UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ANDRESSA VARGAS MARTINS DA SILVA JULIANA TORMENA AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ACETONA NA ELIMINAÇÃO DO OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO – ANÁLISE ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL Itajaí (SC) 2009 1 ANDRESSA VARGAS MARTINS DA SILVA JULIANA TORMENA AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ACETONA NA ELIMINAÇÃO DO OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO – ANÁLISE ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Nivaldo Murilo Diegoli Itajaí (SC) 2009 2 FOLHA DE APROVAÇÃO 3 DEDICATÓRIA A Deus Por sua grandiosidade em iluminar nossas vidas todos os dias nesta caminhada. Aos nossos pais Por tanto amor, carinho e dedicação a nós. Vocês nos ensinaram a importância de ter objetivos na vida, responsabilidade, honestidade e respeito que são fundamentais para nossas conquistas. Obrigada pelo estímulo e apoio constante, enfim, por nossas vidas. Amamos muito vocês. Aos nossos irmãos Verdadeiros conselheiros e amigos. Vocês são parte de nossas vidas que nos alegram e nos tornam ainda mais especiais. Obrigada por compartilharem conosco mais esta conquista. Amamos vocês. Aos nossos avós Pelo exemplo dado, de dedicação, amor, carinho. Pela maneira especial que contribuíram para o nosso crescimento e amadurecimento. Por toda a experiência compartilhada acreditando sempre no nosso sucesso. Amamos vocês. Aos nossos namorados Pelo apoio constante, paciência e dedicação, estando sempre ao nosso lado incentivando e acreditando em nosso potencial. Amamos vocês. 4 AGRADECIMENTOS Ao Professor Nivaldo Murilo Diegoli Nosso querido orientador e amigo, agradecemos a sua confiança, incentivo e carinho. Seremos sempre gratas aos seus conselhos e orientações que se tornam parte de nossa formação profissional e humana. Você sem dúvida é um dos grandes responsáveis pela concretização deste projeto. A você todo o respeito e admiração. Adoramos você. À Professora Elisabete Rabaldo Bottan Ao seu amor e dedicação à docência, aos ensinamentos transmitidos, sempre nos incentivando com muita gentileza e boa vontade sendo um grande exemplo de pessoa humana e profissional. Aos professores da Banca Avaliadora Por terem aceito nosso convite com muita satisfação, dando disponibilidade e atenção as nossas solicitações, contribuindo para a conclusão deste trabalho e formação profissional. Aos nossos amigos Pela disposição, companheirismo e apoio que sempre tiveram para nos ajudar. Aos funcionários, Agradecemos pela atenção, presteza e amizade. A todos que de maneira direta ou indiretamente contribuíram na realização deste projeto. 5 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE UM AGENTE VOLÁTIL NA ELIMINAÇÃO DO OXIGÊNIO RESIDUAL APÓS CLAREAMENTO CASEIRO – ANÁLISE ATRAVÉS DA MICROINFILTRAÇÃO MARGINAL Andressa Vargas Martins da SILVA e Juliana TORMENA Orientador: Prof. Nivaldo Murilo DIEGOLI Data de defesa: setembro de 2009 Resumo: A proposta desta pesquisa foi verificar se a acetona tem capacidade de eliminar mais rapidamente os resíduos do agente clareador. Foram confeccionadas na face vestibular de terceiros molares, 46 cavidades classe V e constituídos dois grupos: grupo controle – submetido ao clareamento e restaurado imediatamente; grupo experimental – submetido ao clareamento, aplicação de acetona (por 30s) e restaurado imediatamente. Foi utilizado o clareador Whiteness (FMG), a base de peróxido de carbamida a 16%, durante 7 dias, 2 horas diárias. Foi usado o sistema de união Prime&Bond e o compósito Master Fill A4 em incremento único. Foi aplicado verniz de unha em todo o corpo-de-prova exceto 1mm ao redor da cavidade restaurada. Após a imersão dos corpos-de-prova em azul de metileno por 24 horas, eles foram seccionados transversalmente e os cortes foram analisados em lupa estereoscópica, seguindo os escores preconizados pela ISO (International Standardization Organization, 1994): 0 – sem microinfiltração; 1 – com microinfiltração na parede de esmalte; 2 – com microinfiltração na parede de dentina e 3 – com microinfiltração envolvendo a parede axial. A análise estatística foi realizada levando em consideração a quantidade de vezes que cada escore apareceu nos dois grupos, com a realização de um ranking de média. Foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis para a comparação das médias. Os resultados foram, respectivamente para os escores 0, 1, 2 e 3: controle – 18 – 25 – 49 e 0 com porcentagem de 19,56% – 27,17% – 53,26%; experimental – 4 – 12 – 76 e 0 com porcentagem de 4,34% – 13,04% – 82,60%. Os autores concluíram que com esta metodologia é possível afirmar que a acetona não auxilia na volatilização do oxigênio residual. Palavras-chave: acetona, infiltração dentária, materiais dentários 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................07 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................09 3 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................31 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...............................................................34 5 DISCUSSÃO .........................................................................................................36 6 CONCLUSÃO........................................................................................................42 7 1 INTRODUÇÃO A odontologia, até alguns anos atrás era uma profissão essencialmente curativa, passou para o estágio preventivo embora ainda haja, no nosso país, uma necessidade premente por tratamento curativo. Da mesma maneira, as próteses fixas e as restaurações eram realizadas com material metálico, entre eles, o ouro e as ligas de prata para a substituição de dentes perdidos e para restaurações metálicas fundidas e o amálgama de prata para restaurações diretas. Evidentemente, devido à cor metálica incompatível com as estruturas duras do dente, estas restaurações eram antiestéticas; no entanto, era a mais durável que o profissional da odontologia podia oferecer ao seu paciente. Os meios de comunicação, particularmente a televisão começaram a mostrar ao público a possibilidade e a necessidade de se ter um sorriso “nãometálico” como meio de melhor relacionamento tanto pessoal quanto com os membros da comunidade. Pessoas sem medo de sorrir, evidentemente, têm maiores condições de aceitar e ser aceito pelos seus pares. Além disso, o brasileiro por natureza preocupa-se muito com a sua estética, não somente com todo seu corpo, mas particularmente, com seus dentes. Uma das maneiras de alterar a estética dental e que virou moda (ou modismo) é o clareamento realizado no consultório ou pelo próprio paciente através de moldeiras, mas com supervisão de um profissional da odontologia. Estes clareamentos são realizados geralmente com a utilização de peróxido de hidrogênio ou de carbamida em diferentes concentrações. Muitas vezes, estes clareamentos são realizados em pacientes portadores de restaurações diretas de compósito as quais necessitam ser trocadas, pois tornam-se antiestéticas após o clareamento. Da mesma maneira que clareamentos realizados em dentes despolpados, necessitam ser restaurados. Swift Junior e Perdigão (1998) relatam a necessidade da espera de alguns dias (sete até quinze) antes da realização da restauração final pelo fato de que a permanência do agente clareador nos tecidos dentais, pode alterar a 8 eficácia do sistema de união, comprometendo o resultado final da restauração. A eliminação rápida do agente clareador dos tecidos dentais após o clareamento, faz com que a restauração possa ser realizada imediatamente. Devido à alta capacidade de volatilização da acetona, talvez a sua aplicação sobre os tecidos dentais possa aumentar a rapidez da evaporação do agente clareador residual. Da mesma maneira, a utilização de um sistema de união contendo acetona poderia fazer o mesmo efeito. Por este motivo, a proposta desta pesquisa é verificar, por meio da análise da microinfiltração marginal em restaurações de classe V, se a acetona tem capacidade de eliminar mais rapidamente os resíduos do agente clareador. . 9 2 REVISÃO DE LITERATURA Titley et al. (1988) tiveram como objetivo de seu trabalho avaliar os efeitos do clareamento dental sobre os tecidos duros de 256 incisivos bovinos quanto à resistência à tração e ao cisalhamento. Sobre a superfície do esmalte foram construídos cilindros com dois compósitos após os dentes terem sido submetidos a quatro diferentes tratamentos: 1 - imersos em peróxido de hidrogênio a 35% por 60 minutos e condicionados com ácido fosfórico a 37% por 60 segundos; 2 – imersos em solução salina por 60 minutos e condicionado por 60 segundos com ácido fosfórico a 37%; 3 – condicionados com ácido fosfórico por 60 segundos e imersos em peróxido de hidrogênio a 35% por 60 minutos; 4 – condicionados por 60 segundos com ácido fosfórico a 37% e imersos em solução salina por 60 minutos. Após isso, as amostras foram armazenadas em água a 37ºC por um e sete dias antes dos testes de tração e cisalhamento. As análises estatísticas dos resultados mostraram que houve redução altamente significativa da força de união dos compósitos quando o esmalte foi exposto ao peróxido de hidrogênio em comparação com o grupo de exposição à solução salina. A análise à microscopia eletrônica de varredura de amostras fraturadas e selecionadas aleatoriamente indicaram que esta redução quanto à força de união ocorreu inicialmente na interface de união esmalte/compósito. Foram observadas diferenças pequenas significativamente na força de união nas amostras do grupo controle com relação ao tipo de compósito, tempo de armazenagem e seqüência de condicionamento ácido. A finalidade do estudo de Stind e Quenette (1989) foi fornecer informações sobre o papel de um agente de oxigenação, o peróxido de carbamida em solução de glicerol na prevenção e controle de doença periodontal. A remoção da placa dental é um método geralmente aceito na prevenção e controle desta doença. Várias pesquisas identificaram a placa bacteriana como fator primário na etiologia da doença periodontal. No entanto, muitas pessoas têm dificuldade na remoção mecânica da placa ou podem apresentar limitações físicas que impedem a capacidade efetiva de escovação. Como conseqüência, na atualidade foram intensificadas as pesquisas por um agente que remova a placa dental. Em seu Relatório Técnico, número 26, a 10 Federação Dentária Internacional faz um apanhado sobre a eficácia dos antibióticos, antissépticos, agentes químicos, irrigantes, pastas e sua lenta liberação na remoção ou inibição da placa dental. Além disso, sugeriu que investigações de antissépticos oxigenados como agentes antiplacas merecem atenção devido à sua potencial capacidade de afetar bactérias anaeróbias responsáveis pela doença periodontal. Considerando que a técnica conservativa de clareamento de dentes vitais com a utilização noturna de peróxido de carbamida a 10% tem atraído a preferência dos profissionais da odontologia, o objetivo do trabalho de Haywood e Heymann (1991) foi avaliar a segurança do produto usado nos procedimentos clareadores com base em pesquisas anteriores e atuais. A solução de peróxido de carbamida a 10% utilizado em numerosos estudos tem demonstrado propriedades cicatriciais de tecido mole bem como propensão à redução de placa e gengivite. Nenhum destes estudos clínicos revelou qualquer efeito deletério e todos demonstraram efeitos benéficos. Embora exista alguma preocupação com relação aos potenciais efeitos do peróxido de carbamida quanto à carcinogênese, com relação à toxicidade ou dano aos tecidos duros e moles esta preocupação parece infundada. A maioria das pesquisas atuais e passadas e a literatura indicam que a solução de peróxido de carbamida utilizado atualmente no método indicado para o clareamento de dentes vitalizados é aparentemente seguro quando aplicado corretamente sob a supervisão do cirurgião-dentista. O propósito de trabalho de Crim (1992) foi verificar se o peróxido de carbamida afeta o selamento marginal de cavidades com sistemas restauradores. Foi avaliado o efeito do gel clareador de peróxido de carbamida quanto à microinfiltração de cavidades de classe V de dentes humanos extraídos restaurados com compósito nas quais foram utilizados dois sistemas de união. As cavidades foram preparadas na junção cemento-esmalte das faces vestibular e lingual totalizando 40 preparos. Em metade das cavidades foi utilizado o sistema de união Scotchbond 2 e o compósito Silux Plus e na outra metade foi usado o sistema de união Prisma Universal Bond 3 e o compósito APH. Cinco dentes de cada grupo foram aleatoriamente selecionados e 11 armazenados em água destilada a 37ºC constituindo o grupo controle. Os dentes restantes foram expostos ao peróxido de carbamida gel por períodos de três horas por dia durante nove dias. Nos períodos sem exposição as amostras foram armazenadas em água destilada. Após isso, todas as amostras foram termocicladas por 100 ciclos. A microinfiltração foi avaliada por meio da verificação da penetração do agente traçante. Os resultados demonstraram que o peróxido de carbamida testado tem efeitos deletérios aumentando a microinfiltração nas cavidades em que foram usados ambos os sistemas de união. O objetivo da pesquisa de McGuckin, Thurmond e Osovitz (1992), foi examinar a resistência ao cisalhamento da união em esmalte em tempos variados após o término do clareamento em dentes vitais. Foram usados 160 incisivos, molares e pré-molares; três agentes clareadores: Superoxol, Proxigel e White&Brite; em cinco tempos diferentes: 1, 6, 24 horas, 3 e 7 dias. A área testada com 2,9mm de diâmetro, foi condicionada por 30s, lavada por 30s e seca por 15s. Os sistemas de união utilizados foram o Scotchbond 2 (SB2) e o Scotchbond Dual Cure (SBDC). O cilindro foi confeccionado com o compósito Silux Plus. O teste foi realizado na máquina de ensaio universal Instron com velocidade de 2mm/min. Os resultados foram, respectivamente para os cinco tempos: Superoxol (SB2) - 18,9MPa±4,8 - 19,6MPa±4,7 - 19,8MPa±7,1 29,6MPa±4,1 - 23,5MPa±4,8; (SBDC) - 23,8MPa±7,8 - 27,5MPa±2,9 28,4MPa±6,9 - 28,8MPa±3,2 - 26,7MPa±6,3; Proxigel (SB2) - 24,0MPa±3,0 18,1MPa±7,5 - 18,8MPa±7,4 - 24,2MPa±4,5 - 31,2MPa±5,9; (SBDC) 28,0MPa±6,7 - 25,8MPa±5,0 - 19,7MPa±7,9 - 27,3MPa±1,8 - 25,2MPa±1,5; White&Brite (SB2) - 22,7MPa±6,5 - 12,4MPa±5,6 - 20,3MPa±5,2 - 22,7MPa±5,8 - 25,9MPa±2,5; (SBDC) - 20,9MPa±4,0 - 19,4MPa±4,3 6,4MPa±5,0 - 28,9MPa±3,8 - 28,7MPa±2,8; Grupo Controle - SB2 29,3MPa±10,3 e 31,0MPa±4,4. Os autores concluíram que deve ser esperado, no mínimo 7 dias, antes de se fazer a restauração em esmalte clareado e que uma das possíveis conseqüências da restauração feita muito cedo é o aumento da microinfiltração. 12 Baratieri et al. (1993) referem-se ao agente clareador peróxido de hidrogênio afirmando que ele pode ser utilizado em várias concentrações sendo, no entanto, mais utilizado na concentração de 30 a 35%. A sua reação é fundamentada na liberação de óxidos, os quais penetram no esmalte e na dentina (nos túbulos dentinários) iniciando o clareamento. Esta reação não é somente um processo de oxidação devido à liberação de oxigênio. Quanto à solução de peróxido de carbamida a 10%, ela pode ou não conter carbopol, o qual interfere na velocidade de liberação de oxigênio. O carbopol é um polímero carboxipolimetileno cuja finalidade é tornar a solução mais espessa, melhorando a aderência aos tecidos duros do dente e prolongar o tempo de liberação do oxigênio. As soluções sem carbopol liberam oxigênio mais rapidamente e necessitam de um tempo menor para o clareamento. O objetivo do trabalho de Barghi e Godwin (1994) foi avaliar o efeito de vários tratamentos da superfície dental clareada antes dos procedimentos de união com o fim de reduzir ou eliminar os efeitos do agente clareador. Foram utilizados molares humanos extraídos cujas superfícies de esmalte foram desgastadas e, após terem sido imersos em clareadores caseiros e de consultório, sobre elas confeccionado um cilindro de compósito unido ao esmalte com sistemas de união. Os dentes foram divididos em sete grupos de acordo com o tratamento de superfície e submetidos aos testes de resistência ao cisalhamento. Os resultados foram, respectivamente, para clareadores de consultório e caseiros: grupo álcool etílico: 18,20MPa±4,81 e 16,69MPa±6,09 grupo acetona: 14,17MPa±2,56 e 10,99MPa±2,14 - grupo solução A agente de união dentinário: 22,36MPa±5,54 e 11,67MPa±2,92 - grupo solução A+B agente de união dentinário: 24,34MPa±4,99 e 16,94MPa±4,90 - grupo Dry Bond + solução A agente de união dentinário: 21,28MPa±5,29 e 19,60MPa±2,63 - grupo álcool + solução A agente de união dentinário: 16,47MPa±5,25 e 19,26MPa±6,02 e grupo controle: 9,62MPa±5,51 e 11,88MPa±6,59. Os autores concluíram que os efeitos negativos do agente clareador podem ser reduzidos ou eliminados pelo tratamento das superfícies clareadas com solução aquosa modificada (álcool ou acetona) ou agente de união contendo acetona. 13 Fortuna (1996) através de um trabalho in vitro, procurou avaliar a influência dos agentes clareadores a base de peróxido de carbamida na possível diminuição da força adesiva de resinas compostas ao esmalte clareado. Cento e cinqüenta incisivos humanos recém-extraídos foram submetidos a um regime de 8 horas/dia em contato com um agente clareador a base de peróxido de carbamida a 10% disponível comercialmente (Opalescence, Ultradent, Inc.) durante 30 dias simulando sua utilização clinicamente para tratamento clareador. Foram realizadas restaurações com resina híbrida (Herculite XRV, Sybron Kerr) na face vestibular dos dentes em intervalos de tempo de 24 horas, 5 dias e 10 dias permanecendo durante esse período imersos em solução salina a 0,9% a 37 graus e umidade relativa. Matrizes plásticas medindo 3x3mm foram utilizadas no intuito de padronizar as restaurações submetidas à força de cisalhamento e os valores medidos registrados em quilograma/força. Resultados mostraram inequivocadamente que o peróxido de carbamida afeta a adesão das resinas compostas aplicadas no esmalte clareado, tendo desaparecido este efeito após 5 dias do fim do clareamento, mantendo-se até os 10 dias após, onde os dentes clareados apresentam força e adesão igual aos do grupo controle. Assim, o efeito do peróxido-contaminante irá depender do tempo, devendo ser aguardado 5 dias para a realização de restaurações adesivas. Siqueira et al. (1997) testaram a resistência ao cisalhamento de dentes submetidos a duas técnicas de clareamento. Foram utilizados 50 incisivos centrais superiores, divididos em 5 grupos, a saber: controle (só abertura coronária), clareamento sem calor, clareamento catalisado por calor controlado, clareamento catalisado por calor controlado e restauração com resina composta de última geração e dentes hígidos. Após o teste de cisalhamento, constatou-se que, nos dentes submetidos ao clareamento dental com perborato de sódio/Peridrol com ou sem aplicações de calor controlado, apesar de estes apresentarem leve diminuição da resistência ao cisalhamento, esta não é estatisticamente significante quando comparada com a dos dentes em que se executa o acesso endodôntico sem clareamento. A restauração do dente após o clareamento dental com adesivo dentinário de 4ª geração e resina fotopolimerizada aumenta a resistência do elemento dental clareado. Não 14 existem diferenças estatísticas de resistência ao cisalhamento entre dentes clareados sem o uso de calor e aqueles em que o calor foi empregado de forma controlada, como preconizado neste estudo. Dentes hígidos apresentam resistência maior do que os dentes clareados com calor, sem calor e aqueles não clareados, com significância estatística no nível de 5%. Já com os dentes clareados e restaurados, os dentes hígidos não mostraram diferenças estatísticas significantes A proposta do estudo de Swift Junior (1997) foi realizar um resumo das informações disponíveis sobre os efeitos dos agentes clareadores nos materiais restauradores. Foi verificado que alterações na morfologia do esmalte clareado podem contribuir para a diminuição das forças de adesão. No entanto, embora tenham sido observadas alterações de textura, dureza e resistência à fratura, alguns estudos mostram pequenos ou mesmo nenhum efeito nas propriedades físicas do esmalte. Não foi relatada diminuição na força de união provocada por alterações químicas do esmalte. As análises espectroscópicas mostram pequenas mudanças químicas no esmalte submetido ao peróxido de hidrogênio a 35%. Foi relatada que a causa principal da redução da força de união é provavelmente a presença de oxigênio ou peróxido residuais, os quais interferem na polimerização do sistema de união e do material restaurador. As projeções (tags) de resina fluida adesiva (bond) no esmalte clareado são menos numerosas e não bem definidas. Elas também são mais facilmente fraturadas e menores em comparação com àquelas do esmalte não clareado. A recomendação mais comum dos autores é adiar qualquer procedimento de união após o clareamento por 24 horas a 1 semana. Foi sugerida que a remoção superficial do esmalte após o clareamento pode restaurar a força de união até níveis normais. Foi também sugerido por autores que o uso de soluções aquosas de acetona ou álcool ou o uso de sistemas de união contendo esses elementos, pode reverter os efeitos adversos do clareamento na força de união em esmalte. Apesar dos efeitos deletérios dos agentes clareadores na força de união em esmalte e, talvez, em dentina, estudos avaliando a infiltração em cavidades restauradas em estrutura dental pré-clareada não mostram sinais de microinfiltração marginal. Quando o clínico realizar restaurações em esmalte clareado deve esperar uma semana para 15 permitir a liberação do oxigênio residual que pode comprometer a força de união do compósito ao esmalte. Se por qualquer razão o adiamento não puder ser feito, o esmalte deve ser asperizado e usado um sistema de união contendo acetona. Segundo Mendonça e Paulillo (1998) com a valorizaçäo da estética, o clareamento caseiro vem demonstrando ser uma alternativa bastante viável dentro da filosofia conservadora da dentística atual. Porém, muitas dúvidas surgem em relaçäo à eficácia e segurança dos agentes clareadores. A proposta deste trabalho é, pela revisäo da literatura, discutir diversos pontos divergentes, como desgate na superifície do esmalte, possíveis alteraçöes pulpares, danos aos tecidos moles, diferença na adesäo resina/esmalte, assim como efeito carcinogênico, que estäo frequentemente limitando a utilizaçäo das substâncias a base de peróxido de carbamida pelos profissionais. Swift Junior e Perdigão (1998) abordaram as alterações que o clareamento provoca nos dentes, particularmente sobre a interface denterestauração, através de revisão de literatura sobre o assunto. Verificaram que, após 24 horas de tratamento com peróxido de carbamida a 10%, há diminuição em 40% da resistência ao cisalhamento. No entanto, há pesquisas que não encontraram diferença entre dentes clareados ou não, quando os espécimes são imersos em saliva artificial ou solução salina durante ou após o clareamento. Não há evidência de que a saliva tenha ação benéfica sobre o esmalte clareado e nem como esse efeito poderia ocorrer. Alguns autores especulam sobre a possibilidade de o oxigênio residual ter influência sobre a polimerização dos adesivos diminuindo a força de união. Os tags resinosos seriam menos numerosos, menos definidos e bem mais curtos no esmalte clareado. Teoricamente, os poros do esmalte, a dentina e o fluido dentinário poderiam funcionar como depósitos do oxigênio residual. Entre os métodos para evitar a redução da força de união em dentes clareados está a recomendação para esperar até duas semanas antes de fazer a restauração. Outro método, mais radical, é de se retirar a camada superficial de tecido. Há, também, a possibilidade da limpeza dos tecidos clareados com solventes, tais 16 como acetona e álcool (etanol) e, também, o uso de adesivos contendo estes solventes para reverter o efeito adverso sobre a resistência de união. Ramos e Villa (1999) avaliaram a alteração da cor em resinas compostas sob ação do peróxido de carbamida a 10%. Foram selecionados 9 dentes bovinos. O preparo das cavidades para as resinas compostas foi padronizado com 5mm de diâmetro e 1mm de profundidade. Os dentes preparados foram divididos em três grupos: Grupo D- Degufill H (Degussa), Grupo P- Prodigy (Kerr) e Grupo C- Charisma (Kulzer). Cada material foi testado por meio de três corpos-de-prova. A cor selecionada foi a A2, segundo a escala Vita. O sistema adesivo utilizado foi o Scotchbond (3M), seguindo as instruções do fabricante. Após restauradas, foram acabadas e polidas com pontas diamantadas finas e ultrafinas e discos Soft-lex em campo molhado. Os corpos-de-prova foram levados à estufa a 37°C e 100% de umidade por 24 horas, foram microfilmados e tiveram suas imagens digitalizadas pelo sistema Accucam, para análise comparativa por meio do programa Adobe Photoshop 4.0, que quantifica a porcentagem de cor da superfície da resina composta, tanto clareamento como escurecimento. Dez pixels foram escolhidos na superfície do corpo-de-prova, sendo cinco na parte central e cinco periféricos. Desses 10 pontos obtidos de cada corpo-de-prova, foi calculada uma média e a porcentagem da alteração de cor em cada material. Os corpos-de-prova foram tratados com peróxido de carbamida 10% sobre a restauração de resina composta, durante 14 dias. Os corpos-de-prova foram novamente filmados no 7° e no 14° dia de aplicação e tiveram suas imagens digitalizadas para análise da alteração de cor pelo software. Todas as resinas compostas sofreram clareamento, no entanto, ele foi maior nos primeiros sete dias e estabilizou-se após esse período. A resina composta Prodigy, que apresenta partículas microhíbridas, sofreu maior porcentagem de alteração de cor. Em segundo lugar, a Degufill H, com partículas híbridas. A Charisma, composta por micropartículas, sofreu a menor variação na cor de sua superfície. Portanto, é necessário, realizar a troca de restaurações em resina composta antigas após o clareamento de dente, quando houver comprometimento estético. O objetivo da pesquisa de Souza (1999) foi verificar o efeito de diferentes técnicas de clareamento na infiltração marginal de dentes restaurados. Em 60 17 pré-molares foi realizada a abertura coronária, esvaziamento dos canais e confecção de um tampão cervical na sua embocadura. Os dentes foram separados em grupos de acordo com a técnica de clareamento utilizada: grupo 1 -técnica imediata (peróxido de hidrogênio a 30% e ativação com fonte de luz ultravioleta); grupo 2 - técnica mediata (peróxido de hidrogênio a 30% e perborato de sódio); grupo 3 - técnica imediata + mediata; grupo 4 - técnica caseira (peróxido de carbamida a 10%); grupo 5 - técnica caseira + técnica mediata e grupo 6 - controle, não submetido ao tratamento clareador. Após o clareamento foi feito um tampão com pasta de hidróxido de cálcio e água destilada nas cavidades que foram seladas provisoriamente com ionômero de vidro. Após 10 dias em água foi confeccionada a restauração da cavidade com condicionamento com ácido a 35%, aplicação do sistema adesivo Scotchbond Multi-uso Plus (3M) e compósito Z-100 (3M). O polimento foi realizado 07 dias após. Os dentes foram termociclados imersos em fucsina básica a 0,5% por 24 horas para depois ser feita a leitura da penetração do corante. Foi observado que nenhum grupo impediu a infiltração marginal, e que a técnica imediata mostrou os maiores valores de infiltração e os grupos com perborato de sódio os menores valores. O uso de peróxido de carbamida a 10% não influenciou no aumento da infiltração marginal comparado ao grupo controle. Spyrides et al. (1999) avaliaram a influência dos agentes clareadores na adesão dentinária. Para isto, 120 incisivos bovinos foram inicialmente cortados por lingual expondo a câmara pulpar que foi posteriormente vedada. Os dentes foram incluídos em resina autopolimerizável. A superfície dentinária foi regularizada para o teste, foi realizada a profilaxia, descontaminação e limitação da área de teste. Os corpos-de-prova foram aleatoriamente divididos em 8 grupos experimentais com 15 repetições em cada e dois grupos foram de controle, ou seja, sem o uso de agente clareador. Os demais grupos foram submetidos a três tratamentos clareadores superficiais. A avaliação adesiva foi realizada em dois tempos: um e sete dias após o clareamento. Para o teste mecânico de resistência ao cisalhamento, foi utilizada uma máquina Instron com velocidade de 0,5mm/min até a quebra ou deslocamento da resina aderida ao corpo-de-prova. Decorrido o prazo de 7 dias após o tratamento clareador, os valores da força de adesão sobre a dentina recuperam, em parte, os níveis de adesão, mas são significativamente menores do que os da dentina controle 18 não-clareada de um dia. Na técnica de clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10%, os resultados adesivos não recuperaram os níveis de adesão, mantendo a redução na ordem de 75% mesmo após o prazo de sete dias, comparando com o resultado da dentina controle não-clareada de um dia. Sung et al. (1999) realizaram um trabalho com a finalidade de avaliar o efeito sobre três sistemas de união na resistência ao cisalhamento de um compósito em esmalte pré-clareado com peróxido de carbamida a 10%. Em 24 molares humanos extraídos foram usadas as duas faces, uma para controle outra para experimento, formando seis grupos com 8 corpos-de-prova. Foi testado o agente clareador Proxigel com uma aplicação de seis horas por dia durante 5 dias consecutivos e posterior armazenamento em solução salina a 25°C. Após isso, foi feito condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 30s, lavagem com água por 10s e aplicação do sistema adesivo: grupos 1 e 4 - AllBond 2 (sem e com clareador ); grupos 2 e 5 - Optibond ( sem e com clareador); grupos 3 e 6 - One-Step (sem e com clareador). Foram construídos cilindros com 2,95mm de diâmetro com compósito Herculite XRV sobre a área tratada e os corpos-de-prova foram submetidos à termociclagem (1000 ciclos) com temperatura entre 5 e 55°C. Os testes foram realizados na máquina de ensaio universal Instron com a ponta em forma de cunha à velocidade de 0,5mm/min. Os resultados foram, respectivamente, para corpos-de-prova sem e com clareamento: Optibond – 19,6MPa±2,9 e 23,7MPa±5,6 ; All Bond – 20,4MPa±2,3 e 14,9MPa±4,0; One Step – 23,0MPa±3,9 e 13,6MPa±5,9. Os resultados apontaram que apenas o All-Bond e o One-Step apresentaram diferença estatisticamente significante entre o grupo controle e o experimental. Os autores chegaram à conclusão que o Optibond, que contém álcool em sua composição, é capaz de reduzir ou eliminar os efeitos deletéricos do oxigênio residual no processo de união ao esmalte. Campos e Pimenta (2000) analisaram com o auxílio de uma revisão de literatura qual o tempo que se deve esperar para substituir com segurança restaurações de compósito após o clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10%. Concluíram que restaurações de compósito, que necessitem ser trocadas por motivos estéticos, não devem ser substituídas imediatamente após o término do clareamento dental caseiro, pois isso pode ocasionar aumento da microinfiltração e menores valores de resistência à tração e ao 19 cisalhamento, além de provocar alterações na forma dos tags. Segundo os autores, deve-se aguardar pelo menos 21 dias para a troca com segurança dessas restaurações, tanto em esmalte quanto em dentina/cemento. Shinohara, Rodrigues e Pimenta (2001) avaliaram a microinfiltração de restaurações classe V de compósitos em dentes submetidos a diferentes clareadores caseiros. Foram utilizados 120 dentes bovinos distribuídos em: grupo 1 – 40 dentes submetidos à pasta aquosa de perborato de sódio; grupo 2 – 40 dentes submetidos ao peróxido de carbamida a 37% e grupo 3 – 40 dentes controle em água. O agente clareador foi colocado na câmara pulpar durante 21 dias e trocado a cada 7 dias. Foram confeccionadas cavidades classe V no limite amelocementário com 2mm de diâmetro e de profundidade, as quais foram condicionadas com ácido fosfórico a 35%. Foi utilizado o sistema de união SingleBond e o compósito Z100 em incremento único. Foi feita a termociclagem (5 e 55ºC ± 1) com 150 ciclos e banho de 60s. Os dentes foram cobertos com verniz de unha exceto a restauração e 1mm ao seu redor e, logo após, imersos em azul de metileno a 2% por 4 horas. A seguir foram seccionados e examinados em estereomicroscópio com aumento de 35 vezes para verificar a extensão da penetração do corante segundo o seguinte critério: 0 – sem infiltração; 1- infiltração até 1/3 da parede lateral; 2 – até 2/3 da parede lateral; 3 – infiltração em toda a parede lateral; 4 – infiltração incluindo a parede axial. Os resultados foram, respectivamente, para perborato de sódio, peróxido de carbamida e controle, em ranking de médias: parede em esmalte – 2104,5 – 2200,0 e 1690,5; parede em dentina – 2313,5 – 2416,0 e 1265,5. Considerando que os grupos experimentais apresentaram médias superiores de microinfiltração quando comparados ao grupo controle os autores concluíram que os agentes clareadores testados têm influência na interface dente-restauração, aumentando a microinfiltração. Fayad et al. (2002) fizeram uma avaliação do selamento de restaurações de compósito utilizando sistemas de união que empregam diferentes tratamentos da estrutura dental, após a técnica de clareamento. Em quinze prémolares humanos, foram confeccionadas cavidades classe V com dimensões padronizadas nas superfícies vestibular e lingual. Foi utilizado o agente clareador perborato de sódio, acrescido de água, em todas as cavidades e esta solução foi trocada duas vezes em intervalos de quatro dias. Dez dias após a 20 última troca foram realizadas restaurações com compósito Z100, com a utilização dos sistemas de união Scothbond Plus (4º geração) e Clearfil Liner Bond II (6º geração- autocondicionante). O polimento foi realizado 24 horas após. Os dentes foram impermeabilizados com esmalte de unha com exceção de 1mm próximo às margens cavitárias e imersos em rodamina B a 2% por 24 horas. Os elementos foram seccionados no sentido vestíbulo-lingual e analisados em lupa estereoscópica par mensurar a infiltração marginal. Os resultados mostraram que, nas duas condições experimentais, mais de 85% das restaurações apresentaram infiltração marginal em dentina e no grupo do Scothbond Plus o escore 2 (infiltração atingindo dentina) foi o mais prevalente, com 11 amostras. No grupo do Clearfil Liner Bond II, o escore 2 atingiu 8 amostras e o escore 3 (infiltração até a parede axial), 4 amostras. Os autores concluíram que não houve diferença estatisticamente significante entre os dois sistemas de união após a técnica de clareamento. Erhardt, Castro e Pimenta (2002) consideram que há grande influência do sorriso na composição estética da face e da aparência; os pacientes vêm dando maior destaque a esse ramo da odontologia, e com isso há uma crescente busca, por materiais e técnicas que sejam adequados efetivamente aos problemas que envolvem a estética. A alteração de cor dos dentes é um aspecto que afeta a harmonia do sorriso; com isso a opção mais utilizada e importante no tratamento estético é o clareamento dental vital e não-vital, cujo mecanismo químico está baseado em reações de oxidação dos agentes clareadores, os quais possuem baixo peso molecular e capacidade de desnaturar proteínas, possibilitando a passagem de íons através da estrutura dental. O gel peróxido de carbamida a 10% surge da associação de peróxido de hidrogênio a 3%, e de uréia a 7%. O peróxido de hidrogênio irá se decompor em radicais livres, oxigênio e água; já a uréia se dissocia em amônia e dióxido de carbono. Estas substâncias são consideradas fortes agentes oxidantes que reagem com macromoléculas responsáveis pelos pigmentos. Através do processo de oxidação, os materiais orgânicos vão sendo convertidos em compostos de menor peso molecular, que irão remover pigmentos da estrutura dental por difusão. Um período mínimo de duas semanas deve ser esperado, para realizar restaurações com resinas compostas, pois o agente clareador e seus subprodutos ficam na estrutura dental, causando interferências no 21 processo de polimerização das resinas compostas. Com a evolução dos sistemas adesivos e resinas compostas, diversas técnicas restauradoras adesivas vêm se desenvolvendo, colaborando ainda mais no sucesso do tratamento estético. Este trabalho descreve a associação de tratamentos clareadores com condutas restauradoras diretas, para pacientes insatisfeitos esteticamente com seu sorriso. O propósito da pesquisa de Silva, Pereira e Silva (2003) foi verificar a influência do clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10% em dentes humanos na resistência adesiva à dentina no tempo de 24 horas e 2 semanas após o tratamento clareador. Vinte molares humanos hígidos foram seccionados no sentido mesiodistal obtendo-se 20 amostras vestibulares (grupo I) e 20 palatais (grupo II). No grupo I foi aplicado o peróxido de carbamida a 10% em gel (Nupro Gold - Dentsply) permanecendo em estufa por 8 horas; após isso as amostras foram lavadas, voltando à estufa por 16 horas. O grupo II seguiu os mesmos passos, porém, sem a aplicação do peróxido de carbamida. Estes procedimentos foram repetidos diariamente durante duas semanas. Vinte e quatro horas após o último procedimento o esmalte foi removido expondo a superfície dentinária, na qual foi aplicado um sistema de união de frasco único e compósito. Decorridas 24 horas foi realizado o teste de resistência ao cisalhamento. Duas semanas após o clareamento, os mesmos procedimentos foram realizados nas amostras restantes. Os resultados mostraram que no tempo de 24 horas após o clareamento, o grupo clareado apresentou maior força de união do que o controle; já, após 2 semanas não existiu diferença entre os grupos, logo a força de união voltou ao normal. Ulukapi, Benderli e Ulukapi (2003) investigaram o efeito, quanto à infiltração marginal, do peróxido de carbamida a 10% aplicado antes e após a realização de restaurações de amálgama e compósitos. Em terceiros molares humanos extraídos foram confeccionadas cavidades classe V, na face lingual, com 4mm de largura por 2mm de altura por 2mm de profundidade com a parede oclusal em esmalte. Em 10 dentes ( grupo I) foi feito o condicionamento com ácido fosfórico a 37%, utilizado o sistema de união SingleBond e o compósito Filtek Z250 fotopolimerizados por 20s. Foi feita a termociclagem (4ºC e 55ºC ± 4ºC= 150 ciclos) com tempo de imersão de 30s. Os corpos-deprova foram imersos em peróxido de carbamida a 10% ( renovado diariamente) 22 por períodos de 8 horas durante 14 dias. Outros 10 dentes ( grupo II) foram imersos em solução clareadora pelo mesmo período, foram feitas as cavidades, restauradas e termocicladas da mesma maneira que o grupo I. Mais 10 dentes (grupo controle) tiveram as restaurações realizadas e foram termociclados da mesma maneira, porém, não foram submetidos ao clareador. Todos os dentes foram selados com cera pegajosa exceto a restauração e 1mm ao seu redor, imersos em solução de azul de metileno a 1% por 24 horas e seccionados no sentido vestíbulo-lingual. Os corpos-de-prova foram examinados em microscópio de luz para verificar a extensão da microinfiltração de acordo com o seguinte escore: 0 – sem infiltração; 1 – infiltração no esmalte; 2 – infiltração na dentina. Os resultados foram, respectivamente para os grupos I, II e controle: escore 0 – 0 corpo-de-prova, 1 corpo-de-prova e 6 corpos-deprova; escore 1 – 0 corpo-de-prova, 4 corpos-de-prova e 4 corpos-de-prova; escore 2 – 10 corpos-de-prova, 5 corpos-de-prova e 0 corpo-de-prova. Os escores 2 e 3 que evidenciam microinfiltração foram encontrados em maior quantidade de corpos-de-prova dos grupos I e II em comparação com o grupo controle. Os autores concluíram que o peróxido de carbamida a 10% tem influência na microinfiltração marginal de restaurações de compósito aumentando-a. O objetivo do estudo de Uysal et al. (2003) foi determinar o efeito do agente clareador peróxido de hidrogênio a 35% na resistência ao cisalhamento de bráquetes ortodônticos unidos imediatamente e após 30 dias depois do clareamento. Foram usadas as faces vestibulares de 60 pré-molares extraídos divididos em três grupos de 20 dentes: grupo A – condicionamento com ácido fosfórico a 37% e colocação do bráquete; grupo B e C - ambos com clareamento com peróxido de hidrogênio a 35% - grupo B – colocação do bráquete imediatamente e grupo C – armazenamento em saliva artificial e colocação do bráquete após 30 dias. A área de união dos bráquetes de aço foi de 10mm2 e foi usado o sistema de união Transbond XT polimerizado por 20s. Os testes foram realizados na máquina de ensaio universal Testometric com velocidade de 0,5mm/min. Os resultados foram: grupo A – 12,9MPa±3,4 – grupo B – 12,0MPa±4,6 e grupo C – 14,8MPa±4,0. Os autores concluíram que o uso do sistema de união imediatamente após a aplicação do agente clareador não afeta a resistência ao cisalhamento; que a imersão dos dentes 23 clareados em saliva artificial não tem efeito significante na resistência ao cisalhamento, mas o tempo de espera entre o clareamento e a colagem de bráquetes por 2 a 3 semanas pode ser benéfica. A finalidade da revisão de literatura de Attin et al. (2004) foi verificar os efeitos do peróxido liberado pelos agentes clareadores nas restaurações de materiais restauradores diretos. Clareadores intracoronários, em dentes despolpados, contendo peróxido de carbamida a 37%, ou peróxido de hidrogênio a 30% e perborato de sódio, induzem o mais alto padrão de microinfiltração em compósitos restauradores tanto no acesso à cavidade endodôntica quanto em classe V colocados imediatamente após o término do clareamento. Nas classes V, o aumento da microinfiltração após a aplicação intracoronal do peróxido de carbamida foi detectado somente nas margens em dentina e não em esmalte. O padrão de microinfiltração das restaurações do acesso endodôntico aumentou proporcionalmente ao aumento do tempo de aplicação da mistura do peróxido de hidrogênio com o perborato de sódio. Desse modo, uma aplicação de 7 dias resulta em um selamento inferior quando comparado a uma aplicação de 1 a 4 dias. Uma aplicação, por pouco tempo, de hidróxido de cálcio no interior da cavidade após o uso de clareador é capaz de reverter o efeito negativo do peróxido de hidrogênio. Há controvérsias sobre o efeito do peróxido de carbamida a 10% usado em clareamento externo caseiro. Há relatos de que este clareador não prejudica o selamento de classe V próximo à junção amelocementária. Por outro lado, outros autores relataram que restaurações na face vestibular com margens em esmalte produziram padrões de microinfiltração aumentados significantemente quando realizadas após aplicação de peróxido de carbamida a 10%. Alguns pesquisadores observaram significante redução do selamento nos acessos endodônticos restaurados com compósitos uma semana após a aplicação do peróxido de carbamida a 10% no interior da câmara pulpar. Basting et al. (2004a) avaliaram a resistência ao cisalhamento de dentina tratada com dois clareadores contendo peróxido de carbamida. O teste foi realizado quinze dias após o tratamento e os corpos-de-prova foram armazenados em saliva artificial. Foram feitos três grupos (n=20): controle, clareado com Rembrandt I (10%) e com Opalescence (10%) com aplicação diária por 8 horas durante 42 dias, após os quais, foram armazenados em 24 saliva artificial por 14 dias, totalizando 56 dias. O grupo controle ficou em água deionizada também por 56 dias. Foi usado um sistema de união e um compósito para confecção do cilindro para os testes. As superfícies de fratura foram examinadas em lupa estereoscópica. Os resultados mostraram maiores valores de resistência ao cisalhamento em dentina tratada com Opalescence a 10% do que a dentina tratada com Rembrandt a 10% e o grupo controle. Os autores concluíram que o peróxido de carbamida a 10% não causa diferença de resistência ao cisalhamento em dentina após os corpos-de-prova ficarem armazenados em saliva artificial. A finalidade do trabalho de Basting et al. (2004b) foi avaliar a resistência ao cisalhamento de um sistema de união em esmalte tratado com peróxido de carbamida em diferentes concentrações após 15 dias de armazenamento em saliva artificial. Foram testados sete agentes clareadores com concentração entre 10 e 22%, aplicados ao esmalte por 8 horas diárias durante 42 dias e, logo após, armazenados individualmente em saliva artificial por mais 15 dias. Durante os intervalos das aplicações os dentes ficaram imersos em saliva artificial. Foi usado um sistema de união para fixar os cilindros de compósito sobre a área tratada. Não houve diferença estatisticamente significante entre os vários clareadores. As superfícies foram examinadas em lupa estereoscópica e evidenciaram predominantemente fraturas adesivas. Os autores concluíram que após 15 dias imersos em saliva artificial os corpos-deprova submetidos a diferentes concentrações de peróxido de carbamida apresentaram iguais valores estatísticos de resistência ao cisalhamento. Cavalli, Giannini e Carvalho (2004) realizaram um estudo para verificar se o agente clareador contendo peróxido de carbamida (PC) tem efeito sobre a resistência à tração de esmalte. O esmalte da coroa de doze molares foi condicionado com ácido fosfórico a 37% por 30s, lavado e seco com ar, e sobre ele foi aplicado o sistema de união Single Bond. A coroa foi coberta com o compósito TPH Spectrum formando um bloco e armazenada em água a 37°C por 24 horas. O bloco foi cortado em fatias com 0,7mm de espessura e no centro, com uma broca diamantada foram feitos dois sulcos de maneira que as duas partes ficassem ligadas por uma fina lâmina de esmalte com área aproximada de 0,5mm2. (0,7 por 0,7mm2) Foram formados seis grupos (n=10): grupo 1 – controle, grupo 2 – Opalescence (PC a 10%); grupo 3 – Opalescence 25 (PC a 15%); grupo 4 – Opalescence (PC a 20%); grupo 5 – Whiteness (PC a 10%) e grupo 6 – Whiteness (PC a 16%). Os corpos-de prova foram expostos à solução de 0,1ml do agente clareador diluído em 0,05ml de saliva artificial por 8h em 14 dias consecutivos. Após cada sessão diária de clareamento os corpos-de-prova foram levemente lavados com água deionizada por 10s e armazenados em saliva artificial a 37°C. Os testes foram realizados na máquina de ensaio universal Instron com velocidade de 0,5mm/min. Os resultados foram: grupo 1 – 47,5MPa±6,1; grupo 2 – 37,6MPa±5,8; grupo 3 – 33,1MPa±6,0; grupo 4 – 31,2MPa±3,5; grupo 5 – 32,5MPa±6,1 e grupo 6 – 30,6MPa±7,7. Considerando que todos os grupos apresentaram valores iguais estatisticamente entre si e menores do que grupo controle, os autores concluíram que o peróxido de hidrogênio tem efeito de redução na resistência à tração de esmalte clareado antes dos procedimentos de união. A proposta do estudo de Miguel et al. (2004) foi avaliar o efeito do gel clareador contendo peróxido de carbamida a 10% na força de união de um sistema de união à dentina. Foram obtidos discos de dentina a partir de terceiros molares humanos, polidos com lixa de granulação 600 e montados na palatal de aparelhos ortodônticos removíveis. Dois discos foram expostos ao peróxido de carbamida a 10% por 2 horas diárias durante 21 dias, enquanto dois discos não foram tratados para servirem como controle. Após o período de tratamento os discos de dentina foram retirados e foi construído um bloco de compósito aderido à estrutura dentinária. Foram obtidos, através de cortes, bastonetes de dentina/compósito para testes de microtração. Os resultados foram: grupo tratado – 29,9MPa±6,2 e grupo controle – 39,2MPa±5,8. Os autores concluíram que o clareamento caseiro com peróxido de carbamida a 10%, por 2 horas diárias durante 21, dias afeta significantemente a força de união quando a dentina é exposta ao agente clareador. Assim, raízes expostas e áreas cervicais não devem ser imediatamente restauradas após o clareamento com peróxido de carbamida a 10%. Soares et al. (2004) relataram que o oxigênio é um inibidor da polimerização do monômero resinoso. Como o agente clareador é baseado na ação do oxigênio difundido na estrutura dental, após a realização do clareamento, os resíduos deste produto são encontrados no interior do substrato dental, que interage com o monômero resinoso, interferindo no 26 processo de polimerização do compósito diminuindo assim a efetividade da formação da camada híbrida. Deste modo, segundo os autores, deve-se aguardar 15 dias, após o término do clareamento, para a realização de restaurações adesivas. Cunha (2004) avaliou o efeito do peróxido de hidrogênio a 35% na resistência de união de diferentes sistemas adesivos (a base de álcool, acetona e primer autocondicionante) ao esmalte dental, em diferentes períodos de tempo. (24h, 7 e 14 dias) Cinquenta terceiros molares humanos recémextraídos, divididos aleatoriamente em 12 grupos, sendo 3 controles e 9 experimentais, tiveram suas coroas seccionada em sentido mesiodistal e vestibulolingual, obtendo-se 4 fragmentos por dente, que foram abrasionados em suas superfícies lisas para a obtenção de uma área plana em esmalte. Os espécimes de controle (Grupo 1, Grupo 2 e Grupo 3) foram armazenados em água destilada, durante todo o experimento, enquanto os espécimes dos grupos experimentais foram clareados com peróxido de hidrogênio a 35% (Whitness HP- FGM), durante uma sessão de três aplicações, e armazenados em água destilada por 24 horas (Grupo 4, Grupo 7 e Grupo 10), 7 dias (Grupo 5, Grupo 8 e Grupo 11) e 14 dias (Grupo 6, Grupo 9 e Grupo 12). Posteriormente, cones de resina composta Z-250 foram fixados, utilizando para os grupos 1, 4 ,5 e 6 o sistema adesivo Single Bond; para os grupos 2, 7, 8 e 9 o Primer Bond N.T; e, para os grupos 3,10,11 e 12 o Clearfil SE Bond. Em seguida, foram submetidos ao teste de resistência de união à tração, em máquina de ensaio universal, à velocidade de 5mm/min. Os resultados submetidos à análise de variância ANOVA (p > 0,05), demonstraram que o peróxido de hidrogênio a 35% não alterou os valores de resistência de união, quando comparado ao grupo controle, independentemente do sistema adesivo utilizado e dos diferentes tipos testados. O padrão predominante de falhas ocorridas nos grupos clareados foi do tipo coesivo em resina composta, enquanto que nos grupos controle predominou a fratura mista (adesiva/ coesiva em resina composta). O objetivo do trabalho de Basting (2005) foi fazer uma revisão da literatura sobre o emprego do peróxido de carbamida nas técnicas de clareamento dental e seus efeitos na micromorfologia e rugosidade superficial das estruturas dentais. No mecanismo do clareamento, após a oxidação do 27 peróxido de carbamida, há a liberação de uréia e peróxido de hidrogênio o qual, por ser instável, decompõe-se em água e oxigênio, penetrando nos poros dos tecidos produzindo a quebra dos anéis de carbono pigmentados. Se este procedimento for prolongado, o que depende da concentração do produto e do grau de escurecimento do dente, pode haver alteração estrutural no esmalte e dentina devido a alterações na matriz protéica. Estas alterações nos tecidos dentais duros podem se manifestar através de poros, erosão, diminuição da lisura superficial facilitando a retenção da placa bacteriana e o desenvolvimento de lesão cariosa. O aumento dos poros pode facilitar a penetração do agente clareador até os tecidos moles internos provocando sensibilidade durante o uso do produto clareador. A autora concluiu que, ainda, não se pode afirmar que alterações micromorfológicas são reversíveis e que elas não são perceptíveis clinicamente. De acordo com Legramandi (2005) a introdução de várias técnicas de clareamento dental, bem como o lançamento de vários agentes clareadores em diferentes concentrações e formas de ativação, tornou necessária a investigação de sua ação sobre as estruturas dentais. Assim este estudo teve como objetivo testar as hipóteses de que a técnica de clareamento com peróxido de hidrogênio diminui a resistência adesiva à dentina dos sistemas adesivos convencionais contendo como solvente a acetona ou água e etanol e do sistema adesivo autocondicionante, e que após sete dias do clareamento os valores de resistência adesiva a dentina humana retornam aos valores dos dentes não submetidos ao clareamento. Foram confeccionados 162 espécimes, divididos em 9 grupos: Grupo 1- (controle) – sistema adesivo convencional Prime & Bond NT. Grupo 2- (controle) – sistema adesivo convencional Single Bond; Grupo 3- (controle) – sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond; Grupo 4 – clareamento com Whiteness HP e adesão imediata com sistema adesivo convencional Prime & Bond; Grupo 5 clareamento com Whiteness HP e adesão imediata com sistema adesivo convencional com Single Bond; Grupo 6 - clareamento com Whiteness HP e adesão imediata com sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond; Grupo 7 – clareamento com Whiteness HP; armazenado em estufa a 37% durante 7 dias e sistema adesivo convencional Primer & Bond; Grupo 8 clareamento com Whiteness HP; armazenado em estufa a 37% durante 7 dias 28 e sistema adesivo convencional Single Bond; Grupo 9 - clareamento com Whiteness HP; armazenado em estufa a 37% durante 7 dias e sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond. Todos os dentes foram restaurados com resina composta TPH e submetidos aos teste de microtração. O autor concluiu que a técnica de clareamento dental com peróxido de hidrogênio a 35% promoveu uma diminuição da resistência adesiva à dentina do sistema adesivo que apresenta acetona como solvente (Primer & Bond NT) e que os valores da resistência adesiva foram recuperados 7 dias após o clareamento dental; a técnica de clareamento dental com o peróxido de hidrogênio a 35% não alterou a resistência adesiva à dentina do sistema adesivo que apresenta água e etanol como solvente (Single Bond) e para o sistema adesivo autocondicionante (Clearfill SE Bond). Gama et al. (2006) avaliaram o efeito do ascorbato de sódio na aceleração da liberação do oxigênio residual, em esmalte e dentina de dentes pós-clareados, através da infiltração marginal em restaurações de resina composta microhíbrida com tecnologia adesiva convencional e autocondicionante. Foram selecionados 40 terceiros molares humanos hígidos extraídos, sendo submetidos a tratamento clareador externo durante 15 dias. Duas cavidades estritamente proximais foram confeccionadas num mesmo elemento. Os dentes foram divididos em 2 grupos, os quais foram subdivididos em 8 subgrupos: 1A (controle) – sem clareamento, restaurados com o sistema adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 1B – clareados e restaurados imediatamente com o sistema adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 1C – clareados, tratados imediatamente com o ascorbato de sódio a 10% e restaurados com o sistema adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 1D – clareados e restaurados após 15 dias com o sistema adesivo Stae SDI® e a resina composta Glacier SDI®; 2A (controle) – sem clareamento, restaurados com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE® e a resina composta Filtek Z250 3M/ESPE®; 2B – clareados e restaurados imediatamente com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®; 2C – clareados, tratados imediatamente com ascorbato de sódio a 10% e restaurados com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®; 2D – clareados e restaurados após 15 dias com o sistema adesivo Prompt L-pop 3M/ESPE®. Os sistemas restauradores adesivos foram empregados obedecendo às 29 recomendações do fabricante. Os resultados mostraram que não existe diferença significante entre os subgrupos quando o substrato é esmalte, e que existe diferença quando o substrato é dentina – havendo pelo menos um dos subgrupos que difere dos demais. O teste de comparações pareadas indicaram diferença significante entre: 1A com cada um dos subgrupos: 1D, 1C, 2D, 2C e 2B; entre 2A com cada um dos subgrupos: 2D, 2C e 2B; entre 1D com 2C; entre 1C com cada um dos subgrupos: 1B e 2C; entre 1B com cada um dos subgrupos 2D, 2C e 2B; bem com entre 2C e 2B. A comparação entre os subgrupos, com emprego do sistema adesivo convencional Stae/SDI®, evidencia que tanto em esmalte quanto em dentina a média foi menos elevada em 1C e foi mais elevada em 1A, havendo diferença significante. O contraste resina composta/dente pós-clareamento, evidencia a necessidade de troca das restaurações estéticas que se apresentam escuras. Quando o substrato envolvido foi o esmalte verificou-se melhor performance quando utilizado o sistema adesivo convencional imediatamente após o clareamento. Após o uso do ascorbato de sódio afirmam que a adesão sofre incremento sobre o esmalte clareado quando comparada ao esmalte não clareado. Tratando-se da dentina o desempenho adesivo em dentes pós-clareados adquiriu comportamento diferenciado. Foi observado melhoria do selamento marginal quando utilizado o ascorbato de sódio ou aguardados 15 dias de espera pós-clareamento para realização da restauração, independentemente do sistema adesivo empregado. O ascorbato de sódio possibilita a aceleração da remoção do oxigênio residual em dentes pós-clareados, trazendo melhorias evidentes para o selamento marginal quando se emprega o sistema adesivo convencional testado em esmalte e o autocondicionante em dentina. Franco et al. (2007) avaliaram a compatibilidade de união pela interação química dos adesivos com as resinas compostas. Para confecção dos corposde-prova, foi utilizado um conjunto de matrizes de aço inoxidável composto de duas partes, sendo que cada parte apresentava um orifício central cônico com 8mm de diâmetro maior, 5mm de diâmetro menor e 1mm de espessura. Uma das partes da matriz foi preenchida com uma das resinas compostas e fotoativada por 20s. Após, os sistemas adesivos eram aplicados à superfície da resina composta correspondente à área de união com microbrush. A segunda parte da matriz foi posicionada sobre a primeira para permitir a inserção da 30 outra porção de resina composta para confecção da outra metade do espécime com resina composta e devido contato com a área de união, de acordo com os passos descritos para a primeira porção. Para a padronização e controle da potência do aparelho fotopolimerizador, foi utilizado um radiômetro. Após o período de uma hora o conjunto foi adaptado a um dispositivo especial e submetido ao teste de tração na Máquina Universal de Ensaios Kratos. O teste foi realizado à velocidade de 0,5mm/min até o momento da fratura do espécime, registrando-se o valor requerido para ruptura em quilograma/força por centímetro quadrado. (kgf/cm2) Foram estabelecidos nove grupos, num total de 45 corpos-de-prova, sendo cinco espécimes para cada condição experimental. As diferentes marcas comerciais de resinas compostas foram combinadas com cada um dos três sistemas adesivos. Os resultados foram submetidos à análise estatística de variância a dois critérios, que indicou diferença estatisticamente significante na resistência de união nas interações dos adesivos simplificados com as diferentes resinas compostas. Estas observações justificam-se pela interação química favorável entre os sistemas adesivos que apresentam basicamente, nas suas composições, o metacrilato, o qual está presente também nas resinas compostas. A análise dos dados permite observar que as combinações propostas comportam-se igualmente, ou bem semelhante, perante a força de tração, evidenciando que a compatibilidade química entre sistemas adesivos simplificados e resinas compostas utilizadas constitui alternativa viável na prática restauradora, sem prejuízo em relação à resistência à tração. 31 3 MATERIAIS E MÉTODOS Esta pesquisa levanta a hipótese de que a aplicação do agente altamente volátil, a acetona, pode acentuar a evaporação do agente clareador que permanece no interior das estruturas dentais duras após clareamento, permitindo a troca da restauração imediatamente após o término dos procedimentos clareadores. Trata-se de uma pesquisa experimental. Foram confeccionadas, na face vestibular de terceiros molares humanos extraídos, provenientes do Banco de Dentes do Curso de Odontologia da UNIVALI, 46 cavidades classe V em forma de oito com 5mm de largura por 2mm de altura e 2mm de profundidade (Fotografia 1), com ponta diamantada cilíndrica em alta-rotação (Fotografia 2) sob refrigeração. Fotografia 1- Cavidade Classe V em forma de oito. Fotografia 2- Ponta diamantada cilíndrica em alta rotação 32 Foram constituídos dois grupos: grupo 1 com 23 corpos-de-prova (controle) – submetido ao clareamento e restaurado imediatamente com compósito e sistema de união a base de acetona (Prime & Bond 2.1); grupo 2 com 23 corpos-de-prova (experimental) – submetido ao clareamento, aplicação de acetona (por 30s) e restaurado imediatamente com compósito e sistema de união a base de acetona (Prime & Bond 2.1). Foi utilizado o agente clareador Whiteness Perfect (FMG), a base de peróxido de carbamida a 16% (Fotografia 3), durante 7 dias, 2 horas diárias, de acordo com as recomendações do fabricante. Fotografia 3- Agente clareador whiteness perfect 16% As cavidades foram restauradas pela técnica adesiva úmida utilizando os produtos de acordo com as recomendações dos fabricantes, em incremento único com o compósito microhíbrido Master Fill A4- Biodinâminca (Fotografia 4) fotopolimerizado por vestibular durante 40 segundos com uma unidade fotopolimerizadora Gnatus Optilight 600 com intensidade de luz de 350mW/cm2. Fotografia 4- Compósito microhíbrido máster fill A4 Após estes procedimentos, foi aplicado verniz de unha em todo o corpode-prova exceto 1mm ao redor da cavidade restaurada (Fotografia 5). 33 Fotografia 5- Verniz de unha aplicado no corpo-de-prova Após a imersão dos corpos-de-prova em azul de metileno por 24 horas, eles foram seccionados transversalmente com disco diamantado de dupla face e os cortes foram analisados, tanto na parede oclusal como na cervical, por três examinadores, em lupa estereoscópica, seguindo os escores preconizados pela International Standardization Organization (ISO, 1994): 0 – sem microinfiltração; 1 – com microinfiltração na parede de esmalte; 2 – com microinfiltração na parede de dentina e 3 – com microinfiltração envolvendo a parede axial. Os resultados obtidos foram anotados em uma ficha de avaliação que está em apêndice. A análise estatística foi realizada levando em consideração a quantidade de vezes que cada escore apareceu nos dois grupos, com a realização de um ranking de média. Foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis para a comparação das médias. 34 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS As frequências dos vários escores encontrados na visualização em lupa estereoscópica estão mostradas no quadro 1. Escores de infiltração 1– 2– 3– Grupos Soma infiltração infiltração infiltração na em esmalte em dentina parede axial Controle 18 25 49 Zero 92 Experimental 4 12 76 Zero 92 Soma 22 37 125 zero 184 Quadro 1 – Freqüência dos escores de infiltração marginal em restaurações de classe V em compósito sem e com a aplicação de acetona previamente aos procedimentos adesivos e restauradores. 0 – sem infiltração Para testar as hipóteses de que as proporções de infiltração são iguais para os dois grupos (hipótese nula) e de que são diferentes para os dois grupos (hipótese alternativa) foi realizado o cálculo do qui-quadrado ( 2) (Tabela 1) Tabela 1 – Cálculo de qui-quadrado para os valores de frequência dos escores de infiltração em restaurações de classe V em compósito sem e com a aplicação de acetona previamente aos procedimentos adesivos e restauradores. Escores de infiltração 0 – sem 1 – infiltração 2 – infiltração Grupos Soma infiltração em esmalte em dentina Controle 4,454545 2,283784 2,916000 9,654329 Experimental 4,454545 2,283784 2,916000 9,654329 2 (qui-quadrado) 19,308658 Obs.: 2 tabelado = 5,99 ( com 2 graus de liberdade e p=0,05) Como 2 calculado foi igual a 19,30 e 2 tabelado é igual a 5,99 foi rejeitada a hipótese de proporções iguais para os dois grupos. Por este motivo podemos afirmar, com 95% de probabilidade de acerto (p=0,05) que a infiltração ocorre de modo diferente para os dois grupos. Para saber qual o grupo que apresentou menor infiltração foi feito o cálculo da proporção sem infiltração (escore 0) no grupo controle (p1= 18/92 = 35 0,195652 ou 19,5652% e da proporção sem infiltração (escore 0) no grupo experimental (p2= 4/92 = 0,043478 ou 4,3478%). Para verificar se a diferença entre p1 e p2 (15,2174%) aconteceu por acaso ou se foi em função do grupo controle ser mais eficiente do que o grupo experimental foi feito um cálculo e encontrado o valor de Z calculado com sendo 3,18. Como Z calculado foi 3,18 e Z tabelado 1,96 pode-se afirmar com 95% de confiabilidade (p=0,05) que o grupo controle apresentou mais escores 0 (sem infiltração) do que o grupo experimental. Da mesma maneira, com Z calculado 2,39 e Z tabelado 1,96 pode-se afirmar com 95% de confiabilidade que o grupo experimental apresentou menos escores 1 (infiltração no esmalte) do que o grupo controle. Com Z calculado 4,26 e Z tabelado de 1,96 pode-se afirmar com 95% de probabilidade de acerto que o grupo controle apresentou menos escores 2 (infiltração em dentina) do que o grupo experimental. Verifica-se, então, que para o escore 0 (sem infiltração) o grupo controle com 19,56% dos casos foi superior ao grupo experimental com 4,34% dos casos; para o escore 1 (infiltração no esmalte) o grupo experimental com 13,04% dos casos foi superior ao grupo controle com 27,17% dos casos e para o escore 2 (infiltração em dentina) o grupo controle com 53,26% dos casos foi superior ao grupo experimental com 82,60% dos casos. (tabela 2) Tabela 2 – Valores de frequência e porcentagem dos três escores para infiltração em restaurações de classe V em compósitos sem e com a aplicação de acetona previamente aos procedimentos adesivos e restauradores. Grupo controle Grupo experimental Frequência % Frequência % Escores 0 sem 18 19,565217 4 4,3478261 infiltração 1 infiltração no 25 27,173913 12 13,043478 esmalte 2 infiltração na 49 53,26087 76 82,608696 dentina 36 5 DISCUSSÃO A hipótese apresentada nesta pesquisa é de que a acetona aplicada sobre a cavidade em dentes clareados, antes dos procedimentos de condicionamento ácido, aplicação do sistema de união e do compósito, poderia eliminar o oxigênio residual proveniente do agente clareador permitindo, com isso, a restauração imediatamente após o término do clareamento dental. Há muito tempo é motivo de discussão o tempo que se deve esperar entre o clareamento dental e a realização da restauração definitiva com o auxílio da técnica de condicionamento ácido das estruturas dentais e do uso de sistemas de união. De acordo com Titley et al. (1988) a união do material restaurador ao esmalte condicionado após clareamento com peróxido de hidrogênio a 35% é diminuída. Também Haywood e Heymann (1991) relataram que há inicialmente diminuição das forças de união ao esmalte condicionado após clareamento dental, mas que esta união aproxima-se do normal após sete dias. Esta redução é confirmada por McGuckin, Thurmond e Osovitz (1992) que justificam que ela é motivada pela presença de oxigênio residual que permanece na superfície das estruturas dentais clareadas o qual pode interferir na polimerização dos compósitos. Machida, Anderson e Bales (1992 apud BARATIERI et al., 1993) verificaram que esta diminuição das forças de união dos compósitos ao esmalte condicionado e clareado também é verificada com o uso de peróxido de carbamida. Mendonça e Paulillo (1998) observaram em sua pesquisa que houve diminuição na força de união na interface restauração/esmalte clareado devido à presença de bolhas provocadas pelo peróxido residual que permaneceram até 14 dias após o clareamento. Verificaram, também, que após este período a adesividade voltou ao normal. Da mesma maneira, Swift Junior e Perdigão (1998) afirmaram que a causa primária da redução da força de união das restaurações adesivas às estruturas dentárias é provavelmente a presença de peróxido ou oxigênio residual, os quais interferem na polimerização dos sistemas de união e dos materiais restauradores. Os autores relataram que os clínicos deveriam adiar por uma semana os procedimentos restauradores adesivos após clareamento 37 porque o oxigênio residual pode comprometer a força de união ao esmalte. Se por qualquer razão não houver condições de adiamento, o esmalte deve ser asperizado e deve ser usado um sistema de união com acetona. Estudos realizados por Crim (1992) observaram microinfiltração na interface dente/restauração logo após a exposição aos agentes clareadores e a conclusão do autor foi que esses agentes motivaram essa microinfiltração. O fato da ocorrência dessa microinfiltração sugere uma solução de continuidade entre a restauração e a estrutura do dente após os procedimentos clareadores. Sua pesquisa demonstrou que o selamento marginal da restauração de compósito que foi exposta ao clareamento pelo peróxido de carbamida pode ser seriamente afetado. Isto pode ter sido provocado pelo agente clareador tanto no material restaurador quanto na estrutura dura do dente ou em ambos. O autor cita que estudos realizados por Kalilli et al. (1991) observaram um grande desgaste abrasivo provocado por escovação em dentes submetidos ao clareamento. Os pesquisadores Stind e Quenette (1989) afirmaram que as soluções de peróxido de carbamida a 10% e 15% decompõem-se em uréia e peróxido de hidrogênio o qual, por sua vez, se decompõem em água e oxigênio, o qual é liberado para os tecidos dentais duros. Na apresentação dos agentes clareadores, mais especificadamente do peróxido de hidrogênio, Baratieri et al. (1993) afirmaram que o processo de clareamento, na verdade, é um processo de oxidação no qual há a remoção da mancha que provoca o escurecimento devido à liberação de oxigênio. Os mesmos autores quando relataram a ação do peróxido de carbamida a 10% indicam que esta solução pode ou não conter o polímero carbopol e que a sua presença provoca a liberação lenta de oxigênio. Shinohara, Rodrigues e Pimenta (2001) verificaram aumento de microinfiltração na interface dentina/material restaurador em dentes submetidos ao peróxido de carbamida a 37% e ao perborato de sódio. Informaram que, embora as reações de clareamento ainda não sejam totalmente conhecidas, a hipótese é que haja a difusão do peróxido de hidrogênio através da dentina e do esmalte. Os autores relataram que Titley et al. (1988) com análise em microscopia eletrônica de varredura em dentes não-clareados mostraram numerosos e bem definidos tags de resina na interface dente/sistema de 38 união/compósito em contraste com dentes submetidos ao clareamento com peróxido de carbamida a 35% nos quais os tags eram esparsos, curtos, mal definidos e estruturalmente incompletos, demonstrando uma camada híbrida de baixa qualidade facilitando a microinfiltração marginal. Por outro lado, os mesmos autores afirmaram que estudos mais recentes não detectaram a presença de oxigênio na superfície do esmalte clareado rejeitando, assim, a hipótese que o oxigênio residual liberado pelo agente clareador possa interferir no processo de polimerização do sistema de união/material restaurador. Outro fato a ser levado em consideração, salientado pelos autores, é a presença de túbulos na dentina que podem aumentar o grau de penetração do agente clareador e a difusão do oxigênio residual da câmara pulpar através da dentina. A conseqüência pode ser a maior concentração de oxigênio residual nas margens porosas da dentina em comparação com as margens de esmalte, aumentando assim a microinfiltração. Pelos motivos expostos acima a hipótese levantada pelos pesquisadores deste estudo é a possibilidade de um agente altamente volátil, no caso a acetona, aplicado sobre a cavidade em dentes clareados, antes dos procedimentos restauradores na eliminação o oxigênio proveniente do agente clareador que permanece nos tecidos dentais duros permitindo, com isso, que a restauração definitiva seja realizada imediatamente após o término do clareamento dental. Segundo Attin et al. (2004) o efeito do agente de união ao esmalte clareado com peróxido de carbamida depende do solvente contido nesse agente utilizado. No entanto, segundo estes autores, existem controvérsias sobre se os sistemas de união contendo acetona são capazes de reverter o efeito negativo do clareamento do esmalte com peróxido de carbamida sobre a força de união. Sung et al. (1999) relataram evidências que há uma significativa diferença entre forças de união em esmalte clareado e não-clareado quando se usa um sistema de união a base de acetona o que não acontece com os testes realizados com os sistemas de união contendo álcool. Por outro lado, Kalili et al. (1991 apud CRIM, 1992) e Barghi e Godwin (1994) relataram que sistemas de união com acetona e também outros solventes, tais como a acetona pura ou álcool, foram capazes de reduzir 39 significantemente os efeitos adversos no clareamento do esmalte provocados pelo peróxido de carbamida. Barghi e Godwin (1994) afirmaram que o peróxido de hidrogênio e o oxigênio, que são solúveis em água, podem prontamente atingir o fluido dentinário através do esmalte e serem liberados mais tarde através de uma superfície de difusão. A existência de espaços de ar na interface dente/sistema de união favorece sobremaneira a credibilidade da provável teoria da difusão do oxigênio residual. Os autores concordam que agentes voláteis, como o álcool e a acetona bem como agentes de união contendo estes solventes podem diminuir a microinfiltração na interface dente/restauração; no entanto, em sua publicação, em nenhum momento relatam em que estado estes solventes foram aplicados, se puros ou misturados com outras substâncias, ou ainda, qual a metodologia empregado na sua aplicação, ou seja, tempo e forma de aplicação, com ou sem aplicação de ar e/ou água etc. A afirmativa que a acetona auxilia na eliminação ou redução do oxigênio residual diminuindo a microinfiltração marginal não foi confirmada pela presente pesquisa na qual o escore dois, isto é, microinfiltração até atingir a dentina foi o mais prevalente (76 observações) no grupo experimental no qual a acetona foi aplicada antes dos procedimentos restauradores na tentativa de volatilizar o oxigênio resultante da oxidação do peróxido de carbamida. Apenas 4 observações para o escore 0 (zero – sem microinfiltração) e 12 para o escore 1 (com microinfiltração somente em esmalte) foram verificadas no grupo experimental. Em primeira análise, a acetona pura aplicada por 30 segundos antes dos procedimentos restauradores não foi capaz de auxiliar na volatilização mais rápida dos agentes residuais do agente clareador. Nesta pesquisa, inicialmente, pensou-se em utilizar a acetona usada pelas manicures para remoção do esmalte de unha, no entanto, isto não foi feito com fundamentação no fato de esta solução conter outras substâncias que poderiam interferir no processo de microrretenção mecânica do sistema de união. Do mesmo modo, o tempo de aplicação da acetona foi, empiricamente, determinado em 30 segundos, pois não foi encontrada na literatura, nenhuma pesquisa determinando o tempo correto. 40 Como se pode observar no quadro 1, nenhuma leitura foi feita confirmando o escore 3, isto é, microinfiltração atingindo a parede axial da cavidade classe V. Acreditamos não ser possível creditar este resultado à ação da acetona pois, se assim fosse, este solvente deveria também ser capaz de impedir a microinfiltração em dentina e esmalte. Poder-se-ia, talvez, pensar na possibilidade de que o tempo que as amostras permaneceram imersas na solução traçante tivesse sido insuficiente para a microinfiltração até a parede axial. No entanto, as pesquisas mostram que o tempo de 24 horas é o mais utilizado. Outra possibilidade que não pode ser descartada é o ângulo do corte. O mais correto seria realizar vários cortes ao longo da restauração. Devido ao fato de que os túbulos dentinários não seguem trajetos retilíneos, microinfiltrações até a parede axial podem não ter sido detectadas porque o corte foi feito quando o azul de metileno estava ainda em dentina da parede lateral da cavidade ou em esmalte. Pesquisas, tal como a de Titley et al. (1988) e Siqueira et al. (1997) concluíram ser necessário vigorosa irrigação com soro fisiológico a fim de remover o máximo de oxigênio residual após o clareamento, para que a união seja realmente eficaz. Tal fato levou os autores a definir em 20ml a quantidade de soro fisiológico para irrigação antes da execução da restauração final. Talvez a quantidade de acetona aplicada na presente pesquisa aliada ao limitado tempo possa ser responsável de não-eliminação total do oxigênio residual. Para se saber se realmente a acetona é capaz de eliminar o oxigênio residual mais pesquisas são necessárias com diferentes quantidades da solução, diferentes concentrações e diferentes tempos de aplicação, seguidos ou não da aplicação de jatos de água e/ou ar. Outros pesquisadores e, entre eles, Gama et al. (2006) pesquisaram uma substância chamada ascorbato de sódio observando a possibilidade de contribuir para eliminar o oxigênio residual ou reduzir sua quantidade nos tecidos duros do dente submetido ao clareamento. Refletindo sobre o resultado obtido nesta pesquisa pôde-se especular que pelo fato de que a concentração da acetona pura utilizada ser muito alta e por ter sido deixada sobre o dente durante um tempo de 30 segundos a reação acabou sendo inversa, a qual foi um fator determinante na microinfiltração. 41 Por este motivo, foi realizado um estudo piloto, com a mesma metodologia desta pesquisa modificando apenas o produto e o tempo de aplicação. Houve divisão em dois grupos cada um contendo três elementos. No grupo 1 foi aplicada a acetona pura e a cavidade imediatamente seca, alterando o tempo. Já no grupo 2 foi utilizada uma solução a base de acetona, usada também pelas manicures para remoção de esmalte da unha, no tempo de 30 segundos. Os resultados obtidos pelo projeto piloto foram otimistas em relação ao primeiro, pois na análise da microinfiltração marginal observamos apenas microinfiltração no esmalte, sendo a grande maioria sem infiltração. Ratifica-se, assim, a afirmação anterior de que há necessidade de novas pesquisas com aplicação de acetona em diferentes concentrações e por distintos tempos. 42 6 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos e de acordo com a metodologia empregada pode-se afirmar que a aplicação de acetona pura durante o tempo de 30s após os procedimentos de clareamento com peróxido de carbamida a 16% não é eficaz na eliminação do oxigênio residual e na redução ou eliminação da microinfiltração marginal. Pode-se deduzir que o tempo de aplicação e a concentração do produto estão diretamente ligados aos resultados. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATTIN, T. et al. Effect of bleaching on restorative materials and restorations: a systematic review. Dent. mater., Washington, v.20, p.852-861, 2004. BARATIERI, L.N. et al. Clareamento dental. São Paulo: Santos, 1993. 176p. BARGHI, N.; GODWIN, J.M. Reducing the adverse effect of bleaching on composite enamel bond. 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