UMinho|2014 Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida A Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita em Língua Estrangeira Universidade do Minho Instituto de Educação Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida A Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita em Língua Estrangeira outubro de 2014 Universidade do Minho Instituto de Educação Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida A Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita em Língua Estrangeira Relatório de Estágio Mestrado em Ensino de Inglês e de Espanhol no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário Trabalho realizado sob orientação da Doutora Maria Alfredo Moreira e do Doutor Carlos Pazos Justo outubro de 2014 DECLARAÇÃO Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida [email protected] C.C.: 11363006 Título do Relatório: A Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensinoaprendizagem da leitura e da escrita em Língua Estrangeira. Orientadores: Doutora Maria Alfredo Moreira Doutor Carlos Pazos Justo Ano de conclusão: 2014 Mestrado em Ensino de Inglês e de Espanhol no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE. Universidade do Minho, 31 de outubro de 2014 Assinatura: ______________________________________________________________ Aos meus pais AGRADECIMENTOS Com este relatório chega ao fim mais uma etapa da minha vida e não poderia, de forma alguma, terminá-la sem agradecer a algumas pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a finalização deste relatório. Começo, assim, por agradecer aos meus pais, porque sem eles esta etapa teria sido muito mais dura. Apesar de todas as dificuldades que surgiram ao longo destes anos na vossa/nossa vida, estivestes sempre aí, dando-me força para continuar. A eles, que são a luz dos meus dias, um obrigado muito especial. Agradeço também a Deus por me ter dado o alento necessário para continuar, mesmo quando achava que não teria forças para tal. Aos meus supervisores, a Doutora Maria Alfredo Moreira e o Doutor Carlos Pazos Justo, agradeço os conselhos, a disponibilidade manifestada, a ajuda e a confiança que me transmitiram ao longo deste processo. Às orientadoras cooperantes, Madalena e Cristina, agradeço as horas disponibilizadas, os conselhos sempre úteis e, acima de tudo, a amizade e carinho que sempre demonstraram. Foi um prazer ter trabalhado com elas e espero que nos possamos cruzar em breve, agora como colegas de trabalho. Neste agradecimento não poderia deixar de incluir a comunidade escolar, a quem agradeço pela receção que tive. Desde o primeiro momento que me senti em casa. Aos alunos, um obrigado muito especial por terem participado deste projeto com paciência e dedicação. Agradeço à minha colega de estágio, Lídia Cunha, pela amizade e disponibilidade demonstradas, cuja ajuda mútua foi muito importante para levar a cabo este projeto. Foi uma boa surpresa ao longo deste ano. Espero que a amizade seja duradoira. Agradeço também à minha colega de Mestrado, Madalena Silva, pela amizade, pela disponibilidade e pelo carinho demonstrado ao longo deste percurso. Obrigada por todo o apoio e ajuda disponibilizada. Também espero que a amizade perdure para além deste Mestrado. Não poderia deixar de agradecer à minha amiga de longa data e colega de Mestrado, Sónia Antunes, pelo apoio e por ter “aturado” as minhas infindáveis lamentações. Este percurso não foi nada fácil e perdemos muito pelo caminho. Espero que ainda possamos recuperar algo do que perdemos. A todas aquelas pessoas que, apesar de não terem o seu nome aqui referido, são importantes na minha vida e ajudaram a tornar este processo mais fácil. A todos e a cada um em particular o meu muito obrigado. v A Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita em Língua Estrangeira Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida Relatório de Estágio Mestrado em Ensino de Inglês e de Espanhol no 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário Universidade do Minho – 2014 Resumo O presente relatório encontra-se integrado no âmbito do Estágio Profissional do Mestrado em Ensino de Inglês e de Espanhol no 3º ciclo e no Ensino Secundário e documenta o desenvolvimento e análise de um projeto de investigação-ação levado a cabo em duas turmas de 10º ano. O projeto tinha como tema a utilização da Banda Desenhada como recurso didático e pretendia contribuir para o desenvolvimento das competências de leitura e de escrita dos alunos das turmas em estudo. Estabeleceram-se como objetivos pedagógicos e de investigação: i) determinar as necessidades e interesses dos alunos relativamente às competências de leitura e de escrita; ii) desenvolver e avaliar atividades de leitura e de escrita através da Banda Desenhada que promovam a autonomia dos alunos; iii) desenvolver e avaliar atividades de leitura e de escrita através da Banda Desenhada que promovam a aprendizagem de saberes socioculturais, linguísticos e pragmáticos; e, iv) aferir os resultados obtidos e refletir sobre as estratégias utilizadas e as dificuldades encontradas. De modo a dar cumprimento a estes objetivos foram delineadas estratégias e instrumentos didáticos e de investigação que permitiram a recolha de dados: questionários, observação de aulas, fichas de autorregulação, elaboração de tarefas e criação de materiais didáticos relacionados com a Banda Desenhada que culminaram na realização de textos criativos, que foram analisados de modo a constatar o impacto da implementação do projeto. Os resultados recolhidos permitem avaliar positivamente a utilização da Banda Desenhada como recurso didático mas sinalizam também algumas limitações que surgiram durante a implementação do projeto. Palavras-chave: Banda Desenhada, leitura, escrita, processo de ensino-aprendizagem do Inglês e do Espanhol. vii The use of comics in the foreign language classroom as a didactical resource for the development of reading and writing skills Estela Maria Cerqueira Silva de Almeida Practicum Report Master of English and Spanish Language Teaching in Basic and Secondary Education University of Minho – 2014 Abstract This report is carried out within the scope of the Master´s degree in English and Spanish Teaching in Basic and Secondary Education, and aims at documenting the analysis and development of research / intervention project that took place in two tenth grade classes. The theme of this project was the use of Comics as a teaching resource and it intended to contribute for the development of reading and writing skills. The following educational and research objectives were established: i) to determine the needs and interests of students regarding reading and writing skills; ii) to develop and assess reading and writing activities through Comics that will promote learners´ autonomy; iii) to develop and to evaluate reading and writing activities through Comics that promote the learning of socio-cultural, linguistic and pragmatic knowledge; and iv) to assess the results and to reflect on the strategies used and difficulties encountered. In order to comply with these objectives the following strategies and teaching and research tools for data collection were outlined: questionnaires, classroom observation, selfregulation worksheets, drafting tasks and creation of educational materials related to comics culminating in the realization of creative texts that were analyzed in order to observe the impact of the project. The results collected allowed us to state the positive impact of the use of Comics as a teaching resource, but also some limitations inherent to the implementation of this project. Key-words: Comics, reading skill, writing skill, English and Spanish language teaching and learning. ix ÍNDICE INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1 CAPÍTULO I – ANÁLISE DO CONTEXTO E ENQUADRAMENTO CONTEXTUAL ........................................ 5 1.1. Análise do contexto ................................................................................................................. 5 1.1.1.Caraterização da escola……………………………………………………………………………….…………10 1.1.2.As turmas……………………………………………………………………………………………………….……11 1.1.2.1.Turma de Inglês …………………………………………………………………………………………………11 1.1.2.2.Turma de Espanhol………………………………………………………………………………………….….14 CAPÍTULO II – DA ANÁLISE DO CONTEXTO AO DESENHO DO PLANO DE INTERVENÇÃO .................... 19 2.1. A Banda Desenhada na aula de LE ......................................................................................... 19 2.2. A Banda Desenhada como recurso didático para trabalhar as competências de leitura e de escrita na aula de LE……………. ............................................................................................................... 24 2.3. A Banda Desenhada ao serviço de uma Pedagogia para a Autonomia ....................................... 26 2.4. A Banda Desenhada e os documentos reguladores do ensino de Línguas Estrangeiras……. ........ 28 2.5. Abordagem Comunicativa e Enfoque por Tarefas .........................................................................30 2.6. Plano geral de intervenção ..........................................................................................................32 2.6.1. Tema e Objetivos .......................................................................................................... 32 2.6.2. Estratégias ................................................................................................................... 34 CAPÍTULO III – INTERVENÇÃO ........................................................................................................ 37 3.1. Atividades e competências de leitura e de escrita..................................................................... 37 3.1.1. Atividades no âmbito da disciplina de Inglês ........................................................................42 3.1.2. Atividades no âmbito da disciplina de Espanhol ...................................................................47 3.2. Instrumentos de autorregulação (descrição e análise) ..................................................................51 3.2.1. Questionários de autorregulação (Inglês) ......................................................................... 52 3.2.2. Questionário de autorregulação (Espanhol) ..................................................................... 56 3.3. Análise dos trabalhos realizados pelos alunos ..............................................................................61 CAPÍTULO IV – PÓS-INTERVENÇÃO ................................................................................................. 65 4.1. Descrição e análise dos questionários finais ................................................................................65 4.2. Expressando opiniões em formato de BD.....................................................................................69 4.3. Limitações encontradas ..............................................................................................................72 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................... 79 xi ANEXOS ........................................................................................................................................ 86 Anexo 1 - Grelha de Observação de Aulas ...........................................................................................89 Anexo 2- Questionário Inicial...............................................................................................................90 Anexo 3 – Questionário de Autorregulação (Inglês)..............................................................................94 Anexo 4 - Questionário de Autorregulação (Espanhol) ..........................................................................95 Anexo 5 - Questionário Final ...............................................................................................................96 Anexo 6 - Grelha de correção de textos (Inglês) ...................................................................................98 Anexo 7 - Grelha de correção de textos (Espanhol) ............................................................................100 Anexo 8 - Atividade de escrita com o Asterix ....................................................................................102 Anexo 9 – Atividade de escrita com os “The Simpsons” ....................................................................103 Anexo 10 – Atividade de escrita: “Write a comic strip about a Cyberfriendship” .................................104 Anexo 11 – Atividade de escrita “Create your own Superhero” ..........................................................105 Anexo 12 – Reading/Writing activity (Grammar) ................................................................................107 Anexo 13 - Writing activity (Grammar) ...............................................................................................109 Anexo 14 - Pre-Reading activity .........................................................................................................110 Anexo 15 - Post-Reading activity ......................................................................................................111 Anexo 16 – Trabalhos realizados pelos alunos (Inglês) ......................................................................112 Anexo 17 – Atividade de leitura “Las familias Cebolleta y Trapisonda” ..............................................113 Anexo 18 –Atividade de leitura: Mafalda: “Cuestiones de lengua” .....................................................115 Anexo 19 – Atividade de escrita: “Crea tu propio malentendido” – Trabalhos realizados pelos alunos 116 Anexo 20 – Atividades de leitura e de escrita com D. Quijote ............................................................117 Anexo 21 – Trabalhos realizados pelos alunos (Día a Día) .................................................................120 Anexo 22 – Trabalhos realizados pelos alunos (D. Quijote) ................................................................121 xii - ÍNDICE DE TABELAS, FIGURAS E GRÁFICOS – ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Fundamentação do questionário inicial apresentado aos alunos ...............................................8 Tabela 2: Adequação dos alunos ao nível de língua ...............................................................................11 Tabela 3: Dificuldades dos alunos de Inglês nas competências de aprendizagem ...................................12 Tabela 4: Adequação dos alunos ao nível de língua (Espanhol) ..............................................................15 Tabela 5: Dificuldades dos alunos de Espanhol nas competências de aprendizagem ..............................16 Tabela 6: Quadro síntese das estratégias de intervenção .......................................................................35 Tabela 7: Critérios de seleção dos textos de Banda Desenhada .............................................................38 Tabela 8: Principais competências trabalhadas em aula (Inglês) ............................................................42 Tabela 9: Principais competências trabalhadas em aula (Espanhol) .......................................................47 Tabela 10: Opinião dos alunos de Inglês sobre as atividades implementadas .........................................52 Tabela 11: Recetividade dos alunos de Inglês às atividades de escrita ...................................................54 Tabela 12: Dificuldades sentidas pelos alunos de Inglês durante as aulas ..............................................55 Tabela 13: Perceção dos alunos de Inglês sobre a sua participação durante as aulas ............................56 Tabela 14: Opinião dos alunos de Espanhol sobre as atividades implementadas ....................................57 Tabela 15: Evolução dos alunos de Espanhol nas atividades de leitura...................................................58 Tabela 16: Dificuldades sentidas pelos alunos de Espanhol durante as aulas .........................................59 Tabela 17: Perceção dos alunos de Espanhol sobre a participação durante as aulas ..............................60 Tabela 18: Percentagens de respostas obtidas à primeira pergunta dos questionários finais (Inglês e Espanhol) .............................................................................................................................................65 xiii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 : Tira de Banda Desenhada .....................................................................................................22 Figura 2: Tipos de Balões de Banda Desenhada ....................................................................................23 Figura 3 : Vinheta de Banda Desenhada ................................................................................................23 Figura 4: Legenda de Banda Desenhada ...............................................................................................23 Figura 5: Ficha em formato de BD para expressar opiniões (Espanhol) ..................................................69 Figura 6: Ficha em formato de BD para expressar opiniões (Inglês) .......................................................69 xv ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Estratégias de leitura utilizadas pelos alunos de Inglês (questionário inicial) ...........................13 Gráfico 2: Estratégias de escrita utilizadas pelos alunos de Inglês (questionário inicial) ...........................13 Gráfico 3: Estratégias de leitura utilizadas pelos alunos de Espanhol (questionário inicial) ......................17 Gráfico 4: Estratégias de escrita utilizadas pelos alunos de Espanhol (questionário inicial) ......................17 Gráfico 5: Opinião dos alunos de Inglês sobre as atividades implementadas (questionário final) .............67 Gráfico 6: Opinião dos alunos de Espanhol sobre as atividades implementadas (questionário final) ........67 Gráfico 7: Opinião final dos alunos de Inglês sobre a Banda Desenhada ................................................68 Gráfico 8: Língua em que os alunos de Inglês leem a Banda Desenhada................................................68 Gráfico 9: Opinião final dos alunos de Espanhol sobre a Banda Desenhada ...........................................68 Gráfico 10: Língua em que os alunos de Espanhol leem a Banda Desenhada ........................................68 xvii Introdução O valor educacional da Banda Desenhada, tal como Cary (2004) menciona, tem suscitado preocupações e, como consequência, poucos professores terão visto este tipo de texto a ser utilizado em sala de aula, devidamente lido, discutido e escrito pelos alunos. Morrison, Bryan e Chilcoat (2002) referem o facto de este material ser pouco explorado nas escolas, o que faz com que alguns professores se sintam relutantes na utilização de filmes, tiras de Banda Desenhada, música contemporânea e outro tipo de popular media na sala de aula, enquanto outros dão as boas-vindas a este tipo de cultura, de modo a diminuir a disparidade existente entre a vida das crianças/adolescentes dentro e fora da mesma. Por vezes, pensamos em professores a confiscar revistas de Banda Desenhada de alunos que estão a tentar lê-las em segredo na sala de aula; no entanto, é possível aproveitar o influente poder deste tipo de texto e obter um impacto positivo na aprendizagem de muitos alunos (Smith, 2006). De facto, no mundo de hoje, a Banda Desenhada pode ser um poderoso mediador entre a literatura e o entretenimento visual (op. cit.). Este tipo de texto pode ter inúmeras potencialidades no que concerne à aprendizagem de Línguas Estrangeiras. A própria linguagem coloquial que o mesmo apresenta contribui para aumentar a proximidade dos alunos com a língua e a cultura da LE. Tendo em conta que a língua falada difere em determinados aspetos da língua escrita, este fator permite, por um lado, que os alunos, através da leitura, melhorem a sua expressão e compreensão oral e, por outro lado, contribui para uma maior implicação dos alunos no processo de escrita, se os colocarmos na posição de escreventes, o que, por sua vez, levará à aprendizagem em simultâneo destas duas competências: “They must read like a writer, in order to learn how to write like a writer. There is no other way in which the intricate complexity of a writer’s knowledge can be acquired” (Smith, 1983: 562). Neste contexto surge este relatório que se encontra integrado no âmbito do Estágio Profissional do Mestrado em Ensino de Inglês e de Espanhol no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e tem por objetivo abordar as potencialidades da Banda Desenhada como recurso didático para facilitar o desenvolvimento das competências de leitura e de escrita. Este trabalho pretende contribuir para demonstrar as potencialidades que a Banda Desenhada pode ter em contexto educativo. Como professores necessitamos de todos os recursos que consigamos encontrar como meio para ensinar da forma mais efetiva possível (Smith, 2006). 1 Esta temática já havia sido trabalhada por mim no ano letivo anterior nas unidades curriculares de Metodologia do Ensino de Espanhol e de Língua e Cultura Espanholas. Nessas duas unidades tive a oportunidade, juntamente com duas colegas de grupo, de trabalhar a Banda Desenhada como recurso didático. Essa primeira aproximação ao tema motivou-me e levou-me a escolhê-lo como tema do meu projeto de intervenção. Contudo, faltava a parte mais importante, constatar a viabilidade e aplicabilidade do tema num contexto específico, uma vez que no ano transato, a sequência didática tinha sido criada para uma turma fictícia. Desde o primeiro momento vi neste tipo de textos todo um potencial formativo e educativo que não deveria ser ignorado. É construtivo dar ao aluno “os instrumentos que lhe permitam dissecar a Banda Desenhada, compreendê-la e, depois possibilitar que (…) a julgue quanto ao seu valor” (Ferro, 1987: 17), de modo a “facilitar um processo de compreensão crítico e de análise” (op. cit.). Segundo o autor, este tipo de narrativa pode ajudar a desenvolver um conjunto de fatores: i) o gosto pela leitura; ii) o gosto pela arte e; iii) o sentido de observação (idem), devido à junção de texto e imagem. O presente relatório encontra-se dividido em quatro capítulos, sendo que os mesmos seguem uma sequência lógica, desde a primeira aproximação à escola até ao momento final de avaliação. Assim, o capítulo I pretende caraterizar o contexto em que o projeto foi implementado nas suas diversas variantes (escola, turmas, alunos), aludindo aos instrumentos e técnicas utilizados na recolha de informação para caraterizar esse mesmo contexto. O capítulo II, por sua vez, faz a “ponte” entre a caraterização do contexto e a delineação do projeto. Assim, começa por contextualizar o tema da Banda Desenhada como recurso didático, bem como, explicar o seu contributo para trabalhar as competências de leitura e de escrita e ao serviço de uma pedagogia para a autonomia, não esquecendo a abordagem dos documentos reguladores/orientadores. Posteriormente, apresenta o projeto de intervenção com os respetivos objetivos e estratégias. O capítulo III remete para a intervenção e faz uma ligação entre a prática e a teoria, de modo a justificar as diferentes escolhas tomadas ao longo da intervenção, bem como, as sequências/atividades didáticas implementadas ao longo da mesma. Apresenta, também, os resultados obtidos nos questionários de autorregulação preenchidos pelos alunos, fazendo uma análise crítica dos mesmos, justificando, sempre que necessário, com recurso à literatura. Por fim, faz uma análise dos textos de Banda Desenhada escritos/criados pelos alunos durante este ano letivo. 2 O capítulo IV tem por objetivo abordar os resultados da avaliação do projeto desenvolvido através dos questionários finais e dos comentários escritos pelos alunos sobre as aulas, sobre as atividades e sobre o meu desempenho enquanto professora. Tendo em conta que o estágio é um processo formativo, a opinião dos alunos é de extrema importância para nos indicar se estamos no bom caminho e se há algo a melhorar/mudar. Para além disso, faz alusão às limitações encontradas e respetivas soluções. Por fim, teço considerações finais relativamente a este trabalho, sem esquecer a menção aos objetivos delineados e aos resultados obtidos para cada um deles. Aproveito, também, para abordar a questão relativa à minha formação como docente, referindo em que medida este trabalho de investigação contribuiu para a minha evolução profissional. Este é um ponto importante, uma vez que, “all education involves change and therefore progression” (Stern, 1995: 100), de todos os seus agentes. 3 CAPÍTULO I – ANÁLISE DO CONTEXTO E ENQUADRAMENTO CONTEXTUAL Uma vez que a caraterização do contexto esteve dependente de uma recolha prévia de dados, procedo, num primeiro momento, à explicação e apresentação dos métodos utilizados para o efeito e apenas, posteriormente e, com todos os elementos necessários para uma caraterização detalhada da Escola e das Turmas apresento os resultados. No que concerne às turmas, essa caraterização expõe também a relação dos alunos com o tema do projeto, de modo a elucidar o leitor acerca dos motivos pelos quais decidi levar avante este projeto e os motivos que me levaram a escolher as turmas em questão em detrimento de outras. 1.1. Análise do contexto Com o objetivo de estudar o contexto em que a intervenção teria lugar e, assim, facilitar o desenho do projeto que iria ser implementado, foram utilizadas técnicas/ estratégias/ instrumentos diversos para recolha de informação. Vários são os métodos que podemos utilizar (entrevista, entrevista semiestruturada, questionário, inquérito, observação...); contudo, na elaboração deste projeto de investigação-ação a escolha recaiu sobre o questionário e a observação de aulas. Tendo em conta que ambos se complementam em termos de recolha de dados, verifica-se que se trata de um método de investigação misto. Um método que se foca em recolher, analisar e comparar informação qualitativa (observação de aulas) com quantitativa (questionário) (Creswell & Clark, 2007). A observação foi o primeiro método a ser utilizado para a recolha de dados. Antes de iniciar a intervenção as orientadoras cooperantes deram a possibilidade de escolher as turmas nas quais gostaria de implementar o meu projeto. Desse modo, iniciei o estágio com a observação de duas turmas de Inglês e, posteriormente, observei duas turmas de Espanhol. No entanto, em função dos horários das turmas, das aulas de Mestrado e do meu trabalho a escolha recaiu nas turmas 10º A (Espanhol) e 10º B (Inglês). No total, observei catorze aulas de Inglês e dezasseis aulas de Espanhol, sendo que cinco das aulas observadas no âmbito das turmas de Espanhol foram lecionadas pela minha colega de estágio. A observação permitiu constatar a diversidade de turmas que, enquanto professores, iremos encontrar. Nenhuma turma é igual a outra. Cada uma tem as suas particularidades e com cada uma delas temos algo a aprender e interiorizar para nos ajudar a evoluir enquanto professores. 5 Com o objetivo de facilitar esta recolha de informação elaborei uma grelha (v. Anexo 1) para registar a informação inerente à observação de aulas das orientadoras cooperantes. O objetivo era determinar as necessidades e interesses dos alunos relativamente às competências de leitura e de escrita mas, ao mesmo tempo, observar os métodos de ensino das orientadoras cooperantes e extrair estratégias que pudessem ajudar na intervenção. Através da observação das aulas implementadas pelas orientadoras cooperantes constatei que estas se centraram numa abordagem comunicativa, com o intuito de facilitar o envolvimento dos alunos no seu próprio processo de ensino-aprendizagem, transformando-os no centro desse mesmo processo. Incluído no método de observação e com o objetivo de recolher informação sobre a reação dos alunos à implementação do tema do meu projeto e fazer uma primeira aproximação às turmas, decidi, antes de iniciar a intervenção pedagógica supervisionada, lecionar uma aula prévia em cada turma. Nesse sentido planifiquei duas aulas (uma para Inglês e outra para Espanhol) tendo por base a Banda Desenhada de modo a constatar a recetividade dos alunos a atividades de leitura e de escrita utilizando a Banda Desenhada como recurso didático. A aula zero de espanhol teve por base a Banda Desenhada Mafalda (Quino, 1964) que já era do conhecimento dos alunos e foi inserida na unidade três “En el Instituto”. Assim, com recurso às personagens da BD em questão foi introduzido léxico relacionado com a escola (materiais e disciplinas). A aula iniciava com a projeção de um vídeo com os personagens de Mafalda de modo a elucidar os alunos acerca do tema que iria ser trabalhado, bem como acerca da Banda Desenhada que iria ser utilizada. Posteriormente foi projetado outro vídeo com o objetivo de trabalhar a compreensão oral e a expressão escrita (enquanto visualizavam o vídeo, os alunos tinham que retirar informação relativa ao mesmo). A tarefa final consistia na realização do decálogo do bom estudante em formato de Balões de Banda Desenhada. No que concerne à turma de Inglês, a aula zero tinha como tema base a unidade dois do manual (a world of many languages), sendo utilizada a Banda Desenhada “Asterix e Obelix” (René Goscinny, 1959) para introduzir o tema. Isto prendeu-se com o facto desta Banda Desenhada se encontrar traduzida em várias línguas. Desse modo, os alunos entrariam em contacto com o tema da unidade, ao mesmo tempo que os motivaria para a aprendizagem dos conteúdos. Para além disso, utilizou-se o Jogo “Quem quer ser 6 milionário?” para introduzir questões alusivas ao tema em questão, sendo que essas questões faziam parte do manual utilizado pelos alunos. Procurei, assim, transformar as perguntas do manual em algo mais motivador e divertido. A tarefa final consistia na criação de um diálogo em formato de Banda Desenhada com personagens da BD em questão (Asterix, Obelix e Ideafix). No que diz respeito ao questionário aplicado e alvo de análise, este foi um questionário específico sobre a aprendizagem da língua estrangeira, uma vez que, a informação geral das turmas tinha sido recolhida através dos Diretores de Turma e dos respetivos Planos Curriculares. O questionário aplicado visava atingir os seguintes objetivos: i) conhecer a relação dos alunos com a disciplina; ii) identificar as atividades que os alunos mais apreciam no âmbito das LE; iii) determinar as necessidades e interesses dos alunos em relação às competências de leitura e de escrita; iv) caraterizar a opinião dos alunos sobre a Banda Desenhada. Isto prendia-se, tal como referido anteriormente, com a necessidade de verificar a adequação de utilização da Banda Desenhada como recurso facilitador do processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita. Após a definição do tema e das dimensões de análise, era necessário definir as perguntas e as respostas, bem como as escalas que seriam utilizadas na elaboração do questionário. Neste sentido, foi elaborada uma fundamentação do mesmo, de modo a que, para cada objetivo, fossem explicitadas as dimensões de análise e categorias correspondentes. Para o efeito foi elaborada uma tabela exemplificativa (v. Tabela 1): 7 Objetivo Geral Diagnosticar as necessidades e interesses dos alunos na aprendizagem da LE Dimensões de análise Relação com a LE Categorias Desempenho Dificuldades Motivação Opinião sobre tema Perguntas Grupo I – 1,2 Grupo I – 3 Grupo I – 4 a),c), Grupo I – 4 b), d), e), f), g), h), i), j), k), l), m), n), o) Grupo II – 1, 2, 3 Grupo III – 1 Grupo III– 2 Grupo III – 3, 4, 6 Grupo III – 5, 8 Língua de leitura Grupo III - 7 Relação com a escrita Estratégias Tipologia de textos Grupo IV - 1 Grupo IV – 2 Grupo IV - 3 Constrangimentos Atividades Atividades facilitadoras Relação com a leitura Estratégias Tipologia de livros Hábitos de leitura/ Opinião dos alunos sobre a Banda Desenhada Hábitos de Escrita Tabela 1: Fundamentação do questionário inicial apresentado aos alunos O questionário encontra-se dividido em quatro secções: I – Eu e o Espanhol/Inglês; II - Atividades na aula de LE; III – Hábitos de Leitura; IV – Hábitos de Escrita. No início do questionário foi feita uma pequena introdução, de modo a explicar o seu objetivo; no entanto, teve-se o cuidado de não colocar o título do projeto, de modo a não influenciar as respostas dos alunos (v. Anexo 2). Para facilitar a compreensão, o questionário foi redigido na língua materna. Isso prendeu-se com o facto da turma de Espanhol ser de nível A1 (iniciação) e com o facto de alguns alunos da turma de Inglês não possuírem nível de compreensão avançada da língua inglesa. O que se pretendia era que os resultados não fossem comprometidos pelas limitações dos alunos ao nível de domínio linguístico. 8 A elaboração do questionário teve como base alguns documentos orientadores referenciados no questionário e na bibliografia, sendo que, a pergunta 2 do Grupo I do questionário inicial foi baseada no QCERL (Conselho da Europa, 2001). O que se pretendia nessa pergunta era saber se os alunos reuniam as competências do nível de aprendizagem da língua em que se encontravam. Devido ao facto dos questionários implementados nas duas disciplinas terem apenas uma pergunta diferente, relativa à capacidade de compreensão da Língua, apenas um dos questionários é disponibilizado em anexo. Contudo a questão dois do Grupo I aplicada na disciplina de Espanhol também foi incluída no questionário em anexo, de modo a elucidar o leitor acerca do que foi implementado. Relativamente à natureza das perguntas, estas são de natureza mista (fechadas, semifechadas e abertas), nomeadamente: i) perguntas de identificação (sexo e idade); ii) perguntas com escalas de valoração (escala de intensidade crescente ou decrescente); iii) perguntas dicotómicas (duas possibilidades de respostas); iv) perguntas semifechadas (perguntas com a opção outros); v) perguntas abertas (com linhas para escrever a resposta). O questionário é constituído, maioritariamente, por perguntas fechadas. Procedeu-se à sua aplicação na penúltima semana do primeiro período, em aulas de 90 minutos. Os resultados deste questionário foram apresentados aos alunos no início do segundo período, sendo que, no âmbito da disciplina de Inglês a apresentação foi integrada na unidade dois do manual “A world of many languages”, nomeadamente no ponto 2.3. “Statistics”. Assim, foi pedido aos alunos que interpretassem alguns gráficos à medida que estes iam sendo apresentados, utilizando expressões como “a half”, “a quarter”, “a third”, “about a half”, “less than a fifth”, “more than a third”, etc. Tendo em conta a informação recolhida através dos diversos métodos de recolha de dados foi possível elaborar uma caraterização mais detalhada das turmas: a nível socio familiar, ao nível dos pontos fortes e fracos e ao nível da sua relação com o tipo de narrativa que eu pretendia introduzir em sala de aula: a Banda Desenhada. 9 1.1.1. Caraterização da escola A Escola Secundária/3 encontra-se integrada no Alto Minho, mais precisamente, no distrito de Viana do Castelo e acolhia, segundo o relatório de avaliação externa (2010), uma totalidade de 1346 alunos. Contudo, segundo o projeto educativo, o número de turmas de 3º ciclo e cursos CEF diminuiu ao longo dos anos, sendo o ensino secundário o ciclo de estudos com maior expansão. No básico, havia nove turmas no ensino regular e duas nos cursos de educação e formação (CEF). No entanto, o ensino secundário era constituído por vinte e nove turmas em cursos científico-humanísticos, duas de educação e formação de adultos (EFA) e o mesmo número no ensino recorrente. De facto, aqui reside um dos seus pontos fortes: a oferta educativa/formativa ajustada tanto ao desenvolvimento integral do aluno como às expetativas da comunidade. Para além disso, a Escola tem excelentes taxas de transição e de conclusão e evidencia bons resultados nos exames e não possuiu abandono escolar. Atualmente, a sua oferta formativa é constituída por grupos de 3º ciclo, cursos de Educação - Formação (CEF), todos os cursos científico-humanísticos de ensino secundário (Ciência e Tecnologia; Artes Visuais, Ciências Socioeconómicas e Línguas e Humanidades), bem como diversos cursos profissionais de formação de Metalurgia e Metalomecânica, Energia e Eletricidade, Gestão e Administração, Comércio, Ação Social e Ambiente. A formação de adultos faz parte, também, a sua oferta educativa (Ensino Recorrente por Módulos Capitalizáveis, cursos EFA [Educação e Formação de Adultos] de nível básico e Secundário e formações modulares). Igualmente dispõe de um Centro de Novas Oportunidades. As suas instalações são constituídas por: i) um bloco administrativo (bloco principal); ii) três blocos secundários (A, B, C); iii) um bloco oficinal e iv) um pavilhão gimnodesportivo. Esta composição iria ser alterada com intervenção da empresa Parque Escolar, que a requalificaria e lhe permitiria eliminar alguns dos problemas que enfrenta atualmente. No entanto, esta intervenção já não se processará, por motivos sobejamente conhecidos do país. Salienta-se o facto de a Escola não possuir os adequados recursos tecnológicos para facilitar a implementação de aulas diversificadas. De facto, são vários os problemas que os escassos recursos tecnológicos da Escola possibilitam: desde a dificuldade na sua requisição, até problemas de ligação. Poucas são as salas que possuem recursos tecnológicos incorporados (data shows e telas), sem contar com a internet que, simplesmente, não tem ligação nas salas de aula. Na aula prévia que lecionei, na aula de Espanhol, constatei essas dificuldades ao 10 projetar os vídeos na aula. Foi necessário fazê-lo na parede, uma vez que a sala em questão não possuía nenhum recurso tecnológico incorporado. Para além disso, a observação de aulas permitiu constatar os inúmeros problemas que surgiam devido à utilização das TIC (ex.: colunas que não funcionavam, vídeos que ficavam mudos, projeções que não se visualizavam em condições). 1.1.2. As turmas 1.1.2.1. Turma de Inglês A turma de Inglês era constituída por catorze elementos (todos do sexo masculino), sendo que apenas treze frequentaram as aulas durante o ano letivo de 2013/2014 (um dos alunos não frequentou a escola devido a problemas de saúde). O grupo pertencia a um nível de continuação (nível 6, B1+, seguindo os níveis de domínio linguístico do QECRL - Conselho da Europa, 2001) do curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias; contudo, confrontando as respostas dadas pelos alunos à pergunta 2 do Grupo I do questionário inicial (v. Tabela 2) com os dados recolhidos durante a observação, constatei que alguns elementos da turma encontravam-se abaixo do pretendido para o nível em questão e, outros havia que, se situavam acima da média. Nesse sentido, estamos perante uma turma heterogénea que possuía níveis distintos de língua. 1 Sou capaz de… 2 3 a) Compreender discursos extensos sempre que o 0 0 6 tema seja conhecido. b) Compreender a ideia principal de notícias de 0 0 4 televisão, programas sobre temas atuais e filmes. c) Ler e compreender textos relativos a problemas 0 0 4 atuais. d) Participar numa conversa sobre temas 1 0 6 quotidianos. e) Explicar e justificar brevemente as minhas 0 3 3 opiniões e projetos. f) Construir frases de forma simples para descrever 0 3 3 experiências, sonhos, esperanças e ambições. g) Escrever textos sobre temas simples e 0 1 4 conhecidos ou de interesse pessoal. 1 (muito fraca); 2 (fraca); 3 (razoável); 4 (boa); 5 (muito boa) Tabela 2: Adequação dos alunos ao nível de língua 11 4 5 1 6 3 6 3 6 0 6 1 6 0 7 2 6 No que concerne à caraterização sociofamiliar, apenas três alunos da turma possuem pais com formação superior, ao nível de licenciatura, mestrado e doutoramento. Uma grande parte dos alunos possui pais com formação ao nível do 3º ciclo. Através da observação das aulas da orientadora cooperante constatei que a turma demonstrava um bom nível de participação oral durante as aulas, com exceção de alguns alunos que recorriam com frequência ao uso da língua materna e/ou tinham receio em participar. A fraca participação desses alunos devia-se, sobretudo, a lacunas de nível linguístico e pragmático que os impedia e/ou inibia de participar durante as aulas. Apesar dessas dificuldades, no que diz respeito à competência de leitura, apenas dois alunos manifestaram ter muitas dificuldades. Os restantes liam com relativa facilidade e desinibição. Relativamente ao comportamento, alguns alunos da turma necessitavam ser constantemente chamados à atenção, uma vez que se distraiam com facilidade e/ou tinham conversas que nada tinham a ver com a aula. Contudo, “os alunos não são todos iguais; são, (…) pessoas diversas e singulares” (Bordenave & Pereira, 1978: 60) e, como professores, devemos ter em conta essas diferenças e adaptar-nos a cada realidade. Para além disso, os resultados obtidos no questionário inicial permitiram aferir a relação que os alunos mantinham com a Língua, nomeadamente, no que dizia respeito às competências de uma Língua e à gramática (v. Tabela 3). Muito difícil Difícil Razoável Fácil Muito fácil Audição 0 0 2 6 5 Oralidade 0 2 4 2 5 Leitura 0 0 6 1 6 Escrita 0 2 4 2 5 Gramática 0 0 4 6 2 Tabela 3: Dificuldades dos alunos de Inglês Como se pode observar na Tabela 3, dois alunos manifestaram dificuldades nas competências de expressão oral e escrita, enquanto nas restantes competências nenhum dos alunos manifestou sentir dificuldades, o que está algo longe da realidade, se confrontarmos os 12 resultados obtidos no questionário com os dados recolhidos na observação que permitiram conferir que o número de alunos que apresentava dificuldades, principalmente, ao nível da oralidade e da escrita era superior a dois. Para além disso, quando questionados acerca da sua relação com a leitura, mais de metade da turma manifestou o seu desinteresse. Apenas seis alunos manifestaram gostar de ler e apenas quatro alunos referiram fazê-lo habitualmente. De igual modo, um número considerável de alunos manifestou gostar “pouco” ou “nada” de escrever. A maioria dos alunos referiu escrever pouco ou nada de forma habitual. Isto demonstra uma fraca relação da turma com a leitura e com a escrita. No que concerne às estratégias que utilizavam para ler e escrever, podemos visualizá-las nos gráficos 1 e 2. Gráfico 1: Estratégias de leitura utilizadas pelos Gráfico 2: Estratégias de escrita utilizadas pelos alunos de Inglês (questionário inicial) alunos de Inglês (questionário inicial) Como podemos ver nos gráficos, a maior parte dos alunos assinalou, no questionário, como estratégia de leitura mais utilizada, “deduzo o significado de uma palavra pelo contexto”, e como segunda opção “recorro a outras pessoas para pedir ajuda”, sendo que o maior número de alunos assinalou como última opção “sublinho as palavras que não entendo”. A opção “continuo a ler o texto sem me importar com o significado da palavra” aparece numa quarta posição. O que se pode depreender destas respostas é que os alunos dão valor à compreensão íntegra do texto. Isto prende-se com o facto de darem preferência a deduzir o significado das palavras que não entendem pelo contexto em que se encontram inseridas, ao invés de continuarem a ler o texto sem se importarem com o significado das mesmas. A opção “Outros” 13 também não foi assinalada pelos alunos. Relativamente às estratégias utilizadas na escrita, a maior parte dos alunos manifestou estruturar mentalmente o que vai dizer antes de escrever e elaborar uma chuva de ideias antes de redigir um texto. No entanto, o que foi verificado através da observação de aulas é que os alunos não utilizam a chuva de ideias como estratégia própria mas com a ajuda da professora. A análise dos gráficos permite, igualmente, constatar que os alunos dizem utilizar com relativa frequência a estratégia de “Escrever sem pensar”. Neste questionário foi, igualmente, de grande importância constatar a opinião dos alunos sobre a Banda Desenhada, sendo que, a maioria dos alunos manifestou gostar deste género. Apenas dois alunos assinalaram as opções: “nem gosto, nem desgosto” e “detesto”. Para além disso, a observação de aulas inerente à aula prévia permitiu constatar o entusiasmo dos alunos pelas atividades relacionadas com a BD, sendo que apenas um aluno manifestou desagrado. O facto de algumas atividades implementadas nessa aula terem como base os personagens de BD Asterix e Obelix contribuiu para isso, uma vez que os alunos referiram no questionário inicial ser a BD que mais leem. Para além disso, foi possível constatar no questionário que a BD faz parte das preferências de leitura dos alunos, tanto dentro, como fora da sala de aula, sendo que a língua de leitura é, preferencialmente, o Português, seguida do Inglês. Apenas dois alunos referiram ler em Espanhol e em Francês. Quando questionados acerca dos géneros literários que gostariam de ver abordados em sala de aula, verificou-se que a “Banda Desenhada” era colocada em um destacado segundo lugar, o que solidificou a ideia de utilização da Banda Desenhada como recurso facilitador das competências de leitura e de escrita. 1.1.2.2. Turma de Espanhol A turma de Espanhol era, inicialmente, constituída por vinte e oito elementos e maioritariamente feminina (apenas seis elementos da turma eram do sexo masculino). No entanto, no início do ano letivo, um dos alunos da turma solicitou transferência de curso, passando a turma a ser constituída por vinte e dois elementos do sexo feminino e cinco elementos do sexo masculino. O grupo pertencia a um nível de iniciação (A1, seguindo os níveis de domínio linguístico do QCERL, 2001) do Curso Científico-humanístico de Ciências e Tecnologias, embora, não podemos esquecer que, devido à proximidade entre Portugal e Espanha, os alunos portugueses são considerados falsos principiantes (Instituto Cervantes, 2006b), o que faz com que possuam 14 conhecimentos prévios da língua espanhola ao nível linguístico e pragmático (v. Tabela 4). Desse modo, não poderemos falar de um nível A1 na sua totalidade. Na tabela podemos ver que uma grande parte dos alunos manifestou possuir conhecimentos acerca da língua, inclusive de conteúdos que ainda não tinham sido lecionados até à data de implementação do questionário. Sou capaz de… 1 2 3 4 a) Compreender e utilizar 0 0 4 20 expressões quotidianas de uso muito frequente. b) Apresentar-me a mim mesmo e 0 0 3 13 aos outros. c) Pedir e dar informação básica 0 4 10 11 sobre o domicílio, os meus pertences e pessoas que conheço. d) Participar numa conversa de 0 1 7 15 forma simples. e) Perguntar e responder a 0 0 7 15 perguntas simples sobre temas do dia-a-dia. f) Escrever postais e cartas curtas, 0 2 7 11 por exemplo para enviar felicitações. g) Preencher formulários com 0 0 5 11 dados pessoais. 1 (muito fraca); 2 (fraca); 3 (razoável); 4 (boa); 5 (muito boa) 5 2 10 1 3 4 6 10 Tabela 4: Adequação dos alunos ao nível de língua No que diz respeito à caracterização sociofamiliar da turma, a maioria dos alunos possuem pais com formação ao nível do ensino secundário e do ensino superior (12ª ano, Bacharelato, licenciatura, Mestrado, Pós-graduação). Através da observação constatei que a turma era muito séria, pouco ou nada participativa e com um comportamento exemplar. Os alunos demonstraram ter uma “obsessão” pelas notas, principalmente as notas referentes às disciplinas da componente específica (Ciências Físico-Químicas, Matemática, Biologia). Contudo, “o excessivo valor posto na importância da nota é motivo de preocupação” (Bordenave & Pereira, 1978: 18). Isto prende-se com o facto de os alunos poderem “valorizar excessivamente as notas e diplomas e muito menos o aprender” (op. cit.), que pode passar para um segundo plano. Para além disso, podem tornar-se excessivamente competitivos, o que também poderá ser motivo de preocupação. 15 Relativamente à disciplina de Espanhol, os alunos demonstraram sentir muito receio na participação oral. Enquanto nas disciplinas científicas, o silêncio deles é uma mais-valia, uma vez que as aulas centram-se na realização de exercícios. Nas aulas de letras (Português, Espanhol e Filosofia) o silêncio não lhes facilita a obtenção das notas que tanto ambicionam. Até para ler, os alunos manifestavam dificuldades. Não gostavam de se expor. Eram alunos fechados, que se isolavam e, de certa forma, viviam num mundo só deles, onde silêncio era sinónimo de bom comportamento. Na aula prévia à intervenção pude confirmar a apatia da turma e a dificuldade em conseguir obter dos alunos respostas. São alunos exigentes com eles próprios, ao ponto de não admitirem o seu próprio erro. De facto, a sua busca incessante por boas notas, faz com que bom comportamento seja para eles sinonimo de silêncio. Essa primeira aproximação fez com que me questionasse acerca das melhores estratégias para obter um maior feedback dos alunos. Verifiquei nessa aula que uma boa estratégia era fazê-los rir, ou seja, “brincar” com eles para, assim, levá-los a uma maior descontração. Nesse sentido, ao iniciar a minha intervenção procurei criar atividades com a Banda Desenhada que pudessem contribuir para essa desinibição e à vontade dos alunos. Não foi possível, nessa aula prévia, chegar à tarefa final, uma vez que, algumas atividades se prolongaram no tempo, devido à personalidade dos alunos mas, também, devido à planificação que demonstrou ser demasiado extensa para a aula em questão. Os alunos referiram que os vídeos apresentados não se visualizavam em condições e que tinham dificuldades em entender o que diziam os personagens, devido a falarem muito rápido e a não terem uma boa qualidade de imagem. O que denota que os vídeos escolhidos não foram uma boa opção. Na Tabela 5 podemos visualizar as dificuldades manifestadas pelos alunos no questionário inicial. Muito difícil Difícil Razoável Fácil Muito fácil Audição 0 0 10 12 4 Oralidade 0 2 9 15 0 Leitura 0 0 6 16 4 Escrita 0 0 8 17 1 Gramática 0 0 7 15 4 Tabela 5: Dificuldades dos alunos de Espanhol nas competências de aprendizagem 16 Assim, foi possível constatar que os alunos manifestavam dificuldades apenas na oralidade, o que está justificado pela fraca participação que a turma manifestava durante as aulas. De todos modos, não deixa de ser curioso o facto da maioria dos alunos ter assinalado a opção “Fácil”. Talvez o tenham feito porque a acham, de facto, fácil, no entanto, sentem constrangimentos na hora de intervir. Os alunos manifestaram, também, algumas dificuldades na compreensão auditiva (dez dos alunos assinalaram a opção razoável). Por sua vez, na leitura, na escrita e na gramática, os alunos manifestaram não ter grandes dificuldades. Contudo, a observação de aulas comprova, por um lado, que o grupo tem algumas dificuldades na leitura, no que concerne à pronúncia e à leitura expressiva e, por outro lado, que a falta de vocabulário limita os alunos na hora da escrita. Relativamente à leitura, os alunos manifestaram, na sua maioria, gosto pela leitura. Apenas três alunos referiram gostar “pouco” de ler. No entanto, quando questionados acerca dos seus hábitos de leitura verifica-se um decréscimo das respostas “bastante” e “muito”, ou seja, apesar dos alunos terem exteriorizado o seu gosto pela leitura, não o costumam fazer habitualmente. Apenas cinco alunos referiram ler “muito”. No que diz respeito à escrita, um número considerável de alunos manifestou gostar “pouco” ou “nada” de escrever. E, de igual modo, que na competência de leitura, verifica-se um decréscimo do número de alunos que costumam escrever habitualmente e um aumento do número de alunos que o fazem “pouco” ou “nada”. Isto demonstra que um grande número de alunos tem uma fraca relação com a escrita. O que contrasta com a relação que os alunos têm com a leitura. Nos gráficos 3 e 4 podemos visualizar as estratégias de leitura e de escrita mais utilizadas pelos alunos: Gráfico 4: Estratégias de escrita utilizadas pelos alunos de Espanhol (questionário inicial) Gráfico 3: Estratégias de leitura utilizadas pelos alunos de Espanhol (questionário inicial) 17 Os alunos assinalaram como estratégia de leitura mais utilizada “Deduzo o significado de uma palavra pelo contexto” e como segunda opção “Sublinho as palavras que não entendo”, sendo que o maior número de alunos assinalou como última opção “Recorro ao dicionário”, apesar de alguns alunos trazerem para as aulas dicionários tipo “pocket” e estes terem sido utilizados em sala de aula. A resposta “continuo a ler o texto sem me importar com o significado da palavra” aparece numa terceira posição, seguido de pedir ajuda a outras pessoas (professora, colegas). O que se pode depreender destas respostas é que os alunos dão valor à compreensão íntegra do texto. Isto prende-se com o facto de darem preferência a sublinhar as palavras que não entendem e a deduzir o significado de uma determinada palavra pelo contexto em que se encontra inserida, ao invés de continuarem a ler o texto sem se importarem com o significado das mesmas. A opção “Outros” não foi assinalada pelos alunos, o que indica que os alunos não utilizam outras estratégias para além das referidas no questionário. No que concerne às estratégias utilizadas na escrita, a maior parte dos alunos estruturava mentalmente o que vai dizer antes de escrever e que elabora uma chuva de ideias antes de redigir um texto. No entanto, o que foi verificado através da observação de aulas é que os alunos não utilizam a chuva de ideias como estratégia própria mas com a ajuda da professora. No que concerne à relação com a Banda Desenhada uma grande parte dos alunos manifestou gostar deste género: seis alunos assinalaram a opção “gosto muito” e nove assinalaram a opção “gosto”. Dez alunos referiram não gostar, nem desgostar. Apenas um aluno manifestou desagrado por esta tipologia de livros. Da mesma forma que os alunos de Inglês, os alunos de Espanhol também colocaram este tipo de texto em segundo lugar nas suas preferências dentro da sala de aula, o que contribuiu para solidificar, ainda mais, a ideia de utilização deste tipo de texto em sala de aula. Contudo, ao contrário dos alunos de Inglês, mais alunos referiram ler em Espanhol e em Francês, embora a preferência se mantenha nas línguas portuguesa e inglesa. 18 CAPÍTULO II – DA ANÁLISE DO CONTEXTO AO DESENHO DO PLANO DE INTERVENÇÃO Após a análise do contexto procedi à delineação do projeto de intervenção, tendo em conta todas as variantes recolhidas durante o processo de pré-intervenção e os objetivos que pretendia alcançar. Para além disso procedi ao enquadramento teórico do tema, fator de relevância para uma melhor compreensão do trabalho de projeto, bem como para o seu enquadramento. 2.1. A Banda Desenhada na aula de LE A Banda Desenhada é um fenómeno social, não apenas pelo número de leitores, mas também pelo lugar que ocupa no sistema cultural da nossa sociedade (Renard, 1978). Por isso, é um elemento importante a ser introduzido na aula de Língua Estrangeira (LE), uma vez que engloba um conjunto de fatores socioculturais que constituem um significativo input que não pode e não deve ser ignorado. Nesse conjunto de fatores podemos incluir os balões de fala que permitem aceder ao discurso direto das personagens e que integram interjeições, palavras coloquiais e expressões (Snauwaert, 2011) e, também, a partilha de hábitos e costumes da sociedade onde determinada Banda Desenhada se encontra inserida, bem como opções filosóficas, políticas e sociais dos seus autores (Rénard, 1978) e que espelham uma época. Tal como Ares López, 2005: 5) refere “el tipo de input proporcionado por los cómics permitirá al estudiante comprender y usar unidades léxicas coloquiales, muy utilizadas por los nativos en situaciones ordinarias de conversación, asociándolas claramente a determinados contextos de uso”. O uso didático da Banda Desenhada tem, de facto, grande valor porque permite integrar os aspetos formais da língua e os aspetos culturais. A incorporação deste tipo de textos no ensino das Línguas é justificada pela necessidade de estudar formas de comunicação de uso quotidiano para os falantes da Língua (Sá, 1996). A linguagem coloquial característica da Banda Desenhada aproxima-se da realidade dos nossos alunos e é uma amostra sociolinguística autêntica. Além disso, a Banda Desenhada está ligada à sociedade moderna, estando presente em múltiplas manifestações da vida social (desde o cinema até à publicidade, desde a linguagem até à pintura) e muitas das suas personagens formam parte da nossa mitologia coletiva (Paz cit. in Alonso, 2010). A partir das historietas e das suas personagens pode-se 19 ensinar e perceber a sociedade e a cultura de uma forma não tradicional e bastante motivadora. A utilização deste recurso em sala de aula propicia o desenvolvimento da competência intercultural dos alunos, visto que em toda a banda desenhada há uma ideologia, uma maneira de ver o mundo, que pode ser mais ou menos subliminal (op. cit.). É necessário criar um ambiente natural para a aprendizagem da LE (Jiménez Raya, Lamb & Vieira, 2007) sendo que a Banda Desenhada descreve a linguagem coloquial usada no país de origem, o que a torna um instrumento didático extremamente rico em termos de conteúdos socioculturais e aprendizagem da língua em contexto real. “Hoje em dia, ao considerar-se a BD como literatura infantil, realçam-se os aspetos benéficos que ela pode protagonizar, nomeadamente como auxiliar no estudo de diversas disciplinas” (Ferro, 1987: 15), entre as quais podemos incluir as LE. Hughes (cit. in Jiménez Raya et al, 2007: 7) refere que se deve ter em linha de conta os seguintes aspetos para criar um ambiente natural em sala de aula: i) integração de capacidades linguísticas; ii) contextualização da linguagem; iii) relação da linguagem com o aluno; iv) ligação da linguagem à ação imediata e visível; v) uso da linguagem verbal e não-verbal; vi) uso de linguagem que seja significativamente repetitiva no quotidiano; vii) uso de linguagem que seja vasta em quantidade e ocorra por um período de tempo prolongado. Tudo o que foi referido anteriormente faz deste tipo de texto um recurso extremamente útil e rico para ser utilizado em contexto de sala de aula. Dessa forma, a Banda Desenhada é hoje introduzida com muita frequência em manuais escolares ou obras didáticas (Snauwaert, 2011), precisamente pelo seu carácter educativo. Por um lado, Wright e Sherman (1999 cit. in Williams, 2008) referem que há, pelo menos, três motivos que explicam porquê a Banda Desenhada é um instrumento de ensino útil: i) há um grande número de estudantes interessados neste género; ii) são baratos e, iii) o vocabulário não é difícil, o que os torna fácil de ler. Por outro lado, Dony (2009) enumera diversas outras razões para utilizar a BD como ferramenta pedagógica na sala de aula: i) Serve para explorar uma variedade de tópicos; ii) Constitui o ponto de partida de um debate ou discussão na aula; iii) Gera gramática útil e exercícios de vocabulário; iv) Providencia um escape humorístico e familiar para os alunos e ajuda-os a desenvolver as suas competências de leitura e de escrita; 20 v) Contribui para refletir sobre a linguagem autêntica e sobre aspetos socioculturais, idiossincrasias humanas, estereótipos, conflitos quotidianos, etc; vi) Facilita a análise de personagens e argumentos; vii) Leva a situações de jogos de simulação fáceis e divertidos; viii) Estimula a criação de exercícios de escrita de histórias. Para além disso, segundo Acuña (2008), este género literário constitui um interessante recurso didático no processo de ensino-aprendizagem como forma de facilitar a leitura e a compreensão dos alunos. A autora refere o facto de se ter comprovado que a Banda Desenhada, devido à atrativa combinação de imagens e texto, motiva, diverte, estimula a criatividade e favorece a aprendizagem. Ao tentarmos encontrar uma definição adequada para este tipo de texto, podemos dizer que é “uma história desenhada e impressa” cujo “encadeamento dos acontecimentos vai-se exprimir numa sequência de cenas desenhadas (Renard, 1978: 11). A BD contribui, modesta mas verdadeiramente, para o desenvolvimento da personalidade pelo que o leitor se enriquece com a leitura deste tipo de narrativa (Renard, 1978). A combinação de imagens e texto torna este tipo de narrativa duplamente rica, sendo que, as imagens têm grande importância no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, uma vez que contribuem para a implicação do aluno e para uma maior assimilação da língua objeto (Alonso, 2010). Isto se justifica pelo facto da imagem na BD ter um sentido visual, enquanto nos livros de texto as imagens são meras ilustrações (Eisner, 1985). O visual substitui o texto, enquanto a ilustração apenas tem a função de repetir, ampliar, criar uma atmosfera ou, simplesmente decorar (op. cit.). Na BD a imagem tem um poder, digamos, quase textual, uma vez que a imagem contribui para facilitar a compreensão da narrativa, o que faz deste tipo de texto uma mais-valia na aquisição de conteúdos linguísticos, pragmáticos e socioculturais. O aluno, através da imagem, consegue ampliar o seu leque de conhecimentos ao nível da língua de forma mais fácil, uma vez que a própria imagem lhe indica o sentido do texto. Para além disso, é um texto que os alunos podem realizar em sala de aula ou, fora dela, de forma autónoma. De todos los medios narrativos basados en la imagen, la historieta es el que requiere menos aparatosidad técnica tanto para su producción como para su reproducción. Para realizar una historieta sólo se necesita papel y utensilios de dibujo o ahora un programa informático de dibujo. Para publicarla sólo hace falta un sencillo sistema de impresión. Es decir que una propuesta de trabajo creativo en 21 este terreno (hacer una historieta) resultará sencillo y económico (Altarriba, 2003: 4). Ainda assim, “Comics are at best, misunderstood, and at worst, frequently stereotyped” (Smith, 2006: 2). E estes estereótipos incluem ideias tais como “comics are required to be humorous, or that only ‘uncool’, teenage boys read comics, or that comics only contain stories of super heroes” (op. cit.). Contrariamente, a todas as vantagens enumeradas, a utilização da Banda Desenhada em sala de aula também possui as suas desvantagens. Tal como Snauwaert (2011: 4) refere, apesar da Banda Desenhada permitir trabalhar as quatro competências, a compreensão oral apenas se realiza pela metade, uma vez que a Banda Desenhada não permite comprovar o entendimento de “una cadena de palabras efectivamente pronunciadas”. No que concerne à estrutura deste tipo de narrativa, podemos dizer que “a primeira coisa que notamos numa BD é o seu aspeto físico” (Vives, 1991: 17). Esse aspeto físico traduzse em diferentes aspetos: tira, vinheta, balões de fala, legenda. Por tira (Figura 1), entende-se “uma franja horizontal ou vertical composta algumas vezes, por três ou quatro vinhetas que nos narram um fragmento de uma longa história, quase sempre séria e de aventuras” (op. cit.). Figura 1 : Tira de Banda Desenhada Por sua vez, os balões (Figura 2) podem ser de vários tipos de fala, de pensamento, de grito, de cochicho, de choro, de diálogo, etc. 22 Figura 2: Tipos de Balões de Banda Desenhada A vinheta, segundo Vives (1991), é o principal elemento da Banda Desenhada; apesar de por si só representar uma simples ilustração, uma sequência de vinhetas permite narrar uma história (Figura 3). A legenda também é um fator importante na estrutura da Banda Desenhada, uma vez que permite explicações, introduções e esclarecimentos fora do diálogo, colocando-se, normalmente, dentro da vinheta, na parte superior (op. cit.) (Figura 4). Figura 3: Vinheta de Banda Desenhada Figura 4: Legenda de Banda Desenhada 23 Tendo em conta estas características, conclui-se que a BD se apresenta como “um texto misto, que combina elementos verbais, elementos não verbais e outros situados a meio caminho entre os dois” (Sá, 1996: 19). Para além disso, é um género textual que foi influenciado por outras formas de expressão: i) a literatura, no que diz respeito às técnicas narrativas; ii) a pintura, no que concerne ao uso da cor e ao grau de realismo na representação dos referentes; iii) o cinema, no que se refere ao dinamismo da imagem e ao uso dos planos (op. cit.). 2.2. A Banda Desenhada como recurso didático para trabalhar as competências de leitura e de escrita na aula de LE Acredita-se que a Banda Desenhada é um material de leitura pobre ou que terá um impacto negativo nas competências de leitura; contudo, este material pode transformar-se num excelente recurso para alunos que lutam para desenvolver as suas competências de leitura ou que apresentam falta de motivação (Smith, 2006). A leitura de qualquer gênero textual é uma atividade considerada complexa, visto que exige a interação de processos cognitivos, associados ao conhecimento prévio que cada leitor traz consigo (Brauer, Nascimento, Bertó & Carvalho, 2008: 2). Antes de iniciar a leitura de um texto, os aprendizes de uma língua já contam com toda uma séria de estratégias na sua língua materna. Antes de começar a leitura, o aluno já começa a formar uma ideia sobre o texto, servindo-se, por uma parte, das características do mesmo (tipografia, formato, lugar em que se encontra o texto, etc.) e, por outra, dos seus conhecimentos do mundo, especialmente do tema que aborda o texto (Cortés Moreno, 2000). El aprendizaje de la lectura arranca mucho antes que la escuela y acaba mucho después, acaba con la vida. La comprensión es un camino sin final. Un texto escrito tiene muchos niveles de comprensión y siempre se puede comprender mejor, más extensa y profundamente. Por eso, la enseñanza de la comprensión lectora debe ser tarea general del currículum general y debe abarcar a todos los niveles y a todas las materias” (Cassany et. al., 1998: 208). É importante realçar que o domínio do léxico e da gramática não garantem, por si sós, a compreensão de um texto em L2, inclusive quando há uma grande similitude entre L1 e L2, pois o problema mais evidente é de carácter linguístico e verifica-se em distintos níveis: i) 24 obstáculos derivados das diferenças enquanto à escrita; ii) deficiências ou falta de vocabulário; iii) falta de reconhecimento da sintaxe e das relações semânticas; iv) questões de ordem pragmático e conotativo, que levam, também, a problemas derivados de possíveis interferências da L1 que obstaculizam a compreensão da L2 (Acquaroni, 2004). Não podemos, nem devemos ignorar a leitura de imagens durante o processo de leitura de um texto de Banda Desenhada. A imagem é extremamente apelativa e significativa durante a leitura deste tipo de textos. A BD não é portadora de uma única mensagem e manifesta-se através de inúmeros géneros, tendências, estilos e tons e é necessário ter em conta que se trata de uma configuração artística com autores e criadores que merecem ser valorizados (Rey Cabero, 2013). De facto, o leque de autores e de obras de BD existentes fazem parte da cultura literária de um país, muitos dos quais são (re)conhecidos pelo mundo fora. Quem não se lembra da Mafalda e as suas constantes preocupações com a Humanidade e a paz mundial? E do Asterix e do povo gaulês ou dos The Simpsons (também em BD, apesar de inicialmente ser uma série de TV) e a sua paródia ao estilo de vida da classe média americana? São personagens de BD que são do conhecimento popular. Para além disso, existem grandes obras, como por exemplo D. Quijote de la Mancha, em formato de BD, o que torna a leitura da história muito mais apelativa para crianças e jovens. O facto de grandes obras terem sido também publicadas em formato de BD, pode levar a reconhecer o valor educacional deste tipo de texto, não só em sala de aula mas, inclusive, fora da mesma. E através da leitura os alunos podem desenvolver as competências de escrita, uma vez que, aprendem sem dar por isso (Smith, 1983). The learning is unconscious, effortless, incidental, vicarious and essentially collaborative. It is incidental because we learn when learning is not our primary intention, vicarious because we learn from what someone else does, and collaborative because we learn through others helping us to achieve our own ends (op. cit.: 561). Porém, durante muito tempo escrever foi considerado como uma união de grafias e palavras que formavam frases gramaticalmente corretas, ou seja, um sistema de signos ao serviço da oralidade, o que fazia com que as atividades realizadas fossem insuficientes para desenvolver a competência comunicativa através da escrita (Bruno Galván, González & Fernández, 2009). Porém, “a palavra escrita assume no mundo de hoje uma importância decisiva, visto a comunicação se ter transformado, mais do que em qualquer outro tempo, num fator determinante de progresso e de aproximação cultural e tecnológica entre os cidadãos e 25 entre os povos” (Sousa, 2004: 7). Assim, escrever implica mais do que a mera junção de palavras. Escrever requer conhecimentos gramaticais, processos cognitivos, recursos técnicos e estilísticos, através dos quais se possam ativar estratégias comunicativas (Bruno Galván et al., 2009). Na realidade, através da leitura de Banda Desenhada, os alunos aprendem a desenvolver competências de leitura e de escrita que de outra forma não fariam. Para que el aluno desarrolle sus propias estrategias, es necesario proporcionarle un input, normalmente la lectura, que posibilita la interiorización de algunas características de la organización del texto (Bruno Galván et al., 2009: 7). Não obstante, para desenvolver e programar as atividades de expressão escrita, tendo por base uma abordagem comunicativa, são necessários os seguintes critérios: i) contextualização; ii) finalidade do escrito; iii) motivação e, iv) integração com outras competências (op. cit.). A BD pode ser um material extremamente rico para a aprendizagem de LE, sendo que, não se trata apenas de um material artístico e extremamente inovador, motivador e familiar ao aluno mas, para além disso, a função indicial-ilustrativa da imagem proporciona um apoio extralinguístico que facilita a expressão escrita (Rey Cabero, 2013). 2.3. A Banda Desenhada ao serviço de uma Pedagogia para a Autonomia A autonomia dos alunos tem sido um tema-chave ao longo dos últimos trinta anos; contudo, apenas um espaço limitado na extensa literatura tem abordado este tema (Borg & AlBusaidi, 2012). A própria integração de uma pedagogia para a autonomia em sala de aula é algo que ainda não atingiu os patamares desejados. Os próprios professores, por vezes, podem sentir-se apreensivos e inseguros perante mudanças, temendo fracassos e situações difíceis de trabalho como resultado de mudanças na prática e no processo de ensino-aprendizagem (Gjørven, 1997). E a realidade é que uma pedagogia para autonomia engloba benefícios mas também dificuldades, que podem surgir na implementação da mesma, por parte de docentes e/ou alunos. Neste trabalho, é entendida como uma competência para se desenvolver como participante autodeterminado, socialmente responsável e criticamente consciente em (e para além de) ambientes 26 educativos, por referência a uma visão da educação como espaço de emancipação (inter)pessoal e transformação social (Jiménez Raya et al., 2007:2). Tendo em conta esta definição, podemos constatar que se trata de uma competência que deve ser desenvolvida ao longo do tempo, de forma progressiva, responsável e crítica, dentro e fora do contexto escolar, de modo a contribuir para a emancipação dos aprendizes e a promover um “interesse colectivo” (Jiménez Raya et al., 2007:3). Vieira e Moreira (1993:15) aludem ao facto da Escola de hoje preparar os alunos, também, para a sua vida social, “proporcionando uma educação global das suas capacidades, atitudes e valores”. No desenho do plano de intervenção tive em conta estes pressupostos e procurei criar aulas diversificadas em que o aluno pudesse expressar-se livremente e desenvolvesse uma aprendizagem autónoma. Contudo, é necessário que haja um compromisso por parte dos alunos no seu envolvimento nas atividades e na sua realização dentro e fora da sala de aula. Esse compromisso depende de vários fatores: i) idade dos alunos; ii) grau de maturidade; iii) expetativas em relação às notas e iv) responsabilidade. Os alunos iriam desenvolver, ao longo das atividades/sequências, o seu pensamento crítico, que “corresponde ao processo intelectualmente disciplinado de conceptualizar, aplicar, analisar, sintetizar e/ou avaliar ativa e competentemente informação reunida através da, ou gerada pela, observação, experiencia, reflexão ponderação, ou comunicação como orientação para a crença e a ação” (Jiménez Raya et al., 2007). Para além das competências linguísticas e críticas, os alunos também desenvolveriam a parte criativa, uma vez que, tal como Nascimento e Pinto (2003:22) referem “a língua não é apenas tradição e rotina; é, também, espaço de criatividade e inovação”. Estes autores descrevem a criatividade como “a capacidade dos falantes/escreventes de uma língua para produzirem e interpretarem enunciados novos” (op. cit., 2003:23). O trabalho de pares e a cooperação também são importantes para uma aprendizagem autónoma. Isto ajuda a criar alunos “socialmente responsáveis” (Jiménez Raya et al., 2007: 23), de forma a respeitar as diferenças e a desenvolver o espírito de entreajuda e cooperação. O trabalho colaborativo e a negociação de ideias, bem como os modos de trabalho, têm como objetivo promover a reflexão sobre o conteúdo e o processo da aprendizagem, de modo a que os alunos associem conceitos e ideias. A autoavaliação através de questões de reflexão e auto classificação em níveis de desempenho permite que os alunos ganhem consciência das suas capacidades e limitações. 27 As sequências/atividades implementadas permitiriam que os alunos recorressem a fontes de apoio, nomeadamente, o manual, dicionários e pesquisas online, para os trabalhos realizados fora da aula, uma vez que a escola não possuía recursos para utilizar essa fonte de apoio em contexto de sala de aula. Teriam, igualmente, como foco o desenvolvimento da competência intercultural. Pretendia que os alunos, ao criarem a sua própria Banda Desenhada, aumentassem o conhecimento e a compreensão da cultura relevante, acabassem com o preconceito e desenvolvessem a capacidade de ver semelhanças e diferenças entre países (Jiménez Raya et al., 2007). São muitas as vantagens que derivam da utilização da BD nas aulas de LE, ao serviço da de uma pedagogia para a autonomia, uma vez que através deste tipo de narrativa podemos estimular a imaginação, o humor e a espontaneidade que são elementos fundamentais para fomentar uma aprendizagem que favoreça a autonomia do aluno (Alonso, 2010). O desenvolvimento de uma pedagogia para a autonomia implica “o uso da informação por parte dos alunos no planeamento, na implementação, na monitorização e na avaliação dos programas de língua ora pelo envolvimento dos alunos no processo de tomada de decisões, ou na própria fase de implementação do ensino” (Nunan, 1988, cit. in Jiménez Raya et al., 2007), algo que foi tido em conta no desenvolvimento do projeto. 2.4. A Banda Desenhada e os documentos reguladores do ensino de Línguas Estrangeiras No desenho do projeto de investigação foi de crucial importância a análise dos documentos reguladores do ensino de Línguas Estrangeiras. Assim, procedi à análise dos programas do Ministério da Educação e Ciência (Espanhol 10º ano – nível de iniciação e Inglês 10º ano – nível de continuação), bem como do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (Conselho da Europa, 2001) e do Plan Curricular del Instituto Cervantes (2006a), que apesar de não fazer parte das orientações nacionais para o ensino das Línguas, é um documento importante a ser analisado, uma vez que é um instrumento útil na orientação das práticas do ensino do Espanhol. Por um lado, o programa de Espanhol (10º ano – iniciação) alude à importância da leitura de diferentes tipos de texto adaptados à idade, aos interesses e, obviamente, aos diversos níveis de domínio da língua espanhola dos alunos. Nesse tipo de textos é incluída a Banda Desenhada. Por outro lado, o Programa de Inglês (10º ano – continuação) visa “expor o aluno a 28 uma variedade alargada de textos para que lhe seja possível comparar as formas como as mensagens são apresentadas” (Moreira, Moreira, Roberto, Howcroft & Almeida, 2001:15). Este programa também inclui no seu leque de textos, a Banda Desenhada. No que concerne à competência de leitura, os Programas Nacionais destacam, como objetivos de aprendizagem, a leitura individual de “textos com apoio visual” (Fernández, 2001:33), como por exemplo a Banda Desenhada, a publicidade, cartazes e anúncios e a compreensão de diversos tipos de texto, recorrendo de forma adequada, à informação visual disponível (Moreira et al., 2001: 10). Relativamente à escrita, os alunos devem ser capazes de “redigir mensagens breves e cartas adequadas à situação de comunicação, sobre temas conhecidos, visando as normas básicas de comunicação escrita” (Fernández, 2001: 33) e elaborar “textos claros e variados, de modo estruturado, atendendo à sua função e destinatário, dentro dos tópicos abordados nos domínios de referência (…)” (Moreira et al., 2001: 10). O QECRL também faz referência ao uso lúdico e estético da língua, dizendo que, por um lado, o uso da língua para fins lúdicos desempenha um papel importante na aprendizagem e no desenvolvimento da língua, uma vez que os usos imaginativos e artísticos da língua são importantes tanto no campo educativo como em si mesmos (Conselho da Europa, 2001). Por outro lado, as atividades estéticas podem ser de expressão, de compreensão, interativas ou de mediação e podem ser orais ou escritas (op. cit.). Neste tipo de atividades o QECRL inclui as historietas. O PCIC (Plan Curricular del Instituto Cervantes, 2006a) alude à utilização deste tipo de textos no ponto que diz respeito aos “Géneros orales y escritos”, nomeadamente no nível C1 nos “Géneros de transmisión escrita - Tiras cómicas y cómics”. É, contudo, estranho verificar que este documento não sugere a utilização deste tipo de narrativa para níveis mais elementares. Todavia, como vimos no ponto 2.1., a BD representa um recurso relevante para trabalhar com diferentes níveis de língua, pois os estudantes podem encontrar expressões linguísticas e léxico próprio do registo coloquial (Alonso, 2010). Não poderia terminar esta análise sem abordar os manuais adotados na escola e que constituem um elemento central no processo de ensino-aprendizagem. No ponto 2.1. e, tendo em conta as palavras de, Snauwaert (2001), refiro que a Banda Desenhada é introduzida com muita frequência em manuais escolares; contudo, muitas vezes as atividades relacionadas com este tipo de narrativa não são suficiente e convenientemente exploradas em sala de aula. Constatei isso na prática ao analisar os manuais adotados. Por um lado, no manual de Espanhol 29 (Endirecto.com 1) os textos apresentavam uma estrutura similar. Não eram, na minha opinião, muito apelativos e motivadores e, apesar do manual possuir algumas atividades relacionadas com a Banda Desenhada, estas eram relegadas para segundo plano, não dando o devido valor à importância sociocultural que alguns destes personagens têm na cultura espanhola. Por outro lado, no manual de Inglês (Link Up to You), a Banda Desenhada não era explorada como recurso didático, apenas dois cartoons apareciam ao longo do manual, mais especificamente, na unidade 4 (A world of technology). Tendo em conta os resultados obtidos nestas breves análises decidi optar por dois critérios distintos para a criação de materiais didáticos. No caso das aulas de Espanhol optei por criar as minhas próprias sequências didáticas, aproveitando algumas das tiras de Banda Desenhada presentes no manual e explorando-as de forma diferente. Para além disso transformei em formato de BD alguns dos textos que o manual apresentava, utilizando para o efeito personagens recorrentes da cultura espanhola. No caso de Inglês, não foi possível aproveitar tiras de Banda Desenhada presentes no manual devido à escassez das mesmas; não obstante, utilizei algumas atividades que o manual apresentava como suporte às atividades/sequências que iam sendo implementadas. 2.5. Abordagem Comunicativa e Enfoque por Tarefas Durante o desenho do plano de intervenção também foi necessário definir a metodologia a adotar para a planificação de aulas e para o desenho dos materiais. A escolha recaiu numa abordagem comunicativa, tendo por base um “enfoque por tareas/learning by tasks”. O QECRL (Conselho da Europa, 2001: 217) refere que “a execução de uma tarefa (…) envolve a activação estratégica de competências específicas, de modo a realizar um conjunto de acções significativas num determinado domínio, com uma finalidade claramente definida e um produto (output) específico”. As aulas foram, assim, planificadas de modo a orientar os alunos para a realização de uma tarefa final, relacionada com o tema programático em que cada aula se inseria. As tarefas finais em questão tiveram em linha de conta a competência de escrita, uma vez que, tal como Bruno Galván et al. (2009: 6-7) referem “el enfoque comunicativo rechaza la utilización del texto como pretexto y reivindica la finalidad comunicativa de la escritura”. Como o próprio nome indica, uma abordagem comunicativa implica comunicação, que é precisamente o propósito inicial de uma língua; contudo, a aprendizagem de uma LE não 30 engloba apenas a língua, mas também a cultura. Comunicar é um dos atos mais naturais que existe. Mas não comunicamos apenas através de palavras, também o fazemos através de gestos, ações e até mesmo através das nossas próprias expressões faciais. A comunicação não é um mero produto, senão um processo que se leva a cabo com um propósito concreto, numa situação concreta, entre interlocutores concretos (Cortés Moreno, 2000). Não é suficiente “asimilar un cúmulo de datos – vocabulario, reglas, funciones…; es imprescindible, además, saber utilizar esos conocimientos para negociar el significado” (op. cit., 2000: 264). O QECRL (Conselho da Europa, 2001:29) também defende uma abordagem comunicativa, “na medida em que considera antes de tudo o utilizador e o aprendente de uma língua como actores sociais, que têm que cumprir tarefas (que não estão apenas relacionadas com a língua) em circunstâncias e ambientes determinados, num domínio de actuação específico”. Assim, durante a criação das atividades, seria necessário definir previamente: i) os campos semânticos e áreas temáticas sobre os quais versaria a comunicação; ii) as situações em que a comunicação se iria desenvolver; iii) as funções concretas que se deviam realizar; e iv) os registos linguísticos (estruturas, léxico, gramática) implicados pelo uso de tais funções (v. Sánchez Pérez, 1997). Para além disso, durante a planificação das atividades comunicativas se teria em linha de conta os seguintes elementos identificadores: i) fundamentação prioritária na transmissão de conteúdo relevante para os interlocutores; ii) subordinação da forma (aspetos formais da língua, gramática) ao conteúdo (mensagem que se deseja transmitir); iii) participação (envolvimento dos elementos); e iv) desenvolvimento de uma ação concreta (ex: resolver um problema comunicativo), não abstrata (explicar uma regra do código gramatical, etc.) (v. Sánchez Pérez, 1997). As atividades/sequências integradas na minha intervenção seriam programadas por tarefas, uma vez que um ensino da língua onde esta não é o “enfoque primeiro da instrução”, é particularmente apropriado no sentido de evitar tentativas de impor um programa linguístico externo aos alunos, facilitando condições para um input que esteja, pelo menos, harmonizado com a sua capacidade de processamento num dado momento da aprendizagem (Jiménez Raya, et al., 2007: 13). O que se pretende com este enfoque por tarefas é levar os alunos a desenvolver as suas competências e a refletirem sobre a sua aprendizagem, de um modo mais autêntico. As tarefas envolvem o uso de uma linguagem comunicativa em que os utilizadores se focam no significado em vez de na estrutura linguística (Nunan, 1989). A sala de aula deve ser concebida de modo a promover experiências de aprendizagem ricas que geram uma 31 comunicação realisticamente motivada e permitam aos alunos falar por si mesmos, criar textos autênticos e encontrar soluções para problemas relevantes (Jiménez Raya et al., 2007). Com a Banda Desenhada podemos desenvolver a imaginação e a criatividade dos alunos, além de favorecer a comunicação, a integração e a coesão grupal. De facto, o estudante passa, assim, a ser um elemento ativo do processo de aprendizagem, transformando-se em protagonista (Alonso, 2010). 2.6. Plano geral de intervenção A investigação-ação implica que haja uma conexão entre teoria e prática, sendo que, uma boa pesquisa é aquela que incorpora ambas, o que ajudará a criar professores cada vez mais eficazes (Stern, 1995). Assim, um projeto deste tipo deve incluir, não apenas, a pesquisa mas o desenvolvimento da ação, ou seja, demonstrar a aplicabilidade do tema, de modo a que possa ser utilizado no futuro (op. cit.). 2.6.1. Tema e Objetivos Tendo em conta os resultados obtidos através da observação e do questionário inicial implementado aos alunos numa aula prévia à intervenção, decidi enveredar pela utilização da Banda Desenhada como recurso facilitador da aquisição das competências de leitura e de escrita, na medida em que os textos em formato de diálogo facilitariam a leitura expressiva, ao mesmo tempo que ajudariam os alunos a exprimir-se mais facilmente através da escrita de diálogos. Adicionalmente, nas atividades implementadas foram integradas as componentes linguísticas, comunicativas e socioculturais. Para além disso, o projeto versou, também, a parte criativa (v. ponto 2.3.). Este projeto visou, ainda, que os alunos se enquadrassem nas três grandes dimensões do Plan Curricular del Instituto Cervantes (2006a): o aluno como agente social, conhecedor dos elementos que constituem o sistema de língua, o aluno como falante intercultural, capaz de identificar aspetos relevantes da cultura alvo e de estabelecer pontes entre ela e a sua cultura de origem e, o aluno como aprendente autónomo, ou seja, responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem. A base do projeto foi uma abordagem comunicativa orientada para a autonomia do aluno, focando-se, não só no aluno como sujeito que aprende mas, também, na competência de comunicação dos alunos, na sua competência de aprendizagem, na 32 dimensão experimental da aprendizagem da língua e na sua dimensão reflexiva (Vieira & Moreira, 1993). Uma questão com que os professores se deparam atualmente é com a falta de motivação apresentada pelos alunos, o que dificulta, de certa forma, o processo de ensinoaprendizagem. Enquanto docente, já me deparei com turmas desmotivadas, sem o mínimo interesse pela escola e para as quais ler e escrever era uma tarefa árdua, até na sua língua materna, quanto mais numa língua estrangeira. Desta forma, decidi orientar a minha intervenção no sentido de responder às seguintes questões de investigação: a) Quais são as dificuldades na leitura e na escrita que apresentam os alunos das turmas-alvo? b) De que forma a BD poderá funcionar como recurso motivador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita? c) Como se pode utilizar a Banda Desenhada para colmatar dificuldades a nível da leitura e da escrita? d) Qual o impacto do uso da Banda Desenhada nas aulas de Línguas Estrangeiras? Partindo destas questões iniciais e tendo como base os documentos orientadores do Ensino de Línguas Estrangeiras, referidos anteriormente, o meu projeto de intervenção visou atingir os seguintes objetivos: 1) Determinar as necessidades e interesses dos alunos relativamente às competências de leitura e de escrita; 2) Desenvolver e avaliar atividades de leitura e de escrita, através da Banda Desenhada, que promovam a autonomia dos alunos; 3) Desenvolver e avaliar atividades de leitura e de escrita, através da Banda Desenhada, que promovam a aprendizagem de saberes socioculturais, linguísticos e pragmáticos; 4) Aferir os resultados obtidos e refletir sobre as estratégias utilizadas e as dificuldades encontradas. 33 2.6.2. Estratégias Com o objetivo de responder aos objetivos delineados, foram implementadas algumas estratégias de intervenção pedagógica que resultam de práticas investigativas e reflexivas que estão relacionadas com a motivação dos alunos, de forma a desenvolver a sua autonomia, nomeadamente nas competências de leitura e de escrita. Aqui não posso deixar de concordar com o comentário de Stern (1995:35): “(…) the great magic of teaching is setting up situations in which pupils are trying to learn: it is the pupils who make a fine lesson”. De facto, o importante é que os alunos se involucrem no processo de ensino-aprendizagem, de modo a ganharem gosto por aprender e tomarem consciência das suas dificuldades e capacidades. Assim, os alunos poderiam aprender a ultrapassar as primeiras e a valorizar as segundas. As estratégias aqui delineadas pretendem dar aos alunos os meios necessários para expandirem as suas capacidades e vencerem os obstáculos à sua aprendizagem, de forma autónoma, responsável e motivada, para além de lhes permitirem aprender conteúdos socioculturais, pragmáticos e linguísticos. Na Tabela 6 apresento as estratégias utilizadas à luz dos objetivos delineados, sendo que para cada um dos objetivos foram desenhadas as respetivas estratégias e apontada a informação que seria necessário recolher. 34 Quadro síntese das Estratégias de Intervenção Objetivos 1) Determinar as necessidades e interesses dos alunos relativamente às competências de leitura e de escrita; Estratégias/Atividades Observação de aulas; Questionário inicial tratamento de dados; 2) e 3) Desenvolver e avaliar atividades de leitura e de escrita através da Banda Desenhada que promovam a aprendizagem de saberes socioculturais, linguísticos e pragmáticos, bem como a autonomia dos alunos; e Observação de aulas; Criação de materiais didáticos relacionados com a Banda Desenhada; Atividades de desenvolvimento das competências linguísticas e de aprendizagem; Fichas de avaliação processual e de desempenho. 4) Aferir os resultados Observação e registo dos obtidos e refletir sobre as resultados obtidos pelos estratégias utilizadas e as alunos; dificuldades encontradas. Avaliação dos resultados. Informação a recolher Caraterização dos grupos alvo. Identificação das principais dificuldades dos alunos no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Identificação das preferências e interesses dos alunos na aprendizagem da LE. Aprendizagens realizadas (conteúdos socioculturais, linguísticos e pragmáticos) Opinião dos alunos sobre as atividades desenvolvidas. Reflexão sobre os resultados do Projeto (aprendizagem dos alunos e desenvolvimento profissional da mestranda). Tabela 6: Quadro síntese das estratégias de intervenção 35 CAPÍTULO III – INTERVENÇÃO Este capítulo pretende abordar o desenvolvimento da intervenção pedagógica, de forma a explorar as potencialidades da BD: i) como recurso motivador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita ii) como recurso para colmatar dificuldades a nível da leitura e da escrita e, iii) como recurso a utilizar nas aulas de Línguas Estrangeiras. Será um ponto onde farei uma conexão entre teoria e prática, de modo a elucidar o leitor acerca do desenvolvimento da minha prática pedagógica. O período de intervenção decorreu de janeiro a junho, sendo que as aulas das duas disciplinas foram espaçadas no tempo, de modo a contribuir para uma melhor preparação das mesmas e dos respetivos materiais. Para além disso, a intervenção incluiu, também, a codocência no âmbito da disciplina de Inglês e um concurso de Banda Desenhada no âmbito da disciplina de Espanhol, que teve lugar no final do ano letivo. O concurso de Banda Desenhada realizado no âmbito da disciplina de Espanhol será abordado no ponto referente às atividades de leitura e de escrita e no ponto que diz respeito à avaliação dos trabalhos realizados pelos alunos. A co-docência será abordada nas considerações finais, de forma a destacar o seu contributo para a minha formação enquanto docente. 3.1. Atividades e competências de leitura e de escrita Ao longo da minha prática pedagógica procurei utilizar a Banda Desenhada em todas as minhas intervenções. Assim, as atividades desenvolvidas no âmbito deste projeto tiveram em linha de conta o aperfeiçoamento das competências de leitura e de escrita. No entanto, uma vez que estas competências não estão dissociadas das competências de compreensão e expressão oral (audição e oralidade), houve a preocupação de trabalhar as quatro competências, bem como, a gramática. Cassany et al. (1998) referem que “una primera aproximación a la lectura debe notar que (…) no se trata de una capacidad homogénea y única, sino de un conjunto de destrezas que utilizamos de una manera o de otra según la situación.” Na nossa língua materna “ouvir e falar foram as primeiras competências linguísticas que adquirimos” (Nascimento & Pinto, 2003: 24); no entanto, na aprendizagem de uma língua em âmbito escolar as competências vão sendo adquiridas em simultâneo. Desse modo, apesar do tema do projeto ser de grande especificidade (a Banda Desenhada), procurei não isolar a 37 competência de leitura das outras competências, mas integrá-las, tal como Cortés Moreno, (2000) refere. O mesmo autor (op. cit.) alude ao facto de que o texto a introduzir em sala de aula deve ser interessante tanto para os alunos como para o professor. Professores motivados serão mais capazes de motivar os seus alunos. Deste modo, durante a planificação das aulas tive, por um lado, a preocupação de introduzir algo novo, dinâmico e capaz de despertar o interesse e a motivação dos alunos e, por outro lado, facilitar aos alunos a aprendizagem das competências da língua, com foco na leitura e na escrita. Contudo, ao selecionar textos escritos devemos ter em mente algumas considerações que podem ajudar o aluno no seu processo de compreensão (Giovanni, Martín, Rodríguez & Simón, 1996). A Banda Desenhada pode ser um material didático idóneo para desenvolver a competência comunicativa do aluno, sempre e quando se selecionem em função de critérios adequados e se utilizem convenientemente (Ares López, 2005). Nesse contexto e de modo a facilitar a escolha das Bandas Desenhadas mais adequadas para cada planificação, elaborei uma grelha de seleção (Tabela 7). Essa grelha pretendia que os textos de Banda Desenhada não fossem desenquadrados dos objetivos do projeto, da faixa etária dos alunos e do programa/temas abrangidos em ambas disciplinas. A grelha era constituída por sete critérios de seleção e para cada critério foram atribuídos cinco níveis (inexistente, suficiente, razoável, bom e muito bom), sendo que, os dois primeiros níveis indicavam que a Banda Desenhada em análise não possuía as características necessárias para ser utilizada em sala de aula. Nível Critérios de Seleção 1. Adequação ao nível de língua 2. Ajustamento à faixa etária 3. Motivação do público-alvo 4. Potencialidade de desenvolvimento das diferentes competências 5. Conformidade com o tema da unidade 1 2 3 6. Possibilidade de exploração de conteúdos socioculturais, funcionais, lexicais e linguísticos 7. Fomentação da criatividade e da autonomia 1 (inexistente); 2(insuficiente); 3(razoável); 4 (bom); 5 (muito bom) Tabela 7: Critérios de seleção dos textos de Banda Desenhada 38 4 5 Ao longo da minha intervenção realizei várias atividades e com cada uma delas procurei, não só fornecer aos meus alunos meios necessários para a aprendizagem da língua, mas também, levá-los à criatividade, ou seja, a conceber algo novo, a expressar-se e a comunicar através da Banda Desenhada. O processo criativo começa na preparação, que inclui leitura ativa, imitação, pesquisa, jogo e reflexão, todas ações conscienciosas (Morley, 2007). Estas ações foram tidas em conta ao longo da minha intervenção. Nas atividades de leitura procurei que os alunos experimentassem vários tipos de leitura (skimming, scanning, leitura silenciosa, leitura em voz alta, leitura expressiva) (Cassany, et al., 1998). Pretendi que os alunos de Espanhol se desinibissem com a leitura expressiva e com a leitura em voz alta e a verdade é que durante as atividades de leitura, os alunos, apesar da reticência inicial, começaram a participar e a oferecer-se para ler, embora alguns deles fossem mais reservados. No que concerne aos alunos de Inglês, aqueles que manifestavam maior timidez começaram também a oferecer-se como voluntários para ler, com exceção de dois alunos, que mantiveram a mesma postura em todas as aulas: uma atitude de introspeção. Os alunos experimentaram diversas atividades (verdadeiro ou falso, procura das ideias principais do texto, jogos linguísticos, reconstruir textos, escolha múltipla, interpretações de imagens e ligações de sentido entre imagem e texto, reconhecimento de formas linguísticas, realização de resumos e títulos, identificação de palavras ou frases-chave, reconhecimento da organização do texto, captação das ideias centrais, hierarquia e relacionamento de informação, predição do que se ia ler através de conhecimentos prévios, etc.) (Cassany et al, 1998; Barbeiro & Pereira, 2007). Tudo isto permitiu que os alunos experimentassem diferentes estratégias: planificar/organizar, usar conhecimentos prévios, inferir, fazer predições, transferir informação da L1 para a L2, substituir/parafrasear, usar imagens e sons, aplicar regras, classificar/ sequenciar, tirar notas, usar organizadores gráficos (tabelas), resumir, usar a atenção seletiva e aceder a fontes de informação (dicionários, manuais) (Cassany et al., 1998, Chamot & Robbins, 2005), que os ajudariam na interpretação de mensagens, fossem estas, orais ou escritas. As atividades/sequências delineadas ao longo da intervenção também tiveram em linha de conta a adequação ao tema e a aquisição de conhecimentos socioculturais. Para que se compreenda uma mensagem escrita é necessário “conocimientos del sistema y conocimientos socioculturales, (…) el conocimiento del mundo/del tema por parte de los alumnos (Giovanni et al., 1996: 27). A compreensão do texto alcança-se a partir da inter-relação entre aquilo que o leitor lê e aquilo que o leitor sabe sobre o tema (Cassany et al., 1998). Para isso utilizei diversos 39 tipos de atividades que serviram para ajudar os alunos a desenvolver esta competência: i) compreensão global de um texto escrito; ii) compreensão de detalhes particulares do texto; iii) ativação conjunta de todos os processos implicados na atividade de compreensão de leitura; iv) particular atenção a alguns destes processos; v) atenção às estratégias de compreensão de leitura (op. cit.). Constatei ao longo do ano que alguns alunos mais tímidos se iam desinibindo e participando nas atividades de leitura com interesse e empenho. No que concerne às atividades de escrita, a turma de Espanhol revelou-se mais reticente na realização destas tarefas, do que a turma de Inglês. Isto prendeu-se, maioritariamente, pela apatia e falta de motivação que a turma apresentava. Por isso, ao longo do ano letivo, procurei criar atividades diversificadas que pudessem motivar a turma e levá-los a sair dessa apatia que tanto os caraterizava. Nesse sentido, servi-me da Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner que expõe que existem diferentes inteligências e que estas são “relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas” (Gardner, 1994:7). Segundo Gardner (2000:13), a Teoria das Inteligências Múltiplas é uma “visão pluralista da mente que reconhece muitas facetas diferentes e separadas da cognição” e “as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes”. Criei, então, algumas atividades relacionadas com o tipo de Inteligência manifestada pela turma em geral (a lógico-matemática). Isso levou-me à elaboração de um jogo de lógica que obteve um feedback bastante positivo por parte dos alunos, que manifestaram ser muito bons na sua realização. Um objetivo importante da aula de Língua deve ser que o aluno descubra o interesse, o prazer e os benefícios que lhe proporcionará a expressão escrita: o poder dos signos gráficos, a criação de contos e de histórias (a imaginação, o humor, a diversão, etc.), a possibilidade de comunicar-se à distância, etc. (Cassany et al, 1998). Para suprir as lacunas de falta de vocabulário utilizei algumas estratégias como brainstorming, uso de dicionários e utilização de sinónimos. A atividade final estava quase sempre relacionada com a Banda Desenhada, no entanto procurei diversificar o tipo de atividade (criação de Banda Desenhada, preenchimento de balões de diálogo, apresentação de uma fotografia cómica de família, criação de um super-herói, etc.). As atividades tiveram sempre em linha de conta os conhecimentos prévios dos alunos, promovendo a autonomia e a criatividade e, inclusive, a sua memória. Tal como O’ Connor e Seymour (cit. in Alonso, 2010) mencionam, recordamos 90% do que fazemos, 10% do que lemos, 20% do que ouvimos e 30% do que vemos. 40 Tendo em conta este pressuposto, tive, também, em linha de conta uma escrita colaborativa, na medida em que, a consideração da perspetiva e do conhecimento dos outros pode ocorrer durante o processo, o que transforma a colaboração num instrumento de aprendizagem (Barbeiro & Pereira, 2007). De facto a interação que ocorre durante a escrita colaborativa permite: i) apresentar propostas; ii) obter reações; iii) confrontar opiniões, iv) procurar alternativas; v) solicitar explicações; vi) apresentar argumentos, vii) tomar decisões em conjunto e viii) quando ocorre entre pares, permite colocar em relação, no interior do processo de escrita, alunos com desempenhos diferenciados, o que possibilita a observação de como os colegas resolvem os problemas que vão surgindo (op. cit.). As atividades realizadas nas duas disciplinas (Inglês e Espanhol) apesar de partirem de um ponto comum, a Banda Desenhada, foram exploradas e planificadas de forma diferente, uma vez que as turmas de estágio pertenciam a níveis de aprendizagem diferentes. Para a turma de Espanhol as atividades foram mais básicas, no sentido de ajudar os alunos a adquirirem o máximo de vocabulário possível e a aplicarem o vocabulário aprendido ao longo das aulas. No caso de Inglês, procurei que os alunos expandissem o seu vocabulário e se sentissem mais à vontade no uso da língua. Uma vez que a turma possui alguns alunos com dificuldades na língua, principalmente ao nível da expressão oral e escrita, as atividades implementadas pretendiam ajudar na expansão de vocabulário, bem como, facilitar a expressão escrita. As atividades de escrita tiveram por base uma escrita criativa, de modo a que os alunos dessem largas à imaginação e fossem aumentando a sua autonomia na realização das tarefas. Para além disso, não podemos esquecer que, “a escrita dá origem a um produto autónomo (texto) que, registando o conhecimento, permanece para além da situação em que foi escrito, podendo ser consultado e alvo de novas etapas de reescrita (Barbeiro & Pereira, 2007:13). Passarei, de seguida, à explicitação das atividades desenvolvidas em cada turma. 41 3.1.1. Atividades no âmbito da disciplina de Inglês As aulas foram planificadas de modo a trabalhar várias competências. No entanto, o foco principal foram as competências de leitura e de escrita, com exceção da aula quatro que teve como foco todas as competências. Desse modo, apresento uma síntese (Tabela 8) das principais competências trabalhadas em cada aula. Aula Competência em foco 1 Compreensão escrita (leitura) 2 Expressão escrita 3 Expressão escrita 4 Compreensão e expressão oral e escrita. 5 Gramática e expressão escrita 6 Compreensão escrita (leitura) 7 Compreensão escrita (leitura) Tabela 8: Principais competências trabalhadas em aula (Inglês) Assim, na primeira aula que lecionei no âmbito da disciplina e, de modo a trabalhar a compreensão escrita, introduzi alguns personagens de Banda Desenhada (“Calvin and Hobbes” [Bill Watterson, 1985]; “Asterix and Obelix” [Uderzo & Goscinny, 1959], “The Simpsons” [Matt Groening, 1997]; “Garfield” [Jim Davis, 1978]), que já eram do conhecimento da maioria dos alunos. O objetivo era que os alunos praticassem uma leitura mais expressiva e ao mesmo tempo entrassem em contato com léxico relacionado com este tipo de narrativa (comic strip, comic page, speech balloon, captions…), de modo a trabalhar atividades com Banda Desenhada nas aulas seguintes. Aproveitei para demonstrar a linguagem coloquial que é utilizada neste tipo de textos, através de exemplos que apareciam nas Bandas Desenhadas em questão. Os alunos acolheram positivamente as atividades realizadas, mostrando-se entusiasmados, recetivos e participativos. No entanto, alguns alunos apresentaram dificuldades na participação, uns porque não tinham domínio suficiente da língua e outros porque se sentiam inibidos, uma vez que tinham tido pouco contato prévio com a docente. As atividades tinham um grau de dificuldade gradual (give a title, put panels in order, comic jigsaw, add a panel), sendo que a última atividade 42 era de escrita. Pedi à turma que terminasse a história, acrescentando um novo “panel” (v. Anexo 9). No que concerne às estratégias de leitura, de modo a suprir as suas dificuldades, alguns alunos mudaram de código linguístico, recorrendo à língua materna durante as atividades de compreensão de leitura, o que não considero um problema, na medida em que o aspeto mais importante da leitura é a compreensão (Cassany et al., 1998). Os alunos também recorreram à ajuda dos colegas, uma vez que as atividades foram realizadas em pares. Constatei que os alunos com um melhor domínio linguístico ajudavam os alunos com maiores dificuldades. Para além da estratégia de cooperação, utilizei a exploração de imagens. O objetivo final era levar os alunos a criar a sua BD sobre “Varieties of English”; no entanto acabou por ser uma aula muito extensa e, desse modo, foi cortada, o que fez com que perdesse a sua contextualização programática. Apesar disso, o objetivo de trabalhar a competência de leitura foi alcançado. A aula seguinte teve como tema “Cyberfriendship”. Nesta aula utilizei uma temática que consta do programa da disciplina para levar os alunos a criar uma Banda Desenhada. Nesse intuito, após a exploração do tema, pedi aos alunos que elaborassem uma Banda Desenhada sobre o tema em questão (v. Anexo 10). Para isso, dei aos alunos algumas indicações de modo a orientá-los na realização desta tarefa. Essas indicações constavam de uma ficha de trabalho que apresentava opções de escolha para: i) o tema do diálogo entre os personagens, ii) os personagens envolvidos no mesmo e, iii) o país de origem do amigo virtual. Porém, antes de iniciarem a elaboração da Banda Desenhada propriamente dita solicitei que escrevessem o argumento, ou seja, o que se iria passar na pequena história que iriam criar. Os alunos manifestaram entusiamo e empenho na realização da tarefa. Até um aluno que sempre manifestou o seu desagrado por este tipo de texto, estava empenhado e entusiasmado na realização da atividade. O objetivo era que os alunos se divertissem no ato de escrita, sem se preocuparem com aspetos formais, uma vez que uma preocupação excessiva pela gramática deixa de lado aspetos de coerência, coesão e originalidade do texto escrito, que podem ser mais divertidos para o aluno (Cassany, et al., 1998). Para além disso, uma linguagem formal e complexa pressupõe acrescentar dificuldades ao ato de escrever e, no final, pode conduzir à frustração e ao desinteresse (op. cit.). É importante que o professor crie aulas interativas associadas a uma aprendizagem cooperativa e prática, de modo a: i) Encorajar a criatividade e a descoberta do aluno; ii) permitir versatilidade e flexibilidade; iii) comprometer-se e apoiar-se no currículo adotado; iv) criar oportunidades para que todos os alunos sejam bem-sucedidos; v) 43 ter a perceção das diferentes necessidades dos alunos e vi) associar as capacidades linguísticas, as capacidades de raciocínio crítico e os conhecimento dos alunos (Tennessee ESL Resource Guide1). Na terceira aula centrei-me, mais uma vez, na expressão escrita, mas de uma forma diferente. O tema pertencia à unidade três do manual, “Media and Global Communications” – “The press” e, aproveitando o tema em questão, fiz uma introdução ao tema “Comics in The press”, utilizando a Banda Desenhada “Calvin and Hobbes” como recurso didático. Levei os alunos a constatar que uma das partes constituintes de um jornal são as tiras de Banda Desenhada, sendo o “Calvin and Hobbes” personagens recorrentes neste tipo de imprensa. A tira de Banda Desenhada escolhida fazia alusão aos super-heróis e, tendo em conta esse facto e os interesses e motivações da turma, solicitei que criassem o seu super-herói e contassem uma aventura desse personagem. Para o efeito elaborei um guia de orientação (v. Anexo 11). Pretendi que os alunos escrevessem uma pequena narrativa convencional em vez de uma BD. Reescrever uma história de Banda Desenhada sob a forma de uma narrativa convencional, pode ser uma atividade de escrita extremamente rica, uma vez que tem a utilidade de levar os alunos a notarem o funcionamento da narrativa em geral e das diferenças que separam estes dois tipos de narrativa (Sá, 2000). Contudo, essa atividade não obteve o feedback esperado, uma vez que alguns alunos tiveram muitas dificuldades em escrever a sua história devido, essencialmente, à falta de vocabulário e falta de conhecimentos na língua. Mas, principalmente, devido à ausência do suporte de imagem. Os alunos com mais dificuldades não conseguiram concretizar a atividade. Limitaram-se a escrever algumas linhas com bastante esforço. Nesta aula, conclui que a Banda Desenhada ajuda os alunos a sentirem-se algo mais confiantes no ato de escrita, devido a poderem escrever pequenos diálogos e utilizarem a imagem como suporte. A quarta aula teve como título “Cartoons on TV: The Simpsons” e centrou-se, principalmente, na expressão e compreensão oral, apesar de, também, ter incluído na sequência atividades de compreensão e expressão escrita. Após a introdução de léxico relacionado com os programas de televisão, pedi aos alunos que se focassem apenas nos “cartoons” e mostrei-lhes um pequeno vídeo sobre “The Simpsons”. Após a visualização, teriam que responder a algumas perguntas relacionadas com o vídeo e com o tema em questão. Como atividade de escrita, pedi aos alunos que, em pares, criassem novos diálogos 1 V. http://suu.edu/ed/fso/resources/tennesee-esl-resource-center-strategies-for-esl-teachers.pdf 44 para os personagens. Dei aos alunos uma ficha de trabalho onde constavam algumas imagens do vídeo e, para cada imagem, eles teriam que escrever os respetivos diálogos. Por fim, coloquei o vídeo sem som e solicitei a cada par que desse voz aos personagens. O objetivo era que os diálogos se revestissem de características de vivacidade e não, algo artificial que não oferecesse credibilidade (v. Nascimento & Pinto, 2003). A quinta aula teve como pano de fundo um conteúdo gramatical “The Reported Speech”. De modo a trabalhar as competências de leitura e de escrita, recorri à criação de Banda Desenhada disponível em http://www.pixton.com/br/. Pretendi que os alunos aprendessem o conteúdo gramatical mas, ao mesmo tempo, entrassem em contacto com a realidade dos “Comics on the internet” e trabalhassem as competências de leitura e de escrita (v. Anexo 12). Desse modo, as duas atividades, que tiveram como pano de fundo a Banda Desenhada, pretendiam que os alunos praticassem o conteúdo gramatical e ao mesmo tempo fossem criativos. A BD permite, de uma forma diferente e motivadora, o estudo de alguns pontos de gramática que estão diretamente relacionados com este tipo de texto (Sá, 2000). Procurei ao longo da aula ativar conhecimentos prévios dos alunos, nomeadamente no que dizia respeito a formas verbais e ao próprio item gramatical, uma vez que, no inicio da aula, perguntei aos alunos se sabiam o que era o “Reported Speech” e se o sabiam distinguir do “Direct Speech”. Utilizei o quadro para escrever a diferença entre ambos. A atividade inicial consistia num jogo de “Matching” e para a realização do mesmo recorri a materiais diversos: data show, computador, tela e cartões criados por mim para o efeito. A atividade final era uma atividade de escrita. Os alunos tinham que preencher balões de BD (fala e pensamento), sendo que tinham que inserir o discurso direto nos balões de fala e o indireto nos balões de pensamento (v. Anexo 13). Alguns alunos manifestaram dificuldade nesta tarefa, devido a tratar-se da aplicação de um item gramatical. A penúltima aula foi uma aula de cultura inglesa e de compreensão de leitura, integrada, igualmente, na unidade três do manual “Media and Global Communications”. Nesta aula, a Banda Desenhada foi utilizada como tarefa de pós-leitura. Após a atividade motivadora e de pré-leitura, em que os alunos tinham que adivinhar as celebridades a que a informação inserida em balões de diálogo se referia (v. Anexo 14), os alunos tiveram que ler e interpretar um texto sobre Diana de Gales. A atividade de pós-leitura (v. Anexo 15) era constituída por duas páginas da Biografia da Diana de Gales em Banda Desenhada com as legendas em branco. Pedi aos alunos que escrevessem o que se passava em cada uma das imagens, ou 45 seja, que legendassem a Banda Desenhada, recorrendo a informação retirada do texto. Através da observação durante a aula, constatei que esta obteve um feedback extremamente positivo por parte dos alunos, principalmente a tarefa motivadora de “Matching”. Presenciei um entusiasmo muito grande na realização desta atividade e uma boa participação da turma nas atividades seguintes, pois até um dos alunos que apresentava dificuldades participou em todas as atividades de forma assertiva. A última aula foi integrada na unidade quatro “The world of technology” e teve como subtema “Inventors and Inventions”. Esta aula pretendia introduzir a unidade e, ao mesmo tempo dar bases aos alunos para a apresentação oral que teriam que realizar para avaliação no final do ano letivo. A atividade motivadora consistia em um “Matching”, onde lhes era pedido que fizessem a ligação entre os inventores e as respetivas invenções. Posteriormente tinham que ordenar as invenções por ordem cronológica. Os alunos mostraram-se entusiasmados com esta atividade. A atividade de “listening” era um “cartoon” sobre Graham Bell e a invenção do telefone. Os alunos tinham que responder a algumas perguntas sobre o vídeo (verdadeiro/falso, escolha múltipla). A atividade final (pós-leitura) era uma página de Banda Desenhada da Disney (“Gyro Gearloose”- Prof. Pardal, em português), cujo objetivo era que os alunos contassem a história através das imagens e posteriormente comparassem a sua história com a verdadeira. Foi constatado que, através da visualização das imagens, os alunos eram capazes de contar uma história muito semelhante à original. Nesta aula foi explicado aos alunos a importância da imagem na interpretação de enunciados escritos, na medida em que a imagem é um “recurso deveras económico que chega, em certos casos, a substituir e/ou dispensar o texto”, sendo que na BD texto e imagem se complementam e, é precisamente aí que “reside a singularidade e a riqueza deste género” (Gomes, 2010: 44). Esta aula foi implementada em outra turma de 10º ano do Curso Científico-Humanístico de Artes, turma essa que já tinha sido observado por mim na fase de pré-intervenção e na qual lecionei algumas aulas em co-docência com a orientadora cooperante. Contudo à data de implementação desta aula a turma tinha tido ainda pouco contato comigo (apenas quatro aulas, três de observação e uma de co-docência). Nesse sentido, a turma ainda estava um pouco reticente em relação à minha presença. Apesar disso, a turma reagiu bem à aula e foram realizando os exercícios propostos. Embora, em comparação com o 10º A, eu tenha notado uma maior dificuldade na realização de algumas atividades, uma maioria dos alunos achou as atividades implementadas interessantes e muito interessantes. 46 3.1.2. Atividades no âmbito da disciplina de Espanhol Tal como nas atividades de Inglês, apresento de seguida uma síntese (Tabela 9) das competências que tiveram maior foco em cada aula. Aula Competência em foco 1 Compreensão escrita (leitura) 2 Compreensão e expressão escrita 3 Compreensão escrita (leitura) 4 Compreensão e expressão escrita 5 Expressão escrita 6 Expressão escrita 7 Compreensão e expressão escrita Tabela 9: Principais competências trabalhadas em aula (Espanhol) Saliento o facto das duas primeiras aulas terem constituído uma única sequência didática. Em seminário com a orientadora cooperante ficou decidido, que introduziria nessas aulas a Unidade quatro “Día a Día”. O que pesou nesta decisão foi o facto de um dos conteúdos culturais abordados nessa unidade ser a Banda Desenhada “Mortadelo y Filemón”, um dos ícones da cultura espanhola. Não poderia deixar passar a oportunidade de abordar este conteúdo, tendo em conta a especificidade do meu tema e a importância desses personagens de BD na história da literatura espanhola. Num primeiro momento da sequência introduzi léxico relacionado com a unidade em questão de modo a que os alunos adquirissem o vocabulário necessário para a realização da tarefa final. Para isso adaptei alguns textos presentes no manual e transformei-os em discursos saídos da boca dos personagens da Banda Desenhada em questão. Aproveitei a aula seguinte para introduzir, também, léxico relacionado com a Banda Desenhada (“tebeo”, “bocadillo”, “onomatopeya”, etc.). Assim, nestas duas aulas foram trabalhados conteúdos léxicos e culturais, a partir da leitura e da escrita. A tarefa final consistiu na elaboração de uma Banda Desenhada, contando o Dia-a-dia de um personagem à escolha (um ator/atriz, um futebolista, um cão de rua, entre outros). 47 Durante a aula procurei ativar conhecimentos prévios, ao mesmo tempo, que procurei que todos os alunos participassem. Esta tarefa foi algo difícil, devido à apatia apresentada pela turma, no entanto, vi essa apatia como um desafio. E, procurei promover a comunicação entre professor/alunos e aluno/aluno. Apesar da apatia inicial, alguns alunos participaram mais ativamente, enquanto outros só o fizeram ao ser interpelados. Constatei nessa aula que seria necessário trabalhar mais a comunicação professora/alunos, uma vez que a turma manifestava algum receio em questionar-me quando tinha dúvidas. Nesta sequência utillizei, essencialmente, fichas de trabalho mas, também, recorri ao manual, ao data show e à tela. O ideal seria ter utilizado mais as TIC, no entanto, procurei adaptar-me ao cenário que tinha pela frente, visto a Escola possuir poucos recursos a nivel tecnológico. Introduzi, também, alguns exercícios de ligação e ordenação, de modo a trabalhar a inteligência lógico-matemática, uma vez que era o tipo de inteligência que a turma manifestava possuir. Através da observação durante a aula constatei que as atividades relacionadas com a Banda Desenhada agradaram à turma e eles divertiram-se com esta atividade, principalmente com a ficha sobre as onomatopeias. A estratégia de “brincar” com eles e fazê-los rir, funcionou muito bem. Contudo, nas atividades de escrita ainda havia um longo caminho a percorrer, uma vez que os alunos não reagiram conforme o esperado à tarefa final. Mostraram-se relutantes e manifestaram a falta de tempo para a realização da tarefa. Porém, a verdade é que a aprendizagem da escrita exige tempo de maturação que permita uma integração plena do conhecimento e sua mobilização face às exigências de gradual complexidade, nos vários anos de um ciclo de ensino e ao longo de toda a escolaridade (Barbeiro & Pereira, 2007). Nesta turma, a motivação era algo que tinha que ser muito trabalhada. Utilizar actividades lúdicas que tinham como pano de fundo personagens/tiras de Banda Desenhada resultou bem nesta aula, uma vez que a turma se desinibiu com mais facilidade. A aula seguinte foi uma aula de leitura, onde tive a preocupação de realizar uma atividade de pré-leitura e de motivação para os textos (v. Anexo 17) que iriam ser lidos de seguida, mas também, uma atividade de pós-leitura, onde os alunos pudessem aplicar os conhecimentos adquiridos, neste caso, relacionados com a unidade cinco “En familia”. Pretendi, acima de tudo, motivar os alunos para a leitura e para a aprendizagem da língua espanhola, ao mesmo tempo, que os situava no tema em estudo e permitia que ativassem os conhecimentos prévios sobre o mesmo. O objetivo desta aula prendia-se com captar a atenção do aluno, ajudando-o no processo de procura de informação e reconhecimento de alguns 48 elementos constituintes da Banda Desenhada, nomeadamente, onomatopeias e metáforas visuais. A atividade de pré-leitura estava relacionada com a caracterização dos personagens das Bandas Desenhadas em questão: “La familia Cebolleta” e “La familia Trapisonda”. Os textos de leitura foram textos autênticos, na medida em que permitem genuinidade e diversidade, apresentam-se com o seu aspeto físico real e introduzem a realidade social (temas da atualidade, dados, etc.) (Cassany et al., 1998). Enquanto a atividade de pós-leitura estava relacionada com a família dos alunos: apresentar uma fotografia cómica de família. A turma mostrou-se um pouco apática no início, mas no fim acabaram por descontrair e entraram na atividade com entusiasmo. A turma deu um feedback muito positivo às atividades implementadas durante esta aula, sendo que, a atividade que os alunos mais gostaram e na qual estiveram mais descontraídos foi a atividade de pós-leitura, apesar de timidez inicial de alguns alunos em mostrar as fotografias que tinham trazido para a aula. A Aula 4 foi integrada no âmbito da Unidade seis “Vamos a divertirnos” e tinha como título “¡Vamos a divertirnos com las palabras!”. Com esta aula pretendi motivar o grupo-turma para a aprendizagem de conteúdos lexicais. Para isso utilizei como tema os trocadilhos léxicosemânticos, mais comumente conhecidos como falsos amigos, e como recurso didático, a Banda Desenhada “Mafalda”. Assim, levei os alunos a alargar o seu vocabulário ao mesmo tempo que se divertiam. A atividade motivadora consistia num vídeo do Estado de Graça “O Médico Cubano” e pretendia que os alunos se ambientassem com o tema que ia ser tratado, encontrando no vídeo palavras consideradas falsos amigos. Posteriormente, na atividade de leitura, os alunos tinham que identificar nas tiras de Banda Desenhada de “Mafalda” alguns destes trocadilhos (v. Anexo 18). Nesta aula, aproveitei para abordar alguns conteúdos socioculturais relacionados com o espanhol de América Latina como el “vos”. A atividade seguinte consistia em um jogo, onde foram distribuídos pelos alunos alguns cartões com frases corretas e incorretas. Os alunos iam lendo as frases incorretas e o colega que tivesse o cartão com a frase correta teria que levantar o braço e ler a sua frase. A atividade final de escrita (v. Anexo 19), era constituída por tiras da “Mafalda” com os balões de diálogo em branco. Pedi aos alunos que olhassem para as expressões dos personagens e criassem o seu próprio malentendido. Como o texto a produzir exige a mobilização de conhecimentos prévios e a sua seleção, foi necessário que os alunos tomassem decisões, quer quanto ao conteúdo, quer quanto às palavras e à sua organização (Barbeiro & Pereira, 2007:13). Os alunos reagiram 49 bem às atividades implementadas, sendo que a tarefa que suscitou um maior entusiasmo por parte dos alunos foi a atividade do jogo. A turma descontraiu e mostrou-se mais desinibida. A Aula 5 teve como base a Unidade oito “¿Te cuidas?” e tinha como conteúdo principal o conteúdo “Dar Consejos” e pretendia que os alunos fossem capazes de dar conselhos ao final da aula, sendo que utilizei a Banda Desenhada “Doña Tecla Bisturín” como atividade de leitura final. Ao início da aula dei aos alunos um jogo de lógica, tendo em linha de conta a Teoria das Inteligências Múltiplas, explicada anteriormente e que pretendia trabalhar a inteligência destes alunos, ao mesmo tempo que os motivava. Constatei durante a aula que o jogo foi bem-sucedido no que concerne a motivação e interesse dos alunos. Ao longo da aula pedi aos alunos que fossem dando conselhos a personagens, sendo que a atividade final era uma conversa em Banda Desenhada entre médico e paciente. Os alunos tiveram que criar o diálogo entre ambos, expressando conselhos. Nesta aula, os alunos estavam algo irrequietos devido ao facto de na hora seguinte terem que realizar teste a outra disciplina. Porém, executaram todas as atividades propostas, embora não com o empenho habitual, devido à ansiedade que sentiam em relação ao teste. Eu entendi o estado de espirito da turma nesse dia e acabei por relevar o seu comportamento algo irrequieto e a rapidez com que terminaram algumas tarefas, no entanto, enquanto professores devemos procurar que os alunos elaborem os seus textos, façam a respetiva revisão do mesmo, autocorrijam os seus erros e, que não tenham pressa e façam as coisas bem (Cassany et al., 1998). As Aulas 6 e 7 foram integradas na Unidade nove “Vamos de Compras” e constituíram, também, uma única sequência didática. A sequência (aula 6) começava com a visualização de um vídeo, cujo objetivo era que os alunos se familiarizassem com o tema e com o vocabulário que estava em foco: “las compras/ropa”. Seguidamente, foram sendo introduzidas algumas atividades relacionadas com o conteúdo em estudo, sendo que, se introduziu o conteúdo cultural El Corte Inglés e as tribos urbanas utilizando a “Mortadelo” e a sua mania dos disfarces. Na sequência desta atividade teve inicio a aula 7, na qual solicitei aos alunos que atribuíssem uma tribo a “D. Quijote de la Mancha”. Posteriormente, levei os alunos a (re) conhecer a historia desta personagem e a caracterizar as personagens centrais da mesma (v. Anexo 20). Como atividade final, solicitei aos alunos que criassem um “Nuevo Quijote” que se adaptasse às realidades do nosso tempo, ou seja “El Quijote del Siglo XXI”. Para o efeito, foram dadas aos alunos algumas indicações do que teriam que mudar (v. Anexo 20). As Bandas Desenhadas realizadas pelos alunos neste âmbito fizeram parte de um concurso que teve lugar no dia 3 de 50 junho de 2014, dia aberto, na Escola onde teve lugar o estágio. Tal como Barbeiro e Pereira (2007:9) referem “para além da turma, a intervenção pode alargar-se à escola e à comunidade envolvente, na forma de projetos de divulgação dos textos dos alunos”. Desse modo, desenvolveriam a responsabilidade social, tomando consciência das necessidades do grupo e tornando-se socialmente responsáveis, de modo a utilizar essa consciência para aperfeiçoar a capacidade de viver e trabalhar em conjunto (Jiménez Raya et al, 2007). 3.2. Instrumentos de autorregulação (descrição e análise) Ao longo da minha prática pedagógica utilizei instrumentos de avaliação processual e de desempenho, nomeadamente, questionários de autorregulação e grelhas de correção dos trabalhos realizados pelos alunos (Anexos 3, 4, 6 e 7). O objetivo foi constatar a recetividade dos alunos às atividades que foram implementadas ao longo da intervenção e, ao mesmo tempo, verificar a evolução dos alunos ao nível da leitura e da escrita e fazê-los ganhar consciência das suas dificuldades e progressos, sendo que estes instrumentos foram sofrendo alterações ao longo da intervenção. Contudo apenas é disponibilizada a versão final. Relativamente aos questionários os resultados foram algo divergentes nas duas turmas, devido sobretudo às características inerentes a cada uma delas. No entanto, no geral, foram bastante satisfatórios, na medida em que houve perceção de evolução em ambas. Saliento o facto de algumas questões dos questionários serem de caráter distinto devido, essencialmente, ao nível de língua em que ambas turmas se inseriam. Por um lado, os questionários apresentados à turma de Inglês apostavam mais na parte da escrita, uma vez que era nesse âmbito que a maioria dos alunos apresentava maiores dificuldades. Por outro lado, os questionários apresentados à turma de Espanhol tiveram em linha de conta ambas competências, uma vez que os alunos, devido à inibição inicial e ao nível de língua em que se encontravam, apresentavam lacunas em ambas. Para além disso constatei, ao longo da intervenção, que os resultados obtidos através deste instrumento nem sempre eram fidedignos, uma vez que os alunos respondiam aos questionários, aparentemente, consoante o seu estado de espírito e dependendo do tempo que tinham para o fazer, o que levou a algumas contradições entre respostas e entre os resultados dos questionários e a observação. Como os questionários eram aplicados, geralmente, cinco minutos antes da aula terminar, os alunos respondiam aos questionários de forma rápida. Tal fez com que eu adotasse a estratégia de os 51 deixar preencher o questionário em casa, o que também não se revelou uma boa opção, uma vez que nem todos os questionários eram entregues no aula seguinte. 3.2.1. Questionários de autorregulação (Inglês) Os resultados obtidos nos questionários (Anexo 3) foram bastante positivos. As perguntas apresentadas nos mesmos consistiam em verificar o grau de satisfação dos alunos em relação às atividades implementadas, bem como verificar as dificuldades sentidas durante a realização das mesmas e durante as aulas. Para além disso o questionário tinha por objetivo questionar os alunos acerca das dificuldades sentidas nas atividades de escrita, uma vez que era nesta competência que os alunos demonstraram sentir mais dificuldades na fase de préintervenção e ao longo das aulas. A tabela 10 apresenta os resultados do grau de satisfação inerentes dos alunos face às atividades implementadas. 1 0 0 0 2 0 0 0 3 0 9 6 Watching videos Worksheet on cartoon/comics analysis Worksheet on planning for writing a comic strip (Cyberfriendship) Reading comic strips 0 1 4 Reported speech game 0 2 8 Worksheet on Matching lines and Reading activity 0 0 10 Writing a comic strip using Reported Speech 0 3 7 Writing the story about the superhero 1 0 9 Activity: Do you know these celebrities? 0 1 4 Reading activitiy about Diana 0 5 4 Writing activity about Diana 0 4 5 Homework assignment – write a biography 1 5 4 Activity: Who invented what? 0 0 6 Listening activity about Graham Bell 0 1 6 Worksheet Gyro Gearloose comic page 0 2 7 Homework assignment – Gyro Gearloose 0 3 7 1 (no interesting) 2 (somewhat interesting) 3 (interesting) 4 (very interesting) 4 13 4 7 8 3 3 3 3 6 2 2 1 8 6 4 3 Tabela 10: Opinião dos alunos de Inglês sobre as atividades implementadas Como podemos ver, no que concerne às atividades de leitura relacionadas com a Banda Desenhada, a maioria dos alunos da turma de Inglês achou as atividades interessantes, pois apenas um aluno discordou. No entanto, ao detalhar as atividades, dois alunos acharam a página de Banda Desenhada sobre “Gyro Gearloose” pouco interessante. O que se pode 52 justificar se tivermos em conta que, no questionário inicial, alguns alunos manifestaram um maior interesse por outros personagens de Banda Desenhada, ou seja, dependendo da sua familiaridade com os personagens, o interesse nas atividades de leitura é maior ou menor. Saliento o facto da atividade de leitura sobre a Biografia de Diana de Gales ter obtido resposta negativa de cinco alunos que a acharam “pouco interessante”, o que pode dever-se ao facto do texto em questão ser um texto biográfico e extenso. Relativamente às atividades de escrita, constata-se através da análise da tabela 10 que a ficha de trabalho relacionada com a elaboração de uma Banda Desenhada sobre “Ciberfriendship” obteve resposta positiva de todos os alunos. Aliás, podemos ver que apenas a atividade relacionada com Diana de Gales obteve um maior desinteresse por parte dos alunos. O que pode estar relacionado com o dito anteriormente sobre o texto de leitura. Ou seja, apesar da tarefa de escrita ter sido um texto em formato de Banda Desenhada, o texto de leitura pode ter desmotivado os alunos para a tarefa que se seguiu, o que confirmaria as palavras referidas no ponto 3.1. por Cortés Moreno (2000): a importância do texto a introduzir em sala de aula ser interessante. Também se pode notar que a atividade de escrita sobre o reported speech obteve três respostas negativas, o que pode estar relacionado com a relutância manifestada por alguns alunos pelas tarefas de gramática. Não podemos esquecer que do ato da escrita dependem fatores como a motivação, o interesse e, inclusive, o prazer ou o aborrecimento que o aluno possa sentir perante este ato, e que estes fatores serão de facto tão importantes ou mais para o desenvolvimento desta competência do que qualquer outro aspeto procedimental ou concetual (Cassany et al., 1998). Os alunos também foram questionados acerca de como se sentiam em relação às atividades de escrita em dois dos momentos da intervenção, de modo a detalhar a recetividade dos alunos às mesmas (v. resultados na Tabela 11). Esses dois momentos tiveram lugar na aula sobre “Reported Speech” e na aula sobre “Celebrities”. 53 Problems identified: a) Lack of Interest b) Lack of attention/concentration c) Lack of vocabulary d) Difficulty in Writing in English e) Lack of creativity f) None March 0 0 0 1 2 7 May 5 0 2 2 3 5 Tabela 11: Recetividade dos alunos de Inglês às atividades de escrita No questionário relativo à aula do “Reported Speech” nenhum aluno manifestou ter sentido desinteresse, apesar de, anteriormente, três alunos terem achado a atividade pouco interessante (v. Tabela 10). As dificuldades centraram-se no inconveniente de escrever em Inglês (1 aluno) e na falta de criatividade (2 alunos). De salientar que dois dos alunos optaram por não responder a esta questão. No que concerne à aula sobre as Celebridades/Diana de Gales, constata-se que cinco alunos manifestam desinteresse, o que confirma os dados recolhidos anteriormente sobre a desmotivação por textos longos e afastados da sua vivência. Relativamente às dificuldades sentidas pelos alunos ao longo da intervenção, podemos visualizá-las na Tabela 12, nos diferentes momentos da intervenção pedagógica. Em março foram aplicados dois questionários de autorregulação (Anexo 3). Por isso, a coluna referente a mês de março se encontra dividida. Essa situação está relacionada com o facto de ter lecionado apenas duas aulas nos meses de fevereiro e maio. De modo a não saturar os alunos com tantos questionários, decidi recolher a informação de autorregulação a cada duas aulas. 54 February 1 2 3 4 May 1 2 3 4 a)…in understanding the vocabulary used in the lesson. 8 4 0 5 4 2 1 3 4 1 b) …. in doing the reading activity. 8 5 2 5 0 5 6 0 1 5 1 7 0 0 4 2 5 0 6 3 2 1 2 5 5 1 2 5 4 2 0 5 4 3 1 0 5 5 2 1 5 6 1 0 5 5 1 1 5 3 4 f) … in the sociocultural contents. 7 2 2 1 0 0 0 g) … in writing creatively and 0 0 0 0 0 0 0 independently. 1(never) 2 (sometimes) 3 (often) 4 (always) 0 0 0 0 6 0 2 0 3 0 1 How often you felt difficulties…. c)…in doing the writing activity. d) … in carrying out the activities. e) … in understanding the teacher. 6 8 8 3 2 3 2 5 2 3 4 1 0 4 March 1 2 3 0 5 3 5 0 Tabela 12: Dificuldades sentidas pelos alunos de Inglês durante as aulas Em fevereiro a tabela mostra, por um lado, que uma grande parte dos alunos revela não sentir dificuldades na tarefa de leitura (8), pois apenas cinco alunos manifestaram ter sentido algum tipo de dificuldade (“sometimes” – 2 e “often” – 3). Por outro lado, se tivermos em linha de conta as dificuldades percecionadas na atividade de escrita, vemos que mais alunos manifestam sentir dificuldades (7), sendo que três manifestaram sentir dificuldades “sometimes” e quatro “often”. À medida que avançava a intervenção pedagógica constatei que um maior número de alunos manifestava sentir algum tipo de dificuldade, o que se pode justificar pela gradual complexidade dos temas e conteúdos, sendo que a atividade de escrita sobre o super-herói é a que apresenta um maior número de alunos com dificuldades, o que será analisado no ponto seguinte (trabalhos realizados pelos alunos). A Tabela 13 refere-se à participação dos alunos durante as aulas. 55 During the class: All students had the chance to participate. There has been interaction between students. You have expressed your opinion when requested. You took the initiative to speak. You intervened appropriately. You used appropriate strategies to solve the problems (applying alternative words, speaking in Portuguese, say what you wanted in another way, speaking in an audible tone…) February Nr of Students who answered often/always 13 March Nr of Students who answered often/always 11 May Nr of Students who answered often/always 12 13 10 12 13 10 12 11 13 12 10 12 10 9 12 9 Tabela 13: Perceção dos alunos de Inglês sobre a sua participação durante as aulas Podemos constatar, através da análise da Tabela 13, que à medida que a intervenção avançava, os alunos ganharam uma maior consciência sobre a sua participação. No início da intervenção quase todos os alunos referiram ter participado e ter tomado a iniciativa para falar, quando isso não correspondia à verdade. Contudo, em avaliações posteriores o número de alunos que referiu ter tomado a iniciativa para falar, diminuiu. Houve, de facto, uma evolução gradual do autoconhecimento por parte dos alunos, daquilo que eles são capazes de fazer e do seu nível de participação durante as aulas. 3.2.2. Questionário de autorregulação (Espanhol) No que diz respeito às aulas de Espanhol, os resultados obtidos não foram tão homogéneos como na turma de Inglês. Os questionários tiveram em linha de conta os mesmos objetivos; contudo, procurei centrar-me nos progressos inerentes à competência de leitura devido, essencialmente, às dificuldades manifestadas pelos alunos na participação oral. 56 1 0 0 4 0 0 0 0 0 0 1 2 8 4 10 7 1 1 2 1 2 5 3 9 13 9 14 19 20 22 9 17 13 Vídeos Actividad de Lectura con Mortadelo y Filemón Escritura de cómic: Día a Día Audiciones Actividad de prelectura: Conocer a los personajes Lectura de las historietas Actividad de postlectura: foto de familia Juego con Mafalda Actividad de lectura con Mafalda Actividad de escritura: “Crea tu propio malentendido”. Video sobre la historia de D.Quijote 1 7 12 Ficha de trabajo: “Las tribus urbanas” 0 4 17 Ficha de trabajo: “La tribu de D. Quijote” 0 9 13 Lectura de fragmentos de la historia de D. Quijote 1 11 11 Creación de “El Nuevo Quijote” 6 8 7 1 (nada interesante) 2 (poco interesante) 3 (interesante) 4 (muy interesante) 4 7 8 1 4 6 5 2 14 5 5 4 3 1 1 3 Tabela 14: Opinião dos alunos de Espanhol sobre as atividades implementadas É possível visualizar na Tabela 14 que algumas atividades de leitura obtiveram um maior feedback positivo por parte dos alunos que outras. Através da análise da tabela constata-se que a atividade de leitura com Mortadelo y Filemón agradou à maioria da turma, o que me indicou que esse seria o caminho a seguir para motivar os alunos para as atividades de leitura. No geral, a recetividade dos alunos às atividades de leitura foi maior que nas atividades de escrita. Os alunos manifestaram alguma renitência nas tarefas de escrita, principalmente, naquelas em que tiveram que elaborar a sua própria Banda Desenhada. Isto está relacionado, em grande medida, ao elevado perfeccionismo que a turma apresentava na sua realização. O maior problema foi, de facto, o seu perfeccionismo em todas as áreas, sendo que o escasso tempo que disponibilizavam para as atividades não lhes era suficiente. No entanto, esse perfeccionismo pode ser considerado um ponto positivo, na medida em que, quando os alunos trabalham o perfeccionismo dos seus textos, veem de outra forma os trabalhos de leitura (Calkins, 1986). Tornaram-se mais críticos em relação ao que leem e, por conseguinte, com mais vontade de aprender. A tarefa de ajudar os alunos a perceber-se como autores é o princípio e, não o fim, de um processo de escrita (op. cit.). 57 A tabela permite constatar que os alunos manifestaram uma grande recetividade pelas atividades realizadas na aula de leitura sobre “La Familia Cebolleta” y “La Familia Trapisonda”. A atividade de leitura com a Mafalda também obteve uma grande percentagem de respostas positivas, ao contrário da leitura com o D.Quijote. Este último, apesar de ter sido apresentado em formato de BD, apostava mais nas legendas do que nos diálogos. No que concerne às capacidades dos alunos, na Tabela 15 é evidente a evolução que os alunos apresentaram ao longo da intervenção. Nos meses de janeiro/fevereiro e abril/maio foram lecionadas duas sequências didáticas, sendo que os questionários de autorregulação (v. Anexo 4), apenas foram implementados no fim da sequência didática. Ou seja, cada sequência (composta por duas aulas) teve o seu início no término dos meses de janeiro e abril e as respostas dos alunos apenas foram recolhidos na aula seguinte (fim da sequência e inicio dos meses seguintes). a) Leer de forma independiente y comprender lo que leo. b)Descubrir el significado de una palabra por el contexto. c) Comprender el mensaje principal del texto a través de las imágenes. d) Hacer las tareas de lectura sin problemas. e) Leer el texto de forma expresiva. f) Escribir diálogos sobre malentendidos. g) Escribir de forma autónoma y creativa. enero/febrero marzo abril/mayo 12 20 24 9 17 23 11 19 17 6 9 22 3 0 8 12 15 0 0 15 Tabela 15: Evolução dos alunos de Espanhol nas atividades de leitura Como podemos ver na Tabela 15, inicialmente, apenas doze alunos se sentiam capazes de ler de forma independente e compreender o que liam. No fim da intervenção, vinte e quatro dos vinte e sete alunos da turma se sentem capazes de o fazer. Saliento o facto de duas das alunas não terem respondido ao questionário, devido a não terem comparecido à aula. 58 Relativamente às tarefas de escrita/leitura, podemos constatar, na Tabela 16, as dificuldades sentidas ao longo da intervenção. a) Desinterés b) Falta de atención/concentración c) Falta de vocabulario/ Vocabulario difícil. d) Falta de creatividad e) Dificultad en escribir en español f) Dificultad en comprender el mensaje global del texto. g) Otra. Qual? Poca calidad del texto. h) Ninguno Janeiro/Fevereiro 1 1 8 Março 3 5 10 Abril/Maio 4 3 10 0 0 8 13 2 0 8 4 0 1 6 0 5 0 4 Tabela 16: Dificuldades sentidas pelos alunos de Espanhol durante as aulas Podemos ver que, à medida que a intervenção avançava, os alunos deixaram de manifestar dificuldades na compreensão global do texto. Em vez disso passaram a manifestar maior dificuldade em escrever em espanhol e uma maior falta de vocabulário. O que se justifica pela gradual complexidade dos conteúdos e pela consciência e responsabilidade que a escrita de um texto implica. Além disso, o número de alunos que manifestou desinteresse teve um ligeiro aumento, bem como a falta de atenção/concentração. Tendo em conta que os questionários foram aplicados em momentos diferentes, que os alunos manifestaram uma elevada maturidade para a idade deles e que têm uma “obsessão” pela obtenção de boas notas, pode-se justificar essa situação com o facto de a maior parte das aulas terem sido lecionadas em quintas-feiras, sendo que, a disciplina que tinham de seguida era Físico-Química (disciplina específica) e que os deixava bastante nervosos e distraídos sempre que tinham avaliação à disciplina, o que acontecia com relativa frequência. No que concerne à interação e participação durante as aulas, os resultados foram bastante similares ao longo do ano letivo em alguns pontos, sendo que os alunos foram tomando consciência acerca da sua participação durante as aulas (Tabela 17). 59 Durante la clase: Todos los alumnos han tenido la oportunidad de participar. Ha habido interacción entre los alumnos. He sentido dificultad en participar durante las clases. He expresado mi opinión cuando solicitada. He tomado la palabra por mi propia iniciativa. He intervenido de modo adecuado. He usado las estrategias adecuadas para resolver dificultades (aplicar palabras alternativas, hablar en portugués, decir lo que querías de otra forma, hablar en tono audible….). Janeiro/Fevereiro Número de alumnos que respondieron “siempre”, “casi siempre” 24 Março Número de alumnos que respondieron “siempre”, “casi siempre” 25 Abril/Maio Número de alumnos que respondieron “siempre”, “casi siempre” 18 20 25 16 9 5 9 21 20 23 10 13 14 21 23 24 23 22 24 Tabela 17: Perceção dos alunos de Espanhol sobre a participação durante as aulas Como podemos ver, na primeira afirmação “todos los alunos han tenido la posibilidad de participar”, podemos constatar que no terceiro período houve um decréscimo de respostas, isto prende-se com o facto de que à medida que a intervenção avançava mais alunos participavam nas atividades de leitura e se ofereciam para ler, o que implicava que nem todos os alunos o pudessem fazer. Relativamente à interação entre os alunos através da observação durante as aulas (6 e 7) constatei que alguns alunos estavam mais apáticos e distraídos que o normal, principalmente na aula sete, lecionada a seguir a um feriado às 8:30. O que de certa forma, explica a apatia e distração de alguns alunos. E o questionário de autorregulação que contemplava as aulas seis e sete foi, precisamente, preenchido nesse dia. 60 3.3. Análise dos trabalhos realizados pelos alunos De modo a avaliar os trabalhos realizados pelos alunos, durante a minha intervenção pedagógica elaborei duas grelhas de correção dos textos/BD (v. Anexos 6 e 7), uma para Inglês e outra para Espanhol. Para o efeito tive por base as grelhas do Gave2, no que concerne às competências linguística e pragmática, com as devidas alterações e adaptações, que se prendem com dois fatores: i) as turmas em questão pertencem a turmas de 10º ano e os critérios do Gave englobam os dois anos (10º e 11º); ii) os critérios de correcção do texto no Gave não estão efetuados numa escala de 0 a 20. Para além disso, foram acrescentados às grelhas dois novos parâmetros: i) originalidade/criatividade e ii) relação com o tema proposto. O facto de se tratar de Banda Desenhada fez com que a criatividade/originalidade fosse um ponto importante a avaliar. Os trabalhos apresentados pelos alunos foram de grande qualidade; contudo, a turma de Espanhol demonstrou sentir-se menos motivada com a criação das suas próprias Bandas Desenhadas. Apesar disso, através da análise dos dois textos de Banda Desenhada criadas pelos alunos de Espanhol ao longo da intervenção apurei que houve uma evolução crescente. Foi notória a evolução que os alunos apresentaram, não apenas a nível lexical e pragmático mas, também, a nível criativo e crítico do seu próprio trabalho e dos trabalhos dos colegas. Na primeira Banda Desenhada criada pelos alunos de Espanhol sobre o Dia-a-dia (v. Anexos 21 – trab A, B e C), os alunos demonstraram criatividade e utilizaram personagens de Banda Desenhada já conhecidos, como o Garfield. Isto só vem demonstrar que os alunos utilizaram conhecimentos prévios e foram capazes de integrar esses conhecimentos na sua aprendizagem atual, de modo a elaborar trabalhos criativos, originais e de forma autónoma. Os alunos demonstraram a sua criticidade quando foram anunciados os vencedores do concurso de Banda Desenhada sobre “El Quijote del Siglo XXI”. Antes de ser anunciado o nome do vencedor, os alunos já suspeitavam para quem seria o primeiro prémio e, inclusive, um dos alunos referiu isso em voz alta, dizendo que era evidente quem seria o premiado, devido à qualidade do trabalho apresentado (v. anexo 22 – trab. A). A própria Diretora da Escola reconheceu a qualidade do trabalho e referiu que o mesmo seria afixado na Escola, uma vez que a Banda Desenhada era de facto “uma obra-prima”. Embora o trabalho tenha sido realizado em grupo, por três elementos, os conhecimentos de pintura e desenho pertenciam a um dos alunos 2 file:///C:/Users/adm/Downloads/ingles550_ccf2_10.pdf. consultada em 12 de maio de 2014 http://cdn.gave.min-edu.pt/files/388/Espanhol547_CC1_11.pdf, consultada em 12 de maio de 2014 61 do grupo que, realmente apresentava uma excelente técnica. Para além disso, e mais importante, a BD em questão também apresentava uma excelente qualidade a nível linguístico e pragmático. Não apresentava qualquer tipo de erro e o tema em questão também foi respeitado. Este trabalho foi cotado com nota vinte e ganhou o primeiro prémio do concurso. O grupo atingiu o esperado para um nível de iniciação e, inclusive, se superou. Os trabalhos dos restantes alunos (v. anexo 22 – trab. B e C) também foram de grande qualidade. A nível linguístico e pragmático os trabalhos foram, no geral, muito bons mas alguns grupos apresentavam ainda alguns problemas a este nível e fugiram um pouco ao tema, sendo penalizados por esse motivo. No que concerne à criatividade, a turma demonstrou ser bastante criativa. Os alunos que não tinham habilidade para o desenho, optaram por recorrer a recortes, a imagens tiradas da Internet e a personagens de Banda Desenhada já existentes, como por exemplo Os Jetsons de Hanna-Barbera (1962) que os alunos adaptaram e transformaram no Quijote do século XXI. Devido, essencialmente, ao grau de perfeccionismo que a turma apresentava, os trabalhos finais sobre o Quijote foram de elevada qualidade tanto a nível visual como textual. Constatei uma enorme evolução dos alunos ao nível lexical e pragmático. Ao nível sociocultural alguns alunos desviaram-se um pouco do que lhes era solicitado. No que concerne à motivação e, tendo em conta os dados recolhidos no questionário de autorregulação (v. ponto 3.2.2.), a tarefa não atingiu o patamar desejado. Os alunos referiram o facto de terem muitos trabalhos de outras disciplinas e manifestaram alguma relutância inicial. Relativamente à turma de Inglês, apenas lhes solicitei a elaboração de uma Banda Desenhada sobre o tema Cyberfriendship (v. Anexo 16). Os alunos mostraram-se motivados durante a sua realização. Não recorreram a recortes mas alguns alunos utilizaram personagens de Banda Desenhada já conhecidos, como os The Simpsons. Os alunos começaram a criar as Bandas Desenhadas na aula; no entanto, não foi possível concluí-las na mesma. Solicitei, assim, aos alunos que as trouxessem terminadas na aula seguinte, o que não se verificou. Apesar da motivação demonstrada em sala de aula, que fez com que após o toque de saída alguns alunos ainda quisessem permanecer na sala a terminar a sua Banda Desenhada, os alunos não cumpriram o compromisso de a terminar. A ilação que tiro desta situação é que os alunos de Inglês não se responsabilizam pela sua aprendizagem autónoma e, inclusive, demonstram alguma dificuldade em o fazer. Realizam todas as atividades solicitadas em contexto de sala de aula e, inclusive manifestam motivação na sua realização, confirmando o seu gosto por este tipo 62 de texto. Contudo, as atividades pedidas fora da sala de aula nem sempre são realizadas e entregues atempadamente por todos os alunos. No que concerne aos textos sobre os “super-heróis” (v. Anexo 11) pude constatar, através da correção dos textos e da observação, que a escrita de narrativas convencionais dificulta a expressão escrita dos alunos com mais dificuldades, enquanto a escrita em formato de BD (utilização de balões de diálogo e imagens) lhes facilita, em grande medida, a mesma. Esta atividade foi aplicada pela orientadora cooperante na turma de 10º ano do curso científicohumanístico de Artes Visuais, referida anteriormente. Os alunos dessa turma realizaram a atividade em formato de BD, com bastante sucesso (v. Anexo 16). O que permite constatar que apostar na popularidade da BD pode ser útil no ensino de Línguas, de modo a capturar “student interest and creating motivation for meaningful English production in the classroom” (McCoy, n.d.: 2). Constatei, ao longo da intervenção, que não é fácil avaliar e corrigir textos de Banda Desenhada. As técnicas utilizadas pelos alunos são diferentes e todas elas válidas. Houve aqueles que apostaram mais na imagem do que no texto e vice-versa. Na turma de Inglês alguns dos alunos que apresentavam um domínio linguístico limitado acabaram por apostar mais na imagem e optaram por não se expandir a nível linguístico. Contudo, o trabalho apresentava uma boa qualidade tanto a nível de imagem como de texto, uma vez que os erros eram mínimos. A turma de Espanhol revelou-se mais eficiente no produto final apresentado, enquanto os alunos de Inglês demonstraram sentir-se mais motivados do que os de Espanhol durante o processo. Contudo, não podemos privilegiar um em detrimento do outro, uma vez que “privilegiar processo em detrimento do produto ou privilegiar o produto em detrimento do processo são duas distorções que merecem ser corrigidas, tanto na prática pedagógica como em qualquer outra prática humana” (Luckesi, 2005). 63 CAPÍTULO IV – PÓS-INTERVENÇÃO 4.1. Descrição e análise dos questionários finais No fim da intervenção, apliquei em ambas turmas um questionário final (v. anexo 5), de modo a avaliar o impacto da implementação do meu projeto. Esse questionário foi específico, unicamente direcionado para o tema da Banda Desenhada com foco nas competências de leitura e de escrita. O questionário foi dividido em quatro questões, sendo que não possuía perguntas de resposta aberta e/ou extensa. De seguida procederei a uma análise comparativa dos resultados recolhidos em ambas turmas. A Tabela 18 remete para a primeira questão. Os alunos tinham várias afirmações sobre as quais teriam que expressar o seu grau de concordância. Para facilitar a perceção e comparação das respostas obtidas, o número de respostas é apresentado em percentagem. As percentagens assinaladas a amarelo representam os itens que obtiveram uma percentagem inferior a 50%, o que corresponde a uma resposta negativa. Saliento o facto das percentagens inerentes à turma de Inglês serem aproximadas, uma vez que, pelo número de alunos, não foi possível obter um número inteiro. Em anexo, apresento as tabelas preenchidas com as frequências de alunos para cada resposta. Itens Inglês Espanhol a) A BD motivou-me para a leitura b) A BD motivou-me para a escrita c) A elaboração de BD contribuiu para aumentar a minha criatividade. d) Sinto-me capaz de escrever um texto da minha autoria de forma autónoma. e) Sou capaz de ler de forma autónoma qualquer tipo de texto. f) As atividades realizadas foram interessantes. g) Fiquei a conhecer personagens de BD que não conhecia. h) Aprendi que a BD pode ser utilizada para trabalhar vários tipos de conteúdo (gramática, léxico, sociocultura….). i) Aprendi que a BD pode ser utilizada para aprender diferentes competências (leitura, escrita, audição, oralidade). j) As atividades realizadas contribuíram para a minha aprendizagem. k) Sinto que a leitura é algo que me dá cada vez mais prazer. l) Sinto que a escrita é algo que me dá cada vez mais prazer. m) Gostava de ver mais atividades com BD em sala de aula. 69% 46% 77% 85% 72% 60% 60% 88% 85% 100% 62% 85% 100% 80% 88% 72% 92% 84% 92% 62% 54% 87% 88% 60% 48% 36% Tabela 18: Percentagens de respostas obtidas à primeira pergunta dos questionários finais (Inglês e Espanhol) 65 Podemos ver na tabela que, por um lado, uma grande maioria dos alunos de Inglês ainda não se sente motivado para a escrita e, por outro lado, que uma maioria dos alunos de Espanhol ainda não vê esta competência como prazerosa, embora mais de metade reconheça que a BD os motivou para a mesma. Relativamente às atividades implementadas, ao contrário da maioria dos alunos de Inglês, a maioria dos alunos de Espanhol manifestou não querer continuar a ver atividades de BD em sala de aula, o que vem confirmar os dados recolhidos anteriormente sobre uma maior desmotivação dos alunos de Espanhol. Estes dados podem justificar-se pelo facto de durante a minha intervenção ter utilizado em todas as aulas BD. Os alunos demostraram preferir aulas variadas, de temas diversos. O que de certa forma se entende, na medida em que o objetivo é que a BD seja utilizada como um recurso didático e não como único recurso didático. Apesar de, ao longo das aulas ter procurado diversificar as atividades, a verdade é que o tema do meu projeto era a BD, daí que me tenha centrado nele e procurado utilizá-lo em todas as minhas intervenções. Perante isso, a turma de Inglês reagiu de uma forma mais positiva e complacente. No que concerne ao desenvolvimento da criatividade, a maioria dos alunos de ambas turmas reconheceu o facto de a BD ter contribuído para o aumento da mesma. Não obstante, a maior percentagem verifica-se na turma de Inglês, apesar da enorme criatividade que os alunos de Espanhol revelaram na realização das tarefas. Porém, alguns alunos de Espanhol podem ter achado que já possuíam essa mesma criatividade anteriormente, daí não sentirem que tenha sido a BD a revelá-la. Apenas 62% dos alunos de Inglês reconhecem que, durante a minha intervenção, ficaram a conhecer personagens de BD que desconheciam, uma vez que as personagens de BD em questão já eram do conhecimento da outra parte da turma. Como se pode ver ainda na tabela 18, os alunos tomaram consciência das potencialidades deste tipo de texto para aprender conteúdos e trabalhar competências. Uma esmagadora maioria de ambas turmas (itens h e i) reconhece a sua utilidade em sala de aula e, apesar da renitência em continuar a ver este tipo de texto em sala de aula que uma maioria dos alunos de Espanhol manifestou, ambas as turmas reconhecem que as atividades implementadas foram interessantes (item f) e que contribuíram para a sua aprendizagem (item j). O que é um ponto muito positivo e motivador para mim enquanto docente. 66 A segunda questão do questionário final (v. Anexo 4) solicitava aos alunos que enumerassem as atividades por ordem de preferência. Gráfico 5: Opinião dos alunos de Inglês sobre as atividades implementadas (questionário final) Gráfico 6: Opinião dos alunos de Espanhol sobre as atividades implementadas (questionário final) Nos gráficos 5 e 6 podemos constatar a recetividade de ambas turmas à visualização de vídeos. Porém, encontro algumas contradições em relação aos questionários de autorregulação, na medida em que os alunos de Espanhol manifestaram preferir as atividades de escrita (preenchimento de Balões de BD e criação das suas próprias BDs) em detrimento das atividades de leitura, o que não se verificou nos questionários de autorregulação. A ilação que tiro desta situação é que os alunos nem sempre respondem aos questionários com rigor e honestidade. No que concerne à opinião dos alunos sobre a Banda Desenhada pode ver-se, no Gráfico 7, que a maioria dos alunos de Inglês continuou a manifestar o seu gosto por este tipo textual, sendo que nenhum aluno manifestou “detestar” este género, ao contrário do que aconteceu no questionário inicial. Relativamente à língua de leitura, os resultados praticamente não revelam ateração de posicionamento (v. Gráfico 8). 67 Gráfico 7: Opinião final dos alunos de Inglês sobre a Banda Desenhada Gráfico 8: Língua em que os alunos de Inglês leem a Banda Desenhada Contrariamente, ao que aconteceu com a turma de Inglês, dois dos alunos de Espanhol manifestaram “detestar” a Banda Desenhada, sendo que apenas um o fez no questionário inicial (v. Gráfico 9). O que se pode justificar pelo facto de os alunos não serem todos iguais, uma vez que são, antes de tudo, pessoas diversas e singulares e, por conseguinte, reagirão de forma diferente a nós como professores, nossos objetivos, nossos conteúdos (matéria), nossas formas de relacionamento e métodos de ensino e de avaliação (v. Bordenave & Pereira, 1977:60). No que concerne à língua de leitura (v. gráfico 10), aumentou o número de alunos que diz que lê Banda Desenhada em Espanhol e diminuiu o número de alunos que o faz em Português, o que é um ponto positivo, uma vez que mostra que alguns alunos ganharam gosto pela leitura na língua em questão. Gráfico 9: Opinião final dos alunos de Espanhol sobre a Banda Desenhada Gráfico 10: Língua em que os alunos de Espanhol leem a Banda Desenhada 68 4.2. Expressando opiniões em formato de BD De modo a obter um maior feedback dos alunos que contribuísse para aferir resultados (v. Objetivo 4 do plano de Intervenção) decidi aplicar uma ficha de reflexão personalizada. Essa ficha consistia em um diálogo escrito, entre professora e alunos, em formato de balão de diálogo que saiam das nossas fotos e pretendiam que os alunos respondessem ao que lhes era solicitado: que atividades tinham gostado mais e menos, o que gostaram mais nas aulas e o que acharam de mim como professora. Para além disso, dei-lhes a possibilidade de dizerem algo mais que quisessem dizer. O objetivo era “ouvir” a opinião dos alunos. Optei pela versão escrita para facilitar o registo de informação, e por achar que seria mais interessante e motivador para os alunos, ao mesmo tempo que permitiria que os alunos mais inibidos expressassem, também, a sua opinião. Tive, também, a noção que seria mais fácil para alguns alunos expressar-se por escrito que oralmente, uma vez que lhes dei a oportunidade de o fazerem na língua materna. Apresento de seguida um exemplo de cada uma das fichas (Inglês e Espanhol). As fotos foram distorcidas de modo a preservar a identidade dos alunos. Figura 6: Ficha em formato de BD para expressar opiniões (Inglês) Figura 5: Ficha em formato de BD para expressar opiniões (Espanhol) 69 As opiniões recolhidas através deste instrumento foram diversas e todas elas construtivas. Por um lado, as opiniões menos positivas permitiram que eu me questionasse acerca da minha prática pedagógica e dos aspetos a melhorar na mesma. Por outro lado, é muito compensador saber que os alunos reconhecem o nosso esforço e dedicação. Uma aluna, inclusive, destacou o facto de a professora ter ouvido a opinião dos alunos sobre as atividades que iam sendo realizadas, referindo: “achei relevante o facto de ouvir a nossa opinião sobre as atividades que íamos realizando (…). os alunos gostam de sentir que a sua opinião é valorizada.” De igual modo ao verificado nos questionários finais, os alunos de Espanhol foram mais críticos em relação às aulas do que os alunos de Inglês. Estes últimos manifestaram, no geral, o seu agrado pelas aulas e pelas atividades implementadas ao longo das mesmas. Saliento o facto de alguns alunos da turma de Inglês terem escrito o seu comentário na língua estrangeira. Alguns dos alunos manifestaram agrado pelos vídeos implementados em sala de aula e pelas atividades de pré-leitura (v. Anexo 14): “(…) what I liked the most were the guessing and matching exercises and watching videos as well. (…)” Contudo, alguns alunos de Espanhol fizeram referência à má qualidade de alguns vídeos apresentados. No que se refere à criação da sua própria Banda Desenhada, houve respostas divergentes. Por um lado, alguns alunos assinalaram a atividade de criação da sua própria Banda Desenhada como aquela que gostaram menos, porque não gostam de desenhar, porque não são criativos e/ou porque não gostam das atividades de escrita: “O que gostei menos foi a realização de Bandas Desenhadas, porque não gosto muito de desenhar e porque também não gosto muito de escrever em espanhol.” Por outro lado, alguns alunos mencionaram que a atividade que mais gostaram foi ter desenhado e inventado a sua própria Banda Desenhada. No que concerne ao tema da Banda Desenhada em sala de aula, as respostas foram, no geral, bastante positivas. Os alunos referiram o fato das atividades terem sido “interessantes e apropriadas para a matéria”, ajudando a “assimilar melhor a matéria e de uma forma mais fácil” e reconhecendo a preocupação da professora “em ensinar de uma forma diferente e mais interessante”. Outro aluno menciona que “as aulas foram um pouco diferentes” daquelas a que estavam habituados, foram “mais interativas, com mais atividades e participação dos alunos”, reconhecendo-as como “uma boa experiência.” Um dos alunos referiu que “abordar a matéria com a banda desenhada foi uma ideia original” que os “cativou mais do que se fosse de outra forma.” 70 Para além disso, foi referido o facto das Bandas Desenhadas incentivarem “a ler mais em Espanhol e a gostar mais da língua”. Mas, também, houve quem expressasse a opinião contrária relativamente ao tema, apesar de manifestar o seu agrado pela forma como as aulas foram lecionadas, referindo que gostou “da forma da professora lecionar as aulas (os vídeos, algumas das atividades)”. Contudo, apesar de ter gostado “da ideia dos vídeos, dos debates, dos jogos”, não gostou “do tema deles (banda desenhada)”. A gramática também foi o calcanhar de Aquiles de alguns alunos que, apesar de terem referido que gostaram da Banda Desenhada, não gostaram da gramática. No que diz respeito ao meu desempenho em sala de aula alguns alunos referiram o facto de como professora possuir “great ideas and imagination to create activities for the classes” e de terem “learnt a lot.” Estes comentários dos alunos são uma ilustração das respostas dadas pelos restantes colegas. Estes dados só vêm confirmar a resistência de alguns alunos às atividades de escrita, ao mesmo tempo que mostram que os alunos reconhecem que este tipo de texto é um instrumento útil para a criação de aulas diversificadas e interessantes. Para além disso, uma grande maioria manifestou ter gostado das atividades implementadas. 71 4.3. Limitações encontradas Em todo o projeto de investigação surgem limitações/problemas que é necessário resolver ou, pelo menos, contornar ao longo do estudo em causa. No caso específico deste trabalho, as maiores limitações estiveram relacionadas com os recursos existentes na Escola onde teve lugar o estágio, uma vez que esta não dispunha dos recursos tecnológicos necessários para uma melhor implementação do projeto. No início da minha intervenção pretendia levar os alunos a criar a sua própria Banda Desenhada online, tendo em conta que existem diversos sites que facilitam e permitem esse processo, dos quais destaco o Pixton (v. http://www.pixton.com/br). Tal não foi possível. A Escola em questão não possuía quadros multimédia e projetores em todas as salas e nem sempre era possível requisitar uma sala que tivesse estes materiais. Para além disso, não havia acesso à Internet nas salas de aula. Inclusive, no último dia de aulas com a turma de Inglês requisitei uma sala de aula com computadores para conseguir levar a cabo esta tarefa; não obstante, a funcionária avisou que poderia não haver Internet na sala, algo que acontecia com frequência. E, infelizmente, no dia estipulado, não havia acesso à Internet, logo não foi possível levar a cabo o objetivo pretendido. Tendo em conta a falta de recursos, as Bandas Desenhadas criadas pelos alunos foram sempre feitas em papel. Pensei que seria uma tarefa complicada, uma vez que, tendo em conta que os alunos hoje em dia estão habituados a usar equipamentos tecnológicos para a realização dos seus trabalhos, “there was a danger that students would not readily accept the more mundane pen and paper activities (Graham, 2011:97). Mas, tal não aconteceu, os alunos não só aceitaram, como realizaram as tarefas com empenho e dedicação, apesar de alguma renitência inicial por parte de alguns alunos. No que concerne à utilização deste tipo de texto em sala de aula a maior limitação prendeu-se com a motivação. Constatei na prática que a motivação inerente à aplicação deste tipo de texto pode variar de turma para turma e de aluno para aluno. Como pessoas singulares que são, as atitudes são diferentes perante os mesmos instrumentos como se verificou através dos dados recolhidos ao longo da minha intervenção. A turma de Espanhol manifestou sentir-se algo menos motivada com a utilização de BD em sala de aula. Outras das limitações esteve relacionada com os questionários de autorregulação, na medida em que os alunos eram algo contraditórios nas respostas que davam ao longo dos mesmos. Por vezes, havia alguma incoerência nas respostas dadas a determinadas perguntas, 72 nomeadamente aquelas que tinham resposta extensa. Por isso, para conseguir obter o máximo de informação possível, os questionários foram sofrendo algumas alterações ao longo da intervenção e procurei que o questionário final fosse o mais objetivo possível. 73 Considerações finais Apesar de possuir alguma experiência como docente, carecia dos conhecimentos pedagógicos necessários para o desenvolvimento desta profissão. Constatei, na minha pouca prática educativa, que os conhecimentos científicos não são suficientes para atingir os objetivos pretendidos e para conduzir a aprendizagem do(s) grupo(s) de alunos que temos e teremos pela frente. São necessários conhecimentos pedagógicos e didáticos que permitam e facilitem a orientação, motivação e aprendizagem dos alunos, bem como a criação de aulas interessantes e diversificadas, de modo a trabalhar todas as competências de aprendizagem de uma língua, nas quais incluo a gramática. Para além disso, não tinha conhecimentos acerca de um modelo de aprendizagem no qual se valoriza uma pedagogia para a autonomia. Conhecia, sim, o método tradicional que foi aquele no qual fui educada. Reconheço a relevância deste modelo no processo de ensino-aprendizagem, na medida em que permite uma maior implicação do aluno no processo. Contudo, também lhe reconheço algumas limitações, tendo em conta que esse envolvimento do aluno na sua própria aprendizagem implica, também, responsabilidade e comprometimento, características que, na minha singela opinião, nem todos os alunos possuem. Cabe a nós, professores, incutirmos nos alunos essa responsabilidade e esse comprometimento, mostrando-lhes o caminho a seguir e orientando-os da melhor forma possível para a consecução dos seus objetivos. No que concerne à minha intervenção, o facto de lecionar duas disciplinas distintas permitiu-me trabalhar com duas realidades e dois níveis de língua divergentes. A co-docência também serviu para expandir conhecimentos e experiências e constatar a viabilidade do meu projeto em outra turma de Inglês que apresentava características diferentes. Essas diferenças, que poderiam parecer discrepantes no início da intervenção, acabaram por enriquecer o meu projeto, na medida em que me permitiram constatar a adequação do mesmo a um nível mais abrangente e não apenas numa turma e numa realidade. Assim, após responder ao primeiro objetivo que delineei (Determinar as necessidades e interesses dos alunos relativamente às competências de leitura e de escrita) com a ajuda da análise dos dados recolhidos na observação de aulas e no questionário inicial, decidi levar avante este tema de modo a trabalhar essas competências. Tal mostrou-se adequado, uma vez que, por um lado, os alunos de Espanhol e alguns alunos de Inglês se mostravam inibidos na participação durante as aulas (na qual se inclui a leitura) e também apresentavam falta de vocabulário, o que os limitava na 75 escrita. Por outro lado, o tema em questão fazia parte das preferências de leitura das duas turmas. Ao longo das aulas tive o cuidado de ter em conta as diferentes realidades dos alunos, não apenas a nível de turma mas a nível individual. Esforcei-me para que todos os alunos participassem e, à medida que a intervenção avançava, e os alunos iam ganhando mais à vontade comigo, iam-se desinibindo e participando nas atividades. Apenas alguns alunos mantiveram a mesma postura de inibição. Porém, não vejo isso como um ponto negativo, uma vez que essa característica era algo inerente à personalidade deles e como professores também devemos respeitar o espaço e o tempo dos nossos alunos. Há pessoas/alunos que são de relações interpessoais fáceis e outras/os que não o são, que precisam de mais tempo para ganhar confiança e interagir. No entanto, ao nível da participação, uma grande maioria dos alunos de ambas turmas foi-se desinibindo e participou durante as aulas sem serem interpelados pela professora, mas por vontade própria. O que considero um grande progresso tendo em conta, principalmente, a apatia inicial da turma de Espanhol. Relativamente aos resultados obtidos ao longo da intervenção e tendo em conta o segundo objetivo do plano de intervenção, constatei que os alunos de Espanhol evoluíram ao nível de leitura e de escrita. Verifiquei, à medida que avançava na intervenção, que os textos iam ficando melhor estruturados e que os alunos iam apresentando um leque mais alargado de conhecimentos a nível linguístico, pragmático e sociocultural e que se iam desinibindo na leitura e compreendiam com maior facilidade os textos que liam. Isto prende-se, também, com o facto de os alunos serem de um nível de iniciação e ao longo deste ano letivo terem adquirido cada vez mais vocabulário e conhecimentos. Na turma de Inglês apurei que os alunos com mais dificuldades obtinham melhores resultados na escrita de diálogos, do que na escrita de textos longos, e que a leitura de Banda Desenhada os motivava mais do que a leitura de textos extensos. No que concerne ao desenvolvimento de atividades para promover a aprendizagem de saberes socioculturais, linguísticos e pragmáticos (v. objetivo 3 do plano de intervenção), os alunos mostraram interesse na realização das atividades relacionadas com este género e uma grande maioria dos alunos de ambas as turmas referiu reconhecer a utilidade deste tipo de texto para a aprendizagem dos diferentes conteúdos. Contudo, a gramática foi o “calcanhar de Aquiles” de alguns alunos. Mesmo utilizando a Banda Desenhada para introduzir a gramática, foi esta atividade que os alunos de Inglês assinalaram como a menos agradável no questionário 76 final. No entanto, os alunos reconheceram que a Banda Desenhada é um recurso útil para a aprendizagem das competências e uma grande maioria referiu que as atividades realizadas contribuíram para a sua aprendizagem. No que alude à autonomia dos alunos (v. objetivo 2 do plano de intervenção), posso afirmar, por um lado, que a BD facilita a mesma, na medida em que a junção de imagem e texto permite aos alunos compreender e transmitir mais facilmente a mensagem, desde que os mesmos se impliquem no processo. Para essa implicação, as atividades de autorregulação, desempenham um papel preponderante, na medida em que facilitam que o aluno possa ganhar consciência das suas limitações e progressos. Os resultados obtidos nos questionários implementados ao longo das aulas evidenciam que os alunos foram ganhando uma maior consciência das suas dificuldades ao longo das mesmas. Por outro lado, ao adentrar-me no complexo mundo da motivação constatei que, apesar do género textual ser do agrado da maioria dos alunos, a motivação esteve inerente às atividades realizadas, sendo que alguns alunos, principalmente os de Espanhol, se mostraram mais reticentes nas atividades de escrita. Contudo, tal como Ford (1992:202) refere “there are no magic motivational buttons that can be pushed to “make” people want to learn, work hard, and act in a responsible manner. Similarly, no one can be directly “forced” to care about something… Facilitation, not control, should be the guiding idea in attempts to motivate humans.” Na prática, pude constatar que, o compromisso dos alunos pela sua própria aprendizagem depende de vários fatores: i) idade dos alunos; ii) grau de maturidade; iii) expetativas em relação às notas e iv) responsabilidade. As duas turmas em questão eram diferentes nesse âmbito. Este tipo de pedagogia obteve um resultado mais favorável na turma de Espanhol do que na de Inglês, visto que as duas turmas (apesar da idade similar) tinham graus de maturidade e de responsabilidade diferentes. A turma de Inglês demonstrou ser mais imatura e condizente com a idade, enquanto a turma de Espanhol apresentava um comportamento extremamente maduro para a sua idade o que fazia com que se comprometessem com as tarefas que lhes eram solicitadas e se empenhassem na sua realização. Por sua vez, a grande maioria dos alunos da turma de Inglês demonstrava não ter uma grande preocupação em relação às notas e os trabalhos que lhes eram solicitados nem sempre eram entregues atempadamente. Não obstante, em sala de aula, os alunos iam realizando as tarefas propostas, sendo que a tarefa de criar a sua própria BD obteve um maior comprometimento dos alunos na sua realização em sala de aula. A motivação intrínseca é um dos “factores de particular relevância para a autonomia em contexto escolar” (Jiménez Raya et 77 al., 2007: 35), uma vez que “quando os indivíduos estão intrinsecamente motivados envolvemse numa atividade porque estão interessados nela e dela desfrutam” (op. cit.:37). É importante referir que as sequências/ atividades criadas no âmbito deste projeto estiveram, sempre, sujeitas a remodelação, uma vez que o compromisso com a autonomia exige um contínuo repensar crítico e radical acerca dos papéis do professor e do aluno (Jiménez Raya et al., 2007: 15). Com tudo o que foi dito anteriormente só posso fazer um balanço positivo de tudo o que vivi durante este ano letivo. As condições favoráveis fizeram-me acreditar que estava no bom caminho e as condições menos favoráveis fizeram-me aprender e evoluir. O estágio foi um período de aprendizagem no qual me questionei continuamente e refleti, de forma crítica, acerca da minha prática didático-pedagógica com o objetivo de retirar ilações para reformular e melhorar a mesma. A implementação de um projeto em tão pouco tempo de intervenção é algo que não é fácil e os resultados nem sempre atingem o patamar que desejaríamos (v. objetivo 4 do plano de intervenção). Chegado o fim deste percurso há coisas que ficaram por fazer, coisas que poderiam ter sido feitas de forma diferente mas também há coisas que correram bem e que obtiveram bons resultados. E, na minha opinião, no âmbito do estágio profissional, mais importante do que os resultados obtidos, é o caminho percorrido. Não apenas o nosso mas, também, o dos alunos. O facto de os alunos reconhecerem que as aulas implementadas contribuíram para a sua aprendizagem, indica que o meu projeto foi bem-sucedido no que concerne à aprendizagem de conteúdos e melhoria de competências. Embora o escasso tempo de intervenção não permita a obtenção de resultados milagrosos, plantei a minha semente. Considero-me uma pessoa perfeccionista, o que pode ser visto como um ponto positivo, na medida em que me permite refletir criticamente acerca do meu próprio trabalho e procurar evoluir. Enquanto professores, estamos sempre em aprendizagem contínua. Um bom professor não nasce, constrói-se a cada dia, a cada mês, a cada novo ano letivo. E, muitas vezes, evolui em conjunto com os seus alunos. Cada turma é um caso e com cada caso surgem novas experiências e novas aprendizagens. 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Acquaroni, R. (2004). La comprensión lectora. In Sánchez Lobato, J. & Santos Gargallo, I.(Orgs.). Vademécum para la Formación de Profesores. Enseñar español como segunda lengua (L2)/ lengua extranjera (LE). Madrid: SGEL. Disponível em http://estagio2-2011- 1.wikispaces.com/file/view/cap_iv_vademecum_2004.pdf/230109746/cap_iv_vademecu m_2004.pdf, acedido a 12 de agosto de 2014. Acuña, E. F. (2008). El cómic en la clase de italiano como segunda lengua: Posibilidad de explotación didáctica. In Didáctica, Lengua y Literatura. Vol. 20 (pp. 89-116). Disponível emhttp://revistas.ucm.es/index.php/DIDA/article/viewFile/DIDA0808110089A/18940, acedido a 12 de agosto de 2014. Alonso, M. (2010). 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As respostas são anónimas e confidenciais e só serão utilizadas no âmbito deste projeto de estágio. Obrigada pela tua colaboração. Parte I: Eu e o Inglês/Espanhol Idade: __________ Sexo: M 1. F Como classificarias o teu desempenho escolar no âmbito da disciplina de Inglês/Espanhol? Excelente Muito bom Bom Satisfatório Insuficiente 2. Assinala com uma cruz (x) a opção que corresponda à tua capacidade de compreensão da língua inglesa, sendo que 1 corresponde a (muito fraca), 2 (fraca), 3 (razoável), 4 (boa), 5 (muito boa). Sou capaz de: 1 2 3 4 5 a) Compreender discursos extensos sempre que o tema seja conhecido. b) Compreender a ideia principal de notícias de televisão, programas sobre temas atuais e filmes. c) Ler e compreender textos relativos a problemas atuais. d) Participar numa conversa sobre temas quotidianos. e) Explicar e justificar brevemente as minhas opiniões e projetos. f) Construir frases de forma simples para descrever experiências, sonhos, esperanças e ambições. g) Escrever textos sobre temas simples e conhecidos ou de interesse pessoal. Assinala com uma cruz (x) a opção que corresponda à tua capacidade de compreensão da língua espanhola, sendo que 1 corresponde a (muito fraca), 2 (fraca), 3 (razoável), 4 (boa), 5 (muito boa). Sou capaz de: 1 a) Compreender e utilizar expressões quotidianas de uso muito frequente. b) Apresentar-me a mim mesmo e aos outros. c) Pedir e dar informação básica sobre o domicílio, os meus pertences e pessoas que conheço. d) Participar numa conversa de forma simples. e) Perguntar e responder a perguntas simples sobre temas do dia-a-dia. f) Escrever postais e cartas curtas, por exemplo, para enviar felicitações. g) Preencher formulários com dados pessoais. 90 2 3 4 5 3. Assinala com uma cruz (x) a opção que corresponde ao teu grau de dificuldade em cada uma das competências de aprendizagem de uma língua estrangeira, sendo que 1 corresponde a (muito difícil), 2 (difícil), 3 (razoável), 4 (fácil), 5 (muito fácil). 1 2 3 4 5 Listening Speaking Reading Writing Grammar 4. Responde às seguintes questões relativas às aulas de Inglês/Espanhol. Assinala com uma cruz (x) a resposta que corresponde à tua opinião, sendo que 1 corresponde a (nunca); 2 (às vezes); 3 (quase sempre); 4 (sempre) 5 (sem opinião): 1 2 3 4 a) Sentes-te motivado para a aprendizagem da Língua Espanhola? b) Tens dificuldade em compreender o que a professora diz? c) Quando não compreendes a professora, ficas desmotivado? d) Sentes-te integrado na tua turma? e) Tens receio de participar nas aulas de LE? f) Não te sentes à vontade para falar em público? g) Tens medo que os colegas gozem contigo? h) Receias as críticas da professora? i) Sentes- te desconfortável ao apresentar um texto escrito por ti na aula ou ao ler em voz alta? j) Participas na aula mesmo correndo o risco de errar? k) Tens dificuldade em concentrar-te nas aulas? l) Esqueces rapidamente os conteúdos abordados durante as aulas? m) Expões as tuas dúvidas à professora? n) Sentes-te inibido para expor as tuas dúvidas? o) Pedes ajuda aos colegas quando tens mais dificuldades? 1. Parte II: Atividades na aula de LE Marca as atividades que mais te agradam na aula de Inglês/Espanhol. Enumera por ordem de preferência de 1 a 8. a) b) c) d) e) f) g) h) i) Brainstorming Exercícios de leitura e interpretação de textos Atividades de escrita Exercícios de gramática Exploração de recursos audiovisuais Debates Apresentações orais Dramatizações Outros ____________________________ 2. Dá um exemplo de atividade que gostarias de fazer e que trabalhe a leitura na aula de Inglês/Espanhol ________________________________________________________________________________ 91 5 3. Dá um exemplo de atividade que gostarias de fazer e que trabalhe a escrita na aula de Inglês/Espanhol. ________________________________________________________________________________ Parte III: Hábitos de Leitura 1. Assinala com uma cruz (x) a opção que corresponde à tua opinião, sendo que 1 corresponde a (nada), 2 (pouco), 3 (bastante), 4 (muito). 1 2 3 4 a) Gostas de ler? b) Costumas ler habitualmente? 2. Quando não compreendes alguma (s) palavra (s) durante a leitura de um texto que estratégias utilizas? Enumera de 1 a 5, por ordem de utilização. a) Recorro ao dicionário b) Sublinho as palavras que não entendo c) Deduzo o significado de uma palavra pelo contexto d) Continuo a ler o texto sem me importar com o significado da palavra e) Recorro a outras pessoas para pedir ajuda (colegas, professora) f) Outros Quais? _________________________________________________ 3. Que tipo de livros costumas ler? Enumera de 1 a 7 por ordem de preferência. Ficção científica Infanto-juvenil Contos Outro (Qual?_______________________) Poesia Banda Desenhada Romance 4. Gostavas de ver algum desses géneros abordado nas aulas de Inglês? Enumera de 1 a 7 por ordem de preferência: Ficção científica Poesia Infanto-juvenil Contos Outro (Qual?______________________) Banda Desenhada Romance 5. Qual é a tua opinião sobre a Banda Desenhada? Gosto muito Gosto Nem gosto nem desgosto Detesto 6. Já leste algum livro de Banda Desenhada? Sim Qual/quais? ______________________________ 92 Não 7. Se já leste algum livro de Banda Desenhada, em que Língua o fizeste? Inglês Espanhol Português Outra (Qual? _____________) Francês 8. Ao pensar em Banda Desenhada, imaginas: Diversão/gargalhadas Férias/ fim-de-semana Atividades na sala de aula Outro (Qual?________________________) Parte IV: Hábitos de escrita 1. Assinala com uma cruz (x) a opção que corresponde à tua opinião, sendo que 1 corresponde a (nada), 2 (pouco), 3 (bastante), 4 (muito). 1 a) Gostas de escrever? b) Costumas escrever habitualmente? 2 3 4 2. Quando tens que elaborar um texto escrito na aula de Inglês/Espanhol, que estratégia(s) utilizas na elaboração do mesmo? Enumera de 1 a 5, por ordem de utilização. a) Estruturas mentalmente o que vais escrever, antes de o pôr no papel b) Elaboras um Brainstorming c) Começas a escrever, sem ter ideia que estrutura vais dar ao texto d) Tens o cuidado de elaborar uma planificação inicial e) Outro (s) Qual/quais? ___________________________________________________________________________ 3. Se sim, que tipo de textos, costumas escrever: Cartas Textos Argumentativos Banda Desenhada Contos Textos Narrativos Textos de Opinião Obrigada pela tua colaboração Adaptado de: Pereira, Almeida, Costa & Ferraz (2001); Leitão (2012). 93 Anexo 3 – Questionário de Autorregulação (Inglês) Subject English (level 6) Group 10º ano Class 2013/2014 EVALUATION WORKSHEET 1. The activities introduced have comics as their main theme. Which were your favourite activities? Why? 2. And which ones didn’t you like at all? Why? 3. How do you evaluate the materials/activities used in the classroom? 1 2 3 4 Activity 1: Do you know these celebrities? Worksheet on Reading activity about Diana. Worksheet on Reading Comprehension. Worksheet on complete the comic pages Homework assignment - write a biography Activity 2: Who invented what? Listening activity about Graham Bell. Worksheet on Listening Comprehension. Worksheet on Gyro Gearloose comic page. Homework assignment – Gyro Gearloose. 1 (not interesting), 2 (somewhat interesting), 3 (interesting), 4 (very interesting) 4. Say how often you felt difficulties: 1 2 3 4 1. …… in understanding the vocabulary used in the lessons. 2. … in doing the reading activities. 3. …. in carrying out the activities. 4. ….. in understanding the teacher. 5. ….. in doing the writing activities. 6. … in writing creatively and independently. 1 (never), 2 (sometimes), 3 (often), 4 (always) 5. The problem(s) you felt on the writing activities was/were: (Put a cross in your answer(s)). a) Lack of Interest b) c) d) e) f) g) h) Lack of attention/concentration Lack of vocabulary Lack of creativity Difficulty in writing in English Other. Which one?________________________________ None Taking the students’ participation into account, say how often: During the class: All students had the chance to participate. There has been interaction between students. You have expressed your opinion when requested. You took the initiative to speak. You intervened appropriately. You used appropriate strategies to solve the problems (applying alternative words, say what you wanted in another way, speaking in an audible tone…) 1(never), 2 (sometimes), 3 (often), 4 (always) 1 2 3 4 Adaptado de: Vieira & Moreira (1993); Carneiro (2013). 94 Anexo 4 - Questionário de Autorregulação (Espanhol) CUESTIONARIO DE EVALUACIÓN 1. Las actividades introducidas tienen como plan de fondo los cómics/historietas. ¿Cuál de las actividades te ha gustado más? ¿Y menos? ¿Por qué? La (s) actividad (es) que me ha (n) gustado más: _________________________________________________________ La (s) actividad (es) que me ha (n) gustado menos: _______________________________________________________ 2. ¿Cómo evalúas los materiales/actividades utilizados en clase? 1 2 3 4 Video “De compras antes de viaje” Video sobre la historia de D. Quijote Preguntas sobre el video: “D. Quijote de la Mancha” Ficha de trabajo 1: “De compras antes del viaje” Ficha de trabajo 2: “El Corte Inglés” Ficha de trabajo 3: “Las tribus urbanas” Ficha de trabajo 4: “La tribu de D. Quijote” Ficha de trabajo 5: Lectura de fragmentos de la historia de D. Quijote y caracterización de los personajes centrales. Ficha de trabajo 6: “El Nuevo Quijote”. 1 (nada interesante), 2 (poco interesante), 3 (interesante), 4 (muy interesante) 3. Soy capaz de: (Señala con una cruz la (s) alinea(s) que corresponde(n) a tu respuesta) 1 2 3 4 a) Leer de forma independiente y comprender lo que leo. b) Descubrir el significado de una palabra por el contexto. c) Comprender el mensaje principal del texto a través de las imágenes. d) Hacer las tareas de lectura sin problemas. e) Leer el texto de forma expresiva. f) Escribir de forma autónoma y creativa 4. Mis problemas en la actividad de escritura han sido….. (Señala con una cruz la (s) alinea(s) que corresponde(n) a tu respuesta). a) Desinterés b) c) d) e) f) g) h) Falta de atención/concentración Falta de vocabulario/vocabulario difícil Falta de creatividad Dificultad en escribir en español Dificultad en comprender el mensaje global del texto Otra. Qual?_____________________________________ Ninguno 5. ¿Cómo evalúas la participación durante las clases? Durante la clase: Todos los alumnos han tenido la oportunidad de participar. Ha habido interacción entre los alumnos. He sentido dificultad en participar durante las clases. He expresado mi opinión cuando solicitada. He tomado la palabra por mi propia iniciativa. He intervenido de modo adecuado. He usado las estrategias adecuadas para resolver dificultades (aplicar palabras alternativas, hablar en portugués, decir lo que querías de otra forma, hablar en tono audible….). 1 (nunca), 2 (raras veces), 3 (muchas veces), 4 (siempre) 1 2 3 4 Adaptado de: Vieira & Moreira (1993); Carneiro (2013). 95 Anexo 5 - Questionário Final 1. Assinala o teu grau de concordância com as seguintes afirmações relativas ao desenvolvimento do meu projeto (a Banda Desenhada nas aulas de Inglês), sendo que 1 corresponde a (discordo totalmente); 2 (discordo); 3 (concordo); 4 (concordo totalmente) 5 (sem opinião): 2. Marca as atividades que mais te agradaram nas aulas de Inglês. Enumera por ordem de preferência de 1 a 9. j) k) l) m) n) o) p) q) r) Visualização de vídeos (cartoons) Exercícios de leitura e interpretação de textos/Banda Desenhada Preenchimento de balões de Banda Desenhada. Atividades de gramática com recurso à Banda Desenhada (aula sobre o Reported Speech) Matching (PPT inventors and inventions) Matching (PPT Asterix and Obelix) Guessing (PPT Celebrities) Criação da minha própria Banda Desenhada (Cyberfriendship) Jogo (Who wants to be a millionaire?). 96 Marca as atividades que mais te agradaram nas aulas de Espanhol. Enumera por ordem de preferência de 1 a 9. a) b) c) d) e) f) g) h) i) 3. Visualização de vídeos Exercícios de leitura e interpretação de textos/Banda Desenhada Preenchimento de balões de Banda Desenhada. Atividades sobre “El tebeo/Cómic” – bocadillos, onomatopeias, partes de un “tebeo” Debate sobre a divisão das tarefas domésticas entre homem e mulher Jogo de Lógica Jogo sobre os falsos amigos (Mafalda) Criação da minha própria Banda Desenhada (“Un día en la vida de…”) Criação da minha própria Banda Desenhada (“El Nuevo Quijote”) Qual é a tua opinião sobre a Banda Desenhada neste momento? Gosto muito Gosto 4. Nem gosto nem desgosto Detesto Se costumas ler Banda Desenhada, em que Língua o fazes agora? Inglês Espanhol Português Outra (Qual?_______________) Francês Obrigada pela tua colaboração 97 Anexo 6 - Grelha de correção de textos (Inglês) Competência Linguística Competência Pragmática Originalidade/Criatividade Relação com o tema proposto Aluno 1 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 2 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 3 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 4 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 6 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 7 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 8 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 9 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 10 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 11 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 12 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 13 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 98 NIVEL COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA N1 Escreve um texto simples, abordando o tema de forma genérica e recorrendo a repetições e pormenores pouco relevantes. Utiliza conectores simples para ligar frases elementares, mas estrutura deficientemente o texto. N2 N3 1 Escreve um texto simples, utilizando padrões frásicos elementares. Utiliza vocabulário elementar suficiente para se exprimir com a ajuda de circunlocuções. Utiliza, com correção, estruturas simples, mas ainda comete alguns erros gramaticais elementares de forma sistemática, sem que isso impeça a compreensão global da mensagem. Revela algum conhecimento das convenções ortográficas. A pontuação nem sempre é adequada. 2 Escreve um texto simples, respeitando as instruções dadas e destacando alguns aspetos relevantes. Utiliza conectores simples, articulando as ideias num texto coeso embora ainda constituído por uma sequência linear de informações. N4 N5 COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA 3 5 RELAÇÃO TEMA Revela pouca criatividade na produção e na apresentação do trabalho. Revela insuficiência de conhecimentos sobre o tema. Escreve um texto no qual se refere superficialmente ao tema proposto e não respeita o registo adequado. 2 Escreve um texto simples, utilizando recursos linguísticos adequados ao que pretende transmitir. Pode ainda revelar alguma influência da língua materna. Utiliza vocabulário suficiente para se exprimir com a ajuda de circunlocuções. Revela bom domínio do vocabulário elementar, cometendo erros graves apenas quando exprime um pensamento mais complexo. Utiliza, com correção, estruturas simples, não cometendo erros gramaticais elementares de forma sistemática. A ortografia é suficientemente precisa para não afetar a inteligibilidade do texto. A pontuação é adequada. 4 Escreve um texto respeitando as instruções dadas, fornecendo pormenores e destacando aspetos relevantes. Utiliza um número ainda limitado de mecanismos de coesão, mas articula as ideias de forma adequada num texto claro e coerente. 1 ORIGINALIDADE/CRIATIVIDADE 3 2 Revela rigor e criatividade no processo de elaboração e apresentação do trabalho. 4 Escreve um texto razoavelmente elaborado, utilizando recursos linguísticos adequados que lhe permitem transmitir a informação de forma precisa. Pode ainda revelar alguma influência da língua materna. Utiliza vocabulário suficiente para se exprimir, podendo suprir algumas lacunas com a ajuda de circunlocuções. Revela geralmente bom domínio do vocabulário. Pode ocorrer alguma confusão e escolha incorreta de palavras. Revela geralmente bom domínio das estruturas e formas gramaticais, não cometendo erros gramaticais que possam causar incompreensão. A ortografia é razoavelmente precisa. A pontuação é adequada. 99 5 1 3 2 Revela conhecimentos sobre o tema e compreende os elementos essenciais. Escreve um texto sobre o tema proposto, embora possa não respeitar o registo adequado ao contexto e aos destinatários. 4 Revela rigor e elevada criatividade no processo de elaboração e apresentação do trabalho. Realiza com perfeição os trabalhos solicitados. 5 1 3 4 Revela conhecimentos sobre o tema, compreende-os e aplica-os na perfeição. Escreve um texto sobre o tema proposto e no registo adequado ao contexto e aos destinatários. 5 Anexo 7 - Grelha de correção de textos (Espanhol) Competência Linguística Competência pragmática Originalidade/Criatividade Relação com o tema proposto Aluno 1 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 2 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 3 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 4 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 6 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 7 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 8 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 9 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 10 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 11 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 12 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 13 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 14 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 15 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 16 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 17 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 18 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 19 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 20 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 21 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 22 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N3 N3 N4 N5 Aluno 23 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 24 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 25 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 26 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 Aluno 27 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 N1 N2 N3 N4 N5 100 NIVEL COMPETENCIA PRAGMÁTICA N1 O discurso é confuso, com ideias repetidas e/ou pouco claras, com muitos desvios e repetições. A informação não aparece ordenada a partir de um esquema ou plano, apresentando pormenores pouco ou nada relevantes. As funções previstas não estão definidas. O texto não possui informação suficiente. N2 N3 1 Emprega recursos linguísticos básicos, com padrões frásicos elementares. Não faz um uso adequado dos recursos lexicais e discursivos. Utiliza um repertório vocabular limitado e repetitivo. O controlo gramatical é insuficiente, revelando erros lexicais, sintáticos e morfológicos. Os erros ortográficos são persistentes. A pontuação é repetitiva e nem sempre adequada. As interferências da língua materna são frequentes e sistemáticas. 2 O discurso é coerente, ainda que com recurso a um número limitado de mecanismos de coesão. A informação, embora nem sempre relevante, está articulada de maneira linear. Aparecem definidas de maneira razoável algumas funções previstas. O texto pode não possuir informação suficiente. N4 N5 COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA 3 5 RELAÇÃO COM O TEMA Revela pouca criatividade na produção e na apresentação do trabalho. Revela insuficiência de conhecimentos sobre o tema. Escreve um texto no qual se refere superficialmente ao tema proposto e não respeita o registo adequado. 2 Emprega recursos linguísticos suficientes para redigir um texto simples. Usa os recursos lexicais e discursivos suficientes para retomar a informação, embora com algumas repetições. Utiliza vocabulário pouco variado, mas consegue suprir algumas limitações com recurso a circunlocuções e outras estratégias de substituição. O controlo gramatical é suficiente para permitir a compreensão do que se pretende comunicar. A ortografia e a pontuação são suficientemente precisas para não afetarem a inteligibilidade do texto. As interferências da língua materna são notórias. 4 O discurso é coerente e coeso; utiliza os conectores que ocorrem mais frequentemente para ligar frases simples. A informação é ordenada a partir de um esquema ou plano. Aparecem bem definidas as funções previstas (descrever e narrar ou outras funções pertinentes). O texto possui informação suficiente e a extensão adequada. 1 ORIGINALIDADE/CRIATIVIDADE 3 2 Revela rigor e criatividade no processo de elaboração e apresentação do trabalho. 4 Emprega recursos linguísticos adequados para redigir um texto simples. Usa, de forma apropriada, os recursos lexicais e discursivos necessários para retomar a informação sem repetir o dito anteriormente (pronomes e deícticos). Utiliza com correção vocabulário elementar. Revela geralmente bom domínio gramatical, não cometendo erros que possam causar incompreensão. A ortografia e a pontuação são suficientemente precisas para não afetarem a inteligibilidade do texto. As interferências da língua materna são pontuais, revelando-se apenas em estruturas de uso menos frequente 101 5 1 3 2 Revela conhecimentos sobre o tema e compreende os elementos essenciais. Escreve um texto sobre o tema proposto, embora possa não respeitar o registo adequado ao contexto e aos destinatários. 4 Revela rigor e elevada criatividade no processo de elaboração e apresentação do trabalho. Realiza com perfeição os trabalhos solicitados. 5 1 3 4 Revela conhecimentos sobre o tema, compreende-os e aplica-os na perfeição. Escreve um texto sobre o tema proposto e no registo adequado ao contexto e aos destinatários. 5 Anexo 8 - Atividade de escrita com o Asterix 102 Anexo 9 – Atividade de escrita com os “The Simpsons” FINAL TASK Read the comic strip below and continue the story by adding a panel. 103 Anexo 10 – Atividade de escrita: “Write a comic strip about a Cyberfriendship” THE IDEA Every story takes place somewhere with some characters that have something to solve/talk about. In pairs, write a comic strip about two people meeting/talking online. Choose one of the following options to start writing: CYBER FRIEND’S COUNTRY South Africa China United Kingdom India New Zealand U.S.A. CHARACTERS Cartoon characters: The Simpson, Calvin and Hobbes, Asterix Original characters: real people, animals, super heroes SITUATIONS Cyber bullying Bad luck in love Bad marks at school Going on an Erasmus program Having no friends Thinking about a future career THE PLOT Before writing the comic strip write a brief summary telling the story. Do it in pairs. 104 Anexo 11 – Atividade de escrita “Create your own Superhero” In pairs, create your own superhero. You can include a friend for your superhero. Example: Batman has Robin. GUIDE FOR CREATING MY OWN SUPERHERO MY SUPERHERO Superhero’s name: Creator’s name: Superhero’s picture: Iron Man Describe your superhero (physical and psychological characteristics). Write about his/her superpowers, suit, place where he/she lives, against whom/what they fight. Do not forget the dialogues. Give it a title. 105 Choose one of the following: Character An animal A boy A girl A man A woman An alien Superpowers Becoming invisible Having night vision Breathing under water Having superhuman speed Being Telepatic Having X Ray vision Having superhuman strength Healing Being omnilinguistic SUIT Horns Mask Shield Armour Belt Claws Gloves Watch Power boots Super socks Springs Awe/sword Horn Pendant Tool Feet hands Bodywear Head Helmet 106 Anexo 12 – Reading/Writing activity (Grammar) Match the lines with the panels. Then rewrite them in the direct speech to insert them in the balloons. Finally, read the comic strip. 107 Reported Speech Sharon thought that someone had been Michael asked Sharon what she wanted moving her things. for lunch. 1 Sharon thought that someone had stolen Sharon said that she wanted 2 an her passwords and that the photos she had hamburguer and chips uploaded on facebook would be in dangerous hands. 3 Michael asked Sharon if she was okay. 4 Michael said that was very pleasant to have lunch with her. 5 6 Sharon said that she was concerned about Sharon said that for her it was very the theft of her passwords pleasant too. 7 8 Michael asked Sharon if she wanted to go Michael said Sharon should send an eto have lunch outside. mail to facebook explaining the problem. 9 10 Sharon said that this would be a great Sharon answered that she would do that idea. and she said that she was thankful for the advice and the conversation. 11 12 108 Anexo 13 - Writing activity (Grammar) This comic strip was made in an Internet program (Pixton) which gives the possibilty to create our own comic strip online. Write the characters lines. Use the reported speech for the thought balloons and the direct speech for the speech balloons. 109 Anexo 14 - Pre-Reading activity DO YOU KNOW THESE CELEBRITIES? Read the speech balloons below and try to guess the celebrities they refer to. Hello! I am a British actor. I was born in January 13th, 1977. My famous character was Legolas in The Lord of the Rings (trilogy). I was married to the Australian model Miranda Kerr. Do you know my name? Hello! I am a British Princess. I was born in July 1st, 1961. I had two children, William and Harry. Prince Charles was my husband, but we divorced on August 28th, 1996. Who am I? Hello! I am a British singer, composer and pianist. I was born in March 25th, 1947. My real name is Reginald Kenneth Dwight. I have a single called “Candle in the wind”. Who am I? Hello! I am a British actress. I was born in October 5th, 1975. I participated on Titanic as a main character. I am also a singer. I was the youngest person to acquire six Academy Award nominations. Do you know my name? Hello! I am a Duke. I was born in June 21st, 1982. I followed a military career. I married on April 29th, 2011. My wife´s name is Catherine. Recently, I became a father. Who am I? Hello! My name is Elizabeth. I was born in April 21st, 1926. I am the constitutional monarch of 16 sovereign states, known as the commonwealth realms. I have three children: Charles, Anna, Andrew and Edward. Who am I? Hello! I am the wife of a Duke, so I am a Duchess. I was born in January 9th, 1982. I have one child called George Alexander Louis. I studied Art History at the University of St. Andrews. Who am I? Hello! I am a British football player. I was born in May 2nd, 1975. I am married with a singer, named Victoria Adams and we have four children: Brooklyn, Romeo, Cruz and Harper. Do you know my name? 110 Anexo 15 - Post-Reading activity Now, write suitable captions for each picture using information from the text as in the example: . 111 Anexo 16 – Trabalhos realizados pelos alunos (Inglês) 112 Anexo 17 – Atividade de leitura “Las familias Cebolleta y Trapisonda” LA FAMILIA CEBOLLETA 113 114 Anexo 18 –Atividade de leitura: Mafalda: “Cuestiones de lengua” Lee las siguientes tiras de cómic y busca palabras que puedan ocasionar algún tipo de malentendido de lengua. 115 Anexo 19 – Atividade de escrita: “Crea tu propio malentendido” – Trabalhos realizados pelos alunos Escribe un diálogo donde haya algún tipo de malentendido. Fíajte en la expresión facial de los personajes y decide cuál de ellos es el responsable por el malentendido. No te olvides de darle un título a tu tira de cómic. 116 Anexo 20 – Atividades de leitura e de escrita com D. Quijote Lee los fragmentos retirados de un libro sobre D. Quijote y caracteriza a los personajes, rellenando la tabla que está abajo. 117 118 EL NUEVO QUIJOTE” Cambios a hacer Ahora vamos a crear EL QUIJOTE del siglo XXI, para eso, vamos a cambiar a los personajes centrales de la obra (D. Quijote, Sancho Panza y Dulcinea). ¿Te atreves? Fíjate en la tabla que se sigue. En ella te son dadas algunas orientaciones para que lleves a cabo tu tarea. Se necesitan creatividad y ganas de divertirse. CAMBIOS A HACER Ropa Accesorios Personalidad Medios de transporte Aficiones/ Pasatiempos Tipo de literatura que lee D. Quijote Los Personajes Rellena la tabla que se sigue con las características que has dado a cada uno de los personajes. D. QUIJOTE SANCHO PANZA DULCINEA La Nueva Historia Por fin cuéntanos la nueva historia de El Quijote. En el mes de junio habrá en tu escuela un concurso de cómics cuyo tema es “El Quijote del Siglo XXI”. ¿Te atreves a participar? 119 Anexo 21 – Trabalhos realizados pelos alunos (Día a Día) A B C 120 Anexo 22 – Trabalhos realizados pelos alunos (D. Quijote) A C B 121