Press release 04.11.2014
EU Kids Online III, Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Projecto Europeu sobre crianças e risco online resume:
Novos riscos e usos mais privados da internet:
O que podem fazer os pais?
Desde 2006 que a rede EU Kids Online tem pesquisado os riscos e oportunidades na
internet para crianças e jovens. O relatório final, agora publicado, indica que mais uso
está ligado a mais competências, a mais oportunidades para tirar partido dos
benefícios da rede, e também a mais riscos. Em Portugal, como noutros países do sul
da Europa, predomina por parte dos pais “a proteção pela restrição”. Contudo, os
resultados revelam que as medidas restritivas acabam por dificultar a literacia digital e
a capacidade de lidar com os riscos.
Esta é uma das conclusões do relatório final do projecto EU Kids Online, sedeado na
London School of Economics (LSE), do Reino Unido, e em que a Universidade Nova de
Lisboa participa.
O relatório final resume os resultados e recomendações em relação a riscos na internet de crianças e
jovens, a partir do trabalho desenvolvido por mais de 150 investigadores de 33 países.
Aumento na exposição a mensagens de ódio, a sites pró-anorexia e de auto-mutilação,
e ao ciberbullying
Durante a 3ª fase do projecto, de 2011 a 2014, os padrões de uso da internet pelos mais novos
mudaram substancialmente: usam agora a internet em mais lugares e em mais momentos no seu diaa-dia, e os dispositivos que permitem o acesso móvel estão a tornar esse uso mais privado. Em
comparação com 2010, os jovens europeus entre os 11 e 16 anos têm mais probabilidade de ser
expostos a mensagens de ódio (de 13% para 20%), sites pró-anorexia (de 9% para 13%), sites de
auto-mutilação (de 7% para 11%) e ciberbullying (de 7% para 12%).
O projeto também encontrou diferenças e semelhanças entre os países europeus no que se refere aos
riscos. As diferenças são mais significativas na incidência de riscos relacionados com conteúdos
sexuais. As crianças e jovens que são vítimas de bullying ou cedem dados pessoais distribuem-se de
forma equilibrada por toda a Europa.
Políticas baseadas em evidências
Um dos objetivos fundamentais do projeto EU Kids Online foi garantir um diálogo ativo com decisores
para assegurar que as políticas de segurança são definidas com base em evidências. Como
investigadores, procurou-se obter um retrato claro do que as crianças fazem e sentem de facto acerca
da internet, e o que lhes causa danos, de forma a informar políticas e medidas prescritivas. O
reconhecimento deste trabalho foi assinalado recentemente por Neelie Kroes, Comissária Europeia
para a Agenda Digital e vice-presidente da Comissão Europeia:
'A rede EU Kids Online teve uma enorme importância para os decisores europeus como
principal fornecedora de evidências confiáveis para nos ajudar a fazer da internet um lugar
melhor para as crianças.'
Conselhos para contrariar o excesso de preocupação parental:
- Apoiar a exploração que os filhos fazem da internet desde cedo e informar-se sobre os
benefícios e riscos que a internet oferece;
- Procurar aumentar as oportunidades dos mais novos, reforçar as suas competências para
lidar com os riscos e a sua resiliência face a potenciais danos;
- Pensar não só nos riscos mas também em atividades enriquecedoras, divertidas e em
conteúdos positivos;
- Conversar regularmente com os filhos sobre o que pensam que pode ser problemático na
internet;
- Serem claros sobre as expetativas e as regras relacionadas com comportamento online;
10 resultados fundamentais do projeto:
1. Quanto mais as crianças usam a internet, mais ganham competências digitais, e mais alto
sobem na ‘escada de oportunidades’ para recolherem benefícios da internet.
2. Nem todo o uso da internet resulta em benefícios: a probabilidade de beneficiar do uso da
internet depende da idade, género e estatuto socioeconómico, da forma como os pais apoiam
e do conteúdo positivo que está à disposição.
3. O uso, as competências e oportunidades dos mais novos estão também ligados aos riscos;
quanto mais riscos, maior possibilidade de dano; por isso quando o uso da internet aumenta,
são precisos ainda maiores esforços para prevenir que o risco também aumente.
4. Nem todo o risco resulta em dano: a possibilidade de uma criança ou um jovem ser
incomodado ou perturbado por experiências online depende em parte da sua idade, género e
estatuto socioeconómico, da sua resiliência e recursos para lidar com o que acontece na
internet.
5. A probabilidade de um risco resultar em dano também depende do papel de pais, da escola e
dos pares, e da regulação nacional, da provisão de conteúdos, dos valores culturais e do
sistema de educação.
6. A pornografia lidera a lista de preocupações das crianças e jovens sobre os conteúdos online.
7. Os conteúdos violentos, agressivos, cruéis ou sangrentos vêm em segundo lugar – apesar de a
violência receber menos atenção pública do que os conteúdos sexuais.
8. O que perturba particularmente crianças e jovens é a violência real (ou realista) mais do que a
ficcional, e a violência contra os mais vulneráveis como crianças ou animais.
9. A preocupação dos mais novos com riscos na internet aumenta significativamente entre os 9 e
os 12 anos. As crianças mais novas estão mais preocupadas com riscos de conteúdo e, à
medida que crescem, preocupam-se mais com riscos sobre condutas e contactos.
10. As crianças e jovens vêm os sites de partilha de vídeos como mais ligados a riscos de
exposição a conteúdos de violência, pornografia e outros conteúdos.
Para mais informações:
O relatório final e interactivo EU Kids Online – Findings, methods, recommendations? está
disponível em: http://lsedesignunit.com/EUKidsOnline/
Para mais resultados, outros relatórios e detalhes técnicos do estudo visite
www.eukidsonline.net ou o site português http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline
Para ver o vídeo nacional com destaques sobre Portugal, aceda a:
http://www.lse.ac.uk/media@lse/research/EUKidsVideosNationalLanguages/Portugal_Video_
Portuguese.aspx
Contactos:
[email protected]
Gabinete de Relações Externas e Comunicação – FCSH/NOVA
21 790 83 00
Mais informações sobre o projeto e o estudo:
 O projeto EU Kids Online III (2011-2014) visou aprofundar o conhecimento sobre as experiências e
práticas de risco e segurança na internet e novas tecnologias por crianças e jovens Europeus, e
seus pais, e assim informar a promoção de um ambiente online mais seguro para os mais novos.
O projeto é financiado pelo Programa da Comissão Europeia Safer Internet (SI-2010-TN4201001).
 Os países incluídos no projecto foram: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda,
Islândia, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido,
República Checa, Roménia, Suécia e Turquia. Também envolveu investigadores da Austrália,
Brasil e Estados Unidos da América.
 O projecto conduziu em 2010 um inquérito face-a-face em casa a 25000 crianças e jovens entre
os 9 e os 16 anos utilizadores de internet e um dos seus pais em 25 países, usando uma amostra
estratificada aleatória e métodos de auto-preenchimento para perguntas sensíveis.
 Os nossos mais recentes resultados, métodos e recomendações incluem uma actualização e
análise do questionário a 25 países, entrevistas em profundidade a crianças e jovens entre os 9 e
16 anos em nove países, expansão da base de dados europeia, de livre acesso e pesquisável, e
um manual de pesquisa sobre os nossos métodos para guiar os investigadores e utilizadores da
pesquisa.
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Novos riscos e usos mais privados da internet: O que podem fazer