As táticas descritas na Tabela 1 são destinadas a realizar as respectivas estratégias a que se referem. Portanto, nas entrevistas de emprego, a estratégia de insinuação refere-se a um conjunto de táticas de gerenciamento de impressões para fazer o candidato ser percebido como mais atraente. As táticas de autopromoção referem-se a ações que buscam fazer o entrevistador pensar que o candidato é competente, tanto em relação a capacidades gerais, quanto em relação a habilidades específicas. O objetivo do candidato, ao utilizar a intimidação, é fazer a empresa pensar que ele é um potencial candidato e que a não-contratação pode gerar prejuízos para a organização (ROSENFELD et al, 2002). A exemplificação, por sua vez, faz uso de táticas para dar impressão de integridade, auto-sacrifício e valor moral (JONES e PITTMAN, 1982). Por último, na suplicação, o candidato lança mão de táticas que sensibilizem o entrevistador para sua necessidade de ajuda, ao reconhecer suas próprias limitações e sofrer os prejuízos do desemprego e do desamparo. Neste último caso, os candidatos tentam ativar a “norma de responsabilidade social”, de que é dever moral ajudar aqueles que necessitam (MENDONÇA e ANDRADE, 2002). O estudo de Falbe e Yuhl (1992) constatou que a influência do uso combinado de táticas teve resultado mais favorável do que quando uma única tática foi usada, o que foi corroborado no estudo recente de Proost, Schreurs, De Witte e Derous, (2010), que concluiu que as táticas não são usadas pelos candidatos de forma isolada, mas se combinam para aumentar a eficácia, como, por exemplo, as táticas de insinuação e de autopromoção. 9 Proost et.al (2010) identificaram, em sua pesquisa, que o uso combinado dessas táticas levou o candidato a atingir sua meta, ou seja, a contratação. Bolino e Turnley (1990) sugeriram, mais especificamente, que a combinação de autopromoção com insinuação pode ser uma receita especial de sucesso. Segundo eles, a insinuação leva a uma maior percepção de afinidade entre o candidato e o entrevistador, e a autopromoção aumenta a percepção de competência. Em relação ao uso de táticas defensivas pelos candidatos, alguns estudos identificaram que esses tipos de táticas tiveram efeito positivo na avaliação do entrevistador (PEETERS e LIEVENS, 2006; MCFARLAND, e RAYMARK, 2007). Por sua vez, Tsai et. al (2010) realizaram outro estudo empírico para testar o efeito dessas táticas defensivas (uso de justificativas ou pedido de desculpas, por exemplo) e constataram que elas atenuam a impressão desfavorável dos entrevistadores, uma vez que esses entrevistadores tendem a prestar mais atenção a características negativas do candidato. Então, para desviar a atenção do que é negativo, o uso de táticas defensivas pelo candidato parece surtir algum efeito. É oportuno mencionar também que o entrevistador desempenha um papel crucial no processo seletivo e pode, inclusive, influenciar o comportamento do candidato. Ou seja, o entrevistador exerce um papel ativo no gerenciamento de impressões do candidato. Como norma, os entrevistadores não fornecem informações pessoais aos candidatos, mas a influência que eles exercem se dá através dos comportamentos, da aparência, da posição em que os candidatos os colocam nesse contexto de interação. Ademais, as diferenças de gênero dos entrevistadores, suas competências e o estilo de entrevistas que assumem podem repercutir nas estratégias adotadas pelos candidatos (DELERY e KACMAR, 1998). Em resumo, tanto o entrevistador como o candidato tentarão difundir uma imagem pessoal positiva para o outro; o candidato, para obter melhores empregos e o entrevistador, para atrair os melhores candidatos (GILMORE e FERRIS, 1989). No que se refere às características dos candidatos a emprego e o uso do GI, Gilmore et. al (2002), em sua pesquisa empírica sobre influências disposicionais (traços pessoais) e suas consequências para a percepção do entrevistador, constataram que as características dos candidatos estão intrinsecamente relacionadas com o uso do GI. O estudo conclui que candidatos com fortes traços de extroversão fazem mais uso de autopromoção e influenciam positivamente o entrevistador, enquanto que candidatos com traços de conformidade ou 10 concordância utilizam-se mais de comportamentos não-verbais e influenciam positivamente os entrevistadores, por meio da percepção do grau de afinidade entre eles (candidato e entrevistador). Candidatos com um alto nível de autoconfiança tendem a transmitir melhor as suas impressões, talvez por haver uma maior coerência expressiva entre a comunicação verbal e não-verbal (DePAULO, 1991). Esse mesmo autor pontua que o preparo, bem como o ensaio para uma apresentação, principalmente em pessoas que têm melhor desempenho e habilidades de comunicação, pode aumentar os benefícios desejados. Em contraste, quando as pessoas tornam-se ansiosas, não regulam as suas emoções e preocupam-se demasiadamente, elas podem obter resultados negativos. O autor também salienta que a ansiedade por parte do entrevistador pode fazer com que ele seja menos preciso em julgar quando o candidato está tentando enganá-lo. Esse artifício de tentar enganar o entrevistador, transmitindo uma impressão que, na verdade, não condiz com as autênticas características do candidato, é realçado pelos comportamentos não-verbais, e em alguns casos são tão bem sucedidos, que os entrevistadores são incapazes de diferenciar o que é verdadeiro ou falso. Contudo, as probabilidades de êxito com o uso de dissimulações são maiores para aqueles candidatos que têm experiência anterior com essa situação, não sentem culpa por ter falseado a informação e possuem habilidades para enganar, o que difere dos menos experientes, com os quais é mais fácil identificar se estão dissimulando (DePAULO, 1991). O gerenciamento de impressão, portanto, é intrínseco às interações humanas, sendo um fenômeno natural, principalmente quando se trata de um contexto de avaliação. O entrevistador não pode perder de vista que do mesmo modo que o candidato tenta influenciar sua opinião, ele também exerce papel importante no gerenciamento de impressões do candidato, como é o caso de entrevistas de emprego, abordado a seguir. 2. A ENTREVISTA DE EMPREGO: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO NO DIA-A-DIA DE ENTREVISTADORES A entrevista ainda é a técnica mais usada nas seleções de emprego nas organizações brasileiras (GODOY e NORONHA, 2005; ARAÚJO e PILATI, 2008), e é uma atividade de interação social em que aspectos subjetivos de formação de 11 impressões e julgamentos interferem na tomada de decisão de contratação (MOSKOWITZ, 2005; GONDIM e QUEIROGA, 2011). Ela se constitui num processo pelo qual se escolhem, dentre um grupo homogêneo, os candidatos com as melhores aptidões e capacidades para determinada posição na empresa, e é vista muito mais que um simples método de contratação (PEREIRA, PRIMI e COBÊRO, 2003), mas um processo que poderá mudar significativamente a vida do candidato selecionado. Embora existam outras importantes técnicas de seleção, como dinâmicas grupais, testes escritos e práticos, avaliações psicológicas, jogos empresariais, dentre outras, a entrevista se mostra como uma importante ferramenta, e se faz presença obrigatória nos processos seletivos. Ou seja, mesmo que seu uso faça parte de um conjunto de técnicas de seleção, ela é indispensável para proporcionar um contato mais direto com o futuro contratado, salvo em caso de concursos públicos em que quase sempre não se usam entrevistas de seleção. O que se observa, em muitas organizações privadas, no entanto, é que a entrevista ao invés de compor uma das técnicas para subsidiar a tomada de decisões, é usada como critério mais decisivo para a tomada de decisão. Se de um lado a interação é fundamental nesta aproximação com o candidato, ela está sujeita a vieses de subjetividade, em que o GI tem um papel importante. É preciso estar atento a isto e conduzir as entrevistas com os cuidados necessários para manejar bem esta intersubjetividade. 1) Papel do entrevistador: suprir o candidato das informações necessárias sobre a vaga e a empresa contratante Os processos seletivos estão passando por mudanças impulsionadas pelo novo cenário do mundo do trabalho (FARR e TIPPINS, 2010). Candidatos possuem expectativas em relação ao emprego, assim como entrevistadores buscam identificar candidatos que estejam mais aptos e tragam benefícios à organização. Nesse processo de interesses recíprocos, Rynes (2003) aponta que candidatos preferem e reagem mais positivamente a entrevistadores que os tratem bem, que sejam informativos, que tenham clareza sobre os critérios que a vaga exige e que possuam a habilidade necessária para ocupar a posição de selecionador. Então, um primeiro aspecto a ser considerado pelos entrevistadores é atender às necessidades de informação dos candidatos. Quanto mais claro fica para o candidato o que está sendo esperado dele, mais seguro se sente, o que o faz apresentar com mais 12 tranqüilidade suas habilidades e competências pessoais, recorrendo menos a estratégias e táticas de gerenciamento para dissimular suas características pessoais. 2) Escolha criteriosa dos instrumentos de medidas psicológicas Assim como o candidato precisa se sentir esclarecido sobre os critérios que estão sendo usados no processo seletivo (KLEINMANN et al., 2011), é preciso que o processo seletivo tenha sido planejado de modo criterioso e adequado ao perfil que está sendo demandado. A entrevista tem de cumprir um papel claro no planejamento geral do processo seletivo. O uso de múltiplas técnicas de seleção em conjunto, diminui a probabilidade de ocorrer equívocos na contratação (MITCHELL, 2011). Por exemplo, as dinâmicas podem ser feitas associadas a outras técnicas, como a própria entrevista individual, testes escritos, avaliações psicológicas, testes práticos, etc. Embora os critérios de seleção ainda estejam baseados nas definições de perfis profissionais e nas especificidades das tarefas, o nível de exigência de qualificação e capacitação, em todos os cargos e funções, aumentou significativamente, tornando um desafio encontrar pessoas habilitadas para ocupar as vagas disponíveis (ANASTASI e URBINA, 2000, LESTER, MENCL, MARANTO, BOURNE e KEAVENY, 2010). O problema deixou de ser oferecer trabalho, mas encontrar pessoas aptas a ocupar as vagas disponíveis. Muitas dificuldades existem nesse processo, mas um ponto crítico que tem sido negligenciado refere-se ao problema da validade dos testes de seleção. Anastasi e Urbina (2000) afirmam que a validade não pode ser descrita somente em termos gerais, mas também pelo seu uso específico. Uma medida de personalidade, por exemplo, pode ser válida, mas na sua análise é preciso saber que características de personalidade seriam mais pertinentes para um dado cargo. Características de Extroversão podem ser importantes para uma dada função, mas não para todas. Isto repercute na maneira como o teste será usado e analisado. É preciso levar em conta também a capacidade preditiva dos testes psicológicos sobre o desempenho futuro do candidato no trabalho, no planejamento do processo seletivo (GONDIM e QUEIROGA, 2011). A entrevista, apoiada em um processo seletivo em que são usados instrumentos de medidas confiáveis serviria 13 para conhecer mais de perto as características pessoais do candidato. Ao ser planejada com critérios e objetivos claros, a entrevista evita alimentar a indefinição e insegurança do candidato e, em consequência, a necessidade uso de estratégias de GI. 3) Preferência por entrevistas estruturadas As entrevistas podem ser classificadas em três tipos: estruturada, semiestruturada e não-estruturada. A entrevista estruturada apresenta um conjunto de questões de conteúdo, obrigatoriamente previstas e ordenadas em uma sequência lógica, claramente definida em termos de seus objetivos. A entrevista nãoestruturada é mais flexível e permite que as questões sejam apresentadas livremente sem seguir um roteiro. A entrevista semiestrutura é uma combinação da entrevista estruturada e não-estruturada (SILVA, MACÊDO, REBOUÇAS e SOUZA, 2006). Alguns estudos mostram que, na entrevista estruturada, os candidatos diminuem significativamente o uso de estratégias de gerenciamento de impressões, uma vez que os questionamentos são padronizados, e o candidato tem pouca liberdade para construir uma estratégia pessoal de influência (KACMAR et al.,2007; TSAI et al.,2005). Na entrevista não-estruturada, presume-se que o candidato estará mais à vontade para responder as questões e, consequentemente, articular estratégias de autopromoção ou de exemplificação, seja por meio de comportamentos não-verbais, ou de um discurso bem elaborado que impressione o entrevistador. Ao analisarem a relevância do GI em entrevistas estruturadas, Ellis et.al (2002) concluíram que o GI é afetado pelo tipo de pergunta feita ao candidato. Perguntas sobre experiências passadas dão mais objetividade à entrevista (diminuem a interação diádica espontânea), visto que o candidato é convidado a relatar suas realizações anteriores para mostrar competência adquirida. Perguntas situacionais (evasivas e sem que deixar claro o tipo de resposta que se espera) dão menos oportunidades para mostrar competência já adquirida. O gerenciamento de impressões usado em cada um dessas situações seria distinto, uma vez que relatar experiências vividas está mais sob controle pessoal que responder a perguntas inesperadas e fora de contexto. 14 4) Atenção ao tipo de estratégias e táticas de GI usadas pelos candidatos e seus efeitos nas impressões do entrevistador Embora os efeitos do comportamento verbal e do não-verbal ainda não tenham sido estudados sistematicamente, estudos indicam que o sorriso e o frequente contato com os olhos promovem efeitos positivos no entrevistador ( HUFFCUTT et al. 2001). Algumas estratégias usadas durante a entrevista de seleção são consideradas assertivas e defensivas (KIPNIS e RIND, 1999). As estratégias assertivas visam construir uma imagem de uma pessoa assertiva, especialmente as estratégias de insinuação e as de autopromoção. Wayne e Kacmar (1991) compararam as duas estratégias e concluíram que a de autopromoção foi percebida como mais assertiva que a de insinuação. Esta última pode ter efeitos negativos na impressão do entrevistador, pela intimidade sugerida, além de o candidato mostrar concordância com a opinião do entrevistador, mesmo que pense o contrário. O entrevistador precisa estar atento também que ao uso da tática de conformidade, tendência a concordância. A percepção de semelhança do candidato com o entrevistador faz com que haja efeito positivo no resultado da seleção, ou seja, o entrevistador se sente seduzido por um candidato que se parece com ele (STEVENS e KRISTOF ,1995). A autopromoção leva o candidato a expor seus planos futuros, ressaltar suas habilidades e competências, relatar experiências exitosas e de superação de obstáculos para atingir objetivos. Ademais, o candidato que demonstra atitudes e valores consistentes com os da organização tende a persuadir positivamente o entrevistador, tentando mostrar que se encaixa nos objetivos da empresa. Na maioria das vezes, o candidato que faz uso da autopromoção busca informações detalhadas sobre a empresa antes de ir à entrevista. No que se refere às táticas de GI defensivas usadas na entrevista de emprego, Schlenker e Weigold (1992) observaram que elas têm a função de defender a autoimagem. São exemplos as desculpas por um comportamento negativo no passado – como a declaração de que o candidato foi demitido porque a empresa estava passando por um processo de downsizing (redução do contingente de funcionários) –, ou as justificativas que alegam não ter sido um determinado comportamento tão ruim como pareceu – como a declaração de que o candidato foi demitido por não querer violar as normas da empresa. 15 Embora as táticas defensivas minimizem a imagem negativa resultante do mau comportamento do candidato, a pesquisa de Stevens e Kristof (1995) revelou que seus efeitos não são visíveis nas entrevistas de emprego. A eficácia dessas táticas defensivas depende da variável contextual e do tipo de interesse do entrevistador. Ainda que atento às informações negativas do que às positivas do candidato, um pedido de desculpas do entrevistado pode pesar a favor do candidato. Em resumo, Tsai et al. (2010) constataram que táticas defensivas podem ter efeitos distintos sobre a avaliação do entrevistador. Por exemplo, os candidatos que possuem maior controle interno são inclinados a reconhecer os erros cometidos no passada, ao invés de simplesmente pedirem perdão ou desculpas, para evitar a punição. Em contrapartida, os candidatos que possuem menor controle interno são mais propensos a pedir desculpas da experiência fracassada do que arrepender-se (reconhecendo as falhas passadas). Os resultados sugerem que os entrevistadores são susceptíveis ao uso de táticas defensivas. Como não constitui tarefa fácil julgar se o candidato usa estratégias defensivas por verdadeiramente reconhecer os erros do passado ou para deliberadamente enganar o entrevistador, a simples advertência verbal parece ajudar. A advertência do entrevistador de que não são recomendáveis mentiras, pode inibir o candidato de informar dados bibliográficos falsos e reduzir a dissimulação de respostas relativas às falhas passadas. (KLUGER e COLELLA, 1993). Estudos sobre os efeitos do uso do GI nas entrevistas de seleção chegaram às seguintes conclusões: a. Candidatos que usaram táticas focadas em si (autopromoção, por exemplo) foram avaliados mais positivamente pelo entrevistador do que os candidatos que usaram táticas direcionadas à organização (por exemplo, elogios à empresa, que é uma tática de insinuação) (KACMAR et. al., 2007). b. Candidatos que usaram táticas de autopromoção e algumas táticas não-verbais foram avaliados positivamente pelo entrevistador, enquanto que as táticas direcionadas à organização não tiveram influência significativa na avaliação do entrevistador (STEVENS e KRISTOF, 1995). 16 c. Táticas focadas em si e focadas na organização correlacionaram-se positivamente com a avaliação do entrevistador (ELLIS et. al., (2002). d. Quanto mais estruturada for a entrevista, menos o candidato usará as táticas focadas em si e as táticas não-verbais (TSAI et.al., 2005). e. Quanto menor o contato do candidato com o entrevistador, menor a relação entre as táticas de autopromoção ou de exemplificação usadas pelos candidatos e a avaliação positivo do entrevistador, enquanto que, para as táticas não-verbais, a avaliação do entrevistador não teve relação alguma com a duração do contato entre eles (TSAI et. al., 2005). 5) Importância do preparo e do treinamento prévio do entrevistador Howard e Ferris (1996) procuraram identificar se o treinamento para entrevistadores poderia moderar o efeito das táticas usadas pelos candidatos na formação de impressões do entrevistador, e observaram que a tática de autopromoção foi menos eficaz nas entrevistas em que os entrevistadores recebiam treinamento prévio. Embora a pesquisa de Cynthia e Kristof (1995) tenha praticamente ignorado o papel do entrevistador no uso do GI na entrevista, os resultados apontaram que várias características desses entrevistadores estão significativamente relacionadas com a utilização de táticas de GI pelos candidatos. Essas características podem estar relacionadas, dentre outras, com a formação, a experiência, o gênero e a forma como a entrevista é conduzida pelo entrevistador. Mesmo que, nas entrevistas estruturadas, o entrevistador seja treinado para ignorar esses sinais não-verbais como o contato com os olhos e o sorriso do candidato, estudos mostram que eles respondem a esses estímulos (BARON, 1987). Essas respostas podem ser explicadas pelo processo de socialização. Não obstante haver poucos estudos sobre este tópico, DeGroot e Motowidlo (1999) concluíram que os entrevistadores adquirem uma reação pessoal, por exemplo, confiança ou simpatia, com base em sinais não-verbais do entrevistado. É preciso então, que o entrevistador tenha consciência disso. Considerando que o entrevistador tem acesso a uma grande variedade de informações verbais e não-verbais sobre o candidato durante a entrevista, as atribuições de personalidade tornam-se mais frequentes. Atribuição de personalidade, nesse cenário, pode ser entendida como a avaliação de traços de 17 personalidade que o entrevistador forma do candidato. O candidato que responde ao entrevistador olhando-o fixamente pode ser visto como mais correto, honesto e consciente do que aquele que desvia o olhar. Da mesma forma, o candidato que se inclina em direção ao entrevistador pode ser visto como mais agradável do que o que se mantém distante (DeGroot e Gooty , 2009). A face humana, a brevidade dos olhares e a postura também possuem grande influência no processo atribuicional (FISKE, GILBERT e LINDZEY, 2010) e, no caso de entrevistas de emprego, na decisão de contratação. Ademais, de acordo com Skinner (1969) e Braga, Albuquerque e Paracampo (2005), perguntas feitas durante a entrevista podem levar o indivíduo a formular verbalizações que poderão vir a afetar o seu comportamento não-verbal subsequente, pois, à medida que o candidato se expressa verbalmente, suas expressões corporais o acompanham, reforçando a fala. Daí a importância de o entrevistador basear sua entrevista em perguntas objetivas e pertinentes às exigências do cargo ou função, tornando a interação na entrevista mais diretiva. 3. COMPREENDENDO UM POUCO MAIS O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM ENTREVISTAS DE EMPREGO: UM ESTUDO EMPÍRICO Após pesquisar empiricamente as estratégias de gerenciamento de impressão em entrevistas de emprego (FERREIRA, 2011), foram encontrados alguns resultados que poderão contribuir para que uma entrevista seja mais bem conduzida pelos entrevistadores, de modo a diminuir os vieses subjetivos dessa interação. O objetivo foi o de avaliar o uso das estratégias de gerenciamento de impressões pelos candidatos em entrevistas de emprego. Dois estudos foram realizados, um de natureza qualitativa, e outro quantitativo. O objetivo do estudo qualitativo foi o de avaliar os comportamentos verbais e não-verbais dos candidatos associados às estratégias de GI em entrevistas reais de emprego. O estudo quantitativo, por sua vez, teve o objetivo geral de avaliar as percepções dos entrevistadores em relação ao uso das referidas estratégias em uma entrevista de seleção simulada. Para o estudo qualitativo foram realizadas 14 filmagens de entrevistas reais de emprego. Do survey de corte transversal (estudo quantitativo) participaram 99 profissionais de recursos humanos de várias regiões do País, que possuíam experiência com recrutamento e seleção. 18 As principais conclusões para cada uma das cinco estratégias de gerenciamento de impressões são descritas a seguir. Os candidatos a emprego utilizam predominantemente a estratégia de autopromoção, que consiste em usar táticas que destaquem as habilidades e competências pessoais. Os entrevistadores identificam o uso destas estratégias de autopromoção pelo enaltecimento das características pessoais, o destaque dado às competências pessoais para o trabalho e a ênfase nos resultados positivos alcançados. Acredita-se ser esperado o uso dessa estratégia em virtude da difusão da necessidade de se contratarem pessoas qualificadas e que atendam ao nível elevado de competências dos atuais postos de trabalho. Uma explicação possível para o uso dessa estratégia pelo candidato é a de que ele se prepara para a entrevista sabendo ter pouco tempo para convencer o entrevistador de suas competências, o que o faz adotar um caminho mais curto, que é o de mostrar-se seguro e confiante no seu potencial, enfatizando o máximo possível as suas qualidades. Os comportamentos não-verbais associados ao uso dessas estratégias de autopromoção são os movimentos corporais gerais, movimentos de acompanhamento das mensagens verbais, para dar a impressão de sintonia, e a modulação da voz. Observa-se que alguns candidatos, enquanto enaltecem suas qualidades, mantém uma postura inclinada em direção ao entrevistador, fazendo movimentos corporais que acompanham as palavras ditas (FERREIRA e GONDIM, 2011). Essa postura pode ser considerada como um indicador-chave da intensidade de alguns estados emocionais, a exemplo da postura curvada, associada à tristeza, ou da postura tensa e rígida, associada à raiva. Estudo desenvolvido por De Groot e Motowildo (2009) concluiu que os movimentos das mãos e a orientação do corpo (inclinação, por exemplo) repercutem nas decisões do entrevistador. Em relação à estratégia de exemplificação, os comportamentos não-verbais são semelhantes aos da autopromoção, com predomínio de movimentos corporais e gestos com as mãos reproduzindo a fala. Tanto a estratégia de exemplificação quanto a de autopromoção parecem repercutir positivamente na avaliação dos entrevistadores. Essa semelhança entre ambas acontece, talvez, pelo fato de os candidatos exemplificarem situações em que parecem trabalhadores dedicados e admirados, e isso faz com que os entrevistadores percebam como uma ação semelhante às de autopromoção, já que também pode significar competência. 19 Gilmore et. al (2002) concluíram que candidatos extrovertidos fazem maior uso de autopromoção, o que influencia positivamente o entrevistador. A estratégia de suplicação está associada às expressões faciais que deixam evidente um estado de desânimo, com poucos movimentos corporais, revelando compatibilidade entre o uso da estratégia e a expressão não-verbal que a acompanha. Os entrevistadores não avaliam bem os candidatos que usam essa estratégia, e a hipótese é de que a vitimização contribui para que o entrevistador avalie o candidato como pouco autoconfiante e como inseguro, que é o oposto da autopromoção. A estratégia de insinuação parece estar associada a questões de gênero, tendo em vista ser mais observada nas interações em que o entrevistador e entrevistado eram do sexo oposto. O entrevistado se insinua pelo olhar, expressões faciais, gestos corporais, e por meio de elogios ao entrevistador ou à empresa. A efetividade dessa estratégia merece ser mais bem investigada, pois não houve clareza quanto à sua repercussão na tomada de decisão dos entrevistadores participantes do estudo. A estratégia de intimidação, por sua vez, praticamente não emergiu e sugere não repercutir positivamente para a decisão de contratação do entrevistador. A intimidação sugere arrogância do candidato, pelo fato de possuir muitas qualificações e pensar que a empresa teria a obrigação de contratá-lo. Os entrevistadores avaliam positivamente as declarações das habilidades e competências dos candidatos, mas quando são postas de uma maneira não comedida, podem provocar impressões negativas. Importante mencionar que o comportamento não-verbal parece ser uma resposta global ao uso da estratégia escolhida, e, a rigor, a tentativa de influenciar a formação de impressão do entrevistador também pode estar associada à crença de ser necessário mostrar coerência entre o que se diz (comportamento verbal) e como se diz (comportamento não-verbal). Outra questão relevante para os entrevistadores é a influência do seu tempo de experiência na decisão de contratação do candidato. Os resultados da pesquisa revelaram também que entrevistadores mais experientes tendem a contratar mais candidatos que enfatizam suas habilidades e competências que os inexperientes. Depreende-se daí que o tempo de experiência com entrevistas de emprego aumenta a crença do entrevistador de que a auto-promoção está positivamente 20 associada a candidatos mais assertivos e confiantes nas suas potencialidades individuais. Mas, a rigor, não há conclusões sobre a qualidade de desempenho destes candidatos depois de contratados. Algumas características do candidato não repercutem positivamente na avaliação do entrevistador, por exemplo, apresentar-se com bermudas e chinelos, com excesso de maquiagem e com roupas muito curtas, além de comportamentos de desviar o olhar e manter em uma postura curvada. Em contrapartida, o olhar fixamente nos olhos do entrevistador, a postura ereta, a higiene pessoal, o tom de voz, os cumprimentos, os movimento das mãos são aspectos considerados relevantes pelos entrevistadores na hora da seleção. Torna-se importante, então, o entrevistador reconhecer que algumas impressões e avaliações são decorrentes de normas sociais e podem contribuir para vieses interpretativos a respeito das reais competências e habilidades dos candidatos. É preciso destacar que as impressões sobre o candidato são construídas durante o processo de interação entre entrevistador e entrevistado e, em alguns casos, é um fator decisivo na escolha e indicação de cargos. Daí sua importância como objeto de estudo. Ademais, é preciso reconhecer que a entrevista é um processo interativo de grande complexidade, visto que ambos, entrevistador e candidato exercem papéis ativos no processo (SHENEIDER, SMITH e GOLDSTEIN 2000). Não se pode esquecer que antes da entrevista o entrevistador forma uma imagem do bom candidato, com base em seus estereótipos ocupacionais (crenças de atributos compartilhados por grupos que pertencem à mesma categoria social), sua experiência anterior e, muitas vezes, informações prévias sobre ele, seja através de currículo ou de informação de contexto, o que o faz não entrar completamente despreparado ou neutro para uma entrevista de seleção. Ao candidato, por sua vez, resta se engajar num processo de GI para manejar as impressões iniciais do entrevistador. Esse talvez seja um dos principais desafios: compreender esse complexo processo de interação. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de gerenciamento de impressão é uma atividade fundamental para ser desenvolvida no contexto de seleção de pessoas. Este livro procurou discorrer sobre este fenômeno, apoiado em referencial teórico da psicologia social e em estudos empíricos recentes. As entrevistas são uma das técnicas mais comumente 21 usadas em processos seletivos com poder de decidir sobre a contratação de pessoas, o que exige maior compreensão deste fenômeno para minimizar os vieses subjetivos, presentes na interação entre entrevistador e entrevistado. Procurou-se caracterizar o gerenciamento de impressão usado pelos candidatos a emprego e destacar a importância das estratégias de GI na tomada de decisão de contratação desses candidatos. Espera-se ter oferecido insumos para dar mais consciência da entrevista de seleção aos atores envolvidos neste processo e responsáveis pela tomada de decisões. Em decorrência da escassez de estudos empíricos sobre o gerenciamento de impressões em entrevistas de emprego em nosso país, espera-se também que a divulgação deste livro estimule pesquisas adicionais sobre o tema para melhor fundamentar as práticas de gestão de pessoas. Ademais, uma vez que o fenômeno do gerenciamento de impressão é complexo e multidimensional, envolvendo experiências subjetivas, de difícil demarcação, socialmente construídas, e, portanto, flexíveis e sujeitas a configurações diversas, torna-se importante a realização de novas pesquisas brasileiras que respondam a algumas questões, como a comparação transcultural das estratégias de gerenciamento de impressão, e a influência do entrevistador no gerenciamento de impressão do candidato, uma vez que o primeiro exerce um papel pouco explorado na interação. REFERÊNCIAS AMBADY, WEISBUCH. Nonverbal Behavior. Em Handbook of Social Psychology (5ª ed.) (vol.1). Wiley: New Jersey, EUA, 2010. ANASTASI A.; URBINA S. Testagem psicológica. 7a edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. ARAÚJO, M. E.B.; PILATI, R. Gerenciamento de Impressão nas entrevistas deseleção: proposição de uma agenda de pesquisa. Universidade de Brasília. Revista rPOT . n. 8, 2008. p.21-138. BARON, R. A). 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