FÓRUM PERMANENTE MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE UNICAMP – 23 DE MARÇO DE 2012 Sistemas Agrícolas Resilientes às Mudanças climáticas Manoel Baltasar Baptista da Costa CCA/UFSCar O PROCESSO EVOLUTIVO Evolução da composição da atmosfera Evolução das formas de vida Muitos processos de extinção em massa – Meteoritos – Alteração do campo magnético – Alterações climáticas – Vulcanismo O PROCESSO EVOLUTIVO Vida surge a partir do carbono, oxigênio e hidrogênio: carbohidratos, aminoácidos e proteínas, que vão formar o DNA. A conversão da atmosfera de 25% de dióxido de carbono para cerca de 25% de oxigênio resultou na fotossíntese. Há 570 milhões ocorreu fenomenal desenvolvimento de espécies e trágicos episódios de extinção, onde desapareceram mais de 50% das espécies. Há 450 milhões de anos nível de oxigênio suficiente cria camada de ozônio, que protege a terra dos raios ultra violeta, e os animais vem à terra emersa. Primórdios da humanidade: 14 a 4 milhões de anos O PROCESSO EVOLUTIVO Espécies que vivem hoje representa menos de 1 % de todas as que já existiram antes. Bactérias, fungos e plânctons compõem 80 % da biomassa da Terra, e o fitoplâncton marinho produz a maior parte do oxigênio respirável disponível no planeta. Terra + húmus retém 40 vezes mais C que atmosfera. A AÇÃO ANTRÓPICA O Homo erectus surge na África há 1,5 milhões de anos, com duas linhagens de homíneos e há 1 milhão de anos o Autralopithecus se extinguiu. Historicamente a humanidade vem deteriorando o ambiente natural em distintos níveis de predação. O teor de CO2 na atmosfera aumentou 25 % desde de 1860. O consumo de combustíveis fósseis produz (ia) 1,1 ton. de carbono para cada um dos 5,3 bilhões de habitantes. A AÇÃO ANTRÓPICA Consumo de combustíveis fósseis promove 50 % das emissões de CO2. Atmosfera retém 700 bi. ton. de C. e está se aumentando tal quantidade em 1% a.a. O aumento do CO2 na atmosfera colapsa o ciclo do carbono, e é prejudicial aos níveis de precipitação pluviométrica em todo mundo. Latitudes entre 20 e 50 e entre 10 e 30 podem ter uma grande redução da precipitação, e a formação de desertos. A AÇÃO ANTRTÓPICA Poeira em suspensão estimada em 15 milhões de ton. está crescendo. Lixo nos EUA 500 mil ton./dia. 8 milhões de ton. de rejeitos tóxicos são lançados nos rios e áreas costeiras/ano, muitos cancerígenos e mutagênicos. Queima de petróleo causa chuva ácida. No atual ritmo de devastação as florestas se extinguem em menos de 50 anos. A AÇÃO ANTRÓPICA Entre 30 e 50 % das terras outrora férteis foram deixadas inutilizadas pela erosão e desertificação. 50 % das chuvas vêm das próprias florestas nos trópicos. Na Amazônia já se destruiu 20% da floresta. Perturbações em uma parte do mundo afetam outras regiões. Os humanos estão consumindo quase 50 % da produção primária líquida da Terra. Os oceanos estão perdendo a vitalidade, devido à exploração excessiva e poluição. EFEITO ESTUFA Teofrasto e Plínio se interrogavam sobre as relações entre seres vivos e o seu ambiente, e o papel específico do homem no equilíbrio da natureza. Lindeman (1942) considera que o mais fecundo método de análise reside na redução a termos energéticos, de todos os acontecimentos biológicos em inter-relação. Hutchinson (1965) examinando a posição geoquímica do homem, analisa as distorções que este introduz nos ciclos biogeoquímicos: – O homem moderno é um agente particularmente eficaz da erosão zoogênica (formação e crescimento das espécies), pois afeta os solos aráveis, as florestas, os jazigos minerais e outras partes da biosfera que fornecem as coisas que o Homo sapiens tem necessidade, ou acredita ter. EFEITO ESTUFA Sausurre e Fourier (1824) discutem o efeito estufa e entendem ser um dos grandes temas dos estudos cosmológicos, estabelecendo as equações dum processo irreversível de escoamento do calor. A revolução termo industrial, o desenvolvimento e o progresso das sociedades humanas podem modificar consideravelmente, e em vastas regiões, a ação das forças naturais sobre o estado do solo na superfície (Fourrier). A biosfera representa a única região da crosta terrestre ocupada pela vida, e a vida é uma força geológica que parcialmente cria e controla o ambiente planetário (Vernardsky), conceito que se aproxima da contemporânea Teoria de Gaia. EFEITO ESTUFA Arrhénius demonstra a importância na absorção das radiações terrestres de grande comprimento de onda e aponta que o aumento de temperatura poderia resultar do acréscimo do teor de gás carbônico na atmosfera, com base no consumo da hulha, e exprime preocupação sobre a necessidade de se buscar novas fontes de energia que possam vir a substituir o carvão. Perda anual de florestas tropicais (Brasil, Indonésia, Congo) equivale a 790 km2, e produz 17% dos Gases Efeito Estufa – GEE em âmbito mundial (Friedmann, 2009). Se as emissões de gás carbônico no ar ultrapassarem 400 ppm (partes por milhão) deverá ocorrer um incremento exponencial dos problemas climáticos hoje observados. e já estamos em 389 ppm, com um aumento médio de 2 ppm por ano. AGRICULTURA BRASILEIRA – GEE A agricultura brasileira é responsável por 77% dos GEE gerados pelo país – Fermentação entérica dos ruminantes – Emissões de N2O pelos fertilizantes nitrogenados – Mudanças do uso da terra e queimadas Perda de nutrientes da biomassa pela queimada ELEMENTO CÁLCIO – Ca MAGNÉSIO – MG NITROGÊNIO – N FÓSFORO – P POTÁSSIO – K ENXOFRE – S Fonte: PIVELLO, V.R. PERDAS 52 % 42 % 95 % 51 % 44 % 59 % PRODUÇÃO DE ÁREAS COM QUEBRA VENTOS (em porcentagem) Ano favorável de chuva Seca moderada Seca catastrófica Trigo de inverno 15 a 20 80 a 100 400 a 500 Aveia 5 a 20 50 a 60 100 a 150 Cevada 10 a 15 50 a 60 100 a 150 Girassol 10 a 15 40 a 60 80 a 100 Arroz 15 a 20 80 a 100 150 a 200 Culturas ATRIBUTOS DA SUSTENTABILIDADE DOS AGROECOSSISTEMAS Eficiência Estabilidade Adaptabilidade Resiliência Autonomia Equidade QUESTÕES CENTRAIS Captura de carbono atmosférico pela biomassa e pelo solo; Recomposição do componente florístico e incremento da biodiversidade; Germoplasma compatível com a realidade edafo climática e sócio econômica; Eficiência e autonomia energética; Eficiência biológica Exclusão dos agroquímicos agressivos ao ambiente e ao ser humano do processo produtivo BIBLIOGRAFIA Miguel A Altieri, Clara Nicholls. Los impactos del cambio climático sobre las comunidades campesinas y de agricultores tradicionales y sus respuestas adaptativas. Mimeo.Department of Environmental Science, Policy and Management, University of California. Delèage, Jean-Paul. História da Ecologia: uma ciência do homem e da natureza. Trad. Ana Maria Novaes. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993. 276 p. Erickson, Jon. Nosso Planeta está morrendo: a extinção das espécies. Trad. José Carlos Barbosa dos Santos. São Paulo: Makron, Mcgraw-Hill, 1992. 244 p. Giménez, Eric Holt. GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia. Processos Ecológicos em Agricultura Sustentável. Trad. Maria José Guazzelli. Porto Alegre: UFRGS, 2000. 653p. BIBLIOGRAFIA IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change MASERA, O.; ASTIER, M.; LOPEZ-RIDUARA, S. Sustentabilidadd y manejo de recursos naturals: el marco de evaluacion MESMIS. México DF: Mundiprensa, GIRA, UNAM, 1999. PERLIN, John. História das Florestas. A importância da madeira no desenvolvimento da civilização. Trad. Marija Mendes Bezerra. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1992. 490 p. Toynbee, Arnold. A Humanidade e a Mãe Terra. Uma história da Narrativa do Mundo. Trad. Helena Maria Camacho Martins Pereira e Alzira Soares da Rocha – 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 774 p.