U EM E D EF ES A DA C ARTE E DA UNIÃO POXORENSE DE ESCRITORES A Upenina Nº 3 - 1ª Edição A Setembro/2010 - Poxoréu - Mato Grosso União Poxorense de Escritores UR A UPENINA - Edição Especial T UL Eunilce Rita de Britto Sól * Dr. João Batista Cavalcante da Silva ... seu sorriso continua belo, franco, sincero e contagiante,... N a s c i d a em Cuiabá-Mt no dia 22 de maio de 1925. Chegou em Poxoréu com dois anos de idade em companhia de seus pais Amarílio Bento de Britto e Antonia Fermina Rizzard de Araújo Britto . É descendente de portugueses, italianos e africanos. A família morou inicialmente, por alguns meses nos garimpos de São Pedro, região da Raizinha, zona rural de Poxoréu, no apogeu da produção diamantífera, onde existia um comércio pujante e uma população bastante numerosa de migrantes de todos os Estados da Federação, principalmente do nordeste brasileiro, local onde existia inclusive campo de pouso para aviões pequenos e médios, que faziam a ponte aérea Poxoréu/Rio de Janeiro. Quando criança vivenciou com seus pais inúmeras cenas de violência decorrentes de conflitos políticos e sociais que naquela época eram comuns em Poxoréu, várias vezes palco de cenas de tiroteios e mortes protagonizadas por homens rudes e bárbaros que não conheciam nem respeitavam princípios, leis ou regras, tornando-se verdadeiros déspotas com requintes de crueldade e selvageria. Passou muitas noites em claro, junto com sua mãe, tomadas de pavor e medo, enquanto seu genitor, “Seu Amarílio”, o farmacêutico que salvou muitas vidas nestas paragens em razão de suas habilidades médicas e humanitárias, saía enfrentando o perigo para salvar as vidas de seres humanos destroçados por balas ou facas. Foi para a Capital estudar, tendo desenvolvido seu aprendizado no Asilo Santa Rita, onde se formou normalista. 65 U EM E D EF ES A DA C ARTE E DA UNIÃO POXORENSE DE ESCRITORES A Upenina Nº 3 - 1ª Edição A Setembro/2010 - Poxoréu - Mato Grosso União Poxorense de Escritores UR A UPENINA - Edição Especial T UL sempre com muitas saudades.Depois mudaram-se de volta para Poxoréu, onde a homenageada participou da fundação do Clube de Mães, assumindo a presidência da primeira diretoria e, juntamente com algumas amigas com quem tinha grande afinidade, desenvolviam várias atividades de cunho social e humanitário, atendendo famílias carentes e necessitados de toda ordem. Fez parte do Grupo Teatral de Poxoréu (1967) tendo participado da montagem e apresentação de várias peças, transformando o palco do Externato São José num recinto cultural invejável, nada perdendo para os grandes centros da época. Sempre alegre e extrovertida, encantava a todos com sua voz melodiosa acompanhada pelos acordes do violão que seu esposo Santana Sól dedilhava como ninguém. Juntos cantavam lindas canções, enchendo as noites de Poxoréu de encanto e magia. Sócia remida do Diamante Clube Sociedade Recreativa estava sempre à frente da organização de bailes e festas carnavalescas, participando ativamente da organização e decoração. Participou também de vários eventos como voluntária. Foi domadora do Lions Clube e da Loja Maçônica de Poxoréu. Possui outros dons artísticos, destacando-se o de artista plástica, tendo produzido inúmeras telas. Fez também o curso de pricê. Nunca perdia o lançamento de um filme novo. Sempre foi esmerada na fabricação de doces caseiros e até a bem pouco tempo enchia a mesa de todo tipo de guloseimas e doces de todos os sabores, sendo considerada 'mão de fada'.Gosta de esportes e sempre torce com entusiasmo pela seleção brasileira de futebol, e também de basquetebol e vôlei, embora, por orientação médica e em razão de sua saúde delicada, se veja obrigada a evitar nos últimos tempos assistir aos jogos porque torce e emociona-se involuntariamente e inevitavelmente. Hoje, a maior felicidade é reunir toda a família em momentos de desconcentração, alegria e festa, onde ela é o centro das atenções de todos, quando orgulhosamente se lembra de cenas do passado e conta estórias e causos, sob os olhares admirados e satisfeitos dos convidados, dos filhos, dos netos e bisnetos. Assim como seus pais, também possui filhos de ventre e coração e alguns que a vida lhe presenteou, que são do coração. São eles: Edsonina Benedita Sól dos Santos; Amarílio Bento de Britto Netto; Maria Auxiliadora Sól; Anna Rita Sól Martins; Sandra Sofia Sól da Silva; Natália de Britto Sól; Luis de Britto Sól; Maria Gardênia Sól; Antonio Luiz de Britto Sól; Inês Balbina de Britto Sól;Terezinha da Costa Macedo e Reinaldo Ribeiro. Foi a única filha natural de seus pais, porém teve inúmeros irmãos adotivos, pois seus genitores tinham o dom de acolher sempre crianças ou adolescentes que não tinham amparo ou um lar, encontrando-se em situação de abandono, fato bastante comum naqueles tempos. Davam-lhes teto, amor extremado e direção na vida. Ganhou assim mais de dez irmãos adotivos, com os quais se uniu pelos laços da fraternidade e do amor cristão.São eles: Benedito Lorival de Oliveira (Dr. Didi); Valdivino Laranjeira Cruz; Paulo Caraí Pina; Antônio Bueno da Silva; Eronilce Umbelina de Britto; Lorival Silva; José Gomes Ferreira; Neli Gomes Ferreira; Alzira Tomázia de Oliveira; Benedito Souza; .. e outros. Hoje, aos 85 anos de uma existência profícua, terna e bela, orgulha-se de lembrar o passado trazendo na alma e no pensamento maravilhosas recordações, apesar da dor das perdas que toldam e enchem de névoas seu olhar. Apesar disso tudo, seu sorriso continua belo, franco, sincero e contagiante, principalmente quando relembra e enumera os 26 netos que possui; os 20 bisnetos e os 02 tetra netos, frutos dos 10 filhos que gerou e colocou no mundo, juntamente com seu eterno e único enamorado, Sebastião Santana Sól. O que ficou nas lembranças de criança dos filhos,foi o som da sua voz melodiosa que enquanto fazia seus afazeres domésticos se esmerava cantando,enchendo o lar de paz e harmonia; o capricho dos vestidos rodados, fitas nos cabelos e meias. Os domingos alegres, onde todos saiam bem arrumados e perfumados para irem à missa das 7:00h na Igreja São Bom Despacho, o almoço caprichado ,todos ao redor da mesa. Dessa união de talentos artísticos, surgiram vários; os filhos e netos cantam, tocam e pintam com qualidade e excelência. Casou-se com Sebastião Santana Sól, com quem participou de vários movimentos sócio-culturais. Em Cuiabá fez parte da alta sociedade cuiabana como primeira-dama do Grêmio Antonio João, quando seu esposo era o presidente. Santana Sól era devoto fervoroso de São João Batista e todos os anos, nessa data, realizavam animadas festas na residência da família localizada na histórica Rua Miranda Reis, acolhendo a nata da sociedade cuiabana. A fé no Santo era colocada à prova quando Santana Sól espalhava as brasas da fogueira e descalço atravessava o braseiro incandescente de um lado para o outro. Esse era o ponto mais esperado da festa de São João. Era comum em sua residência reuniões festivas e do grupo teatral do Colégio dos Padres, do qual Santana Sól era participante assíduo animando a platéia entre uma apresentação e outra, cantando e tocando seu violão seresteiro. Entre os participantes estavam sempre presentes Vicente Vuolo, Pe. Raimundo Pombo,Filinto Muller, Dr. Rubens Vuolo, Mestre Bomblê e tantos outros,que ali ficavam horas a fio, conversando sobre os assuntos da época, sobre as peças e apresentações teatrais, ou apenas cantando e tocando. E todos se encantavam sempre com a voz privilegiada da homenageada. Dona Eunilce se esmerava nos cuidados com a recepção dos convidados, zelando para que não faltasse nada, sempre como boa anfitriã. Nas tardes cuiabanas, depois do almoço, o calor tropical era amenizado com chá, bolos, sucos e refrescos de frutas naturais, cultivadas no próprio quintal da casa onde moravam. Naquelas ocasiões ensinava às amigas a arte do tricô e do bordado. Nesse tempo Cuiabá enfrentava dificuldades no abastecimento de água e assim formavam-se enormes filas na residência da família Santana Sól para suprir a falta do líquido precioso com a água cristalina, saudável, gostosa e pura do poço de 25 metros que possuíam no quintal de casa. Isso era feito com satisfação e para facilitar o trabalho adaptaram uma bomba elétrica para melhor puxar a água. Dona Eunilce recebia as visitas com prazer e o jardim de sua casa estava sempre florido com as mais belas rosas, e o quintal sempre bem limpo e cuidado, ostentando um lindo pomar repleto de pés de laranjas seletas, laranjas rosa, laranjas lima, laranjas da terra, lima de umbigo, tangerinas, pocãs, goiabas, mangas, cajus e outras frutas tropicais. Era ali na casa da Miranda Reis que eram realizados animados bailes com conjuntos de metais, percussão e sopro, com a presença dos militares e esposas, com os quais o Tenente Santana Sól convivia. Quando ainda solteira e vivendo em Cuiabá, a jovem Eunilce vinha nas férias e junto com as amigas Amélia Steffani, Jorgeta Steffani, Izaura Haidamus ,Umbelina Varanda(Mãe de Lena Varanda ), organi-zavam apresentações teatrais afim de angariar fundos para a compra de arame para cercar o cemitério da cidade, que era aberto e invadido por animais. O carinho pelas amigas era tão grande que ainda hoje fala de cada uma delas com saudade, recordando-se das brincadeiras, dos folguedos e das festas de São João, das fogueiras onde se faziam comadres e primas, como dona Deodolina (mãe de Carlos Moura), de quem se recorda 66 U EM E D EF ES A DA C ARTE E DA UNIÃO POXORENSE DE ESCRITORES A Upenina Nº 3 - 1ª Edição A Setembro/2010 - Poxoréu - Mato Grosso União Poxorense de Escritores UR A UPENINA - Edição Especial T UL Baile no Grêmio Antônio João (Cuiabá), sob a presidência de Sebastião Santana Sol e a 1ª dama Eunilce Rita de Brito Sol. Eunilce Sol, com os pais (Amarílio e d. “Nina”), tios e a avó patena (d. Balbina Brito) Nonoca (Leiloeiro Oficial das Festas Juninas) Jesumi, Amarilio Bento, , D. “Deja”, Eunilce Sol, “Santana Sol” e Valdivino Laranjeira em procissão de São João Batista na década de 50. Eunilce Sol, por ocasião do Grupo de Teatro de Poxoréu. Da Esquerda para Direita: Profa. Clarice Noleto, (....) Zita, Atílio Fioravante, Nair Tunes, Altamirano Rocha (Diretor do grupo), Jurandir Guedes, Lena Varanda, Santana Sol, Eunilce Sol, Joaquim Moreira e Vicente Meira. Na Peca: My Fair Lady “Minha querida dama”, conhecida no Brasil como Pigmaleão 70. Eunilce Sol com suas filhas e algumas netas: Em pé: Raquel (Neta), Sandra, Ana Rita, Edsonina, Laura (neta) Natália Sentados: Fernanda (neta) Gardênia, Eunilce Sol e Maria Sol. Eunilce Sol, com 37 anos Eunilce Sol, com os filhos Amarílio Neto, Reinaldo e Luis Sol. 67 Eunilce Sol, no grupo das domadoras do Lions Clube de Poxoréu, na década de 60 Eunilce Sol, e as amigas Isaura Haidamus (profª de matemática) e Maria Haidamus A UPENINA - Edição Especial União Poxorense de Escritores ES A DA C ARTE E DA UR EF A Upenina Nº 3 - 1ª Edição A E EM D Eunilce Rita de Britto Sól UNIÃO POXORENSE DE ESCRITORES U Setembro/2010 - Poxoréu - Mato Grosso T UL Família Sol Renato João Lucas Cleber Edson Sol Roberto Sol Márcio Sol EDSONINA SOL João Vitor Wender Sol Jéssica Luciana Sol Sol Henrique Daniel Sol AMARÍLIO SOL Maria Luíza Sol Diego Sol Esther Sol Ariadne Celso Sol A S B TIÃ E S O Luciano Sol Jaqueline MARIA SOL ANNARITA SOL L E EU N I L Reinaldo Sol Vitor Hugo NATÁLIA SOL Antônio Luís Mariane Sol Valter Fernanda Sol Júlia 68 Verydiane Sol Emily Caroline Cassio Caio Analu Sol Melissa Sol Uken Sol Clara Sol André Luis Arian Sol João Vitor Laura Carolina Sol Luiza Raquel Sol Luis Sol Pedro Sol Annie Sol SANDRA SOL Inês GARDÊNIA SOL Lucas Sol Adriano Sol SO SOL Terezinha Tami Sol Matheus Sol CE Bruna Davi Sol Rafael Sol Paulo Sérgio Sol Robson Sol Laura Eunilce Sol, aluna do Internato Azilo Santa Rita em Cuiabá, na década de 30. João Batista Cavalcante da Silva Membro da UPE - União Poxoreense de Escritores desde 1994. Advogado militante em Poxoréu, Primavera do Leste e região. Presidente do Tribunal de Defesa das Prerrogativas da OAB/MT.