UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
ANDRESSA VARGAS MARTINS DA SILVA
JULIANA TORMENA
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ACETONA NA ELIMINAÇÃO
DO OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO –
ANÁLISE ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL
Itajaí (SC) 2009
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ANDRESSA VARGAS MARTINS DA SILVA
JULIANA TORMENA
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ACETONA NA ELIMINAÇÃO
DO OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO –
ANÁLISE ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de cirurgião-dentista
do
Curso
de
Odontologia
da
Universidade do Vale do Itajaí
Orientador: Prof. Nivaldo Murilo Diegoli
Itajaí (SC) 2009
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FOLHA DE APROVAÇÃO
3
DEDICATÓRIA
A Deus
Por sua grandiosidade em iluminar nossas vidas todos os dias nesta
caminhada.
Aos nossos pais
Por tanto amor, carinho e dedicação a nós. Vocês nos ensinaram a importância
de ter objetivos na vida, responsabilidade, honestidade e respeito que são
fundamentais para nossas conquistas.
Obrigada pelo estímulo e apoio constante, enfim, por nossas vidas.
Amamos muito vocês.
Aos nossos irmãos
Verdadeiros conselheiros e amigos. Vocês são parte de nossas vidas que nos
alegram e nos tornam ainda mais especiais. Obrigada por compartilharem
conosco mais esta conquista.
Amamos vocês.
Aos nossos avós
Pelo exemplo dado, de dedicação, amor, carinho. Pela maneira especial que
contribuíram para o nosso crescimento e amadurecimento. Por toda a
experiência compartilhada acreditando sempre no nosso sucesso.
Amamos vocês.
Aos nossos namorados
Pelo apoio constante, paciência e dedicação, estando sempre ao nosso lado
incentivando e acreditando em nosso potencial.
Amamos vocês.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Nivaldo Murilo Diegoli
Nosso querido orientador e amigo, agradecemos a sua confiança, incentivo e
carinho.
Seremos sempre gratas aos seus conselhos e orientações que se tornam
parte de nossa formação profissional e humana.
Você sem dúvida é um dos grandes responsáveis pela concretização deste
projeto.
A você todo o respeito e admiração.
Adoramos você.
À Professora Elisabete Rabaldo Bottan
Ao seu amor e dedicação à docência, aos ensinamentos transmitidos, sempre
nos incentivando com muita gentileza e boa vontade sendo um grande exemplo
de pessoa humana e profissional.
Aos professores da Banca Avaliadora
Por terem aceito nosso convite com muita satisfação, dando disponibilidade e
atenção as nossas solicitações, contribuindo para a conclusão deste trabalho e
formação profissional.
Aos nossos amigos
Pela disposição, companheirismo e apoio que sempre tiveram para nos ajudar.
Aos funcionários,
Agradecemos pela atenção, presteza e amizade.
A todos que de maneira direta ou indiretamente contribuíram na realização
deste projeto.
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AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE UM AGENTE VOLÁTIL NA ELIMINAÇÃO DO
OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO – ANÁLISE ATRAVÉS DA
MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL
Andressa Vargas Martins da SILVA e Juliana TORMENA
Orientador: Prof. Nivaldo Murilo DIEGOLI
Data de defesa: setembro de 2009
Resumo:
A proposta desta pesquisa foi verificar se a acetona tem capacidade de eliminar mais
rapidamente os resíduos do agente clareador. Foram confeccionadas na face
vestibular de terceiros molares, 46 cavidades classe V e constituídos dois grupos:
grupo controle – submetido ao clareamento e restaurado imediatamente; grupo
experimental – submetido ao clareamento, aplicação de acetona (por 30s) e
restaurado imediatamente. Foi utilizado o clareador Whiteness (FMG), a base de
peróxido de carbamida a 16%, durante 7 dias, 2 horas diárias. Foi usado o sistema de
união Prime&Bond e o compósito Master Fill A4 em incremento único. Foi aplicado
verniz de unha em todo o corpo-de-prova exceto 1mm ao redor da cavidade
restaurada. Após a imersão dos corpos-de-prova em azul de metileno por 24 horas,
eles foram seccionados transversalmente e os cortes foram analisados em lupa
estereoscópica, seguindo os escores preconizados pela ISO (International
Standardization Organization, 1994): 0 – sem microinfiltração; 1 – com microinfiltração
na parede de esmalte; 2 – com microinfiltração na parede de dentina e 3 – com
microinfiltração envolvendo a parede axial. A análise estatística foi realizada levando
em consideração a quantidade de vezes que cada escore apareceu nos dois grupos,
com a realização de um ranking de média. Foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis para
a comparação das médias. Os resultados foram, respectivamente para os escores 0,
1, 2 e 3: controle – 18 – 25 – 49 e 0 com porcentagem de 19,56% – 27,17% – 53,26%;
experimental – 4 – 12 – 76 e 0 com porcentagem de 4,34% – 13,04% – 82,60%. Os
autores concluíram que com esta metodologia é possível afirmar que a acetona não
auxilia na volatilização do oxigênio residual.
Palavras-chave: acetona, infiltração dentária, materiais dentários
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................07
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................09
3 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................31
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...............................................................34
5 DISCUSSÃO .........................................................................................................36
6 CONCLUSÃO........................................................................................................42
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1 INTRODUÇÃO
A odontologia, até alguns anos atrás era uma profissão essencialmente
curativa, passou para o estágio preventivo embora ainda haja, no nosso país,
uma necessidade premente por tratamento curativo.
Da mesma maneira, as próteses fixas e as restaurações eram realizadas
com material metálico, entre eles, o ouro e as ligas de prata para a substituição
de dentes perdidos e para restaurações metálicas fundidas e o amálgama de
prata para restaurações diretas.
Evidentemente, devido à cor metálica incompatível com as estruturas
duras do dente, estas restaurações eram antiestéticas; no entanto, era a mais
durável que o profissional da odontologia podia oferecer ao seu paciente.
Os meios de comunicação, particularmente a televisão começaram a
mostrar ao público a possibilidade e a necessidade de se ter um sorriso “nãometálico” como meio de melhor relacionamento tanto pessoal quanto com os
membros da comunidade. Pessoas sem medo de sorrir, evidentemente, têm
maiores condições de aceitar e ser aceito pelos seus pares.
Além disso, o brasileiro por natureza preocupa-se muito com a sua
estética, não somente com todo seu corpo, mas particularmente, com seus
dentes.
Uma das maneiras de alterar a estética dental e que virou moda (ou
modismo) é o clareamento realizado no consultório ou pelo próprio paciente
através de moldeiras, mas com supervisão de um profissional da odontologia.
Estes clareamentos são realizados geralmente com a utilização de peróxido de
hidrogênio ou de carbamida em diferentes concentrações.
Muitas vezes, estes clareamentos são realizados em pacientes
portadores de restaurações diretas de compósito as quais necessitam ser
trocadas, pois tornam-se antiestéticas após o clareamento. Da mesma maneira
que clareamentos realizados em dentes despolpados, necessitam ser
restaurados.
Swift Junior e Perdigão (1998) relatam a necessidade da espera de
alguns dias (sete até quinze) antes da realização da restauração final pelo fato
de que a permanência do agente clareador nos tecidos dentais, pode alterar a
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eficácia do sistema de união, comprometendo o resultado final da restauração.
A eliminação rápida do agente clareador dos tecidos dentais após o
clareamento, faz com que a restauração possa ser realizada imediatamente.
Devido à alta capacidade de volatilização da acetona, talvez a sua
aplicação sobre os tecidos dentais possa aumentar a rapidez da evaporação do
agente clareador residual. Da mesma maneira, a utilização de um sistema de
união contendo acetona poderia fazer o mesmo efeito.
Por este motivo, a proposta desta pesquisa é verificar, por meio da
análise da microinfiltração marginal em restaurações de classe V, se a acetona
tem capacidade de eliminar mais rapidamente os resíduos do agente clareador.
.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Titley et al. (1988) tiveram como objetivo de seu trabalho avaliar os
efeitos do clareamento dental sobre os tecidos duros de 256 incisivos bovinos
quanto à resistência à tração e ao cisalhamento. Sobre a superfície do esmalte
foram construídos cilindros com dois compósitos após os dentes terem sido
submetidos a quatro diferentes tratamentos: 1 - imersos em peróxido de
hidrogênio a 35% por 60 minutos e condicionados com ácido fosfórico a 37%
por 60 segundos; 2 – imersos em solução salina por 60 minutos e condicionado
por 60 segundos com ácido fosfórico a 37%; 3 – condicionados com ácido
fosfórico por 60 segundos e imersos em peróxido de hidrogênio a 35% por 60
minutos; 4 – condicionados por 60 segundos com ácido fosfórico a 37% e
imersos em solução salina por 60 minutos. Após isso, as amostras foram
armazenadas em água a 37ºC por um e sete dias antes dos testes de tração e
cisalhamento. As análises estatísticas dos resultados mostraram que houve
redução altamente significativa da força de união dos compósitos quando o
esmalte foi exposto ao peróxido de hidrogênio em comparação com o grupo de
exposição à solução salina. A análise à microscopia eletrônica de varredura de
amostras fraturadas e selecionadas aleatoriamente indicaram que esta redução
quanto à força de união ocorreu inicialmente na interface de união
esmalte/compósito. Foram observadas diferenças pequenas significativamente
na força de união nas amostras do grupo controle com relação ao tipo de
compósito, tempo de armazenagem e seqüência de condicionamento ácido.
A finalidade do estudo de Stind e Quenette (1989) foi fornecer
informações sobre o papel de um agente de oxigenação, o peróxido de
carbamida em solução de glicerol na prevenção e controle de doença
periodontal. A remoção da placa dental é um método geralmente aceito na
prevenção e controle desta doença. Várias pesquisas identificaram a placa
bacteriana como fator primário na etiologia da doença periodontal. No entanto,
muitas pessoas têm dificuldade na remoção mecânica da placa ou podem
apresentar limitações físicas que impedem a capacidade efetiva de escovação.
Como conseqüência, na atualidade foram intensificadas as pesquisas por um
agente que remova a placa dental. Em seu Relatório Técnico, número 26, a
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Federação Dentária Internacional faz um apanhado sobre a eficácia dos
antibióticos, antissépticos, agentes químicos, irrigantes, pastas e sua lenta
liberação na remoção ou inibição da placa dental. Além disso, sugeriu que
investigações de antissépticos oxigenados como agentes antiplacas merecem
atenção devido à sua potencial capacidade de afetar bactérias anaeróbias
responsáveis pela doença periodontal.
Considerando que a técnica conservativa de clareamento de dentes
vitais com a utilização noturna de peróxido de carbamida a 10% tem atraído a
preferência dos profissionais da odontologia, o objetivo do trabalho de
Haywood e Heymann (1991) foi avaliar a segurança do produto usado nos
procedimentos clareadores com base em pesquisas anteriores e atuais. A
solução de peróxido de carbamida a 10% utilizado em numerosos estudos tem
demonstrado propriedades cicatriciais de tecido mole bem como propensão à
redução de placa e gengivite. Nenhum destes estudos clínicos revelou
qualquer efeito deletério e todos demonstraram efeitos benéficos. Embora
exista alguma preocupação com relação aos potenciais efeitos do peróxido de
carbamida quanto à carcinogênese, com relação à toxicidade ou dano aos
tecidos duros e moles esta preocupação parece infundada. A maioria das
pesquisas atuais e passadas e a literatura indicam que a solução de peróxido
de carbamida utilizado atualmente no método indicado para o clareamento de
dentes vitalizados é aparentemente seguro quando aplicado corretamente sob
a supervisão do cirurgião-dentista.
O propósito de trabalho de Crim (1992) foi verificar se o peróxido de
carbamida
afeta
o
selamento
marginal
de
cavidades
com
sistemas
restauradores. Foi avaliado o efeito do gel clareador de peróxido de carbamida
quanto à microinfiltração de cavidades de classe V de dentes humanos
extraídos restaurados com compósito nas quais foram utilizados dois sistemas
de união. As cavidades foram preparadas na junção cemento-esmalte das
faces vestibular e lingual totalizando 40 preparos. Em metade das cavidades foi
utilizado o sistema de união Scotchbond 2 e o compósito Silux Plus e na outra
metade foi usado o sistema de união Prisma Universal Bond 3 e o compósito
APH.
Cinco dentes de cada grupo foram aleatoriamente selecionados e
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armazenados em água destilada a 37ºC constituindo o grupo controle. Os
dentes restantes foram expostos ao peróxido de carbamida gel por períodos de
três horas por dia durante nove dias. Nos períodos sem exposição as amostras
foram armazenadas em água destilada. Após isso, todas as amostras foram
termocicladas por 100 ciclos. A microinfiltração foi avaliada por meio da
verificação da penetração do agente traçante. Os resultados demonstraram
que o peróxido de carbamida testado tem efeitos deletérios aumentando a
microinfiltração nas cavidades em que foram usados ambos os sistemas de
união.
O objetivo da pesquisa de McGuckin, Thurmond e Osovitz (1992), foi
examinar a resistência ao cisalhamento da união em esmalte em tempos
variados após o término do clareamento em dentes vitais. Foram usados 160
incisivos, molares e pré-molares; três agentes clareadores: Superoxol, Proxigel
e White&Brite; em cinco tempos diferentes: 1, 6, 24 horas, 3 e 7 dias. A área
testada com 2,9mm de diâmetro, foi condicionada por 30s, lavada por 30s e
seca por 15s. Os sistemas de união utilizados foram o Scotchbond 2 (SB2) e o
Scotchbond Dual Cure (SBDC). O cilindro foi confeccionado com o compósito
Silux Plus. O teste foi realizado na máquina de ensaio universal Instron com
velocidade de 2mm/min. Os resultados foram, respectivamente para os cinco
tempos: Superoxol (SB2) - 18,9MPa±4,8 - 19,6MPa±4,7 - 19,8MPa±7,1 29,6MPa±4,1 - 23,5MPa±4,8; (SBDC) - 23,8MPa±7,8 - 27,5MPa±2,9 28,4MPa±6,9 - 28,8MPa±3,2 - 26,7MPa±6,3; Proxigel (SB2) - 24,0MPa±3,0 18,1MPa±7,5 - 18,8MPa±7,4 - 24,2MPa±4,5 - 31,2MPa±5,9; (SBDC) 28,0MPa±6,7 - 25,8MPa±5,0 - 19,7MPa±7,9 - 27,3MPa±1,8 - 25,2MPa±1,5;
White&Brite
(SB2)
-
22,7MPa±6,5
-
12,4MPa±5,6
-
20,3MPa±5,2
-
22,7MPa±5,8 - 25,9MPa±2,5; (SBDC) - 20,9MPa±4,0 - 19,4MPa±4,3 6,4MPa±5,0 - 28,9MPa±3,8 - 28,7MPa±2,8; Grupo Controle - SB2 29,3MPa±10,3 e 31,0MPa±4,4.
Os autores concluíram que deve ser
esperado, no mínimo 7 dias, antes de se fazer a restauração em esmalte
clareado e que uma das possíveis conseqüências da restauração feita muito
cedo é o aumento da microinfiltração.
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Baratieri et al. (1993) referem-se ao agente clareador peróxido de
hidrogênio afirmando que ele pode ser utilizado em várias concentrações
sendo, no entanto, mais utilizado na concentração de 30 a 35%. A sua reação
é fundamentada na liberação de óxidos, os quais penetram no esmalte e na
dentina (nos túbulos dentinários) iniciando o clareamento. Esta reação não é
somente um processo de oxidação devido à liberação de oxigênio. Quanto à
solução de peróxido de carbamida a 10%, ela pode ou não conter carbopol, o
qual interfere na velocidade de liberação de oxigênio. O carbopol é um
polímero carboxipolimetileno cuja finalidade é tornar a solução mais espessa,
melhorando a aderência aos tecidos duros do dente e prolongar o tempo de
liberação do oxigênio. As soluções sem carbopol liberam oxigênio mais
rapidamente e necessitam de um tempo menor para o clareamento.
O objetivo do trabalho de Barghi e Godwin (1994) foi avaliar o efeito de
vários tratamentos da superfície dental clareada antes dos procedimentos de
união com o fim de reduzir ou eliminar os efeitos do agente clareador. Foram
utilizados molares humanos extraídos cujas superfícies de esmalte foram
desgastadas e, após terem sido imersos em clareadores caseiros e de
consultório, sobre elas confeccionado um cilindro de compósito unido ao
esmalte com sistemas de união. Os dentes foram divididos em sete grupos de
acordo com o tratamento de superfície e submetidos aos testes de resistência
ao cisalhamento. Os resultados foram, respectivamente, para clareadores de
consultório e caseiros: grupo álcool etílico: 18,20MPa±4,81 e 16,69MPa±6,09 grupo acetona: 14,17MPa±2,56 e 10,99MPa±2,14 - grupo solução A agente de
união dentinário: 22,36MPa±5,54 e 11,67MPa±2,92 - grupo solução A+B
agente de união dentinário: 24,34MPa±4,99 e 16,94MPa±4,90 - grupo Dry
Bond
+
solução
A
agente
de
união
dentinário:
21,28MPa±5,29
e
19,60MPa±2,63 - grupo álcool + solução A agente de união dentinário:
16,47MPa±5,25 e 19,26MPa±6,02 e grupo controle: 9,62MPa±5,51 e
11,88MPa±6,59. Os autores concluíram que os efeitos negativos do agente
clareador podem ser reduzidos ou eliminados pelo tratamento das superfícies
clareadas com solução aquosa modificada (álcool ou acetona) ou agente de
união contendo acetona.
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Fortuna (1996) através de um trabalho in vitro, procurou avaliar a
influência dos agentes clareadores a base de peróxido de carbamida na
possível diminuição da força adesiva de resinas compostas ao esmalte
clareado. Cento e cinqüenta incisivos humanos recém-extraídos foram
submetidos a um regime de 8 horas/dia em contato com um agente clareador a
base
de
peróxido
de
carbamida
a
10%
disponível
comercialmente
(Opalescence, Ultradent, Inc.) durante 30 dias simulando sua utilização
clinicamente para tratamento clareador. Foram realizadas restaurações com
resina híbrida (Herculite XRV, Sybron Kerr) na face vestibular dos dentes em
intervalos de tempo de 24 horas, 5 dias e 10 dias permanecendo durante esse
período imersos em solução salina a 0,9% a 37 graus e umidade relativa.
Matrizes plásticas medindo 3x3mm foram utilizadas no intuito de padronizar as
restaurações submetidas à força de cisalhamento e os valores medidos
registrados em quilograma/força. Resultados mostraram inequivocadamente
que o peróxido de carbamida afeta a adesão das resinas compostas aplicadas
no esmalte clareado, tendo desaparecido este efeito após 5 dias do fim do
clareamento, mantendo-se até os 10 dias após, onde os dentes clareados
apresentam força e adesão igual aos do grupo controle. Assim, o efeito do
peróxido-contaminante irá depender do tempo, devendo ser aguardado 5 dias
para a realização de restaurações adesivas.
Siqueira et al. (1997) testaram a resistência ao cisalhamento de dentes
submetidos a duas técnicas de clareamento. Foram utilizados 50 incisivos
centrais superiores, divididos em 5 grupos, a saber: controle (só abertura
coronária), clareamento sem calor, clareamento catalisado por calor controlado,
clareamento catalisado por calor controlado e restauração com resina
composta de última geração e dentes hígidos. Após o teste de cisalhamento,
constatou-se que, nos dentes submetidos ao clareamento dental com perborato
de sódio/Peridrol com ou sem aplicações de calor controlado, apesar de estes
apresentarem leve diminuição da resistência ao cisalhamento, esta não é
estatisticamente significante quando comparada com a dos dentes em que se
executa o acesso endodôntico sem clareamento. A restauração do dente após
o clareamento dental com adesivo dentinário de 4ª geração e resina
fotopolimerizada aumenta a resistência do elemento dental clareado. Não
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existem diferenças estatísticas de resistência ao cisalhamento entre dentes
clareados sem o uso de calor e aqueles em que o calor foi empregado de
forma controlada, como preconizado neste estudo. Dentes hígidos apresentam
resistência maior do que os dentes clareados com calor, sem calor e aqueles
não clareados, com significância estatística no nível de 5%. Já com os dentes
clareados e restaurados, os dentes hígidos não mostraram diferenças
estatísticas significantes
A proposta do estudo de Swift Junior (1997) foi realizar um resumo das
informações disponíveis sobre os efeitos dos agentes clareadores nos
materiais restauradores.
Foi verificado que alterações na morfologia do
esmalte clareado podem contribuir para a diminuição das forças de adesão. No
entanto, embora tenham sido observadas alterações de textura, dureza e
resistência à fratura, alguns estudos mostram pequenos ou mesmo nenhum
efeito nas propriedades físicas do esmalte. Não foi relatada diminuição na força
de união provocada por alterações químicas do esmalte. As análises
espectroscópicas
mostram
pequenas
mudanças
químicas
no
esmalte
submetido ao peróxido de hidrogênio a 35%. Foi relatada que a causa principal
da redução da força de união é provavelmente a presença de oxigênio ou
peróxido residuais, os quais interferem na polimerização do sistema de união e
do material restaurador. As projeções (tags) de resina fluida adesiva (bond) no
esmalte clareado são menos numerosas e não bem definidas. Elas também
são mais facilmente fraturadas e menores em comparação com àquelas do
esmalte não clareado. A recomendação mais comum dos autores é adiar
qualquer procedimento de união após o clareamento por 24 horas a 1 semana.
Foi sugerida que a remoção superficial do esmalte após o clareamento pode
restaurar a força de união até níveis normais. Foi também sugerido por autores
que o uso de soluções aquosas de acetona ou álcool ou o uso de sistemas de
união contendo esses elementos, pode reverter os efeitos adversos do
clareamento na força de união em esmalte. Apesar dos efeitos deletérios dos
agentes clareadores na força de união em esmalte e, talvez, em dentina,
estudos avaliando a infiltração em cavidades restauradas em estrutura dental
pré-clareada não mostram sinais de microinfiltração marginal. Quando o clínico
realizar restaurações em esmalte clareado deve esperar uma semana para
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permitir a liberação do oxigênio residual que pode comprometer a força de
união do compósito ao esmalte. Se por qualquer razão o adiamento não puder
ser feito, o esmalte deve ser asperizado e usado um sistema de união
contendo acetona.
Segundo Mendonça e Paulillo (1998) com a valorizaçäo da estética, o
clareamento caseiro vem demonstrando ser uma alternativa bastante viável
dentro da filosofia conservadora da dentística atual. Porém, muitas dúvidas
surgem em relaçäo à eficácia e segurança dos agentes clareadores. A
proposta deste trabalho é, pela revisäo da literatura, discutir diversos pontos
divergentes, como desgate na superifície do esmalte, possíveis alteraçöes
pulpares, danos aos tecidos moles, diferença na adesäo resina/esmalte, assim
como efeito carcinogênico, que estäo frequentemente limitando a utilizaçäo das
substâncias a base de peróxido de carbamida pelos profissionais.
Swift Junior e Perdigão (1998) abordaram as alterações que o
clareamento provoca nos dentes, particularmente sobre a interface denterestauração, através de revisão de literatura sobre o assunto. Verificaram que,
após 24 horas de tratamento com peróxido de carbamida a 10%, há diminuição
em 40% da resistência ao cisalhamento. No entanto, há pesquisas que não
encontraram diferença entre dentes clareados ou não, quando os espécimes
são imersos em saliva artificial ou solução salina durante ou após o
clareamento. Não há evidência de que a saliva tenha ação benéfica sobre o
esmalte clareado e nem como esse efeito poderia ocorrer. Alguns autores
especulam sobre a possibilidade de o oxigênio residual ter influência sobre a
polimerização dos adesivos diminuindo a força de união. Os tags resinosos
seriam menos numerosos, menos definidos e bem mais curtos no esmalte
clareado. Teoricamente, os poros do esmalte, a dentina e o fluido dentinário
poderiam funcionar como depósitos do oxigênio residual. Entre os métodos
para evitar a redução da força de união em dentes clareados está a
recomendação para esperar até duas semanas antes de fazer a restauração.
Outro método, mais radical, é de se retirar a camada superficial de tecido. Há,
também, a possibilidade da limpeza dos tecidos clareados com solventes, tais
16
como acetona e álcool (etanol) e, também, o uso de adesivos contendo estes
solventes para reverter o efeito adverso sobre a resistência de união.
Ramos e Villa (1999) avaliaram a alteração da cor em resinas compostas
sob ação do peróxido de carbamida a 10%. Foram selecionados 9 dentes
bovinos. O preparo das cavidades para as resinas compostas foi padronizado
com 5mm de diâmetro e 1mm de profundidade. Os dentes preparados foram
divididos em três grupos: Grupo D- Degufill H (Degussa), Grupo P- Prodigy
(Kerr) e Grupo C- Charisma (Kulzer). Cada material foi testado por meio de três
corpos-de-prova. A cor selecionada foi a A2, segundo a escala Vita. O sistema
adesivo utilizado foi o Scotchbond (3M), seguindo as instruções do fabricante.
Após restauradas, foram acabadas e polidas com pontas diamantadas finas e
ultrafinas e discos Soft-lex em campo molhado. Os corpos-de-prova foram
levados à estufa a 37°C e 100% de umidade por 24 horas, foram microfilmados
e tiveram suas imagens digitalizadas pelo sistema Accucam, para análise
comparativa por meio do programa Adobe Photoshop 4.0, que quantifica a
porcentagem de cor da superfície da resina composta, tanto clareamento como
escurecimento. Dez pixels foram escolhidos na superfície do corpo-de-prova,
sendo cinco na parte central e cinco periféricos. Desses 10 pontos obtidos de
cada corpo-de-prova, foi calculada uma média e a porcentagem da alteração
de cor em cada material. Os corpos-de-prova foram tratados com peróxido de
carbamida 10% sobre a restauração de resina composta, durante 14 dias. Os
corpos-de-prova foram novamente filmados no 7° e no 14° dia de aplicação e
tiveram suas imagens digitalizadas para análise da alteração de cor pelo
software. Todas as resinas compostas sofreram clareamento, no entanto, ele
foi maior nos primeiros sete dias e estabilizou-se após esse período. A resina
composta Prodigy, que apresenta partículas microhíbridas, sofreu maior
porcentagem de alteração de cor. Em segundo lugar, a Degufill H, com
partículas híbridas. A Charisma, composta por micropartículas, sofreu a menor
variação na cor de sua superfície. Portanto, é necessário, realizar a troca de
restaurações em resina composta antigas após o clareamento de dente,
quando houver comprometimento estético.
O objetivo da pesquisa de Souza (1999) foi verificar o efeito de diferentes
técnicas de clareamento na infiltração marginal de dentes restaurados. Em 60
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pré-molares foi realizada a abertura coronária, esvaziamento dos canais e
confecção de um tampão cervical na sua embocadura. Os dentes foram
separados em grupos de acordo com a técnica de clareamento utilizada: grupo
1 -técnica imediata (peróxido de hidrogênio a 30% e ativação com fonte de luz
ultravioleta); grupo 2 -
técnica mediata (peróxido de hidrogênio a 30% e
perborato de sódio); grupo 3 - técnica imediata + mediata; grupo 4 - técnica
caseira (peróxido de carbamida a 10%); grupo 5 - técnica caseira + técnica
mediata e grupo 6 - controle, não submetido ao tratamento clareador. Após o
clareamento foi feito um tampão com pasta de hidróxido de cálcio e água
destilada nas cavidades que foram seladas provisoriamente com ionômero de
vidro. Após 10 dias em água foi confeccionada a restauração da cavidade com
condicionamento com ácido a 35%, aplicação do sistema adesivo Scotchbond
Multi-uso Plus (3M) e compósito Z-100 (3M). O polimento foi realizado 07 dias
após. Os dentes foram termociclados imersos em fucsina básica a 0,5% por 24
horas para depois ser feita a leitura da penetração do corante. Foi observado
que nenhum grupo impediu a infiltração marginal, e que a técnica imediata
mostrou os maiores valores de infiltração e os grupos com perborato de sódio
os menores valores. O uso de peróxido de carbamida a 10% não influenciou no
aumento da infiltração marginal comparado ao grupo controle.
Spyrides et al. (1999) avaliaram a influência dos agentes clareadores na
adesão dentinária. Para isto, 120 incisivos bovinos foram inicialmente cortados
por lingual expondo a câmara pulpar que foi posteriormente vedada. Os dentes
foram incluídos em resina autopolimerizável. A superfície dentinária foi
regularizada para o teste, foi realizada a profilaxia, descontaminação e
limitação da área de teste. Os corpos-de-prova foram aleatoriamente divididos
em 8 grupos experimentais com 15 repetições em cada e dois grupos foram de
controle, ou seja, sem o uso de agente clareador. Os demais grupos foram
submetidos a três tratamentos clareadores superficiais. A avaliação adesiva foi
realizada em dois tempos: um e sete dias após o clareamento. Para o teste
mecânico de resistência ao cisalhamento, foi utilizada uma máquina Instron
com velocidade de 0,5mm/min até a quebra ou deslocamento da resina aderida
ao corpo-de-prova. Decorrido o prazo de 7 dias após o tratamento clareador, os
valores da força de adesão sobre a dentina recuperam, em parte, os níveis de
adesão, mas são significativamente menores do que os da dentina controle
18
não-clareada de um dia. Na técnica de clareamento caseiro com peróxido de
carbamida a 10%, os resultados adesivos não recuperaram os níveis de
adesão, mantendo a redução na ordem de 75% mesmo após o prazo de sete
dias, comparando com o resultado da dentina controle não-clareada de um dia.
Sung et al. (1999) realizaram um trabalho com a finalidade de avaliar o
efeito sobre três sistemas de união na resistência ao cisalhamento de um
compósito em esmalte pré-clareado com peróxido de carbamida a 10%. Em 24
molares humanos extraídos foram usadas as duas faces, uma para controle
outra para experimento, formando seis grupos com 8 corpos-de-prova. Foi
testado o agente clareador Proxigel com uma aplicação de seis horas por dia
durante 5 dias consecutivos e posterior armazenamento em solução salina a
25°C. Após isso, foi feito condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 30s,
lavagem com água por 10s e aplicação do sistema adesivo: grupos 1 e 4 - AllBond 2 (sem e com clareador ); grupos 2 e 5 - Optibond ( sem e com
clareador); grupos 3 e 6 - One-Step (sem e com clareador). Foram construídos
cilindros com 2,95mm de diâmetro com compósito Herculite XRV sobre a área
tratada e os corpos-de-prova foram submetidos à termociclagem (1000 ciclos)
com temperatura entre 5 e 55°C. Os testes foram realizados na máquina de
ensaio universal Instron com a ponta em forma de cunha à velocidade de
0,5mm/min. Os resultados foram, respectivamente, para corpos-de-prova sem
e com clareamento: Optibond – 19,6MPa±2,9 e 23,7MPa±5,6 ; All Bond –
20,4MPa±2,3 e 14,9MPa±4,0; One Step – 23,0MPa±3,9 e 13,6MPa±5,9. Os
resultados apontaram que apenas o All-Bond e o One-Step apresentaram
diferença estatisticamente significante entre o grupo controle e o experimental.
Os autores chegaram à conclusão que o Optibond, que contém álcool em sua
composição, é capaz de reduzir ou eliminar os efeitos deletéricos do oxigênio
residual no processo de união ao esmalte.
Campos e Pimenta (2000) analisaram com o auxílio de uma revisão de
literatura qual o tempo que se deve esperar para substituir com segurança
restaurações de compósito após o clareamento caseiro com peróxido de
carbamida a 10%. Concluíram que restaurações de compósito, que necessitem
ser trocadas por motivos estéticos, não devem ser substituídas imediatamente
após o término do clareamento dental caseiro, pois isso pode ocasionar
aumento da microinfiltração e menores valores de resistência à tração e ao
19
cisalhamento, além de provocar alterações na forma dos tags. Segundo os
autores, deve-se aguardar pelo menos 21 dias para a troca com segurança
dessas restaurações, tanto em esmalte quanto em dentina/cemento.
Shinohara, Rodrigues e Pimenta (2001) avaliaram a microinfiltração de
restaurações classe V de compósitos em dentes submetidos a diferentes
clareadores caseiros. Foram utilizados 120 dentes bovinos distribuídos em:
grupo 1 – 40 dentes submetidos à pasta aquosa de perborato de sódio; grupo 2
– 40 dentes submetidos ao peróxido de carbamida a 37% e grupo 3 – 40
dentes controle em água. O agente clareador foi colocado na câmara pulpar
durante 21 dias e trocado a cada 7 dias. Foram confeccionadas cavidades
classe V no limite amelocementário com 2mm de diâmetro e de profundidade,
as quais foram condicionadas com ácido fosfórico a 35%. Foi utilizado o
sistema de união SingleBond e o compósito Z100 em incremento único. Foi
feita a termociclagem (5 e 55ºC ± 1) com 150 ciclos e banho de 60s. Os dentes
foram cobertos com verniz de unha exceto a restauração e 1mm ao seu redor
e, logo após, imersos em azul de metileno a 2% por 4 horas. A seguir foram
seccionados e examinados em estereomicroscópio com aumento de 35 vezes
para verificar a extensão da penetração do corante segundo o seguinte critério:
0 – sem infiltração; 1- infiltração até 1/3 da parede lateral; 2 – até 2/3 da parede
lateral; 3 – infiltração em toda
a parede lateral; 4 – infiltração incluindo a
parede axial. Os resultados foram, respectivamente, para perborato de sódio,
peróxido de carbamida e controle, em ranking de médias: parede em esmalte –
2104,5 – 2200,0 e 1690,5; parede em dentina – 2313,5 – 2416,0 e 1265,5.
Considerando que os grupos experimentais apresentaram médias superiores
de microinfiltração quando comparados ao grupo controle os autores
concluíram que os agentes clareadores testados têm influência na interface
dente-restauração, aumentando a microinfiltração.
Fayad et al. (2002) fizeram uma avaliação do selamento de restaurações
de compósito utilizando sistemas de união que empregam diferentes
tratamentos da estrutura dental, após a técnica de clareamento. Em quinze prémolares humanos, foram confeccionadas cavidades classe V com dimensões
padronizadas nas superfícies vestibular e lingual. Foi utilizado o agente
clareador perborato de sódio, acrescido de água, em todas as cavidades e esta
solução foi trocada duas vezes em intervalos de quatro dias. Dez dias após a
20
última troca foram realizadas restaurações com compósito Z100, com a
utilização dos sistemas de união Scothbond Plus (4º geração) e Clearfil Liner
Bond II (6º geração- autocondicionante). O polimento foi realizado 24 horas
após. Os dentes foram impermeabilizados com esmalte de unha com exceção
de 1mm próximo às margens cavitárias e imersos em rodamina B a 2% por 24
horas. Os elementos foram seccionados no sentido vestíbulo-lingual e
analisados em lupa estereoscópica par mensurar a infiltração marginal. Os
resultados mostraram que, nas duas condições experimentais, mais de 85%
das restaurações apresentaram infiltração marginal em dentina e no grupo do
Scothbond Plus o escore 2 (infiltração atingindo dentina) foi o mais prevalente,
com 11 amostras. No grupo do Clearfil Liner Bond II, o escore 2 atingiu 8
amostras e o escore 3 (infiltração até a parede axial), 4 amostras. Os autores
concluíram que não houve diferença estatisticamente significante entre os dois
sistemas de união após a técnica de clareamento.
Erhardt, Castro e Pimenta (2002) consideram que há grande influência
do sorriso na composição estética da face e da aparência; os pacientes vêm
dando maior destaque a esse ramo da odontologia, e com isso há uma
crescente busca, por materiais e técnicas que sejam adequados efetivamente
aos problemas que envolvem a estética. A alteração de cor dos dentes é um
aspecto que afeta a harmonia do sorriso; com isso a opção mais utilizada e
importante no tratamento estético é o clareamento dental vital e não-vital, cujo
mecanismo químico está baseado em reações de oxidação dos agentes
clareadores, os quais possuem baixo peso molecular e capacidade de
desnaturar proteínas, possibilitando a passagem de íons através da estrutura
dental. O gel peróxido de carbamida a 10% surge da associação de peróxido
de hidrogênio a 3%, e de uréia a 7%. O peróxido de hidrogênio irá se decompor
em radicais livres, oxigênio e água; já a uréia se dissocia em amônia e dióxido
de carbono. Estas substâncias são consideradas fortes agentes oxidantes que
reagem com macromoléculas responsáveis pelos pigmentos. Através do
processo de oxidação, os materiais orgânicos vão sendo convertidos em
compostos de menor peso molecular, que irão remover pigmentos da estrutura
dental por difusão. Um período mínimo de duas semanas deve ser esperado,
para realizar restaurações com resinas compostas, pois o agente clareador e
seus subprodutos ficam na estrutura dental, causando interferências no
21
processo de polimerização das resinas compostas. Com a evolução dos
sistemas adesivos e resinas compostas, diversas técnicas restauradoras
adesivas vêm se desenvolvendo, colaborando ainda mais no sucesso do
tratamento estético. Este trabalho descreve a associação de tratamentos
clareadores com condutas restauradoras diretas, para pacientes insatisfeitos
esteticamente com seu sorriso.
O propósito da pesquisa de Silva, Pereira e Silva (2003) foi verificar a
influência do clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10% em
dentes humanos na resistência adesiva à dentina no tempo de 24 horas e 2
semanas após o tratamento clareador. Vinte molares humanos hígidos foram
seccionados no sentido mesiodistal obtendo-se 20 amostras vestibulares
(grupo I) e 20 palatais (grupo II). No grupo I foi aplicado o peróxido de
carbamida a 10% em gel (Nupro Gold - Dentsply) permanecendo em estufa por
8 horas; após isso as amostras foram lavadas, voltando à estufa por 16 horas.
O grupo II seguiu os mesmos passos, porém, sem a aplicação do peróxido de
carbamida. Estes procedimentos foram repetidos diariamente durante duas
semanas. Vinte e quatro horas após o último procedimento o esmalte foi
removido expondo a superfície dentinária, na qual foi aplicado um sistema de
união de frasco único e compósito. Decorridas 24 horas foi realizado o teste de
resistência ao cisalhamento. Duas semanas após o clareamento, os mesmos
procedimentos foram realizados nas amostras restantes. Os resultados
mostraram que no tempo de 24 horas após o clareamento, o grupo clareado
apresentou maior força de união do que o controle; já, após 2 semanas não
existiu diferença entre os grupos, logo a força de união voltou ao normal.
Ulukapi, Benderli e Ulukapi (2003) investigaram o efeito, quanto à
infiltração marginal, do peróxido de carbamida a 10% aplicado antes e após a
realização de restaurações de amálgama e compósitos. Em terceiros molares
humanos extraídos foram confeccionadas cavidades classe V, na face lingual,
com 4mm de largura por 2mm de altura por 2mm de profundidade com a
parede oclusal em esmalte. Em 10 dentes ( grupo I) foi feito o condicionamento
com ácido fosfórico a 37%, utilizado o sistema de união SingleBond e o
compósito Filtek Z250 fotopolimerizados por 20s. Foi feita a termociclagem
(4ºC e 55ºC ± 4ºC= 150 ciclos) com tempo de imersão de 30s. Os corpos-deprova foram imersos em peróxido de carbamida a 10% ( renovado diariamente)
22
por períodos de 8 horas durante 14 dias. Outros 10 dentes ( grupo II) foram
imersos em solução clareadora pelo mesmo período, foram feitas as
cavidades, restauradas e termocicladas da mesma maneira que o grupo I. Mais
10 dentes (grupo controle) tiveram as restaurações realizadas e foram
termociclados da mesma maneira, porém, não foram submetidos ao clareador.
Todos os dentes foram selados com cera pegajosa exceto a restauração e
1mm ao seu redor, imersos em solução de azul de metileno a 1% por 24 horas
e seccionados
no sentido vestíbulo-lingual. Os corpos-de-prova foram
examinados em microscópio de luz para verificar a extensão da microinfiltração
de acordo com o seguinte escore: 0 – sem infiltração; 1 – infiltração no esmalte;
2 – infiltração na dentina. Os resultados foram, respectivamente para os grupos
I, II e controle: escore 0 – 0 corpo-de-prova, 1 corpo-de-prova e 6 corpos-deprova; escore 1 – 0 corpo-de-prova, 4 corpos-de-prova e 4 corpos-de-prova;
escore 2 – 10 corpos-de-prova, 5 corpos-de-prova e 0 corpo-de-prova. Os
escores 2 e 3 que evidenciam microinfiltração foram encontrados em maior
quantidade de corpos-de-prova dos grupos I e II em comparação com o grupo
controle. Os autores concluíram que o peróxido de carbamida a 10% tem
influência na microinfiltração marginal de
restaurações de compósito
aumentando-a.
O objetivo do estudo de Uysal et al. (2003) foi determinar o efeito do
agente clareador peróxido de hidrogênio a 35% na resistência ao cisalhamento
de bráquetes ortodônticos unidos imediatamente e após 30 dias depois do
clareamento. Foram usadas as faces vestibulares de 60 pré-molares extraídos
divididos em três grupos de 20 dentes: grupo A – condicionamento com ácido
fosfórico a 37% e colocação do bráquete; grupo B e C - ambos com
clareamento com peróxido de hidrogênio a 35% - grupo B – colocação do
bráquete imediatamente e grupo C – armazenamento em saliva artificial e
colocação do bráquete após 30 dias. A área de união dos bráquetes de aço foi
de 10mm2 e foi usado o sistema de união Transbond XT polimerizado por 20s.
Os testes foram realizados na máquina de ensaio universal Testometric com
velocidade de 0,5mm/min. Os resultados foram: grupo A – 12,9MPa±3,4 –
grupo B – 12,0MPa±4,6 e grupo C – 14,8MPa±4,0. Os autores concluíram que
o uso do sistema de união imediatamente após a aplicação
do agente
clareador não afeta a resistência ao cisalhamento; que a imersão dos dentes
23
clareados em saliva artificial não tem efeito significante na resistência ao
cisalhamento, mas o tempo de espera entre o clareamento e a colagem de
bráquetes por 2 a 3 semanas pode ser benéfica.
A finalidade da revisão de literatura de Attin et al. (2004) foi verificar os
efeitos do peróxido liberado pelos agentes clareadores nas restaurações de
materiais restauradores diretos. Clareadores intracoronários, em dentes
despolpados, contendo peróxido de carbamida a 37%, ou peróxido de
hidrogênio a 30% e perborato de sódio, induzem o mais alto padrão de
microinfiltração em compósitos restauradores tanto no acesso à cavidade
endodôntica quanto em classe V colocados imediatamente após o término do
clareamento. Nas classes V, o aumento da microinfiltração após a aplicação
intracoronal do peróxido de carbamida foi detectado somente nas margens em
dentina e não em esmalte. O padrão de microinfiltração das restaurações do
acesso endodôntico aumentou proporcionalmente ao aumento do tempo de
aplicação da mistura do peróxido de hidrogênio com o perborato de sódio.
Desse modo, uma aplicação de 7 dias resulta em um selamento inferior quando
comparado a uma aplicação de 1 a 4 dias. Uma aplicação, por pouco tempo,
de hidróxido de cálcio no interior da cavidade após o uso de clareador é capaz
de reverter o efeito negativo do peróxido de hidrogênio. Há controvérsias sobre
o efeito do peróxido de carbamida a 10% usado em clareamento externo
caseiro. Há relatos de que este clareador não prejudica o selamento de classe
V próximo à junção amelocementária. Por outro lado, outros autores relataram
que restaurações na face vestibular com margens em esmalte produziram
padrões de microinfiltração aumentados significantemente quando realizadas
após aplicação de peróxido de carbamida a 10%. Alguns pesquisadores
observaram significante redução do selamento nos acessos endodônticos
restaurados com compósitos uma semana após a aplicação do peróxido de
carbamida a 10% no interior da câmara pulpar.
Basting et al. (2004a) avaliaram a resistência ao cisalhamento de dentina
tratada com dois clareadores contendo peróxido de carbamida. O teste foi
realizado quinze dias após o tratamento e os corpos-de-prova foram
armazenados em saliva artificial. Foram feitos três grupos (n=20): controle,
clareado com Rembrandt I (10%) e com Opalescence (10%) com aplicação
diária por 8 horas durante 42 dias, após os quais, foram armazenados em
24
saliva artificial por 14 dias, totalizando 56 dias. O grupo controle ficou em água
deionizada também por 56 dias. Foi usado um sistema de união e um
compósito para confecção do cilindro para os testes. As superfícies de fratura
foram examinadas em lupa estereoscópica. Os resultados mostraram maiores
valores de resistência ao cisalhamento em dentina tratada com Opalescence a
10% do que a dentina tratada com Rembrandt a 10% e o grupo controle. Os
autores concluíram que o peróxido de carbamida a 10% não causa diferença
de resistência ao cisalhamento em dentina após os corpos-de-prova ficarem
armazenados em saliva artificial.
A finalidade do trabalho de Basting et al. (2004b) foi avaliar a resistência
ao cisalhamento de um sistema de união em esmalte tratado com peróxido de
carbamida em diferentes concentrações após 15 dias de armazenamento em
saliva artificial. Foram testados sete agentes clareadores com concentração
entre 10 e 22%, aplicados ao esmalte por 8 horas diárias durante 42 dias e,
logo após, armazenados individualmente em saliva artificial por mais 15 dias.
Durante os intervalos das aplicações os dentes ficaram imersos em saliva
artificial. Foi usado um sistema de união para fixar os cilindros de compósito
sobre a área tratada. Não houve diferença estatisticamente significante entre
os
vários
clareadores.
As
superfícies
foram
examinadas
em
lupa
estereoscópica e evidenciaram predominantemente fraturas adesivas. Os
autores concluíram que após 15 dias imersos em saliva artificial os corpos-deprova submetidos a diferentes concentrações de peróxido de carbamida
apresentaram iguais valores estatísticos de resistência ao cisalhamento.
Cavalli, Giannini e Carvalho (2004) realizaram um estudo para verificar
se o agente clareador contendo peróxido de carbamida (PC) tem efeito sobre a
resistência à tração de esmalte. O esmalte da coroa de doze molares foi
condicionado com ácido fosfórico a 37% por 30s, lavado e seco com ar, e
sobre ele foi aplicado o sistema de união Single Bond. A coroa foi coberta com
o compósito TPH Spectrum formando um bloco e armazenada em água a 37°C
por 24 horas. O bloco foi cortado em fatias com 0,7mm de espessura e no
centro, com uma broca diamantada foram feitos dois sulcos de maneira que as
duas partes ficassem ligadas por uma fina lâmina de esmalte com área
aproximada de 0,5mm2. (0,7 por 0,7mm2) Foram formados seis grupos (n=10):
grupo 1 – controle, grupo 2 – Opalescence (PC a 10%); grupo 3 – Opalescence
25
(PC a 15%); grupo 4 – Opalescence (PC a 20%); grupo 5 – Whiteness (PC a
10%) e grupo 6 – Whiteness (PC a 16%). Os corpos-de prova foram expostos à
solução de 0,1ml do agente clareador diluído em 0,05ml de saliva artificial por
8h em 14 dias consecutivos. Após cada sessão diária de clareamento os
corpos-de-prova foram levemente lavados com água deionizada por 10s e
armazenados em saliva artificial a 37°C. Os testes foram realizados na máquina
de ensaio universal Instron com velocidade de 0,5mm/min. Os resultados
foram: grupo 1 – 47,5MPa±6,1; grupo 2 – 37,6MPa±5,8; grupo 3 –
33,1MPa±6,0; grupo 4 – 31,2MPa±3,5; grupo 5 – 32,5MPa±6,1 e grupo 6 –
30,6MPa±7,7. Considerando que todos os grupos apresentaram valores iguais
estatisticamente entre si e menores do que
grupo controle, os autores
concluíram que o peróxido de hidrogênio tem efeito de redução na resistência à
tração de esmalte clareado antes dos procedimentos de união.
A proposta do estudo de Miguel et al. (2004) foi avaliar o efeito do gel
clareador contendo peróxido de carbamida a 10% na força de união de um
sistema de união à dentina.
Foram obtidos discos de dentina a partir de
terceiros molares humanos, polidos com lixa de granulação 600 e montados na
palatal de aparelhos ortodônticos removíveis. Dois discos foram expostos ao
peróxido de carbamida a 10% por 2 horas diárias durante 21 dias, enquanto
dois discos não foram tratados para servirem como controle. Após o período
de tratamento os discos de dentina foram retirados e foi construído um bloco de
compósito aderido à estrutura dentinária. Foram obtidos, através de cortes,
bastonetes de dentina/compósito para testes de microtração. Os resultados
foram: grupo tratado – 29,9MPa±6,2 e grupo controle – 39,2MPa±5,8. Os
autores concluíram que o clareamento caseiro com peróxido de carbamida a
10%, por 2 horas diárias durante 21, dias afeta significantemente a força de
união quando a dentina é exposta ao agente clareador. Assim, raízes expostas
e áreas cervicais não devem ser imediatamente restauradas após o
clareamento com peróxido de carbamida a 10%.
Soares et al. (2004) relataram que o oxigênio é um inibidor da
polimerização do monômero resinoso. Como o agente clareador é baseado na
ação do oxigênio difundido na estrutura dental, após a realização do
clareamento, os resíduos deste produto são encontrados no interior do
substrato dental, que interage com o monômero resinoso, interferindo no
26
processo de polimerização do compósito diminuindo assim a efetividade da
formação da camada híbrida. Deste modo, segundo os autores, deve-se
aguardar 15 dias, após o término do clareamento, para a realização de
restaurações adesivas.
Cunha (2004) avaliou o efeito do peróxido de hidrogênio a 35% na
resistência de união de diferentes sistemas adesivos (a base de álcool, acetona
e primer autocondicionante) ao esmalte dental, em diferentes períodos de
tempo. (24h, 7 e 14 dias) Cinquenta terceiros molares humanos recémextraídos, divididos aleatoriamente em 12 grupos, sendo 3 controles e 9
experimentais, tiveram suas coroas seccionada em sentido mesiodistal e
vestibulolingual, obtendo-se 4 fragmentos por dente, que foram abrasionados
em suas superfícies lisas para a obtenção de uma área plana em esmalte. Os
espécimes de controle (Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3) foram armazenados em
água destilada, durante todo o experimento, enquanto os espécimes dos
grupos experimentais foram clareados com peróxido de hidrogênio a 35%
(Whitness HP- FGM), durante uma sessão de três aplicações, e armazenados
em água destilada por 24 horas (Grupo 4, Grupo 7 e Grupo 10), 7 dias (Grupo
5, Grupo 8 e Grupo 11) e 14 dias (Grupo 6, Grupo 9 e Grupo 12).
Posteriormente, cones de resina composta Z-250 foram fixados, utilizando para
os grupos 1, 4 ,5 e 6 o sistema adesivo Single Bond; para os grupos 2, 7, 8 e 9
o Primer Bond N.T; e, para os grupos 3,10,11 e 12 o Clearfil SE Bond. Em
seguida, foram submetidos ao teste de resistência de união à tração, em
máquina de ensaio universal, à velocidade de 5mm/min. Os resultados
submetidos à análise de variância ANOVA (p > 0,05), demonstraram que o
peróxido de hidrogênio a 35% não alterou os valores de resistência de união,
quando comparado ao grupo controle, independentemente do sistema adesivo
utilizado e dos diferentes tipos testados. O padrão predominante de falhas
ocorridas nos grupos clareados foi do tipo coesivo em resina composta,
enquanto que nos grupos controle predominou a fratura mista (adesiva/ coesiva
em resina composta).
O objetivo do trabalho de Basting (2005) foi fazer uma revisão da
literatura sobre o emprego do peróxido de carbamida nas técnicas de
clareamento dental e seus efeitos na micromorfologia e rugosidade superficial
das estruturas dentais. No mecanismo do clareamento, após a oxidação do
27
peróxido de carbamida, há a liberação de uréia e peróxido de hidrogênio o
qual, por ser instável, decompõe-se em água e oxigênio, penetrando nos poros
dos tecidos produzindo a quebra dos anéis de carbono pigmentados. Se este
procedimento for prolongado, o que depende da concentração do produto e do
grau de escurecimento do dente, pode haver alteração estrutural no esmalte e
dentina devido a alterações na matriz protéica. Estas alterações nos tecidos
dentais duros podem se manifestar através de poros, erosão, diminuição da
lisura superficial facilitando a retenção da placa bacteriana e o desenvolvimento
de lesão cariosa. O aumento dos poros pode facilitar a penetração do agente
clareador até os tecidos moles internos provocando sensibilidade durante o uso
do produto clareador. A autora concluiu que, ainda, não se pode afirmar que
alterações micromorfológicas são reversíveis e que elas não são perceptíveis
clinicamente.
De acordo com Legramandi (2005) a introdução de várias técnicas de
clareamento dental, bem como o lançamento de vários agentes clareadores em
diferentes concentrações e formas de ativação, tornou necessária a
investigação de sua ação sobre as estruturas dentais. Assim este estudo teve
como objetivo testar as hipóteses de que a técnica de clareamento com
peróxido de hidrogênio diminui a resistência adesiva à dentina dos sistemas
adesivos convencionais contendo como solvente a acetona ou água e etanol e
do sistema adesivo autocondicionante, e que após sete dias do clareamento os
valores de resistência adesiva a dentina humana retornam aos valores dos
dentes
não
submetidos
ao
clareamento.
Foram
confeccionados
162
espécimes, divididos em 9 grupos: Grupo 1- (controle) – sistema adesivo
convencional Prime & Bond NT. Grupo 2- (controle) – sistema adesivo
convencional
Single
Bond;
Grupo
3-
(controle)
–
sistema
adesivo
autocondicionante Clearfil SE Bond; Grupo 4 – clareamento com Whiteness HP
e adesão imediata com sistema adesivo convencional Prime & Bond; Grupo 5 clareamento com Whiteness HP e adesão imediata com sistema adesivo
convencional com Single Bond; Grupo 6 - clareamento com Whiteness HP e
adesão imediata com sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond;
Grupo 7 – clareamento com Whiteness HP; armazenado em estufa a 37%
durante 7 dias e sistema adesivo convencional Primer & Bond; Grupo 8 clareamento com Whiteness HP; armazenado em estufa a 37% durante 7 dias
28
e sistema adesivo convencional Single Bond; Grupo 9 - clareamento com
Whiteness HP; armazenado em estufa a 37% durante 7 dias e sistema adesivo
autocondicionante Clearfil SE Bond. Todos os dentes foram restaurados com
resina composta TPH e submetidos aos teste de microtração. O autor concluiu
que a técnica de clareamento dental com peróxido de hidrogênio a 35%
promoveu uma diminuição da resistência adesiva à dentina do sistema adesivo
que apresenta acetona como solvente (Primer & Bond NT) e que os valores da
resistência adesiva foram recuperados 7 dias após o clareamento dental; a
técnica de clareamento dental com o peróxido de hidrogênio a 35% não alterou
a resistência adesiva à dentina do sistema adesivo que apresenta água e
etanol
como
solvente
(Single
Bond)
e
para
o
sistema
adesivo
autocondicionante (Clearfill SE Bond).
Gama et al. (2006) avaliaram o efeito do ascorbato de sódio na
aceleração da liberação do oxigênio residual, em esmalte e dentina de dentes
pós-clareados, através da infiltração marginal em restaurações de resina
composta
microhíbrida
com
tecnologia
adesiva
convencional
e
autocondicionante. Foram selecionados 40 terceiros molares humanos hígidos
extraídos, sendo submetidos a tratamento clareador externo durante 15 dias.
Duas cavidades estritamente proximais foram confeccionadas num mesmo
elemento. Os dentes foram divididos em 2 grupos, os quais foram subdivididos
em 8 subgrupos: 1A (controle) – sem clareamento, restaurados com o sistema
adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 1B – clareados e
restaurados imediatamente com o sistema adesivo Stae SDI® e a resina
composta Glacier SDI®; 1C – clareados, tratados imediatamente com o
ascorbato de sódio a 10% e restaurados com o sistema adesivo Stae SDI® e a
resina composta Glacier SDI®; 1D – clareados e restaurados após 15 dias com
o sistema adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 2A (controle)
– sem clareamento, restaurados com o sistema adesivo Prompt L-pop
3M/ESPE® e a resina composta Filtek Z250 3M/ESPE®; 2B – clareados e
restaurados imediatamente com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®;
2C – clareados, tratados imediatamente com ascorbato de sódio a 10% e
restaurados com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®; 2D – clareados
e restaurados após 15 dias com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®.
Os sistemas restauradores adesivos foram empregados obedecendo às
29
recomendações do fabricante. Os resultados mostraram que não existe
diferença significante entre os subgrupos quando o substrato é esmalte, e que
existe diferença quando o substrato é dentina – havendo pelo menos um dos
subgrupos que difere dos demais. O teste de comparações pareadas indicaram
diferença significante entre: 1A com cada um dos subgrupos: 1D, 1C, 2D, 2C e
2B; entre 2A com cada um dos subgrupos: 2D, 2C e 2B; entre 1D com 2C;
entre 1C com cada um dos subgrupos: 1B e 2C; entre 1B com cada um dos
subgrupos 2D, 2C e 2B; bem com entre 2C e 2B. A comparação entre os
subgrupos, com emprego do sistema adesivo convencional Stae/SDI®,
evidencia que tanto em esmalte quanto em dentina a média foi menos elevada
em 1C e foi mais elevada em 1A, havendo diferença significante. O contraste
resina composta/dente pós-clareamento, evidencia a necessidade de troca das
restaurações estéticas que se apresentam escuras. Quando o substrato
envolvido foi o esmalte verificou-se melhor performance quando utilizado o
sistema adesivo convencional imediatamente após o clareamento. Após o uso
do ascorbato de sódio afirmam que a adesão sofre incremento sobre o esmalte
clareado quando comparada ao esmalte não clareado. Tratando-se da dentina
o desempenho adesivo em dentes pós-clareados adquiriu comportamento
diferenciado. Foi observado melhoria do selamento marginal quando utilizado o
ascorbato de sódio ou aguardados 15 dias de espera pós-clareamento para
realização da restauração, independentemente do sistema adesivo empregado.
O ascorbato de sódio possibilita a aceleração da remoção do oxigênio residual
em dentes pós-clareados, trazendo melhorias evidentes para o selamento
marginal quando se emprega o sistema adesivo convencional testado em
esmalte e o autocondicionante em dentina.
Franco et al. (2007) avaliaram a compatibilidade de união pela interação
química dos adesivos com as resinas compostas. Para confecção dos corposde-prova, foi utilizado um conjunto de matrizes de aço inoxidável composto de
duas partes, sendo que cada parte apresentava um orifício central cônico com
8mm de diâmetro maior, 5mm de diâmetro menor e 1mm de espessura. Uma
das partes da matriz foi preenchida com uma das resinas compostas e
fotoativada por 20s. Após, os sistemas adesivos eram aplicados à superfície da
resina composta correspondente à área de união com microbrush. A segunda
parte da matriz foi posicionada sobre a primeira para permitir a inserção da
30
outra porção de resina composta para confecção da outra metade do espécime
com resina composta e devido contato com a área de união, de acordo com os
passos descritos para a primeira porção. Para a padronização e controle da
potência do aparelho fotopolimerizador, foi utilizado um radiômetro. Após o
período de uma hora o conjunto foi adaptado a um dispositivo especial e
submetido ao teste de tração na Máquina Universal de Ensaios Kratos. O teste
foi realizado à velocidade de 0,5mm/min até o momento da fratura do
espécime, registrando-se o valor requerido para ruptura em quilograma/força
por centímetro quadrado. (kgf/cm2) Foram estabelecidos nove grupos, num
total de 45 corpos-de-prova, sendo cinco espécimes para cada condição
experimental. As diferentes marcas comerciais de resinas compostas foram
combinadas com cada um dos três sistemas adesivos. Os resultados foram
submetidos à análise estatística de variância a dois critérios, que indicou
diferença estatisticamente significante na resistência de união nas interações
dos adesivos simplificados com as diferentes resinas compostas. Estas
observações justificam-se pela interação química favorável entre os sistemas
adesivos que apresentam basicamente, nas suas composições, o metacrilato,
o qual está presente também nas resinas compostas. A análise dos dados
permite observar que as combinações propostas comportam-se igualmente, ou
bem
semelhante,
perante
a
força
de
tração,
evidenciando
que
a
compatibilidade química entre sistemas adesivos simplificados e resinas
compostas utilizadas constitui alternativa viável na prática restauradora, sem
prejuízo em relação à resistência à tração.
31
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa levanta a hipótese de que a aplicação do agente
altamente volátil, a acetona, pode acentuar a evaporação do agente clareador
que permanece no interior das estruturas dentais duras após clareamento,
permitindo a troca da restauração imediatamente após o término dos
procedimentos clareadores.
Trata-se de uma pesquisa experimental. Foram confeccionadas, na face
vestibular de terceiros molares humanos extraídos, provenientes do Banco de
Dentes do Curso de Odontologia da UNIVALI, 46 cavidades classe V em forma
de oito com 5mm de largura por 2mm de altura e 2mm de profundidade
(Fotografia 1), com ponta diamantada cilíndrica em alta-rotação (Fotografia 2)
sob refrigeração.
Fotografia 1- Cavidade Classe V em forma de oito.
Fotografia 2- Ponta diamantada cilíndrica em alta rotação
32
Foram constituídos dois grupos: grupo 1 com 23 corpos-de-prova
(controle) – submetido ao clareamento e restaurado imediatamente com
compósito e sistema de união a base de acetona (Prime & Bond 2.1); grupo 2
com 23 corpos-de-prova (experimental) – submetido ao clareamento, aplicação
de acetona (por 30s) e restaurado imediatamente com compósito e sistema de
união a base de acetona (Prime & Bond 2.1).
Foi utilizado o agente clareador Whiteness Perfect (FMG), a base de
peróxido de carbamida a 16% (Fotografia 3), durante 7 dias, 2 horas diárias,
de acordo com as recomendações do fabricante.
Fotografia 3- Agente clareador whiteness perfect 16%
As cavidades foram restauradas pela técnica adesiva úmida utilizando
os produtos de acordo com as recomendações dos fabricantes, em incremento
único com o compósito microhíbrido Master Fill A4- Biodinâminca (Fotografia 4)
fotopolimerizado por vestibular durante 40 segundos com uma unidade
fotopolimerizadora
Gnatus
Optilight
600
com
intensidade
de
luz
de
350mW/cm2.
Fotografia 4- Compósito microhíbrido máster fill A4
Após estes procedimentos, foi aplicado verniz de unha em todo o corpode-prova exceto 1mm ao redor da cavidade restaurada (Fotografia 5).
33
Fotografia 5- Verniz de unha aplicado no corpo-de-prova
Após a imersão dos corpos-de-prova em azul de metileno por 24 horas,
eles foram seccionados transversalmente com disco diamantado de dupla face
e os cortes foram analisados, tanto na parede oclusal como na cervical, por
três
examinadores, em
lupa
estereoscópica,
seguindo
os
escores
preconizados pela International Standardization Organization (ISO, 1994): 0 –
sem microinfiltração; 1 – com microinfiltração na parede de esmalte; 2 – com
microinfiltração na parede de dentina e 3 – com microinfiltração envolvendo a
parede axial. Os resultados obtidos foram anotados em uma ficha de avaliação
que está em apêndice.
A análise estatística foi realizada levando em consideração a quantidade
de vezes que cada escore apareceu nos dois grupos, com a realização de um
ranking de média. Foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis para a comparação
das médias.
34
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
As frequências dos vários escores encontrados na visualização em lupa
estereoscópica estão mostradas no quadro 1.
Escores de infiltração
1–
2–
3–
Grupos
Soma
infiltração
infiltração
infiltração na
em esmalte em dentina parede axial
Controle
18
25
49
Zero
92
Experimental
4
12
76
Zero
92
Soma
22
37
125
zero
184
Quadro 1 – Freqüência dos escores de infiltração marginal em restaurações de classe
V em compósito sem e com a aplicação de acetona previamente aos procedimentos
adesivos e restauradores.
0 – sem
infiltração
Para testar as hipóteses de que as proporções de infiltração são iguais
para os dois grupos (hipótese nula) e de que são diferentes para os dois
grupos (hipótese alternativa) foi realizado o cálculo do qui-quadrado ( 2)
(Tabela 1)
Tabela 1 – Cálculo de qui-quadrado para os valores de frequência dos escores de
infiltração em restaurações de classe V em compósito sem e com a aplicação de
acetona previamente aos procedimentos adesivos e restauradores.
Escores de infiltração
0 – sem
1 – infiltração
2 – infiltração
Grupos
Soma
infiltração
em esmalte
em dentina
Controle
4,454545
2,283784
2,916000
9,654329
Experimental
4,454545
2,283784
2,916000
9,654329
2
(qui-quadrado)
19,308658
Obs.: 2 tabelado = 5,99 ( com 2 graus de liberdade e p=0,05)
Como
2
calculado foi igual a 19,30 e
2
tabelado é igual a 5,99 foi
rejeitada a hipótese de proporções iguais para os dois grupos. Por este motivo
podemos afirmar, com 95% de probabilidade de acerto (p=0,05) que a
infiltração ocorre de modo diferente para os dois grupos.
Para saber qual o grupo que apresentou menor infiltração foi feito o
cálculo da proporção sem infiltração (escore 0) no grupo controle (p1= 18/92 =
35
0,195652 ou 19,5652% e da proporção sem infiltração (escore 0) no grupo
experimental (p2= 4/92 = 0,043478 ou 4,3478%). Para verificar se a diferença
entre p1 e p2 (15,2174%) aconteceu por acaso ou se foi em função do grupo
controle ser mais eficiente do que o grupo experimental foi feito um cálculo e
encontrado o valor de Z calculado com sendo 3,18.
Como Z calculado foi 3,18 e Z tabelado 1,96 pode-se afirmar com 95%
de confiabilidade (p=0,05) que o grupo controle apresentou mais escores 0
(sem infiltração) do que o grupo experimental.
Da mesma maneira, com Z calculado 2,39 e Z tabelado 1,96 pode-se
afirmar com 95% de confiabilidade que o grupo experimental apresentou
menos escores 1 (infiltração no esmalte) do que o grupo controle.
Com Z calculado 4,26 e Z tabelado de 1,96 pode-se afirmar com 95% de
probabilidade de acerto que o grupo controle apresentou menos escores 2
(infiltração em dentina) do que o grupo experimental.
Verifica-se, então, que para o escore 0 (sem infiltração) o grupo controle
com 19,56% dos casos foi superior ao grupo experimental com 4,34% dos
casos; para o escore 1 (infiltração no esmalte)
o grupo experimental com
13,04% dos casos foi superior ao grupo controle com 27,17% dos casos e para
o escore 2 (infiltração em dentina) o grupo controle com 53,26% dos casos foi
superior ao grupo experimental com 82,60% dos casos. (tabela 2)
Tabela 2 – Valores de frequência e porcentagem dos três escores para infiltração em
restaurações de classe V em compósitos sem e com a aplicação de acetona
previamente aos procedimentos adesivos e restauradores.
Grupo controle
Grupo experimental
Frequência
%
Frequência
%
Escores
0 sem
18
19,565217
4
4,3478261
infiltração
1 infiltração no
25
27,173913
12
13,043478
esmalte
2 infiltração na
49
53,26087
76
82,608696
dentina
36
5 DISCUSSÃO
A hipótese apresentada nesta pesquisa é de que a acetona aplicada
sobre a cavidade em dentes clareados, antes dos procedimentos de
condicionamento ácido, aplicação do sistema de união e do compósito, poderia
eliminar o oxigênio residual proveniente do agente clareador permitindo, com
isso, a restauração imediatamente após o término do clareamento dental.
Há muito tempo é motivo de discussão o tempo que se deve esperar
entre o clareamento dental e a realização da restauração definitiva com o
auxílio da técnica de condicionamento ácido das estruturas dentais e do uso de
sistemas de união. De acordo com Titley et al. (1988) a união do material
restaurador ao esmalte condicionado após clareamento com peróxido de
hidrogênio a 35% é diminuída. Também Haywood e Heymann (1991) relataram
que há inicialmente diminuição das forças de união ao esmalte condicionado
após clareamento dental, mas que esta união aproxima-se do normal após sete
dias. Esta redução é confirmada por McGuckin, Thurmond e Osovitz (1992)
que justificam que ela é motivada pela presença de oxigênio residual que
permanece na superfície das estruturas dentais clareadas o qual pode interferir
na polimerização dos compósitos.
Machida, Anderson e Bales (1992 apud
BARATIERI et al., 1993) verificaram que esta diminuição das forças de união
dos compósitos ao esmalte condicionado e clareado também é verificada com
o uso de peróxido de carbamida.
Mendonça e Paulillo (1998) observaram em sua pesquisa que houve
diminuição na força de união na interface restauração/esmalte clareado devido
à presença de bolhas provocadas pelo peróxido residual que permaneceram
até 14 dias após o clareamento. Verificaram, também, que após este período a
adesividade voltou ao normal.
Da mesma maneira, Swift Junior e Perdigão (1998) afirmaram que a
causa primária da redução da força de união das restaurações adesivas às
estruturas dentárias é provavelmente a presença de peróxido ou oxigênio
residual, os quais interferem na polimerização dos sistemas de união e dos
materiais restauradores. Os autores relataram que os clínicos deveriam adiar
por uma semana os procedimentos restauradores adesivos após clareamento
37
porque o oxigênio residual pode comprometer a força de união ao esmalte. Se
por qualquer razão não houver condições de adiamento, o esmalte deve ser
asperizado e deve ser usado um sistema de união com acetona.
Estudos realizados por Crim (1992) observaram microinfiltração na
interface dente/restauração logo após a exposição aos agentes clareadores e a
conclusão do autor foi que esses agentes motivaram essa microinfiltração. O
fato da ocorrência dessa microinfiltração sugere uma solução de continuidade
entre a restauração e a estrutura do dente após os procedimentos clareadores.
Sua pesquisa demonstrou que o selamento marginal da restauração de
compósito que foi exposta ao clareamento pelo peróxido de carbamida pode
ser seriamente afetado. Isto pode ter sido provocado pelo agente clareador
tanto no material restaurador quanto na estrutura dura do dente ou em ambos.
O autor cita que estudos realizados por Kalilli et al. (1991) observaram um
grande desgaste abrasivo provocado por escovação em dentes submetidos ao
clareamento.
Os pesquisadores Stind e Quenette (1989) afirmaram que as soluções
de peróxido de carbamida a 10% e 15% decompõem-se em uréia e peróxido
de hidrogênio o qual, por sua vez, se decompõem em água e oxigênio, o qual é
liberado para os tecidos dentais duros.
Na apresentação dos agentes clareadores, mais especificadamente do
peróxido de hidrogênio, Baratieri et al. (1993) afirmaram que o processo de
clareamento, na verdade, é um processo de oxidação no qual há a remoção da
mancha que provoca o escurecimento devido à liberação de oxigênio. Os
mesmos autores quando relataram a ação do peróxido de carbamida a 10%
indicam que esta solução pode ou não conter o polímero carbopol e que a sua
presença provoca a liberação lenta de oxigênio.
Shinohara, Rodrigues e Pimenta (2001) verificaram aumento de
microinfiltração na interface dentina/material restaurador em dentes submetidos
ao peróxido de carbamida a 37% e ao perborato de sódio. Informaram que,
embora as reações de clareamento ainda não sejam totalmente conhecidas, a
hipótese é que haja a difusão do peróxido de hidrogênio através da dentina e
do esmalte. Os autores relataram que Titley et al. (1988) com análise em
microscopia eletrônica de varredura em dentes não-clareados mostraram
numerosos e bem definidos tags de resina na interface dente/sistema de
38
união/compósito em contraste com dentes submetidos ao clareamento com
peróxido de carbamida a 35% nos quais os tags eram esparsos, curtos, mal
definidos e estruturalmente incompletos, demonstrando uma camada híbrida de
baixa qualidade facilitando a microinfiltração marginal.
Por outro lado, os mesmos autores afirmaram que estudos mais
recentes não detectaram a presença de oxigênio na superfície do esmalte
clareado rejeitando, assim, a hipótese que o oxigênio residual liberado pelo
agente clareador possa interferir no processo de polimerização do sistema de
união/material restaurador. Outro fato a ser levado em consideração, salientado
pelos autores, é a presença de túbulos na dentina que podem aumentar o grau
de penetração do agente clareador e a difusão do oxigênio residual da câmara
pulpar através da dentina. A conseqüência pode ser a maior concentração de
oxigênio residual nas margens porosas da dentina em comparação com as
margens de esmalte, aumentando assim a microinfiltração.
Pelos motivos expostos acima a hipótese levantada pelos pesquisadores
deste estudo é a possibilidade de um agente altamente volátil, no caso a
acetona, aplicado sobre a cavidade em dentes clareados, antes dos
procedimentos restauradores na eliminação o oxigênio proveniente do agente
clareador que permanece nos tecidos dentais duros permitindo, com isso, que
a restauração definitiva seja realizada imediatamente após o término do
clareamento dental.
Segundo Attin et al. (2004) o efeito do agente de união ao esmalte
clareado com peróxido de carbamida depende do solvente contido nesse
agente utilizado. No entanto, segundo estes autores, existem controvérsias
sobre se os sistemas de união contendo acetona são capazes de reverter o
efeito negativo do clareamento do esmalte com peróxido de carbamida sobre a
força de união. Sung et al. (1999) relataram evidências que há uma significativa
diferença entre forças de união em esmalte clareado e não-clareado quando se
usa um sistema de união a base de acetona o que não acontece com os testes
realizados com os sistemas de união contendo álcool.
Por outro lado, Kalili et al. (1991 apud CRIM, 1992) e Barghi e Godwin
(1994) relataram que sistemas de união com acetona e também outros
solventes, tais como a acetona pura ou álcool, foram capazes de reduzir
39
significantemente os efeitos adversos no clareamento do esmalte provocados
pelo peróxido de carbamida.
Barghi e Godwin (1994) afirmaram que o peróxido de hidrogênio e o
oxigênio, que são solúveis em água, podem prontamente atingir o fluido
dentinário através do esmalte e serem liberados mais tarde através de uma
superfície de difusão. A existência de espaços de ar na interface dente/sistema
de união favorece sobremaneira a credibilidade da provável teoria da difusão
do oxigênio residual. Os autores concordam que agentes voláteis, como o
álcool e a acetona bem como agentes de união contendo estes solventes
podem diminuir a microinfiltração na interface dente/restauração; no entanto,
em sua publicação, em nenhum momento relatam em que estado estes
solventes foram aplicados, se puros ou misturados com outras substâncias, ou
ainda, qual a metodologia empregado na sua aplicação, ou seja, tempo e forma
de aplicação, com ou sem aplicação de ar e/ou água etc.
A afirmativa que a acetona auxilia na eliminação ou redução do oxigênio
residual diminuindo a microinfiltração marginal não foi confirmada pela presente
pesquisa na qual o escore dois, isto é, microinfiltração até atingir a dentina foi o
mais prevalente (76 observações) no grupo experimental no qual a acetona foi
aplicada antes dos procedimentos restauradores na tentativa de volatilizar o
oxigênio resultante da oxidação do peróxido de carbamida. Apenas 4
observações para o escore 0 (zero – sem microinfiltração) e 12 para o escore 1
(com microinfiltração somente em esmalte) foram verificadas no grupo
experimental.
Em primeira análise, a acetona pura aplicada por 30 segundos antes dos
procedimentos restauradores não foi capaz de auxiliar na volatilização mais
rápida dos agentes residuais do agente
clareador.
Nesta
pesquisa,
inicialmente, pensou-se em utilizar a acetona usada pelas manicures para
remoção do esmalte de unha, no entanto, isto não foi feito com fundamentação
no fato de esta solução conter outras substâncias que poderiam interferir no
processo de microrretenção mecânica do sistema de união. Do mesmo modo,
o tempo de aplicação da acetona foi, empiricamente, determinado em 30
segundos, pois não foi encontrada na literatura, nenhuma pesquisa
determinando o tempo correto.
40
Como se pode observar no quadro 1, nenhuma leitura foi feita
confirmando o escore 3, isto é, microinfiltração atingindo a parede axial da
cavidade classe V. Acreditamos não ser possível creditar este resultado à
ação da acetona pois, se assim fosse, este solvente deveria também ser capaz
de impedir a microinfiltração em dentina e esmalte. Poder-se-ia, talvez, pensar
na possibilidade de que o tempo que as amostras permaneceram imersas na
solução traçante tivesse sido insuficiente para a microinfiltração até a parede
axial. No entanto, as pesquisas mostram que o tempo de 24 horas é o mais
utilizado.
Outra possibilidade que não pode ser descartada é o ângulo do corte. O
mais correto seria realizar vários cortes ao longo da restauração. Devido ao
fato de que
os túbulos dentinários não
seguem
trajetos
retilíneos,
microinfiltrações até a parede axial podem não ter sido detectadas porque o
corte foi feito quando o azul de metileno estava ainda em dentina da parede
lateral da cavidade ou em esmalte.
Pesquisas, tal como a de Titley et al. (1988) e Siqueira et al. (1997)
concluíram ser necessário vigorosa irrigação com soro fisiológico a fim de
remover o máximo de oxigênio residual após o clareamento, para que a união
seja realmente eficaz. Tal fato levou os autores a definir em 20ml a quantidade
de soro fisiológico para irrigação antes da execução da restauração final.
Talvez a quantidade de acetona aplicada na presente pesquisa aliada ao
limitado tempo possa ser responsável de não-eliminação total do oxigênio
residual. Para se saber se realmente a acetona é capaz de eliminar o oxigênio
residual mais pesquisas são necessárias com diferentes quantidades da
solução, diferentes concentrações e diferentes tempos de aplicação, seguidos
ou não da aplicação de jatos de água e/ou ar.
Outros pesquisadores e, entre eles, Gama et al. (2006) pesquisaram
uma substância chamada ascorbato de sódio observando a possibilidade de
contribuir para eliminar o oxigênio residual ou reduzir sua quantidade nos
tecidos duros do dente submetido ao clareamento.
Refletindo sobre o resultado obtido nesta pesquisa pôde-se especular
que pelo fato de que a concentração da acetona pura utilizada ser muito alta e
por ter sido deixada sobre o dente durante um tempo de 30 segundos a reação
acabou sendo inversa, a qual foi um fator determinante na microinfiltração.
41
Por este motivo, foi realizado um estudo piloto, com a mesma
metodologia desta pesquisa modificando apenas o produto e o tempo de
aplicação. Houve divisão em dois grupos cada um contendo três elementos. No
grupo 1 foi aplicada a acetona pura e a cavidade imediatamente seca,
alterando o tempo. Já no grupo 2 foi utilizada uma solução a base de acetona,
usada também pelas manicures para remoção de esmalte da unha, no tempo
de 30 segundos. Os resultados obtidos pelo projeto piloto foram otimistas em
relação ao primeiro, pois na análise da microinfiltração marginal observamos
apenas microinfiltração no esmalte, sendo a grande maioria sem infiltração.
Ratifica-se, assim, a afirmação anterior de que há necessidade de novas
pesquisas com aplicação de acetona em diferentes concentrações e por
distintos tempos.
42
6 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos e de acordo com a metodologia
empregada pode-se afirmar que a aplicação de acetona pura durante o tempo
de 30s após os procedimentos de clareamento com peróxido de carbamida a
16% não é eficaz na eliminação do oxigênio residual e na redução ou
eliminação da microinfiltração marginal. Pode-se deduzir que o tempo de
aplicação e a concentração do produto estão diretamente ligados aos
resultados.
43
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46
APÊNDICE
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE AGENTES VOLÁTEIS NA ELIMINAÇÃO DO
OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO – ANÁLISE
ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL
Acadêmicas: Andressa Vargas Martins da Silva e Juliana Tormena
Orientador: Prof. Nivaldo Murilo Diegoli
FICHA DE ANOTAÇÃO DOS VALORES DA MICROINFILTRAÇÃO
Amostras
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Grupo 1 (Controle)
Parede oclusal
Parede cervical
Grupo 2 (Experimental)
Parede oclusal
Parede cervical
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