Clipping Diretoria de Comunicação Veículo: Agora, o Jornal do Sul Data: 31/03/2014 Editoria/Coluna: Página ou link:http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e =1&n=56722 Os 50 anos da fundação do Colégio Técnico Industrial Foto: Divulgação Colégio Técnico Industrial Professor Mário Alquati fui fundado em março de 1964 Edda Maurente Machado*1 Laisa dos Santos Nogueira*2 Jerônimo Silveira Maiorca*3 O surgimento da cidade do Rio Grande, datado de 19 de fevereiro de 1737 por ocasião do desembarque do Brigadeiro José da Silva Paes, esteve diretamente ligado a interesses políticos, econômicos e militares da Coroa Portuguesa. Sua localização estratégica conferia ao acesso marítimo recém-criado um vasto leque de possibilidades aos portugueses: entreposto de apoio à Colônia do Sacramento; escoamento das riquezas geradas na região; certa segurança frente a sempre possível invasão espanhola. O processo de povoamento iniciado a partir da construção do “Forte Jesus, Maria, José” acompanhou o modelo colonial brasileiro, determinando o cenário da estagnação e a precária situação socioeconômica vivida nas primeiras décadas da colonização. Somente entre o final do século 18 e início do século 19, já elevada à categoria de Vila do Rio Grande de São Pedro, a região se tornou o principal centro comercial da Capitania. Nesse ínterim, o porto determinava e condicionava o crescimento socioeconômico e a modernização urbana do futuro município (QUEIROZ, 1987). A partir do século 20, quando o porto marítimo de Rio Grande abarcava prioritariamente o escoamento da estrutura comercial e industrial do próprio Município, a região tornou-se preferencial para a instalação de novas indústrias. Consequência disso, na metade do século 20, além da intensa atividade portuária, a cidade contava com um parque fabril do qual se pode destacar empresas como: Ipiranga S.A., a fábrica de charutos Poock& Cia., Swift do Brasil S.A., Cia. União Fabril S.A., Cia. Fiação e Tecelagem e etc., além de inúmeros estaleiros navais. Sobre este assunto, destaque necessário precisa ser dado à intensa atividade industrial pesqueira. A FUNDAÇÃO CIDADE DO RIO GRANDE Desde 1951, havia interesse na criação de uma escola de nível superior em Rio Grande, tendo sido esta a pauta de inúmeras reuniões feitas por profissionais ligados ao setor industrial e comercial. A justificativa para tanto estava, justamente, na carência de trabalhadores para o novo contexto industrial riograndino. Em tais discussões, o Eng. Francisco Martins Bastos defendeu, argumentando questões ligadas à praticidade e rapidez de resultados, a criação de uma instituição de nível técnico ao invés de um curso superior de Engenharia (MAGALHÃES, 1997). Mesmo que os argumentos do Eng. Bastos estivessem baseados nas demandas já sentidas pelas indústrias daquele contexto, optou-se pelo desenvolvimento de uma instituição de Ensino Superior. Assim, em 1953, a Fundação Cidade do Rio Grande foi criada. De maneira específica dentro da Fundação, ao propor suprir a demanda por mão de obra especializada, a Escola de Engenharia Industrial entrou em funcionamento em 1955. Todavia, as defesas do Eng. Francisco Martins Bastos nas discussões feitas entre aqueles pioneiros da futura Universidade Federal do Rio Grande, não foram em vão: a ideia da criação de uma instituição de nível técnico em Rio Grande era uma semente já plantada... O COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL A fundação do Colégio Técnico Industrial foi ao encontro dos objetivos do Estatuto da Fundação Cidade do Rio Grande. Assinado em 5 de agosto de 1953, o estatuto evidenciava a necessidade local de mão de obra qualificada para as áreas de refrigeração e eletricidade. A necessidade profissional da cidade e suas indústrias passou a ser discutida pelos membros do Instituto de Pesquisas e Orientação Industrial da Fundação - o IPOI (Lei nº 4085, de 3 de julho de 1962), desenvolvido dentro da Escola de Engenharia Industrial com o objetivo de cooperar e dar assistência ao setor industrial da região. Coordenado na ocasião pelo Prof. Alfredo Huch, o IPOI encaminhou em 7 de fevereiro de 1964 uma solicitação ao Ministério da Educação e Cultura para que fosse autorizada a criação de uma escola técnica de nível Médio. A rápida resposta dava carta branca à criação do futuro Colégio Técnico Industrial e aos cursos de Refrigeração Industrial e Domiciliar e de Eletrotécnica. Na mesma ocasião, coube ao MEC suplementar a Escola com a verba de Cr$. 30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros). À Escola de Engenharia - que compunha a Fundação Cidade do Rio Grande - caberia ceder instalações, equipamentos e parte do seu corpo docente para as disciplinas diretamente relacionadas com as do curso de nível Superior que a mesma mantinha. À pedido do IPOI, o Prof. Eng. Ivo Pereira Braga deu início ao processo de organização do Colégio Técnico Industrial de Rio Grande. Em março de 1964, tendo organizado as instalações básicas e os professores responsáveis pelas disciplinas dos cursos, o CTI já admitia sessenta estudantes nos turnos diurno e noturno. O primeiro diretor do CTI, Prof. Eng. Braga, deixa o cargo em setembro de 1964 por questões ligadas às disposições regulamentares, especificamente no que tange à acumulação de cargos dentro da instituição. O segundo diretor do Colégio Técnico Industrial, Prof. Mário Alquati, permaneceu por oito anos no cargo. Anos mais tarde, quando dos 25 anos do CTI, o segundo diretor teve sua dedicação ao desenvolvimento inicial do Colégio reconhecida através da homenagem que nomeou a instituição como "Colégio Técnico Industrial Prof. Mário Alquati". No entanto, embora a criação do CTI estivesse associada à necessidade de mão de obra especializada para a indústria regional (evidenciada e apoiada, inclusive, por membros da diretoria de empresas pesqueiras) a absorção destes técnicos não foi verdadeiramente efetivada após a formação das primeiras turmas. A explicação para tanto está ligada, possivelmente, à resistência dos empresários locais em valorizar os técnicos com salários e condições de trabalho dignas de suas formações. Esta realidade apresentou aos jovens formados nas primeiras turmas do Colégio Técnico Industrial duas possibilidades: aceitar ofertas de trabalho fora da cidade – e/ou , muitas vezes, fora do Estado – ou ingressar nos cursos superiores. DO CTI AO IFRS Em 29 de dezembro de 2008, foi assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo então Ministro da Educação Fernando Haddad a Lei nº11.892, determinando a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Todavia, mesmo antes da publicação da Lei no Diário Oficial da União, ocorreram muitas discussões relativas às possíveis estruturas que seriam criadas - bem como os objetivos e as políticas que haveriam de ser implantadas nessa reestruturação do Ensino Técnico. Exemplo disso, em agosto de 2008 reuniu-se na cidade de Bento Gonçalves, representantes das seguintes instituições: Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves, Escola Agrotécnica Federal de Sertão, Escola Técnica Federal de Canoas, Escola Técnica Federal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Colégio Técnico Industrial Prof. Mário Alquati, Unidade de Ensino Descentralizada de Santo Augusto e Unidade de Ensino Descentralizada de Passo Fundo. Excetuando as duas últimas, as demais organizaram uma estrutura multicâmpus que veio a compor o Instituto Federal Rio Grande do Sul. O CTI transformou-se, assim, em IFRS Câmpus Rio Grande, sob a coordenação do então diretor na época, Prof. Osvaldo Casares Pinto. Atualmente o IFRS - Câmpus Rio Grande (antigo CTI) conta com 65 Técnico-Administrativos em Educação, 119 Docentes e cerca de 1.700 estudantes, oferecendo os cursos técnicos de: Eletrotécnica; Refrigeração e Climatização; Informática para Internet; Geoprocessamento; Enfermagem; Automação Industrial e Fabricação Mecânica. Também são ofertados os cursos superiores de: Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia em Construção de Edifícios, Tecnologia em Refrigeração e Climatização e uma Licenciatura para a Educação Profissional e Tecnológica. Parabéns a todos que fizeram e fazem parte desta história! Mais informações poderão ser encontradas na página da instituição (www.riogrande.ifrs.edu.br) e no Facebook (Projeto Insignar - IFRS/Câmpus Rio Grande). 1* Graduada em Letras pela Furg. Professora aposentada do Instituto Federal Rio Grande do Sul – Câmpus Rio Grande (antigo Colégio Técnico Industrial). 2* Graduada em História pela Furg. Mestre em Educação pela UFSM. Professora-pesquisadora na área da História. 3* Graduado em Administração de Empresas pela Furg. Administrador e Coordenador de Gestão de Pessoas do IFRS/Câmpus Rio Grande.