i UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA UMA INSTITUIÇÃO DO TERCEIRO SETOR ESTUDO DE CASO DO GRUPO CULTURAL AFROREGGAE ALBERTO SIDNEY MEIGA JUNIOR BRUNO DE MAGALHÃES SCARANELLO FLAVIA MOTTA SILVA LUCIANA GUIDI DE OLIVEIRA SUZIMEIRE ARAKAKI SÃO PAULO 2007 ii FICHA CATALOGRÁFICA Alunos: Alberto Sidney Meiga Junior, Bruno de Magalhães Scaranello, Flavia Motta Silva, Luciana Guidi de Oliveira, Suzimeire Arakaki. Monografia:Pós-Graduação Gestão em Comunicação e Marketing. Instituição: Universidade de São Paulo – Escola de Comunicação e Artes Palavras-Chaves: terceiro setor, marketing, marketing cultural, gestão financeira, sustentabilidade e planejamento estratégico. iii DEDICATÓRIA Aos nossos pais por todo apoio, dedicação e amor ao longo dos anos, aos nossos irmãos e irmãs pelas trocas e momentos de alegria, aos nossos namorados e namoradas por toda compreensão, companheirismo e carinho nesses meses de trabalho intenso. Cada um de vocês faz parte desse resultado e é por isso que o dedicamos inteiramente à vocês. iv AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos vão para muitos que fazem desse projeto algo especial para nós e para aqueles que futuramente utilizarão esse material como fonte de pesquisa e conhecimento: O Coordenador Executivo do Grupo Cultural AfroReggae, José Junior, que aceitou nossa proposta e viabilizou sua equipe para nos ajudar no que fosse preciso, ao Coordenador de Parcerias Institucionais, João Madeira que nos recebeu com imensa atenção e muito nos ensinou sobre o projeto e sobre o trabalho desenvolvido pelo AfroReggae. Aos coordenadores dos núcleos do Grupo Cultural AfroReggae que realizam diariamente um brilhante trabalho junto as crianças. E em especial às crianças e jovens beneficiados pelo projeto, que conseguiram nos emocionar com o carinho, qualidade e dedicação com que se apresentaram para nós. Obrigada por nos proporcionarem essa incrível experiência de vida ! Também dedicamos um agradecimento especial ao nosso orientador Prof. Ms. Eduardo Augusto da Silva, que muito contribuiu para o enriquecimento desta monografia. v EPÍGRAFE “Às vezes, preciso voar para chegar aonde quero” Francisco Valdean vi SUMÁRIO INTRODUÇÃO______________________________________________________ 1 Problema ________________________________________________________ 1 Objetivos ________________________________________________________ 2 Objetivo Geral___________________________________________________ 2 Objetivos Específicos _____________________________________________ 2 Justificativas ______________________________________________________ 3 Hipóteses ________________________________________________________ 4 Metodologia ______________________________________________________ 5 CAPÍTULO I - TERCEIRO SETOR ______________________________________ 6 1.1 Definição _____________________________________________________ 6 1.2 Perspectiva histórica no Brasil ____________________________________ 10 1.3 Contexto do Terceiro Setor no Brasil _______________________________ 12 CAPÍTULO II - GESTÃO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR______________________________________________ 19 2.1 Introdução ___________________________________________________ 19 2.2.Contexto Histórico _____________________________________________ 20 2.3 Conceitos Básicos de Planejamento Financeiro para o Terceiro Setor_____ 2.3.1 Introdução ________________________________________________ 2.3.2. Balanço Patrimonial ________________________________________ 2.3.3 Demonstrativo de Resultados _________________________________ 2.3.4 Fluxo de Caixa_____________________________________________ 2.3.5 Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos (Doar) e Demonstrativo de Mutação do Patrimônio Social_______________________ 21 21 22 24 26 27 2.4 Gestão de Fontes de Recursos Financeiros _________________________ 29 2.4.1 Introdução ________________________________________________ 29 2.4.2. Contexto Histórico _________________________________________ 30 CAPÍTULO III - MARKETING CULTURAL PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR___________________________________________________________ 31 3.1 Cultura e arte _________________________________________________ 31 3.2 Filantropia, Mecenato e Patrocínio ________________________________ 35 3.3 Marketing Cultural _____________________________________________ 39 3.4 Agentes do Cenário Cultural _____________________________________ 41 3.5 Aspectos Legais e Fiscais _______________________________________ 45 3.5.1 Evolução da Legislação Brasileira______________________________ 45 CAPÍTULO IV - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING _________ 53 4.1 Introdução ___________________________________________________ 53 4.2 Definindo o produto e negócio da empresa __________________________ 55 4.2.1 Classificação de Produtos ____________________________________ 56 vii 4.2.2 Classificação de Serviços ____________________________________ 57 4.2.3 Ciclo de Vida do Produto e do Mercado _________________________ 59 4.3 Análise do portfólio_____________________________________________ 60 4.3.1 A matriz BCG______________________________________________ 61 4.3.2 Modelo multifatorial GE ______________________________________ 63 4.4 Análise do mercado competitivo __________________________________ 67 4.4.1 Análise do Macroambiente ___________________________________ 67 4.4.2 Análise do Ambiente Competitivo ______________________________ 70 CAPÍTULO V - ESTUDO DE CASO: GRUPO CULTURAL AFROREGGAE_____ 78 5.1 Histórico _____________________________________________________ 5.1.1 O início___________________________________________________ 5.1.2 Ampliando as perspectivas ___________________________________ 5.1.3 Avançando nas conquistas ___________________________________ 5.1.4 Consolidação das bases artísticas _____________________________ 5.1.5 Ampliação de horizontes - Foco no Futuro _______________________ 5.1.6 Da Favela para o Mundo _____________________________________ 5.1.7 Consolidação e Fortalecimento Institucional ______________________ 78 79 80 81 83 85 87 90 5.2 Análise Inicial _________________________________________________ 91 5.2.1 Avaliação Preliminar do Processo Sistêmico _____________________ 91 5.2.1.1 Inputs __________________________________________________ 92 5.2.1.2 Throughputs _____________________________________________ 94 5.2.1.3 Outputs _________________________________________________ 99 5.2.2 Plano de Marketing ________________________________________ 103 5.2.2.1 Objetivos Preliminares ____________________________________ 103 5.2.2.2 Metas Preliminares _______________________________________ 103 5.2.2.3 Definição do(s) produto(s) / serviço(s) –Matriz GE e BCG_________ 104 5.2.2.3.1 Matriz GE_____________________________________________ 104 5.2.2.3.2 Função Genérica _______________________________________ 104 5.2.2.3.3 Necessidades que atende ________________________________ 106 5.2.2.3.4 Atributos Tangíveis _____________________________________ 107 5.2.2.3.5 Atributos Intangíveis: ____________________________________ 107 5.2.2.3.6 Classificação dos Serviços _______________________________ 107 5.2.2.3.7 Fase do Ciclo de Vida ___________________________________ 107 5.2.2.3.8 Explicação das notas da matriz GE_________________________ 108 5.2.2.4 Definição de concorrência _________________________________ 135 5.3 Análise do Ambiente de Marketing______________________________ 148 5.3.1 Como afetam instituições e organizações ________________________ 148 5.4 Variáveis do Ambiente Mercadológico_____________________________ 5.4.1 Variáveis Econômicas ______________________________________ 5.4.2 Variáveis Sócio-Culturais ___________________________________ 5.4.3 Variáveis Políticas _________________________________________ 5.4.4 Variáveis Tecnológicas _____________________________________ 5.4.5 Variáveis Legais __________________________________________ 5.4.5.1 Sistemas de Informações – Pesquisa Primária _________________ 5.4.5.1.1 Análise Geral __________________________________________ 5.4.5.1.2 Comunidade __________________________________________ 5.4.5.1.3 Entrevista Individual em Profundidade ______________________ 5.4.5.1.4 Conclusão da Pesquisa __________________________________ 153 153 159 166 168 171 173 181 182 183 185 viii 5.4.5.2 SWOT _________________________________________________ 186 CAPÍTULO VI - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ______________________ 193 6.1 Objetivos / Metas Definitivos ____________________________________ 193 6.2 Estratégias __________________________________________________ 193 6.3 Projeto Proposto______________________________________________ 6.3.1.Conceito_________________________________________________ 6.3.2 Proposta de implementação para Produto / Serviço _______________ 6.3.3 Proposta de implementação para Preço / Remuneração ___________ 6.3.4 Proposta de implementação para Vendas / Distribuição____________ 6.3.5 Proposta de implementação para Comunicação__________________ 6.3.5.1 Conteúdo da mensagem __________________________________ 6.3.5.2 Plano de Comunicação Integrada ___________________________ 6.3.5.3 Ferramentas de divulgação ________________________________ 6.4. Gestão Estratégica: _________________________________________ 6.4.1 Organização _____________________________________________ 6.4.3 Controle _________________________________________________ 6.4.4 Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira ____________________ 197 198 198 201 201 202 202 203 205 206 206 213 214 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES __________________________ 223 BIBLIOGRAFIA ___________________________________________________ 226 ix TABELAS Tabela 1.1 Segmentos de organizações de Terceiro Setor ___________ 12 Tabela 2.1 Modelo de Demonstrativo de Resultados ________________ 24 Tabela 2.2 – Modelo de Fluxo de Caixa __________________________ 26 Tabela 2.3 – Modelo de demonstração de origem e aplicação de recursos (DOAR) ____________________________________________ 28 Tabela 2.4 – Modelo de demonstrativo de mutação de patrimônio social 28 Tabela 5.1 Avaliação da Relação Empresa-Mercado ______________ 102 Tabela 5.2 – Matriz GE – Posição da Organização _________________ 118 Tabela 5.3 – Matriz GE – Atratividade ___________________________ 119 Tabela 5.4 Crianças Atendidas _________________________________ 125 Tabela 5.5 Receita Total ______________________________________ 127 Tabela 5.6 Receita e Patrocínio ________________________________ 129 Tabela 5.7 Receita Própria ____________________________________ 131 Tabela 5.8 Números de projetos ________________________________ 132 Tabela 5.9 Números de Colaboradores __________________________ 134 Tabela 5.10 Programas por Município ___________________________ 141 Tabela 5.11 Programas Instituto Baccarelli _______________________ 143 Tabela 5.12 Índices de preços _________________________________ 155 Tabela 5.13 Estimativa dos índices de preços _____________________ 155 Tabela 5.14 Taxa de Câmbio __________________________________ 157 Tabela 5.15 Taxa de desemprego ______________________________ 158 Tabela 5.16 Produto Interno Bruto – PIB _________________________ 159 Tabela 5.17 Produto Interno Bruto – PIB _________________________ 159 x Tabela 5.18 Captação de recursos ______________________________ 160 Tabela 5.19 Aspectos Demográficos - Informações Gerais ___________ 161 Tabela 5.20 Taxa de fecundidade e mortalidade infantil _____________ 161 Tabela 5.21 - Uso de anticonceptivos entre mulheres _______________ 162 Tabela 5.22 Trabalho e Rendimento - Informações Gerais - 1999 ______ 163 Tabela 5.23 Taxa de atividade _________________________________ 163 Tabela 5.24 Taxa de desocupação ______________________________ 164 Tabela 5.25 Educação e Condições de Vida ______________________ 164 Tabela 5.26 - Unidade domiciliar _______________________________ 165 Tabela 5.27 - Famílias por classes de rendimento médio mensal ______ 165 Tabela 5.28 Domicílios por condição de saneamento e luz elétrica _____ 165 Tabela 5.29 – Modelo Avaliativo dos Outputs ______________________ 187 Tabela 5.30 - Modelo Avaliativo dos Outputs ______________________ 190 Tabela 6.1. Estimativa de investimento inicial para o espaço AfroReggae 208 Tabela 6.2 – Gráfico de Gantt do projeto Espaço AfroReggae _________ 211 Tabela 6.3 – Planejamento ____________________________________ 215 Tabela 6.4 – Previsão de Vendas _______________________________ 216 Tabela 6.5 – Fluxo de Caixa ___________________________________ 219 Tabela 6.6 – Viabilidade Econômico Financeira ____________________ 220 Tabela 6.7 – Análise de Retorno _______________________________ 221 Tabela 6.8 – Análise de Retorno – Cenário Otimista ________________ 222 xi Quadros Quadro 4.1 Fatores de Avaliação da Atratividade dos Mercados ___________ 64 Quadro 4.2 Fatores de Avaliação da Posição dos Produtos/UEN no Mercado 65 Quadro 4.3 Posição do Negócio ____________________________________ 66 Quadro 6.1: Hierarquia proposta ____________________________________ 210 xii Gráficos Gráfico 1.1 Divisão geográfica das Organizações do Terceiro Setor _________ 14 Gráfico1.2 Divisão por estados das Organizações do Terceiro Setor _________ 15 xiii Figuras Figura 3.1 Ações institucionais e suas formas de atuação, segundo a legislação brasileira ______________________________________________ 38 Figura 3.2 Sistema dos agentes do marketing cultural ___________________ 41 Figura 3.3 Alternativas de financiamento para a viabilização de empreendimentos culturais ________________________________________ 42 Figura 4.1 Adequação Estratégica __________________________________ 54 Figura 4.2 Representação do Modelo BCG ___________________________ 62 Figura 4.3 Análise PEST do macroambiente __________________________ 67 Figura 4.4 As cinco forças que determinam a atratividade estrutural dos segmentos _____________________________________________________ 71 Figura 4.5 Modelo Comparativo dos Outputs __________________________ 74 Figura 4.6 Formato do Modelo Clássico – Inputs _______________________ 75 Figura 4.7 Formato do Modelo Clássico – Throughputs _________________ 76 Figura 5.1 – Matriz GE – Gráfico ______________________________ 120 Figura 5.2 BCG INTERNO (Faturamento) _____________________________ 121 Figura 5.3 BCG INTERNO (Faturamento) _____________________________ 122 Figura 5.3 Crianças Atendidas _____________________________________ 126 Figura 5.4 Receita Total __________________________________________ 128 Figura 5.5 Receita e Patrocínio _____________________________________ 130 Figura 5.6 Receita Própria _________________________________________ 131 Figura 5.7 Número de Projetos _____________________________________ 133 Figura 5.8 Número de Colaboradores ________________________________ 134 Figura 5.9 Uma Classificação dos Processos de Pesquisa Qualitat _________ 174 1 INTRODUÇÃO O tema deste trabalho acadêmico é identificar necessidades estruturais plausíveis para a viabilização de empreendimentos financeiramente equilibrados para organizações do terceiro setor. Para que o tema acima proposto seja decorrido com clareza, o trabalho irá apresentar forte embasamento teórico sobre os seguintes assuntos: Sustentabilidade Financeira, Terceiro Setor e Marketing Cultural para Instituições do Terceiro Setor. Após todo embasamento teórico, ocorrerá a contextualização dos conceitos acima para o Grupo Cultural AfroReggae a fim de propor uma orientação para que o grupo eleve suas receitas próprias e consiga diminuir sua dependência financeira sobre as doações e patrocínios recebidos. Problema É difícil encontrar organizações do terceiro setor que sejam financeiramente equilibradas, que tenham uma Gestão Estratégica eficiente e que não dependam exclusivamente de patrocínios e apoios para sobreviver. Essa dificuldade pode se tornar crucial para a sobrevivência das organizações do terceiro setor, em um momento que muitas empresas preferem investir em instituições filantrópicas por elas criadas e o número de organizações do terceiro setor cresce, em função da necessidade de se criar mecanismos de ajuda à população frente a problemas como discriminação social, saúde, educação, sub- 2 empregos, pobreza, violência que infelizmente, são temas marginalizados pelo governo. Poderá um Plano de Marketing, tornar o Grupo Cultural AfroReggae uma organização financeiramente equilibrada e que não dependa exclusivamente de patrocínios e doações de grandes empresas e / ou governamentais? Objetivos Objetivo Geral O objetivo geral de nosso estudo é elaborar um plano de marketing com o propósito de orientar o Grupo Cultural AfroReggae para se tornar uma organização equilibrada financeiramente, ou seja, reduzir a dependência financeira advinda de doações e aumentar a receita própria gerada através dos produtos e serviços oferecidos pela organização. Objetivos Específicos Para alcançar o objetivo proposto, pretendemos entregar os seguintes objetivos específicos: ¾ Estudo de Mercado: Realizar um estudo do mercado no qual o grupo AfroReggae está inserido e uma análise da concorrência, através da aplicação das ferramentas matriz BCG, GE. 3 ¾ Gestão de Serviços: Apresentar iniciativas para tornar mais eficaz a gestão de serviços do Grupo Cultural AfroReggae. ¾ Gestão de Produtos: Apresentar iniciativas para tornar mais rentável a gestão de alguns dos produtos do Grupo Cultural AfroReggae. ¾ Plano de Comunicação Integrada: Apresentar um plano de Comunicação Integrada com o objetivo de alavancar as fontes de renda próprias do AfroReggae. ¾ Análise de Retorno de Investimento: Elaborar uma análise do Retorno sobre o investimento do plano de Comunicação. Justificativas Os inúmeros problemas sociais enfrentados pela população brasileira hoje, demandam a abertura de entidades filantrópicas voltadas a ações sociais que tentam, de alguma forma, contribuir para que a população viva melhor. As organizações do Terceiro Setor tendem a depender exclusivamente de patrocínios, doações e apoios, o que as tornam vulneráveis, com um alto índice de falência, fato que deixa de contribuir com o bem da sociedade em geral faz com que grupos de pessoas continuem marginalizados. Tendo essas premissas como base, percebeu-se que uma atitude deveria ser tomada para que organizações do terceiro setor pudessem continuar a desenvolver o seu papel na sociedade sem ter que depender apenas da boa vontade de alguns patrocinadores e doadores para sobreviver. 4 Decidido o tema central do projeto, o grupo optou por analisar uma organização não governamental que já possui uma boa estrutura, se comparada a outras organizações do terceiro setor, o Grupo Cultural AfroReggae. O Plano de Marketing desenvolvido para esta organização não governamental, visa estudar o Grupo para que ele possa aplicar as ações sugeridas e se torne melhor estruturada e menos vulnerável às tendências deste setor. Espera-se que este projeto seja uma referência no setor e que esta atitude seja implantada em outras entidades filantrópicas, a fim de minimizarmos os problemas sociais enfrentados pela população brasileira. Hipóteses A fim de alcançar o objetivo proposto o trabalho em questão buscará um posicionamento conclusivo para as seguintes hipóteses: ¾ Instituições do Terceiro Setor, como o Grupo Cultural AfroReggae, não têm embasamento teórico e colaboradores qualificados o suficiente para desenvolverem sua independência financeira. ¾ Por ser uma Organização do Terceiro Setor, gerar receita própria, sem depender de patrocínios e doações, não é o seu foco. Isto pode ser uma barreira na busca de profissionalização e desenvolvimento de planos estratégicos. 5 Metodologia ¾ Realizar um estudo teórico contemplando os temas o Terceiro Setor o Marketing Cultural o Sustentabilidade Financeira para Organizações do Terceiro Setor o Planejamento Estratégico de Marketing ¾ Metodologia da Pesquisa: 1. Pesquisa Exploratória através de: a. Coleta de dados secundários através de material bibliográfico em fontes como: livros, monografias, dissertações, teses e artigos de internet. b. Coleta de dados primários através de abordagens com especialistas e pessoas envolvidas com o projeto em reuniões e discussões. 2. Pesquisa Qualitativa através das abordagens: a. Entrevistas individuais em profundidade com coordenador do Grupo AfroReggae b. Focus group com público-alvo (diretamente atingidos) pelas ações do projeto e comunidade (indiretamente atingidos) pelas ações do Grupo Cultural AfroReggae. 6 CAPÍTULO I - TERCEIRO SETOR 1.1 Definição Iniciado no país por meio da filantropia cristã desde o século XVI, o termo “Terceiro Setor” é recente no Brasil, passando a ser utilizado apenas por volta de 1990, (Empreendimentos Sociais Sustentáveis: como elaborar planos de negócios para organizações sociais, 2001)1. Sua definição e sua função na sociedade, são temas de grande discussão nos meios acadêmicos e empresariais atualmente. Não existe ainda uma definição única sobre o Terceiro Setor que seja utilizada por todos que pertencem e estudam o assunto. É importante ressaltar que o Terceiro Setor, juntamente com os outros dois setores, o Primeiro e o Segundo Setores, constituem a sociedade contemporânea. Por isso, se faz necessário, antes de buscar-se uma definição para o Terceiro Setor, uma reflexão lógica de funcionamento e das características de cada um dos três setores da sociedade contemporânea (SALVATORE, 2004). Cada autor relaciona os objetivos e os papéis de cada setor da seguinte forma: Segundo a constituição brasileira o primeiro setor é o Estado, que possui as seguintes funções: ¾ Construir uma sociedade livre, justa e solidária. ¾ Garantir o desenvolvimento nacional. 1 Como o Livro Empreendimentos Sociais Sustentáveis: como elaborar planos de negócio para organizações sociais não possui autor, por se tratar de uma reunião de projetos de várias organizações, nos referiremos a ele daqui para frente de “ESS” 7 ¾ Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. ¾ Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer outras formas de discriminação. Segundo Coelho (2002, p.19), o Primeiro Setor “Distingui-se, sobretudo pelo fato de legitimar e organizar suas ações por meio coercitivos. Tem sua atuação limitada e regulada por um arcabouço legal, fato esse que torna sua ação previsível a todos os atores da sociedade”. De acordo com Salvatore (2004, p.26), “O Segundo Setor, pela sua natureza privada e produtiva de bens e serviços, com finalidade lucrativa, em que pese a modernização das suas estruturas de funcionamento e de gestão, necessita operar segundo uma lógica própria, que viabilize a sua única forma de sobrevivência como setor constitutivo de uma sociedade capitalista, que vem a ser a obtenção do lucro”. Já para Coelho (2002, p.19) “A demanda e os mecanismos de preços baseiam a atividade de troca de bens e serviços, cujo objetivo principal é a obtenção de lucro”. Comparativamente com o Governo, o mercado atua sob o princípio da não coerção legal, ou seja, os clientes têm liberdade de escolher o que e onde comprar. No que diz respeito ao Terceiro Setor, o conceito passa por algumas contradições, ou no mínimo, diferentes definições. Segundo Brown (2005, p.15), a concepção teórica do chamado Terceiro Setor vem da década de 1970 pela observação sistematizante de que as organizações que atuam na sociedade teriam três origens: o governo do Estado, a economia de mercado e as iniciativas sociais privadas. Daí surge o modelo de organização social em três setores, sendo esses necessariamente complementares, por força da própria concepção do modelo. Nenhum desses setores per se conseguiria a todas 8 as necessidades sociais. Assim sendo, a concepção do Terceiro Setor só tem significado como tal a partir desse modelo tripartite de organização social. Já para Coelho (2002, p.19), “Nesse segmento da sociedade, as atividades não têm características coercitiva ou lucrativa, objetivando o atendimento de necessidades coletivas ou públicas”. Uma outra visão é abordada por Kanitz, que afirma que o Terceiro Setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais que têm como objetivo gerar serviços de caráter público2. Como já mencionado anteriormente, ainda não há um consenso sobre uma definição única do Terceiro Setor, por isso foram reunidas nesse capítulo três definições que ajudarão a entender a missão e a lógica dessas organizações. (SALVATORE, 2004, p.27) Para Salvatore (2004, p.27), [...] constitui o conjunto de atividades das organizações da sociedade civil, portanto organizações criadas por iniciativas de cidadãos, que tem como objetivo a prestação de serviços ao público em áreas como saúde, educação, cultura, direitos civis, moradia, proteção ao meio ambiente, desenvolvimento do ser humano. (DUMARÁ, 1994, p.19) Uma outra definição de Terceiro Setor é apresentada por Loschpe (apud ESS, 2001, p. 13). [...] organizações de sociedade civil, sem fins lucrativos, criadas e mantidas com ênfase na participação voluntária, que atuam na área social visando a solução de problemas sociais. Uma definição um pouco diferente de Terceiro Setor foi levantada por Pimenta; Saraiva e Corrêa (2006, p. 125): 9 • Privadas, não integrantes, portanto, do aparelho do Estado. • Sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podem até gerá-los desde que aplicados nas atividades fins. • Institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas. • Auto administradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades. • Voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores.3 Analisando todas essas definições, é notório que algumas características se repetem, podendo assim ser consideradas consenso entre os autores. No entanto, como o objetivo principal desse trabalho acadêmico é propor um plano de marketing cultural para o Grupo AfroReggae, utilizaremos como definição de Terceiro Setor o conceito abordado em ESS (2001), uma vez que ele foca a solução de problemas sociais, realizados por participação voluntária, como modelo de Organizações de Terceiro Setor. Estima-se que atualmente existam cerca de 270 mil organizações do Terceiro Setor no Brasil4, algumas delas atuantes na solução de problemas sociais há séculos. Portanto, torna-se necessário entender a evolução histórica e as várias 2 KANITZ, Stephen. Filantropia.org. Artigos do Terceiro Setor O que é o Terceiro Setor? Disponível em: <http://www.filantropia.org/OqueeTerceiroSetor.htm>. Acesso em 25/02/2007. 3 IBGE/IPEA, 2002, s/p – Notícias técnicas. 4 IBGE/IPEA, 2002, s/p – Notícias técnicas. 10 mudanças que ocorreram com as organizações do terceiro setor, desde as Santas Casas Cristãs do século XVI até as ONGs internacionais do século XXI. 1.2 Perspectiva histórica no Brasil Pode-se afirmar que as organizações, conhecidas hoje como do Terceiro Setor, foram criadas nos três primeiros séculos no Brasil, fruto da caridade cristã, vinda da Igreja católica e sua relação com o Estado. Nessa perspectiva une-se ainda a tradição de generosidade ou de solidariedade baseada em valores assistencialistas e paternalistas existentes na sociedade brasileira (SALVATORE, 2004). ESS (2001) concorda com Salvatore que o Terceiro Setor começou no país por meio da filantropia incentivada pela Igreja Católica, entretanto diverge no tocante ao ano em que essas atividades se iniciaram. Nesse livro a data em que as atividades filantrópicas começaram no Brasil é o século XVI, com as Santas Casas de Misericórdia. Elis Wayne Brown, acrescenta algumas outras características da origem das Organizações do Terceiro Setor, além da filantropia já mencionada acima: “As raízes do que hoje incorpora o conceito do Terceiro Setor encontram-se no assistencialismo, na filantropia, no mecenato, nas mobilizações populares em defesa de causas difusas e no associativismo de interesses coletivos” (BROWN, 2005, p. 15). No final do século XIX e início do século XX as atividades de amparo à população passaram por mudanças administrativas, deixando de ser, exclusivamente orientadas por meio da caridade cristã e da filantropia (ESS, 2001). 11 Salvatore (2004) aponta que foi no período pós-colonial, com a ruptura da simbiose entre Igreja e Estado, que a responsabilidade por uma ação mais efetiva na área social passa para o Estado, consolidando-se com a proclamação da República e com a promulgação liberal de 1891, que estabelece a liberdade de culto, proíbe subvenções governamentais aos templos e à educação religiosa e reconhece a legalidade apenas para casamentos civis. Após esse período se intensificou a atuação do Estado na área social, principalmente nas áreas urbanas, no que tange a educação, higiene e saúde. Foi nesse período também que se iniciou o aumento do financiamento das organizações filantrópicas e assistenciais por parte do Estado, criando um vínculo de dependência econômica que permanece em muitas instituições atualmente. Desta forma, as organizações filantrópicas passaram a ser orientadas, organizacionalmente e administrativamente para o Estado (SCHINDLER, 2000). Nas décadas de 1920 e 1930, com a crescente industrialização e o aumento da população nos centros urbanos, aumentaram também as necessidades sociais e, por conseqüência, as organizações com foco na solução dos problemas sociais. Nessa época surgiram os sindicatos, as associações profissionais, as federações e as confederações, que vinculavam o setor privado às práticas de assistência e auxílio mútuo para imigrantes, operários, empregados do comércio, de serviços e funcionários públicos (ESS, 2001). PIMENTA; SARAIVA; CORRÊA (apud Fischer, 2005, p.8) complementam o conceito do surgimento das organizações com foco na solução de problemas sociais acrescentando que, diante do quadro de pobreza e exclusão social vividos no Brasil, é notório que o Estado não consegue atender a toda a demanda social de sua população e por conta disso, a descentralização das políticas sociais, com uma 12 maior participação da sociedade civil, por meio do entendimento do conceito de cidadania, é necessária para uma re-orientação da organização social, assegurando o atendimento social às camadas mais necessitadas da população. Foi nesse contexto que o grupo AfroReggae, no ano de 1993, iniciou suas atividades, analisando um problema social existente nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, cujo o Estado não consegue saná-lo. Sendo assim o Grupo procura diminuílo, por meio da promoção cultural com jovens carentes. 1.3 Contexto do Terceiro Setor no Brasil Como já dito anteriormente, a definição de Terceiro Setor pode ser entendida por organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos e que tem como principal objetivo solucionar problemas sociais. Dentro deste conceito, encontra-se no Brasil, segundo Pimenta; Saraiva e Corrêa, uma infinidade de organizações que podem se enquadrar no Terceiro Setor, mais precisamente cerca de 276 mil, 5% de todas as organizações existentes no pais, divididas em vários segmentos, como mostra a tabela abaixo: Tabela 1.1 Segmentos de organizações de Terceiro Setor Nº DE SEGMENTO ORGANIZAÇÕES HABITAÇÃO SAÚDE CULTURA E RECREAÇÃO 322 3.798 37.539 13 EDUCAÇÃO E PESQUISA 17.493 ASSISTÊNCIA SOCIAL 32.249 RELIGIÃO 70.446 ASSOC. PATRONAIS E PROFISSIONAIS 44.581 MEIO AMBIENTE E PROTEÇÃO ANIMAL 1.591 DESENVOLVIMENTO E DEFESA DE 45.161 DIREITOS OUTRAS INSTITUIÇÕES TOTAL 22.715 275.895 Fonte: PIMENTA; SARAIVA e CORRÊA, 2006. Em ESS (2001), o número de organizações do Terceiro Setor difere do levantado por Pimenta, Saraiva e Corrêa, concluído que existem no Brasil cerca de 250 mil Organizações do Terceiro Setor, que movimentam cerca 1,5% do PIB nacional. O livro também esclarece que existe a perspectiva que no futuro próximo, essa representatividade suba de 1,5% para 5% do PIB, equiparando-se à média de outros países. O crescimento das organizações do Terceiro Setor aconteceu em paralelo ao crescimento dos centros urbanos brasileiros e suas respectivas necessidades sociais. Entre 1996 e 2002, o número de associações do Terceiro Setor cresceu de 107 mil para 276 mil entidades. Essa ampliação, de 169 mil novas organizações, corresponde a um crescimento de 157% no período (PIMENTA; SARAIVA e CORRÊA, 2006). Assim, fica claro entender que a concentração dessas organizações, também ocorreu nessas regiões urbanas, principalmente na região sudeste, como mostram os gráficos abaixo: 14 Gráfico 1.1 Divisão geográfica das Organizações do Terceiro Setor DIVISÃO GEOGRÁFICA DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR SUDESTE 44% OUTRAS REGIÕES 56% Fonte: PIMENTA; SARAIVA e CORRÊA, 2006 15 Gráfico 1.2 - Divisão por estados das Organizações do Terceiro Setor DIVISÃO POR ESTADOS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 21% SÃO PAULO MINAS GERAIS OUTROS ESTADOS 13% 66% Fonte: PIMENTA; SARAIVA; CORRÊA, 2006 Apenas dois estados da região sudeste, São Paulo (21%) e Minas Gerais (13%), reúnem um terço das organizações existentes em todo o Território Nacional. Segundo Pimenta; Saraiva e Corrêa (2006), “cerca de 60% do total das entidades foram criadas a partir dos anos 1990 e empregavam 1.541.290 assalariados, em 2002, sendo que o número de voluntários que prestam serviços nessas instituições é 13 vezes superior ao número de assalariados, chegando a um total de 20.036.770 voluntários. A grande maioria das entidades, cerca de 77%, não têm qualquer empregado, fazendo supor que os serviços são prestados exclusivamente por voluntários (...) Apenas 1% do total de organizações do Terceiro Setor, podem ser consideradas de grande porte, pois contam com 100 ou mais empregados, concentrando cerca de 60% dos assalariados do setor, ou seja, apenas 2.500 entidades absorvem quase um milhão de trabalhadores assalariados.” 16 Os resultados da Pesquisa Ação Social das Empresas, realizada pelo IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, abrangendo todo o Brasil, apontam um crescimento significativo, entre 2000 e 2004, na proporção de empresas privadas brasileiras que realizaram ações sociais em benefício das comunidades. Neste período, a participação empresarial na área social aumentou 10 pontos percentuais, passando de 59% para 69%. São aproximadamente 600 mil empresas que atuam voluntariamente5. Com relação ao público-alvo, o atendimento à criança continua a ser o foco principal das empresas, com cerca de 63% (IPEA, 2007). Existem hoje, diversos núcleos de pesquisa sobre o Terceiro Setor. O CETS (Centro de Estudos do Terceiro Setor – FGV) surgiu em 1994. Outros núcleos se formaram, como o CEATS (Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor FEA – USP), o NEATS (Núcleo de Estudos em Administração do Terceiro Setor PUC - SP). O surgimento de tais núcleos aponta um interesse pelo tema, o que incentiva o aprimoramento e o desenvolvimento de estudos sobre o Terceiro Setor. Um ponto interessante a ser abordado é nova realidade que as Organizações do Terceiro Setor vêm enfrentando atualmente. Com o aumento do número de Organizações e com uma fonte de arrecadação limitada, principalmente as doações de empresas do setor privado e do Governo, o Terceiro Setor se vê obrigado a pensar em fontes paralelas de captação de recursos, que permitam a continuação e ampliação de suas atividades sociais. Como já visto no item 2.2 deste capítulo, a dependência que as Organizações do Terceiro Setor possuem de doações, fruto de séculos de forte orientação para a Igreja e posteriormente para o Estado, criou nelas uma cultura organizacional, que 5 IPEA - Instituto de Pesquisa Aplicada. Notícias. Brasil - Resultados Finais - Segunda 17 dificulta a visão da importância de um planejamento de marketing coeso, que crie alternativas de faturamento, com a criação de novos produtos e sua correta comunicação para os públicos alvo (ESS, 2001). Por conta dessa dificuldade, as Organizações do Terceiro Setor poderiam buscar no meio empresarial, modelos de gestão de negócios e ferramentas marketing que as auxiliem a atingir seus objetivos sociais. Mesmo em uma Organização mais organizada como o Grupo AfroReggae, é visível as inúmeras oportunidades de negócio que poderiam ajudar na busca pela sustentabilidade financeira, ignoradas por seus administradores, por uma falta de visão profissional de marketing. Ainda de acordo com os resultados da Pesquisa Ação Social das Empresas, o percentual de empresas privadas do Sudeste que declaram fazer algum tipo de ação social, em caráter voluntário, para as comunidades aumentou em 6%. Em 1998, 67% das empresas da região contribuíam para o social, percentual que subiu para 71%, em 2003 (IPEA, 2007). É interessante afirmar que no Sudeste, o destaque é para o Rio de Janeiro onde a proporção de empresas que realizam ações sociais para fora de seus muros passou de 59%, em 1998, para 69%, em 2003, o que representa um incremento de 17%, bem maior ao verificado para a região, cerca de 6% (IPEA, 2007). Talvez essa visão filantrópica que a maioria das empresas do Rio de Janeiro possui, aliada a uma boa relação dos membros do Grupo AfroReggae com personalidades do meio artístico e político, ajudem a explicar porque a organização ainda não conseguiu implementar um plano de marketing que tenha como foco a criação de produtos para o mercado e a gestão dos recursos financeiros, de modo Edição. Disponível em: http://getinternet.ipea.gov.br/asocial/. Acesso em 18/01/2007. 18 que lhe proporcione uma menor dependência financeira das empresas do setor privado e do Governo. 19 CAPÍTULO II - GESTÃO DE RECURSOS FINANCEIROS PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 2.1 Introdução Agora que já definimos e contextualizamos o Terceiro Setor, vamos abordar nesse capítulo conceitos de gestão de recursos financeiros e sua utilização voltada para organizações do terceiro setor. Consideramos este tema relevante pois observamos na literatura que um dos principais problemas das organizações do Terceiro Setor é a falta de profissionalização nas áreas Administrativa e Financeira, e que existe muita vontade dos colaboradores em apoiar a missão da organização e trabalhar por ela, porém falta capacidade técnica e olhar administrativo para gerir com eficiência esse tipo de organização. Hudson (1999) cita que até a década de 70 a administração não era uma palavra muito usada pelas pessoas para referirem-se a organizações do terceiro setor, pois era algo que pertencia muito ao mundo dos negócios e não parecia ser apropriada para organizações orientadas por valores. Todavia esse pensamento evoluiu e hoje as organizações necessitam de administradores competentes, que tracem objetivos claros, saibam controlar custos, trabalhar em equipe, tenham desenvolvimento profissional e entendam sobre gestão de recursos financeiros. Por se tratar de um tema amplo optamos em dar mais enfoque aos itens relacionados à problemática de nosso trabalho e nesse capítulo utilizamos uma ótica administrativo-financeira, uma vez que o planejamento estratégico de marketing será abordado mais adiante, no capítulo 5. 20 2.2.Contexto Histórico Para entender melhor sobre a gestão financeira de organizações do terceiro setor é importante resgatar o seu histórico. E foi aí que notamos que os problemas relacionados à administração e gestão financeira do terceiro setor enfrentados hoje em dia também já ocorriam com nossos antecessores. Hudson (1999, p.2) exemplifica isso ao citar os mosteiros medievais britânicos, que tendiam a distribuir donativos indiscriminadamente e consequentemente fomentaram uma classe de mendigos profissionais que acabou contribuindo para o término desse sistema de ajuda. Além disso, o papel do Estado era uma questão de discussão na época tanto quanto é hoje. Em 1572, Elizabeth I aprovou uma lei que permitia às pequenas paróquias imporem uma “taxa de pobreza” para ajudar na manutenção de instituições de caridade e dos locais de trabalho, subsidiando efetivamente a provisão caritativa com dinheiro público. Durante a segunda metade do século XIX as instituições caritativas da GrãBretanha começaram a adotar uma abordagem mais estratégica, pois após a aprovação da Emenda dos Pobres (Poor Law Amendment Act) o auxílio aos pobres foi reduzido drasticamente e as instituições viram-se obrigadas a encontrar maneiras de distinguir as pessoas mais pobres, sem recursos, daquelas menos dependentes, que podiam se valer de empregos. O exemplo se estendeu pela Europa, e podemos citar o caso da Alemanha, onde antes de 1914 existiam mais de 100 mil fundações e trustes, ainda que a maioria delas fossem de caráter local e com reduzidos recursos. Porém, as guerras, as mudanças políticas, as inflações financeiras baixaram sensivelmente este número. Atualmente a criação de uma fundação depende de autorização do poder público correspondente e exige que a instituição atenda diversos requerimentos para o seu funcionamento normal, bem como a existência de 21 recursos financeiros suficientes para sua criação e sustentação própria (Miera, 2000). Como já visto no capítulo anterior o histórico do Brasil não é muito diferente do Europeu: o Terceiro Setor surge da filantropia incentivada pela Igreja e também tinha uma prática assistencialista e uma fraca gestão administrativa e financeira, que muitas vezes distribuía recursos indiscriminadamente e sem critérios claros. A partir de 1910, as organizações iniciaram uma forte dependência do Estado que, além de auxiliar, também começou a supervisionar, exigindo prestação de contas e submetendo as organizações a um controle sobre a administração e suas ações prático-normativas. (ESS, 2001) Hoje em dia já se encontra uma vasta literatura sobre administração de organizações do terceiro setor, visando suprir a necessidade de eficiência na gestão de entidades. Kisil (2004, p.9) aponta a necessidade de as organizações construírem uma gestão eficaz, o que inclui não só o levantamento e a adequada utilização de recursos financeiros; implica investir no desenvolvimento das pessoas que fazem parte da organização, melhorar a qualidade dos serviços e adequá-los às necessidades das comunidades, buscar a adesão da sociedade à causa da organização e informar de forma transparente. 2.3 Conceitos Básicos de Planejamento Financeiro para o Terceiro Setor 2.3.1 Introdução Por se tratar de uma organização de porte e já reconhecida no mercado, o AfroReggae já se utiliza dos instrumentos básicos de Planejamento Financeiro. 22 Ainda assim vamos, inicialmente, introduzir sucintamente os conceitos básicos de Planejamento Financeiro do Terceiro Setor para, em seguida, entrar mais a fundo nas questões relevantes ao problema de gestão de recursos financeiros enfrentados pelo Grupo Cultural AfroReggae. É citado em ESS (2001, p.117) que um bom planejamento financeiro deve ter, necessariamente, três instrumentos fundamentais: o balanço patrimonial, o demonstrativo de resultados e o fluxo de caixa. Além deles, é aconselhável ter também o demonstrativo de origem e aplicação de recursos e o demonstrativo de mutação patrimônio, uma vez que todos podem ser exigidos por lei. A seguir temos um breve resumo de cada um desses instrumentos. 2.3.2. Balanço Patrimonial ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002, p.39) definem balanço patrimonial da seguinte maneira: O Balanço Patrimonial é um instantâneo feito pelo contador do valor contábil da empresa numa data específica, como se a empresa permanecesse estática por um momento. O balanço possui dois lados: no lado esquerdo temos os ativos, e no lado direito temos os passivos e o patrimônio dos acionistas. O balanço diz o que a empresa possui e como é financiada. A definição contábil subjacente ao balanço e que o descreve é: Ativo = Passivos + Patrimônio dos acionistas Esta definição de balanço patrimonial é utilizada para empresas com fins lucrativos. Segundo CAVALCANTI (2006) o Balanço Patrimonial das entidades sem 23 fins lucrativos não apresenta diferenças significativas em relação ao das empresas, mas há adaptações, como as que dizem respeito à nomenclatura de algumas contas utilizadas. Assim, no ativo, as duplicatas a receber são normalmente substituídas por valores a receber de associados, membros e sócios, no passivo não existem mudanças significativas, porém ao se tratar de patrimônio líquido devemos considerar que uma entidade sem fins lucrativos não tem capital, portanto a expressão comumente utilizada é patrimônio social. O balanço patrimonial é visto como uma “fotografia” da saúde financeira da organização, que mostra onde o capital foi investido e qual a sua procedência. Em se tratando do balanço patrimonial de uma empresa do terceiro setor, temos as seguintes definições para os três blocos (ESS, 2001, p.120): - Ativo: é formado pelos recursos disponíveis na organização no momento considerado (disponibilidades de caixa, contas a receber, imóveis e equipamentos. Distinguem-se ainda o ativo circulante, que é formado pelo dinheiro em caixa, contas a receber e tudo aquilo que tem impacto direto no fluxo de caixa, e o ativo permanente (ou fixo) que é formado pelos bens imobilizados, como imóveis e equipamentos. - Passivo: é formado pelas obrigações da organizações com terceiros. Incluem-se aí contas a pagar a fornecedores, salários de funcionários e empréstimos bancários. - Patrimônio Social: é formado pelos recursos advindos do superávit do ano anterior e das doações desvinculadas de projetos específicos ou destinadas diretamente ao fundo patrimonial. Tem-se como princípio básico do balanço que tudo o que existe de ativo tem como origem o passivo ou o patrimônio social. 24 2.3.3 Demonstrativo de Resultados Segundo CREPALDI (2007) o Demonstrativo de Resultados (também conhecido como Viabilidade Econômica ou Projeção de Lucros e Perdas) dedica-se a prever as receitas e as despesas num certo período de tempo (normalmente mês a mês, e para poucos anos). O resultado denomina-se lucro ou prejuízo. ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002, p.41) fazem uma analogia interessante entre o balanço e o demonstrativo de resultados: “Se o balanço é um instantâneo (uma “fotografia”), a demonstração de resultado equivale a uma fita de vídeo do que as pessoas fizeram entre dois instantâneos”. Conforme ESS (2001) o objetivo principal do demonstrativo de receitas e despesas é comprovar que a operação da organização gera superávit ou déficit ao fim do ano. Além disso, ele permite às organizações do terceiro setor avaliarem o quanto a organização é dependente da captação de recursos externos versus as receitas advindas de seus próprios recursos, um ponto importante para o objeto do nosso trabalho junto ao grupo AfroReggae. A tabela 2.1 abaixo traz um exemplo simplificado de um demonstrativo de resultados: Tabela 2.1 Modelo de Demonstrativo de Resultados 1° Ano 2° Ano 3° Ano Receitas Receita de Vendas Receita de Serviços Doações Receita Total 25 Custos Custo dos produtos / serviços prestados Despesas Salários e encargos Impostos e taxas Despesas de vendas Despesas financeiras Despesas Gerais Total de despesas Superávit / Déficit Fonte: ESS, 2001 p. 121 Na estrutura da figura acima observamos os seguintes componentes: (ESS, 2001) - Receitas: medem o incremento de ativos obtido da venda de um produto ou serviço, ou de doações para projetos específicos. - Custos: nos custos devem ser dispostos os gastos realizados em troca de bens que podem ser colocados em estoque, tais como matéria-prima e compra de material de escritório. - Despesas: são gastos realizados em troca de bens ou serviços que não podem ser estocados, tais como salários, serviços de terceiros e aluguel. - Superávit / Déficit: é o resultado final das receitas descontado dos custos e das despesas. Uma organização que tenha déficit não necessariamente tem problemas, uma vez que a missão de uma organização do terceiro setor não está associada à geração de receitas. Provavelmente pode estar havendo doações que não são vinculadas diretamente a qualquer projeto social específico e foram colocadas diretamente no patrimônio social e não foram consideradas como receita. 26 2.3.4 Fluxo de Caixa Shinoda (1998, p.20 apud YANAZE) define fluxo de caixa como “A movimentação de recursos monetários (entradas e saídas de caixa) de uma empresa ou de uma transação financeira em especial, dentro de um período de tempo”. O princípio do fluxo de caixa consiste em comparar todos os recebimentos diretamente com os desembolsos. Ele deve ser executado com o maior nível de detalhe pois é ele garante que em todos os momentos haverá dinheiro em caixa disponível para eventuais desembolsos. A contabilidade do fluxo de caixa não deve ser feita no momento em que uma fatura é emitida ou recebida, e sim com a efetivação do pagamento, ou seja, quando o dinheiro de fato “entra” ou “sai” da conta da organização. (ESS, 2001) ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) afirmam que o fluxo de caixa talvez seja o item mais importante das demonstrações financeiras, pois é muito relevante para o conhecimento da situação financeira de uma empresa. A tabela 2.2 a seguir traz um exemplo simplificado de um fluxo de caixa adaptado para empresa do terceiro setor. Tabela 2.2 – Modelo de Fluxo de Caixa 1° Ano Operação Receita de Vendas Contas a Receber Doações Total de Receita Desembolsos Custo de materiais adquiridos Despesas de salários Pagamentos a terceiros Outros Total de Desembolsos 2° Ano 3° Ano 27 Investimento Compra / Venda de ativos Financiamentos Saldo antigo Saldo atual Fonte: ESS, 2001, p.123 2.3.5 Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos (Doar) e Demonstrativo de Mutação do Patrimônio Social A legislação brasileira prevê mais dois demonstrativos a serem elaborados pelas empresas. O primeiro deles é o Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos (DOAR). De acordo com pela Norma Brasileira de Contabilidade (Técnica) – NBC T 3-6 - o DOAR é definido como “a demonstração contábil destinada a evidenciar, num determinado período, as modificações que originaram as variações no capital circulante líquido da Entidade”. Conforme em ESS (2001) esse demonstrativo é um resumo das fontes de recursos responsáveis pelas alterações do capital circulante e onde eles foram aplicados. Isso facilita o acompanhamento da aplicação de recursos da organização. Na tabela 2.3 a seguir temos um modelo de um DOAR. Tabela 2.3 – Modelo de demonstração de origem e aplicação de recursos (DOAR) Origem dos Recursos Superávit do exercício Adiantamentos e contribuições Doações Total das Origens Aplicações dos Recursos Déficit do exercício Depreciações 28 Aquisição do imobilizado Outras aplicações Total das Aplicações Variação do Capital Circulante Ativo circulante Início do exercício Fim do exercício Variação Passivo circulante Início do exercício Fim do exercício Variação Variação Total Fonte: ESS, 2001, p.124 O segundo demonstrativo exigido é o demonstrativo de mutação do patrimônio social, que é a síntese de como o patrimônio da organização sofre alterações ao longo do tempo. Ele pode simplesmente ser destacado no balanço patrimonial. (ESS, 2001) Um modelo desse demonstrativo pode ser encontrado na tabela 2.4 a seguir. Tabela 2.4 – Modelo de demonstrativo de mutação de patrimônio social Ano 1 Superávit / Déficit do exercício Destinação do Superávit / Déficit Ano 2 Superávit / Déficit do exercício Destinação do Superávit / Déficit Fonte: ESS, 2001, p.125 29 2.4 Gestão de Fontes de Recursos Financeiros 2.4.1 Introdução Uma das facetas que distingue as organizações do terceiro setor é sua habilidade de levantar finanças e recursos de várias fontes diferentes. A maior parte desses financiamentos vem de instituições como governos centrais e locais, autoridades da saúde, fundações e empresas (Hudson, 1999). Em ESS (2001) é citado que para evitar riscos nas organizações do Terceiro Setor uma das dimensões que deve ser acompanhada de perto é a atuação de financiadores e doadores, pois devido à sua alta dependência em relação a eles qualquer atitude (saída ou entrada de um novo parceiro) influencia muito no desenvolvimento da organização. Por isso, para se antecipar a tendências futuras deve-se sempre conhecer e acompanhar o cenário dos atuais e potenciais financiadores da organização. Devido a esse contexto o Grupo Cultural AfroReggae busca depender cada vez menos de seus financiadores e se sustentar com a renda advinda de seus recursos próprios, como serviços prestados e venda de produtos. E para isso é necessário uma boa gestão de recursos financeiros. Em entrevista à revista TAM Magazine (2007) o fundador e coordenador executivo do grupo, José Júnior, expressa esse intuito e afirma que “pensamos cada vez mais em fortalecer a gestão política, administrativa e financeira do AfroReggae...” e que “...a área financeira e administrativa era nosso calcanhar de Aquiles”. 30 2.4.2. Contexto Histórico Conforme Hudson (1999) durante muitos anos os departamentos do governo e autoridades locais deram subsídios às organizações de porte para cobrir os custos administrativos gerais, e não havia uma relação de parceria e nem um envolvimento maior entre as partes. Hoje em dia, porém, a situação é diferente pois os financiadores do governo exigem retorno do dinheiro investido e as organizações têm que apresentar resultados sobre esse investimento, e por conseqüência, se viram obrigadas a tornarem-se muito mais rigorosas na seleção de usuários a quem atender . Além disso, as empresas financiadoras querem dar uma contribuição relacionada mais diretamente a seus negócios, pois desejam aliar-se a organizações que promovam seus objetivos empresariais. Podemos observar, portanto, que essa evolução do processo de financiamento e a exigência de resultados e prestação de contas fez com que os financiadores não hesitassem em transferir o seu investimento de uma organização menos eficiente para outra de melhor desempenho, e isso fez com que as organizações do Terceiro Setor se sentissem inseguras em relação à durabilidade de seus contratos de parceria e cada vez mais enxergassem a necessidade de gerar recursos próprios para garantir uma estabilidade financeira. 31 CAPÍTULO III - MARKETING CULTURAL PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 3.1 Cultura e arte Para garantir um melhor embasamento ao tema proposto e análise crítica sobre o marketing cultural em sua grande maioria, compreender de forma clara e coerente a definição e evolução dos temas “cultura” e “arte” torna-se fundamental. De acordo com Manet (apud Augusto, 2007, p. 458) “cultura é informação, conhecimento e exercício de valores sociais, hábitos e normas consagradas por práticas que identificam o modo de vida de uma comunidade vinculada a valores dominantes ou desejáveis”. Após seus estudos sobre a cultura, Malagodi & Cesnik (apud Augusto, 2007, p.458), afirmaram que “cultura refere-se ao modo de vida de um povo, em toda a sua extensão e complexidade e que se traduz nas formas de agir, sentir e pensar de uma coletividade que aprende, inova e renova o seu próprio modo de criar e fazer as coisas, numa dinâmica de constantes transformações”. Costa (2004, p.15) diz que a cultura está intimamente ligada à história e à evolução do homem, referindo-se aos costumes humanos, às experiências acumuladas e transmitidas de geração a geração, construindo assim o modo de ser, de agir e de pensar de um povo. A partir de tais definições o autor afirma que a cultura seja fruto da particularidade da vivência de grupos sociais. Um mecanismo desenvolvido pela humanidade como forma de preservação de suas crenças, valores e costumes, construindo assim um alicerce para as gerações futuras. 32 Coelho (apud Augusto, 2007, p. 458) “defende que não deveria ser muito complicado saber o que é cultura. Cultura é o que move o indivíduo, o grupo, para longe da indiferença, da instituição; é exatamente estas diferenças, o ponto incomum, que determinam a preservação da cultura especifica”. Assim, considerando cultura como algo que difere uma sociedade, podemos inferir que existe a possibilidade de surgir uma curiosidade e interesse entre diferentes grupos sociais. Com isso, a sociedade torna-se então capaz de elaborar produtos e serviços que simbolizem aquilo que a diferencia. Para Brant (2001, p. 39), “encarar uma manifestação cultural como produto faz sentido, quando ela é vista sob a ótica de seu potencial econômico, e não somente por seu valor sociocultural”. Ainda na linha desse autor, existem alguns argumentos que podem ser considerados a favor desse comportamento de mercado com relação à cultura, como por exemplo, a inserção sob um macro ambiente capitalista e um mundo globalizado, voltado para as relações da economia de mercado. Observando pela ótica do consumidor, a demanda por tais produtos e serviços surgirá a partir dos mais diferentes interesses: curiosidade, conhecimento e ascensão social. De acordo com Augusto (2007, p.458), por um lado existirá a demanda por um conhecimento ou produto de suma elaboração, voltado à elite e acessível a pequenos grupos, como visitas a museus, concertos, óperas, dentre outros. Por outro lado, o conceito cultural sob a essência fundamentalmente artística, irá atingir um público que busca algo voltado à manifestação do cotidiano, ao estilo de vida e a essa identidade de uma determinada comunidade ou país. Para Brant (2001, p. 41), o desenvolvimento da produção cultural vem sendo alinhado à necessidade de globalizar os conhecimentos, valorizando a integração 33 das diferenças culturais e facilitando o acesso às diversas culturas, em detrimento apenas da produção local, baseada na origem, nos costumes e atitudes, na diversidade das manifestações culturais. Tais considerações enriquecem o tema proposto e fazem com que o planejamento sobre esse mercado ressalte sua peculiaridade. De acordo com Augusto (2007, p.458) “a concepção que se tem sobre o produto cultural determina a maneira de ‘vende-lo’, dentro e fora do mercado”. O termo Marketing Cultural pode ser então empregado como forma de desenvolvimento do mercado da cultural ou para a Comunicação por Ações Culturais como forma de exposição e investimento do setor público ou privado em ações culturais. Segundo Reis (2003) na Grécia antiga, a arte, juntamente com o esporte, eram as formas de expressões humanas mais exploradas. A sociedade grega valorizava a beleza física e enaltecia seus atletas. Assim, as esculturas e pinturas da época refletiam a busca por seres fortes, com corpos suntuosos e medidas perfeitas. A arte grega homenageava também a divindade e através de grandes monumentos posicionava-se o seu enorme poder frente às cidades vizinhas e à sociedade como um todo. Para a sociedade grega, não havia limitações para as idéias, à filosofia ou à poesia. Havia espaço para a música, a aritmética, a astronomia, a geometria, a mecânica. Com a conquista militar de Roma sobre a Grécia, foi possível identificar uma conquista cultural contrária às forças militares. Roma acabou herdando um enorme legado da cultura grega e de suas obras. As classes romanas mais abastadas passaram a encomendar e adquirir qualquer forma de expressão das obras de artes gregas. Esse fenômeno se, por um lado relatava, a admiração sincera pela arte, não deixava também de retratar modismo e ostentação como forma de expressão a 34 sociedade de poderio e riqueza. No campo privado, para qualquer indivíduo da classe alta que quisesse ostentar riqueza e se firmar na elite, o consumo de obras de artes passou a ser obrigatório. Para o estado romano, suas obras monumentais trabalhariam nessa mesma direção, frente aos outros povos. (REIS, 2003). Para esta mesma autora o Renascimento foi o momento de revalorização a arte, ocorrido entre vários países da Europa e especialmente na Itália, entre os séculos XIV a XVI, determinando assim o final da Idade Média e o início da era moderna. Mais uma vez, como forma de expressão de poder frente à sociedade, e até mesmo frente as demais nações, as grandes famílias aristocráticas e altos membros do clero incentivaram a produção artística. A Igreja teve, sem dúvida, um papel importantíssimo nesse momento histórico. Uma vez que a grande maioria da população era analfabeta, foi através da arte que a Igreja conseguiu transmitir claramente suas mensagens. Com a revolução intelectual do Iluminismo, os recursos voltados à arte sofreram profundas conseqüências no século XVII. Com a ascensão da burguesia e classe média, a Igreja e a nobreza não mais detinham a exclusividade sobre as obras de artes. A arte passou a se firmar como veículo difusor das novas idéias. O artista passou a iniciar um movimento, entre os países, de troca de idéias em suas escolas de arte o que fez com que a atividade artística tivesse, pela primeira vez, função socioeconômica. (REIS, 2003). O final do século XIX e o início do século XX foi marcado pela consolidação de grandes fortunas provenientes dos períodos anteriores. Em especial nos Estados Unidos, pode-se observar o florescimento de grandes famílias emergentes a partir da exploração petrolífera e indústria pesada de ferro e aço. A Fundação Ford, por exemplo, é ate hoje um centro de referência de estudos e desempenhou um grande 35 papel no financiamento da cultura na primeira metade do século XX. (ALMEIDA, 1992). O famoso empresário e filantropo David Rockfeller começou a contribuir com obras de caridade aos 16 anos, quando conseguiu o seu primeiro emprego. Assim, David agiu ao longo de toda a sua vida, proporcionalmente ao tamanho da fortuna de sua família. Seu filho John Rockfeller e sua nora Abby expandiram ainda mais os canais de filantropia, esta, foi uma das fundadoras do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MOMA. Seu neto ocupou uma série de cargos executivos do MOMA e posteriormente fundou o Museu de Arte Primitiva de Nova York. Assim como a família Rockfeller, outras famílias americanas buscaram traduzir a cultura para uma linguagem contemporânea e com isso, alcançaram um caráter de responsabilidade social a partir da filantropia individual (ALMEIDA, 1992). 3.2 Filantropia, Mecenato e Patrocínio No Brasil, ainda é possível identificar uma falta de critérios pré-estabelecidos como embasamento de uma nomenclatura clara e precisa para as ações institucionais voltadas, por exemplo, à cultura. Costa (2004, p.17) definiu a filantropia “como a doação de fundos, tempo ou equipamento que uma empresa ou pessoa física faz como cidadã, sem busca qualquer de benefício com essa ação, além do êxito da causa ou da entidade apoiada”. De acordo com a metodologia da Lei Rouanet e das Leis Estaduais de incentivo à cultura (apud Augusto 2007, p. 461), a filantropia, ou doação, “é a transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica, de natureza cultural sem fins lucrativos, de numerário, bens ou serviços para a realização de 36 projetos culturais, sendo vedado o uso de publicidade paga para a divulgação do ato”. Cronologicamente, o chamado mecenato, teria sido a primeira forma de associação entre o capital e as artes. Segundo Almeida (1992, p. 20) essa prática pode ser dividida em três períodos históricos distintos: início da era cristã, Renascimento e século XX. No início da era cristã, a expressão mecenato teria surgido das ações realizadas por Gaius Maecenas, ministro do Imperador Caio Augusto, entre 30 a.C. e 10 d.C., entre o Estado Romano e a apreciação as artes. Influenciado por Maecenas o imperador romano teria protegido uma série de artistas, apoiado a arquitetura clássica romana, além de outras iniciativas. Com essas ações a arte, o imperador procurou transferir para o Estado o prestigio que esses artistas detinham frente à população. Para esse autor, já o segundo período do Mecenato teria ocorrido durante o Renascimento, momento da revalorização da arte ocorrido em alguns países da Europa, em especial ma Itália nos séculos XV e XVII. As grandes famílias aristocráticas juntamente com os reis e o alto clero, incentivavam as produções artísticas como forma de realçar o seu poder junto à sociedade. Perante a Lei Rouanet e as Leis Estaduais de incentivo à cultura (apud Augusto 2007, p. 461), o mecenato é “a proteção e o estímulo das atividades culturais e artísticas por parte de incentivadores”. O terceiro período de incentivo a arte ocorreria no inicio do século XX. Mais uma vez, buscando destaque e reconhecimento frente a sociedade, famílias milionárias americanas, fruto do investimento no setor industrial, utilizaram- se do apoio a arte para alcançar a sua legitimidade e deduções em imposto de renda conforme previa a lei americana (ALMEIDA, 1992). 37 Na visão de Costa (2004, p. 19) o patrocínio seria “como o pagamento em dinheiro, produtos ou serviços a uma organização ou evento (cultural, esportivo, de entretenimento ou sem fins lucrativos) tendo como contrapartida o acesso à exploração do potencial comercial dessa atividade”. De acordo com a metodologia da Lei Rouanet e das Leis Estaduais de incentivo à cultura (apud Augusto 2007, p. 461), o patrocínio se caracteriza pela ”transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, como ou sem fins lucrativos, de numerário, para a realização de projetos culturais com finalidade promocional e institucional de publicidade”. Ainda de acordo com a fonte acima, o patrocínio também engloba a “cobertura de gastos ou utilização de bens móveis ou imóveis, do patrimônio do patrocinador, sem a transferência de domínio, para a realização de projetos culturais por pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos (mais conhecido como Apoio)”. Portanto, o patrocínio se diferenciaria da filantropia na medida em que o apoio à causa requer um retorno comercial, seja monetário ou não. Já no caso do mecenato, por esse retorno não ser requerido este se diferenciaria do patrocínio. Entretanto, dada sua particularidade ao investimento apenas sobre a arte, o mecenato se tornaria uma particularidade dentro da filantropia. (REIS, 2003) De acordo com Reis (1996, p. 14) para diferenciar o mecenato do patrocínio, deve-se perguntar ao doador se ele está preparado para dar o suporte a causa anonimamente; se a resposta for sim, trata-se de mecenato, caso seja negativa, trata-se de patrocínio. 38 De acordo com Augusto (2007, p. 461) a seguinte figura demonstra a diferença entre as ações institucionais, definidas de acordo com os interesses da organização que as pratica: Figura 3.1 Ações institucionais e suas formas de atuação, segundo a legislação brasileira. Ações Institucionais Filantropia Doações Qualquer área exceto cultural Patrocínio Mecenato Apenas na área cultural. Incluem-se aqui as Fundações Cultural E demais áreas Apoio Cobertura de gastos em todas as áreas Fonte: Baseado em Augusto (2007, p. 461). No Brasil, observa-se uma tendência da iniciativa privada em buscar ações de patrocínio como forma de destaque em seu ambiente competitivo. O alinhamento estratégico dessas ações à competência central da empresa privada resulta em benefícios tangíveis e intangíveis tanto para a empresa quanto para a sociedade na qual ela está inserida, erroneamente definida pelo mercado de marketing cultural. Esse patrocínio cultural na Brasil segundo Brant (2001, p.24), tem se tornado cada vez mais atrativo às empresas por criar eventos; gerar produtos secundários culturais que podem vir a ser distribuídos; proporciona maior visibilidade; aproxima o 39 patrocinador a causa social; reforça a percepção da marca com a comunidade e os consumidores. 3.3 Marketing Cultural No contexto desse trabalho, apresentaremos que o conceito “marketing cultural” possui variações inadequadas. Para melhor embasamento sobre a contextualização que utilizaremos desse conceito apresentaremos, primeiramente, definições do conceito de “Marketing” e posteriormente a variação do “Marketing Cultural” como extensão desse conceito. Assim, de acordo com Kotler (2000, p. 30) marketing seria “um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. A American Marketing Association define: “Marketing is an organizational function and a set of processes for creating, communicating, and delivering value to customers and for managing customer relationships in ways that benefit the organization and its stakeholders (2007). Atualmente no Brasil, duas abordagens completamente distintas ao tema marketing cultural ocasionam grandes equívocos entre pesquisadores, empresários e até mesmos profissionais que se dedicam a esse mercado. Tais variações sobre esse mesmo tema podem ser diferidas de acordo com o objetivo e o agente da ação. Dentre as duas frentes para a definição do conceito “marketing cultural” o autor Muylaert (2000, p.27) define Marketing Cultural como sendo “o conjunto de 40 recursos de marketing que permite projetar a imagem de uma empresa ou entidade, através de ações culturais”. Ainda seguindo esse mesmo posicionamento, Almeida (1992, p. 15-16) indica que “o projeto cultural tem capacidade de transportar uma informação de um universo, que é o público que consome aquele produto cultural, para um outro universo, que é o publico consumidor do produto ou do serviço da empresa patrocinadora”. Nessa linha de raciocínio, é possível identificar uma redução do conceito de marketing para ações promocionais de comunicação como definição ao termo marketing cultural. Para tais autores, o marketing cultural baseia-se na utilização das ferramentas de comunicação por empresas onde o produto central não é um produto ou serviço cultural como forma de se projetar ao mercado positivamente. Nesse enfoque, o objetivo da ação é criar a associação de uma marca a um evento sociocultural, através da prática empresarial de patrocinar ações culturais. Para Augusto (2007, p. 463), “esses conceitos ferem os princípios de marketing no tocante às estratégias do composto mercadológico, principalmente quando dizem respeito às políticas de produto, porque o produto/serviço (outputs) das empresas não é cultura”. No contexto deste trabalho, o conceito Marketing Cultural estará relacionado ao marketing empregado por uma organização cujo produto ou serviço é cultural, ou seja, relacionado ao agente da ação. Nessa contextualização, a referência é feita ao agente, ou seja, ao artista e produtor cultural que se utiliza das ferramentas de marketing para viabilizar seu produto ou serviço, a cultura. 41 3.4 Agentes do Cenário Cultural O desenvolvimento do marketing cultural é conseqüência da interação de muitas atuações para que o produto e ou serviço cultural alcance o seu desenvolvimento. De acordo com Tavares (2000, p. 142) é possível identificar os seguintes agentes dentro da rede de valor do marketing cultural: (1) o Artista, que é o idealizador do produto ou evento cultural; (2) o Agente ou produtor cultural que seria o intermediário entre o artista e o patrocinador; (3) o Patrocinador, sendo a fonte de recurso total ou parcial sobre um produto ou evento cultural, recebendo em troca benefícios tangíveis e intangíveis; e (4) o Fruidor que seria o consumidor final do produto cultural ofertado. Figura 3.2 Sistema dos agentes do marketing cultural. Fonte: TAVARES (2000, p.142) 42 Impreterivelmente não se pode negar o papel principal do artista como idealizador primário de um produto ou evento cultural. O artista é aquele que concebe a idéia embrionária daquilo que, futuramente através da ação e planejamento, virá a se consolidar como produto ou evento sociocultural. Para o artista, que muitas vezes não disponibiliza da totalidade dos recursos necessários para alcançar seu público, cabe a busca por recursos financeiros, seja através do mecenato ou do patrocínio. Através desse investimento financeiro o artista torna-se capaz de divulgar o seu trabalho, legitimá-lo e tornar-se popular por seu próprio mérito. De acordo com Almeida e Vaz (apud Augusto, 2007, p. 459) o artista possui 3 vias de almejar recursos financeiros: 1) através do Estado, 2) através de Pessoas Físicas ou Jurídicas e 3) através da Receita Direta. Figura 3.3 Alternativas de financiamento para a viabilização de empreendimentos culturais. Estado Pessoa Física e Jurídica Receita Direta Fonte: Baseado em ALMEIDA e VAZ (apud AUGUSTO 2007, p.465). Nesse contexto, a Receita Direta seria a participação do próprio artista no faturamento de seu produto cultural. Correspondendo pela venda de discos e ingressos para seus shows. Assim, ainda através da Receita Direta, o artista possui 43 liberdade para desenvolver seus trabalhos artísticos de acordo com o que para ele parece a melhor idéia, o melhor planejamento, a melhor execução. Já, quando o artista utiliza-se da participação de investimento de pessoas físicas ou jurídicas e ou do Estado, existe a necessidade de um melhor alinhamento entre aquilo que o artista está disposto a criar e aquilo que melhor se adequa aos interesses do patrocinador. Frequentemente, o artista, mesmo sendo o idealizador do produto cultural precisa de um profissional especializado para desempenhar o papel de planejador de seu produto cultural a fim de alcançar investimentos frente aos patrocinadores. Nesse contexto, surge o agente ou produtor cultural, peça de extrema relevância frente ao marketing cultural (REIS, 2003). Importante não apenas para a exposição do artista, o agente cultural tem como função elaborar e apresentar um projeto atrativo ao patrocinador. Com a organização e linguagem empresarial, destacando compreender as Leis de Incentivos Fiscais vigentes no país, o agente conseguirá de maneira eficaz canalizar a atenção dos patrocinadores para o produto ou evento cultural. Atualmente no Brasil existe uma ineficiência dos agentes culturais como intermédios entre o artista e o patrocinador (REIS, 2003). Por muitas vezes o agente não consegue, através do produto cultural atender ambas as necessidades. Ocorre falta de planejamento, execução de um projeto sem comprometimento, apresentação inapropriada, não adequação do produto cultural a necessidade empresarial e até mesmo falta de identificação das vantagens competitivas ao patrocinador. De acordo com Almeida (1993, p. 58) cabe ao agente cultural um tratamento mercadológico ao projeto cultural, identificando potenciais patrocinadores, 44 negociando a venda e supervisionando a execução; para atender assim as necessidades das duas pontas envolvidas: o artista e o patrocinador. Atraídos ao projeto cultural através da ação de comunicação como forma de melhorar ou fixar a imagem de uma marca, o patrocinador surge como financiador necessário de um produto ou projeto de grande porte. O marketing cultural para o patrocinador é uma ação que possivelmente, quando bem planejada, resultará em associações positivas de uma marca frente à sociedade em que está inserida. Ao patrocinador, cabe a busca por projetos culturais que atendam sua necessidade mercadológica, buscando-se valer das mais variadas ferramentas de marketing como forma de maximizar os resultados sobre mais um investimento. Na visão de Reis (2003, p. 70) “o fundamental é que a seleção do projeto cultural esteja intimamente ligada ao objetivo definido pela estratégia da empresa”. Segundo Reis, na linguagem mercadológica, o consumidor seria o públicoalvo do produto cultural. Agentes culturais, artistas e patrocinadores buscam alcança-lo e envolvê-lo para que este se torne um consumidor freqüente do produto cultural oferecido (REIS, 2003). Para o patrocinador, que busca a associação positiva de sua marca, esse público se destaca entre: consumidores atuais, consumidores potenciais, consumidores ocasionais, fornecedores, distribuidores, funcionários e formadores de opinião. Ou seja, todos aqueles que são ou não consumidores do produto cultural, são públicos do patrocinador. Assim, podemos ressaltar, assim como destacado por Tavares (2000), a relevância do agente e produtor como elo fundamental entre o artista e o patrocinador, tornando possível a integração eficiente entre os demais agentes do marketing cultural. Nessa visão, cabe ao produtor cultural proporcionar o 45 sincronismo certo entre o produto que o artista tem a oferecer aos objetivos do patrocinador. Ocorrendo o casamento perfeito, todos os agentes envolvidos no sistema do marketing cultural saem ganhando. 3.5 Aspectos Legais e Fiscais Ainda que o Estado atue como financiador cultural, essa ação ainda não é suficiente para abranger de formar eficiente oferta e demanda por produtos culturais. (AUGUSTO, 2007) Desde as alterações promovidas na Lei Rouanet em 1995, o governo brasileiro vem buscando incrementar ainda mais a parceria entre o Estado, os agentes culturais e a iniciativa privada, a fim de financiar os projetos culturais, embasada sobre uma mecânica de renuncia fiscal atrelada ao investimento nessa área. 3.5.1 Evolução da Legislação Brasileira As leis brasileiras de incentivo fiscal para a cultura são relativamente recentes tendo como ponto de partida o ano de 1986 com a Lei Sarney. A Lei Sarney foi a primeira lei a estabelecer relações entre o Estado e a iniciativa privada resultando em renúncia fiscal para o investimento na cultural. Lançada em 1986 a Lei Sarney não exigia a aprovação prévia de projetos culturais, bastando o simples cadastramento como “entidade cultural”, junto ao Ministério da Cultura das pessoas físicas ou jurídicas interessadas no uso do incentivo, enquanto que a negociação do apoio ao projeto cultural era feita no mercado. (COSTA, 2004) 46 Demasiadamente liberal, a Lei Sarney não apresentava critérios bem estruturadas para o cadastramento junto ao Ministério da Cultura, o que fazia com que qualquer nota fiscal emitida por uma empresa cadastrada se beneficiasse de abatimento fiscal. A Lei também não diferenciava quais segmentos culturais que precisavam de fato de incentivo, tornando extremamente abrangente as atuações de projetos culturais. (COSTA, 2004) De acordo com Malagodi & Cesnik (2001, p.45) como resultado, até hoje não se conhece com exatidão a origem ou destino dos cerca de US$450 milhões captados durante toda a sua vigência. Em 23 de dezembro de 1991, o Congresso Nacional aprovou a Lei n°8.313/91 chamada Lei Rouanet, projeto submetido pelo então Secretário da Cultura do governo Collor, Sérgio Paulo Rouanet, que da base a toda política de incentivos praticada no Brasil (MinC, 2007). A referida lei tem sido alterada sucessivamente por meio de medidas provisórias, vários decretos e pela Lei 9.874, de 23 de novembro de 1999. A Lei Rouanet se aplica a pessoas físicas, jurídicas, ONGs e órgãos públicos e permite a dedução de até 6% do Imposto de Renda devido por pessoa física (desde que utilizando declaração completa) e de até 4% do Imposto de Renda a pagar por pessoa jurídica (desde que realizando declaração por lucro real). Para ambos os casos, pessoa física ou jurídica, a lei prevê dois tipos de transferência: doação e patrocínio. Os limites de abatimento previstos na lei também se diferem por tipo de transferência. Do total de 6% do imposto devido, as pessoas físicas podem abater 80% da transferência, por doação, e 60% por patrocínio. Para as pessoas jurídicas, do limite de 4% de incentivo a projetos culturais, 40% no caso de doação, e 30% no caso de patrocínio. 47 Os projetos devem se inserir em segmentos artísticos – culturais como, por exemplo: teatro, dança, literatura, música, cinema, rádio e televisão (desde que não tenha caráter comercial), artes plásticas e patrimônio cultural. Este projeto deve trazer benefícios a população a partir da democratização do acesso aos bens culturais através de ingressos a preços acessíveis a população ou até mesmo entradas gratuitas, distribuição de livros a bibliotecas e exposições. O abatimento do valor integral, até os tetos estabelecidos em relação ao imposto devido só é permitido para projetos nas áreas de artes cênicas; livros de valor artísticos, literário ou humanístico; música erudita ou instrumental; circulação de exposições de artes plásticas e doação a acervos para bibliotecas públicas e para museus. Neste caso, é vedada às pessoas jurídicas com fins lucrativos a dedução do valor da doação ou patrocínio como despesa operacional. O patrocinador pode, em alguns casos, obter retorno em produto para utilização como brinde ou para obtenção de mídia espontânea, limitado a 25% do total produzido, destinado à distribuição gratuita. De acordo com Cesnik (2002, p. 20), a Lei Rouanet tem como princípio a priorização do produto cultural originado no país, mas não que isso impossibilite a vinda de produtos estrangeiros ou até mesmo a apresentação de produções brasileiras em demais países. O mesmo autor aborda também em seu livro o rol delimitado pela lei de segmentos para projetos que podem ser por ela contemplados: I – Incentivo à formação artística e cultural, mediante: a) concessão de bolsas de estudo, pesquisa e trabalho, no Brasil ou no exterior, a autores, artistas e técnicos brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil; 48 b) concessão de prêmios a criadores, autores, artistas, técnicos e suas obras, filmes, espetáculos musicais e de artes cênicas em concursos e festivais realizados no Brasil; c) instalação e manutenção de cursos de caráter cultural ou artístico destinados à formação, especialização e aperfeiçoamento de pessoal da área da cultura, em estabelecimento de ensino sem fins lucrativos. II- fomento à produção cultural e artística mediante: a) produção de discos, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográfica de caráter cultural; b) edição de obras relativas às ciências humanas, às letras e às artes; c) realização de exposições, festivais de arte, espetáculos de artes cênicas, música e folclore; d) cobertura de despesas com transporte e seguro de objetos de valor cultural destinados a exposições públicas no país e no exterior; e) realização de exposições, festivais de arte e espetáculos de artes cênicas ou congêres. III – preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico mediante: a) construção, formação, organizações, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos; b) conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e demais espaços, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Públicos; 49 c) restauração de obras de arte e bens móveis e imóveis de reconhecimento do valor cultural; d) proteção do folclore, do artesanato e das tradições populares nacionais. IV – estímulo ao conhecimento dos bens e valores culturais mediantes: a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espetáculos culturais e artísticos; b) levantamentos, estudos e pesquisas na área da cultura e da arte e de seus vários segmentos; c) fornecimento de recursos para o FNC (Fundo Nacional de Cultura) e para as fundações culturais com fins específicos ou para museus, bibliotecas, arquivos ou outras entidades de caráter cultural. V – apoio a outras atividades culturais e artísticas mediante: a) realização de missões culturais no país e no exterior, inclusive por meio do fornecimento de passagens; b) contratação de serviços para elaboração de projetos culturais; c) ações não previstas nos incisos anteriores e consideradas relevantes pelo Ministro de Estado da Cultura, consultada a Comissão Nacional de Apoio à Cultura (texto modificado pela Lei nº 9.874/99). Ainda de acordo com Cesnik (2002, p. 20), “pessoa jurídica sem finalidade lucrativa pode receber recursos para seu projeto cultural, como patrocínio ou doação”. Já “a pessoa jurídica som fim lucrativo pode receber recursos advindos 50 somente de patrocínio, sendo vedado, portanto a transferência de recurso na modalidade de doação”. A chamada Lei de Audiovisual, Lei n°8.85, de 20 de julho de 1993, regulamentada pelo Decreto n°974, de 8 de novembro de 1993, ambos assinados pelo então presidente Itamar Franco, está atualmente em vigor, modificada pela Lei n° 9.323, de 5 de dezembro de 1996. O objetivo dessa Lei é incentivar projetos audiovisuais cinematográficos de produção independente e projetos da área audiovisual cinematográfica de exibição, distribuição e infra-estrutura técnica. A dedução está limitada a 3% do imposto devido, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão, ainda, abater o total do investimento efetuados como despesa operacional, com resultados positivos na redução do imposto devido. Os projetos são limitados a R$3 milhões e a captação de recursos faz-se por meio de uma corretora de Titulo de Valores Mobiliários pela venda dos Certificados de Investimento. Isso significa que, caso o filme venha a ser um sucesso, o patrocinador terá dois grandes benefícios: sua marca será atingida diretamente por milhões de pessoas e, sendo acionista do filme, o patrocinador tem direito a participar de seus lucros (COSTA, 2004). De acordo com Cesnik (2002, p. 78), a “Portaria nº 500, de 18 de dezembro de 1998, em seu artigo 1º define bem quais devem ser os objetivos dos projetos para que possam receber o apoio da Lei de Audiovisual: I – A realização de obra audiovisual cinematográfica, de produção independente, de longa, média e curta metragem (artigo 1º); 51 II – A exibição, distribuição e infra-estrutura técnica, específicos da área audiovisual cinematográfica (ξ 5º do artigo 1º); III – A co-produção de obras audiovisuais brasileiras de produção independente (artigo 3º); IV – Os projetos destinados à realização de: a) Obra audiovisual e radiofônica de natureza cultural-educativa, de caráter não comercial, realizadas por empresa de televisão e rádio (parágrafo único do artigo 25, da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991); b) Obra audiovisual videográfica; c) Difusão da obra audiovisual por meio de exposições, festivais e eventos; d) Promoção das atividades de estímulo á pesquisa, conhecimento do mercado, desenvolvimento da tecnologia, meios de produção, informação e análise sobre o audiovisual brasileiro; e) Promoção do intercâmbio audiovisual entre o Brasil e o exterior, por meio de conferências, simpósios e congressos; f) Preservação da memória audiovisual brasileira. A Secretaria do Audiovisual adotou as seguintes definições para os tipos de obra audiovisual: - obra audiovisual de curta metragem: aquela cuja duração é igual ou inferior a 15 minutos; 52 - obra audiovisual de média metragem: aquela cuja duração é igual ou superior a 15 minutos e inferior a 70 minutos; - obra audiovisual de longa metragem: aquela cuja duração é superior a 70 minutos; (CESNIK, 2002). De uma maneira geral podemos identificar que a legislação brasileira, aparentemente, ainda privilegia o patrocinador e / ou doador ao produtor cultural. Assim, com tais fontes de financiamento disponíveis no mercado, esse produtor, facilmente, irá obter um alto grau de dependência financeira o que pode tornar esse mercado “engessado”. Quanto maior a autonomia do produtor com relação às doações e patrocínios, mais autonomia terá o produtor para expandir o seu leque de produtos e serviços atendendo a necessidade do consumidor final e do patrocinador ou doador ser qualquer preterimento. Como forma de garantir uma atuação de maneira eficaz, as instituições do terceiro setor ou empresas sem fins lucrativos, em especial aquelas que buscam sua autonomia financeira, necessitam interessar-se pelo planejamento de marketing como forma de garantir sua atuação de maneira eficaz, ou seja percorrer detalhadamente todas as etapas e áreas gerenciais que compreendem o marketing. No capítulo a seguir iremos percorrer todas essas etapas que poderão ser percebidas através do conceito aplicado ao longo da monografia – os 3 P´s – Inputs, Thoughputs e Outputs. 53 CAPÍTULO IV MARKETING - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE 4.1 Introdução De acordo com Yanaze (2007, p.52) “marketing é uma função gerencial que abrange os inputs e throughputs das organizações para produzir outputs adequados à manutenção do equilíbrio desejado entre seus potenciais, suas necessidades e expectativas e os potenciais dos segmentos de mercado almejados”. Assim, para alcançar um bom planejamento estratégico de marketing, tornase necessário às organizações, passarem por todas as etapas gerenciais que compreendem o marketing, passando pelas áreas de compras, produção, vendas, finanças, recursos humanos e contabilidade. (YANAZE, 2007). Piercy, Saunders e Hooley (2005) em outras palavras afirmam que uma empresa deve assegurar que as capacidades da empresa correspondam ao ambiente de mercado competitivo no qual ela está inserida, não apenas hoje, mas também no futuro próximo. Seguindo essa linha analítica, esse trabalho irá buscar sobre a perspectiva de atuação no presente e perpetuação a médio e longo prazo um planejamento estratégico de marketing embasado e consistente para uma empresa sem fins lucrativos. “Para uma organização sem fins lucrativos, como uma instituição de caridade ou uma companhia de energia elétrica, por exemplo, isso significa adequar suas habilidades para atender às necessidades do público ou das causas em que busca servir.” (PIERCY; SAUNDERS & HOOLEY, 2005). Outros autores podem questionar a necessidade de uma empresa que não visa o lucro interessar-se pelo marketing, entretanto, o contexto atual nos mostra 54 que empresas sem fins lucrativos precisam interessar-se pelo planejamento de marketing como forma de garantir sua atuação de maneira eficaz. De acordo com Kotler (1994) os princípios formais de marketing são essenciais para que essas organizações tornem-se eficazes na obtenção de seus objetivos. Contudo, para alcançarmos um bom planejamento estratégico o trabalho em questão irá buscar responder três perguntas básicas: 1 – O que a empresa está fazendo agora? 2 – O que está acontecendo no ambiente? 3 – O que a empresa deveria estar fazendo? Com base no conceito de “adequação estratégica” apresentado por Piercy, Saunders & Hooley (2005), esse trabalho irá buscar a sintonia das estratégias adotadas com as necessidades e exigências dos clientes (as condições de mercado no qual será implementada) e com os recursos e capacidades da empresa. Figura 4.1 Adequação Estratégica Necessidades e condições de mercado Recursos organizacionais adequados aos mercados em que opera Estratégia adaptada às necessidades e exigências do mercado Estratégias de Marketing Recursos Organizacionais Recursos organizacionais necessários para a implementação da estratégia Fonte: Baseado em Piercy, Saunders & Hooley (2005, p. 25). 55 4.2 Definindo o produto e negócio da empresa Para muitos autores, a definição do negócio de atuação diretamente ligada apenas ao produto em que a empresa oferece pode oferecer uma visão míope. Levitt (apud Piercy, Saunders & Hooley, 2005) afirma que definir o negócio pelo mercado em que a empresa atua tornou-se mais amplo que defini-lo apenas por seus produtos. De acordo com Yanaze (2007) a definição do produto implica, portanto, em estabelecer sua função no atendimento das necessidades existentes no mercado; e gerar um aumento no grau de satisfação de desejos do consumidor, envolvendo assim todos os seus atributos, tangíveis e intangíveis. Nesse sentido, o trabalho em questão irá buscar não apenas trabalhar sobre os produtos sociais oferecidos por uma organização sem fins lucrativos, mas também compreender o mercado no qual a organização está inserida. Uma vez definida a função do produto oferecido e mercado de atuação, a próxima etapa deve alcançar as definições de tangibilidade e intangibilidade sobre o produto. Ainda hoje existem autores que insistem em diferenciar os produtos tangíveis dos intangíveis apenas pelo fato de que os primeiros podem ser tocados e sentidos, (como roupas e produtos eletrônicos) enquanto que os intangíveis não (seriam, portanto, apenas serviços). Para Yanaze (2007, p.66) “tais definições são limitadas e imprecisas, porque hoje não encontramos nenhum produto que seja totalmente tangível ou completamente intangível”. De acordo com o autor o que ocorre nos dias atuais é uma combinação de atributos tangíveis com intangíveis, por exemplo, para o serviço de uma consultoria, existe a parte intangível, como experiência, confiança e 56 competência, mas também atributos tangíveis, como a presença física dos consultores, apresentações e relatórios bem formulados. 4.2.1 Classificação de Produtos Uma vez definido o produto da empresa, existe a possibilidade de classificá-lo de acordo ao hábito de compra. (YANAZE, 2007). De acordo com o autor, produtos de conveniência podem ser subdivididos em básicos, de impulso e de emergência, uma vez que o consumo ocorre com freqüência, mas não com muito esforço, geralmente com uma despesa pequena. Produtos de compra comparada são aqueles que possuem um custo mais elevado e por isso levam o consumidor a pesquisar preço e qualidade. Esse consumo é mais especifico e esporádico. Já produtos especiais, são altamente diferenciados e para adquiri-los, o consumidor disponibiliza um esforço ainda maior. Geralmente, tais produtos estão atrelados a produtos de valor sentimental muito grande, o que acabam não exigindo, portanto, muitas comparações. Como ultima classificação proposta, temos os produtos de demanda negativa, ou seja, produtos indesejados espontaneamente, mas ainda assim necessários, como seguros (de carro, de saúde), serviços hospitalares e túmulos. A seguir, vejamos os cinco níveis de classificação de produtos, de acordo com a hierarquia de valor para o cliente. (KOTLER , 2000): • Beneficio central ou fundamental: baseado no beneficio mais fundamental apresentado pelo produto. Exemplo: automóvel como meio de transporte. 57 • Produto básico: ocorre através da materialização do objetivo central – atributos tangíveis. Exemplo: a possibilidade de transporte do automóvel se materializa com o motor, pneus e volante. • Produto esperado: conjunto de atributos que o produto deve apresentar. Exemplo: no automóvel, além do transporte, o consumidor espera que ele proporcione segurança e potencial conforto. • Produto ampliado: nesse nível ocorre uma ampliação do produto excedendo a expectativa do consumidor. Exemplo: modelo de carro que encanta o consumidor pelo conforto superior, potencial ainda melhor que a prometida, itens inesperados que representam grande valor. • Produto Potencial: refere-se a todas as transformações que podem ocorrer no futuro sobre o conceito central do produto. Exemplo: transformações no conceito automóvel e transporte particular. 4.2.2 Classificação de Serviços De acordo com características muito peculiares, podemos distinguir os serviços dos produtos de acordo com os seguintes pontos apresentados por Yanaze (2007, p.72): • Intangibilidade: como já mencionado anteriormente, serviços se diferem de produtos de acordo com a sua intangibilidade, mesmo não havendo serviços completamente intangíveis. 58 • Perecibilidade: serviços em geral, são muito mais perecíveis que produtos. Exemplo, ingressos de teatro para determinado dia e horário não podendo ser reaproveitado para esse lazer em um outro momento. • Inseparabilidade: serviços são geralmente prestados na presença da pessoa que irá realizá-lo, não podendo ser, portanto, estocados ou transportados. • Esforço do cliente: assim como os prestadores de serviço precisam geralmente estar presentes, o mesmo ocorre com o cliente. Exemplo: em uma consulta médica, médicos e pacientes devem estar presentes ao mesmo momento para a realização do serviço. • Variabilidade: diferentemente de produtos, o serviço prestado não consegue ser facilmente padronizado, mas sim possuir aproximações de critérios de prestação. • Qualidade: justamente pela dificuldade de padronização, a qualidade de um serviço é bastante variável. Um serviço deve emitir sinais ao potencial cliente de que haverá benefícios garantidos a intangibilidade do serviço prestado um pouco mais tangível. Os serviços, de acordo com Yanaze (2007, p. 73) podem ser desenvolvidos tendo por base a estratégia do marketing mix: serviços, precificação, promoção e distribuição. 1 – Definição de serviço: podem ser classificados, assim como os produtos, de acordo com o hábito de compra: conveniência compra comparada e especialidade. 59 2 – Determinação de preço: item de difícil mensuração. A empresa deve considerar a demanda pelo serviço, os custos e a concorrência. 3 – Distribuição: bastante restrita limitando-se por muitas vezes a um local especifico. Há exceções como quando o prestador se desloca ao cliente, como empresas de buffet que realizam o evento em sua residência. 4 – Comunicação: divulgação de benefícios tangíveis e intangíveis que podem ser esperados pelo cliente. É essencial esforços para que uma imagem bastante favorável seja criada com o objetivo de conquistar a fidelização do cliente. 4.2.3 Ciclo de Vida do Produto e do Mercado O ciclo de vida de um produto representa o seu histórico de vendas e de lucro durante o seu período de existência. (YANAZE, 2007). Essa visão é essencial para o profissional de marketing para que o mesmo possa, analisar a situação do produto no mercado e planejar estrategicamente as próximas tomadas de decisão. Assim, o ciclo de vida de um produto é composto pelas seguintes fases: • Planejamento: quando se preparam os inputs e throughputs visando os outputs adequados. • Lançamento: fase na qual os outputs são então disponibilizados ao mercado e a comunicação assume um papel importantíssimo. • Crescimento: uma vez disponibilizado a distribuição impulsionará esse produto. • Maturidade: o preço aqui pode tanto gerar lucro quanto prejuízo uma vez que nessa fase a concorrência tende a ser mais acirrada. 60 • Declínio: nessa fase todos os outputs devem ser avaliados demandando alterações no inicio do processo, inputs e throughputs. • Sobrevida: tentativa de estender um pouco mais a vida do produto • Morte: inevitável a retirada do produto do mercado. 4.3 Análise do portfólio A análise sobre o portfólio de produtos oferecido por uma empresa é um passo crucial para avaliar as perspectivas futuras da organização como um todo. De acordo com Hooley (2005, p.44) a “análise do portfólio é o alicerce para fazer escolhas importantes – tanto para investimento quanto para uma direção estratégica”. Nesse contexto, toda organização diversificada precisa encontrar métodos para avaliar o equilíbrio de seus produtos e negócios oferecidos para auxiliar a direcionar de uma maneira ainda mais eficiente os recursos disponíveis entre cada um deles. A saúde corporativa no longo prazo precisa de um equilíbrio entre os produtos que geram lucro hoje e produtos que demandam caixa agora, mas prometem gerar caixa no futuro. (HOOLEY, 2005). Muitos modelos de análise foram desenvolvidos nos últimos anos. A seguir, apresentaremos alguns dos modelos de sucesso que utilizaremos como forma de análise ao tema proposto. 61 4.3.1 A matriz BCG Em meados dos anos 60, a Boston Consulting Group (BCG) dada a procura do mercado por um modelo de análise ao equilíbrio de um portfólio, chegou a chamada Matriz BCG: matriz que de Crescimento versus Participação de Mercado. De acordo com Yanaze (2007) a matriz BCG foi desenvolvida a partir de duas variáveis mercadológicas que auxiliam na identificação da situação, do posicionamento de produtos, marcas e Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) das empresas: taxa de crescimento e participação relativa no mercado. Após o posicionamento de produtos, marcas, UEN na matriz BCG, as seguintes classificações podem ser feitas: 1. Criança Prodígio: produtos e / ou UEN com baixa participação em mercados com altas taxas de crescimento. Geralmente tais produtos necessitam altos investimentos para conseguirem um melhor posicionamento no mercado. 2. Estrela: Produtos e / ou UEN com alta participação em mercados com altas taxas de crescimento. São produtos crianças prodígios bem sucedidos tendo alcançado maior participação de um mercado promissor. Não necessariamente geram lucro, pois ainda precisam de altos investimentos para se manterem bem posicionados com relação a concorrência. Proporcionam destaque e prestigio para a organização. 3. Vaquinha leiteira: produtos e / ou UEN com alta participação em mercados com baixa taxa de crescimento. Geralmente são produtos e / ou UEN que mantiveram sua alta participação em mercados que se tornaram maduros. Com isso, o lucro gerado pode, por muitas vezes, superar os recursos 62 necessários para manter-los, disponibilizando assim, recursos para produtos e / ou UEN criança prodígio. 4. Abacaxi: produtos e / ou UEN com baixa participação em mercados com baixas taxas de crescimento, em fase de maturidade tendendo ao declínio. Por muitas vezes não geram lucro e ainda podem vir a ocasionar prejuízos. Mantê-los na linha de produtos só será necessário quando sua presença é relevante ao mix de produtos ou para alavancar a venda de outros produtos em melhores condições. ALTA BAIXA CRESCIMENTO DAS VENDAS Figura 4.2 Representação do Modelo BCG Produtos Estrelas Produtos Criança Prodígio Investimento – alto Faturamento – alto Investimento – alto Faturamento – baixo (O faturamento pode ser igual ou maior que o investimento) (Normalmente são novidades que apresentam resultado negativo) Produtos Vaquinha Leiteira Produtos Abacaxi Investimento – baixo Faturamento – baixo Investimento – baixo Faturamento – alto (Geram resultado positivo, Propiciando caixa à empresa) ALTA (Podem já estar apresentando prejuízo) BAIXA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 80). A Matriz BCG dada sua simplicidade e facilidade de implementação, tornouse altamente popular e ao longo dos anos incompleta para demais tomadas de decisão. 63 Chuchill & Peter (apud Yanaze, 2007) questionam sua subjetividade e falta de critérios específicos para o seu ponto de partida: a definição de quanto seria uma alta ou baixa taxa de crescimento de mercado. Kotler (apud Yanaze, 2007) levanta que o modelo BCG, como outros modelos, faz com que a empresa dê maior ênfase ao aumento da participação de mercado, entrando em negócios de alto crescimento e, portanto, de alto risco, negligenciando seus negócios atuais. Nesse contexto, a empresa General Eletric e a consultoria McKinsey propuseram um novo modelo de análise de portfólio, baseado em fatores múltiplos de análise, para identificação do nível de atratividade de mercado do setor e do nível de força comercial dos produtos/marcas/UEN da empresa. Rapidamente esse modelo ficou conhecido com a Matriz de Portfólio Multifatorial GE de acordo com Kotler (apud Yanaze, 2007). 4.3.2 Modelo multifatorial GE Para iniciar um modelo de análise pelo matriz GE é necessário que a empresa identifique os fatores que fazem com que o mercado seja “atraente” para ela. A importância de cada fator depende principalmente da natureza do produto, do comportamento do cliente, da empresa em si, e do setor na qual ela está inserida. (Hooley 2005). Para a identificação desses fatores é necessária uma análise detalhada sobre seus clientes, concorrentes, características do mercado, do ambiente externo e interno da organização. 64 Yanaze (2007) apresenta os seguintes quadros para auxiliar na obtenção dos fatores de avaliação da atratividade dos mercados e fatores de avaliação da posição dos produtos/UEN no mercado: Quadro 4.1 Fatores de Avaliação da Atratividade dos Mercados 1. Fatores de Mercado 2.Concorrência 3. Fatores Financeiros e Econômicos 4. Fatores Tecnológicos 5. Fatores do Ambiente Mercadológico Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 83). Tamanho atual ($, volume ou ambos) Potencial ($, valume ou ambos) Taxa de crescimento por ano Disponibilidade e qualidade de canais de distribuição Vulnerabilidade a fatores externos Potencial de compra dos segmentos principais Sensibilidade em relação a preços Poder de barganha dos fornecedores Poder de barganha dos clientes Quantidade de concorrentes Tipos de concorrência Grau de concentração da distribuição Concorrência informal e ilegal Política de preços Margens de contribuição aplicáveis Economias de escala e de experiência Grau de necessidade de investimentos Taxas de Retorno de Investimentos Utilização da capacidade Dependência de políticas econômicas Grau de complexidade Grau de volatilidade Patentes e royalties Nível de diferenciação Custo de pesquisa Legislação e regulamentação governamentais Influência de grupos de pressão Grau de aceitação pela opinião pública / comunidade Grau de compatibilidade com as atitudes, comportamentos e tendências sociais Adequação às culturas locais (dos mercados) 65 Quadro 4.2 Fatores de Avaliação da Posição dos Produtos/UEN no Mercado Partcipação do produto/UEN no mercado Potencial da empresa para o produto/UEN Taxa de crescimento do produto/UEN 1. Fatores de Mercado 2. Seu Produto/UEN e Concorrência 3. Fatores Financeiros e Econômicos 4. Fatores Tecnológicos 5. Fatores de Ambiente Mercadológico Sinergia com os canais de outros produto/UEN da empresa Grau de vulnerabilidade da empresa em relação ao produto/UEN Compatibilidade com os segmentos de mercado de outros produtos/UEN Influencia do preço em relação a outros produtos/UEN Benefício que o negócio aufere em relação a reputação da marca da empresa Grau de aproveitamento do produto/UEN dentro do composto promocional da empresa Participação no mercado competitivo Característica competitiva da empresa para este produto/UEN Seu nível de concentração Monitoramento da concorrência Vulnerabilidade em relação à concorrência Compatibilidade da política de preço do produto/UEN em relação à política global da empresa Margem de contribuição obtida com o produto/UEN Sua escala e experiência com o produto/UEN Necessidade de investimento para manter o produto/UEN Taxa de retorno do investimento na produto/UEN Taxa de utilização do produto/UEN da capacidade administrativa total Compatibilidade da política de preço do produt/UEN em relação à política tecnológica da empresa Capacidade da empresa enfrentar mudanças em função da volatilidade tecnológica do produto/UEN Grau de proteção e de acesso a patentes e royalties Contribuição para a política geral de diferenciação Capacidade de arcar com os custos de pesquisa Capacidade de adaptação e/ou enfrentamento Habilidade e capacidade de negociação Grau de aceitação pelos stakeholders e pela comunidade Compatibilidade com as atitudes e tendências sociais relativas a outros produtos/UEN da empresa Capacidade de adequação da empresa Grau de dependência em relação aos fornecedores Grau de sujeição em relação aos clientes Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 84). A combinação dos resultados dos quadros acima, os resultados irão indicar a posição do produto/UEN um algum dos quadrantes do quadro abaixo: 66 Quadro 4.3 Posição do Negócio FORTE 10 MÉDIA 6,7 FRACA 3,3 0 ALTA 6,7 MÉDIA 3,3 BAIXA 0 Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 85). Atribuindo pesos aos fatores de análise, de acordo com o grau de importância no contexto da analise, serão obtidos os índices de pontuação. Os subfatores devem também receber pesos igualmente, que representam o seu grau de relevância dentro do fator correspondente. A análise é então realizada nas duas dimensões (escala): 1 - Atratividade do mercado e 2 - Posição do produto/UEN da empresa no mercado. Ao multiplicar as notas atribuídas para cada subfator pelos pesos que foram pré-definidos, chegaremos a valores que, somados, indicarão uma nora ao fator correspondente. Essa nota multiplicada pelo peso relativo e somada aos valores encontrados da avaliação de outros fatores, definirá o índice que determinará a posição em cada dimensão (escala). (YANAZE 2007). 67 4.4 Análise do mercado competitivo 4.4.1 Análise do Macroambiente As organizações hoje parecem estar cada vez mais conscientes as influências que suas estratégias de marketing estão sujeitas frente ao ambiente competitivo a qual ela opera, bem como ao macroambiente no qual ela está inserida. De acordo com Hooley, (2005, p.69) a importância da compreensão do macroambiente (os ambientes social, político e econômico em que as organizações operam), é necessária para que a organização saiba o impacto sobre o seu negócio através de mudanças nesse ambiente, sabendo, portanto, como reagir eficientemente a todas elas. Para iniciarmos qualquer análise sobre o macroambiente, ainda de acordo com o autor citado anteriormente, faz-se a utilização da chamada análise PEST (ambiente político, econômico, social, legal e tecnológico) apresentada na figura a seguir: Figura 4.3 Análise PEST do macroambiente Econômico Político Social Tecnológico Fonte: Baseado em Hooley, (2005, p.69). Legal 68 O estudo sobre o ambiente econômico-político, ou seja, observações sobre qual momento econômico e político do país a empresa está definindo suas estratégias de marketing, é de extrema importância, para que haja um alinhamento entre alguns indicadores e as diretrizes da organização. De acordo com Kotler (2006 p. 84) “para que existam mercados é necessário que haja pessoas e poder de compra, este por sua vez, depende da renda, dos preços, da poupança, do endividamento e da disponibilidade de crédito. Os profissionais de marketing devem estar atentos às principais tendências na renda e nos padrões de consumo porque elas podem ter um impacto nos negócios.”. De acordo com Hooley (2005) temos as seguintes considerações-chaves para serem observadas como forma de estudo para os ambientes políticos e econômicos: • Índices de crescimento econômico e o ciclo dos negócios • Emprego e desemprego • Governos nacionais e transacionais • Internacionalização e globalização • Comercio regional e áreas de comércio • Tributação e política fiscal • Taxas de juros, confiança do consumidor e das empresas. Dando continuidade a analise PEST, o estudo sobre o ambiente social e cultural torna-se cada vez mais necessário, uma vez que valores a atitudes sociais vêm sofrendo alterações frente às demais evoluções observadas. Para Kotler (2006, p.93), “os profissionais de marketing devem compreender as visões que as pessoas têm de si próprias, das outras, das organizações, da 69 sociedade, da natureza e do universo. As empresas precisam comercializar produtos que correspondam aos valores centrais e secundários da sociedade, assim como abordar as necessidades das diferentes subculturas existentes dentro dessa sociedade.” Para Hooley (2005) os seguintes pontos devem ser observados como forma de estudo ao ambiente social e cultural: • Mudanças demográficas • O mercado dos jovens • Mudanças nos estilos e nos padrões de vida • Sociedade multiétnicas • O mercado dos cabelos brancos (amadurecimento da população) O estudo do ambiente tecnológico e do impacto sobre o marketing de sua crescente evolução é essencial para se obter uma contextualização do embasada sobre o macroambiente. “Os profissionais de marketing devem levar em consideração a aceleração do ritmo de mudanças tecnológicas, as oportunidades ilimitadas para inovação, as variações nos orçamentos de P&D e a regulamentação mais rigorosa das mudanças tecnológicas”. E para fechar a analise PEST apresentada, a observação sobre o ambiente legal faz com que a organização esteja atenta as leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam e limitam as empresas e indivíduos. Por outro lado, novas leis podem também criar grande oportunidades de negócio para organizações e pessoas. 70 Para Koltler (2006, p 93), “os profissionais devem trabalhar respeitando as muitas leis que regulamentam as práticas de negócio e em harmonia com os vários grupos de interesses”. 4.4.2 Análise do Ambiente Competitivo A concorrência entre as empresas para atender a necessidade moderna tornou-se cada vez mais acirrada. Essa concorrência intensificou-se com empresas buscando criar vantagens competitivas em mercados cada vez mais saturados e com clientes ainda mais exigentes. De acordo com Garrán (apud Yanaze, 2007 p. 118) “todo negócio que objetiva ser lucrativo tem de buscar atender às necessidades e aos desejos do consumidor potencial, de uma maneira melhor e mais lucrativa que a concorrência”. Nesse contexto diferentes autores abordam a analise sobre o ambiente competitivo por diferentes ângulos. Nickels & Wood (apud Yanaze, 2007, p.119) classificam competição em três categorias: competição com outras marcas, com produtos substitutos e pela atenção e dinheiro com consumidor. Kotler (apud Yanaze, 2007) distingue quatro níveis de concorrência baseados no grau de substituição do produto: concorrência da marca, concorrência industrial, concorrência de forma e concorrência genérica. Porter (apud Hooley 2005) sugeriu a existência de cinco forças principais que definem a concorrência no nível de unidades estratégicas de negócios. Esse modelo pode ser usado também por empresas sem fins lucrativos para melhor compreender os seus clientes, fornecedores e outras organizações com as quais elas possam estar competindo por apoio. 71 Figura 4.4 As cinco Forças que determinam a atratividade estrutural dos segmentos Ameaças de novos entrantes Pode de barganha dos fornecedores Rivalidade entre as empresas do setor Poder de Barganha dos compradores Ameaça de substitutos Fonte: Hooley 2005. Quando um segmento possui uma rivalidade intensa, muitas empresas podem preferir não participar dessa competição uma vez que os lucros tendem a ser menores a cada competidor afirma Garrán (apud Yanaze, 2007). Nesse contexto, a segmentação para oferecer um produto diferenciado torna-se uma alternativa viável para alcançar destaque e maiores lucros sob um segmento altamente competitivo. Um segmento não se tornará atraente se já possuir concorrentes poderosos, agressivos ou numerosos. (KOTLER, 2006). Segundo o autor, essas condições levarão às guerras de preço, batalhas no campo da propaganda e lançamento de novos produtos. Outro fator importante que deve ser levado em consideração é a facilidade com que novos entrantes podem surgir no mercado em que a sua empresa opera. Segundo Kotler (2006, p. 336) a “atratividade de um segmento varia conforme se configuram as barreiras à entrada e à saída desse segmento”. 72 Os segmentos mais atraentes serão aqueles que possuírem grandes barreiras de entrada e pequenas barreiras de saída, pois poucas empresas irão conseguir entrar e aquelas com desenvolvimento insatisfatório, sairão com facilidade. Inversamente, segmentos com pequenas barreiras de entrada e grandes barreiras de saída fazem com que as empresas entrem no segmento apenas nos momentos bons, mas não conseguem sair com facilidade. Com isso, os ganhos tornam-se baixos para todos. Já quando identificamos grandes barreiras de entrada como grandes barreiras de saída, o potencial de lucro é alto, entretanto os riscos são maiores uma vez que empresas com desempenhos insatisfatórios irão permanecer no segmento. Quando barreiras de entrada como de saída são pequenas, organizações entram e saem do mercado a todo o momento, tornando os retornos estáveis e baixos para todas. (KOTLER, 2006). A idéia intrínseca a ameaça de produtos substitutos, segundo Garrán (apud Yanaze 2007, p.122) é a de que “um produto não precisa necessariamente se idêntico ao outro para tornar-se uma ameaça: ele pode ser diferente, mas atender às mesmas necessidades do consumidor”. Um segmento não será atraente se oferecer grande quantidade de substitutos reais ou potenciais para um produto, uma vez que produtos substitutos limitam preços e lucros do segmento. (KOTLER, 2006). À medida que o poder de barganha dos compradores cresce o mercado torna-se cada vez menos atrativo. Segundo Kotler (2006, p.337) “o poder de barganha dos compradores cresce à medida que eles se organizam e se concentram, quando o produto representa uma parcela significativa dos custos do comprador, quando o produto não é diferenciado, quando os custos de mudança dos 73 compradores são baixos, quando os compradores são sensíveis a preço devido a margens de lucros baixas, ou quando podem integrar estágios anteriores de cadeia produtiva”. Nesse cenário, é importante que as organizações, para se protegerem, procurem compradores que possuam pouca capacidade de negociação e mudança de fornecedor. Em um segmento onde há poucos fornecedores, o poder de barganha destes tornarão o segmento cada vez menos atrativo, uma vez que eles poderão elevar o preço ou reduzir a quantidade fornecida sempre que assim decidirem. Os fornecedores tendem a ser poderosos quando concentrados ou bem organizados, se houver poucos substitutos, se o produto for um material importante, os custos para alteração de fornecedor forem altos e se estes puderem integrar-se na cadeia produtiva em estágios mais avançados. A melhor defesa nesse caso é manter um bom relacionamento com seus fornecedores e buscar outras fontes de abastecimento. (KOTLER, 2006) Assim que a organização identifica seus principais concorrentes, ela deve trabalhar sobre a definição de suas próprias estratégias e objetivos, bem como identificar suas forças e fraquezas. Para isso, a análise das forças e fraqueza, da chamada análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats – forças, fraqueza, oportunidades e ameaças), torna-se essencial ao planejamento estratégico de marketing. De acordo com Kotler (2006) a empresa precisa reunir informações sobre as forças e fraquezas de cada um de seus principais concorrentes. Para esse levantamento comparativo, Yanaze (2007, p.233) apresenta o seguinte modelo: 74 Figura 4.5 Modelo Comparativo dos Outputs. Outputs Empresa X Concorrente A Concorrente B Ideal/Novo Possivel Entrante I. Produto Atributos tangíveis Atributos intangíveis II. Preço Valor Formas de pagamento Juros Descontos III. Distribuição Número de vendedores Locais de Venda Reposição Transporte Licenciamento IV. Comunicação Publicidade Promoções Merchadising Relações Públicas Patrocinios Valor da Marca Reputação Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 233). O autor ainda complementa o modelo tornando-o quantitativo ao atribuir notas aos itens produto, preço, distribuição e comunicação, bem como aos subitens que compõe cada output. Com isso, é possível facilitar a percepção sobre a defasagem de cada subitem, da mesma maneira que identifica a importância relativa de todos os outputs e subitens. Além disso, por ser baseada e pesos e notas, indica uma ordem de priorização das estratégias e ações a serem implementadas e possibilitam o registro efetivo de mudanças que podem ocorrei no composto mercadológico. Ainda de acordo com a análise comparativa de Yanaze, o estudo sobre os inputs e throughputs, mesmo que incompleta dada às dificuldades de obtenção de tais informações frente aos concorrentes, é fundamental para a tomada de decisões. Abaixo, apresentamos os demais modelos apresentados pelo autor: 75 Figura 4.6 Formato do Modelo Clássico - Inputs. Inputs I. Recursos Financeiros Empresa X Concorrente A Concorrente B Investimentos (equipamento, pesquisa, imóveis, veículos) Capital de Giro Necessário II. Recursos Humanos Administrativos (qualidade dos RH, capacitação) Operacionais (quantidade dos RH qualidade dos RH, capacitação III. Recursos de Materiais Infra-estrutura Equipamentos Matérias-Primas (X,Y,Z) Embalagem Insumos Veículos Armazéns Equipamentos de informática Softwares IV. Informações Dia a dia Especificas Pesquisa VI. Variáveis Tecnológicas Royalties Diferenciação Qualificação Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 244). Ideal 76 Figura 4.7 Formato do Modelo Clássico - Throughputs Throughputs Processos a- De produção (processos e ferramentas utilizadas, nível de adequação, qualidade do uso, grau de otimização, nível de atualização) b- De movimentação de mercadoria (processos e ferramentas utilizadas, nível de adequação, qualidade do uso, grau de otimização, nível de atualização) c- De logística (processos e ferramentas utilizadas, nível de adequação, qualidade do uso, grau de otimização, nível de atualização) d- De prospecção de novos clientes (processos e ferramentas utilizadas, nível de adequação, qualidade do uso, grau de otimização, nível de atualização) e- De desenvolvimento de produtos e de serviços etc. (processos e ferramentas utilizadas, nível de adequação, qualidade do uso, grau de otimização, nível de atualização) Sistemas a- Administrativos (sistemas utilizados, nível de adequação às necessidades, grau de satisfação e motivação gerados) b- Contábeis (sistemas utilizados, grau de adequação, nível de clareza, grau de precisão) c- Financeiros (sistemas utilizados, grau de adequação, grau de informatização, nível de segurança) d- Comunicação Interna (sistemas e ferramentas utilizados, grau de eficácia, nível de cobertura, adequação aos diferentes níveis hierárquicos, grau de precisão, clareza, segurança) Políticas a- De cargos e salários (parâmetros adotados, adequação ao mercado, grau de satisfação, envolvimento e comprometimentos gerados) b- De vendas (condições previstas, adequação ao mercado, grau de eficácia, resulatdos obtidos) c- De responsabilidade social (eventos realizados, grau de comprometimento da empresa, nível de investimento social, grau de engajamento dos colaboradores) d- De lucros (nível de reinvestimento, adequação da distribuição de dividendos) e- De investimentos (adequação às necessidades e oportunidade do mercado, grau de coerência nos investimentos) Cultura Empresarial Relações de poder, Adequação da linguagem comum, Nível de conhecimento e saberes, Adequação de atitudes e comportamentos, etc. Clima Empresarial Grau de motivação, Nível de envolvimento e comprometimento Logística Nível de adequação das instalações, Grau de otimização dos sistemas de transporte, Nível de eficiência pré-produção, Nível de eficiência pósprodução, grau de cobertura Empresa X Concorrente A Fonte: Baseado em YANAZE (2007, p. 245). Concorrente B Ideal 77 Tal analise, afirma o autor, pode ser realizada com um pequeno texto explicativos, seguido de uma nota de 0a 10 e tendo como base, para a nota mais alta, a situação equivalente ao “ideal”. É através de um planejamento estratégico de marketing embasado, consistente e estruturado com base nas ferramentas adequadas, que poderemos compreender o cenário atual da empresa, de seu ambiente interno e externo e das ações que futuramente deveriam ser tomadas para atingimento dos resultados almejados. Tendo embasamento teórico sobre os temas apresentadas anteriormente: Terceiro Setor, Gestão dos Recursos Financeiros para Organizações do Terceiro Setor, Marketing Cultural e Planejamento Estratégico de Marketing, seguiremos nosso trabalho com o estudo de caso escolhido contemplando o Grupo Cultural AfroReggae e o plano de ação proposto. 78 CAPÍTULO V - ESTUDO DE CASO: GRUPO CULTURAL AFROREGGAE 5.1 Histórico O Grupo Cultural AfroReggae é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada em 1993 com o objetivo de promover a inclusão e justiça social utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam de alicerce para a sustentabilidade e exercício da cidadania. Desde sua criação, o Grupo Cultural AfroReggae desenvolve diversos projetos sócio culturais em favelas do Rio de Janeiro, passando desde a produção de jornais a eventos sociais, culturais e artísticos, campanhas sociais, intercâmbios internacionais e formação de grupos artísticos que são chamados de sub-grupos. A concepção do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE deu-se em meados de 1992 com a realização de uma festa reggae organizada por José Junior, atual coordenador executivo do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, em função de neste mesmo ano o funk ter se tornado um ritmo proibido nas festas e bailes do Rio de Janeiro devido a arrastões realizados em praias das cidades. A mudança e a realização desta festa trouxe uma mudança e o início de um processo de politização do grupo, que motivou a realização de uma segunda festa a 1ª Rasta Reggae Dancing, que reuniu pessoas dos locais mais variados do Rio de Janeiro, como: Baixada Fluminense, Zona da Leopoldina, Zona Sul e Zona Oeste. 79 “A Rasta Reggae Dancing cumpriu o seu papel e criou uma marca que nos acompanha até hoje: juntar num mesmo lugar pessoas de diferentes classes sociais e de localidades distintas” (JOSÉ JUNIOR,2006,p.27) A partir deste evento e uma vez que não tinham espaço na mídia, o grupo decide iniciar seu trabalho a partir da criação de um jornal cujo principal objetivo seria expor as manifestações, lutas e anseios de toda uma comunidade. 5.1.1 O início Surge então em janeiro de 1993, a primeira edição do Jornal Afro Reggae Notícias, veículo de comunicação que falava sobre a cultura negra. A cada edição, o grupo de organizadores, amadurecia e se transformava e foi então que em julho de 1993 o Grupo Cultural Afro Reggae decide criar uma ONG, ou seja, vislumbraram a necessidade de se tornar uma entidade organizada, baseada nas observações e experiências individuais dos componentes, uma vez que por meio unicamente do jornal não era possível interferir diretamente em determinados problemas sociais existentes na comunidade. É então neste momento que decidem criar um programa de ação sociocultural voltado para os jovens que residiam nas favelas e que concretamente pudesse modificar de alguma forma a vida dessas pessoas. Justamente nesta época ocorre no Brasil um fato que chocou e envergonhou toda a sociedade: a chacina de Vigário Geral, onde 21 pessoas foram assasinadas pela Polícia Militar, em vingança pela morte, no dia anterior da chacina, de quatro policiais por traficantes da favela. No entanto, nenhuma das vítimas tinha qualquer envolvimento com a criminalidade. Vigário Geral vinha de uma guerra de dez anos com a favela vizinha Lucas, numa disputa cruel pelo comando dos pontos de venda de droga. A chacina acaba, 80 entretanto, selando a paz e gerando dezenas de manifestações a favor dos parentes das vítimas de Vigário Geral. O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE chegou um mês após o massacre participando de várias reuniões com o Movimento Comunitário de Vigário Geral. Destas manifestações, surgem os primeiros trabalhos em Vigário Geral com as oficinas de reciclagem de lixo, dança afro e percussão. Também nesta época recebem o primeiro apoio financeiro para a produção de quatro edições do Jornal AfroReggae Notícias. De acordo com José Junior, este foi um período extremamente problemático no Rio de Janeiro, pois o Governo Federal interveio em diversas favelas com a operação Rio e em função disto, por inúmeras vezes as atividades do Grupo foram interrompidas pela ameaça de tiroteios e pela violência policial. 5.1.2 Ampliando as perspectivas As oficinas de dança, percussão e capoeira, tinham se tornado uma banda e já se apresentavam em vários pontos da cidade e foi justamente em uma destas oportunidades que o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE conhece Regina Casé e Caetano Veloso, que viriam a ser os futuros padrinhos e principais divulgadores do grupo no meio artístico. Em 9 de junho de 1995 realizaram com a presença dos ilustres padrinhos, o batizado da Banda AfroReggae. Era a primeira vez que a favela de Vigário Geral recebia a presença de artistas consagrados, como também de intelectuais, representantes de ONGs e da mídia. 81 Ainda neste ano, através de um empréstimo adquirido com o Centro de Assessoria a Movimentos Populares (Campo), o grupo consegue adquirir uma casa que proporcionou um maior desenvolvimento do trabalho realizado. No ano seguinte implantaram o segundo Núcleo Comunitário de Cultura, no Morro do Cantagalo, que surgiu então no Complexo Escolar Municipal Presidente João Goulart. Neste núcleo, a linguagem utilizada foi a do circo, cujo objetivo era a formação de uma trupe profissional. Também no ano de 1996, ocorreu o lançamento de uma rádio comunitária, que o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE lançou em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). No início daquele ano, a Ação da Cidadania/IBASE e o Movimento Viva Rio criaram o projeto GerAção, englobando jovens de classe média que desejassem participar de ações sociais na favela. Em Vigário Geral, esse projeto proporcionou então, a possibilidade de uma troca positiva de experiências entre pessoas que viviam realidades absolutamente distintas, indo ao encontro da política de integração social defendida pelo grupo. Ainda em 96, realizaram a campanha do Metro, cujo objetivo principal era vender os 90 metros quadrados do terreno/casa de Vigário. A campanha foi um sucesso e em seis meses conseguiram os recursos necessários para o pagamento dos débitos pendentes. 5.1.3 Avançando nas conquistas O grande acontecimento do ano de 1997 foi a inauguração, em 29 de julho, do Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal, com recursos das embaixadas britânica e canadense. A data foi marcada por um grande evento, com a participação 82 do grupo O Rappa e Cidade Negra. O Centro Cultural, ou melhor dizendo, o trabalho do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE na comunidade de Vigário Geral, passou então a ser coordenado por dois jovens moradores da comunidade (Anderson Sá e Luiz Gustavo, hoje vocalista da Banda AfroReggae). O investimento realizado pelo grupo começou a mostrar resultados e além dos coordenadores mencionados, surgiu um time de jovens, entre 14 e 18 anos, desempenhando os papéis de monitores, instrutores juniores, instrutores/educadores e agentes administrativos. Os jovens líderes do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, no início encontraram várias barreiras devido a pouca idade e inexperiência, afinal, havia uma carência de cursos de formação, uma vez que faziam um misto de cultura, movimento social e educação, utilizando uma linguagem que incorpora expressões populares e muita vivência pessoal. A Banda AfroReggae passou a ser a principal referência da instituição e um exemplo de projeto com êxito no trabalho em favelas. Passaram então a encará-la como um veículo capaz de romper as fronteiras da comunidade. A partir disto iniciaram um investimento contínuo nos jovens, visando que se tornassem artistas profissionais e a partir disto resolvem criar um espetáculo que unisse música, teatro, luta e circo: O Espetáculo Nova Cara. O ano de 1997 também marcou o retorno do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE para o Cantagalo. A partir das conexões com grupos do Canadá, surge o convite para participar de uma grande parceria entre as ONGs Se Essa Rua fosse minha, SAAP/FASE e Teatro de Anônimo, além de duas organizações canadenses: Cirque Du Soleiul e a Jeneusse Du Monde. Surge então o projeto levantando a lona. 83 A primeira turnê da Banda AfroReggae pela Europa acontece em 1998 com o espetáculo Nova Cara. A banda se apresentou na França durante a Copa do Mundo de Futebol, na Holanda, na Inglaterra e na Itália. No Brasil, a primeira apresentação ocorreu em novembro do mesmo ano no Rio de Janeiro, gratuitamente e com um público de mais de três mil pessoas. A instituição começa a perceber que um investimento maior e melhor na educação se tornava necessária. Enquanto no aspecto de promoção da auto-estima e da cidadania, e também quanto ao desenvolvimento artístico, o AfroReggae estava muito bem, na educação era evidente que algumas lacunas não estavam sendo preenchidas. Um número considerável de jovens não freqüentava a escola, e um outro número já chegava a maioridade sem ter concluído o segundo grau e em alguns casos nem o primeiro. Além disso, reinava o desinteresse por qualquer assunto que não tivesse a ver diretamente com a prática artística. 5.1.4 Consolidação das bases artísticas A partir de 1999 o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE começava a pensar com mais profundidade em como elaborar uma prática educativa que atraísse o interesse dos jovens e, ao mesmo tempo, tivesse a identidade do AfroReggae, preservando o aspecto lúdico e prazeroso do processo. Em março deste mesmo ano, um importante passo é dado para o aperfeiçoamento das tecnologias de comunicação do Grupo: o site na Internet: www.AfroReggae.org. Neste mesmo ano a banda realiza sua Segunda turnê pela Europa, onde por 74 dias tiveram a oportunidade de excursionar pelos seguintes países: Itália, França e Holanda. 84 Durante as viagens, a banda participou de festivais de música e cultura, eventos em casas noturnas. Também mantiveram uma vasta agenda social de intercâmbios com grupos locais, palestras e workshops. Já em 2000 a banda AfroReggae assina contrato com a Universal Music, tornando-se o primeiro grupo no Brasil surgido em uma favela a partir de um projeto social a lançar seu disco de estréia por uma multinacional da área fonográfica. A Arpa (verificar significado) se converte em uma produtora de eventos e passa a cuidar dos interesses comerciais da banda, além de continuar promovendo eventos diversos. Por ocasião do sétimo aniversário do Grupo Cultural AfroReggae, ocorre a criação do Prêmio Orilaxé, uma premiação que valorizasse personalidades das mais diversas áreas de atuação, que tivessem dado uma importante contribuição para o campo sociocultural. O prêmio representou a consolidação de uma tradição que vem dos primeiros anos de atividade do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, consolidada agora em eventos de maior ressonância. Em março do mesmo ano foi interrompida a publicação do AfroReggae Notícias, acontecimento lamentado por todos, uma vez que essa foi a primeira realização do Grupo Cultural AfroReggae. No entanto, essa interrupção serviu para que a instituição repensasse todo o setor de comunicação do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, visando ao incremento de todas as atividades relativas à comunicação. Ao longo desse ano o processo de investimento na educação começou a se consolidar, de modo que, no final desse mesmo período, já podia se perceber uma baixa significativa na quantidade de jovens participantes do projeto fora da escola, reduzida praticamente a zero. Naturalmente, muito ainda teria para ser feito, 85 sobretudo no que diz respeito à qualidade da educação oferecida pelo grupo em relação com os parâmetros da educação forma. 5.1.5 Ampliação de horizontes - Foco no Futuro Em janeiro de 2001 a Banda AfroReggae lançou o CD Cara Nova, pela gravadora Universal Music. O lançamento extra-oficial foi durante o Rock in Rio III, na Barra da Tijuca. A banda se apresentou na abertura do evento, ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira, interpretando Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss. Além disso, outros projetos do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE participaram do Rock in Rio: a Trupe da Saúde e a Trupe do Levantando a Lona fizeram apresentações na Tenda Mundo Melhor, onde houve também debates com a participação do Grupo. O lançamento do CD da Banda AfroReggae (oficialmente em março na sede da Universal) coroou os anos de investimento visando a um objetivo que muitos julgavam inviável: o desvio de jovens moradores da comunidade do caminho do narcotráfico e do subemprego. O AfroReggae firmou na época um convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de um novo centro cultural em Vigário. No ano seguinte, o Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal foi demolido, dando lugar ao canteiro de obras que seria conhecido em breve como Centro Cultural Waly Salomão, em homenagem ao poeta que teve extrema importância na história do grupo, e que faleceu no ano de 2003. A idéia é que esse novo centro cultural se torne uma referência não só para a comunidade, mas para a cidade como um todo, objetivando o investimento na potência criativa e inovadora das culturas produzidas na periferia e buscando interferir na vida coletiva do país. 86 Com a demolição do antido centro cultural, a prioridade do AfroReggae em Vigário passou a ser o investimento nos trabalhos já consolidados, como o projeto Criança Legal e os SubGrupos que já estavam em atividade até o final de 2001. Nesse momento em que o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE esperava um certo refluxo no processo de crescimento do grupo nessa comunidade, aconteceu exatamente o contrário. Em 2002, quatro novos subgrupos foram criados em Vigário Geral: Tribo Negra, Afro Mangue, Kitôto e uma banda de percussão feminina que no futuro se transformou na banda Akoní. Foi nesse ano também que alguns desses grupos repensaram totalmente o seu trabalho, caso do Afro Samba e da Trupe da Saúde. O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE iniciou também em Parada de Lucas um projeto de extrema importância para nossos objetivos: o Rompendo Fronteiras. Inicialmente formado a partir de uma parceria com a associação de moradores local, esse projeto é voltado para a área de informática e representou, de fato, o rompimento de uma fronteira bastante hostil. Afinal, desde 1983 as relações entre essa comunidade e a vizinha Vigário Geral eram marcadas pelos conflitos entre narcotraficantes, o que não raro impedia ações, relacionamentos ou desenvolvimento de projetos comuns às duas comunidades. Com a presença do AfroReggae consolidada em Lucas, consolidou-se a idéia de criação de um Centro Multimídia na favela, que dispunha de computadores de primeira geração, cursos diversos, programação visual, edição de vídeos, conexão rápida à Internet , entre outros. Já em fevereiro de 2002 foi dado um novo passo e iniciada, no Complexo Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, uma oficina de vídeo cujo objetivo é capacitar jovens da comunidade e adjacências para produzir documentários ou peças de ficção numa 87 linha de comunicação popular. A idéia é que a partir deste curso, o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE forme um núcleo de audiovisual que possa absorver os próprios alunos em torno de uma equipe de produção profissional. Diante da ausência total do poder público e da falta de lazer e cultura nas favelas, o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE procurou na época a Prefeitura do Rio de Janeiro para implantar um circuito de shows nas favelas do Rio com os artistas mais populares da MPB e do Pop Rock Nacional para fortalecer a autoestima local, tirar essas comunidades das páginas policiais e incluí-las nas páginas culturais. Artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fernanda Abreu, Gabriel O Pensador, O Rappa, Cidade Negra, Elba Ramalho, Lulu Santos, Skank, entre outros. O evento teve a participação de milhares de pessoas. Milhares de pessoas de diversas comunidades que por causa das facções eram proibidas de entrar nessas comunidades e com a intervenção sóciocultural do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE momentos de trégua foram alcançados. 5.1.6 Da Favela para o Mundo O ano de 2003 começa com um marco importante: o dia 21 de janeiro marcou a comemoração dos 10 anos do Grupo Cultural Afro Reggae. Dessa vez o evento de aniversário e a cerimônia de entrega do Prêmio Orixalé duraram quatro dias. O primeiro, no Teatro João Caetano, foi dedicado ao prêmio. Os dois seguintes acontecem no Sesc Tijuca, com debates e apresentações dos SubGrupos do AfroReggae. O quarto e último dia de comemoração foi na Lapa, com um grande show da Banda AfroReggae, Makala e grandes artistas como Lenine, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Nando Reis, Frejat. Como esta era uma data marcante, todo o ano foi dedicado à comemoração dos 10 anos e o lançamento do livro Da Favela 88 para o Mundo foi um importante marco na história do grupo.Escrito por José Junior, o livro narra a história do Grupo Cultural AfroReggae desde os primeiros movimentos para organizar as festas que aglutinaram o grupo, passando pela edição do AfroReggae Notícias e a consolidação do grupo, os acertos ( e também os erros), os avanços e os planos de futuro. O aniversário de 10 anos foi um marco e ao mesmo tempo, um salto no processo pela busca do fortalecimento institucional. Algumas marcas e valores foram agregados. Os SubGrupos cênicos passaram a Ter mais destaque: Trupe da Saúde que estava num processo de rediscussão sobre ser uma trupe de teatro ou apenas um mobilizador de saúde que utilizava a linguagem do teatro), Afro Circo e o Levantando a Lona. Passaram então a repensar a discussão interna no aprimoramento da área administrativo-financeira, geralmente uma das áreas mais frágeis de organizações sociais com o perfil do Grupo Cultural AfroReggae. Outra área que passaram a dedicar maior foco e em maior aprofundamento, foi a mediação de conflitos nas favelas em guerra, seja por facções do narcotráfico ou pela entrada da polícia. Os avanços, elaboração de estratégias e mesmo as intervenções práticas foram definidas e realizadas como linha de frente. Os mediadores ficaram diversas vezes em situação de risco extremo.Talvez por viverem entre a difícil realidade dessa guerrilha urbana nas favelas, periferias, aglomerados, vilas e morros do Brasil, e paralelamente a utopia de acreditar em dias melhores, esse grupo de pessoas arriscava sua vidas em prol do bem coletivo. A grande marca do ano de 2004 foi o projeto Parada Geral – paceria do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, People’s Palace, TV Globo e Prefeitura do Rio. O projeto iniciou-se com o espetáculo Antonio e Cleópatra, de William 89 Shakespeare, na fronteira de guerra (Parada de Lucas e Vigário Geral) mais antiga entre as facções do narcotráfico do Rio de Janeiro. Através desse espetáculo o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE conseguiu uma trégua na guerra e iniciou neste momento, uma ação que desencadeou oficinas permanentes de teatro, cartoon e uma futura obra que gerou o Centro de Inteligência Coletiva Lorenzo Zanetti. Diante dos problemas históricos entre os jovens negros da favela com a polícia, resolveram iniciar um projeto com a Polícia Militar que criasse um diálogo entre esses dois extremos. Com uma parceria inédita entre o Grupo Cultural AfroReggae, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e a Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais levaram uma linguagem artístico-social do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE na capacitação dos policiais de Minas Gerais para novas linguagens de aproximação com os jovens de comunidades populares de Belo Horizonte. Desenvolveram oficinas de percussão, teatro, circo, grafite e TV (realizado em parceria com a Pindorama Filmes). Os cineastas Estevão Ciavatta e Marcelo Guru, ambos da Pindorama Filmes, documentaram os primeiros quatro meses do projeto e aproveitaram para desenvolver uma oficina de TV/Vídeo para os policiais. Boa parte da equipe do AfroReggae era formada por pessoas que foram vítimas da violência policial e esse trabalho significava a superação e anistia de sentimentos, emoções e de frustrações. A aproximação foi feita e os estereótipos quebrados. 90 Em 2004 o grupo faz mais uma grande conexão internacional com uma apesentação no Carnegie Hall em Nova Iorque, em uma semana em homenagem a Caetano Veloso. 5.1.7 Consolidação e Fortalecimento Institucional Música, dança, teatro, circo e cinema. No início de 2005 lançam o filme Favela Rising, de Matt Mochary e Jeff Zimbalist, vencedor de uma das categorias do primeiro festival que disputou, o Tribeca Film Festival. O filme conta a história do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE através do protagonismo do cantor da banda AfroReggae, Anderson Sá. O Favela Rising ganhou 24 prêmios pelo mundo. Depois vieram os lançamentos dos documentários Polícia Mineira, de Estevão Ciavatta e Marcelo Guru, e o Nenhum Motivo Explica a Guerra, de Cacá Diegues e Rafael Dragout. E em fase de produção: Shantytow Shakespeare e Mediação de Conflitos. Nenhum Motivo Explica a Guerra também foi o nome dado ao novo CD e DVD da banda e a sua primeira turnê nacional. Essas ações têm possibilitado a mensagem e o conceito do AfroReggae pelo Brasil e pelo Exterior. O trânsito por diversas esferas do poder, seja público, privado, intelectual e da sociedade civil, tem proporcionado uma integração entre as diversas classes sociais com a missão e com as essências fundamentais do grupo que são a integração e a inclusão social; a criação de uma ponte numa via de mão dupla em que todas essas questões sejam discutidas, objetivadas e resolvidas. Como instituição social foi o momento de mudanças estruturais dentro da organização. A entrada de profissionais do mercado nas áreas sociais, administrativo-financeira, comunicação e empresarial tem fortalecido a gestão política e institucional. 91 “Hoje em dia dificilmente um projeto social consegue se estabilizar se ele não focar a sua auto-sustentação, seja através da geração de recursos próprios, prestação de serviços ou qualquer fim que permita a sua autonomia e independência financeira. O trabalho não pode parar só porque não entrou a verba de patrocínio. Até o fim de 1996, todos pagávamos muito para trabalhar. Agora, podemos dizer que fechamos o ano de 2005 com as contas em dia. E geramos entre 30% e 40% (pico) de recursos próprios prestando serviços, vendendo produtos, fazendo shows, eventos em geral, e ao mesmo tempo mantendo a nossa ideologia. Acreditamos que nos próximos cinco anos atingiremos um patamar entre 40% e 50% e poderemos nos tornar uma instituição autônoma em dez a quinze anos”(José Junior, 2006, p.264) 5.2 Análise Inicial 5.2.1 Avaliação Preliminar do Processo Sistêmico Para garantir um maior alinhamento das ações que eventualmente serão propostas para o atingimento das estratégias macro do Grupo Cultural AfroReggae, realizaremos uma avaliação preliminar do processo sistêmico, utilizando o modelo dos 3 puts, onde pretendemos identificar os possíveis desequilíbrios, eventuais mudanças ou até mesmo um monitoramento sobre as ações aqui propostas. 92 5.2.1.1 Inputs a) Recursos Financeiros Investimentos: O orçamento no ano de 2006 do Grupo Cultural AfroReggae é de aproximadamente R$ 6,5 milhões, que são obtidos através de patrocínios, palestras, shows, venda de CDs, DVDs e produtos com a marca AfroReggae. Atualmente três empresas apóiam institucionalmente o Grupo: Natura, Banco Real e Petrobrás. Cada uma delas, através da lei Rouanet apóia a instituição com o valor de R$ 1.500.000,00. b) Recursos Humanos O Grupo Cultural AfroReggae possui em sua folha de pagamento aproximadamente 200 colaboradores efetivos. Distribuídos em cargos administrativos como, por exemplo: coordenadores institucionais, de administração, de comunicação, de projetos sociais, de núcleo, psicólogas e assistentes sociais. c) Recursos Materiais Estrutura Física: O Grupo Cultural AfroReggae possui atualmente a seguinte estrutura física, subdividida de acordo com cada um dos núcleos comunitários existentes: Sede central localizada no centro do Rio de Janeiro; Núcleo Comunitário de Vigário Geral Núcleo Comunitário do Cantagalo – Anfiteatro Benjamin de Oliveira Núcleo Comunitário Parada de Lucas Núcleo Comunitário Complexo do Alemão 93 ARPA – AfroReggae Produções Artísticas (produtora criada para dar sustentação comercial a carreira profissionais dos sub-grupos criados a partir dos projetos sociais) Equipamentos: Os equipamentos do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE são divididos naqueles que suportam a estrutura administrativa dos núcleos e da própria sede do grupo, e aqueles que suportam a realização das atividades existentes em cada um dos núcleos. No primeiro caso, os equipamentos existentes nessa estrutura administrativa são basicamente materiais de informática, como micro-computadores e uma área reservada para reuniões. Os equipamentos são muito simples e muitas vezes oriundos de doações. Já no segundo caso, os equipamentos são divididos de acordo com cada uma das oficinas: instrumentos musicais (oficinas de música), colchões, cama elástica, trampolins (oficina de circo), micro-computadores (oficinas de informática). Fornecedores: Os principais fornecedores do Grupo Cultural AfroReggae são aqueles que trabalham na montagem das estruturas para os shows das bandas, fornecedores de equipamentos de som, instrumentos, material de escritório, de comunicação e especialmente os fornecedores dos produtos vendidos ao consumidor final, como: camisetas, CD’s e DVD’s. d) Sistemas de Informação: 94 O Grupo Cultural AfroReggae possui o site www.AfroReggae.org.br com informações relevantes e que são alimentadas periodicamente, ao uso de e-mails disponibilizados internamente e externamente e newsletters com informações sobre o grupo enviados ao público cadastrado no site. (clipping) e) Tecnologia: Computador, equipamentos da banda e cenário do show. 5.2.1.2 Throughputs a) Processos de Produção: Os processos de produção do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE estão diretamente relacionados as oficinas de música, dança, teatro, circo, informática e cidadania existentes nos núcleos comunitários localizados nas favelas do Cantagalo, Parada de Lucas, Vigário Geral e Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, como também a metodologia de ensino utilizada pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE que é considerada uma referência na gestão de iniciativas sociais de instituições do terceiro setor do Brasil e do Mundo. b) Sistemas Gerenciais: O sistema gerencial do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE está pautado em fóruns e rituais existentes que suportam o processo de governança corporativa da instituição. Basicamente, este sistema ocorre de forma a suportar a tomada de decisões estratégicas do grupo e estão diretamente ligadas a ação de um comitê gestor composto por integrantes internos do grupo. São eles: Coordenador executivo; 95 Presidente e Coordenador de Operacionalização; Coordenador Adjunto e Coordenador de Projetos. Existe também um conselho consultivo, composto por um grupo de empresários e formadores de opinião ligados ao terceiro setor, como por exemplo: André Scaf – Presidente do Grupo de Jovens Empresários da Fiesp, Sílvia Ramos – Diretora da Ong Centro de Estudos sobre Segurança, Lúcia Xavier – Diretora da Ong Crioula, Celso Athayde – Presidente da Central Única das Favelas entre outros. A atual estrutura hierárquica do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE está composta da seguinte forma: Coordenação Institucional Coordenador Executivo: José Junior Presidente / Coordenador de Operacionalização: Altair Martins Coordenador Adjunto: Luiz Fernando Lopes (Tekko Rastafari) Coordenador de Projetos: Carlos Cavalcanti Administração Administração e Controladoria: Luiz A. Salazar e Ana Paula Pereira Secretária do Coordenador Executivo: Adriana Silveira Coordenação de Campo: Alessandra Lins Almoxarifado: Daniel Lage Direção de Recursos Humanos: Patrícia Costa Gerente Produção: Fátima Magalhães Comunicação Coordenador de Comunicação: Chico Junior Assessora de Comunicação: Izabel Roizen 96 Comunicação - Site: Bruno Morais Parcerias Institucionais Coordenador de Parcerias Institucionais: João Madeira Parcerias Internacionais: Damian Platt e Ève Bélanger Projetos Sociais Coordenação da Equipe Técnica Social: Nilzete Cavendish Pedagoga Vigário Geral e Parada de Lucas: Esenir Souza Pedagoga Cantagalo e Complexo do Alemão: Renata Coutinho Núcleo Comunitário Vigário Geral Coordenador do Núcleo: Vitor Onofre Agentes de Projetos Culturais (Vigário Geral) Rosemary Maria dos Santos Coordenador do Afro Lata: Altair Martins Coordenador do Makala Música & Dança: Betho Pacheco Coordenador do Afro Samba: Jairo Cliff Coordenador do Afro Mangue: Clóvis Alexandre Coordenador do Kitôto: Jairo Cliff Coordenadores da Tribo Negra: Adelson Santos e Ângelo Rodrigues Coordenadora da Banda Akoní: Rosemary Maria dos Santos Coordenador da Trupe de Teatro AfroReggae: Johayne Hildefonso Coordenador da Banda Párvati: Jairo Cliff Psicólogas: Cláudia Coutinho e Ana Paula Oliveira Assistentes Sociais: Cláudia Alves, Rose Resende e Priscilla Martello Instrutor de Capoeira: Apache Monitor de Capoeira: Leandro Instrutor de percussão: Monitor de percussão: Amauri Núcleo Afro Hip Hop (NAH) Coordenador do NAH e instrutor da Oficina de Rap: Marcelo Red Instrutor da Oficina de Graffiti: Airá Ocrespo Instrutor da Oficina de DJ: José Carlos da Silva Leal Instrutor da Oficina de B. Boy: Lúcio Pereira de Araújo 97 Instrutor da Oficina de Música: Marco Antonio dos Santos Núcleo Comunitário Cantagalo Coordenador do Núcleo: Bóris Trindade Agentes de Projeto Administrativo: Cíntia Duarte Articulação Comunitária Jonathan Rodrigues Suporte Adm. e Assessor Artístico: Charles Rosa Psicólogas: Cristiane Assis e Stella Cintra Assistente Social: Aline Capparelli Instrutores Circenses: Juliano Ferreira Professor de Acrobacia de Solo, Trampolim e Equilíbrio: Edson Silva Professora de Acrobacia Aérea: Carol Santino Auxiliares: Sandra e Leila Núcleo Comunitário Parada De Lucas Coordenadores do Núcleo: Evandro João e Cirléia Menezes Agente de Projeto: Herberson Alves Psicólogos: Alexandre Cruz e Ana Lúcia Sá Assistentes Sociais: Cláudia Cristina e Juliana Lobo Núcleo Comunitário Complexo Do Alemão Coordenador do Núcleo: Chico Olliveira Psicóloga: Gisela Matassoli Assistente Social: Adriana Avelino Agente de Projeto 1: Rafael Pires Agente de Projeto 2: Willian Lima ARPA - AfroReggae Produções Artísticas Diretor Artístico da ARPA e da Banda AfroReggae: José Junior Coordenador da Banda AfroReggae: Altair Martins Produtora ARPA e Banda AfroReggae: Paula D´Arienzo Produtor dos SubGrupos: Duda Vasconcellos 98 c) Sistemas de Vendas: O Sistema de Vendas do Grupo Cultural AfroReggae pode ser considerado reativo. Na maioria das vezes as empresas é que procuram o grupo para apoio institucional e patrocínio. A venda é concentrada em poucas pessoas (basicamente no coordenador executivo da instituição) e Diretor Artístico da ARPA (AfroReggae Produções Artísticas) que cuida dos negócios da banda. Não possuem pontos de venda e a compra de produtos (camisetas, CD’s e DVD’s) acontecem atualmente somente através do site e da venda nos núcleos comunitários (restrita ao público residente na favela). d) Política A maior parte das políticas estabelecidas pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE estão em fase de construção, ou seja, suas regras e normas institucionalizadas estão no momento em fase de alinhamento com a missão e a visão da instituição, que é pautada na inclusão social e na retirada dos jovens residentes nas favelas do sub-mundo do tráfico. Missão Promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. Visão O AfroReggae quer ser percebido como uma organização que luta pela 99 transformação social, através da realização de sonhos, despertando potencialidades e auto-estima das camadas populares. e) Cultura Organizacional A cultura organizacional do Grupo Cultural AfroReggae é fortemente disseminada em todas as atividades realizadas pelo grupo, sejam nas atividades culturais, nas oficinas realizadas pelo grupo, ou até mesmo no ambiente interno junto aos coordenadores e crianças e adolescentes participantes do projeto. Os valores e intenções da ONG são fortemente percebidos e difundidos com o objetivo de promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afrobrasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam de alicerces para a auto-sustentabilidade e exercício da cidadania. 5.2.1.3 Outputs a) Produtos e Serviços Os principais produtos e serviços produzidos pelo Grupo Cultural AfroReggae são: os Shows das diversas bandas existentes no grupo, dentre elas a mais divulgada e estruturada atualmente, a Banda AfroReggae; livros, CD´s, DVD´s; camisetas vendidas através do site; grife de roupas AfroReggae (assinada pelo renomado estilista Marcelo Sommer) 100 serviços, como: o Aulas e oficinas de percussão; o Palestras; o Consultoria de gestão para instituições do terceiro setor (esse de forma gratuita). b) Preço/Remuneração Atualmente as bandas do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE são vendidas separadamente, ou seja a principal banda do Grupo Cultural AfroReggae – a Banda AfroReggae - cobra por suas apresentações o valor de R$ 17.000,00, enquanto as bandas menos estruturadas e ainda em fase de desenvolvimento como a AfroLata e AfroSamba, praticam o valor aproximado de R$ 6.000,00. As palestras realizadas são gratuitas e no segmento da moda, o Grupo Cultural AfroReggae possui duas atuações, uma mais voltada a classe C,D, E com a venda de produtos pelo site cuja média varia em torno de R$ 25,00. Já para o público A e B, o Grupo Cultural AfroReggae criou em junho de 2007 a grife AfroReggae, assinada pelo renomado estilista Marcelo Sommer cujo preço médio varia em torno de R$ 80,00 e será distribuída em importantes shoppings centers e boutiques do país. c) Vendas/Distribuição/Abrangência Os produtos e serviços do Grupo Cultural AfroReggae podem ser vendidos e distribuídos através do site: www.AfroReggae.org.br. 101 Através deste canal todo tipo de comunicação pode ser estabelecida com o Grupo, inclusive a venda de produtos e serviços, como os shows dos grupos e subgrupos, CDs, DVDs e camisetas. Também através do site ocorre o contato para estabelecimento de parcerias institucionais. A abrangência engloba todo o Brasil como também demais países ao redor do mundo. d) Comunicação O Grupo Cultural AfroReggae possui uma importante estrutura de comunicação, subdividida em: Uma área que cuida especificamente dos assuntos relacionados a assessoria de imprensa; Elaboração do AfroNet, um serviço de informes enviados via e-mail para manter todos os usuários cadastrados informados sobre as atividades, eventos e iniciativas do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE. Elaboração e coordenação do site institucional www.afroreggae.org.br que pretende ser um grande portal sobre o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE e a cultura afro-brasileira em geral na internet; Coordenação e edição da Revista Conexões Urbanas; A rádio comunitária liderada por participantes do projeto e coordenadores; A realização de shows e eventos para divulgação da banda e do projeto social realizado pelo Grupo Cultural AfroReggae. Também a existência da ARPA – AfroReggae Produções Artísticas é criada com o intuito de dar sustentação a carreira profissional da banda AfroReggae e subgrupos criados a partir dos projetos sociais. 102 Tabela 5.1 Avaliação da Relação Empresa-Mercado AVALIAÇÃO Potencial Necessidades Expectativas Empresa O Grupo Cultural Desenvolver um plano Tornar o Grupo AfroReggae pode de negócios Cultural AfroReggae realizar ações que estruturado na busca uma instituição permitam proporcionar pela independência autônoma a instituição um alto financeira da instituição financeiramente nos grau de crescimento e próximos 10 anos, atendimento a um através da prestação número maior de de serviços ou venda crianças através da de seus produtos. geração de recursos próprios. Mercado Busca pelo crescente Desenvolver políticas Estabelecer a número de empresas públicas e projetos de manutenção de que se associam a lei capazes de projetos bem instituições do terceiro fomentar a cultura no estruturados no país. setor através dos país. patrocínios e doações. Conclusões: Há desequilíbrio na relação empresa-mercado, pois atualmente a busca do mercado é pelo crescente número de empresas que se associam a instituições do terceiro setor através dos patrocínios e doações. Trata-se de uma característica de extrema importância, mas ao contrário da empresa em questão, a busca é por um processo de auto-suficiência financeira. Ou seja, um projeto que envolve a vida de tantas crianças, não pode deixar de existir pelo simples fato de 103 uma determinada empresa não querer mais associar sua imagem a determinada causa ou projeto. 5.2.2 Plano de Marketing O Plano de Marketing surge após a realização da avaliação preliminar, onde a empresa deverá definir seus objetivos e metas iniciais primários, que serão posteriormente norteadores na elaboração do planejamento. 5.2.2.1 Objetivos Preliminares O principal objetivo do Grupo Cultural AfroReggae é atingir sua autonomia e sustentabilidade financeira, seja através da geração de recursos próprios, da prestação de serviços ou de qualquer outro fim que permita a sua autonomia e independência financeira. 5.2.2.2 Metas Preliminares Atingir no período de 1 ano a marca de: 60% de patrocínios e doações – através das empresas privadas. 40% de recursos próprios – através da venda de produtos e serviços; 104 5.2.2.3 Definição do(s) produto(s) / serviço(s) –Matriz GE e BCG 5.2.2.3.1 Matriz GE O Grupo Cultural AfroReggae possui dentro do seu mix de produtos, as suas bandas como a principal forma de obtenção de recursos próprios. O Grupo tem também produtos como cds, dvds, camisetas, bonés, entre outros, entretanto como sua representatividade é muito pequena no faturamento global do AfroReggae e pelo fato do objetivo do trabalho estar focado em oferecer novas oportunidades de obtenção de recursos financeiros além de aumentar a representatividade de alguns já existentes, exploraremos apenas as bandas do Grupo AfroReggae, que são contratadas mediante a pagamento de cachê e se apresentam em diversos estados brasileiros, e algumas inclusive em outros países. 5.2.2.3.2 Função Genérica Banda Afrorregae: banda formada por jovens das favelas cariocas do Cantagalo, Complexo do Alemão e Vigário geral, que visa entreter platéias diversas por meio de música influenciada nas culturas africana e brasileira, com bastante destaque para a percussão. Afro Circo: grupo de circo com palhaços, malabaristas, trapezistas, bailarinas e acrobatas, formado por moradores das favelas do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho, resultando em um misto de acrobacias, funk, capoeira e samba. 105 Afro Lata: banda de percussão formada por jovens da favela de Vigário Geral que, à falta de instrumentos convencionais de percussão, começaram a tocar com pedaços de cabo de vassoura, latões de óleo, tonéis e baldes de plástico. Afro Mangue: Banda de percussionistas moradores da favela de Vigário Geral, com influências do Maracatu, Samba-Funk, Samba-Reggae e muitos outros ritmos comuns à cultura brasileira, além do próprio Afro Lata. Afro Samba: Banda de samba formada por moradores da favela de Vigário Geral. Banda Akoní: banda de percussão, com influências do Ijexá e Afroxé, formada por sete jovens moradoras da favela de Vigário Geral. Elas tocam os instrumentos caracterizadas de índias. Bloco AfroReggae: bloco de carnaval formado por jovens moradores da favela de Vigário Geral. Composto por uma centena de jovens, que dançam e tocam percussão, utilizando instrumentos convencionais, como surdos, repeniques, caixas e alternativos como latas e galões. Levantando a Lona: Trupe de circo que reúne os circenses formados nas oficinas que ainda não completaram 14 anos e, portanto, ainda estão na fase inicial do processo de aprendizagem nas técnicas do circo. 106 Makala Música & Dança: grupo de jovens moradores da favela de Vigário Geral, que une dois elementos muito utilizados pelo AfroReggae: a música e a dança. Enquanto alguns jovens tocam percussão outros dançam influenciados pelos ritmos do reggae, afro e samba. Párvati: banda de rock formada exclusivamente por meninas. Formada recentemente, a Párvati representa o empenho do Grupo Cultural Afro Reggae no sentido de incrementar e consolidar o papel das mulheres no interior do grupo, tanto sob o ponto de vista social quanto do artístico. Tribo Negra: banda cuja sonoridade traz uma mistura forte, baseada no funk e no samba-reggae, além de ingredientes de maracatu, reggae e baião, tocados em instrumentos percussivos de peso como surdos, repiniques, timbaus e caixas de guerra. 5.2.2.3.3 Necessidades que atende Todas as bandas do Grupo Cultural AfroReggae atendem as necessidades de entretenimento de públicos diversos por meio da música, mas principalmente aqueles que possuem alguma identidade com a música afro-brasileira, como o samba, o marcatu, reggae, hip hop e percussão, além daqueles que apreciam o trabalho social realizado com moradores de favelas. . 107 5.2.2.3.4 Atributos Tangíveis • Instrumentos musicais (que no caso da maioria das bandas do AfroReggae são feitos com materiais diferenciados como latas e galões), Cenário e Iluminação. • Número de compositores • Número de componentes 5.2.2.3.5 Atributos Intangíveis: • Sonoridade • Brasilidade 5.2.2.3.6 Classificação dos Serviços Pelas bandas do Grupo Cultural AfroReggae se tratarem de bandas que incentivam o resgate da cultura afro-brasileira e por utilizarem os jovens moradores de favela como seus músicos, dando a estes jovens uma opção à criminalidade, opção que na maioria das vezes é única, dá a essas bandas uma característica especial e diferenciada, atribuindo um fator emocional no processo de prestação de serviços, que faz muitas vezes o cliente empreender um grande esforço, logístico por exemplo, para contratar os seus serviços. Por essas razões as bandas do AfroReggae se enquadram na classificação de produtos especiais. 5.2.2.3.7 Fase do Ciclo de Vida Nesse item faremos uma distinção da Banda AfroReggae das demais, pois entendemos que ela se encontra em uma fase de ciclo de vida diferente das demais. 108 Banda AfroReggae: por já estar a mais tempo no mercado fonográfico brasileiro, e ter alcançado uma certa projeção entorno do seu nome, sendo inclusive, confundida com a Grupo Cultural AfroReggae, a Banda AfroReggae encontra-se em fase de maturidade. Seus músicos, apesar de serem oriundos das favelas, já são profissionais, a banda já tem cd a venda em lojas, já faz um número de shows relativamente alto, comparado com as demais bandas do Grupo. É também a que sofre a maior concorrência, uma vez que ela não é mais vista apenas como uma banda de caráter social mas sim uma banda profissional. Demais bandas do Grupo Cultural AfroReggae: encontram-se ainda na fase de introdução. São pouco conhecidas do grande público e precisam de forte investimento publicitário para poderem atingir um público mais amplo e alcançar uma fase de crescimento. As apresentações que elas já fazem se apóiam na força institucional da marca AfroReggae ou na venda casada com a Banda AfroReggae. 5.2.2.3.8 Explicação das notas da matriz GE Atratividade do Mercado x Fatores de mercado Tamanho atual: considerando o mercado de organizações do terceiro setor com foco cultural / social e tendo como único indicador financeiro o volume de dinheiro arrecadado pela lei Rouanet nos segmentos de “cultura afro-brasileira” e “música e artes”, vem tendo na média dos últimos 6 anos um faturamento de mais de R$ 10 mi/ano. NOTA 8,0 Potencial: ainda existe uma carência muito grande por parte da sociedade por serviços de assistência social / cultural, e muitas empresas dispostas a investir na área social. NOTA 8,0 109 Taxa de crescimento: tanto o número de organizações quanto o volume de investimento na Lei Rouanet mostram que esse mercado vem crescendo ano após ano. NOTA 9,0 Disponibilidade de canais de distribuição: tanto os serviços sociais prestados quanto os produtos (bandas, cds, camisetas e palestras) que as organizações de terceiro setor com foco social / cultural têm a oferecer não conseguem atingir todos os interessados em adquiri-los. NOTA 5,0 Grau de vulnerabilidade da organização em relação a patrocínio / doações: uma característica dessas organizações que têm um alto grau de dependência a essa fonte de renda. NOTA 3,0 Potencial de compra dos segmentos principais: os principais segmentos que consomem os produtos do AfroReggae são as empresas patrocinadoras e as empresas que compram os bens e serviços da Banda. NOTA 6,5 Sensibilidade em relação a preços: por se tratar de um “produto especial” com forte apelo emocional o preço não é um fator preponderante na decisão de compra. NOTA 8,5 Poder de barganha dos fornecedores: nesse mercado os fornecedores são importantes mas não fundamentais para o bom desenvolvimento do negócio, uma vez que o preço não é um fator decisor. NOTA 7,0 Poder de barganha dos clientes: o mercado apresenta como característica ter poucos clientes, o que torna as organizações muito dependentes deles. NOTA 6,5 Concorrência Quantidade de concorrentes: são poucos os concorrentes no mercado do AfroReggae. Instituto Ayrton Senna, Meninos do Morumbi e Olodum, são alguns 110 exemplos. Há de se considerar também que, como o investimento que os clientes fazem nesse mercado não são considerados “fundamentais”, qualquer projeto que venha a ser prioritário concorre diretamente com as verbas destinadas a projetos sociais. NOTA 8,5 Tipos de concorrência: a basicamente dois tipos de concorrência nesse mercado: a direta, organizações do terceiro setor com foco social e cultural (Instituto Ayrton Senna, Meninos do Morumbi e Olodum) e a indireta, comporta por qualquer projeto que o cliente desse mercado possua que venha a ser prioritário à atuação social. NOTA 7,5 Grau de Concentração da Distribuição: Apesar de alguns Grupos apresentarem seus trabalhos no exterior, como o Meninos do Morumbi e o próprio AfroReggae, o grande mercado consumidor (seja este de empresas apoiadoras ou de consumidores dos produtos) está concentrado no eixo Rio-SP. NOTA 6,0 Concorrência informal e ilegal: não identificamos nenhuma concorrência informal ou ilegal. NOTA 10,0 Fatores financeiros e econômicos Política de preços: os preços praticados pelas organizações em seus produtos seguem uma paridade, diferenciando-se de acordo com o produto específico. NOTA 8,5 Margens de contribuição aplicáveis: a realidade das organizações do terceiro setor mostra que conseguir um faturamento suficiente para pagar os custos variáveis normalmente é bem complicado. NOTA 3,0 Economias de Escala e de Experiência: algumas organizações que têm um trabalho instituído a algum tempo e já possuem uma marca consolidada e clientes 111 fidelizados não precisam desprender um esforço muito grande para conseguir fontes de arrecadação. NOTA 7,5 Grau de Necessidade de Investimentos: existem muitas necessidades a serem sanadas em termos de estrutura, pesquisa, prospecção, desenvolvimento de novos mercados e produtos que acabam sendo desconsiderados por falta de investimento. NOTA 4,0 Taxas de Retorno de Investimentos: é difícil medir o retorno financeiro que as empresas têm com a associação de marcas e compra de produtos das organizações do terceiro setor. Entretanto o retorno de imagem, da reputação da marca faz com que muitas empresas queiram investir cada vez mais nesse mercado. NOTA 7,0 Utilização da Capacidade: é comum a ociosidade produtiva que as organizações do terceiro setor possuem em seus produtos. NOTA 6,5 Dependência de Políticas Econômicas: existe uma dependência considerável de algumas leis de incentivo do Governo como a lei Rouanet. NOTA 6,5 Fatores Tecnológicos Grau de complexidade: as organizações de terceiro setor com foco social / cultural, não necessitam de grandes investimentos tecnológicos e nem grandes tecnologias para operarem o seu core business. NOTA 9,0 Grau de Volatilidade: Por não se tratar de um mercado onde o fator tecnologia é fundamental, a volatilidade é relativamente baixa. NOTA 6,0 Patentes e Copyrights: o tipo de atuação das organizações não necessita de patentes. NOTA 10,0 112 Nível de Diferenciação: apesar desse mercado usar poucos recursos tecnológicos, a diferenciação técnica em um cenário de uma peça, nos recursos técnicos de um show podem ajudar a agregar valor a marca do produto. NOTA 9,0 Custo de Pesquisa: o uso de pesquisa não é comum nesse mercado, apesar de necessário em algumas ocasiões. NOTA 6,0 Fatores do Ambiente Mercadológico Legislação e Regulamentação Governamentais: muito importante uma vez que muitas organizações utilizam leis de incentivo como a Rouanet para tornar seus produtos mais atrativos do ponto de vista financeiro. NOTA 6,0 Influência de Grupos de Pressão (privados e / ou governamentais): mídia, associação de moradores, outras organizações do terceiro setor, órgãos de classe são agentes influenciadores e formadores de opinião, e portanto se torna muito importante o bom relacionamento com eles. NOTA 7,0 Grau de Aceitação pela opinião pública/ comunidade: importante para a imagem da organização estar em ressonância com as necessidades e preferências da opinião pública. NOTA 9,0 Grau de Compatibilidade com as atitudes, comportamentos e tendências sociais: é importante que o foco de atuação da organização tenha relevância com o mercado em que está inserida e de acordo com as tendências sociais. NOTA 8,5 Adequação às culturas locais (dos mercados): entender as necessidades latentes da região de atuação é fundamental para aceitação da opinião pública quanto para ganhar relevância na mídia e agregar valor a possíveis clientes. NOTA 9,0 113 Posição da organização no mercado Fatores de mercado Participação no mercado: dentro do mercado de Organizações do Terceiro Setor com foco Social / Cultural-musical, o AfroReggaes é bastante conhecido, e possui já o apoio de muitas empresas multinacionais. NOTA 8. Potencial da marca para associação com outras empresas: por ser um marca bastante conhecida e respeitada no meio empresarial a marca AfroReggae é bastante procurada por outras empresas que querem utilizar sua marca. NOTA 9 Taxa de crescimento da organização: o grupo AfroReggae vem tendo crescimentos significativos ao longo de sua história, mas muito desse crescimento é fruto dos patrocínios e não do aumento na venda dos produtos da organização. NOTA 7,5 Sinergia com as necessidades do mercado: a marca AfroReggae ainda tem muito potencial a ser explorado. É uma referência para as Organizações do Terceiro Setor com foco na área social, mas ainda fica muito abaixo de outras organizações em termos de auto-suficiência e exploração do mix de produtos. NOTA 7,0 Grau de vulnerabilidade da organização em relação a patrocínios / doações: o Grupo ainda tem como principal fonte geradora de renda os patrocínios. NOTA 4,0 Compatibilidade com os segmentos de mercado de outras organizações do terceiro setor: o Grupo ainda pode crescer muito em alguns outros segmentos de produtos que outras organizações já exploram. NOTA 7,5 Influência do preço em relação a outros produtos de outras organizações de terceiro setor: no mercado de produtos de organizações de terceiro setor, o preço é importante, entretanto não é agente decisor no momento da aquisição por se tratar de um produto “especial”. NOTA 7,0 114 Benefício que o negócio aufere em relação à reputação da marca da empresa: o core business do AfroReggae é o trabalho social, dando a jovens excluídos uma oportunidade de carreira o que a torna uma marca muito admirada. NOTA 9,0 Concorrência Participação no mercado competitivo: considerando que o Grupo AfroReggae faz parte do mercado de organizações do terceiro setor com foco social / cultural, tendo em vista o seu faturamento e reputação, ele é um dos grandes players desse mercado. NOTA 8,0 Característica competitiva da empresa / UEN: pela estrutura que a organização possui, pelo nível que ela se encontra, em relação aos principais concorrentes, e pela referência que ela é em muitos de seus campos de atuação, ela tem um diferencial competitivo já associado a sua marca. NOTA 8,5 Seu nível de concentração: hoje o faturamento do grupo está muito concentrado nos patrocínios que são pagos por três empresas. NOTA 5,0 Monitoramento da concorrência: hoje o Grupo tem pouca preocupação em monitorar a concorrência, não tendo nenhum processo ou rotina definida para isso. NOTA 4,0 Nível de diversificação de produtos em relação à concorrência: o Grupo possui hoje uma série de produtos que já contribuem para o faturamento da organização, que comparados com a concorrência mostram que o AfroReggae já está bastante adiantado em termos de mix. Entretanto entendemos que é possível explorar ainda mais a marca com outros tipos de associação de marca com outras empresas. NOTA 9,0 115 Vulnerabilidade em relação à concorrência: os principais produtos da organização que são as bandas, apesar de serem produtos especiais, acabam sofrendo concorrência de outras bandas, que não tem o foco social, o que resulta em uma agenda de shows menor do que poderia ser. NOTA 6,0 Fatores financeiros e econômicos Compatibilidade da política de Preço dos produtos da organização/UEN em relação à concorrência: os preços dos produtos do Grupo estão de acordo com as práticas do mercado e em muitos casos as empresas se dispõe a pagar mais para ter os produtos do AfroReggae. NOTA 8,0 Margem de Contribuição da organização/UEN: Sua escala de experiência com o core business/UEN: foi uma das primeiras Organizações a trabalhar com jovens de favelas e é uma das referências no setor. NOTA 9,5 Necessidade de investimento para manter a estrutura da organização/UEN: o Grupo já possui um custo fixo elevado devido a sua estrutura física e quantidade de pessoas atendidas pelos projetos sociais. NOTA 5,0 Taxa de Retorno do Investimento na organização/UEN: ainda é difícil para as empresas parceiras medirem o retorno (que não seja de imagem) que elas têm no AfroReggae. Já o retorno dos investimentos que o Grupo fez para chegar à estrutura já foi totalmente pago. NOTA 7,5 Taxa de Utilização dos produtos/UEN da Capacidade Administrativa Total: muitos produtos, como por exemplo, as bandas que estão ociosas. NOTA 6,5 116 Fatores Tecnológicos Compatibilidade da organização/UEN com as necessidades tecnológicas do mercado: o mercado do Grupo não exige muitas necessidades tecnológicas. NOTA 7,5 Capacidade da empresa em enfrentar mudanças em função da volatilidade tecnológica do mercado/UEN: idem. NOTA 7,0 Grau de proteção e de acesso a patentes e copyrights: é necessário que o Grupo registre as músicas das bandas. NOTA 7,5 Contribuição para a política geral de diferenciação: idem. NOTA 8,0 Capacidade de arcar com os custos de pesquisa: o grupo não tem uma verba disponível para fazer pesquisas para desenvolvimento de seus produtos. NOTA 4,0 Fatores do Ambiente Mercadológico Capacidade de adaptação e / ou enfrentamento: o Grupo se mantém antenado com as mudanças do mercado e busca alternativas de receita que possuam contribuir para sua independência financeira. NOTA 7,5 Habilidade e capacidade de negociação: por ter já uma marca consolidada e ser uma referência no mercado de organizações do terceiro setor, o Grupo possui um bom poder de negociação. NOTA 8,5 Grau de aceitação pelos “stakeholders” e pela comunidade: pelo tipo de trabalho desenvolvido pelo Grupo e pela forma profissional e estruturada como ele o desenvolve, o AfroReggae possui uma grande aceitação por parte dos stakeholders. NOTA 9,5 117 Compatibilidade com as atitudes e tendências sociais relativas ao mercado: o negócio do Afreoreggae é totalmente compatível tanto com as tendências quanto com as necessidades sociais. NOTA 8,7 Capacidade de adequação da empresa: o Grupo é bastante flexível as tendências e necessidades do mercado, já tendo feito algumas mudanças e experiências ao longo de sua história. NOTA 7,0 Grau de dependência em relação a fornecedores: O AfroReggae tem um bom relacionamento com muitos fornecedores e de diferentes segmentos: fornecedores de instrumentos musicais, palco, figurino, tecnologia e publicidade. NOTA 8,0 Grau de sujeição em relação a clientes: por ter um alto grau de dependência a alguns clientes, em muitos casos o Grupo precisa atender algumas necessidades personalizadas desses clientes. NOTA 4,0 118 Tabela 5.2 – MATRIZ GE – POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO Análise da organização Afrorregae Peso TT Peso do Item Peso da Organiz aç ão Partic ipaç ão da organização/ UEN no merc ado 15 8, 0 1,20 Potenc ial da marc a para a ssoc iaç ão c om out ras empres as 18 9, 0 1,62 Taxa de c resc iment o da organiz aç ão/ UEN 10 7, 5 0,75 Sinergia c om as nec ess idades do merc ado 8 7, 0 0,56 0, 3 1. Fat ores de Merc ado Grau de vulnerabilidade da organização em relaç ão a patroc ínio / doaç ões 2,13 23 4, 0 0,92 Compatibilidade c om os s egment os de merc ado de outras organizaç ões do terc eiro se tor 8 7, 5 0,60 Influênc ia do pre ç o e m relaç ão a out ros produtos de outras organizaç ões de terc eiro se tor 8 7, 0 0,56 10 9, 0 Benef íc io que o negóc io auf ere em relaç ão à reput aç ão da marc a da empresa T otal 100 1,37 Partic ipaç ão no merc ado c ompet itivo 17 8, 0 1,36 Cara c terís tic a c ompet itiva da empres a/UEN 18 8, 5 1,53 Seu nível de c oncent raç ão 24 5, 0 1,20 Monitoramento da c onc orrênc ia 13 4, 0 0,52 Nível de diversific aç ão de produt os em relaç ã o a c onc orrênc ia 18 9, 0 1,62 Vulnerabilidade em relaç ã o à c onc orrênc ia 10 6, 0 T otal 100 1,47 Compatibilidade da polític a de Preç o dos produtos da organizaç ão/UEN em relaç ã o à c onc orrênc ia 9 8, 0 0,72 Margem de Cont ribuiç ão da organizaç ã o/UEN 7 7, 0 0,49 Sua es c ala de experiênc ia c om o c ore bus iness /UEN 30 9, 5 2,85 Nec ess idade de investiment o para mant er a es trut ura da organizaç ã o/UEN 25 5, 0 1,25 Taxa de Retorno do Inves timent o na organizaç ã o/UEN 15 7, 5 1,13 14 6, 5 Ta xa de Utilizaç ã o dos produtos/UEN da Capacidade Administrat iva T otal T otal 100 0,09 Compatibilidade da organiz aç ão/UEN c om as nec ess idades t ec nológic as do merc ado 20 7, 5 Capa c idade da empres a em enfrenta r mudanç as em funç ão da volatilida de t ec nológic a do me rc ado/UEN 25 7, 0 1,75 Grau de proteç ã o e de ac e sso a pat entes e c opyright s 30 7, 5 2,25 Cont ribuiç ão para a polít ic a geral de diferenc iaç ão 15 8, 0 1,20 Ca pac idade de arcar c om os c ustos de pesquisa 10 4, 0 T otal 100 1,50 0,40 7,19 0,25 Capacidade de adaptaç ão e/ou enfrent ament o 5. Fat ores do Ambiente Merc adológic o 0,91 7,35 0,05 4. Fat ores Te c nológic os 0,60 6,83 0, 2 3. Fat ores Fina nc eiros e Ec onômic os 0,90 7,11 0, 2 2. Conc orrênc ia Nota final 1,85 8 7, 5 0,60 Habilidade e c apac idade de negoc iaç ão 15 8, 5 1,28 Grau de a c eitaç ão pelos “st akeholders” e pela c omunidade 30 9, 5 2,85 Compatibilidade c om as a tit udes e t endênc ias soc iais relat ivas ao merc ado 20 8, 7 1,74 Capac idade de adequaç ão da empresa 10 7, 0 0,70 4 8, 0 0,32 13 4, 0 Grau de depe ndênc ia em relaç ão a fornec edores Grau de sujeiç ão em relaç ão a c lientes T otal 100 0,52 7,41 6,91 119 Tabela 5.3 – MATRIZ GE – ATRATIVIDADE Análise da organização Afrorregae Peso TT Peso do Item Peso da Organização T amanho at ual ( $, volume ou ambos) 13 8,0 1,04 Potenc ial ( $, volume ou ambos) 17 8,0 1,36 0,3 1. Fatores de Mercado 2,13 Taxa de crescimento por ano (média dos três últimos anos) 15 9,0 1,35 Disponibilidade de canais de distribuição 10 5,0 0,50 Grau de vulnerabilidade da organização em relação a patroc ínio / doaç ões 8 3,0 0,24 Potencial de compra dos segmentos principais 9 6,5 0,59 Sensibilidade em relação a preç os 9 8,5 0,77 Poder de barganha dos fornecedores 4 7,0 0,28 Poder de barganha dos c lient es 15 6,5 0,98 T otal 100 7,10 0,2 2. Conc orrência 1,55 Quant idade de concorrent es 35 8,5 2,98 Tipos de conc orrência 30 7,5 2,25 Grau de Concentraç ão da Distribuição 25 6,0 1,50 Concorrênc ia informal e ilegal 10 10,0 1,00 T otal 100 7,73 0,2 3. Fatores Financeiros e Econômic os 1,26 Política de Preç os 19 8,5 Margens de Contribuição aplicáveis 15 3,0 0,45 Economias de Escala e de Experiência 10 7,5 0,75 Grau de Nec essidade de Investiment os 10 4,0 0,40 Taxas de Ret orno de Investiment os 16 7,0 1,12 Utilizaç ão da Capac idade 10 6,5 0,65 20 6,5 Dependênc ia de Polít icas Econômic as T otal 100 1,30 0,41 Grau de Complexidade 25 9,0 2,25 Grau de Volatilidade 18 6,0 1,08 Pat entes e Copyrights 17 10,0 1,70 Nível de Diferenc iação 25 9,0 2,25 15 6,0 Custo de Pesquisa T otal 100 0,90 8,18 0,25 5. Fatores do Ambiente Mercadológico 1,62 6,29 0,05 4. Fatores Tecnológic os Nota final 1,95 Legislaç ão e Regulamentaç ão Governamentais 20 6,0 Influênc ia de Grupos de Pressão (privados e/ou governamentais) 25 7,0 1,20 1,75 Grau de Ac eitaç ão pela opinião pública/ c omunidade 20 9,0 1,80 Grau de Compatibilidade com as atitudes, comportamentos e t endências sociais 20 8,5 1,70 Adequação às cult uras loc ais (dos mercados) 15 9,0 1,35 T otal 100 7,80 7,29 120 FIGURA 5.1 – MATRIZ GE – GRÁFICO 10 6,7 3,3 0 Alta ATRATIVIDADE DO MERCADO 7,28 6,7 Média 3,3 Baixa 0 6,91 Forte Média Fraca POSIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO NO MERCADO O gráfico mostra que a organização do tercerio setor Afrorregae ocupa uma posição muito significativa no mercado de organizações do terceiro setor com foco na área social e cultural. Um mercado que mostra-se em amplo crescimento, como pode-se observar pelo aumento dos investimentos na lei Rouanet e Audiovisual e pelo crescente número de empresas que criam ou auxiliam financeiramente fundações ou instituições sociais. 121 BCG INTERNO Através da matriz BCG do ambiente interno do Grupo Cultural AfroReggae, é possível perceber informações importantes com relação aos produtos da organização e de que forma cada um deles contribuiu com a Receita total da instituição, nos anos de 2005 e 2006. Foram analisados os seguintes produtos, geradores de receita: Foram analisados os seguintes produtos, geradores de receita: 1. Patrocínio/ Apoio; 2. Shows; 3. Oficinas; 4. Venda dos CDs “Nenhum Motivo Explica a Guerra” e “Cara Nova”; 5. Venda do DVD “Nenhum Motivo Explica a Guerra”; 6. Venda de vestuário: camisetas, bonés 7. Venda do livro “Da Favela Para o Mundo”. Figura 5.2 BCG INTERNO (Faturamento) 2005 Patrocínios 66% Shows 4% Oficinas 7% CDs 8% DVDs 7% Vestuário 5% Livro 2% TOTAL 100% R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 3.956 247 417 506 417 298 119 5.960 2006 Patrocínios 70% Shows 5% Oficinas 8% CDs 6% DVDs 4% Vestuário 5% Livro 2% TOTAL 100% R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 4.550 325 520 390 260 325 129 6.500 Crescimento 15,0% 31,4% 24,6% -22,9% -37,7% 9,1% 8,52% 9,06% * Valores em R$ mil 122 A maior parte da receita do Grupo Cultural AfroReggae é proveniente de patrocínios e apoios, ele se destaca como o único produto Estrela da Organização, onde o crescimento é alto (15%) e a participação relativa é alta também (70%). Isso significa que se por alguma razão os patrocínios e apoios forem extintos, o Grupo Cultural AfroReggae terá de se manter com menos da metade da sua receita atual. Os demais produtos/ serviços, por terem uma baixa participação na receita total e por estarem abaixo da média da participação relativa de mercado (12,5), eles são classificados como Criança Prodígio ou Abacaxi, dependendo do seu crescimento de mercado. 123 São classificados como Criança Prodígio os seguintes produtos: Shows, venda de vestuário e oficinas. Os produtos citados têm uma baixa participação e alto crescimento de mercado. São classificados como Abacaxi os seguintes produtos: venda de livro, venda de Cds e de dvds. Os produtos citados têm uma baixa participação e baixo crescimento de mercado. No Grupo Cultural AfroReggae hoje, não há produtos que sejam classificados como Vaquinha Leiteira, ou seja, que tenha alta participação e baixo crescimento de mercado. Isto geralmente acontece, quando o produto já tem uma boa aceitação no mercado, portanto sua participação na receita total fica acima da média da participação relativa de mercado, embora o seu crescimento permaneça inferior à média da taxa de crescimento, calculada em comparação ao ano anterior. As palestras não foram contempladas na matriz, por serem de graça e que, portanto, não geram renda para a receita total da organização. BCG EXTERNO Para saber como o Grupo Cultural AfroReggae atua no mercado do terceiro setor e como o seu crescimento e sua participação relativa são classificados, foi feito um estudo utilizando a matriz BCG para identificar e analisar alguns dados importantes e relevantes para que sua atuação no terceiro setor possa ser mapeada. Com a matriz BCG é possível comparar o Grupo Cultural AfroReggae com outras instituições, que podem ser suas concorrentes em certas situações, como por exemplo, quando uma empresa privada decide vincular a sua marca a alguma entidade e escolhe uma instituição para patrocinar suas ações sociais, fortalecendo assim, a sua marca. 124 Há uma dificuldade em encontrar informações confiáveis sobre o terceiro setor e suas especificações, como por exemplo: número de organizações não governamentais existentes no Brasil, valor patrocinado por empresas do primeiro e segundo setores, número de crianças e jovens beneficiados por entidades filantrópicas, número de ações / projetos desenvolvidos e também a quantidade de pessoas envolvidas para a realização destas conquistas. As informações que estão disponíveis através da internet podem ser de fontes duvidosas. Para observar a forma como o mercado do terceiro setor se comportou durante um período (crescimento de mercado), e principalmente como o Grupo Cultural AfroReggae pode ser analisado quando comparado com outras instituições (sua participação relativa) foram escolhidas três entidades deste mercado (pesquisa de amostra) e cinco características (variáveis) que são essenciais para que as decisões tomadas pelo Grupo Cultural AfroReggae sejam fundamentadas, tendo como base, o mercado em que está inserido. As variáveis são: número de crianças atendidas, receita total, receita de patrocínios, receita própria, número de projetos e número de colaboradores. As variáveis escolhidas para serem comparadas entre cada instituição são importantes para as empresas que desejam patrocinar ações sociais e para que a sociedade tenha uma pequena idéia de como essas organizações não governamentais atuam ajudando pessoas que vivem em condições precárias e necessitam de tais auxílios. Cada uma das instituições escolhidas tem pelo menos uma característica em comum com o Grupo Cultural AfroReggae na sua forma de atuação ou gestão. Serão apresentadas cada instituição e o ponto em comum com o Grupo Cultural 125 AfroReggae que fora decisivo para a sua escolha, (no item III – Definição de concorrência). A primeira matriz contempla o número de crianças atendidas por cada entidade e seus respectivos projetos / programas. O Instituto Ayrton Senna, dissemina os seus projetos através de parcerias formadas com outras organizações em 1.360 municípios e por este motivo, tem capacidade de atender esta quantidade de crianças e continuar aumentando o número de crianças beneficiadas por não depender de um núcleo fixo de atendimento. Já as outras organizações, são restritas por motivos como: espaço insuficiente, número restrito de colaboradores e voluntários, falta de recursos para investir em novos projetos. Novas crianças são aceitas nos projetos, quando uma outra criança deixa de participar e o número de participantes dificilmente cresce de um ano para o outro, a não ser quando lançam novos projetos. Um fator que dificulta o Grupo Cultural AfroReggae a aumentar o número de crianças atendidas é a bolsa-auxílio (que varia de R$ 50 a R$ 250) cedida às crianças que participam regularmente das oficinas oferecidas pela instituição. O Grupo Cultural AfroReggae inaugurou o núcleo de Parada de Lucas em março deste ano e tende a aumentar o número de crianças atendidas e de projetos desenvolvidos. Tabela 5.4 Crianças Atendidas 2005 GC AfroReggae Inst. Ayrton Senna 2006 0,15% 2.000 99,47% 1.289.530 Inst. Baccarelli 0,07% 905 Meninos do Morumbi 0,31% 4.000 TOTAL 100,00% 1.296.435 GC AfroReggae Inst. Ayrton Senna Crescimento 0,15% 2.000 0,0% 99,49% 1.350.532 4,73% Inst. Baccarelli 0,07% 905 0,00% Meninos do Morumbi 0,29% 4.000 0,00% 100,00% 1.357.437 4,71% TOTAL 126 Figura 5.3 Crianças Atendidas O Instituto Ayrton Senna é a entidade que atende o maior número de crianças (alta participação de mercado), e é também, a única organização que aumentou a capacidade de atendimento às crianças do ano de 2005 a 2006 (alto crescimento de mercado). O Instituto Ayrton Senna foi a única organização com acréscimo no número de crianças atendidas (4,73%), enquanto as outras três organizações do universo mantiveram o mesmo número de um ano para o outro (crescimento 0,0), é possível verificar que o Instituto Ayrton Senna é classificado como Estrela e as outras três organizações: Grupo Cultural AfroReggae, Meninos do Morumbi e Instituto 127 Baccarelli, são classificadas como Abacaxi (baixa participação de mercado em um mercado que pouco cresceu). Faz-se necessário lembrar que o Instituto Ayrton Senna não aumenta o seu custo variável por cada criança atendida, diferente das outras três organizações que lidam diretamente com as crianças carentes. A seguinte matriz BCG demonstra qual foi a receita total obtida em 2005, por cada uma das instituições e analisa como este número mudou no ano seguinte. Ou seja, é possível avaliar a participação de cada uma das entidades no mercado do terceiro setor e o seu crescimento de 2005 para 2006, no universo estipulado. A receita total é a soma da receita de patrocínio mais a receita própria. A receita total do Instituto Baccarelli não nos pôde ser informada e, portanto não se encontra nas matrizes BCG que dependem desta informação para serem analisadas. Tabela 5.5 Receita Total 2005 GC AfroReggae 31,66% Inst. Ayrton Senna 53,30% Meninos do Morumbi 15,04% 100,00% TOTAL R$ 6.000.000 R$ 10.100.000 R$ 2.850.000 R$ 18.950.000 2006 GC AfroReggae 31,71% Inst. Ayrton Senna 53,66% Meninos do Morumbi 14,63% 100,00% TOTAL R$ 6.500.000 R$ 11.000.000 R$ 3.000.000 R$ 20.500.000 Crescimento 8,3% 8,9% 5,3% 8,18% 128 Figura 5.4 Receita Total O Instituto Ayrton Senna tem uma alta participação de mercado, ou seja, 53,6% da receita total do universo em estudo. Foi o Instituto Ayrton Senna que teve o maior crescimento (8,9%) e é classificado como Estrela na matriz de Receita Total. O Grupo Cultural AfroReggae, com 31,7% da receita total e com o crescimento acima da média (8,3%), é classificado como Criança Prodígio. Já a Associação Meninos do Morumbi, é classificada como Abacaxi, pois tem uma baixa participação no mercado (15%) e pouco aumentou sua receita total (5,3%) de um ano para o outro. 129 A matriz BCG Receita de Patrocínio representa a quantidade de verba que é cedida às organizações citadas, por meio de: patrocínios, apoios, doações e permutas. O Instituto Baccarelli não pôde ser avaliado, mas caso o valor da receita total tivesse sido informado, o valor da receita de patrocínio seria o mesmo valor da receita total, pois esta organização não possui fonte de renda própria, ou seja, o Instituto Baccarelli depende exclusivamente da receita proveniente de patrocínios e apoios para sobreviver. Tabela 5.6 Receita e Patrocínio 2005 GC AfroReggae 41,66% Inst. Ayrton Senna 47,28% Meninos do Morumbi 11,06% 100,00% TOTAL R$ 3.956.000 R$ 4.489.200 R$ 1.050.000 R$ 9.495.200 2006 GC AfroReggae 41,13% Inst. Ayrton Senna 46,74% Meninos do Morumbi 12,13% 100,00% TOTAL R$ 4.550.000 R$ 5.170.000 R$ 1.342.000 R$ 11.062.000 Crescimento 15,0% 15,2% 27,8% 16,50% 130 Figura 5.5 Receita e Patrocínio Tanto o Grupo Cultural AfroReggae como o Instituto Ayrton Senna foram classificados, na matriz de Receita de Patrocínio, como Vaquinha Leiteira. Isto porque ambos têm uma alta participação no mercado e crescimento abaixo da média. A Associação Meninos do Morumbi é classificada como Criança Prodígio, pois tem baixa participação de mercado (12,1%) e cresceu (27,8%) mais do que a média (16,5%) no período em questão. A variável Receita Própria aponta a quantidade de receita gerada através de produtos vendidos e serviços prestados pela própria instituição. Como citado 131 anteriormente, cada instituição utiliza diferentes meios de captação de receita própria e os resultados atingidos podem ser analisados na seguinte tabela: Tabela 5.7 Receita Própria 2005 GC AfroReggae 20,87% Inst. Ayrton Senna 59,62% Meninos do Morumbi 19,51% 100,00% TOTAL R$ 1.925.800 R$ 5.500.000 R$ 1.800.000 R$ 9.225.800 2006 GC AfroReggae 20,66% Inst. Ayrton Senna 61,77% Meninos do Morumbi 17,57% 100,00% TOTAL R$ 1.950.000 R$ 5.830.000 R$ 1.658.000 R$ 9.438.000 Crescimento 1,3% 6,0% -7,9% 2,30% Figura 5.7 Receita Própria O Instituto Ayrton Senna é classificado como Estrela, pois tem uma alta participação de mercado, ou seja, 61,8% da sua receita total é gerada através da venda de seus produtos e serviços e teve um alto crescimento no período de 2005 a 2006. 132 O Grupo Cultural AfroReggae e a Associação Meninos do Morumbi são classificados como Abacaxi na matriz Receita Própria, pois ambos tiveram uma baixa participação no mercado e cresceram menos que a média de crescimento do período. O número de projetos desenvolvidos é uma variável que depende do tipo de gestão e filosofia de cada organização. Há projetos que permanecem na instituição por anos, atendem um número fixo de crianças e visam resultados de médio e longo prazo. Já outros projetos são criados para resolver um problema imediato, a curto prazo. Portanto, avaliar o número de projetos é peculiar e pode conter viés. Por exemplo: o Instituto Ayrton Senna desenvolve dez projetos, porém se considerarmos o número de parceiros que implantam e desenvolvem esses dez projetos criados pela organização, o número de projetos pode aumentar, e muito. Foram considerados apenas os projetos criados e não o número de locais que foram aplicados, pois esta é a forma que apenas o Instituto Ayrton Senna trabalha, mas não é o usual no mercado de organizações não governamentais em geral. Tabela 5.8 Números de projetos 2005 2006 GC AfroReggae 77,33% 58 Inst. Ayrton Senna 10,67% Inst. Baccarelli Meninos do Morumbi TOTAL Crescimento GC AfroReggae 75,31% 61 5,2% 8 Inst. Ayrton Senna 12,35% 10 25,0% 5,33% 4 Inst. Baccarelli 6,17% 5 25,0% 6,67% 5 Meninos do Morumbi 6,17% 5 0,0% 100,00% 75 100,00% 81 8,00% TOTAL 133 Figura 5.7 Número de Projetos O Grupo Cultural AfroReggae já desenvolveu 61 projetos, ou seja, tem uma alta participação no mercado. O Grupo Cultural AfroReggae aumentou o número de projetos de um ano para o outro, mas não cresceu mais do que a média (5,2%), com isso, é classificado como Vaquinha Leiteira. O Instituto Ayrton Senna e o Instituto Baccarelli têm uma baixa participação no mercado e cresceram mais do que a média do universo em questão. São classificados, portanto, como Criança Prodígio. Já a Associação Meninos do Morumbi é classificada como Abacaxi por ter uma baixa participação no mercado e cresceu menos que a média do período. 134 O gráfico Número de Colaboradores comporta apenas o número de pessoas registradas em cada uma das organizações. Não foi considerado o número de voluntários, pois este é um número variável e de difícil precisão. É raro alterar o número de colaboradores de um ano para o outro. O que geralmente acontece, é a substituição de pessoas nos cargos já disponíveis nas organizações e não a criação de novos cargos. Tabela 5.9 Números de Colaboradores 2005 GC AfroReggae 52,63% Inst. Ayrton Senna 18,42% Inst. Baccarelli 7,89% Meninos do Morumbi 21,05% 100,00% TOTAL 200 70 30 80 380 2006 GC AfroReggae 52,63% 200 Inst. Ayrton Senna 18,42% 70 Inst. Baccarelli 7,89% 30 Meninos do Morumbi 21,05% 80 100,00% 380 TOTAL Crescimento 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,00% Figura 5.8 Número de Colaboradores Número de Colaboradores 21,1% Afroreggae Inst. Ayrton Senna 7,9% 18,4% 52,6% Inst. Baccarelli Meninos do Morumbi O número de colabores das instituições avaliadas continuou o mesmo de 2005 para 2006, portanto não houve crescimento no período. Devido a este fator, foi possível comparar a quantidade de colaboradores registrados em cada organização, 135 com o gráfico acima e não necessariamente utilizando a matriz BCG que avalia a participação e o crescimento destas organizações em um mercado específico. Com o gráfico, é possível perceber que o Grupo Cultural AfroReggae possui mais da metade dos colaboradores das instituições em análise e é a única organização que tem a participação acima da média (25%), ou seja, sua participação relativa é alta (52,6%). Como o crescimento foi nulo e coincidiria com o eixo de crescimento de mercado, o Grupo Cultural AfroReggae se encontraria exatamente na média entre Estrela e Vaquinha Leiteira. Já as outras três organizações têm a participação menor que a média e seriam classificadas na matriz BCG, como Criança Prodígio ou como Abacaxi, mas como o crescimento de todas as organizações foi nulo, as três ficariam exatamente na média, entre Criança Prodígio e Abacaxi. 5.2.2.4 Definição de concorrência Foi necessário estudar os concorrentes que o Grupo Cultural AfroReggae tem por patrocínios, em função da forte dependência financeira que possui por estas fontes de receita. Enquanto o Grupo Cultural AfroReggae não tiver equilíbrio financeiro, deverá manter essas parcerias e monitorar a concorrência para não correr o risco de perder patrocinadores em potencial ou até os patrocinadores já existentes. O Grupo Cultural AfroReggae é uma instituição sem fins lucrativos e pretende diminuir a diferença entre a receita proveniente de patrocínios /apoios (58%) e a receita própria (42%), que é proveniente da venda de produtos e serviços prestados. Como as instituições sem fins lucrativos concorrem entre si para receberem patrocínios /apoios de empresas do 2º setor, e como mais da metade da 136 receita da instituição é proveniente de patrocínios, é arriscado deixar de receber os patrocínios e sobreviver com menos da metade da sua receita atual. Em função deste risco, foram analisados alguns de seus concorrentes para saber como eles são geridos e os resultados que estão tendo. Nesse sentido, o Grupo Cultural AfroReggae tem dois tipos de concorrentes, são eles: 1. Substitutos – os concorrentes substitutos são os clubes de esportes profissionais, eventos em geral, ou até os institutos e associações criados pelas empresas do 2º setor, pois a empresa passa a destinar a verba que, antes patrocinaria as instituições sem fins lucrativos, para seu próprio instituto. Um exemplo disso foi quando a Petrobras, um dos patrocinadores do Grupo Cultural AfroReggae, patrocinou também o XV Jogos Pan-americanos Rio 2007. Outros exemplos de concorrentes substitutos da organização são eventos em geral, como corridas de rua, campeonatos, times profissionais de futebol, vôlei, basquete, ou de qualquer outra atividade esportiva que agregue valor à sua marca. 2. Similares – os concorrentes similares são todas aquelas entidades sem fins lucrativos do Brasil, isso porque uma empresa do 2º setor pode optar por patrocinar uma dessas instituições, talvez aquela que tiver os valores mais próximos aos valores da empresa em questão. Seguem exemplos de concorrentes similares do Grupo Cultural AfroReggae, os mesmos utilizados na matriz BCG Externa: 137 2.1 Instituto Ayrton Senna O Instituto é fruto do sonho do falecido tricampeão de Fórmula 1, Ayrton Senna, e atua em todo o Brasil por meio de soluções sociais voltadas ao desenvolvimento humano. Desde 1.994, desenvolve projetos sociais principalmente na área da educação, voltados para crianças e adolescentes em diferentes partes do Brasil. O Instituto Ayrton Senna foi escolhido para ser comparado ao Grupo Cultural AfroReggae devido às suas formas de captação de receita, onde a primeira é feita através de patrocínios e apoios de algumas empresas e a segunda forma é através dos royalties do licenciamento das marcas Senna, Senninha, Senninha Baby e imagem de Ayrton Senna, doados pela família do piloto para o Instituto Ayrton Senna. O Instituto Ayrton Senna tem parcerias com diversas empresas. Eles classificam essas parcerias em três categorias. São elas: 1. Parceiros - Quem investe sistematicamente uma quantia pré-determinada, totalmente destinada aos Programas e ações sociais às crianças e aos jovens. • Atlas Schindler • Canal Futura • Carglass 138 2. • Kuka Produtos Infantis • SAP • SAT Satélite Distribuidora de Petróleo Aliados Estratégicos - Seus aliados são empresas e organizações que possuem o mesmo ideal: prover desenvolvimento humano para as novas gerações. • Agrimat; • Audi; • Banco Triângulo; • Bic Banco; • Bradesco Capitalização; • Celpe; • Citi; • Coelba; • Construtora Santa Bárbara; • Cosern; • Credicard; • Fedex; • Grendene; • HP Brasil; • IBMInstituto Vivo; • LIDE - Grupo de Líderes Empresariais / Empresários pelo Desenvolvimento Humano; • Lilly; • Martins Distribuidora; • Microsoft Educação; • Neoenergia; • Nokia; • PNUD; • Samsung; • Unesco; • Vale de Rio Doce; 139 • Votorantim. 3. Colaboradores - Nesta área estão empresas e profissionais que colocam o seu talento e disponibilizam o seu tempo e competência em favor da infância e adolescência, somando esforços para construir um Brasil vencedor. • Agência Click; • Almap BBDO; • BCG; • CA-Computer Associates; • Carillo Pastore RSCG; • CINE .com Domínio; • Comunique-se; • Demarest; • DMB; • Euro RSCG Interaction; • Fábrica Comunicação Dirigida; • Ferreira Martins; • Giovanni, FCB; • Globo.com; • GT Smart - Gestão de Sistemas Tributários; • Integrare Editora; • Internacional Paper; • Internexo; • JWT; • Machado e Meyer; • Maxpress; • Möet Chandon; • Netza Marketing Promocional e Eventos; • Oboré; • OZ Design; • Peixoto e Cury Advogados; 140 • Rede Dental; • Suzano Papel e Celulose; • Tech Trade; • TV1 Comunicação e Marketing; • Unisys; • Varig Além de manter os três tipos de parcerias, o Instituto Ayrton Senna também se filia a diversas organizações não governamentais, escolas públicas e universidades para disseminar os seus projetos. Esta forma de atuação é passiva de críticas, pois o instituto divulga que 7.896.146 crianças e jovens foram atendidos desde a sua criação e que R$ 161,7 milhões foram investidos em programas sociais para o desenvolvimento humano e atendimento deste número exorbitante de crianças e jovens beneficiados. Já o número de colaboradores do Instituto Ayrton Senna é enxuto (70) se considerarmos a quantidade de crianças e jovens atendidos e o número de programas realizados. Isto acontece porque o Instituto Ayrton Senna não possui um núcleo próprio para atender as crianças diretamente. É no escritório, localizado na zona norte de São Paulo, que os colaboradores desenvolvem os projetos que visam aplicar e capacitar colaboradores e / ou voluntários e / ou professores de outras organizações não governamentais e escolas parceiras para que estas instituições apliquem os seus programas que, levam consigo a marca do Instituto Ayrton Senna. Ou seja, a organização não atua diretamente com os usuários de seus produtos, o que pode dificultar a avaliação da qualidade e efetividade dos seus programas, que são aplicados por outras instituições. 141 Há a necessidade de se fazer uma reflexão sobre o que é mais importante hoje: A quantidade de crianças atendidas ou a qualidade e os resultados das ações sociais envolvidas; E se é possível aplicar programas de desenvolvimento humano em 1.360 municípios de 25 estados, sem estar, necessariamente, presente nestes locais. Segue uma tabela com o nome de cada programa desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna e a quantidade de municípios em que cada programa foi aplicado. Tabela 5.10 Programas por Município PROGRAMAS NÚMERO DE MUNICÍPIOS Acelera Brasil 319 Se liga 403 Circuito campeão 585 Gestão Nota 10 35 Sua escola a 200 por hora 16 Comunidade Conectada 5 Super Ação Jovem 555 Educação Pelo Esporte 37 Educação Pela Arte 12 Brinquedoteca 3 142 2.2 – INSTITUTO BACCARELLI Fundado pelo maestro Silvio Baccarelli em 1996 na favela de Heliópolis, o Instituto Baccarelli é uma entidade do terceiro setor que tem por missão oferecer formação musical e artística de excelência para crianças e jovens em situação de risco social, proporcionando seu desenvolvimento pessoal e gerando cidadãos críticos e participativos. Com os resultados obtidos ao longo dos anos com o público beneficiado, o Instituto Baccarelli conquistou o respeito da iniciativa pública e privada. Sendo assim, conta hoje com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e com a parceria das empresas: Companhia Brasileira de Alumínio/Votorantim, Petrobras, Fundação Volkswagen e Banco Volkswagen. Cerca de 500 crianças e jovens entre 07 e 25 anos participam atualmente das atividades na sede da instituição, somadas aos 400 alunos do projeto Encantar na Escola, em São Bernardo do Campo, totalizam mais de 900 alunos atendidos. O Instituto Baccarelli tem cinco projetos que visam desenvolver nas crianças atendidas a prática orquestral, a iniciação e aprimoramento em estudo de instrumentos, iniciação e aperfeiçoamento em canto coral com técnicas de expressão cênica e iniciação em canto coral aplicado. Seguem na tabela abaixo, os projetos desenvolvidos pelo Instituto Baccarelli, a empresa patrocinadora do projeto, bem como o perfil do público-alvo de cada projeto. 143 Tabela 5.11 Programas Instituto Baccarelli PROJETO PATROCINADOR – LEI PÚBLICO-ALVO ROUANET Sinfônica Companhia Heliópolis Grupo Votorantim Orquestra de Alumínio Jovens de 15 a 25 anos do Petrobras Crianças e jovens entre 07 e 25 Amanhã anos Coral da Gente Fundação Volkswagen Banco Volkswagen e Crianças entre 07 e 15 anos (iniciante, intermediário e avançado) Encantar na Fundação Volkswagen Escola Crianças entre 07 e 11 anos (iniciação ao canto coral) Um novo projeto está sendo desenvolvido, sob a direção da bailarina Ana Botafogo. Trata-se do Balé Diz no Pé, que ainda não possui patrocínio, mas já faz parte do planejamento da organização. O Instituto Baccarelli foi escolhido para ser comparado ao Grupo Cultural AfroReggae, por desenvolver projetos que promovam a cultura, a arte, formação musical e artística, e assim com o Grupo Cultural AfroReggae, está inserida em um lugar carente de atividades como estas. O IB não tem outra fonte de receita como o Grupo Cultural AfroReggae, o que o torna ainda mais dependente de patrocínios e apoios e por este motivo, o instituto não pôde nos informar a sua receita total, ou seja, o valor recebido em função dos benefícios gerados pela Lei Rouanet. 144 2.3 – ASSOCIAÇÃO MENINOS DO MORUMBI O grupo, criado por Flávio Pimenta em 1996, tem na prática musical uma forma de criar alternativas às drogas e à delinqüência juvenil, muito presentes em São Paulo. A maioria das crianças atendidas mora nos bairros de Campo Limpo, Paraisópolis, Morumbi, Vila Sônia, Jardim Jaqueline, Real Parque, Caxingui, e nos municípios de Taboão da Serra e Embu. Assim como o Grupo Cultural AfroReggae, a Associação Meninos do Morumbi inclui várias atividades que complementam o trabalho artístico, a música, inclusão digital, capacitação profissional, esportes e a banda Meninos do Morumbi, que gera receita através de shows e de produtos como: camisetas, bermudas, bonés e também com esculturas de sucatas, confeccionadas na oficina de sucatas. Esses pontos em comum foram decisivos para a comparação desta organização com o Grupo Cultural AfroReggae. O GMM atende 4.000 crianças, sendo que cerca de 10% a 15% são crianças de classe média e pagam para participar dos projetos. Os patrocinadores da Associação são: 1. Bitish Airways 2. AMD 3. BNP Paribas 4. Vitol Group 5. Kingston Technology 145 6. Cultura Inglesa 7. Bit Company 8. Laureus Foundations 9. Sadia 10. Prefeitura de São Paulo / Lei Rouanet Os projetos desenvolvidos pela instituição são: • Famílias e seus Contextos • Garagem Digital • Conexão com o futuro • Tambor Embaixador • Laureus Sports Definição do mercado Segmentar é identificar grupos de pessoas / empresas com características semelhantes. Como o Grupo Cultural AfroReggae depende de patrocínios para garantir a sua sobrevivência e continuar este trabalho, estudaremos a seguir a segmentação deste público, responsável por 58% da sua receita total. Geográfica: Os maiores patrocinadores do Grupo Cultural AfroReggae estão localizados no eixo Rio-São Paulo. A instituição possui parcerias com empresas estrangeiras que têm interesse em seus serviços e em troca desses serviços, oferecem algumas ajudas, mas a grande maioria está localizada no Sudeste do Brasil. Demográfica e sócio econômica: Os atuais patrocinadores do Grupo Cultural AfroReggae são empresas brasileiras de grande porte. 146 Comportamental: As empresas que patrocinam o Grupo Cultural AfroReggae têm como missão, ajudar organizações não governamentais que lidam com problemas sociais enfrentados pela população. São empresas socialmente responsáveis, bem intencionadas e que agem de forma positiva perante a população, que passa a reconhecer novos valores à sua marca. Empresas descobrem os potenciais das organizações não governamentais e criam oportunidades para melhorar características demográficas e sócio-econômicas de crianças e jovens carentes. Psicográfica: Um dos interesses das empresas patrocinadoras é de melhorar a qualidade de vida de pessoas, que de certa forma, são excluídas da sociedade. Essas empresas vêm a cultura como uma forma de inclusão. Outro interesse dessas empresas é de ser reconhecida como socialmente responsável perante o mercado em que atua, agregando assim, valor a sua marca. A seguir, demonstraremos como se da o processo de compra dos patrocinadores do Grupo Cultural AfroReggae, ou seja, como é que, normalmente, o patrocínio começa e quem são os responsáveis para que isto se torne uma realidade: Iniciador(es) – Quem, normalmente, inicia a parceria com o Grupo Cultural AfroReggae são empresas que vêm uma oportunidade e buscam a instituição para maiores informações. 147 Influenciador(es) – Há pessoas influentes dentro da própria empresa em potencial, que podem influenciar a decisão dos gestores. O mercado também é um fator que pode ser levado em consideração. A concorrência muitas vezes influencia o estabelecimento de parcerias. Formadores de opinião contribuem para as tomadas de decisão. A mídia também é uma fonte muito importante no processo de parcerias / alianças, principalmente no caso do Grupo Cultural AfroReggae que tem grande visibilidade em rede nacional, por uma emissora de tv. Decisor(es) – Os gestores de ambas as empresas decidem fechar ou não a parceria. O Grupo Cultural AfroReggae já recusou uma proposta de patrocínio de uma grande empresa que impunha condições não condizentes com os valores da instituição. Comprador(es) – As empresas patrocinadoras que “compram” essa parceria, pois são elas que pagam para que isso possa ser concretizado. Pagador(es) – Conforme citado no item d, são as empresas patrocinadoras que pagam pela parceria. Usuário(s) – Tanto a empresa patrocinadora como o Grupo Cultural AfroReggae usam a parceria para diversos fins. Seja para comunicar a sociedade que a sua organização tem parcerias com grandes empresas e que por este motivo é idônea, seja para a empresa agregar valor à sua marca e criar uma vantagem competitiva com relação aos seus concorrentes. 148 5.3 Análise do Ambiente de Marketing Para implantar um Plano de Marketing, primeiramente deve ser feita uma análise ambiental. Esta fase tem como objetivo conhecer o ambiente onde se encontra a organização, possibilitando um mapeamento das ameaças e oportunidades que podem ser encontradas no mercado e os pontos fortes e fracos da empresa diante das realidades detectadas e / ou projetadas. 5.3.1 Como afetam instituições e organizações A seguir, apresentaremos as principais instituições / organizações públicas e privadas que o Grupo Cultural AfroReggae interage direta ou indiretamente, bem como um parecer da maneira com que elas afetam, positiva ou negativamente nosso cliente. Governo Fed./Est./Mun. Clientes Comunidade Imprensa/ Mídia Concorrência Grupo Cultural Afroreggae Voluntários/ Funcionários Patrocinadores Fornecedores Distribuidores ONGs Ao analisarmos a influência do Governo, podemos identificar que, tanto no âmbito federal, de maneira indireta, ações sobre impostos, política cambial e taxa de 149 juros afetam o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE uma vez que atuam diretamente sobre as demais organizações patrocinadoras como, por exemplo, a Petrobras, Natura e Banco Real. Incidência maior de impostos, taxa de câmbio desfavorável, juros altos, dentre outras variáveis, podem fazer com que a organização patrocinadora ao final do ano fiscal não tenha atingido seu planejamento de receita, o que fará com que a verba disponível para ações sociais recue. No contexto estadual e municipal, políticas de incentivos a ação social, disponibilização, por exemplo, da Sede do centro “Criança Esperança” na favela do Cantagalo em Ipanema, além do um ótimo relacionamento, fazem com que o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE tenha grandes oportunidades através do governo estadual e prefeitura do Rio de Janeiro. O Governo seja ele federal, estadual ou municipal, também age diretamente sobre o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, ao ser mais uma fonte possível de financiamento a projetos de ação sócio-cultural. Podemos identificar o Cliente como aquele que apóia à causa social defendida pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE de inclusão social tornando a demanda pelos demais produtos oferecidos, como CDs, camisetas, livros, shows, e oficinas, cada vez maior. Nesse contexto, podemos observar grandes oportunidades ao grupo, uma vez que sua transparência e seriedade em suas ações estão fazendo com que a sociedade em geral adere ainda mais a sua causa. Com relação à Concorrência, podemos vê-la sob duas óticas: 1) demais organizações do Rio de Janeiro que oferecem uma recolocação na sociedade através de ações culturais e 2) concorrência direta com as organizações do tráfico das comunidades carentes. 150 Sobre a primeira visão, independente da organização na qual a comunidade carente participe a relação do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE com as demais instituições é sempre de ganha-ganha, uma vez que o objetivo maior é fazer com que o maior número de crianças, jovens e adultos tenha grandes oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Sendo organizações de qualidade e seriedade, o relacionamento do Grupo Cultural AfroReggae só tende a ser positivo. Já sob o segundo ponto de vista, erroneamente poderíamos imaginar que as organizações do tráfico poderiam ir contra a ação do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, uma vez que esta estaria diminuindo o número de pessoas disponíveis para prosseguir com o tráfico e a criminalidade. Entretanto, curiosamente observa-se um movimento contrário, onde o traficante respeita e estimula a ação social para que seus filhos e demais jovens não entrem para o mundo da criminalidade. Infelizmente, podemos observar que o traficante já altamente envolvido com a criminalidade, acredita que para ele só resta uma saída: permanecer no crime até ser assassinado; mas este para as demais pessoas da comunidade, não desejam o mesmo futuro. Contextualizando os Fornecedores do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, podemos identificar que, uma vez que o grupo em questão busca uma diminuição sobre a dependência financeira de seus patrocinadores, através do fortalecimento de seus produtos sociais, a construção de grandes parcerias torna-se fundamental. Nos dias atuais, o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE conta com o apoio de membros da comunidade para o desenvolvimento de suas camisetas, CDs e livros e até mesmo instrumentos e materiais de apoio para seus shows e oficinas. Rapidamente podemos aqui citar a necessidade sobre instrumentos musicais, como violões, guitarras, instrumentos de percussão, aparelhagem de som, iluminação; 151 materiais para as atividades circenses e demais oficinas, como cordas, panos, maquiagem, roupas, brinquedos e camas elásticas. Entretanto, ao projetarmos ações mais agressivas como forma de alavancar esse segmento, a necessidade de encontrar fornecedores que atendam de forma eficiente e eficaz o novo volume de vendas para estes e demais produtos que poderão ser criados, torna-se fundamental. O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE precisará encontrar fornecedores que compreendam a magnitude de sua missão de inclusão social, da mesma maneira que disponibilize artigos de qualidade, com custo competitivo, prazos de entrega bem estruturados, envolvimento, ou seja, um relacionamento de parceria. A Distribuição hoje de tais produtos do Grupo Cultural AfroReggae ocorre ainda hoje de maneira tímida. Existe uma limitação regional para adquirir as camisetas, CDs e livros, bem como oficinas, uma vez que a ação promocional dessa venda não ocorre de maneira agressiva. Os livros oferecidos podem ser encontrados nas principais livrarias, entretanto, camisetas e CDs, podem ser adquiridos apenas em seus complexos de atuação ou pela Internet apenas pelo site do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, http://www.AfroReggae.org.br, como forma de pagamento limitada e sem a possibilidade de compra on-line. As demais ONGs, como já citadas anteriormente, tornam-se parceiras do Grupo Cultural AfroReggae uma vez que contemplam o mesmo objetivo. Hoje, dado o conhecimento e expertise dos que atuam no GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, existe um movimento de transmissão do conhecimento para demais organizações nascentes, sejam elas do Rio de Janeiro ou até mesmo de demais cidades do Brasil. Os principais patrocinadores do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE hoje são: a Petrobras, a Natura e o Banco Real, com patrocínios da ordem de 1 milhão e 152 meio de reais cada, por ano. O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE com o objetivo de atrair grandes patrocinadores, instituiu esse valor mínimo citado acima para patrocínio. Se por um lado tal ação conquistou patrocinadores influentes no ambiente corporativo, por outro, inibiu a participação de pequenas e médias empresas que poderia se interessar pela causa com patrocínios menores, mas que somados resultariam em uma receita também representativa. Voluntários no GRUPO CULTURAL AFROREGGAE são para eles como funcionários. Organizados de maneira corporativa, o grupo em questão sabe que para conquistar um alto nível de comprometimento de seus colaboradores é preciso remunerá-los justamente. Assim, assistentes sociais, pessoas da comunidade carente e da comunidade do Rio de Janeiro, aderem à causa, a motivação e satisfação pessoal, bem como ao crescimento profissional em conjunto a benefícios financeiros. A atuação da Imprensa e da Mídia sob o projeto do Grupo Cultural AfroReggae é percebida de forma positiva gerando uma série de oportunidades ao grupo. Nos últimos meses, a divulgação da causa, e da eficiência do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE resultou reportagens no programa Roda Viva da TV Cultura, no programa de entrevista Marília Gabriela na GNT, matérias em revistas, como por exemplo, Revista TAM, revista Veja São Paulo, revista TRIP, dentre outras. É essencial ao GRUPO CULTURAL AFROREGGAE o investimento em Relações Públicas e Assessoria de Imprensa, atuando de maneira influenciadora aos grandes formadores de opinião e à comunidade em geral. Nesse segmento, transparência, confiança e comprometimento fazem toda a diferença à sociedade para elevar ou declinar uma instituição sócio-cultural. 153 Ao olharmos para a comunidade atendida pela ação social oferecida pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, não podemos deixar de citar a alta e crescente demanda carente da cidade do Rio de Janeiro fazendo parte desse grande projeto. A percepção de qualidade e seriedade do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE faz com que a comunidade veja realmente uma oportunidade real de sair da criminalidade com desenvolvimento pessoal e profissional. Além disso, o grupo oferece aos que participam de seus projetos sociais uma bolsa-família em torno de R$350,00 como forma de incentivo à família e ao jovem para que este não queira deixar essa ação para realizar o trabalho infantil ao cair na criminalidade pelo dinheiro. A Comunidade do Rio de Janeiro, seja a comunidade carente atendida bem como a comunidade total no qual o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE está inserido, possui um alto grau de envolvimento e confiança ao trabalho desenvolvido. Tal afirmação pode ser observada em nossas entrevistas qualitativas realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Com isso, destacamos aqui mais uma oportunidade ao grupo de continuar a desenvolver um trabalho consistente e promissor em âmbitos ainda maiores, uma vez que o apoio da comunidade ocorre de maneira positiva. 5.4 Variáveis do Ambiente Mercadológico 5.4.1 Variáveis Econômicas Fazendo um breve resumo do cenário econômico brasileiro em 2007 podemos analisá-lo sobre dois ângulos: positivo e negativo. Positivamente, podemos destacar o controle da inflação com uma taxa abaixo de 4% ao ano há mais de 12 meses, a queda na taxa de juros (12% a.a. em junho), a queda do risco Brasil (218), 154 expectativa de superávit comercial em dólares dado o aumento do PIB para 4,5%, à valorização do real, a expansão de crédito e o aumento da renda domiciliar per capta em 5,9% comparado ao início do ano de 2006. Ainda como indicadores positivos em 2007 podemos citar: o crescimento de 9,6% nas vendas de varejo no primeiro semestre e o avanço de 8,3% da massa salarial, o Produto Interno Bruto (PIB) está crescendo acima de 4,7% em 2007, segundo previsões mais realistas do mercado financeiro. Com expectativa de crescimento de 5% para os próximos anos. Ocorreu também alta de 24% nas vendas de veículos no semestre, o aumento no consumo familiar em 5% e o faturamento do comércio em 7,3%. Condições favoráveis que o Brasil apresenta, contempla a baixa vulnerabilidade externa, o aumento no investimento externo para o setor produtivo, a previsão de superávit da balança comercial em US$ 40 bilhões e reservas internacionais em torno de US$ 150 bilhões. Negativamente, podemos identificar as seguintes variáveis: aumento do total de despesas do Governo Federal; “choque” no preço dos alimentos devido à elevação dos preços internacionais, ainda que contidos na inflação atual, mas já refletido para uma projeção de 4,5% a.a. para 2009; alta taxa de desemprego atingindo em maio pelo terceiro mês consecutivo 10,1% da população economicamente ativa (PEA); alta carga tributária. Toda essa contextualização econômica ainda proporciona estabilidade e segurança para as grandes empresas patrocinadoras do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, que ao alcançarem seus crescimentos projetados, continuarão a disponibilizar uma verba substancial às ações de responsabilidade social. Com uma situação econômica estável, podemos projetar um maior consumo sobre os produtos 155 sócio-culturais ofertados, como as camisetas, CD’s, livros, shows, oficinas, uma vez que em momentos de crise podem ser considerados como produtos supérfluos. Na tabela 5.1 abaixo podemos acompanhar a citação acima de controle a inflação através do crescimento negativo de alguns índices de preços, como por exemplo, o IPCA (índice nacional de preços ao consumidor amplo), em queda desde 2004. Tabela 5.12 Índices de preços Índices de preços Variações percentuais Período INPC IPCA IPCA-15 IPCA-E IGP-10 IGP-DI IGP-M 1º dec. 2004 2005 2006 Acumulado em 2007 jan-jun 6,13 5,05 2,81 2,20 7,60 5,69 3,14 2,08 7,54 5,88 2,96 2,42 7,54 5,88 2,96 2,18 12,42 2,19 4,05 1,69 12,14 1,22 3,79 1,44 1/ IPC-Fipe 2º dec. Mensal 4,87 0,58 ... ... 9,28 0,91 ... ... 1ª q. 12,41 1,21 3,83 1,46 6,46 4,77 ... ... Média 2ª q. 3ª q. Mensal 6,48 6,56 4,73 4,61 ... ... ... ... 6,57 4,52 2,54 2,37 9,28 2,99 3,25 1,87 Fonte: IBGE, Fipe e FGV. 2007 Já na tabela 5.2 podemos observar que, não apenas o período histórico desde 2004 pode ser analisado positivamente como também as projeções futuras atuam de maneira promissora. Tomando novamente o IPCA como exemplo, podemos notar que sua estimativa de variação ao longo de 2007 ainda faz com que seu valor final tenha uma variação na casa dos 3% assim como no ano anterior. Tabela 5.13 Estimativa dos índices de preços Estimativas dos índices de preços Posição em 16.7.2007 1/ Variações percentuais em 12 meses Índice 2007 Fevereiro2/ Março2/ Abril2/ Maio2/ Junho2/ Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro IGP-M 3,67 4,26 4,75 4,40 3,89 4,00 3,93 3,94 3,84 3,44 3,48 IGP-DI 3,79 4,49 4,61 4,38 3,96 4,07 3,94 3,99 3,47 3,33 3,37 IPC-Fipe 3,08 3,05 3,37 3,98 4,88 4,97 5,05 5,05 4,96 4,84 4,11 INPC 3,12 3,30 3,44 3,57 3,97 4,11 4,40 4,47 4,31 4,19 3,89 IPCA 3,02 2,96 3,00 3,18 3,69 3,74 3,92 3,95 3,93 3,97 3,81 Fonte: FGV, IPC-Fipe, IBGE e Gerin do Banco Central do Brasil, 2007. 156 1/ Para o INPC e IPC-Fipe considerou-se as estimativas de mercado agregadas, editados pelo Bacen/Gerin. Para os demais, as estimativas do Top-5 curto (5 melhores instituições em função do grau de acerto de suas previsões, no curto prazo). 2/ Dados ocorridos. Através da tabela 5.13 podemos identificar a evolução da taxa de câmbio com valorização do Real frente ao Dólar. Um dos impactos que podemos citar com relação a essa valorização do Real seria o reflexo sobre a importação e exportação e consequentemente nos ganhos acumulados das grandes empresas patrocinadoras do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, como por exemplo, a Natura, o Banco Real e a Petrobrás. Sendo uma empresa brasileira com uma pequena atuação em exportações, contando com a grande maioria de suas fontes de matéria-prima e recursos localmente, podemos dizer que o impacto da valorização do Real é pequeno. Positivamente, com relação à compra de maquinário no exterior, ou seja, à importação, torna-se atrativa uma vez que produtos estrangeiros acumulam queda no preço em Real. Tais considerações afetam a projeção de lucro líquido para 2007, que substancialmente acreditamos ser a fonte inicial para cálculo de um montante final que a empresa poderá disponibilizar para patrocínios de ação social, como por exemplo, o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE. Já no caso da Petrobrás, podemos fazer esse mesmo balanço: impacto positivo da taxa de câmbio para a importação de maquinário e demais matériasprimas, mas negativo para suas exportações. Ao final, a empresa deve projetar um balanço de ambos os impactos como maneira de estruturar suas demais ações para que alcance o lucro operacional almejado. 157 Tabela 5.14 Taxa de Câmbio Câmbio Período Taxa de câmbio - venda segmento livre (R$/US$) (d) Mensal 12 meses Variações percentuais Desvalorização cambial (e)=(d/c) Mensal 12 meses 2006 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez -0,51 -4,93 -0,46 -1,05 2,29 3,22 -2,62 -1,53 0,59 -0,94 0,45 -0,37 -15,56 -16,78 -20,43 -17,44 -11,20 -6,84 -7,76 -8,67 -5,48 -4,80 -2,39 -5,93 -0,88 -5,14 -0,73 -1,17 2,16 3,30 -2,73 -1,51 0,43 -1,36 0,03 -0,98 -16,27 -17,56 -21,00 -17,27 -10,06 -5,45 -6,62 -7,77 -6,21 -6,05 -2,88 -6,15 2007 Jan Fev Mar Abr Mai Jun -0,53 -1,97 -0,36 -2,71 -2,48 -2,51 -5,95 -3,03 -2,94 -4,57 -9,02 -14,07 -1,02 -2,38 -0,80 -2,97 -2,73 -2,81 -6,72 -3,70 -3,52 -5,45 -9,77 -15,11 Fonte: IBGE, IFS e Banco Central do Brasil. 2007 Conforme já citado anteriormente, e exemplificado na tabela 5.4, a taxa de desemprego no Brasil ainda permanece alta e sem quedas significativas. Podemos notar que desde janeiro de 2006, a 9,2%, tivemos pequenas variações, fossem elas positivamente ao apresentar declínio ou negativamente com incremento, chegando a maio de 2007 a 10,1%. 158 Tabela 5.15 Taxa de desemprego PEA, PIA, pessoal ocupado e desocupado Em mil pessoas Período 1/ Ocupados A Desocupados B 2/ PEA C=A+B 3/ PIA D Taxa de Taxa de Distribuição de desocupados desemprego % atividade % segundo o tempo de procura de trabalho % Até 30 dias De 31 dias a De 7 a A partir E=B/C F=C/D 6 meses 11 meses de 1 ano 2006 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 20 006 19 922 19 929 19 862 19 974 20 145 20 229 20 455 20 699 20 661 20 731 20 759 2 039 2 232 2 314 2 297 2 261 2 340 2 430 2 420 2 292 2 244 2 184 1 893 22 045 22 154 22 242 22 158 22 235 22 484 22 659 22 875 22 991 22 905 22 916 22 652 39 368 39 361 39 359 39 410 39 513 39 562 39 587 39 714 39 754 39 866 39 939 40 031 9,2 10,1 10,4 10,4 10,2 10,4 10,7 10,6 10,0 9,8 9,5 8,4 56,0 56,3 56,5 56,2 56,3 56,8 57,2 57,6 57,8 57,5 57,4 56,6 24,9 21,4 19,4 19,3 19,2 22,0 23,8 21,8 21,4 22,8 20,3 22,8 41,6 45,5 47,9 48,2 46,9 48,2 47,6 47,4 47,2 45,1 47,9 44,6 8,6 8,3 6,7 7,7 8,9 7,9 9,1 10,3 10,8 12,2 10,9 10,3 24,9 24,8 26,0 24,8 25,0 21,9 19,5 20,5 20,6 19,9 20,9 22,3 2007 Jan Fev Mar Abr Mai 20 518 20 427 20 569 20 501 20 522 2 096 2 232 2 321 2 313 2 314 22 614 22 659 22 891 22 814 22 836 40 081 40 179 40 239 40 300 40 396 9,3 9,9 10,1 10,1 10,1 56,4 56,4 56,9 56,6 56,5 26,3 24,7 24,5 23,0 26,2 46,0 48,2 47,9 50,0 46,8 6,6 7,2 7,4 7,0 6,7 21,1 19,9 20,2 20,0 20,3 0,10 2,74 3,22 3,21 2,85 2,69 0,05 2,34 0,69 0,33 1,20 5,93 0,10 2,70 2,96 2,92 2,69 3,00 0,24 2,24 2,26 2,24 2,12 2,04 -0,05 -0,35 -2,20 -2,51 -1,46 2,85 -0,14 0,46 0,68 0,66 0,55 0,95 13,91 36,46 19,17 26,29 19,67 8,54 -6,40 -0,21 3,73 0,00 3,82 6,36 -4,29 -24,72 -9,09 10,45 -13,18 -5,42 1,50 -18,80 -19,35 -22,31 -19,12 -16,77 % mês % mês ano ant. % mês(-1) ano ant. % mês(-2) ano ant. 4/ % ano % 12 meses Fonte: IBGE 1/ Considera as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. 2007 2/ População economicamente ativa. 3/ População em idade ativa (a partir de 10 anos). 4/ Refere-se à variação da média do indicador em relação a igual período do ano anterior. Analisando as tabelas 5.16 e 5.17, podemos notar que o crescimento da atividade do país, medido através do produto interno bruto, apresenta baixos índices destacando um momento de estagnação do país. O Brasil cresce, mas há um ritmo lento quando comparado aos demais países emergentes como a China, a Rússia e Índia, com crescimentos inclusive acima da casa dos 10%. Nesse contexto, a população acaba tendo que enfrentar maiores desafios e a ação social passa a exercer um papel fundamental como colaborador para a sociedade como um todo. 159 Tabela 5.16 Produto Interno Bruto - PIB Produto Interno Bruto Período 2004 2005 2006 Preços correntes em R$ Em milhões de R$ de 2006 1 941 498 000 000,00 2 147 943 788 000,00 2 322 818 376 000,00 Variação Preços População Per capita percentual correntes Em mil real em milhões Preços 1/ correntes de US$ R$ 2 175 892,66 2 239 940,57 2 322 818,38 5,7 2,9 3,7 663 783 882 729 1067 325 181 586 184 184 186 771 10 691,89 11 661,93 12 436,72 Em R$ de 2006 Variação percentual real 11 982,71 12 161,41 12 436,72 Preços correntes 1/ em US$ 4,2 1,5 2,3 3 655,47 4 792,64 5 714,62 Fonte: IBGE. 2007. 1/ Estimativa do Banco Central. Tabela 5.17 Produto Interno Bruto - PIB Taxas médias de crescimento (%) Período PIB População PIB per capita Década de 60 (1961-1970) 6,17 2,89 3,19 Década de 70 (1971-1980) 8,63 2,44 6,04 Década de 80 (1981-1990) 1,57 2,14 -0,56 Década de 90 (1991-2000) 2,64 1,57 1,06 Fonte: FGV e IBGE 2007. 5.4.2 Variáveis Sócio-Culturais O cenário sócio-cultural relacionada a ações de responsabilidade social acumula grandes crescimentos nos últimos anos. O Brasil vive há poucos anos um momento de ascensão ao tema, seja pela ação patrocinada pelo setor privado ou pelas ações de mecenato de pessoas físicas e / ou jurídicas ou por incentivos do Governo, e acima de tudo pela conscientização de toda uma sociedade. De acordo com o Ministério da Cultura descrito na tabela 5.18, a captação através de mecenato teve de 2005 para 2004 um crescimento de cerca de 40% e de 2006 para 2005 de ao redor de 15%. 160 Tabela 5.18 Captação de Recurso por Mecenato por ano e região (Valores em Reais) 2004 2005 2006 2007* Centro Oeste 16.641.767,40 18.605.274,05 27.656.877,65 3.678.048,19 Nordeste 32.304.580,58 51.802.860,53 54.912.708,35 18.870.765,89 Norte 9.827.900,26 4.521.473,00 6.107.393,05 3.300.747,17 Sudeste 387.477.476,72 565.987.071,45 657.251.351,40 177.103.766,12 62.998.905,37 77.656.036,62 79.105.041,79 24.759.012,15 Sul Total Geral 509.250.630,33 718.572.715,66 825.033.372,24 227.712.339,52 Fonte: Site do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br). 2007. Por outro lado, indicadores sobre a população, fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ainda apontam uma deficiência da sociedade brasileira no que tange indicadores sobre a mortalidade infantil, taxa de ocupação, taxa de analfabetismo, taxa de escolarização, condições de saneamento básico, dentre outras variáveis sócio-culturais. Nesse débito do Governo com a sociedade, projetos sócio-culturais como do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE fazem toda a diferença, proporcionando uma oportunidade a muitos jovens e crianças que são atingidos pela exclusão social. O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE atua essencialmente na cidade do Rio de Janeiro, com algumas capacitações nas demais organizações em cidades vizinhas, como São Paulo, por exemplo. De acordo com a tabela 5.19 abaixo, podemos identificar que a maior concentração da população total brasileira está na região Sudeste, região essa onde a ação do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE acontece. 161 Tabela 5.19 Aspectos Demográficos - Informações Gerais Brasil e Grande Regiões Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul CentroOeste Projeção da Taxa de Taxa de Razão Razão de população Crescimento Urbanização de Dependência Total anual (1) (1) Sexo 165.371.493 1,4 78,4 95,9 55,5 12.342.627 2,4 62,4 96,1 69,0 46.995.094 1,1 65,2 98,3 62,6 70.190.565 1,4 89,3 98,1 49,9 24.546.983 1,2 77,2 97,5 51,6 11.296.224 2,2 84,4 97,7 52,3 Fonte: IBGE/DPE/Departamento de População e Indicadores Sociais. Divisão de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/98/P08) - Sistema Integrado de Projeções e Estimativas Populacionais e Indicadores Sócio-demográficos. 1999 (1) Permanecem os dados de 1996. Outro indicador relevante para essa contextualização é a taxa de fecundidade da região Sudeste apresentada na tabela 5.20, bem como a taxa de mortalidade infantil. O que podemos notar nos números abaixo é a menor taxa de fecundidade do país, esperada dada a maior disseminação da informação disponível nos grandes centros, e uma taxa de mortalidade infantil mais baixa quando comparada as demais regiões, porém alta quando comparada a demais países. Brasil e Grande Regiões Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul CentroOeste Tabela 5.20 Taxa de fecundidade e mortalidade infantil Informações Gerais Esparança de vida ao Taxa de Taxa de Taxa de nascer (2) mortalidade mortalidade Fecundidade Ambos infantil/mil menores de 5 Home total (1) os Mulher (2) anos/mil (3) m Sexos 2,33 68,4 64,6 72,3 34,8 60,7 3,14 68,2 65,3 71,4 32,7 2,59 65,5 62,4 68,5 52,8 96,4 2,10 69,4 65,0 74,1 25,7 36,7 2,16 70,8 67,1 74,8 22,8 35,2 2,15 69,1 66,0 72,7 26,1 41,1 162 (1) Fonte: IBGE/DPE/Departamento de População e Indicadores Sociais. Divisão de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/98/P08) - Sistema Integrado de Projeções e Estimativas Populacionais e Indicadores Sócio-demográficos. (2) Estimativas para 1999 extraídas do documento IBGE/DPE/DEPIS "projeção da população das Grandes Regiões por sexo e idade 1991 - 2020". (3) Estimativas obitidas aplicando-se técnicas demográficas indiretas de mortalidade às informações sobre sobrevivência de filhos nascidos vivos, fornecidas pelas mulheres e coletadas pela PNAD 1996. Por questões inerentes à técnica utilizada, os resultados dessas estimativas referem-se, em média ao período 1993/94 e não ao ano de 1996. Já na tabela 5.21 abaixo, temos a oportunidade de observar taxas de utilização de algum método contraceptivo no Rio de Janeiro, área de atuação do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE. Comparativamente o Rio de Janeiro destacase das demais regiões, e até mesmo sobre São Paulo, com números totais acima de 80%, o que demonstra uma maior conscientização da população. Tabela 5.21 - Uso de anticonceptivos entre mulheres Uso atual de anticonceptivos entre mulheres (de 15 a 49 anos de idade) que vivem em união - 1996 (1) Algum Esterilização Esterilização Não usa Pílula Método Feminina Masculina (2) Métodos Brasil 76,7 40,1 2,4 20,7 23,3 Norte 72,3 51,3 - 11,1 27,7 Nordeste 78,2 43,9 0,4 12,7 31,8 Sudeste 77,8 38,8 2,6 21,8 22,2 Sul 80,3 29,0 3,5 34,1 19,7 Centro-Oeste 84,5 59,5 1,8 16,1 15,5 Rio de 83,0 46,3 1,0 22,5 17,0 Janeiro São Paulo 78,8 33,6 5,3 21,4 21,2 Brasil e Grande Regiões Fonte: Brasil: Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde de 1996. Rio de Janeiro: Sociedade Civil Bem-Estar no Brasil, 1997 (1) Permanecem os dados de 1996. (2) Com base nas respostas das mulheres pesquisadas, isto é, inclui método dos parceiros. Na tabela abaixo, apesar da região Sudeste possuir a terceira maior renda mensal, em torno de R$ 270,00, a taxa de desocupação é a segunda mais elevada, o que possivelmente proporciona um aumento do trabalho informal. Sem emprego, a população carente além de cair no trabalho informal, acaba por muitas vezes encontrando na criminalidade uma forma de sobrevivência. 163 Tabela 5.22 Trabalho e Rendimento - Informações Gerais - 1999 Brasil e Grandes Regiões Brasil (3) Norte Nordeste Sudeste Sul CentroOeste PIB(1) per Rendimento Taxa de Taxa de Índice capita Médio Mensal Atividade Desocupação de Gini (2) em R$ (4) (4) CR$ US$ 5.861, 3.229, 313,3 0,567 61,0 9,6 0 7 244,3 0,547 58,6 11,4 144,9 0,587 61,1 8,0 273,4 0,537 59,0 11,2 334,4 0,543 66,0 8,0 - - 291,3 0,573 63,5 9,6 Departamento de Contas Nacionais do IBGE. O valor em US$ foi convertido pela taxa de câmbio. (1) Os valores em US$ estão baseados na taxa média de câmbio do Banco Central Brasil foi feito pelo média anual, divulgada pelo Banco Central. A cotação média em 2000 foi de 1,8147/US$. (2) População de 10 ou mais de idade, com ou sem rendimentos. O valor em R$ é o valor nominal. (3) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima,Pará e Amapá. (4) População de 10 anos ou mais de idade. Nas tabelas seguintes, 5.23 e 5.24, podemos observar uma maior taxa de atividade para os negros da região Sudeste, quando comparados aos brancos, na faixa de 15 a 65 anos e para homens em relação a mulheres. Por outro lado a taxa de desocupação é maior para negros quando comparada aos brancos, e maior entre as mulheres com relação aos homens também na mesma faixa etária de 15 a 65 anos. Tabela 5.23 Taxa de atividade Taxa de Atividade das pessoas 15 a 65 anos de idade por cor e sexo - 1999 Brasil e Grandes Regiões Total Homens Mulheres Branca Preta e Parda Brasil (1) 74,4 85,5 58,2 71,2 71,7 Norte (2) 69,2 83,2 56,1 68,4 69,4 Nordeste 71,4 85,6 58,1 70,1 71,9 Sudeste 69,9 84,0 56,6 69,3 71,0 Sul 75,9 88,7 63,6 76,2 74,8 Centro-Oeste 73,2 88,4 58,8 72,0 74,3 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive a população rural. 164 Tabela 5.24 Taxa de desocupação Taxa de desocupação das pessoas de 15 a 65 anos de idade por cor e sexo - 1999 Brasil e Grandes Regiões Total Homens Mulheres Branca Preta e Parda Brasil (1) 9,9 8,1 12,3 9,0 10,9 Norte (2) 11,7 9,2 15,1 10,4 12,0 Nordeste 8,5 7,2 10,4 8,1 8,7 Sudeste 11,2 9,2 14,1 10,1 13,5 Sul 8,1 6,7 10,0 7,5 11,1 Centro-Oeste 9,4 7,0 12,8 8,4 10,3 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive a população rural. Já com relação à taxa de analfabetismo e escolarização encontrados na tabela 5.25, a região Sudeste apresenta junto à região sul os melhores indicadores, bem como o a melhor média de anos de estudo dentre as pessoas de 10 anos ou mais de idade. Entretanto, a necessidade de ações sociais frente a comunidade carente ainda se faz necessária. Tabela 5.25 Educação e Condições de Vida Brasil e Grandes Regiões Brasil (1) Norte (2) Nordeste Sudeste Sul CentroOeste Taxa de analfabetismo das Taxa de escolarização das pessoas de 15 anos ou mais de crianças de 7 a 14 anos de idade idade Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres 13,3 13,3 13,3 95,7 95,3 96,1 11,6 11,7 11,5 95,5 95,3 95,7 26,6 28,7 24,6 94,1 93,2 95,0 7,8 6,8 8,7 96,7 96,6 96,9 7,8 7,1 8,4 96,5 96,7 96,3 10,8 10,5 11,0 96,0 95,6 96,4 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive a população rural. Os demais indicadores apresentados abaixo, tabelas 5.26, 5.27 e 5.28, colocam a região Sudeste com melhores condições de vida, exemplificados através de indicadores como número médio de pessoas por família, número médio de pessoas por dormitório, distribuição do rendimento médio mensal salarial, disponibilização de saneamento básico e luz elétrica. 165 Tabela 5.26 - Unidade domiciliar Unidade domiciliar - 1999 Brasil e Grandes Regiões Brasil (1) Norte (2) Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Número médio de Número médio de pessoas p/ família pessoas p/ dormitório 3,4 3,9 3,7 3,3 3,3 3,4 1,9 2,1 2,0 1,9 1,8 1,8 Famílias com chefes Homen Mulheres s 74,0 26,0 70,5 29,5 73,4 26,6 73,3 26,7 77,6 22,4 74,4 25,6 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive a população rural. Tabela 5.27 - Famílias por classes de rendimento médio mensal Famílias por classes de rendimento médio mensal familiar - 1999 Brasil e Até Mais de Mais de 5 Mais de Mais de Sem** Grandes 2 2a5 a 10 10 a 20 20 Rendimento Regiões Brasil (1) 27,6 32,2 18,6 9,9 5,9 3,5 Norte (2) 29,2 34,9 17 8,6 4,3 5,4 Nordeste 47,5 29,7 9,2 4,4 2,7 4,2 Sudeste 17,7 32,2 23,5 13 7,8 3,1 Sul 22,2 34,5 21,7 11,3 6,4 2,6 Centro-Oeste 26,7 35 17,9 9,2 6,5 3,4 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. * Em classes de salário mínimo. Valor do Salário Mínimo em Setembro de 1999: R$ 136,00. ** Exclusive os sem declaração de renda. Tabela 5.28 Domicílios por condição de saneamento e luz elétrica Domicílios por condição de saneamento e luz elétrica (%) - 1999 Brasil e Esgoto e Água canalizada e rede Lixo Luz Grandes Fossa geral de distribuição Coletado Elétrica Regiões Séptica Brasil (1) 76,1 52,8 79,9 94,8 Norte (2) 61,1 14,8 81,4 97,8 Nordeste 58,7 22,6 59,7 85,8 Sudeste 87,5 79,6 90,1 98,6 Sul 79,5 44,6 83,3 98,0 Centro-Oeste 70,4 34,7 82,1 95,0 Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Exclusive a população rural. 166 Apesar da região Sudeste se destacar dentre as demais regiões com relação aos indicadores apresentados, não podemos nos equivocar e afirmar que a região possui ótimas condições de vida e oportunidade para toda a população. O Brasil apresenta situações adversas em todo o país em níveis altos quando comparados com demais países, estejam eles em ritmo acelerado de crescimento como os emergentes ou os demais. Mesmo os melhores indicadores da região Sudeste destacam-se negativamente ao serem comparados com o resto do mundo. 5.4.3 Variáveis Políticas O Ministério da Cultura formula e implementa políticas públicas para um esse campo de atuação. A gestão atual assumiu o desafio para o fortalecimento do setor cultural brasileiro fazendo com que a ação pública do Estado neste campo seja feita com base em políticas públicas coerentes e consistentes, formuladas e implementadas de modo democrático. A complexidade do campo cultural é notável. São inúmeras as linguagens e suportes de expressão a serem contemplados: teatro, música, dança, cinema, comunicação de massa, artes plásticas, fotografia, escultura, artesanato, livros, patrimônio cultural (material e imaterial), circo e museus, cada um com a sua complexidade e especificidade a ser considerada. Uma política abrangente também deve considerar políticas de capacitação profissional, criação, produção, circulação e financiamento da cultura. É indispensável, portanto, que o Governo conceba e implemente políticas para o setor cultural em termos de premissas e diretrizes políticas que dêem coerência e consistência a essa ação. 167 Neste contínuo processo de transformação da cena cultural brasileira, o processo de formulação e de implementação de políticas públicas deve ser o mais democrático possível. Sem isso, as políticas perdem um componente relevante de sua legitimidade diante da sociedade. As Câmaras Setoriais e os diferentes Conselhos existentes e em consolidação no âmbito da ação do MinC dão expressão prática a esta premissa. A segunda diretriz política do Estado é uma série de responsabilidades intransferíveis no campo cultural brasileiro. Podemos identificar pelo menos dez frentes relevantes para a ação do setor público no campo cultural. A terceira diretriz fundamental é a de que a cultura é um componente central da estratégia de desenvolvimento efetivamente sustentável do Brasil. Desde a posse do Ministro Gilberto Gil, o Ministério da Cultura tem empreendido um esforço consistente para deslocar a cultura para o centro da agenda política, econômica e social do país, consolidando-a como uma dimensão indispensável do desenvolvimento econômico e social almejado. Para uma concepção ampliada da cultura, o Governo identifica dez frentes de ação no campo cultural: 1- Promover o reconhecimento da diversidade cultural, no Brasil e no mundo, e garantir a livre expressão dessas manifestações; 2- Promover e assegurar condições de justiça social, tendo em mente a cultura como um direito fundamental para a plena constituição da cidadania; 3- Promover as condições de estímulo e fomento às atividades culturais; 4- Garantir e fiscalizar o cumprimento de contratos e de preceitos legais no âmbito da cultura; 168 5- Promover arranjos institucionais e de mecanismos de regulação econômica adequados ao pleno desenvolvimento das atividades culturais; 6- Promover a salvaguarda e proteção do patrimônio cultural (material e imaterial) brasileiro; 7- Representar internacionalmente o país nas instâncias de negociação internacional; 8- Promover a integração da cultura com a educação com vistas ao aperfeiçoamento qualitativo do sistema de educação do país; 9- Contribuir para a democratização da sociedade por meio de diálogo e deliberação democrática; e 10- Construir mecanismos transparentes de ação e informação do setor cultural. Fonte: Minc. 5.4.4 Variáveis Tecnológicas No Brasil já são mais de 14 milhões de pessoas com acesso à Internet. Dados do Ibope / NetRatings também indicam que o tempo médio do usuário brasileiro chega a 20 horas mensais, um dos mais altos do mundo. Na Internet, milhões de pessoas produzem, reproduzem e absorvem informações. A quantidade e a velocidade com que essas informações são trocadas e se propagam podem tanto facilitar como complicar a vida da sociedade contemporânea. Muitos são os esforços no sentido de organizar o que é produzido na Internet, mas não são poucos os desafios para que se organize produtivamente esse acesso. Ainda hoje não se conseguiu fazer com que mecanismos de busca possam perceber a diferença de qualidade entre informações semelhantes. 169 Por outro lado, cresce o número de redes de colaboração informativa, como Orkut, Yahoo! Respostas, Overmundo, CMI, Estúdio Livre e a Wikipedia, entre outras, que mostram ser possível organizar a informação coletivamente. Nesses ambientes, a informação é tratada como bem público e invariavelmente correta. Mesmo que não sendo a realidade. Nesse contexto, surge a necessidade de coordenação sobre a Sociedade da Informação através do Ministério da Cultura e do Ministério das Relações Exteriores (Divisão de Ciência e Tecnologia) com ações plausíveis ao tema em questão. Em novembro de 2007, será realizada no Rio de Janeiro, por exemplo, a segunda reunião do Fórum de Governança da Internet (IGF), mecanismo multisetorial que reúne Governos, sociedade civil, organizações internacionais, academia e iniciativa privada, instituído por decisão da segunda fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (Túnis, novembro de 2005) para debater temas relacionados à governança da rede mundial de computadores e, eventualmente, emitir recomendações. O Governo brasileiro entende que a governança da Internet envolve aspectos técnicos e políticos. Cabe aos Governos, nos termos aprovados na Cúpula Mundial, exercerem plenamente seus direitos e responsabilidades no estabelecimento de políticas públicas relacionadas à gestão da rede no nível global. O Governo brasileiro reconhece que a Internet tornou-se um bem disponível em escala global, e sua governança constitui um dos temas centrais da agenda da sociedade da informação; que o compromisso com a construção de um modelo de governança de Internet inclusivo, centrado na pessoa e orientado ao desenvolvimento, consoante as Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas; que existe a necessidade que a governança da Internet seja exercida de forma multilateral, 170 transparente e democrática, com participação de todos os setores, em seus respectivos papéis, e de todos os governos em igualdades de condições, cabendolhes a autoridade soberana para a elaboração de políticas públicas na matéria. Outras variáveis tecnológicas que devemos consideram são as que englobam as demais tecnologias utilizadas pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE. Como já citamos anteriormente, existe a necessidade sobre instrumentos musicais, como violões, guitarras, instrumentos de percussão, aparelhagem de som, iluminação; materiais para as atividades circenses e demais oficinas, como cordas, panos, maquiagem, roupas, brinquedos e camas elásticas e a evolução desse mercado deve ser acompanhada. Podemos citar, por exemplo, para as oficinas circenses o novo conceito trazido pelo Cirque du Soleil. A atração foi então reformulada, criando novas necessidades ao telespectador, onde a atração pelas piadas, anedotas, o cômico deu espaço às ações de risco, a movimentação perigosa no palco. O impacto desse novo conceito, não apenas atua sobre a organização do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE e treinamentos como também do planejamento e organização como um todo para tornar também esse produto dentro desse novo conceito, viável. Outra evolução tecnológica que podemos citar refere-se aos instrumentos musicais. Existe hoje um alto crescimento da produção e utilização de instrumentos eletrônicos e programas de suporte musicais e gráficos que criam uma extensão virtual e sonora ainda mais elaborada. Cabe ao GRUPO CULTURAL AFROREGGAE não fechar os olhos a essas mudanças, tomando uma postura extremamente conservadora, mas sim incorporá-las a seus produtos na medida certa sem perder o seu conceito com inovação. 171 5.4.5 Variáveis Legais Uma vez que os aspectos legais são de extrema relevância ao tema proposto desse trabalho, procuramos abordar de maneira aprofundada tais variáveis, legais e fiscais, no capítulo chamado Marketing Cultural. De maneira concisa, podemos ressaltar a evolução de leis de extrema importância ao tema, como a Lei Rouanet e a Lei de Audiovisual, que proporcionam ao setor privado incentivos a ação patrocinadora sócio-culturais. Entretanto, ainda no Brasil a lei de incentivo fiscal proporciona à iniciativa privada vantagens competitivas frente ao artista ou produtor cultural. Com isso, o grau de dependência financeira torne aos poucos esse segmento ainda mais inflexível, fazendo com que a sociedade, o produtor cultural e o cliente social não usufruam de uma relação ganha-ganha. Outra consideração a fazer com relação a variável legal diz respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Desde sua criação, o Estatuto da Criança e do Adolescente influencia as práticas educativas dirigidas à criança e ao jovem. A década de 1960 foi mundialmente marcada pelo surgimento de inúmeros movimentos sociais em defesa dos direitos da criança e do adolescente. Isso ocorreu uma vez que, após a Segunda Guerra Mundial, o adolescente passou a ocupar uma posição determinada no cenário da violência quando a necessidade da mão-de-obra feminina nas fábricas deixou as crianças em situação de abandono, as quais, mais tarde, já adolescentes, constituíram-se como gangues marcadas por atitudes de revolta e violência. Para as ciências jurídicas, esse processo resultou na necessidade de repensar a forma de compreender a adolescência, pois essa fase (e suas 172 manifestações) passou a ocupar um espaço definido no cotidiano, nas instituições, na mídia e na sociedade. A Psicologia, enquanto ciência que estuda o comportamento humano, passou nesse momento a destinar atenção maior à fase da adolescência, transformando-a em alvo de pesquisas e reflexões teóricas. Dessa forma, impulsionados pela nova visão trazida pela Psicologia e pelo Direito, juristas, políticos e educadores passaram a compreender a criança e o jovem como sujeitos em formação e, por isso, merecedores de práticas educativas diferenciadas. No Brasil, porém, esse caminho foi lento, tendo seu início em 1979 com a criação do Código de Menores. Somente em 1989 a Convenção Internacional dos Direitos da Criança das Organizações das Nações Unidas marcou definitivamente a transformação das políticas públicas voltadas a essa população, culminando assim na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA. Criado em 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente instituiu-se como Lei Federal n.º 8.069 (obedecendo ao artigo 227 da Constituição Federal), adotando a chamada Doutrina da Proteção Integral, cujo pressuposto básico afirma que crianças e adolescentes devem ser vistos como pessoas em desenvolvimento, sujeitos de direitos e destinatários de proteção integral. O Estatuto, em seus 267 artigos, garante os direitos e deveres de cidadania a crianças e adolescentes, determinando ainda a responsabilidade dessa garantia aos setores que compõem a sociedade, sejam estes a família, o Estado ou a comunidade. Ao longo de seus capítulos e artigos, o Estatuto discorre sobre as políticas referentes a saúde, educação, adoção, tutela e questões relacionadas a crianças e adolescentes autores de atos infracionais. 173 As escolas e seus educadores devem conhecer essa legislação, assim como os órgãos de apoio presentes na comunidade, como é o caso dos chamados Conselhos Tutelares — entidades públicas presentes obrigatoriamente em cada município e formadas por conselheiros da comunidade, cujo objetivo é receber denúncias de violação do Estatuto da Criança e do Adolescente e assegurar seu cumprimento. Dessa forma, os educadores devem trabalhar para que os pressupostos do Estatuto da Criança e do Adolescente sejam cumpridos, proporcionando o desenvolvimento de crianças e adolescentes. 5.4.5.1 Sistemas de Informações – Pesquisa Primária Pesquisa de Marketing No trabalho em questão o grupo optou a utilização da pesquisa qualitativa, uma vez que esse tipo de pesquisa proporcionaria a esse trabalho melhor visão e compreensão do contexto no qual o Grupo Cultural AfroReggae está inserido. A pesquisa qualitativa caracteriza-se por uma metodologia de pesquisa não– estruturada exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensão do contexto do problema (Malhotra; Naresh, 2001). Com uma abordagem direta, ou seja, os objetivos do projeto foram revelados aos respondentes, optamos pela utilização de dois grupos de foco: um realizado com 8 comunidades diretamente atingidas pelos projetos (público-alvo) e um segundo grupo de foco com 8 pessoas da comunidade (familiares e formadores de opinião) na qual o grupo está inserido. Ainda sob uma abordagem direta, foi 174 realizada uma entrevista em profundidade com o Coordenador de Parcerias Institucionais João Madeira. Figura 5.7: Uma Classificação dos Processos de Pesquisa Qualitat Processo de Pesquisa Qualitativa Direto (Não Simulado) Indireto (Simulado) Entrevistas em Profundidade Grupos de Foco Técnicas de Associação Técnicas de Completamento Técnicas Projetivas Técnicas de Construção Técnicas Expressivas Fonte: (Malhotra; Naresh, 2001 ) Como problema de pesquisa, nosso estudo buscou identificar qual a imagem do Grupo Cultural AfroReggae entre os seguintes públicos: público-alvo (crianças e jovens da comunidade dispostos a saírem da criminalidade e tráfico) e comunidade na qual o grupo está inserido (familiares e formadores de opinião). Qual a percepção de imagem do público-alvo (crianças e adolescentes) e comunidade (familiares e formadores de opinião) em relação ao Grupo Cultural AfroReggae, quanto à sua importância,eficiência/eficácia em sua área de atuação? 175 Objetivo geral da pesquisa: O objetivo geral da pesquisa é identificar a importância e representatividade do Grupo Cultural AfroReggae no contexto das favelas do Rio de Janeiro e a eficácia do projeto desenvolvido contra a criminalidade e o tráfico de drogas, e o impacto direto com o público-alvo e indireto com a comunidade em que está inserido. Os objetivos específicos da pesquisa qualitativa aplicada ao público-alvo foram: 1. Identificar os fatores relevantes (critérios de escolha) que os jovens das favelas do Rio de Janeiro levam em consideração ao “consumir” um produto sóciocultural. 2. Identificar o que o público-alvo considera como características de sucesso do Grupo Cultural Afro Reggae para alcançar o objetivo de retirar crianças e jovens da criminalidade. 3. Identificar características psicológicas do público-alvo que podem influir em sua decisão de optar pela criminalidade ou pela ação social. 4. Identificar melhorias de médio e longo prazo no público-alvo, ultrapassando uma ação pontual do Grupo Cultural Afro Reggae. Os objetivos da pesquisa qualitativa aplicada à comunidade foram: 1. Identificar a percepção da comunidade ao sucesso das ações realizadas do Grupo Cultural Afro Reggae para alcançar o seu objetivo de extrair crianças e jovens da criminalidade. 2. Identificar o que a comunidade considera como diferencial de sucesso e de fracasso do Grupo Cultural Afro Reggae em sua ação. 176 3. Identificar características psicológicas da comunidade que podem influir em sua decisão de incentivo ao jovem a tornar-se um cliente social. 4. Identificar se a comunidade já visualiza melhorias de médio e longo prazo com as crianças e jovens que fizeram ou ainda fazem parte desse projeto. ESTRUTURA DO ROTEIRO: APRESENTAÇÃO Muito obrigada por vocês nos receberem. Somos um grupo de alunos da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e estamos muito satisfeitos em poder conversar e discutir com vocês, de forma bastante informal, questões e informações sobre o Grupo Cultural AfroReggae, em especial queremos falar sobre a importância e influência deles junto a comunidade, as mudanças que vocês observam com as ações do grupo, o auxílio na solução de problemas sociais, entre outros. Não existe uma regra pré-definida para esta conversa. O que queremos é que vocês falem sobre o Grupo AfroReggae exatamente da forma que o percebem no dia a dia desta comunidade. Cada um de nós do grupo irá se apresentar e na seqüência também gostaríamos de conhecer cada um de vocês (nome, idade, e de qual projeto do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE participam). 177 ROTEIRO PÚBLICO-ALVO (CRIANÇAS E ADOLESCENTES DIRETAMENTE BENEFICIADOS) A Cultura no Brasil Dificuldades existentes na cultura brasileira pela ausência e falta de apoio do governo; Importância do papel do governo nos projetos voltados à cultura; Investimentos do governo em projetos culturais, em especial os voltados para crianças e adolescentes; Fale sobre quais mudanças você acredita que poderiam contribuir para o fortalecimento e melhor apoio à cultura em nosso país. A Cultura como processo de Transformação Importância da cultura na formação de crianças e adolescentes e valores que são reforçados a partir deste acesso; Oportunidades geradas para os beneficiados com acesso a cultura; Comente sobre o que representa para você participar de projetos com ONGs que fortalecem a cultura em nosso país; Se alguém aqui participa de outro projeto externo ao AfroReggae,compare com o AfroReggae. A Cultura no Rio de Janeiro O Rio de Janeiro e sua representatividade como celeiro cultural do Brasil; Comente como você percebe a cultura no Rio de Janeiro. (Acesso da população a cultura - shows, teatros, escolas e cinema). 178 Papel e importância do Terceiro Setor Importância do Terceiro Setor (organizações não governamentais sem fins lucrativos); Visão e opinião sobre o crescimento e surgimento de instituições do terceiro setor; Percepção sobre a parceria de organizações não governamentais com empresas privadas; Importância e visão sobre trabalho voluntário; Comente sobre outras organizações que conhece e admira. Grupo Cultural AfroReggae Imagem percebida da instituição; Imagem percebida dos coordenadores; Resultados e impactos diretos das ações da instituição em sua vida; O que melhorou e o que ainda pode ser melhorado; Comente sobre sua colaboração e participação com o projeto; O que o Afro Reggae precisa ter para você fazer parte desse projeto; Comente sobre como a maneira que você é recebido aqui afeta o seu estilo de vida; Citar fatores de admiração pela instituição AfroReggae. Percepção sobre a falta dos “produtos/serviços” oferecidos pela instituição e impacto na comunidade. 179 ROTEIRO COMUNIDADE (FAMILIARES E FORMADORES DE OPINIÃO INDIRETAMENTE BENEFICIADOS): A Cultura no Brasil Dificuldades existentes na cultura brasileira pela ausência e falta de apoio do governo; Importância do papel do governo nos projetos voltados à cultura; Investimentos do governo em projetos culturais, em especial os voltados para crianças e adolescentes; Fale sobre quais mudanças você acredita que poderiam contribuir para o fortalecimento e melhor apoio à cultura em nosso país A Cultura como processo de Transformação Importância da cultura na formação de crianças e adolescentes e valores que são reforçados a partir deste acesso; Oportunidades geradas para os beneficiados com o acesso à cultura; Comente sobre o que representa para você estar participando de projetos com ONG´s que fortalecem a cultura em nosso país; Além de participar do projeto com o AfroReggae, frequenta alguma outra instituição dentro da comunidade. Cite exemplos. A Cultura no Rio de Janeiro Comente como você percebe a cultura no Rio de Janeiro. (Acesso da população a cultura - shows, teatros, escolas e cinema). 180 Papel e importância do Terceiro Setor Importância do Terceiro Setor (organizações não governamentais sem fins lucrativos); Visão e opinião sobre o crescimento e surgimento de instituições do terceiro setor; Percepção sobre a parceria de organizações não governamentais com empresas privadas; Importância e visão sobre trabalho voluntário; Comente sobre outras organizações que conhece e admira. Compare com o AfroReggae. Grupo Cultural AfroReggae Imagem percebida da instituição; Resultados e impactos diretos das ações da instituição na vida da comunidade; O que melhorou e o que ainda pode ser melhorado; Comente sobre sua colaboração e participação com o projeto; O que o Afro Reggae precisa ter para você apoiar esse projeto; Organizações hoje presentes no Rio possuem essa qualidade que você citou fazendo com que você apóie essa ação? Citar fatores de admiração pela instituição AfroReggae. Percepção sobre a falta dos “produtos/serviços” oferecidos pela instituição e impacto na comunidade. 181 5.4.5.1.1 Análise Geral Público-Alvo Na pesquisa qualitativa aplicada relacionada ao público-alvo, as principais questões levantadas foram: Os jovens das favelas onde o [projeto social do AfroReggae estão inseridos inicialmente se identificam com o grupo através da metodologia aplicada pelos coordenadores da instituição e denominada narcocultura. A Narcocultura é uma forma de abordagem utilizada pelo AfroReggae cujo principal objetivo é demonstrar um modelo a ser seguido, ou seja assim como os chefes do tráfico fazem para estabelecer uma relação com os jovens e crianças da favela utilizando as melhores tênis e as melhores roupas. Observam no GRUPO CULTURAL AFROREGGAE uma segunda oportunidade de crescimento tanto pessoal como profissional. A comunidade beneficiada com os projetos sociais do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE considera como principais características de sucesso do grupo a forma de abordagem para retirada das crianças e adolescentes da criminalidade, como também as perspectivas de futuro e desenvolvimento que são apresentadas a elas. As crianças e adolescentes beneficiados recebem uma bolsa cujo valor inicial é de R$ 50,00 e que pode atingir o teto máximo de R$ 300,00. Esse valor garante aos jovens a possibilidade de com o apoio dos pais continuar a participar dos projetos. A pesquisa também identificou que as crianças e jovens participantes do projeto percebem que ao freqüentar as oficinas do grupo uma mudança significativa ocorre em suas vidas, pois além da participação nos projetos sentem-se mais 182 inseridos no contexto da sociedade. Enxergam seu crescimento e desenvolvimento, e vêem a perspectiva de uma vida mais digna e diferente da de amigos que seguiram o tráfico de drogas como a única forma de “vencer” na vida. Encaram o AfroReggae e todos aqueles que de uma forma direta ou indiretamente participam do projeto , protegidos como que com um colete a prova de balas. A maioria dos participantes também enxerga o grupo e suas ações em especial as realizadas com as bandas e funções administrativas como excelente oportunidades de trabalho e fonte de renda. Os jovens participantes também possuem uma relação de troca com o grupo, ou seja pretendem dar continuidade as ações realizadas e desejam que cada vez um número maior de crianças possa participar das ações realizadas pelo projeto. 5.4.5.1.2 Comunidade A comunidade indiretamente afetada com os projetos sociais do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE compreende as ações como de fundamental importância para os jovens e crianças da comunidade, pois dizem que antes da atuação do grupo o espelho para as crianças era o traficante, aquele que tinha tudo o que queria, as melhores roupas, os melhores tênis e as melhores mulheres. A partir do momento que o GRUPO CULTURAL AFROREGGAE iniciou sua atuação em Vigário Geral, uma nova oportunidade surgiu para as crianças e jovens da comunidade. Um outro fator levantado pela comunidade entrevistada foi a importância da bolsa auxílio destinada aos jovens que participam do projeto. 183 “Se meu filho não tivesse essa ajuda eu infelizmente não poderia deixar que ele continuasse a participar das oficinas, pois precisamos do dinheiro que ele recebe ajuda demais nas despesas da casa e caso não existisse essa ajuda ele teria que abandonar as oficinas para arrumar algum trabalho”. (Depoimento de dona Maria José, 45 anos, mãe de 6 filhos e 2 deles participantes das atividades do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE). 5.4.5.1.3 Entrevista Individual em Profundidade A entrevista individual em profundidade foi realizada com o João Madeira, que iniciou sua participação no GRUPO CULTURAL AFROREGGAE como voluntário e atualmente exerce o cargo de coordenador de parcerias institucionais. Nessa entrevista João coloca que o principal sonho do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE é retirar o maior número de crianças do narcotráfico e que apesar dos baixos investimentos por parte do governo, atualmente as parcerias institucionais com três grandes empresas (Petrobrás, Natura e Banco Real), auxiliam o grupo a manter as atividades nos núcleos localizados nas principais favelas do Rio de Janeiro. Atualmente 70% dos recursos do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE são oriundos de patrocínio, contra 30% de recursos próprios oriundos da venda de produtos. Um dos maiores desafios do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE é a busca pela sustentabilidade financeira, ou seja garantir que no futuro a instituição dependa menos dos valores de patrocínio e mais da venda de produtos (CDs, DVDs, camisetas), shows e consultorias realizadas pelo grupo. 184 O GRUPO CULTURAL AFROREGGAE também oferece auxílio e consultoria às instituições do Terceiro Setor que necessitam estruturar e desenvolver sua gestão. Dentre elas, atualmente o grupo apoia: o Magemolê de Recife, a Fábrica da Criatividade em São Paulo, o Canta Brasil em Canoas, NUC-Negros Unidade Consciente em Belo Horizonte. Este mesmo trabalho também é realizado com instituições ao redor do mundo, como por exemplo, o grupo Sonbathá na Colômbia. De forma a complementar a pesquisa qualitativa realizada, também nos baseamos em pesquisas de opinião realizadas por importantes institutos de pesquisa do país e do mundo que relatam a importância e a crescente das organizações do terceiro setor. Ou seja, organizações que transcendem fronteiras e têm poder político e econômico cada vez maior. De acordo com pesquisa realizada pelo The Johns Hopkins Center for Civil Society Studies, realizada em mais de 35 países, as ONGs conseguem movimentar mais de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, contando já em 1998 com 44,2 milhões de doadores pessoas físicas, ou metade da população adulta nacional, informam os dados do projeto Comunidade Solidária. E, ao contrário do que muitos pensam, a participação do governo em sua capitalização é bem pequena (15% do bolo de recursos), enquanto a filantropia responde por 11% de seus recursos e os demais 74% provêm de mensalidades e taxas pagas por serviços ou produtos (em países mais desenvolvidos, a participação governamental é maior. Nos EUA, o setor público banca 31% novomilenio.inf.br) dos recursos). Fonte: (Boletim Perspectiva – Site 185 Uma outra pesquisa realizada pelo Instituto Interscience, denominada BrasilBrasileiro, demonstrou que cada vez mais valores sociais afetam decisivamente suas atitudes diante das empresas e da sociedade. Acreditam que a Responsabilidade Social e a interação entre as diferentes classes é capaz de promover uma mudança social capaz de transformar o país. Fonte: Instituto Interscience – Pesquisa Brasil Brasileiro) 5.4.5.1.4 Conclusão da Pesquisa Conclui-se com a pesquisa aplicada que tanto para o público alvo como com o público indiretamente atingido que as atividades oferecidas pelo GRUPO CULTURAL AFROREGGAE, a importância e a representatividade no contexto das favelas do Rio de Janeiro é de fundamental importância não só para a retirada de crianças e adolescentes da criminalidade, como também para o desenvolvimento sócio-cultural do país. Como se trata de uma comunidade extremamente carente e muitas vezes discriminada pela própria sociedade, a favela compreende ações como a do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE como uma forma de vislumbrar um futuro mais promissor para seus filhos e netos, por mais distante que isso possa parecer. O sucesso das ações da instituição é percebido não somente por aqueles que são beneficiados pelos projetos, mas também por importantes empresas e formadores de opinião que reconhecendo a seriedade do projeto realizado pelo AfroReggae, passam a buscar a associação de sua imagem à imagem do grupo que hoje é conhecido e reconhecido mundialmente. A busca do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE pela sustentabilidade financeira também é evidenciada pelo número de produtos e serviços que hoje são 186 disponibilizados pelo grupo, dentre eles 10 bandas, venda de CD’s, DVD’s, Camisetas , realização de palestras e oficinas em empresas. 5.4.5.2 SWOT Ao invés da aplicação da tradicional análise de SWOT (Matriz de Avaliação de Forças/Stronghts e Fraquezas/Weaknesses, Oportunidades / Opportunities e Ameaças/Threats) optamos por utilizar o modelo avaliativo dos outputs proposto por YANAZE (2007). A tabela 5.29 a seguir contempla esse modelo. Como concorrentes selecionamos as ONGs Meninos do Morumbi e Instituto Ayrton Senna. Alguns subítens foram adaptados para uma análise mais pertinente a esse tipo de organização. Na última coluna encontra-se o que consideramos “Ideal / Benchmarking” para organizações do Terceiro Setor. A justificativa para a nota aferida para cada item encontra-se na própria tabela. 187 TABELA 5.29 – Modelo Avaliativo dos Outputs Item / Subitem Peso AfroReggae 0,3 0,3 1. Produto a) Infra-Estrutura Disponível: Nota 9 Nota Pond. Inst. Ayrton Senna 2,31 2,7 Nota 6 Nota Pond. Meninos do Morumbi 1,965 1,8 Nota 8 Nota Pond. Ideal 2,22 2,4 Prédios: Parada de Lucas / Vigário (Alemão) / Pavão-Pavãozinho (boa estrutura)- FORTE 1escritório (Adequado) - FORTE 1 espaço que contempla todos os cursos e aulas (adequado) FORTE Boa estrutura e alta capacidade de atendimento Equipamentos: Materiais para capacitação de jovens, vestimentas, espaço para treinamento - FORTE Apenas materiais do escritório (Adequado) - FRACO Materiais para capacitação de jovens, espaço e materiais para aulas - FORTE Materiais de qualidade e adequados para os serviços Veículos: Não se aplica Não se aplica Não se aplica Não se aplica b) Recursos Humanos: 0,2 9 1,8 7 1,4 200 funcionários - FORTE Equipe Gerencial: 4 Diretores e 6 Gerentes - FORTE 1 diretor e 4 Gerente - FORTE 1 diretor e 3 gerentes - FORTE Equipe Técnica: 30 educadores - FORTE 45 educadores - FORTE Equipe Operacional: 20 técnicos - FORTE 67.350 educadores (indiretos) FORTE 5.250 técnicos (indireto) - FORTE c) Qualidade do Atendimento: 0,2 70 funcionários - FORTE 8 Quantidade: 7,5 1,5 7 1,4 Todos os projetos são terceirizados e não há controle de qualidade FRACO Atendimento de qualidade, gratuito, com apoio de psicólogos, pedagogos, professores - FORTE Para os consumidores dos produtos (Livros, Cds, DVDs, Shows, etc): Baixa distribuição, fraco sistema de venda, site ineficiente - FRACO Alta distribuição, diversos eventos, site eficiente e ações de e-mail mkt - FORTE Site eficiente e com oferecimento de serviços interessantes, atendimento de qualidade por telefone - FORTE 4 0,4 7,5 0,75 1,8 5 0,5 2.000 crianças. Não consegue atender a demanda existente. Atendimento restrito porém com qualidade - FRACO 1.350.532 crianças. Alta capacidade de atendimento, porém é terceirizado e não há acompanhamento - FORTE 4.000 crianças. Falta espaço e tempo para atender toda a demanda necessária - FRACO Atender a demanda total da comunidade e com qualidade Para os consumidores dos produtos (Livros, Cds, DVDs, Shows, etc): Muito restrito: apenas através do website e local de atuação dos núcleos. Demanda não consegue ser atendida - FRACO É possível comprar em diversos lugares seus produtos. Tem parcerias, licensiamento e consegue atender a demanda FORTE Restrito apenas ao site e no próprio local - FRACO Alta abrangência e relevância 0,1 f) Serviços Sociais com a Família: 0,1 Total: 4 0,4 Não tem nada estruturado, apenas através do relacionamento - FRACO 1 Acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais e bolsa-auxílio de incentivo- FORTE 8 0,8 Realizam ações de e-mail marketing e cultivam o relacionamento com o consumidor - FORTE 9 0,9 7,7 Por terceirizar seus serviços não tem nada estruturado - FRACO 3 3 10 2 10 2 10 1 10 1 10 1 Atendimento de qualidade, gratuito, com apoio de psicólogos, pedagogos, professores Para a comunidade carente: e) Serviço de acompanhamento de Pós-Atendimento: Para os consumidores dos produtos (Livros, Cds, DVDs, Shows, etc): 10 Funcionários qualificados e capazes de atender a demanda 9 Atendimento de qualidade, gratuito, com apoio de psicólogos, orientação à família - FORTE 0,1 Nota Pond. 30 técnicos - FORTE Para a comunidade carente: d) Capacidade de Atendimento: 1,6 80 funcionários - FORTE Nota 4 0,4 Não tem nada estruturado, apenas através do relacionamento - FRACO 4 0,4 6,55 Acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais com familiares - FORTE Estar presente e ser relevante para o consumidor no pósvenda 7 0,7 7,4 Acompanhar, educar e incentivar os familiares 10 188 TABELA 5.29 – Modelo Avaliativo dos Outputs (continuação) Item / Subitem Peso AfroReggae 2. Remuneração: 0,2 a) Valor necessário para operacionalização: 0,3 Movimenta R$6 milhões/ano. Alta dependência de doações e financiadores - FRACO b) Recursos Obtidos 0,4 R$ 3,5 milhões advindos de patrocínio e R$2,5 milhões advindos de receita própria e doaçoes- FORTE c) Recursos em caixa: 0 d) Capacidade de Arrecadação: 0,3 Nota Nota Pond. Inst. Ayrton Senna Nota 1,32 Forte apoio de empresas privadas e arrecadação de recursos próprios - FORTE 1,5 7,5 3 R$ 5,2 milhões advindos de patrocínio e R$5,8 milhões advindos de receita própria e doaçoesFORTE 0 Não disponível 7 2,1 Meninos do Morumbi Nota 1,7 5 Não disponível Nota Pond. Movimenta R$11 milhões/ano. Por ser apenas um escritório necessita de pouco investimento para se sustentar - FORTE Forte apoio de empresas privadas, arrecadação de recursos próprios e licenciamento da marca - FORTE Nota Pond. 1,09 4,5 1,35 Baixo valor necessário 10 3 8,5 3,4 R$ 1,3 milhões advindos de patrocínio e R$1,7 milhões advindos de receita própria e doações - FORTE 6,5 2,6 10 4 10 0 10 3 0 9 2,7 5 1,5 6,6 8,5 5,45 1,49 1,15 a) Abrangência das ações: 0,4 8 3,2 6 Para a comunidade carente: 2.000 crianças atendidas divididas em 3 núcleos, porém não atende a demanda existente e é restrito ao RJ - FORTE 1.350.532 crianças atendidas no Brasil inteiro - FORTE 4.000 crianças atendidas - Preso a só em único em São Paulo FORTE Para os consumidores dos produtos (Livros, Cds, DVDs, Shows, etc): Não atinge toda a população interessada em adquirir seus produtos e serviços - FRACO Alta abrangência e presença em mídia - FORTE Não atinge toda a população interessada em adquirir seus produtos e serviços - FRACO 0,2 c) Veículos disponíveis: 0 d) Equipe de voluntários para a captação de recursos: 0,1 e) Facilidade de acesso: 0,3 Está presente dentro da comunidade - FORTE 9,5 1,9 5 0,5 7 2,1 0 Não se aplica Não existe equipe estruturada e é muito centralizada no relacionamento do Coordenador Geral - FRACO Adequado para o propósito da instituição - FORTE 7 0 Não se aplica Existe equipe estruturada e é potencializada pela Coordenadora Geral - FORTE 1,4 7,5 7 Não está dentro da comunidade e não tem fácil acesso - FRACO FRACO 2,1 Para a comunidade carente: Inserido na comunidade - FORTE São muitos projetos e todos dispersos, dificultando o acesso para a comunidade interessada FRACO Longe da maioria das comunidades de São Paulo FRACO Para os consumidores: É de difícil acesso pois se localiza em ambientes perigosos e cercado pelo tráfico de drogas FRACO Fácil acesso devido ao website, licenciamento da marca, e diversos eventos - FORTE Fácil acesso pois é na área urbana de S.P. - FORTE Total: 1 6,3 7,45 Alta capacidade e com grande parcela de renda advinda de recursos próprios 10 2 2,4 10 4 10 2 10 0 10 1 10 3 Alta abrangência para a comunidade e consumidores, atendendo toda a d d 5 1 4 0,4 6,5 1,95 Localização acessível para todos os públicos 0 Não se aplica 0,75 Não possui equipe especializada - Ser auto-sustentável financeiramente 0 Não disponível Forte parceria com empresas, porém pouca renda advinda de recurso próprio - FRACO com grande capacidade de captação de recursos 1,26 b) Localização: 2 Movimenta R$3 milhões/ano. Totalmente dependente dos patrocinadore e doadores FRACO 1 1,8 Nota Pond. 2,4 0,2 4,5 Nota 8 3. Distribuição: Total: Ideal Descentralizado e com equipe qualificada Fácil acesso para todos os públicos 5,75 10 189 TABELA 5.29 – Modelo Avaliativo dos Outputs (continuação) Item / Subitem Peso 4. Comunicação 0,3 a) Capacidade de geração de mídia espontânea: 0,2 b) Material informativo: AfroReggae Inst. Ayrton Senna Nota 2,055 Nota Pond. Forte devido à imagem de Ayrton Senna e Viviane Senna - FORTE 0,05 Material de boa qualidade porém 6 0,3 Altíssima qualidade e alta distribuição - FORTE 9,5 0,05 Linguagem visual de qualidade 7 0,35 Devido à parceria com agências 9 0,2 8 1,6 5 de publicidade possui alto padrão visual - FORTE 9 1,8 Alta capacidade devido às visitas de políticos e forte contato com o governo - FORTE 7 1,4 Facilidade de geração de mídia 10 2 4 0,2 Altíssima qualidade e alta distribuição com custo baixo 10 0,5 10 0,5 10 2 10 1 0,45 Área capacitada com 10 1 0,475 Apenas site. - FRACO 0,45 Baixa qualidade. Não há foco em qualidade do padrão visual FRACO 1 Boa organização das informações e itens, porém layout é fraco - FORTE Conteúdo: Diversas informações, sempre atualizado, e com forte área de notícia - FORTE Bom conteúdo institucional porém não é atualizado com constância e não permite acompanhamento das ações - FRACO Falta conteúdo e informações atualizadas - FRACO Serviços Oferecidos Online: Poucos serviços oferecidos e dificuldade para comprar produtos online - FRACO Nenhum serviço oferecido e apenas venda de produtos da marca SENNA - FRACO Diversos serviços oferecidos como contratação de shows, trabalho voluntário, convite a participar e a doar - FORTE 0,225 Alto padrão visual 1,3 Conteúdo relevante, layout de qualidade, atualização constante e oferecimento de diversos serviços online 8 0,8 Baixo investimento em propaganda e RP - FRACO 4,5 0,45 Não existe uma área voltada para 5 0,5 Não existe uma área voltada para isso - FRACO Não existe ação estruturada, porém a instituição consegue bons resultados devido ao relacionamento com a mídia FORTE 7,5 1,5 8,5 1,7 Apenas algumas ações pontuais, porém de sucesso - FRACO 6 1,2 Diversas atividades, área capacitada, e planejamento estratégico das ações do ano 10 2 Organiza eventos pontuais e não angaria fundos através deles FRACO 5,5 0,55 Área bem estruturada e uma das 8 0,8 Organiza poucos eventos e não explora essa plataforma como poderia - FRACO 4 0,4 Explorar de maneira rentável e impactante 10 1 0,1 Não existe investimento em propaganda, apenas através de seus veículos internos e com pouca abrangência- FRACO f) Promoção de vendas: 0,1 Não existe uma área voltada para isso - FRACO g) Relações Públicas: 0,2 h) Eventos: 0,1 1 3 Boa divulgação de seus eventos e ações graças a parcerias com veículos e personalidades - FORTE e) Propaganda: Total: 4,5 6,5 Boa organização do site e layout FORTE NOTA FINAL: Nota 1,703 Boa organização do site e layout FORTE 0,4 Ideal Nota Pond. Nota Forma: 4 Nota Pond. Meninos do Morumbi 2,258 1,7 mediana e um pouco poluído, porém atinge seus objetivos FORTE d) Site: Nota Pond. 8,5 Devido ao forte contato do coordenador geral a instituição têm alta visibilidade na mídia FORTE com baixa distribuição - FORTE c) Qualidade do Padrão Visual: Nota isso, porém a marca é mais forte FRACO É estruturada e obtém ótimos resultados - FORTE principais fontes de doações FORTE 5 4,5 0,5 Boa capacidade de divulgação forte relacionamento 6,85 7,525 5,675 10 6,9 7,4 6,2 10 190 Na tabela 5.30 a seguir temos um resumo da análise com a nota geral para cada output e a nota final total para cada instituição: Tabela 5.30 - Modelo avaliativo dos outputs (cont.) Através da análise das tabelas apresentadas podemos notar que o AfroReggae obteve uma nota final boa, porém possui diversos pontos a melhorar. Na comparação com as outras organizações notamos que o AfroReggae é líder no output produto, pois além de oferecer cursos de qualidade para a comunidade tem a vantagem de estar localizado dentro da favela e permitir o fácil acesso a seus usuários. Outro ponto de destaque do AfroReggae nesse output é o acompanhamento e orientação junto à família. A bolsa-estudo oferecida para os alunos também se destaca, pois além de estimular o aluno a se comprometer com o curso é um incentivo para a família, que devido às dificuldades financeiras dificilmente apoiaria um de seus integrantes a se dedicar apenas à arte e cultura. Nos outros 3 outputs notamos que o posicionamento das organizações é o mesmo, tendo o Instituto Ayrton Senna recebido a maior nota, seguido do Grupo Cultural AfroReggae e Meninos do Morumbi. Essa configuração foi responsável por manter a mesma posição dos concorrentes na avaliação final. Pudemos observar que a configuração de notas comprovou o que vimos anteriormente na definição da concorrência: o Grupo Cultural AfroReggae e o 191 Meninos do Morumbi têm características similares, pois oferecem um ótimo serviço para a comunidade, desenvolvendo e estimulando seus alunos, com acompanhamento médico e apoio à família. Porém, pelo fato de oferecerem este serviço personalizado e de qualidade não conseguem atender a toda demanda de sua comunidade. Na comparação entre essas duas instituições o Grupo Cultural AfroReggae teve uma avaliação um pouco melhor principalmente devido ao fato de ter 4 unidades e por estar localizado dentro da própria favela, facilitando muito o acesso para a comunidades. Como contraponto temos o Instituto Ayrton Senna, que não possui estrutura física própria para o atendimento de seus funcionários e terceirizou seus serviços, distribuindo-os entre diversas ONG’s. Isso permite uma alta abrangência, porém reduz muito a qualidade de seus serviços e não permite um acompanhamento próximo de todas as atividades. Contudo, devido ao forte apelo da imagem de Ayrton Senna com a população e também à alta influência política essa organização ficou com a melhor avaliação, pois tem muita facilidade para angariar fundos, possui altíssima abrangência em todo o Brasil e graças a parcerias com agências de comunicação faz um ótimo trabalho de imagem de marca. Podemos então concluir que as duas principais oportunidades para o Grupo Cultural AfroReggae seriam concentrar seus esforços em melhorar a sua imagem de marca institucional no país e aumentar a abrangência de seus serviços oferecidos. Como ameaças podemos citar a baixa capacidade de atendimento, que gera uma sobrecarga e uma fila de espera, o que pode gerar um descontentamento dos interessados em participar e também uma migração de possíveis alunos para outras ONGs e projetos. E a principal ameaça identificada é a alta dependência de recursos financeiros advindos de patrocinadores, deixando a organização um pouco frágil e 192 correndo o risco de cortar futuros projetos ou até ir a falência caso algum patrocinador deixe de apoiar o projeto. 193 CAPÍTULO VI - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Neste capítulo apresentaremos uma proposta de objetivos, metas e estratégias que estão pautadas em todas as avaliações realizadas anteriormente. Tais ações irão nortear as ações do Grupo Cultural AfroReggae na busca de sua autonomia financeira. 6.1 Objetivos / Metas Definitivos a) Objetivos Atingir a autonomia financeira por meio do incremento do faturamento advindos da venda de produtos e serviços do GRUPO CULTURAL AFROREGGAE. b) Metas Em 1 ano atingir a seguinte meta: 60% recursos advindos da verba de patrocínios 40% recursos advindos da verba com a venda de produtos e serviços. 6.2 Estratégias Para atingir os Objetivos e Metas acima definidos propomos a seguir estratégias para cada um dos quatro outputs. Vale ressaltar que para a elaboração da estratégia foram consideradas todas as análises do ambiente, da empresa e do mercado anteriormente apresentadas, e que apesar de identificarmos inúmeras oportunidades em todos os âmbitos optamos por nos concentrar nas que consideramos de maior urgência para o Grupo Cultural AfroReggae e que atendam o 194 seu objetivo de aumento de faturamento com a venda de serviços e produtos próprios. A seguir temos um resumo das estratégias elaboradas para atender as principias necessidades identificadas em cada output, e em seguida, apresentaremos o plano detalhado de implementação que atende a todos os pontos da estratégia. Um ponto relevante a ser justificado nessa parte do trabalho é que optamos por apresentar uma única atividade robusta e completa ao invés de diversas pequenas ações isoladas. Os benefícios de nossa opção são ganhos de escala em quase todos os sentidos, e também o alinhamento de todas as ações com um único conceito, o que acreditamos que irá amplificar a mensagem que queremos passar à sociedade e também facilitar seu entendimento. Por outro lado temos o viés de não conseguirmos atender com a eficiência que gostaríamos todas as oportunidades de melhoria que identificamos. a) Produto / Serviço: Pelas análises e pela pesquisa pudemos observar que os serviços oferecidos pelo Grupo Cultural AfroReggae são de alta qualidade, sejam os cursos oferecidos para a sociedade como também os shows realizados pelas bandas e grupos de alunos. Portanto a principal estratégia sugerida em relação a esse output não foca na melhoria de seus produtos, mas principalmente em oferecê-los a um mercado inexplorado. De acordo com a pesquisa de campo notamos uma alta demanda reprimida de jovens da alta sociedade que gostariam de “subir o morro” para freqüentar os núcleos do AfroReggae, usufruir de seus cursos, se envolver e ajudar as 195 comunidades carentes que ele se encontra. Na pesquisa de tendências do consumidor apresentada notamos também o aumento de jovens dispostos a participar de atividades sociais e contribuírem para uma sociedade mais justa e igualitária. Baseado nisso, a estratégia que propomos para o Grupo Cultural AfroReggae é de promover a “integração Morro-Asfalto”, ou seja, tornar seus serviços e produtos mais acessíveis para a alta sociedade e incentivar o intercâmbio entre os jovens das classes sociais mais privilegiadas com jovens da favela. Isto abrirá um novo mercado para o AfroReggae e aumentará o volume de vendas de seus produtos. Como segundo plano propomos também uma reformulação do posicionamento de preço de alguns produtos (como bonés e camisetas), que por serem agora oferecidos a um público mais rigoroso e com mais condições sociais exigem um produto de maior qualidade, e também estão mais dispostos a ter um desembolso maior do que o preço atual cobrado. b) Preço / Remuneração: A estratégia de preço proposta para o Grupo AfroReggae é uma conseqüência da estratégia de produto, ou seja, pelo fato de abrirmos os serviços e produtos do AfroReggae para um novo mercado mais exigente e de maior poder aquisitivo. Os preços de todos os seus produtos (inclusive as bandas) deverão ser reposicionados para condizer com o novo público-alvo trabalhado, e também com a estratégia de agregar valor para a marca “AfroReggae”, que será apresentada na estratégia de comunicação a seguir. 196 c) Vendas / Distribuição: Pelas análises anteriores pudemos perceber que esse é uma das ameaças citadas na análise dos outputs, pois o Grupo possui uma limitada força de venda de seus produtos, baixa distribuição, e está restrito no eixo RJ-SP. A estratégia proposta visa aumentar sua distribuição através da ampliação do alcance de seus serviços. Hoje o AfroReggae apenas conta com instalações dentro das favelas, e isso acaba limitando sua distribuição para as pessoas dessa comunidade. Nossa sugestão é ampliar esses serviços para a cidade, aumentando o número de usuários, ampliando o leque de pessoas atingidas e consequentemente aumentando a venda de seus produtos e serviços. Num segundo momento (caso nossa estratégia se prove vencedora) temos a intenção de ampliar os serviços do AfroReggae para outras cidades e regiões do país, consolidando sua imagem no país inteiro. d) Comunicação: A estratégia de comunicação é fundamental para o sucesso do projeto como um todo, pois acreditamos que o fator-chave que motiva o consumidor a colaborar com o projeto e adquirir seus serviços e produtos a um preço diferenciado é a identificação com a proposta social do Grupo Cultural AfroReggae. A estratégia de comunicação proposta tem 2 objetivos principais: 1) Aumentar o conhecimento da marca AfroReggae: Apesar do AfroReggae já ser uma marca relativamente conhecida especialmente quando comparada a outras organizações do Terceiro Setor identificamos que muitas pessoas nunca ouviram falar do AfroReggae ou então a maioria das pessoas que já ouviram falar 197 não sabem direito do que se trata a organização muito menos quais são seus serviços oferecidos. Em nossa pesquisa de campo notamos também a alta associação do projeto apenas com a Banda AfroReggae, o que pode ser prejudicial para a imagem da organização como um todo, pois restringe a imagem do AfroReggae apenas a um de seus projetos e dificulta o entendimento de seu propósito de existência. O que sugerimos nessa frente é aumentar o conhecimento de marca no Brasil e desvincular sua imagem apenas à banda, tornando-se dessa forma mais relevante para o consumidor e facilitando o entendimento dos objetivos do Grupo Cultural AfroReggae perante à sociedade. 2) Aumentar substancialmente o número de pessoas que aderem à causa defendida pelo Grupo Cultural AfroReggae: Através de uma comunicação relevante para o público-alvo defendemos a necessidade do Grupo Cultural AfroReggae explicitar seus objetivos e dessa forma atrair mais e mais contribuintes para colaborar com suas causas através de doações, compra de produtos, aquisição de serviços, trabalho voluntário, ou qualquer outro tipo de contribuição. 6.3 Projeto Proposto Tendo em vista que as estratégias apresentadas acima endereçam as principais necessidades identificadas pelas análises apresentadas até então passemos agora para a proposta de implementação dessas estratégias. Como já citado anteriormente decidimos pela criação de uma única ativação que possa ter diversos desdobramentos e atenda às oportunidades de melhorias identificadas. 198 6.3.1.Conceito O conceito que permeia toda a proposta sugerida para o Grupo Cultural AfroReggae é o de “promover a integração Morro - Asfalto”, ou seja, iniciar um movimento de aproximação dessas duas realidades tão distintas que existem hoje na sociedade brasileira e fazer dela um símbolo e exemplo de que é possível diminuir a desigualdade social em nosso país. Todas as atividades sugeridas para o Grupo Cultural AfroReggae giram sobre esse conceito e acreditamos que essa idéia possa ser replicada e adaptada de diversas e diferentes maneiras sem perder sua força e apelo. Para facilitar a compreensão de nossa proposta dividimos também as atividades dentro dos mesmos outputs anteriormente apresentados. 6.3.2 Proposta de implementação para Produto / Serviço O produto idealizado pelo nosso grupo é uma casa-conceito do Grupo Cultural AfroReggae localizada na parte urbana do Rio de Janeiro (ao invés de estar inserida dentro de uma favela) e voltada principalmente para o público da Classe A/B da cidade, mas com acesso gratuito a todos e com uma cota de bolsas destinadas à população de baixa renda. A casa funcionará como um espaço cultural que exalta a cultura AfroBrasileira, traga diversas informações históricas relevantes e que ajude a explicar à população o surgimento das favelas no Rio de Janeiro. Além disso visa promover a integração “Morro-Asfalto” através de cursos e oficinas gerenciados por alunos e professores da comunidade oferecidos à sociedade, especialmente às classes mais altas e turistas. O Espaço AfroReggae será totalmente voltado à cultura afrobrasileira, e uma das maneiras de promover a integração de classes sociais distintas 199 está na própria proposta de funcionamento da casa, que além dos funcionários contratados contará com colaboradores da favela e da alta sociedade, como, por exemplo, jovens universitários lecionando inglês e do outro lado os jovens da favela dando aula de percussão e circo. Esse tipo de parceria poderia ser estendida também para escolas particulares e universidades, onde em troca de um curso de percussão liderado por alunos do AfroReggae as instituições doariam algumas bolsas-estudo para crianças carentes da favela. Por se tratar de um passo mais avançado de nossa proposta e também por depender do voluntariado não contemplamos essas parcerias em nosso estudo de viabilidade. O projeto proposto para a casa é de um espaço que contenha a seguinte estrutura e os seguintes serviços: - Sala de aula: utilizada para aulas de música, história da música AfroBrasileira, -e aulas teóricas de instrumentos musicais. - Sala acústica para aula: uma sala ampla que pode ser utilizada para cursos de percussão, oficinas de teatro, curso básico de circo e aulas práticas de instrumentos musicais. - Espaço para eventos / Auditório: Um espaço mais amplo que contém telão, pequeno palco e equipamento de som. Pode ser utilizado tanto para Palestras e Workshops como também para a realização de pequenos eventos e ser alugado para empresas. Periodicamente nesse espaço ocorrerá a exibição de filmes e documentários sobre temas culturais relevantes, com posterior discussão em grupo. - Pequeno Museu da cultura Afro-Brasileira: Um espaço que além de conter objetos históricos e típicos da cultura afro-brasileira tem o objetivo de contar a história do surgimento das favelas no Rio de Janeiro e explicar a dificuldade que as crianças têm de crescer e se desenvolver num ambiente como este. A intenção é de 200 que a experiência toque emocionalmente o visitante em relação à necessidade de se tomar alguma atitude frente à realidade que vivemos hoje no Brasil. - Loja: Uma loja com todos os produtos do AfroReggae, como Cd’s, DVD’s, bonés, camisetas, agasalhos, porta-retratos, livros, canetas. Conta também com um guichê para venda de shows das bandas e apresentações do projeto, recolhimento de doações, e agendamento de visitas programadas às sedes do AfroReggae localizadas dentro das comunidades carentes. É importante ressaltar que a visita proposta à comunidade é completamente diferente do tipo de visita que existe hoje para a favela da Rocinha. Ao invés de realizar um tour que explore a pobreza da favela a intenção é de conscientizar o visitante do trabalho que está sendo feito no AfroReggae, de sua necessidade de amplificação, e terminar com um convite à colaborar com o projeto ou com a sociedade de alguma forma. Além desses itens a casa também contará com as dependências básicas como uma recepção, uma sala de convivência, banheiros, cozinha e sala para administração. A ambientação da casa será baseada em casas da favela, com uma decoração simples, estrutura básica e não terá a intenção de ser um ambiente de luxo ou moderno, e sim de encantar pela simplicidade e por ser um ambiente aconchegante. A proposta é atrair principalmente os jovens de classes sociais mais altas, uma vez que a conscientização desse público é fundamental para a mudança da situação atual..Porém, por se tratar de um projeto que defende a igualdade social e a integração Morro-Asfalto, existirá para cada curso uma porcentagem de cotas gratuitas para alunos que comprovem que não têm condição de pagá-lo. A sugestão 201 inicial é de que 25% das vagas dos cursos sejam destinadas a alunos de baixa renda. 6.3.3 Proposta de implementação para Preço / Remuneração A principal mudança na proposta de Preço do Grupo Cultural AfroReggae é o fato de que no Espaço AfroReggae pretendemos cobrar por todos os cursos oferecidos (ao contrário do que ocorre nas outras sedes do AfroReggae, onde os cursos são gratuitos e destinados apenas à população carente) e também cobrar pelos outros serviços como o tour pelo Museu, sessões de exibição de filmes, documentários e palestras. Vale lembrar que esse posicionamento de preço diferenciado ocorre por se tratar de um produto voltado para o público da alta sociedade e que como citado anteriormente o valor cobrado tem a finalidade de compensar as bolsas oferecidas para os alunos de baixa renda nos mesmos cursos. O raciocínio de reposicionamento de preço vale não só para os serviços como também para os produtos, que com uma imagem de marca mais fortalecida poderão ser cobrados a um valor mais alto. A sugestão de valores de todos os serviços encontra-se adiante, no estudo de viabilidade financeira. 6.3.4 Proposta de implementação para Vendas / Distribuição No pilar Vendas e Distribuição a proposta é que com a inauguração do Espaço AfroReggae na cidade do Rio de Janeiro a distribuição dos serviços oferecidos aumente substancialmente, pois o serviço se tornará muito mais acessível à população em geral e não ficará apenas restrito à comunidade. Como a maioria dos serviços do Espaço AfroReggae serão cobrados, o faturamento da empresa também terá um incremento relevante, ainda mais quando levamos em 202 conta o reposicionamento de preço dos produtos vendidos e da estratégia de comunicação, que tornará a organização muito mais rentável financeiramente e impactará no fluxo de pessoas freqüentadoras do Espaço. Como continuidade da estratégia de aumento de distribuição e vendas, nossa proposta é replicar Espaço AfroReggae para outras cidades do país, atingindo mais pessoas e ajudando a consolidar a marca AfroReggae em todo o Brasil. 6.3.5 Proposta de implementação para Comunicação Como já dito anteriormente na parte de estratégia para comunicação, é necessário aumentar o conhecimento da marca AfroReggae e mostrar a relevância da causa, pois só assim a organização atrairá mais colaboradores e poderá implementar o reposicionamento de preço de seus produtos próprios. Devido ao fato de apresentarmos um único projeto em que todas as atividades permeiam em torno de uma mesma mensagem acreditamos que na nossa proposta de criação do Espaço AfroReggae o plano de comunicação é um fator fundamental, pois tem a função de utilizar todas as atividades propostas nos outros outputs como ferramenta para amplificar a mensagem principal Dessa forma a comunicação serve como o meio de ligação entre todas as atividades, e então a necessidade dela ser clara, relevante e abranger um grande público. 6.3.5.1 Conteúdo da mensagem Acreditamos que o conteúdo principal a ser transmitido no plano de comunicação do AfroReggae é a essência de sua missão, que é “promover a inclusão e a justiça social”. Para tornar a mensagem mais relevante à população 203 sugerimos que também seja comunicada a maneira com que se deseja atingir esse objetivo, que é através da proposta de promover a integração Morro-Asfalto, aproximando realidades diferentes em busca de um mesmo ideal. Também consideramos necessário complementar a mensagem identificando os fatores que vão promover essa integração, que é a arte, a cultura afro-brasileira, e a educação. 6.3.5.2 Plano de Comunicação Integrada Sabendo que Comunicação Integrada é uma filosofia que propõe a junção das diversas áreas da comunicação visando sinergia entre as ações, o plano que se segue propõe a utilização estratégica das ferramentas do mix da comunicação para o atingimento das metas estabelecidas. Levando em conta a situação atual da organização e o escopo de nosso projeto optamos por priorizar as ações de comunicação mercadológica e institucional a seguir apresentadas. Como um dos objetivos da comunicação é aumentar o conhecimento do Grupo Cultural AfroReggae no Brasil necessitaríamos de um plano de alta cobertura de mídia. Por outro lado estamos lidando com uma organização que tem alta dependência de seus financiadores e doadores e que não possui grande quantidade de recursos para investir num plano robusto e abrangente. Devido a isso, o plano proposto para o projeto do Espaço AfroReggae teve de ser baseado em dois pilares principais: - Relações Públicas e Assessoria de Imprensa: Através da aplicação das ferramentas de análise percebemos que o Grupo Cultural AfroReggae possui fortes contatos com os veículos, onde destaca-se o bom relacionamento com a TV Globo, e também com diversos artistas e personalidades que estão sempre dispostos a 204 apoiar a causa defendida pela organização. Porém atualmente existe apenas uma área de assessoria de imprensa, e não há um plano estruturado de Relações Públicas. Acreditamos que com um investimento relativamente baixo de contratação de uma agência especializada os resultados poderiam se multiplicar. Além de ser uma ferramenta econômica optamos por investir em Relações Públicas, pois acreditamos que o propósito do projeto de integração Morro-Asfalto é naturalmente um gerador de mídia espontânea, portanto essa seria a maneira mais rentável de se obter resultados de mídia. Porém, por se tratar de uma mensagem relevante, possivelmente estaremos presente nos meios: TV, Revistas, Rádio e Jornal através de entrevistas e notícias sobre o lançamento e propósito do projeto. Além disso, também contamos com a parceria e doação de espaços, entretanto para fins acadêmicos consideramos em nosso estudo de viabilidade que nenhum veículo cederá espaço gratuito de mídia. - Internet: A priorização dessa ferramenta foi decidida pelo fato de: (1) ser uma mídia barata quando comparada a outros meios como TV e Revista, (2) por se tratar de um meio de alta afinidade com o público alvo do projeto e também (3) pela possibilidade de prolongar a interação com o consumidor, levando-o para o website do AfroReggae e permitindo-o ter contato com nossos produtos e serviços. Os valores a serem investidos encontram-se mais adiante na análise de viabilidade financeira. No que tange a comunicação interna e administrativa propomos ações que visam divulgar o Espaço AfroReggae para o público interno (funcionários, alunos, educadores, colaboradores, familiares e voluntários), comunidades residentes nos morros e parceiros da instituição utilizando as ferramentas de comunicação interna já existentes, tais como: a Revista Conexões Urbanas, a rádio Comunitária, o 205 website do projeto e através das divulgações dos grupos e bandas durante suas apresentações. 6.3.5.3 Ferramentas de divulgação Para suportar o lançamento do Espaço AfroReggae contamos com duas ferramentas principais, condizentes com os pilares Internet e Relações Públicas selecionados anteriormente. São elas: - Website: a utilização da campanha de mídia de internet – irá gerar um alto fluxo de internautas para o website do Grupo AfroReggae. Nossa proposta é oferecer a esse consumidor conteúdos e serviços relevantes. Para isso temos a proposta de reformular o site do AfroReggae, criando uma seção específica sobre o Espaço AfroReggae que explique ao consumidor o seu propósito, especifique os serviços oferecidos e possua ferramentas que permitam o consumidor a participar como colaborador, comprar produtos e manter contato direto com a instituição. - Evento beneficente para a Inauguração do Espaço AfroReggae: Com o objetivo de amplificar a mensagem social e ganhar espaço na mídia às vésperas do lançamento do Espaço AfroReggae propomos a realização de um show beneficente em defesa da inclusão e justiça social no Brasil. Esse show contará com a presença de diversos artistas que apoiam o AfroReggae, e a sugestão é que fosse um show de grande dimensão, como os últimos shows de artistas de renome realizados nas praias do Rio de Janeiro. Por se tratar de um show beneficente nesse caso haveria a necessidade de angariar empresas patrocinadoras e fornecedores parceiros, que assim como os artistas não cobrariam pelas apresentações ou cobrassem apenas o 206 valor de custo de seus serviços. Toda a renda arrecadada seria revertida para o AfroReggae, que a utilizaria para cobrir os investimentos até então realizados em seus projetos. Durante o show o Grupo Cultural AfroReggae mostrará o como pretende colaborar para a inclusão e justiça social através de seus projetos. Além disso, o evento poderá colaborar muito para a divulgação da causa, da marca AfroReggae, do lançamento do Espaço AfroReggae e serviria como combustível inicial para gerar tráfego de pessoas no Espaço e no website. 6.4. Gestão Estratégica: 6.4.1 Organização Esta seção visa organizar os inputs necessários para viabilizar a proposta apresentada. a) Orçamento Ao contrário de um projeto de melhoria, onde temos investimentos variados ao longo de diversos meses, nosso projeto trata-se da construção de um novo espaço, e sendo assim, temos dois momentos distintos de investimento: Investimento inicial pontual e em seguida, após a inauguração do Espaço AfroReggae, um investimento de manutenção. Vamos aqui apenas quantificar o investimento inicial, e mais adiante, na análise de viabilidade financeira, teremos a projeção do fluxo de caixa completo. A tabela 6.1 abaixo, contempla o investimento inicial necessário para a viabilização do projeto. Vale deixar claro alguns pressupostos utilizados para a confecção da tabela: 207 - Os itens “aluguel”, “salários”, “impostos” e “concessionárias” não foram considerados como investimento inicial e estão contemplados no fluxo de caixa da análise de viabilidade financeira. - Os valores de custo unitário dos bens de consumo e equipamentos adquiridos encontram-se na análise de viabilidade financeira. - O item “aparelhagem de som” contempla 1 receiver, 1 mesa de som, 5 caixas acústicas, 3 Microfones, 2 DVDs players, 1 vídeo cassete, cabos, pedestais e 2 micro system. - O item “instrumentos musicais” é uma verba alocada para compra dos instrumentos musicais que o AfroReggae não possua ou não possa produzir. - O item “show beneficente” é uma verba alocada para eventuais gastos que não possam ser pagos via parceria/doação. 208 Tabela 6.1. Estimativa de investimento inicial para o espaço AfroReggae Item Reformas e adaptações Projeto de arquitetura Mão de obra Materiais de construção Decoração Subtotal Reformas Recursos Humanos Treinamento Subtotal RH Equipamentos 5 Computadores com Impressora 10 Telefones e 2 Fax Telão/Projetor Aparelhagem de Som 2 Televisores 29' e 1 TV de plasma Instrumentos Musicais Materiais de Escritório Subtotal Equipamentos Comunicação Reformulação de Website Mídia digial Show Beneficente Subtotal Comunicação Bens de Consumo 100 Bonés 63 Porta Retratos 63 Cds 25 Dvds 31 Livros 100 Camiseta modelo 1 100 Camiseta modelo 2 100 Camiseta modelo 3 8 Agasalhos 250 Canetas Subtotal Bens de Consumo TOTAL DE INVESTIMENTO Mês Zero R$ R$ R$ R$ R$ 80.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 530.000,00 R$ R$ 2.500,00 2.500,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 12.500,00 710,00 1.000,00 8.000,00 4.000,00 10.000,00 3.000,00 39.210,00 R$ R$ R$ R$ 100.000,00 110.000,00 15.000,00 225.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ 801.830,83 209 b) Organograma / Descrição de funções O projeto contempla um quadro de 10 funcionários fixos que obedecerão as funções abaixo descritas: - 1 Gerente: responsável pela coordenação de todas as atividades da casa, tais como abertura e fechamento do espaço, gerenciamento dos funcionários, controle de atividades financeiras (fechamento do caixa), de logística (pedido de materiais e produtos, gerenciamento de estoques), contato com o consumidor e reporte para os coordenadores do Grupo Cultural AfroReggae. - 1 Recepcionista Bilíngüe: responsável pelo atendimento inicial do cliente, atendimento por telefone, agendamento de cursos e palestras, e capacitado para explicar sobre todos os serviços e produtos do AfroReggae. - 2 Atendentes na Loja (1 Bilíngue): responsáveis pela venda de todos os produtos e serviços do AfroReggae, recebimento de doações, propostas de parceria, e controle do caixa. - 2 Seguranças: responsável pela segurança do local, com realização de rondas periódicas. - 1 funcionário para a limpeza: responsável pelo asseio do local - 1 Técnico de Som / Vídeo: Responsável por detalhes técnicos e instalações e manutenção de equipamentos eletrônicos; - 2 Guias para museu e tour às favelas: responsável por acompanhar os consumidores e explicar-lhes tudo durante às visitas ao museu e às comunidades. A estrutura de hierarquia é simples, onde todos os funcionários respondem para o gerente da casa, que presta contas aos coordenadores do Grupo Cultural AfroReggae, conforme a figura 6.1 abaixo: 210 Quadro 6.1: Hierarquia proposta 1 Gerente 1 recepcionista bilíngüe 2 Atendentes na Lo ja (GUEBilí ) 2 Seguranças 1 funcionário para li 2 Gu iaS Museu e Tour 1 Técnico de So m e Vídeo c) Fluxogramas / Cronogramas: A seguir temos um cronograma detalhado das atividades necessárias para a execução do projeto, contemplando as datas-chave e a estimativa de tempo de realização cada tarefa. Ao lado do cronograma encontra-se o Gráfico de Gantt, que ilustra a relação de dependência entre cada tarefa e mostra a organização delas na linha do tempo. Esse tipo de gráfico é útil para o gerenciamento do projeto pois facilita a identificação de quais as atividades-chave para evitar o atraso do lançamento, bem como quais atividades podem ser executadas em paralelo. A tabela 6.2 a seguir contém o cronograma e Gráfico de Gantt aplicado para o projeto Espaço AfroReggae. Apenas para efeitos ilustrativos assumimos que o início do projeto ocorrerá no dia 27 de agosto, a segunda-feira após a apresentação da proposta. 211 Tabela 6.2 – Gráfico de Gantt do projeto Espaço AfroReggae 212 Pela tabela apresentada podemos notar que existem quatro blocos independentes que podem ser tocados em paralelo no decorrer do projeto. São eles: - Reforma do Espaço: contempla todo o planejamento, orçamentos, compras de materiais e execução da reforma em si. - Relações Públicas: Contratação de Agência, planejamento de Relações Públicas e projeto do show beneficente. - Recursos Humanos: Seleção, contratação e treinamento de funcionários. - Comunicação Digital: Contratação de agência, criação de campanha e plano de mídia online e reformulação de website. Por se tratar de blocos independentes, a demanda pode ser administrada com mais facilidade, pois quando um deles estiver em espera o outro pode receber maior foco, e vice-versa. O tempo total do projeto é de aproximadamente 15 semanas (3 meses e meio), e dentre os quatro blocos citados os dois mais críticos são a reforma do espaço e a comunicação digital. O atraso em qualquer uma das etapas desse bloco acarreta no atraso do projeto como um todo, por isso eles devem receber uma atenção especial. 213 6.4.2 Coordenação: a) Capacitação / Condições adequadas de trabalho: Treinamento semestral de atendimento a cliente; Capacitação de mão de obra da própria comunidade, para incentivo dos alunos e profissionais interessados em potencial; Local adequado de trabalho para que os professores das oficinas estejam motivados a treinar e buscar inovações e aperfeiçoamento; Instrumentos musicais com alta qualidade para os alunos e professores; As metas serão discutidas e estipuladas por todos os colaboradores envolvidos, para que todos se sintam incluídos em alcançar essas metas. b) Plano de cargos / salários: Salário dos professores de teatro, percussão, circo e música afro será na média de R$1.000,00. Esses professores serão ex -alunos das oficinas da instituição. Só a chance de serem contratadas, já é um incentivo para se dedicarem às aulas e ao seu aperfeiçoamento, devido às dificuldades que têm de encontrar emprego em outras empresas; Professor de história afro brasileira receberá R$ 1400,00; Faremos também, permutas com faculdades do Rio de Janeiro, para que jovens façam estágio neste projeto da organização e em troca, recebam tais cursos sem ter que pagar por eles. 6.4.3 Controle a) critérios e parâmetros de: Os indicadores serão medidos com o cumprimento das metas estipuladas por todos os colaboradores anteriormente. São eles: Quantidade de crianças e jovens, pagantes, inscritos em cada curso; 214 Quantidade de ingressos vendidos para o museu; Locação do espaço para eventos; Quantidade vendida de bens de consumo. b) formas de avaliação: A avaliação será feita mensalmente, através da contagem dos ítens citados e serão estipuladas novas metas de acordo com o resultado obtido e também com o resultado obtido no mesmo período do ano anterior. Sempre de forma sistêmica, ou seja, analisando os inputs, throughputs e outputs da organização. 6.4.4 Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira A partir da análise de faturamento atual do Grupo Cultural AfroReggae tornase possível a projeção do impacto de nossas ações para o período proposto, 1 ano. Como objetivo buscamos alcançar 60% da receita advinda de patrocínio e 40% através da operação da Casa Conceito e demais atividades, diminuindo a proporção atual em 70% de patrocínios e 30% por recursos próprios que ocorrem atualmente. Na tabela 6.3 Planejamento, podemos identificar em valores monetários a proporção descrita acima. 215 Tabela 6.3 – Planejamento Cenário Atual Afroreggae % Item 70% 30% 100% Patrocínios Produtos Faturamento total Faturamento Mensal Faturamento Anual R$ R$ R$ 375.000,00 166.666,67 541.666,67 R$ R$ R$ 4.500.000,00 2.000.000,00 6.500.000,00 Cenário Proposto Afroreggae % Item 60% 40% 100% Patrocínios Produtos Faturamento total Fat. Atual Anual Fat. Proposto Anual R$ 6.500.000,00 R$ 7.500.000,00 Faturamento Mensal Faturamento Anual R$ R$ R$ 375.000,00 250.000,00 625.000,00 Proposto x Atual R$ 1.000.000,00 R$ R$ R$ 4.500.000,00 3.000.000,00 7.500.000,00 Fat. Mensal Médio R$ 83.333,33 A partir de então a previsão de vendas dos produtos e serviços oferecidos torna-se fundamental, como forma de projetar o fluxo de caixa para a operação de um ano. Na tabela 6.4 abaixo, estão as informações completas para a previsão de vendas bem como investimento necessário para sua execução. Nessa planilha podemos identificar a importância relativa de cada um dos produtos e itens oferecidos com relação ao faturamento proporcionado considerando a margem de contribuição individual. 216 Tabela 6.4 – Previsão de Vendas Previsão de Vendas Anual 30% set/07 10% 5% 5% 5% 5% 20% 20% 20% 5% 5% Bens Bonés Porta Retratos Cds Dvds Livros Camiseta modelo 1 Camiseta modelo 2 Camiseta modelo 3 Agasalhos Caneta Meta de faturamento Projeção de faturamento Preço de Compra R$ 3,50 R$ 4,50 R$ 2,50 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 40,00 R$ 0,50 Meta de faturamento Projeção de faturamento R$ R$ 300.000,00 458.750,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ Investimento 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 0,10 240,00 Preço de Venda R$ 25,00 R$ 20,00 R$ 20,00 R$ 50,00 R$ 40,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 150,00 R$ 5,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ % Meta Mínima Alcançada 2.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 4.000,00 4.000,00 4.000,00 1.000,00 1.000,00 25.000,00 20.000,00 80% out/07 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 25.000,00 R$ 20.000,00 80% 70% set/07 5% 5% 5% 5% 5% 30% 5% 40% Serviços Curso de percussão Curso de teatro Curso de música afro Curso de circo Curso de história afro-brasileira Shows - bandas Ticket museu Espaço para eventos Meta mínima de faturamento Projeção de faturamento Preço de Venda R$ 3.000,00 R$ 3.750,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 R$ 100.000,00 R$ 8,00 R$ 5.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 2.333,33 2.333,33 2.333,33 2.333,33 2.333,33 14.000,00 2.333,33 18.666,67 58.333,33 46.666,67 80% Total Fat Mensal R$ 66.666,67 % Meta Mínima Alcançada Meta de faturamento Projeção de faturamento R$ R$ 700.000,00 1.070.416,67 Faturamento anual meta Faturamento anual projetado R$ R$ 1.000.000,00 1.529.166,67 Faturamento mensal Faturamento anual R$ R$ 83.333,33 1.000.000,00 out/07 nov/07 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 5.000,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 2.500,00 2.500,00 25.000,00 50.000,00 200% dez/07 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 5.000,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 2.500,00 2.500,00 25.000,00 50.000,00 200% jan/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 5.000,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 2.500,00 2.500,00 25.000,00 50.000,00 200% fev/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 5.000,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 2.500,00 10.000,00 10.000,00 10.000,00 2.500,00 2.500,00 25.000,00 50.000,00 200% mar/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 4.500,00 2.250,00 2.250,00 2.250,00 2.250,00 9.000,00 9.000,00 9.000,00 2.250,00 2.250,00 25.000,00 45.000,00 180% abr/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 3.250,00 1.625,00 1.625,00 1.625,00 1.625,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 1.625,00 1.625,00 25.000,00 32.500,00 130% nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 2.333,33 2.333,33 2.333,33 2.333,33 2.333,33 14.000,00 2.333,33 18.666,67 58.333,33 46.666,67 80% R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 35.000,00 R$ 5.833,33 R$ 46.666,67 R$ 58.333,33 R$ 116.666,67 200% R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 35.000,00 R$ 5.833,33 R$ 46.666,67 R$ 58.333,33 R$ 116.666,67 200% R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 35.000,00 R$ 5.833,33 R$ 46.666,67 R$ 58.333,33 R$ 116.666,67 200% R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 5.833,33 R$ 35.000,00 R$ 5.833,33 R$ 46.666,67 R$ 58.333,33 R$ 116.666,67 200% R$ 5.250,00 R$ 5.250,00 R$ 5.250,00 R$ 5.250,00 R$ 5.250,00 R$ 31.500,00 R$ 5.250,00 R$ 42.000,00 R$ 58.333,33 R$ 105.000,00 180% R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 66.666,67 R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 150.000,00 R$ 108.333,33 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ mai/08 R$ 2.875,00 R$ 1.437,50 R$ 1.437,50 R$ 1.437,50 R$ 1.437,50 R$ 5.750,00 R$ 5.750,00 R$ 5.750,00 R$ 1.437,50 R$ 1.437,50 R$ 25.000,00 R$ 28.750,00 115% abr/08 3.791,67 3.791,67 3.791,67 3.791,67 3.791,67 22.750,00 3.791,67 30.333,33 58.333,33 75.833,33 130% jun/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ mai/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 3.354,17 3.354,17 3.354,17 3.354,17 3.354,17 20.125,00 3.354,17 26.833,33 58.333,33 67.083,33 115% R$ 95.833,33 3.250,00 1.625,00 1.625,00 1.625,00 1.625,00 6.500,00 6.500,00 6.500,00 1.625,00 1.625,00 25.000,00 32.500,00 130% jul/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ jun/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 3.791,67 3.791,67 3.791,67 3.791,67 3.791,67 22.750,00 3.791,67 30.333,33 58.333,33 75.833,33 130% R$ 108.333,33 4.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 2.000,00 2.000,00 25.000,00 40.000,00 160% ago/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ jul/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 4.666,67 4.666,67 4.666,67 4.666,67 4.666,67 28.000,00 4.666,67 37.333,33 58.333,33 93.333,33 160% R$ 133.333,33 4.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 2.000,00 2.000,00 25.000,00 40.000,00 160% ago/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 4.666,67 4.666,67 4.666,67 4.666,67 4.666,67 28.000,00 4.666,67 37.333,33 58.333,33 93.333,33 160% R$ 133.333,33 218 A partir de então foi possível a elaboração do Fluxo de Caixa total considerando receitas e despesas da Casa Conceito ao longo de 1 ano. Nesse fluxo de caixa, o objetivo é projetar o maior número de despesas reais que a casa terá, computando informações desde a própria reforma e construção até treinamentos de pessoal garantindo a qualidade de funcionamento. Assim, podemos destacar os seguintes gastos: reformas, recursos humanos, impostos, concessionárias, equipamentos, comunicação, bens de consumo e serviço. Podemos observar que ao final do primeiro ano da operação da Casa Conceito, esperamos que em 8 dos 12 meses de funcionamento a Casa Conceito irá gerar um lucro líquido positivo, entretanto, devido ao alto investimento inicial projetamos um lucro acumulado ao longo desse 1 ano negativo. Na tabela 6.5 segue a descrição de gastos de todas as variáveis citadas acima, como forma de embasar ainda mais nosso estudo de viabilidade econômica desse projeto. Na tabela 6.6 seqüente, apresentamos a análise econômico-financeira de acordo com as variáveis macros que auxiliam no cálculo do lucro acumulado. 219 Tabela 6.5 – Fluxo de Caixa Fluxo de Caixa Item Aluguel do imóvel Subtotal Aluguel Reformas e adaptações Projeto de arquitetura Mão de obra Materiais de construção Decoração Subtotal Reformas Recursos Humanos Salários Treinamento Subtotal RH Impostos Super simples IPTU Alvará de funcionamento Subtotal Impostos Concessionárias Agua Energia elétrica Telefone Internet Subtotal Concessionárias Equipamentos Computador / impressora Aparelho de telefone / fax Materiais de escritório Aparelhagem de som Projetor / telão Instrumentos musicais Material de apoio aos cursos Subtotal Equipamentos Comunicação Assessoria de Imprensa Mídia digial + website Show Subtotal Comunicação Bens de Consumo Bonés Porta Retratos Cds Dvds Livros Camiseta modelo 1 Camiseta modelo 2 Camiseta modelo 3 Agasalhos Caneta Subtotal Bens de Consumo Serviços Curso de percussão Curso de teatro Curso de música afro Curso de circo Curso de história afro-brasileira Shows - bandas Ticket museu Espaço para eventos Subtotal Serviços set/07 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 80.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 530.000,00 R$ R$ R$ 5.000,00 2.500,00 7.500,00 R$ R$ R$ R$ out/07 nov/07 dez/07 5.000,00 R$ 5.000,00 12.500,00 7.500,00 R$ R$ R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ R$ R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ 500,00 40.000,00 40.000,00 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ R$ R$ 5.000,00 5.000,00 2.500,00 7.500,00 5.000,00 5.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ 500,00 ago/08 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 12.500,00 710,00 1.000,00 8.000,00 4.000,00 10.000,00 3.000,00 39.210,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ 500,00 R$ R$ R$ R$ 3.500,00 70.000,00 15.000,00 88.500,00 R$ R$ 3.500,00 70.000,00 R$ R$ 3.500,00 70.000,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 73.500,00 R$ 73.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 350,00 281,25 156,25 250,00 625,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 333,33 125,00 5.120,83 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1.000,00 1.000,00 1.200,00 1.200,00 1.400,00 25.000,00 36,46 30.836,46 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 jul/08 12.500,00 7.500,00 5.000,00 25.000,00 Resultado operacional R$ R$ jun/08 5.000,00 66.666,67 40.000,00 40.000,00 mai/08 5.000,00 769.167,29 R$ R$ abr/08 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 mar/08 R$ R$ R$ R$ fev/08 R$ R$ Custo Mensal 40.000,00 40.000,00 jan/08 40.000,00 40.000,00 Faturamento Mensal R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ R$ 40.000,00 40.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ R$ 12.500,00 7.500,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ R$ R$ R$ R$ 500,00 1.200,00 1.000,00 300,00 3.000,00 R$ 500,00 R$ 177.457,29 R$ 177.457,29 R$ 107.957,29 R$ 107.457,29 R$ 107.457,29 R$ 109.957,29 R$ 107.957,29 R$ 107.457,29 R$ 107.457,29 R$ 107.457,29 R$ 107.957,29 R$ R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 166.666,67 R$ 150.000,00 R$ 108.333,33 R$ R$ 108.333,33 R$ 133.333,33 R$ 133.333,33 R$ R$ R$ R$ R$ (11.623,96) R$ R$ R$ 66.666,67 (702.500,63) R$ (110.790,63) R$ (10.790,63) R$ 58.709,38 59.209,38 59.209,38 40.042,71 376,04 95.833,33 876,04 25.876,04 25.376,04 220 Tabela 6.6 – Viabilidade Econômico Financeira Viablidade Econômica - Financeira set/07 66.666,67 out/07 R$ 66.666,67 nov/07 Receita Bruta R$ R$ (-) Descontos R$ (659.210,00) R$ (70.000,00) R$ Receita Líquida R$ (592.543,33) R$ (3.333,33) R$ (-) Custo de Produção R$ (35.957,29) R$ (35.957,29) R$ Lucro Bruto R$ (628.500,63) R$ (39.290,63) R$ (-) Custos Operacionais R$ (61.500,00) R$ (59.000,00) R$ Lucro Operacional R$ (690.000,63) R$ (98.290,63) R$ 166.666,67 dez/07 R$ (70.000,00) R$ 96.666,67 R$ (35.957,29) R$ 60.709,38 R$ (59.000,00) R$ 1.709,37 R$ 166.666,67 jan/08 R$ (500,00) R$ 166.166,67 R$ fev/08 166.666,67 166.666,67 R$ R$ R$ mar/08 166.666,67 166.666,67 R$ R$ R$ abr/08 150.000,00 150.000,00 R$ R$ R$ (35.957,29) R$ (35.957,29) R$ (35.957,29) R$ (35.957,29) R$ 130.209,38 130.709,38 130.709,38 114.042,71 R$ (59.000,00) R$ 71.209,38 R$ R$ (59.000,00) R$ 71.709,38 R$ R$ (59.000,00) R$ 71.709,38 R$ R$ (61.500,00) R$ 52.542,71 R$ 108.333,33 mai/08 R$ (500,00) R$ 107.833,33 R$ (35.957,29) R$ 71.876,04 R$ (59.000,00) R$ 12.876,04 R$ jun/08 95.833,33 95.833,33 R$ R$ R$ (35.957,29) R$ 59.876,04 R$ (59.000,00) R$ 876,04 R$ jul/08 108.333,33 108.333,33 R$ R$ R$ (35.957,29) R$ 72.376,04 R$ (59.000,00) R$ 13.376,04 R$ ago/08 133.333,33 133.333,33 R$ R$ R$ (35.957,29) R$ 97.376,04 R$ (59.000,00) R$ 38.376,04 R$ 133.333,33 (500,00) 132.833,33 (35.957,29) 96.876,04 (59.000,00) 37.876,04 (-) Custos não operacionais (+) Receitas não operacionais Lucro antes do IR (-) Imposto de Renda R$ (12.500,00) R$ (12.500,00) R$ (12.500,00) R$ Lucro Líquido R$ (702.500,63) R$ (110.790,63) R$ (10.790,63) R$ R$ (813.291,25) R$ (824.081,88) R$ Lucro Líquido Acumulado (12.500,00) R$ 58.709,38 R$ (765.372,50) R$ (12.500,00) R$ 59.209,38 R$ (706.163,13) R$ (12.500,00) R$ 59.209,38 R$ (646.953,75) R$ (12.500,00) R$ 40.042,71 R$ (606.911,04) R$ (12.500,00) R$ (12.500,00) R$ 376,04 R$ (11.623,96) R$ (12.500,00) R$ 876,04 (606.535,00) R$ (618.158,96) R$ (617.282,92) R$ R$ (12.500,00) R$ 25.876,04 R$ (591.406,88) R$ (12.500,00) 25.376,04 (566.030,83) 221 De maneira geral, podemos observar, de acordo com as projeções efetuadas acima, que o pay back, ou seja o retorno do investimento realizado na Casa Conceito aconteceria em cerca de 6 anos conforme demonstrado na tabela 6.7. Para o segundo ano operacional e demais anos subseqüentes, consideramos para efeito de análise pontual que não haverá novamente o investimento para a reforma da Casa Conceito, bem como ocorrerá uma diminuição sobre o investimento total no Plano de Comunicação. É com essa premissa que se torna possível a projeção de um retorno sobre o investimento inicial em aproximadamente 6 anos. Tabela 6.7 – Análise de Retorno Análise de Retorno 1° ANO 2° ANO Item Reformas e adaptações R$ 530.000,00 Equipamentos R$ 39.210,00 R$ 569.210,00 Subtotal Item Investimento Casa Conceito Plano de Comunicação R$ Subtotal R$ 105.000,00 Total Invest. R$ 105.000,00 105.000,00 Custo operacional R$ 1.293.366,67 Custo anual total R$ 1.398.366,67 Fat anual R$ 1.529.166,67 R$ Web R$ Show R$ 15.000,00 R$ 225.000,00 Treinamento (RH) R$ 2.500,00 Resultado operacional 2° ano Bens de Consumo Pay Back Subtotal Investimento Plano de Comunicação 210.000,00 R$ 5.120,83 Subtotal R$ 7.620,83 Total Invest. R$ 801.830,83 Custo operacional R$ 1.293.366,67 Custo anual total R$ 2.095.197,50 Fat anual R$ 1.529.166,67 Resultado operacional 1º ano R$ (566.030,83) 130.800,00 6 anos 222 Já sob um cenário mais otimista, imaginamos que cerca de 70% do investimento inicial necessário possa vir de doações, o que resultaria em um retorno do investimento em cerca de 1 ano. Nesse cenário o valor total de R$794.210,00 diminuiria para cerca de R$238.263,00. Já no ano seguinte e subseqüentes, também com um Plano de Comunicação menos agressivo e financiado apenas por recursos próprios a expectativa para esse retorno sobre o investimento cairia para cerca de 1 ano, tornando esse projeto ainda mais atrativo. Os valores e conclusões acima podem ser encontrados na tabela 6.8 encontrada abaixo. Tabela 6.8 – Análise de Retorno – Cenário Otimista Análise de Retorno 1° ANO 2° ANO Item Reformas e adaptações R$ 530.000,00 Equipamentos R$ 39.210,00 R$ 569.210,00 Subtotal Plano de Comunicação Web R$ Show R$ 15.000,00 R$ 225.000,00 Subtotal Item Investimento Casa Conceito Investimento Plano de Comunicação R$ 105.000,00 105.000,00 Subtotal R$ Total Invest. R$ 105.000,00 Custo operacional R$ 993.366,67 Custo anual total R$ 1.098.366,67 Fat anual R$ 1.529.166,67 R$ 210.000,00 Treinamento (RH) R$ 2.500,00 Bens de Consumo R$ 5.120,83 Resultado operacional 2° ano Pay Back Subtotal R$ 7.620,83 Total Invest. R$ 240.549,25 Custo operacional R$ 993.366,67 Custo anual total R$ 1.233.915,92 Fat anual R$ 1.529.166,67 Resultado operacional 1º ano R$ 295.250,75 430.800,00 1 ano 223 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES A proposta desse projeto foi elaborar um planejamento de marketing para uma organização do terceiro setor por meio de modelos de análises do mercado competitivo e embasamento teórico. O planejamento elaborado apresentou propostas para uma organização não governamental com forte dependência de doações e patrocínios desenvolver-se de maneira financeiramente equilibrada, garantindo a sustentabilidade e continuidade de suas operações através da geração de recursos próprios, prestação de serviços e outros fins que permitam sua autonomia financeira. No decorrer desse trabalho buscamos embasamento teórico sobre a situação atual do terceiro setor no país. Identificamos posteriormente que as organizações não governamentais possuem como característica histórica a dependência financeira de doações e patrocínios advindos substancialmente do setor privado. Com o crescimento acelerado do terceiro setor no país e a pulverização dos recursos financeiros, o gerenciamento operacional tornou-se um desafio. A peculiaridade identificada proporcionou ao grupo um amplo campo de estudos relacionados a gestão financeira de tais organizações frente aos modelos de gestão padronizados das organizações do primeiro e segundo setor. Nesse contexto, organizações estruturadas de maneira eficaz passaram a obter vantagem competitiva frente as demais através da utilização de conceitos relevantes de marketing ampliado para o campo de estudo denominado marketing cultural. Com a utilização dos conceitos de marketing para organizações não 224 governamentais onde o produto oferecido é um produto cultural, tornou-se possível a contextualização também dos demais conceitos de marketing a fim de elaborar um planejamento eficaz e eficiente. Em nossa pesquisa exploratória percorremos temas como o universo da cultura no Brasil, no Rio de Janeiro e como processo de transformação da sociedade. Além disso, buscamos identificar o papel e a importância do terceiro setor dentro de um cenário de alta criminalidade, com envolvimento de crianças e jovens no narcotráfico. Frente ao cenário descrito a atuação do Grupo Cultural AfroReggae nas favelas cariocas torna-se essencial permitindo evidenciar que o objetivo pela autonomia financeira ocorra, bem como a necessidade de integração entre a comunidade das favelas e o público interessado em participar de causas sociais transformadoras. Compreendemos e denominamos essa sinergia necessária como integração “morro-asfalto”. Pudemos observar que a sustentabilidade almejada poderá ser fortalecida através de uma ampla interação do Grupo Cultural AfroReggae com a população, que atualmente evita subir o morro e participar das ações sociais realizadas por falta de segurança. Neste cenário propomos a construção de uma casa-conceito, que visa suprir essa carência de integração e proporcionar uma fonte de recursos rentável e continua com a venda de produtos e serviços oferecidos pelo grupo. A casa-conceito se apresenta como um projeto viável financeiramente uma vez que proporcionará um alto crescimento no volume de vendas dos produtos já oferecidos como CD’s, camisetas, livros e bonés, bem como serviços como palestras, shows das bandas e oficinas em geral. Um alto investimento inicial será necessário, entretanto, o Grupo Cultural AfroReggae poderá alcançar a ampliação de 225 seus produtos e serviços bem como a identificação e aproveitamento de uma demanda reprimida sobre um nicho de mercado não explorado. Estimamos um retorno sobre o investimento em 6 anos caso não ocorra patrocínio sobre nenhuma ação e em 1 ano caso o grupo alcance cerca de 70% do investimento inicial por patrocínios e/ou doações. Podemos destacar que o sucesso da iniciativa proposta poderá ser alcançada também por demais organizações não governamentais existentes no Brasil. Acreditamos que as melhorias sociais sobre a população marginalizada do país poderá ser maximizada quando as organizações do terceiro setor existentes alcançarem excelência operacional nivelando desejo de transformação a eficiência de gestão. Nesse momento, organizações do terceiro setor e sociedade em geral caminharão para a mesma direção. 226 BIBLIOGRAFIA 1 ALMEIDA, Cândido José Mendes de Fundamentos do marketing cultural. In: Marketing ao vivo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992. 2 AMERICAN MARKETING ASSOCIATION – AMA <www.marketingpower.com>. “Marketing Definition”. Informação disponibilizada no website da AMA <www.marketingpower.com>. 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