UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
FERNANDO CARDOSO DA SILVA
BIBLIOTECA ESCOLAR: instrumento
essencial para formação do cidadão
ORIENTADORA: Profª Msc. Maria do Socorro de Azevedo Borba
NATAL-RN
2010
FERNANDO CARDOSO DA SLVA
BIBLIOTECA ESCOLAR: instrumento essencial para
formação do cidadão
Monografia
apresentada
à
Disciplina
Monografia, ministrada pela Professora Maria
do Socorro de Azevedo Borba para fins de
avaliação da disciplina e como requisito
parcial para conclusão do curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
Orientadora: Profª Msc. Maria do Socorro de Azevedo Borba
NATAL-RN
2010
S586b Silva, Fernando Cardoso da Silva.
Biblioteca Escolar: instrumento essencial para formação do
cidadão/ Fernando Cardoso da Silva. – Natal, 2010.
36 f.
Orientadora: Maria do Socorro de Azevedo Borba (MSc)
Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais
Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia.
1. Cidadania. 2. Educação. 3. Biblioteca Escolar. 4. Bibliotecário
Escolar. 5. Leitura. I. Borba, Maria do Socorro de Azevedo.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/DEBIB
CDU 027.8
FERNANDO CARDOSO DA SILVA
BIBLIOTECA ESCOLAR: instrumento essencial para
formação do cidadão
MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2010
__________________________________________________________
PROFª. MSc MARIA DO SOCORRO DE AZEVÊDO BORBA
(ORIENTADORA)
__________________________________________________________
PROFªEsp. FRANCISCA DE ASSIS DE SOUSA
1ª EXAMINADORA
__________________________________________________________
PROF. Esp. FRANCISCO ASSIS NORBERTO GALDINO DE ARAÚJO
2ª EXAMINADOR
RESUMO
Analisa a partir de uma revisão de literatura, a importância e a
contribuição da biblioteca escolar para formação do cidadão. Faz uma
abordagem conceitual sobre o tema cidadania - destaca a origem do termo aponta o compromisso do Estado junto à sociedade - destaca os principais
direitos e deveres dos cidadãos. Ressalta a importância de uma educação
escolar voltada para construção da cidadania, alicerçada pela elaboração de
currículos escolares inspirados no saber e nas necessidades sociais. Elenca os
objetivos e a missão da biblioteca escolar - descreve como essa instituição é
capaz de provocar mudanças significativas no contexto social dos indivíduos.
Enfatiza a necessidade de um profissional bibliotecário proativo que trabalhe
em parceria com outros educadores, a fim de proporcionar aos alunos através
do acesso à informação e principalmente do gosto pela leitura, a chance de se
tornarem bons cidadãos. Comenta sobre a importância da leitura no contexto
social - enfatiza que, a leitura critica é um dos instrumentos essenciais para
que o sujeito construa seu conhecimento e exerça a cidadania. Conclui que, a
leitura deve ser algo diversificado, agradável, deve trazer descobertas e ser
uma maneira de obtenção de conhecimentos, para que o ser humano possa
modificar sua visão do mundo e sua posição como ser social contribuindo
dessa forma para desenvolvimento da cidadania.
Palavras-chave: Biblioteca Escolar. Cidadania. Educação. Bibliotecário
Escolar. Leitura.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 00
2 CIDADANIA ................................................................................................... 00
3 EDUCAÇÃO PARA CIDADANIA .................................................................. 00
4 BIBLIOTECA ESCOLAR .............................................................................. 00
5 BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR ........................................................................ 00
6 LEITURA ....................................................................................................... 00
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 00
REFERÊNCIAS ...............................................................................................00
1 INTRODUÇÃO
A escola é um local responsável por educar as crianças, tornando-as
cidadãos conscientes e capazes de conhecer seus direitos, seus deveres e
lutar pelos seus ideais. Essa responsabilidade é muito grande e para isso, a
escola precisa contar com o apoio de um ambiente que auxilie no
desenvolvimento desses alunos.
Logo, o tema desta pesquisa tem como foco a Biblioteca Escolar como
alicerce para o desenvolvimento do cidadão - colaboradora na formação de
leitores críticos e conscientes.
Na tentativa de compreender tal situação, surgiram indagações no
percurso da academia tais como:
As Escolas preparam o individuo para a sociedade?
A Biblioteca Escolar é capaz de provocar mudanças significativas no
contexto social do individuo?
A Biblioteca Escolar potencializa condições para a formação do
cidadão?
O Bibliotecário Escolar potencializa ações para o desenvolvimento do
cidadão?
O hábito da leitura contribui para desenvolvimento do cidadão? Tais
indagações serviram de subsídios para determinar os objetivos da pesquisa
desenvolvida.
Partindo desse principio, esta pesquisa tem como objetivo principal
compreender a importância da Biblioteca Escolar para a formação do cidadão e
como objetivos específicos identificar a relação da Biblioteca Escolar com a
educação do cidadão; observar a participação do profissional Bibliotecário
como agente educador e verificar a importância do hábito da leitura na vida do
individuo.
No paradigma do mundo atual, ou seja, na primeira década do Século
XXI, onde os indivíduos estão submetidos a grandes transformações
econômicas, políticas, sociais, culturais, entre outras, a sociedade necessita de
uma educação que estimule a formação de sujeitos críticos, valorizando a ética
e a moral.
Tal necessidade leva a perceber a importância da Biblioteca Escolar,
que por ser possuidora de uma diversidade informacional pode ser um ponto
forte na construção da cidadania possibilitando o desenvolvimento da
consciência crítica, que é o inicio para a formação do cidadão.
O autor da pesquisa, concluinte do Curso de Biblioteconomia, almejou
compreender como a Biblioteca Escolar é capaz de promover mudanças
significativas na formação social do cidadão.
Para isso, a metodologia utilizada foi exclusivamente pesquisa
bibliográfica, com revisão de literatura em fontes impressas e eletrônicas,
voltadas para o universo da Biblioteca Escolar e Cidadania.
Diante do que foi pesquisado e para um entendimento do propósito a ser
atingido que é o de compreender a importância da Biblioteca Escolar para
formação de cidadãos reflexivos, conscientes de seus direitos e deveres
perante a sociedade, este trabalho abordará aspectos teóricos apresentados
da seguinte forma:
No segundo capítulo, Cidadania, é feita uma abordagem conceitual
sobre o tema cidadania – destaca a origem do termo, ressalta o compromisso
do Estado junto à sociedade, elenca os principais direitos e deveres dos
cidadãos e ressalta a importância de se exercer a cidadania.
O terceiro capitulo, Educação para Cidadania, aponta a escola como
peça fundamental no desenvolvimento do individuo. A escola além de ensinar o
conhecimento cientifico, deve assumir a missão de preparar as pessoas para o
exercício da cidadania. Enfatiza, também, a importância de uma educação
escolar voltada para construção da cidadania, embasada pela elaboração de
currículos escolares inspirados no saber e nas necessidades sociais.
O quarto capitulo, Biblioteca Escolar, relata como a biblioteca é capaz de
provocar mudanças significativas no contexto social dos indivíduos. A biblioteca
escolar potencializa as condições para a formação permanente do cidadão,
oferecendo-lhe os primeiros serviços bibliotecários e capacitando-o a utilizar
outros individualmente sempre que julgar necessário. Descreve, ainda, a
missão e os objetivos desse tipo de biblioteca.
No quinto capitulo, Bibliotecário Escolar, é feita uma abordagem
mostrando que, para haver um perfeito funcionamento dos serviços e
atividades da biblioteca, é extremamente importante que exista um profissional
bibliotecário atuando nela. Esse é um educador que precisa trabalhar em
parceria com outros educadores do colégio, a fim de proporcionar aos alunos
através do acesso à informação e principalmente do gosto pela leitura, a
chance de se tornarem bons cidadãos.
No sexto capitulo, Leitura, mostra a importância da leitura no contexto
social. A partir do processo de conscientização proporcionada pela pratica da
leitura, o ser humano passa a compreender/conhecer o mundo e a realidade
que o cerca. Enfoca que, a leitura critica é um dos instrumentos essenciais
para que o sujeito construa seu conhecimento e exerça a cidadania.
Recomenda, ainda, que as escolas, em particular as bibliotecas, precisam
incentivar seus alunos a serem críticos, a lerem um livro, interpretando o que
está contido nas entrelinhas, de modo a se tornarem cidadãos mais
conscientes.
2 CIDADANIA
A idéia de cidadania é muito antiga. Sua origem está ligada ao
desenvolvimento das cidades Gregas entre os séculos VII e VIII a.C. Época em
que os homens eram considerados livres e iguais, o poder não mais se
concentrava na mão de apenas um individuo como ocorria no passado, todas
as decisões que afetariam a comunidade eram debatidas, definidas e votadas.
Segundo Câmara e Rezende1 (2002) O conceito de cidadania tem
origem na Grécia clássica, sendo usado para designar os direitos relativos ao
cidadão. Em linhas gerais o individuo que habitava a cidade podia participar
ativamente das negociações e das decisões políticas da comunidade. A
cidadania é notoriamente um termo associado à vida em sociedade.
Ao longo da história, o conceito de cidadania foi aprimorando, passando
a englobar uma serie de valores sociais que determinam o conjunto de deveres
e direitos de um cidadão.
Para Perini (2007, p.17) a cidadania pode ser
entendida como: “um conjunto de direitos e liberdades políticas sociais e
econômicas, já estabelecidos ou não pela legislação, concedidos de forma
igualitária a elementos integrais de uma comunidade.” Em suma, refere-se
fundamentalmente ao direito de ter direito. Já o exercício da cidadania consiste
na forma de fazer valer tais direitos, observando e zelando para que não sejam
desrespeitados.
De forma geral a cidadania é exercida pelo cidadão. De acordo com
Fonseca (2008, p. 31) “cidadão é uma pessoa capaz, em cooperação com
outros, de criar ou transformar a ordem social em que quer viver, cumprir e
proteger, para a dignidade de todos.” Não obstante, é um indivíduo que tem
consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as
questões da sociedade.
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Documento eletrônico não paginado.
O termo cidadão está definido no dicionário Ferreira (1999), como o
indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no
desempenho de seus deveres para com este.
Com relação aos direitos e deveres do cidadão Pinsky (2003, p.19)
afirma que, “exigir direitos é parte da cidadania, mas respeitar os contratos
sociais é sua contrapartida”. É importante que cada cidadão faça sua parte não
esquecendo a coletividade, desse modo não seremos complacentes com as
irregularidades que acabam prejudicando a todos.
A construção de uma boa cidadania - é fundamental para o convívio
social e o bem estar das pessoas. Costa (2009, p. 12) explica:
Construir cidadania é também construir novas relações e
consciências. A cidadania é algo que não se aprende só com
os livros, mas com a convivência, na vida social e pública. É
no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania,
através das relações que estabelecemos com os outros, com a
coisa pública e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser
perpassada por temáticas como a solidariedade, a
democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.
Logo, Cidadania pode ser qualquer costume cotidiano que implique
manifestações conscientes atribuídas de responsabilidades coletivas. Nesse
sentido, exercer a cidadania tanto é votar como não sujar a cidade, é respeitar
os pedestres, é não danificar bens públicos, é preservar o meio ambiente, etc.
Na concepção atual, o termo cidadania representa a busca por melhores
condições de vida - através das lutas de classes ou de conflitos ideológicos, o
cidadão procura conquistar seus direitos.
Moraes (2007, p. 26), diz que:
Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas
conquistados. Muitas vezes compreendemos os direitos como
uma concessão, um favor de quem está em cima para os que
estão em baixo. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é
construída e conquistada a partir da nossa capacidade de
organização, participação e intervenção social.
A cidadania não surge do nada como um toque de mágica - a simples
conquista de alguns direitos não significa a concretização destes direitos
(QUEIROZ, 2007). É necessário que o cidadão participe, seja ativo, e faça
valer seus direitos.
Pode-se perceber então que os direitos do cidadão dizem respeito à
satisfação das necessidades pessoais. Ao longo da história, os mesmos vêm
sendo formulados para que os indivíduos possam pertencer a uma sociedade
mais organizada. Contudo, muitos destes direitos assegurados por lei, só
figuram no papel.
Érnica, Machado e Issac2 (2009), afirmam que “mesmo hoje, com a
maioria dos direitos incorporados às Constituições nacionais, convivemos com
a falta de atendimento à saúde, de educação de qualidade e de lazer [...]” em
suma, convivemos com a exclusão social de milhares de pessoas. Logo,
combater essa exclusão, de modo garantir os direitos para todos os cidadãos
constitui-se em uma árdua batalha.
Segundo Carvaho (2010, p.3) “cidadania constitui-se em um processo de
aprendizagem e exercício de liberdade de ação em variados terrenos; políticos,
sociais, econômico etc.” O cerne dessa cidadania compõe-se basicamente de
três elementos: o direito civil; o político e o social.
Os direitos civis representam o direito do individuo na sociedade,
referem-se às liberdades individuais de cada um, como o direito de ir e vir, o
direito a vida, o direito a propriedade, direito à igualdade perante a lei, etc.
2
Documento eletrônico não paginado.
Trancozo e Zancanaro (2007, p. 14) comentam que:
Esse grupo de direitos tem por objetivo garantir que o
relacionamento entre as pessoas seja baseado na liberdade
de escolha dos rumos de sua própria vida - por exemplo,
definir a profissão, o local de moradia, a religião, a escola dos
filhos, as viagens - e de ser respeitado.
Em suma, pode–se dizer que, os direitos civis é um espaço de liberdade
concedido ao cidadão em relação ao Estado. “Os direitos civis agrupam as
prerrogativas de liberdade individual, liberdade de palavra, pensamento e fé,
liberdade de ir e vir, o direito à propriedade, o direito de contrair contratos
válidos e o direito à justiça” (CACIAN, 1996)3.
É preciso ressaltar que a liberdade de cada um não pode comprometer a
liberdade do outro.
Os direitos políticos dizem respeito, à participação do cidadão na vida
publica de determinado pais. Ou seja, a participação da sociedade no governo
(poder).
Constituem-se
basicamente
a
um
conjunto
de
normas
constitucionalmente estabelecidas, referentes à participação da sociedade no
processo político.
Os direitos políticos são conquistados a partir do exercício do poder (o
voto). De acordo com Zavascki4 (1997):
Direitos políticos ou direitos de cidadania é o conjunto dos
direitos atribuídos ao cidadão, que lhe permite, através do
voto, do exercício de cargos públicos ou da utilização de
outros instrumentos constitucionais e legais, ter efetiva
participação e influência nas atividades de governo.
3
4
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Esses direitos visam justamente permitir ao cidadão atuar na condução
do destino de sua sociedade, de forma direta ou indireta, elegendo ou sendo
eleito. Em outras palavras:
Estar no gozo dos direitos políticos significa, estar habilitado a
alistar-se eleitoralmente, habilitar-se a candidaturas para
cargos eletivos ou a nomeações para certos cargos públicos
não eletivos, participar de sufrágios, votar em eleições,
plebiscitos e referendos, apresentar projetos de lei pela via da
iniciativa popular e propor ação popular. (IBDEM, 1997)
Não obstante, Quem não está no gozo dos direitos políticos não poderá
filiar-se a partido político e nem ostentar qualquer cargo público.
Já os diretos sociais abrangem o bem-estar social e econômico da
sociedade, os mesmos são constituídos de padrões que buscam garantir a
dignidade humana.
Como: o direito à educação; à segurança pública, ao emprego; à saúde;
saneamento, etc.
Seidel (2006, p. 38) ressalta que:
Para que os direitos sociais sejam estendidos a todas as
pessoas, é preciso, em primeiro lugar, que todos já tenham o
direito à vida assegurado.[...] Ao valorizar a minha vida e a do
outro, estou valorizando a humanidade. Mas, além de garantir
a vida, há ainda que se viver com dignidade, o que requer a
satisfação das necessidades fundamentais.
Como se pode ver, os direitos sociais compreendem a satisfação das
necessidades fundamentais do individuo. Sua função consiste em garantir
benefícios que possibilitem condições mínimas de bem-estar social e
econômico ao cidadão.
Logo, vale ressaltar que, os direitos sociais não têm por objetivo eliminar
por completo as desigualdades sociais e econômicas e as diferenças de classe
social. Sua finalidade é assegurar que elas não interfiram no pleno exercício da
cidadania.
Andrade (2007) lembra que: exercer a cidadania plena é ter direitos
civis, políticos e sociais. É a qualidade do cidadão de poder exercer de maneira
consciente e responsável o conjunto de direitos e liberdades políticas, impostas
pelo seu país.
Para tanto, um dos elementos que irá garantir esse processo de alcance
pleno da cidadania é a EDUCAÇÃO, o mesmo será exposto no próximo
capitulo.
3 EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA
A formação do ser humano começa na família. Segundo EDUCAÇÃO5...
(2006) “as famílias, são as primeiras e mais valiosas casas de cidadania e de
educação. Nelas os cidadãos aprendem os valores, as atitudes e os
comportamentos fundamentais para uma cidadania íntegra e responsável.”
Inicia-se aí, com a ajuda da Escola um processo de humanização que busca
fazer da criança um ser civilizado - consciente de seus direitos e deveres.
Para Corrêa et al. (2002, p.16), a escola, como disseminadora do
conhecimento, é parte fundamental no desenvolvimento do indivíduo. Através
do ensino escolar, são transmitidas noções gerais de história e cultura que
servirão de base para toda a transformação que o indivíduo poderá sofrer e/ou
exercer sobre a sociedade. Ferreira6 (2008) comenta o assunto de maneira
especifica:
A educação escolar está assentada fundamentalmente no
trabalho dos professores e dos alunos, cuja finalidade é
contribuir com o processo de humanização de ambos pelo
trabalho coletivo e interdisciplinar destes com o conhecimento,
numa perspectiva de inserção social crítica e transformadora.
Com o conhecimento adquirido na escola, o aluno se prepara para a
vida. Passa a ter o poder de se transformar e de modificar o mundo onde vive.
Conforme ressalta Ferreira (1993, p. 221):
A escola é vista como um espaço político onde se deve
ministrar um conjunto de disciplinas de maneira que o jovem
adquira o saber necessário para não se deixar enganar. O
conhecimento intelectual aparece como o suporte para a
formação da cidadania, o instrumento básico para o salto
qualitativo entre consciência ingênua e a consciência critica.
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Arruda7 (2000) lembra que: “na medida em que os fins da educação
estão na sociedade, deve-se instrumentalizar o individuo para que ele tenha o
desempenho necessário à sua melhor integração.” Educar é um ato que visa
convivência social, a Escola além de ensinar o conhecimento cientifico, deve
assumir a missão de preparar as pessoas para o exercício da cidadania.
De acordo com EDUCAÇÃO8... (2006):
A escola pode dizer-se, é um alfobre de cidadania. Ela
transmite a herança cultural, ela educa em valores e para
valores, ela acolhe todos os cidadãos, sem qualquer distinção,
ela faz adquirir instrumentos de análise crítica do mundo e da
vida, ela pratica diariamente o exercício da cidadania.
De fato, uma escola bem estruturada e comprometida com seus deveres
ajuda a transformar o educando num ser social. Mas, vale ressaltar que, a
rigor, a ação de educar é muito mais complexa do que se possa imaginar.
Conforme comenta Arruda9 (2000):
Na escola existem muitas dificuldades em relação à educação,
uma das principais é o desinteresse por parte do aluno. Os
professores têm uma missão muito difícil, que é a de despertar
esse interesse, esta vontade de saber, este desejo de
mudança.
Com relação a essa almejada mudança Pinski (2003, p 114) afirma que:
Não tenho nenhuma duvida de que um trabalho de base feito
com o envolvimento de professores, alunos, comunidade e
governo teria resultados bastante satisfatório num lapso de
tempo curto. A mudança de atitude das pessoas com relação à
escola, baseada num sentimento de responsabilidade mutua,
poderia constituir o ponto de partida para uma importante
virada. Afinal de contas, cidadania é participação, é ter direitos
e obrigações, e, ao contrário do que muitos pensam, se
aprende na escola.
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Outro ponto importante que contribuiria para a construção da cidadania seria a elaboração de currículos escolares inspirados no saber e nas
necessidades sociais. Conforme explica Rodrigues10 (2006):
Ética e cidadania, trabalho e consumo, desigualdades sociais,
educação sexual, educação para a saúde, educação
ambiental, informática, tecnologias são realidades do mundo
atual, entre outras, que a escola deve trabalhar, de forma
integrada e interdisciplinar, como ponto de partida para a
compreensão da complexidade dos fenômenos sociais em
suas contradições. O seu tratamento no currículo pode
viabilizar um novo rosto aos conteúdos escolares, tendo em
vista a formação para a cidadania.
Alem da função social, cabe a escola a construção de projetos políticos
pedagógicos que permeiem mecanismos para que os jovens tenham a
sabedoria de distinguir o que lhe é necessário e aquilo que lhe é imposto.
Para Gasparin e Verdinelli (2007) “è preciso transformar a escola em um
espaço onde se formem alunos críticos, que pensem, analisem e sejam
capazes de compreender os processos sociais, fazendo as relações
necessárias entre estes e o conteúdo da sala de aula.” Nesse contexto a
biblioteca escolar assume função primordial para a formação desses alunos
reflexivos.
Segundo Campello et al. (2002), a escola que pretenda investir no
desenvolvimento do individuo não pode ignorar a importância de uma biblioteca
aberta, interativa, espaço livre para expressão genuína da criança e do jovem.
Silva (2009) corrobora de maneira rápida e simples ao afirma que è nesse
espaço que o cidadão reforça todo um conceito de leitura, que o fará adentrar
no mundo do conhecimento.
Para uma melhor compreensão deste espaço fomentador de leitura, será
enfocado no próximo capitulo: as particularidades da Biblioteca Escolar.
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4 BIBLIOTECA ESCOLAR
Antes de discorrer sobre esse tema é importante lembrar que a
biblioteca é uma instituição milenar, surgiu quando o homem sentiu a
necessidade de organizar seu patrimônio intelectual - registrado, na época, em
diferentes suportes informacionais. Conforme explica Campello et al. (2002 p.
52):
A bibilioteca tem acompanhado o desenrolar do conhecimento
humano desde a antiguidade, conservando e disseminando as
idéias contidas nos livros e em outros materiais. A forma dos
registros muda (de tabletes de argila para redes eletrônicas de
informação), mas a biblioteca continua a ser um espaço
coletivo, onde os registros são reunidos para serem
compartilhados por todos os membros de uma comunidade.
De acordo com a definição dada por Morel (2008) A palavra Biblioteca
tem sua origem do grego Biblion (livro) e Teke (caixa, deposito),
etimologicamente quer dizer deposito de livros. Sendo que para educação
atribui-se um significado muito mais amplo. Segundo Medeiros (2006, p. 16):
É o local onde estão armazenados diversos materiais, como
revistas, jornais, enciclopédias, dicionários, fitas de vídeo,
livros etc. materiais estes, com o intuito de suprir as
necessidades informacionais dos usurários que a freqüentam.
Reforçando o conceito anterior, Tavares (1973) afirma que a biblioteca
escolar é um deposito de materiais de investigação, onde os livros,
diapositivos, filmes, discos, revistas, estampas e mapas estão organizados,
catalogados, colocados nas estantes, arquivados ou exibidos, de maneira que
possam ser encontrados e usados facilmente para satisfazer os interesses e
atender às necessidades de alunos e professores.
A biblioteca escolar a partir de seu mais básico conceito - como uma
coleção de variados suportes informacionais ordenados e organizados para fins
de estudo e pesquisa, denota sua importância no contexto educacional para
formação do indivíduo. Corroborando com essa afirmativa, Sousa (2004, p. 26),
explica “A biblioteca escolar é o espaço formador de consciência. É o local que,
através do potencial de informação nela contido é capaz de provocar
mudanças significativas no contexto social dos sujeitos.”
A biblioteca escolar deve atender prioritariamente aos estudantes, que
vão desde a educação infantil até o ensino médio, ela existe para servir de
apoio informacional a essa comunidade. Também precisa está devidamente
inserida no sistema educacional do qual faz parte, para que participe de forma
mais eficiente na vida escolar do estudante.
Assim sendo, com base no estudo feito por Macedo e Siqueira (1987
apud BORBA,1999, p. 40) com a finalidade de determinar qual o objetivo
principal da biblioteca escolar no tocante ao desenvolvimento dos usuários e
sua posterior inserção no contexto escolar, chegou-se a seguinte sugestão:
Aluno da pré-escola até a 3° serie, com idade variando entre
aproximadamente 04 a 09 anos, a biblioteca escolar estaria
voltada principalmente ao desenvolvimento de habilidades
artísticas, estimulando a percepção, a criatividade,
incentivando a leitura de textos com imagens/palavras,
proporcionando o prazer de ler. E quanto ao usuário-aluno,
pertencente ao primeiro grau maior, da 4° a 8º serie, com
idade variando de aproximadamente 10 a 15 anos, os
objetivos da biblioteca escolar estariam voltados, sobretudo,
às atividades de apoio ao estudo e à pesquisa,
instrumentalizando o aluno para usar os recursos da biblioteca
na obtenção de informação.
Cumpre frisar que, nessa conjuntura, a biblioteca escolar estaria
desenvolvendo um papel relevante perante a comunidade na qual está
inserida. Deixaria de desempenhar um ‘papel de coadjuvante’ e até mesmo de
‘figurante’, para se tornar ‘astro principal’ de um contexto no qual ela sempre
deveria ter sido incluída. (BORBA, 1999).
Como foi visto a biblioteca escolar é parte integrante do processo
educativo, logo, para que esse processo ocorra de forma eficiente, faz-se
necessário o conhecimento de seus objetivos. De acordo com o Manifesto da
Biblioteca Escolar (UNESCO, 1999) os objetivos da Biblioteca Escolar são:
• Apoiar e promover os objetivos educativos delineados de acordo com
as finalidades da escola;
• Desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da
aprendizagem, e também da utilização das bibliotecas ao longo da vida;
• Proporcionar oportunidades de produção e utilização de informação
para o conhecimento, compreensão, imaginação e divertimento;
• Apoiar os estudantes na aprendizagem e prática de capacidades de
valiação e utilização da informação, independentemente da natureza, suporte
ou
meio,
usando
de
sensibilidade
relativamente
aos
modos
de comunicação de cada comunidade;
• Providenciar acesso aos recursos locais, regionais, nacionais e globais
e às oportunidades que exponham os estudantes a idéias, experiências e
opiniões diversificadas;
• Organizar atividades que favoreçam a tomada de consciência cultural e
social e a sensibilidade;
• Trabalhar com os estudantes, professores, administradores e pais de
modo a alcançar as finalidades da escola;
• Defender a idéia de que a liberdade intelectual e o acesso à informação
são essenciais à construção de uma cidadania efetiva e responsável e à
participação na democracia;
• Promover a leitura e os recursos e serviços da biblioteca escolar junto
da comunidade escolar e do meio.
Como se pôde ver, a biblioteca escolar colabora com todo o sistema
educacional. No entanto, para alcançar seus objetivos, a mesma precisa busca
meios de atender cada vez melhor os seus usuários. Para Silva (1988, p. 143)
“o que melhor caracteriza uma biblioteca não é a beleza de sua decoração,
mas sim a qualidade de seu acervo e a funcionalidade dos seus serviços [...]”.
Nesta ultima afirmação percebe-se que o objetivo da biblioteca escolar
está diretamente relacionado com a sua funcionalidade e a qualidade dos seus
serviços, em especial ao acervo.
Sobre esse contexto mencionado acima, Tavares (1973, p. 15) afirma:
Para que a biblioteca escolar seja força ativa no processo
educativo ela deve: formar uma coleção bem equilibrada de
livros, folhetos e auxiliares audiovisuais, apropriados aos
objetivos e necessidades da escola; ter uma apropriada
coleção de obras de consulta que respondam às perguntas
que surgem do trabalho da escola e do interesse dos
estudantes; fazer com que seus materiais e de outras
bibliotecas sejam aproveitados facilmente pelos alunos e
mestres; conhecer os interesses das crianças e ajudá-los a
ampliá-los com suas leituras; ajudar as crianças a ampliar seu
campo de conhecimento mediante o uso dos livros; ensinar e
fomentar o emprego dos materiais da biblioteca; proporcionar
ajuda para encontrar o material educativo; cooperar com os
mestres em dirigir e estimular as crianças em suas leituras;
animar as crianças a formarem suas próprias bibliotecas.
Com relação a importância da organização das coleções, Sales (2002,
p.10 apud GARCEZ, 2007, p. 6) comenta, “o acesso à informação variada e
atualizada é condição para o exercício da cidadania, pois esta se manifesta e
se constrói a partir da conscientização e da participação social e política dos
homens na sociedade.”
Para Borba, M. e Borba, A. (2007, p.3) “A missão da biblioteca escolar é
de oferecer serviços de aprendizagem, livros e pesquisas que possibilitam a
toda a comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e usuários efetivos
de informação em todos os formatos e mídias.”
De fato, uma biblioteca escolar bem estruturada, em plenas condições
de funcionamento, encontra, no ato de servir de suporte informacional à
comunidade escolar, seu objetivo principal.
Como parte integrante de um sistema educacional, a biblioteca escolar
desempenha funções que a particulariza. Para Silva (1988, p. 141) “[...] sua
função básica é a transmissão de herança cultural às novas gerações de modo
que elas tenham condições de reapropiar-se, enfrentar os desafios do presente
e projetar-se no futuro”.
A biblioteca escolar também assume o papel de preservadora da
memória, devendo disponibilizar aos seus aluno (usuários) as produções
intelectuais existentes em seu acervo. Isto remete a outra função da biblioteca
escolar, de servir como orientadora nas pesquisas dos alunos, uma vez que
estes apresentam sérias dificuldades ao procurarem a biblioteca para consulta
(AMATO, 1998).
Reforçando o ponto de vista da necessidade de uma boa
orientação aos usuários da biblioteca escolar, Tavares (1973, p.35 – 36)
enfatiza que:
A principal atividade duma biblioteca escolar é levar o menino
a estudar, Isto é, orientá-lo no método de pesquisa,
ensinando-lhe como tirar o máximo rendimento da informação,
e a completar o ensinamento do professor na sala de aula.
Ensinar a consultar obras de referência, compor e apresentar
um trabalho, organizar uma bibliografia, são atividades
rotineiras numa biblioteca escolar, intrínsecas ao seu
funcionamento.
Amato (1998) ainda ressalta a questão da dinamização da biblioteca
escolar, pois esta instituição necessita ser um órgão vivo, ativo e participante
no cotidiano da escola. A biblioteca escolar precisa ser entendida como uma
unidade sistemática de informação, capaz de oferecer bons serviços aos
usuários e planejar suas atividades, de forma a dinamizá-las o máximo
possível, visando à formação crítica do leitor.
Quanto à questão da dinamização, Borba (1999, p. 39) ratifica muito
bem essa necessidade quando diz que:
[...] uma biblioteca não se pode limitar a ser apenas guardiã de
conhecimento, pois nesse aspecto ela não satisfaz seus
usuários. Faz-se necessário que haja uma ampliação de seus
horizontes e objetivos, para que possa servir de uma maneira
eficaz, dando apoio a qualquer programa educativo. Tendo
que se integrar na escola, atendendo à comunidade escolar na
qual está inserida de forma efetiva, procurando desenvolver
habilidades de leitura, estudo, pesquisa e consulta.
De fato, a biblioteca precisa deixar de ser considerado um deposito de
livros. A mesma deve ser vista e utilizada como um local para a prática
pedagógica. Dentro do contexto escolar, faz-se necessário conscientizar a
comunidade de que a biblioteca dispõe ou poderá dispor de informações que
podem e devem ser utilizadas como recursos indispensáveis no ensino e na
aprendizagem. (BORBA, 1999).
.Para que a biblioteca escolar realmente faça parte do sistema
educacional, é necessário que a mesma participe ativamente do plano
pedagógico da escola. Segundo Campello et al.(2002, p.11), “ao assumir seu
papel pedagógico, a biblioteca pode participar de forma criativa do esforço de
preparar o cidadão do século XXI”. A mesma precisa incluir-se em todos os
eventos, auxiliando os professores a alcançarem suas metas.
Corroborando com essa afirmação acima, Medeiros (2006, p. 18 – 19)
ressalta que:
A biblioteca deve ser considerada como parte integrante e de
suma importância em uma instituição de ensino. É um centro
ativo de aprendizagem e, portanto, precisa ser vista como um
núcleo ligado ao esforço pedagógico dos professores,
atuando como órgão auxiliar e complementar da escola e não
como um apêndice das mesmas, constituindo um elemento
que forma o individuo para a aprendizagem permanente,
estimulando a criatividade, a comunicação e a recreação,
além de apoiar os docentes em sua capacitação.
Ainda sobre a questão pedagógica vale salientar que, para que tal
processo ocorra de forma eficiente - a escola como instituição mantenedora
deve-se manter articulada continuamente com a biblioteca, transformando-a
num centro de informação para a comunidade escolar (SILVA, 2009).
Ratificando essa colocação, Campello et al. (2002, p.11) reforça o ponto de
vista de interação pedagógica, ao afirmar que:
A escola não pode mais contentar-se em ser apenas
transmissora de conhecimentos que, provavelmente, estarão
defasados antes mesmo que o aluno termine sua educação
formal; tem de promover oportunidades de aprendizagem que
dêem ao estudante condições de aprender a apreender,
permitindo-lhe educar-se durante a vida inteira. E a biblioteca
está presente nesse processo. Trabalhando em conjunto,
professores e bibliotecários planejarão situações de
aprendizagem que desafiem e motivem os alunos,
acompanhando seus progressos, orientando-os e guiando-os
no desenvolvimento de competências informacionais cada vez
mais sofisticadas.
Fica evidenciado que, uma biblioteca escolar só pode satisfazer as
necessidades reais dos usuários quando o trabalho é realizado em equipe. É
de suma importância que os professores conheçam a biblioteca da instituição
na qual trabalham - e procurem cooperar com o bibliotecário para buscar
melhorias nos serviços oferecidos. Assim sendo:
Está comprovado que quando os bibliotecários e os
professores trabalham em conjunto, os estudantes alcançam
níveis mais elevados de literacia, leitura, aprendizagem,
resolução de problemas e competências no domínio das
tecnologias de informação e comunicação”. (MANIFESTO DA
UNESCO SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 1999, p.2)
De fato, é importante que haja harmonia entre biblioteca, escola e
professores, para que juntos possam alcançar seus reais objetivos. Não
obstante, o uso deve ser incentivado e iniciado o mais cedo possível na vida do
individuo. Conforme explica Campello et al.(2002, p. 19):
A biblioteca escolar tem uma contribuição a dar, preparando o
aluno desde cedo, não só para entender o significado da
preservação e da valorização de espaços que reúnem o
conhecimento produzido pela humanidade, mas também,
especialmente, para saber usar esse conhecimento.
Silva (2003, p.1) concorda com essa premissa acima e acrescenta:
A biblioteca escolar potencializa as condições para a formação
permanente do cidadão, oferecendo-lhe os primeiros serviços
bibliotecários e capacitando-o a utilizar outros individualmente
sempre que julgar necessário, além de poder propiciar o
exercício de sua curiosidade, estimulando, assim, seu
aprendizado contínuo e seu desenvolvimento.
Infelizmente em alguns casos, esse primeiro contato ocorre de maneira
negativa. Conforme explica Becker e Grosch (2008, p. 38)
O primeiro contato com a biblioteca escolar é muitas vezes um
acontecimento negativo, onde a biblioteca passa a ser
sinônimo de castigos, imposições, proibições e desconfortos,
enquanto deveria constituir-se de uma experiência
extremamente positiva.
Para que a biblioteca escolar estabeleça ações positivas é fundamental
o desenvolvimento de atividades que atendam o interesse de seus usuários.
“As atividades desenvolvidas pela biblioteca escolar precisam estar de acordo
com os interesses de sua clientela, particularmente dos alunos, o que já
pressupõe uma articulação com o trabalho desenvolvido pelo professor”
(CORRÊA et al, 2002, p. 12).
Muitas são as atividades que podem ser desenvolvidas em uma
biblioteca escolar, desde o simples empréstimo até a atividade mais
especificas. Segundo Hillesheim e Fachin11 (1999) a razão de ser da biblioteca
escolar são os serviços de empréstimos e de referências, a cada dia outras
atividades podem ser desenvolvidas para que cumpra de fato os seus
objetivos, buscando sempre a identificação com a escola e a comunidade a
qual está inserida.
Com relação às atividades de uma biblioteca, Borba, M. e Borba, A.
(2007, p. 2) fazendo jus a experiências vivenciadas no âmbito escolar, elencam
as seguintes:
1. Promover ações que visem implementar programas de
leitura e compreensão de textos; 2. Proporcionar aos usuários
a possibilidade das diversas formas de leitura; 3. Incentivar
encontros entre leitores e escritores; 4. Incentivar os artistas a
se apresentarem no espaço da biblioteca; 5. Estimular a
criação e integração de grupos de leitura; 6. Incrementar a
interação entre biblioteca e o usuário; 7. Promover encontros e
palestras para os alunos; 8. Preservar a cultura popular; 9.
Resgatar a memória local; 10. Analisar formas de preservação
do acervo da biblioteca; 11. Promover exposição de
lançamentos literários; 12. Organizar feiras de livros; 13.
11
Documento eletrônico não paginado.
Promover oficinas de teatro; 14. Promover apresentação de
grupos teatrais.
Através dessas atividades culturais, a biblioteca pode torna-se um lugar
prazeroso dinâmico, descontraído, de maneira que os alunos se sintam
atraídos por elas e venham a desenvolver cada vez mais o gosto pela leitura.
Escopo principal da biblioteca escolar.
A biblioteca escolar pode, sim, ser o local onde se forma o leitor
critico, aquele que seguirá vida afora buscando ampliar suas
experiências existenciais através da leitura. Mas, para tanto,
deve ser pensada como um espaço de criação e de
compartilhamento de experiências, um espaço de produção
cultural em que crianças e jovens sejam criadoras e não
apenas consumidoras de cultura. (CAMPELLO ET AL., 2002,
p.22)
Em suma, Para Brasil (1997, p. 58, apud CAMPELLO ET AL., 2007, p.
228), a biblioteca escolar é “[...] a primeira das condições favoráveis para a
formação de bons leitores, ao lado do acervo de classe e das atividades de
leitura”. É de inteira responsabilidade da escola, oferecer boas condições de
aprendizado ao aluno, e uma forma de se concretizar isto é investir na
biblioteca, uma vez que esta, comprovadamente, desempenha papel decisivo
na formação do estudante.
Com base nas considerações feitas até agora, resta refletir a respeito do
tipo de profissional capacitado que melhor exerceria atividades que levassem a
biblioteca escolar a contribuir efetivamente para o sucesso do processo ensinoaprendizagem, e por seguinte, a escola a alcançar seus objetivos. Refere-se ao
Bibliotecário escolar. O mesmo será exposto no capitulo seguinte.
5 BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR
Conforme foi aludido no capitulo anterior, a Biblioteca Escolar assume
papel importantíssimo no contexto ensino-aprendizagem. Para tanto, não há
duvidas de que a sua função educadora figura entre as mais importantes no
âmbito educacional. Sua funcionalidade depende da interação bibliotecaescola, interesse dos alunos e principalmente da dinamização de suas
atividades por parte de um profissional habilitado.
Para Caldin (2003) o bibliotecário é o profissional credenciado para
gerenciar a biblioteca escolar, a ele compete fazer com que esta unidade de
informação funcione de modo apropriado e dinâmico. Tavares (1973 p. 26) é
mais contundente quando afirma:
Para o êxito de uma biblioteca, elemento importante é o
bibliotecário, graças ao seu trabalho eficiente é que a biblioteca
pode existir. Da sua ação, do seu conhecimento depende a
biblioteca para ser dotada e estar preparada para atender às
necessidades dos alunos.
Cumpre frisar que, os estudantes precisam ser orientados em suas
pesquisas. Logo, necessita de alguém especializado para auxiliá-los na busca
da informação. Sendo assim, compete ao profissional bibliotecário imbuído de
conhecimentos técnicos, porém, proativos - a missão de procurar satisfazer
com êxito as necessidades informacionais dos usuários.
Segundo Borba (1999, p. 102), “o bibliotecário precisa deixar
transparecer ao usuário que o pessoal de uma biblioteca é amigo, competente,
e que está sempre pronto para ajudá-lo no momento em que ele necessitar.”
Para que esse desígnio aconteça, Oliveira (2002, p. 20) diz que “é muito
importante que o bibliotecário se recicle, procure fazer cursos para se atualizar.
Busque sempre melhorar a qualidade do atendimento, pois os usuários estão
cada vez mais exigentes e o mercado, mais competitivo.” Para que o
bibliotecário tenha um bom desempenho no mercado de trabalho, o mesmo
precisa estar sempre em busca de atualizações e especializações.
Considerado por diversos estudiosos como gestor do conhecimento, o
bibliotecário escolar tem como função básica fornecer de maneira rápida e
pratica informação aos estudantes. “O bibliotecário deve fornecer a informação
rápida, encontrar o material adequado - ir ao encontro do que o aluno precisa e
deseja” (TAVARES, 1973 p. 28). Para isso, ele necessita de uma boa
comunicação, precisa ser agradável, deve gostar de servir, deve ser criativo e
responsável, porque do seu trabalho dependerá o resultado das pesquisas dos
estudantes.
Dentro da concepção de trabalho desenvolvido pelo bibliotecário,
Hillesheim e Fachin (1999, p. 116): comenta:
O profissional responsável pela Biblioteca Escolar não se
restringirá apenas a facilitar o acesso à informação, mas se
responsabilizará pela proposição de atividades de motivação,
que estimulem o hábito de leitura, o gosto pela pesquisa, o
próprio prazer pelo estudo e de ampliar conhecimentos.
Ainda sobre esse prisma de ações estimuladoras, Borba, M. e Borba, A.
(2007, p. 1) reforça o assunto ao afirma que:
Os bibliotecários escolares, precisam se conscientizar da
importância que a biblioteca escolar tem para a formação das
crianças, pois é neste local que a criança inicia a sua formação
como leitor. Faz-se necessário que os profissionais que
trabalham nesta instituição procurem priorizar ações no sentido
de tornar a biblioteca local de prazer.
Dentre as várias ações que podem ser desenvolvidas na biblioteca, a fim
de torná-la um ambiente harmonioso, a organização das estantes é
considerada fator primordial. Com relação a essa atividade Corrêa et al. (2002,
p.16) recomenda:
Cabe ao bibliotecário selecionar o acervo e colocá-lo de
maneira mais acessível ao usuário, arrumando a mobília da
biblioteca de acordo com a faixa etária atendida para
proporcionar mais conforto e praticidade, ter uma
homogeneidade em relação a professores da escola e
estudantes, coordenar o programa de aquisição, proporcionar
uma interação com a comunidade, usando toda a sua
criatividade nos projetos da biblioteca, além de classificar e
catalogar as obras para que a organização fique mais fácil de
ser mantida.
De acordo com Sales (2002, p.28, apud GARCEZ, 2007 p. 31), “a
atividade do bibliotecário está vinculada ao exercício da cidadania, ao livre
acesso à informação. [...] No ambiente onde atua é o intermediário entre o
acervo e o leitor.” Assim sendo, compete ao bibliotecário, adequar o acervo da
biblioteca fazendo uma seleção das obras essenciais, de modo que se
aproveite o material de acordo com o perfil de cada usuário.
Para que se possam desenvolver coleções em beneficio dos estudantes,
o bibliotecário não deve trabalhar sozinho, e sim, deve investir na interação
com professores e alunos. Conforme explica Garcez (2007, p.33): ”No contexto
escolar,
a
formação
da
coleção
da
biblioteca
deve
contemplar
a
participação/sugestão de professores e alunos.”
Não menos importante é o acesso do bibliotecário ao programa escolar
dos professores. Sousa (2009, p. 118) ressalta:
O bibliotecário deve participar da vida escolar de seus
usuários, participando do desenvolvimento do programa
educativo que o professor colocará em prática na sala de aula,
onde a biblioteca constituirá uma extensão das atividades de
classe, onde o aluno buscará respostas aos questionamentos
levantados em sala. Através desta parceria os anseios de
incentivo à pesquisa serão atingidos pelo professor, que
instiga a formulação de questões em suas aulas, e pelo
bibliotecário que auxiliará na busca de informações que
resultem na solução do problema.
Em linhas gerais, o bibliotecário precisa participar ativamente de todos
os acontecimentos que cercam o ambiente escolar, bem como ter
conhecimento da política educacional da instituição na qual está inserido. Para
Borba (1999, p. 102) neste contexto “è importante que se estabeleça um
relacionamento sem barreiras e que o bibliotecário se mantenha alerta às
necessidades e problemas de aluno e professores [...]”.
O bibliotecário, independentemente de sua área de atuação, é um
educador. Logo, deve trabalhar em parceria com outros educadores:
professores e coordenadores. Segundo Witter (1989 apud BORBA, 1999), nas
funções modernas a serem exercidas pelo bibliotecário, considera-se, que deve
destacar seu trabalho como educador, quer ele atue em uma biblioteca escolar,
quer exerça suas atividades em qualquer outro tipo de entidade. Isso coloca
em evidência suas atividades no que tange à leitura. Logo:
O bibliotecário tem de lembrar que é um educador, que uma
das funções da biblioteca escolar é ensinar o aluno a pensar e,
portanto, é sua função também ensinar os usuários a pensar,
refletir e questionar os saberes registrados, verificar a
pertinência, validade, aplicabilidade das idéias contidas nos
livros. (SOUSA, 2009, p.117):
Contudo, incentivar o prazer pela leitura não é tarefa fácil, é muito
importante que os bibliotecários gostem de ler, pois eles servem de referencial
para os alunos.
Segundo Caldin (2003), o bibliotecário deve propagar a leitura não
somente com objetivo informativo ou pedagógico, mas também, como ato
prazeroso e acima de tudo o bibliotecário precisa ser leitor, porque só quem lê
com prazer pode incentivar o prazer de ler. Em suma, para formar leitores é
preciso ter entusiasmo pela leitura.
De acordo com o que foi pesquisado, fica evidenciado o quanto é
importante a presença de um profissional bibliotecário em uma unidade de
informação escolar, não só pela competência de orientar os alunos na
utilização da biblioteca, mas, principalmente pelo ato de despertar, nos
mesmos, o hábito e o gosto pela leitura.
No capítulo a seguir o tema Leitura, será analisado para se compreender
o que seja leitura e os incentivos para que a mesma seja consolidada.
6 LEITURA
A leitura exerce papel fundamental para formação do cidadão. Antes de
discorrer sobre essa premissa, faz-se necessário verificar alguns conceitos
mencionados por estudiosos referentes a pratica da leitura.
De acordo com Borba (1999, p.16) ler significa “conhecer, decifrar,
interpretar.” Elucidado no mesmo sentido, Curto (2000,
p.171 apud
MEDEIROS, 2006, p.38) comenta: “ler é dar sentido ao que está escrito;
interpretar o que diz um texto; descobrir-lhes significados”. Reforçando os
conceitos anteriores Martins (1982, p.32) afirma: “A leitura, é um processo no
qual o leitor participa com uma aptidão que não depende basicamente de sua
capacidade de decifrar sinais, mas sim de sua capacidade de dar sentido a
eles e compreendê-los.”
Em suma, a leitura se realiza a partir do dialogo do leitor com o objeto
lido, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento etc.
Ressaltando o conceito etimológico Vargas (1997, p.6) explica que: “a
palavra ler vem do Latim ‘Legere’, significando ler e colher. Interpretação de
símbolos gráficos de modo a que se tornem compreensíveis.” Nesse sentido,
ler significa colher conhecimento.
Segundo Borba (20- - ?, p.1) “a maior parte dos conhecimentos é obtida
através da leitura, que possibilita não só a ampliação, como também o
aprofundamento do saber em determinado campo cultural e científico”. Assim
sendo, a leitura é um dos instrumentos essenciais para que o indivíduo
construa seu conhecimento e exerça a cidadania.
Para que se possa exercer plenamente a sua cidadania, o indivíduo
precisa não apenas ler, mas interpretar e analisa o que lê, despertando o seu
senso critico. “A criticidade faz com que o leitor não só reconstrua ou recrie ou
re-escreva as idéias veiculadas por um autor, mas leva-o também a posicionar-
se diante delas, fazendo a reflexão das idéias projetadas pelo processo de
constatação.” (SILVA, 1986, p. 107).
Corroborando com a afirmação acima Medeiros (1999, p. 53) lembra
que:
O essencial é que o exercício pleno da leitura contribua para a
formação de indivíduos capazes de realizar uma análise crítica
do seu cotidiano, levando-os a uma participação social
coerente com a consciência dos seus direitos e deveres.
A partir do processo de conscientização proporcionada pela pratica da
leitura, o ser humano passa a compreender/conhecer o mundo e a realidade
que o cerca. Conforme explica Hoffmann (1996, p. 20)
A leitura faz com que o leitor entre num processo de
participação dos valores culturais da humanidade. A pessoa
que lê se torna mais consciente da realidade que a cerca,
conseqüentemente se torna mais livre e tornando-se mais livre
torna-se mais responsável e dentro de uma linha de evolução
tornar-se-á mais feliz.
Vale ressaltar que não basta apenas ler, é importante analisar,
interpretar, conhecer para agregar valor à atividade ou necessidade que se
tem. Amolado com essa colocação Wolf (apud SILVA,1998) afirma que: caso
queiramos que os alunos se transformem em cidadãos críticos, capazes de
avaliar criticamente as idéias de um número cada vez maior de materiais para
leitura, precisamos ensiná-los a ler criticamente.
Ensinar a ler criticamente significa, antes de mais nada,
dinamizar situações em que o aluno perceba, com
objetividade, os dois lados de uma mesma moeda ou, se
quiser, os múltiplos lugares ideológicos discursivos que
orientam as vozes dos escritores na produção dos seus textos.
(SILVA, 1998, p. 30).
É notório afirmar que o ato de ler é imprescindível ao indivíduo, no
entanto, ler criticamente desvela no cidadão a capacidade de reconhecer e
reivindicar direitos, bem como promover o exercício ético e efetivo de suas
funções sociais, morais e, sobretudo intelectuais (SANTOS 2000). Colaborando
com essa afirmação Medeiros (2006, p. 42) acrescenta:
A leitura critica é aquela que não permanece só no nível da
representação da realidade, mas provoca o leitor a imaginar
como essa realidade poderia ser de outra maneira. Ela instiga
a abertura de caminhos e de espaços para a transformação
dos valores e das práticas sociais. Sendo sempre geradora de
expressão, o individuo torna-se participativo no destino da
sociedade o qual ele pertence.
Em contra partida, a leitura desprovida de critica pode levar á simples
aceitação mecânica de argumentos e situações. Quando a leitura se
transforma em rotina mecânica, a mesma perde sua função de estimulo
intelectual e emocional e pode redundar no embotamento da fantasia e do
raciocínio. (BAMBERGER, 1987).
Por isso a importância de desenvolver capacidades criticas juntamente
com as competências de leitura.
As escolas, em particular as bibliotecas, precisam estimular seus alunos
a serem críticos, a lerem um livro, interpretando o que está contido nas
entrelinhas, o que está subentendido.
Para isso, faz-se necessário a elaboração de programas voltados para o
desenvolvimento de leitura de diferentes tipos de informações, permitindo aos
indivíduos a formação de uma consciência crítica quanto à realidade que o
rodeia, tanto no âmbito da política, da economia, das ações sociais, bem como
dos avanços científicos nos diversos campos do conhecimento. (SILVA, 2010).
Segundo Bamberger (1987, p.13) “todo bom leitor é bom aprendiz –
esse fato é importante para o êxito tanto na escola quanto na vida ulterior,
quando precisamos estar preparados para nos adaptarmos a novas
circunstancias.”
Logo, cumpre frisar que, para forma bons leitores, não é suficiente,
simplesmente, ensinar a ler; é necessário, também, gostar de ler.
Silva (1986) ratifica o pensamento acima quando diz: para que ocorra
um bom ensino da leitura é necessário que o mediador seja, ele mesmo, um
bom leitor.
No âmbito das escolas, de nada vale o velho ditado ‘faça como eu digo não faça como eu faço’, isto porque os alunos necessitam do testemunho vivo
dos mediadores no que tange à valorização e encaminhamento de suas
praticas de leitura.
Para Souza (2009), a aprendizagem da leitura está intimamente
relacionada ao processo de formação geral de um indivíduo e à sua
capacitação para as práticas sociais, tais como: a atuação política, econômica
e cultural, além do convívio em sociedade, seja na família, nas relações de
trabalho dentre outros espaços ligados à vida do cidadão.
Com base no que foi pesquisado fica evidenciado que, a leitura deve ser
algo diversificado, agradável.
Deve trazer descobertas e ser uma maneira de obtenção de
conhecimentos, para que o ser humano possa modificar sua visão do mundo e
sua posição como ser social contribuindo dessa forma para desenvolvimento
da cidadania.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi pesquisado, conclui-se que a teorização apresentada
proporcionou respostas para as indagações expostas na proposta do trabalho
desenvolvidas sob vários aspectos.
A educação é um instrumento eficaz no desenvolvimento da cidadania,
desperta o individuo para as reflexões sobre o seu meio, criando um cidadão
ativo e participante de todas as situações vivenciadas por ele na sociedade.
Contudo, é papel da escola fazer o aluno compreender que faz parte de
uma sociedade verdadeiramente democrática, na qual todos precisam tomar
consciência de seus direitos e deveres. Não obstante, é preciso que por meio
da leitura, os alunos se transformem não apenas em cidadãos que decifram a
escrita, mas em pessoas capazes de compreender as idéias contidas nos
textos.
Além de formar cidadãos críticos, conscientes de seus direitos e deveres
a leitura torna-os capazes de selecionar as informações relevantes interagindo
com as mudanças que ocorrem na sociedade. Se a escola tiver a capacidade
de criar esse tipo de leitor, estará contribuindo para o exercício da cidadania.
É conveniente afirmar que uma proposta de leitura elaborada a partir de
uma visão holística tendo como base o contexto sócio-cultural do aluno, não
deve ser construída apenas para cumprimento de um currículo escolar. Deve,
sim, servir como instrumento de formação do cidadão e de formação do leitor.
Embora falte uma política de apoio permanente à leitura no país, cumpre
destacar a importância da incorporação de projetos e atividades que incentivem
a leitura no ambiente educacional, e propor novas estratégias de apoio a esta
prática, especialmente nas bibliotecas escolares.
Com base na pesquisa realizada observou-se que, nos tempos remotos,
a biblioteca era usada por uma pequena parcela da população e sua função
era somente a de armazenar livros. Com o enfraquecimento do poder religioso
e com a independência política, iniciou-se a ampliação da educação e
originaram-se novas formas de se entender e se praticar o ensino e a leitura
nas bibliotecas.
Com isso, ao longo de sua história a biblioteca escolar foi ampliando
suas possibilidades de atuação e mostrando-se mais dinâmica a fim de
satisfazer a demanda social. Agora, uma das missões que devem ser
desenvolvidas no espaço da biblioteca escolar é contribuir para a melhoria do
ensino promovendo ações educativas e seu compromisso é desenvolver em
seus usuários desde a infância o prazer pela leitura, tendo como
responsabilidade a formação de cidadãos responsáveis.
Assim, tornar a biblioteca um lugar prazeroso, dinâmico, descontraído,
de maneira que as crianças se sintam atraídas por ela e venha desenvolver
cada vez mais o gosto pela leitura, se faz um desafio constante para os
profissionais da informação em parceria com os educadores em uma biblioteca
escolar.
Neste espaço, a presença de um bibliotecário como agente educador
constitui um aspecto positivo, pois ele pode propor e ajudar na implantação de
projetos que visem a revitalizar as bibliotecas escolares a fim de dinamizá-las e
integrá-las aos projetos políticos pedagógicos das escolas. Isso é necessário
para que esta assuma uma nova postura e funcione como espaço sóciocultural que garanta ao cidadão o direito de acesso à leitura, além de
desenvolver práticas que proporcionem o hábito de ler.
O Bibliotecário como agente do processo ensino-aprendizagem e
principal articulador das ações desenvolvidas na escola deve atuar diretamente
na formação e utilização do acervo, selecionando criteriosamente o material a
ser trabalhado. Nessa perspectiva, a biblioteca pode tornar-se espaço de
construção da cidadania, pois possuirá um aparato informacional, que
possibilitará o despertar da consciência crítica, ponto fundamental para a
formação do ser cidadão.
Espera-se então que para os alunos a biblioteca seja considerada um
espaço agradável, acolhedor e atrativo para que sua presença seja uma
constante, não apenas para a realização de pesquisas ou trabalhos escolares,
mas também, e principalmente, para o prazer e reflexão, desenvolvendo sua
formação plena e o exercício da cidadania.
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BIBLIOTECA ESCOLAR: instrumento essencial para formação do