ANA MARGARIDA DA SILVA DO NASCIMENTO Área de Especialidade: Formação de Adultos Com esta investigação pretende-se identificar os modelos de financiamento das instituições públicas de ensino superior (IES) português e analisar a estrutura das respectivas fontes de financiamento, baseando-se na teoria da partilha de custos (Johnstone (2004). Pretende-se também analisar se a educação será um bem público ou bem privado e a tendência mundial crescente de mercantilização do ensino superior e de que forma esta mercantilização e a entrada de membros exteriores na governança da academia possa ter influência na autonomia do ensino superior e na tomada de decisão. Acompanhando uma tendência mundial (Johnstone, Easterman, Pruvot, EURYDICE, 2011), as questões do financiamento do ensino superior começaram a ter destaque em Portugal a partir de 1980, tendo o debate emergido a partir dos estudos de Cabrito (2002) e Cerdeira (2009). As políticas de acesso ao ensino superior assumidas, conduziram ao aumento do número de estudantes, provocando uma pressão orçamental sobre o Estado. Perante este aumento, sucessivos governos procuraram introduzir novas formas de financiamento e solicitaram, em crescendo, a participação dos estudantes no financiamento desde 1992, com a introdução de propinas no ensino superior público (Lei n.º 20 de 92, de 14/8) Até meados da década de 1990, as IES eram financiadas pelo Estado em cerca de 97%, mas actualmente, o financiamento privado corresponde a cerca de 38%, a maior parte oriunda das propinas dos estudantes. Comparativamente às médias da União Europeia e da OCDE, verifica-se que em cerca de 15 anos, a participação pública no financiamento das IES decresceu cerca de 7% na UE e de 8% na OCDE e de 35% em Portugal. Face a esta situação, as IES têm vindo a desenvolver processos de captação de receitas ligados ao que se costuma designar de terceiro sector e que Jonhstone (2002, 2004) intitula de Fundraising– mecenato, investigação a pedido empresarial, venda de produtos e aluguer de espaços. Tendo estes factores em conta, a presente investigação teve como questão de partida: Qual o papel que a diversificação das fontes de financiamento poderá desempenhar no futuro do ensino superior português? Foram definidos os objectivos: a) identificar as políticas de financiamento do ensino superior público português nas últimas décadas; b) Analisar o contributo de cada fonte de financiamento no orçamento total das instituições; c) analisar a distribuição do financiamento pelas actividades de formação e de ensino; d) identificar as condições propostas pelos patrocinadores às instituições e e) analisar como gerem as instituições a sua autonomia num quadro de “abertura” ao financiamento externo. A metodologia utilizada é o estudo de caso múltiplo (Yin, 1994), onde cada IES é um caso. Na pesquisa são utilizadas diversas fontes nomeadamente documentos das IES e entrevistas sendo que estão a ser realizadas entrevistas a todos os directores, reitores e presidentes das IES da área de Lisboa, num total de 52 entrevistados e ainda a alguns patrocinadores das IES públicas portuguesas (seis). Após análise de conteúdo das entrevistas e análise documental a informação recolhida será objecto de triangulação. Serão apresentados alguns resultados das entrevistas realizadas. ensino superior, financiamento, partilha de custos, autonomia universitária