Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES 2010/01 Comportamento microbiano em solos sob o sistema de lavoura pecuária floresta Equipe executora: Profa. Dra Daniela Tiago da Silva Campos - UFMT/FAMEV Profa. Dra. Walcylene Lacerda Matos Pereira Scaramuzza -UFMT/FAMEV Pesquisador M. Sci. Flávio Jesus Wruck - Embrapa Arroz e Feijão Pesquisador Dr. Tarcísio Cobucci - Embrapa Arroz e Feijão Mestranda: Ana Carla Stieven – Pós Graduação em Agricultura Tropical - UFMT Setembro - 2010 Cuiabá-MT Projeto Agrisus N°: 660/10 Título da Pesquisa: Comportamento microbiano em solos sob o sistema de lavoura pecuária floresta. Coordenador do Projeto: Profa. Dra. Daniela Tiago da Silva Campos Engenheira agrônoma UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAMEV LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Bairro Boa Esperança 78060-900 - Cuiabá/MT Fone: (65) 3615-8606 Fax: (65) 3615-8609 [email protected] Local da Pesquisa: Nova Canaã do Norte-MT Vigência do Projeto: 01/03/2010 à 01/03/2012 1. Introdução A produção agrícola nacional teve um grande incremento, no seu potencial, a partir das décadas de 80 e 90, época na qual ocorreu a expansão da fronteira agrícola. Com essa grande evolução em tecnologia, que culminou com um índice de produção em alta, milhares de hectares foram utilizados de forma exploratória para fins agrícolas, entretanto, atualmente, percebe-se a falta de conservação dessas áreas, assim, práticas agrícolas diferenciadas das convencionais precisam ser empregadas para que a sustentabilidade do sistema ocorra. Sistemas de produção que integram agricultura e pecuária, bem como agricultura pecuária e floresta são práticas recentes empregadas no Estado de Mato Grosso, estado este, responsável pela maior produção agrícola nacional. Esses sistemas de manejo buscam maximizar a utilização da área, integrando grandes culturas, como milho, soja e feijão, com brachiaria, e floresta, árvores geralmente utilizadas para reflorestamento, como eucalipto, mas também árvores nativas ou empregadas na indústria moveleira, como mogno, pau balsa e pinho cuiabano. Os sistemas de integração lavoura pecuária floresta apresentam potencial de produção igualmente comparado à produção em monocultivo, o que desperta interesse por parte dos produtores agrícolas. Por outro lado, como são empregados diferentes fontes de renda, com épocas diferenciadas de utilização, fato este que se faz uma prática economicamente viável, além de ecologicamente diversa com relação às espécies vegetais utilizadas. Mesmo com tantas vantagens visíveis, esse tipo de manejo ainda é pouco estudado com relação às condições do solo dessas áreas, fazendo-se necessárias pesquisas que apresentem as respostas do solo nessa situação, comparando aos manejos convencionais. Pois as condições químicas, físicas e microbiológicas são fortemente relacionadas ao manejo do solo. Buscando avaliar aos indicadores de sustentabilidade do solo, a presente pesquisa tem por objetivo contribuir na elucidação dos aspectos técnico-científicos relacionados à implantação do sistema iLPF e suas influências na atividade da comunidade microbiana do solo, durante os dois primeiros anos de implantação do sistema. 2. Materiais e Métodos As análises microbiológicas e enzimáticas foram desenvolvidas no Laboratório de Microbiologia do Solo, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá-MT, pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, Ana Carla Stieven, sob a orientação da Professora Dra. Daniela T.S. Campos e Dra. Walcylene L.M.P. Scaramuzza. As análises químicas do solo foram realizadas pelo Laboratório de Química do Solo e Planta (LASP), da EMBRAPA Arroz e Feijão, fornecidas pela Embrapa Mato Grosso, sob coordenação dos pesquisadores M. Sci. Flávio Jesus Wruck e Dr. Tarcísio Cobucci, ambos da Embrapa Arroz e Feijão. 2.1. Coleta das amostras de solo Os solos foram coletados na Unidade de Referencia Tecnológica da Embrapa Mato Grosso, localizada na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte-MT. A coleta foi realizada em maio de 2010, nos tratamentos T1: Faixa de 200 m de largura com povoamento de eucalipto (Eucalyptus urograndis), intercalada a cada 20 m por plantas de mógno, em linhas únicas de 250 m de comprimento separadas entre si por 20 m e com distância entre plantas de 2 m (20 m x 2 m); T2: Faixa de 200 m de largura com povoamento puro de eucalipto (Eucalyptus urograndis) distribuídos em sub-faixas compostas por duas linhas de 250 m de comprimento separadas entre si por 3 m, com distância entre plantas de 2 m e distancia entre sub-faixas de 20 m [20 m / (3 m x 2 m)]; T3: Faixa de 200 m de largura com povoamento puro de eucalipto (Eucalyptus urograndis) distribuídos em sub-faixas composta por três linhas de 250 m de comprimento separadas entre si por 3 m, com distância entre plantas de 2 m e distância entre sub-faixas de 20 m [20 m / (3 m x 2 m)]; T4: Área de mesmo tamanho das demais, com plantio de lavoura comercial; T5: Área de mesmo tamanho com pastagem de Brachiaria ruziziensis; T6: Área de mesmo tamanho, com floresta nativa, a área de cada tratamento corresponde a 05 ha. Os solos foram coletados na profundidade de 0-5 cm, nas entrelinhas do eucalipto e no meio da cultura instalada. Dentro de cada tratamento foram delimitados quatro blocos, com 5 m de largura x 250 m de comprimento e dentro destes blocos foram coletadas 4 amostras compostas de 4 sub-amostras em cada. As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos previamente identificados e armazenados em caixas de isopor contendo gelo e foram transportadas para o Laboratório de Microbiologia do Solo, na UFMT/FAMEV, Cuiabá-MT, onde foram mantidas sob refrigeração à 4 ºC até seu processamento. 2.2. Quantificação de nematóides totais Para a quantificação de nematóides totais o método da flutuação centrifugação em solução de sacarose (JENKINS, 1964) foi empregado. O qual tem como base à diferença de densidade entre os nematóides, a solução de sacarose e as partículas do solo. As amostras de solo foram homogeneizadas e uma alíquota de 100 mg de cada amostra composta foi colocado separadamente em um recipiente, onde foram acrescentados 2 L de água de torneira e misturadas para quebrar os torrões maiores e deixando em repouso por cerca de 30 segundos. O líquido do recipiente foi vertido em uma peneira com malha de 20 mesh (0,84 mm). O líquido obtido foi vertido em uma peneira de 500 mesh (0,025 mm) retirando todo excesso de água. Com o auxílio de uma pisseta, contendo água, a suspensão dos nematóides retidos na peneira foi recolhida e transferida para um Becker de 40 mL. As suspensões foram centrifugadas por quatro minutos a uma velocidade de 1750 rpm. Após a centrifugação o líquido sobrenadante foi eliminado, então foi adicionado solução de sacarose (400 g de açúcar refinado dissolvido em 750 mL de água). Centrifugada novamente por um minuto com a mesma rotação. O líquido sobrenadante foi vertido em peneira de 500 mesh, derramando-se água de torneira para retirar todo o resíduo de sacarose e, com auxílio de pisseta com água os nematóides foram recolhidos para uma placa de petri, sendo levadas a lupa e submetidos a contagem. 2.3. Determinação da umidade do solo Para a determinação de umidade pesou-se 5 g de solo de cada amostra simples, totalizando 4 amostras por tratamento, e os levou à estufa à 105 °C até peso constante. Após esse período, as amostras foram pesadas novamente, descontando o peso da cápsula e do solo em condições vindas do campo. 2.4. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM) Para a avaliação do CBM a metodologia de Jenkinson & Powlson (1976), com adaptações, foi empregada. A metodologia utilizou frascos herméticos de 277 mL, onde foram pesadas triplicatas de cada uma das 4 amostra simples de solo, cada amostra com 25 g. Triplicatas.de cada amostra simples foram fumigadas e as outras 3 foram incubadas sem fumigação. Os frascos contendo as amostras a serem fumigadas foram colocados em dessecadores contendo um becker com 20 mL de clorofórmio. Os dessecadores, após terem a parede interna recoberta com papel toalha umedecido, foram fechados e submetidos a vácuo, deixados em repouso em temperatura ambiente e no escuro por 48 h. Após esse período, os dessecadores foram novamente submetidos a vácuo, abertos e adicionado a cada frasco 2 g do solo da mesma amostra não fumigada, com o intuito de ativar a comunidade microbiana. Nos frascos com amostras fumigadas e com amostras não fumigadas foram colocados frascos com 20 mL de NaOH 0,5 M, então foram vedados e incubados no escuro, em temperatura ambiente, por 5 dias. Ao final do período de incubação, o NaOH dos frascos das amostras fumigadas e não-fumigadas foi titulado com HCl 0,1M. Após a titulação do NaOH, calculou-se a quantidade de C-CO2 liberada das amostras fumigadas e não fumigadas, utilizando os valores para o cálculo do CBM. 2.5. Contagem de microrganismos totais Para a contagem de microrganismos totais a metodologia Allen (1957) foi empregada. Para tal, foram pesados 10g de solo composto de cada uma das 4 amostras simples de cada tratamento. Essa amostra foi transferida para um erlenmeyer contendo 90 ml de solução salina e agitado por 40 min a temperatura ambiente. A partir disso foram feitas diluições seriadas com 1 ml de amostra em 9 ml de solução salina, até a diluição 10-9. Para o teste de metodologia, as diluições 10-1 à 10-9 foram inoculadas em meios Ágar nutriente (AN), Batata Dextrose Ágar (BDA) e Extrato de solo. Em cada placa colocou-se 200 µL de cada diluição, espalhadas com auxílio de alça de Drigalski previamente esterilizada, sendo inoculadas em triplicata. As placas foram incubadas em B.O.D., demanda biológica de oxigênio, a 28 °C, efetuando as leituras em 24 h para Agar nutriente, 48 h para BDA e 7 dias para Extrato de solo. 2.6. Atividade enzimática do solo 2.6.1. Fosfatase alcalina Para a atividade enzimática da fosfatase alcalina do solo utilizou-se metodologia descrita por Tabatabai e Bremner (1969); Eivazi e Tabatabai (1977), com modificações. Para tanto pesou-se 0,5 g de solo de amostra composto da cada tratamento, adicionado 0,120 mL de Tolueno, 2 mL de solução estoque em pH 11, 0,5 mL de solução de p_nitrofenil, essa solução foi aquecida, em banho Maria, até atingir 37 °C, então foi submetida a agitação por 1 h. Após esse período, foi adicionado 0,5 mL de CaCl2, 2,0 mL NaOH 0,5M, agitado novamente, em vórtex, adicionado 1 mL de água destilada e deixado em repouso por 30 min, após foi submetido a filtragem em papel filtro Whatman 2V. As amostras filtradas foram lidas em espectrofotômetro a 400 nm de absorbância. Para o controle utilizou-se a mesma seqüência metodológica, porém não foi adicionado o solo. A curva de calibração foi determinada a partir da solução estoque de 1 mL de p_nitrofenol em 100 mL de água destilada. A partir dessa solução foram retiradas alicotas de 0 a 5 mL de solução e diluídas em 5 a 0 mL de água destilada separadamente, tendo assim diluições de 0:5 mL até 5:0 mL de solução de p_nitrofenol em água destilada, obtendo 6 pontos da curva de calibração. As leituras em espectrofotômetro se deram na mesma absorbância, 400 nm. 2.7. Análise química do solo As análises químicas do solo foram realizadas pelo Laboratório de Química do Solo e Planta (LASP), da EMBRAPA Arroz. As análises de mata nativa e lavoura convencional ainda não foram entregues pelo laboratório. 3. Resultados e Discussão 3.1. Quantificação de nematóides totais Os nematóides observados não apresentavam estilete, estrutura que os torna parasitários, e os resultados de contagem estão apresentados na Figura 1. N° nematóides / 100g de solo 25 20 15 10 5 0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 Figura 1: Número de nematóides totais em solos sob o sistema de integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. É possível observar que os tratamentos utilizados para o presente projeto - T1; T3 e T5 – apresentaram o maior número de nematóides encontrados em 100 g de solo, sugerindo que a integração lavoura pecuária floresta, com espécie florestal de eucalipto, favorece a presença de nematóides de vida livre, podendo ser um bom indicador de que o tipo de manejo que está sendo utilizado favorece população de nematóides não patogênicos. Os Nematóides são responsáveis por perdas na produção agrícola do Estado, entretanto foi possível observar que a área total de integração não apresentou sinais de danos por esses organismos do solo. Durante a coleta do solo, nos instigamos a quantificar, caso estivessem presentes, os nematóides desta área experimental, além de observar a presença de estruturas que classificassem os patogênicos. 3.2. Determinação de umidade do solo Os resultados obtidos na determinação de umidade, em médias por tratamento, a partir das 4 amostras simples , estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Determinação de umidade do solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. Amostras T1 T2 T3 T4 T5 T6 5 g solo condições de campo + cápsula 14,91 13,12 15,00 13,3 10,8 11,9 Solo seco a 72h 105 °C + cápsula Peso de solo (g) % de umidade do solo 14,55 11,97 14,25 12,6 10,1 11,2 0,35 1,15 0,75 0,7 0,7 0,7 30 12 37 12 8 70 A determinação de umidade do solo é necessária para realizar os cálculos de Carbono da Biomassa Microbiana (CBM), assim, a partir dos valores de umidade determinados em 5 g de solo, foi extrapolado para o peso utilizado na determinação de CBM, ou seja, extrapolado para 25 g de solo. O solo do Tratamento 6, correspondente a área de mata nativa, apresentou a porcentagem maior umidade, justificada por ser uma área intocada, já os tratamentos com manejo do solo com cultivo convencional, T4 e T5 apresentam as menores porcentagem de umidade, o que não favorece a comunidade microbiana, já que esta necessita de água para sua atividade e reprodução. Os solos sob a integração, T1; T2 e T3 apresentam valores intermediários. Porém o T2 apresenta valor igual a T4, plantio convencional, sugerindo que o solo não apresentou manutenção de umidade, podendo ser resultado da falta de palhada do cultivo anterior. 3.3. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana (CBM) As análises de CBM seguiram metodologia descrita na literatura, entretanto cada solo apresenta valores de carbono da biomassa microbiana variada, relacionado a população de microrganismos presentes no mesmo, sendo assim, a metodologia foi calibrada para as condições de funcionamento do laboratório de microbiologia do solo, sendo realizado teste de metodologia para determinar o período de incubação, obtendo os resultados da Figura 2. A partir do teste da metodologia foi possível observar que os valores dos cálculos de carbono da biomassa microbiana ultrapassam os valores da testemunha após o 5° dia de incubação, mostrando como resultado negativo, apresentado na Figura 2, assim ficou definido que a incubação do solo deve ser realizada durante 5 dias, para essas condições. 50 40 30 20 Fumigado 10 Não Fumigado CBM mg/kg-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 -10 -20 Figura 2. Avaliação teste de 10 dias de incubação para determinação da quantidade de Carbono da Biomassa Microbiana em solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. A Figura 3 apresenta os valores de CBM em cada tratamento e em cada bloco, já que para coleta, os tratamentos são divididos em blocos afim de obter uma coleta mais representativa, entretanto não houve diferença significativa entre os blocos. Os solos sob os Tratamentos 4; 5 e 6 apresentaram valores semelhantes e sem diferença estatística significativa pelo teste de Tukey 95%. Esses tratamentos são utilizados como testemunha e a não diferença entre eles pode ser justificada pela época da coleta das amostras, após a safra. O sistema esta submetido a plantio direto o que permite com que os microrganismos se mantenham ativos e, geralmente, em número elevado nesse período. Os solos sob os sistemas de integração, T1; 2 e 3 apresentaram valores variados. O T3 apresentou os melhores valores, estando estatisticamente igual aos melhores tratamentos nos blocos 2 e 3, e com valores intermediário no blocos 1 e 4, podendo ser relacionado a presença de linha tripla de floresta, fator esse que pode ter favorecido a manutenção da palhada e assim beneficiado a comunidade microbiana. 18 a 16 a a a a a a a a a a a mg C/ kg solo-1 a b b 14 a c c b b c 12 c c T1 d 10 T2 T3 8 T4 T5 6 T6 4 2 0 1 2 3 4 Figura 3. Avaliação do Carbono da Biomassa Microbiana em solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, comparados a manejos convencionais e mata nativa, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. * Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, 95% de probabilidade. Análise estatística realizada pelo pacote estatístico Assistat versão 7.5 Beta, Campina Grande, Pernambuco, Brasil. Coeficiente de Variação de 3,5%. 3.4. Contagem de microrganismos totais Foi realizado teste da metodologia de incubação nas diluições de 10-1 à 10-9, e verificou-se que as diluições 10-1 à 10-5 apresentaram números de UFC contáveis como mostra a Tabela 2. Tabela 2. Número de unidades formadoras de colônias, em 9 diluições teste, de solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. Diluições AN BDA Extrato de solo -1 300 3 20 -2 26 1 11 -3 6 1 2 -4 2 0 0 -5 0 0 0 -6 0 0 0 -7 0 0 0 -8 0 0 0 -9 0 0 0 A partir dos resultados da incubação teste, ficou estabelecido que a inoculação deve ocorrer nas diluições 10-1 à 10-5, pois apresentaram valores contáveis de unidades formadoras de colônias. Até o momento, foram realizadas a contagem das áreas mata nativa e pasto e as médias estão apresentadas na Tabela 3 para Mata Nativa e Tabela 4 para pasto de Brachiaria. Tabela 3. Número de Unidades Formadoras de Colônias em solo de Mata Nativa, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. Trat. T6 Meios AN BDA Extrato de solo -1 183 1 41 -2 82 1 11 -3 8 0 0 -4 0 0 0 -5 1 0 0 Tabela 4. Número de Unidades Formadoras de Colônias em solo de pasto de Brachiaria, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. Trat. T5 Meios AN BDA Extrato de solo -1 183 3 10 -2 22 0 6 -3 5 0 2 -4 1 0 0 -5 0 0 0 É possível observar que os resultados da contagem corroboram com os resultados do CBM, Figura 3, onde as duas áreas avaliadas apresentam valores de UFCs próximos nos três meios de cultivo utilizados, entretanto os actinomicetos, desenvolvidos em extrato de solo, apresentaram valores quatro vezes maiores em T6 em relação a T5, na diluição 10-1, esse acréscimo também é observado nas bactérias totais, meio Agar nutriente, na diluição 10-2. A área de mata nativa T6 apresenta, geralmente, uma comunidade maior de microrganimos, já que essas áreas não são perturbadas por manejo do solo. 3.5. Atividade enzimática do solo 3.5.1. Fosfatase alcalina A Figura 4 apresenta a curva de calibração da análise enzimática da fosfatase alcalina. A partir da leitura das amostras, colocam-se os valores de absorbância na equação da curva e assim determina-se a atividade das enzimas responsáveis pela removeção de grupos fosfatos de um grande número de moléculas diferentes presentes no solo, como nucleotídeos e proteínas. 100 90 y = -15,177x + 106,45 R2 = 0,9353 80 Absorbância 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Figura 4. Curva de calibração para o cálculo da fosfatase alcalina, metodologia descrita por Tabatabai e Bremner (1969); Eivazi e Tabatabai (1977). Na Figura 5 estão apresentados os valores da atividade da fosfatase alcalina nos seis tratamentos avaliados. A análise estatitica não apresento diferença significativa pelo teste de Tukey 95% de probabilidade, porém é possível observar que o solo sob o tratamento 4 apresenta a taxa mais elevada da ativida, disponibilizando mais fósforo para as plantas da cultura anual presente na área. A alta taxa pode ser relacionada justamente com a cultura, pois a atividade pode ter se mantido alta justamente pelo manejo empregado, ja que nesta área estava presente uma cultura anual que necesita de fósforo, estimulando a atividade dessas enzimas. Comparando os tratamentos, podemos observar que o T1 e T6 apresentam os menos valos de mg P/ g solo-1, isso está relacionado também com a análise que apresenta a maior taxa de fosforo em T1, o que pode justificadar a não atividade, desnecessária, da fofatase alcalina. 18 16 c mg C/ kg solo-1 14 12 d a a a c 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 Figura 5. Atividade enzimática da fosfatase alcalina em solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. * Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, 95% de probabilidade. Análise estatística realizada pelo pacote estatístico Assistat versão 7.5 Beta, Campina Grande, Pernambuco, Brasil. Coeficiente de Variação de 4,8%. 3.6. Análise química do solo Tabela 5. Análise química do solo sob integração Lavoura Pecuária Floresta, Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT. AMOSTRA pH Ca Mg Al H + Al P K IDENT. água T1 5,3 1,2 0,6 0,3 5,9 6,9 119,6 1,3 3,3 119,2 26,2 18,6 T2 5,2 0,9 0,5 0,2 6,4 5,5 102,0 1,4 3,1 96,0 26,4 19,6 T3 5,3 1,2 0,5 0,2 6,1 3,1 105,8 0,7 2,1 127,8 20,6 18,0 cmolc/dm³ Cu Zn Fe Mn mg/dm³ M.O. g/dm³ T5 5,6 1,53 0,73 0,1 5,77 1,2 97 0,4 1,0 150 65 24 4. Conclusões A partir dos resultados preliminares, podemos concluir: 1. O manejo do solo com integração lavoura pecuária floresta favorece a comunidade de nematóides não patogênicos; 2. Solos sob integração mista ou com mais linhas de floresta beneficiam a manutenção de água no solo; 3. Nas presentes condições de estudo, a metodologia Jenkinson & Powlson (1976) para determinação do CBM necessita de alterações, tomando como melhor período de incubação 5 dias; 4. Solos sob manejo convencional mantêm, inicialmente, valores de CBM mais altos em relação a áreas de integração lavoura pecuária floresta; 5. Os valores de CBM e contagem de microrganismos totais corroboram entre si nas áreas de mata nativa e pastagem; 6. Não houve diferença estatística na atividade enzimática da fosfatase alcalina nos seis tratamentos avaliados. 5. Descrição das dificuldades e medidas corretivas As dificuldades encontradas foi a escassez de dados literários para as situações de campo de integração lavoura pecuária com relação a metodologia e discussão dos dados, assim, fez-se necessário teste de todas as metodologias aplicadas, para que se obtivesse valores realmente representativos. 6. Trabalhos publicados em congressos e Participação em Dias de Campos Dia de Campo Integração Lavoura Pecuária Floresta, Embrapa Mato Grosso. Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT, Maio 2010. (Anexo 1) STIEVEN, A.C.; CAMPOS, D.T.S.; MACEDO, J.B.M.; MORAIS, L.P.V.X.C.; GALVÃO, D.M.; OLIVEIRA, K.C.L.; WRUCK, F.J. Quantificação de nematóides totais em solo sob integração lavoura pecuária floresta. Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Cuiabá-MT, Agosto 2010. (Anexo 2) STIEVEN, A.C.; CAMPOS, D.T.S.; WRUCK, F.J.; MACEDO, J.B.M.; SCARAMUZZA, W.L. Carbono da biomassa microbiana e respiração basal em solo sob integração lavoura pecuária floresta. FertBio, Guarapari-ES, Setembro 2010. (Anexo 3) 7. Referências Bibliográficas ALLEN, O.N. Experiments in soil bacteriology. Madison, Burguess, 1957. 117p. EIVAZI, F. & TABATABAI, M.A. Phosphatases in soil. Soil Biol. Biochem., 9:167-172, 1977. JENKINS, W. R. A rapid centrifugal – flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Diasease Report, v. 48, 1964. p. 692. JENKINSON, D.S. & POWLSON, D.S. The effects of biocidal treatments on metabolism in soil-I. Fumigation with chloroform. Soil Biol. Biochem., 8:167-177, 1976. TABATABAI, M.A.; BREMNER, J.M. Use of p-nitrophenylphosphate for assay of soil phosphatase activity. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 1, p.301-307, 1969. ____________________________________________ Dra. Daniela Tiago da Silva Campos Cuiabá, 30 de Setembro de 2010 ANEXO 1 Dia de Campo Integração Lavoura Pecuária Floresta, Embrapa Mato Grosso. Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte-MT, Maio 2010. ANEXO 2 Quantificação de nematóides totais em solo sob integração lavoura pecuária floresta Total nematode quantification in ground under cattle farming forest integration Ana Carla Stieven1*, Daniela Tiago da Silva Campos2, Juliana Borges Madureira de Macedo 3, Diego Morais Galvão3, Léa Paula Vanessa Xavier Corrêa de Morais, Kethelin Cristine Laurindo de Oliveira3, Flávio Jesus Wruck4 1* Mestranda do Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, UFMT, e-mail: [email protected]; 2Professora do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da UFMT, Lab. Microbiologia do Solo; 3Alunos de Graduação em Agronomia, UFMT, 4Pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão. Nematóides são microrganismos que vivem no solo e nas raízes das plantas em áreas cultivadas, como também em ambientes naturais. O objetivo foi quantificar a população de nematóides total em solos de sistema de integração lavoura pecuária floresta, Nova Canaã do Norte, MT. O solo foi coletado nas profundidades de 0-5 (1) e 5-20 (2) cm, a extração foi realizada com amostras de 100 g de solo, pelo método de Jenkins. Os tratamentos avaliados foram solos sob integração, alterando a espécie florestal. No T1 linha de eucalipto e mogno, T2 pinho cuiabano e mogno, T3 2 linhas de eucalipto, T4 2 linhas de pinho cuiabano, T5 3 linhas de eucalipto, T6 3 linhas de pinho cuiabano, T7 3 linhas de teca, T8 3 linhas de pau-balsa e T9 linha de eucalipto. A contagem foi realizada com auxilio de lupa binocular. Nos tratamentos T4 e T6 foram encontradas a menor população de nematóides na profundidade (1), 5 e 4 indivíduos, entretanto foi encontrado maior número de nematóides, 28 e 24 indivíduos, na profundidade (2), seguidos do T2, onde foram encontrados 10 indivíduos na profundidade (1), e 21 indivíduos na profundidade (2). Os tratamentos com a espécie florestal pinho cuiabano, na maior profundidade (2), representam um habitat com melhores condições ambientais para estes microrganismos, uma vez que são sensíveis a estresse hídrico e amplitudes de temperatura. Os tratamentos com integração de eucalipto, pau-balsa e teca apresentaram valores menores que em solo sob pinho cuiabano, mas aproximados entre si. Concluise que solos sob plantio integrado contendo pinho cuiabano favorecem a presença de nematóides na profundidade (2), indicando temperatura amena e umidade ótima ao desenvolvimento de microrganismos. Tipo de patógeno: Nematóides do solo Espécie de patógeno: Nematóides de vida livre Espécie de hospedeiro: Solo e plantas Nome comum do hospedeiro: Solo e plantas Certificado de apresentação de trabalho no 43° Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Cuiabá-MT, Agosto 2010. ANEXO 3 XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas XIII Reunião Brasileira sobre Micorrizas XI Simpósio Brasileiro de Microbiologia do Solo VIII Reunião Brasileira de Biologia do Solo Guarapari – ES, Brasil, 13 a 17 de setembro de 2010. Centro de Convenções do SESC Carbono da Biomassa Microbiana e Respiração Basal em Solo sob Integração Lavoura Pecuária Floresta Ana Carla Stieven(1); Daniela Tiago da Silva Campos(2); Flávio Jesus Wruck(3); Juliana Borges Madureira de Macedo(4) & Walcylene Lacerda Scaramuzza(5) (1) Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected] (apresentador do trabalho); (2)Professora Dra. Laboratório de Microbiologia do Solo, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected]; (3) Pesquisador EMBRAPA Arroz e Feijão, Sinop, MT, CEP 78550-000, [email protected]; (4)Aluna de graduação em Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected]; (5) Professora Dra. Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Cuiabá, MT, CEP: 78060-900, [email protected] RESUMO – Este trabalho objetivou avaliar a atividade da comunidade microbiana total de solos sob o sistema de integração lavoura pecuária floresta, por meio dos teores de Carbono da Biomassa Microbiana (CBM) e Respiração Basal (RB). A coleta foi realizada em Nova Canaã do Norte-MT, na profundidade de 0-5 cm. Os solos foram coletados em Outubro de 2009. Os tratamentos avaliados foram T1: com apenas uma linha de eucalipto (E. urograndis); T2: apenas uma linha de pinho cuibano (S. amazonicum), intercalada a cada 20 m por plantas de mógno (S. macrophylla); e T3: linhas duplas de pinho cuibano (S.amazonicum). Nos tratamentos vem sendo feita rotação de culturas entre arroz, soja e B. ruziziensis. As análises para determinação do CBM seguiram metodologia descrita por Jenkinson & Powlson (1976), a atividade respiratória foi calculada a partir das amostras não fumigadas, e as análises químicas foram realizadas pelo laboratório da EMBRAPA. Para a RB não foram observadas diferenças estatísticas significativas. Para o CBM observou diferenças, com destaque para o tratamento contendo o pinho cuiabano, o qual também apresentou os melhores teores de matéria orgânica, seguido de T1 e T2. Mas, autores destacam que as quantificações da comunidade microbiana podem ser alteradas durante o ano. Sugerimos estudos em diferentes épocas do ano, buscando obter resultados consistentes em relação à qualidade do solo nesse sistema. PALAVRAS-CHAVE: microrganismos do solo, eucalipto, pinho cuiabano. INTRODUÇÃO – A adoção de sistemas conservacionistas de manejo do solo como plantio direto tem se apresentado como uma alternativa para contribuir com a sustentabilidade econômica e ambiental do agroecossistema (Carneiro et al, 2008). Outro sistema conservacionista que vêm ganhando espaço é o sistema agrossilvopastoril (SASPs), o qual representa prática agroflorestal de uso do solo concomitante à produção agrícola, florestal e pecuária. Em comparação com sistemas convencionais de uso do solo, as técnicas agroflorestais têm como principal objetivo permitir maior diversidade do sistema, visando proporcionar produção florestal sustentável (Vergutz et al, 2010). O aumento da biodiversidade tem impacto positivo sobre o C orgânico do solo, e ecossistemas com maior biodiversidade apresentam seqüestro de C mais elevado (Lal, 2004). É fato conhecido que solos sob pastagens bem manejadas apresentam potencial elevado de acúmulo e estabilização de C no solo (Cerri et al., 2007). Com isso, espera-se que os SASPs, por consorciarem espécies florestais e pastagem, apresentem elevada taxa de seqüestro de C no solo, mantendo os estoques de C encontrados na área de referência (vegetação nativa), ou até mesmo elevando-os. Para que os estoques de COS sejam mantidos ou para que haja o seqüestro efetivo de C na forma de MOS, é preciso que o balanço para a razão formação/decomposição do COS seja positivo (Vergutz et al, 2010). As propriedades biológicas e bioquímicas do solo, tais como biomassa microbiana, a taxa respiratória e a diversidade bacteriana e fúngica, são indicadores sensíveis que podem ser utilizados no monitoramento de alterações ambientais decorrentes do uso agrícola, sendo ferramentas para orientar o planejamento e a avaliação das práticas de manejo utilizadas (Wollum, 1982). O solo é um sistema aberto e concentra resíduos orgânicos de origem vegetal, animal, principalmente em SASPs (Sistemas Agrosilvipastoril), o qual consiste em associar árvores, campos de cultivo e animais, e os produtos das transformações destes resíduos. O tipo de vegetação e as condições ambientais são fatores que determinam a quantidade e a qualidade do material que se deposita no solo, influenciando a heterogeneidade e a taxa de decomposição do material depositado a superfície (Moreira & Siqueira, 2002). A decomposição destes materiais depende dos processos de transformação da matéria orgânica pelos microrganismos do solo, por meio dos quais pode-se mensurar a qualidade do solo, determinando-se os valores do carbono da biomassa microbiana (CBM) (Sparling, 1992). Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo quantificar o CBM e a Respiração Basal (RB) em um sistema de integração lavoura pecuária floresta, no município de Nova Canaã do Norte, MT. MATERIAL E MÉTODOS – Os solos foram coletados na Unidade de Referencia Tecnológica da Embrapa Mato Grosso, localizada na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte, MT. A coleta dos solos foi realizada nos tratamentos T1: faixa de 200 m de largura com povoamento de eucalipto (Eucalyptus urograndis), em linhas únicas de 250 m de comprimento separadas entre si por 20 m e com distância entre plantas de 2 m (20 m x 2 m) e soja, rotacionando com Brachiaria ruziziensis; T2: faixa de 200m de largura com povoamento de pinho cuibano (Schizolobium amazonicum), intercalada a cada 20 m por plantas de mógno (Swietenia macrophylla), em linhas únicas de 250 m de comprimento separadas entre si por 20 m e com distância entre plantas de 2 m (20 m x 2 m) e T3: faixa de 200 m de largura com povoamento de pinho cuibano (S. amazonicum) distribuídos em sub-faixas composta por duas linhas de 250 m de comprimento separadas entre si por 3 m, com distância entre plantas de 2m e distância entre sub-faixas de 20 m. A coleta foi realizada em Outubro de 2009, no período seco, na profundidade de 0-5 cm. Os solos coletados foram acondicionados em sacos plásticos previamente identificados e armazenados em caixas de isopor contendo gelo. Após a coleta, as amostras foram transportadas para o Laboratório de Microbiologia do Solo, na UFMT/FAMEV, campus de Cuiabá, MT, onde foram mantidas sob refrigeração à 4 ºC até seu processamento. Para avaliação do (CBM) e da atividade Respiratória Basal (RB) utilizou-se o método da fumigação-extração das amostras seguindo metodologia descrita em Jenkinson & Powlson, (1976). A atividade respiratória foi calculada a partir das amostras controle, ou seja, não fumigada. As análises químicas do solo foram realizadas pelo Laboratório de Química do Solo e Planta (LASP), da EMBRAPA Arroz e Feijão. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa ASSISTAT, versão 7.5, beta, 2008 (Silva e Azevedo, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO – Os resultados da análise química do solo estão apresentados na Tabela 1. Pode-se observar que os teores de nutrientes avaliados se encontram maiores no tratamento 1, seguido do tratamento 3 e depois do tratamento 2. Porém a maior concentração de matéria orgânica esta no tratamento 3, o qual apresentou também maior CBM, sugerindo um aporte maior de biomassa em relação aos demais. As árvores e arbustos forrageiros, além de promover múltiplos produtos, cumprem uma função muito importante de proteção do solo. Além disso, as folhagens são fonte de matéria orgânica e entre as plantas nativas utilizadas para esse fim, merece destaque o Schizolobium amazonicum, conhecido vulgarmente por pinho cuiabano ou paricá (EMBRAPA, 1999). Os teores de CBM e da RB encontram-se na Figura 1. Para a RB não foram observadas diferenças estatísticas significativas e para o CBM observou-se diferenças, com destaque para o tratamento contendo o pinho cuiabano. Embora, as análises estatísticas entre os tratamentos não tenham apresentado diferenças significativas para RB, o tratamento com pinho cuiabano apresentou valores mais elevados de RB em relação dos demais tratamentos, corroborando com os resultados de CBM, onde o tratamento 3, pinho cuiabano em linhas duplas, apresentou 19,1 mg C g solo-1, enquanto que T1 e T2 apresentaram 7,8 mg C g solo-1 e T2 5,8 mg C g solo-1, respectivamente. Os resultados encontrados no presente trabalho corroboram com os resultados de Dias (2008), onde a integração de capoeira e o paricá (pinho cuiabano) x curauá x freijó tenderam apresentar valores mais elevados de respiração basal nas primeiras camadas de solo (0-10 cm). Esses valores sugerem favorecimento de maior quantidade de microrganismos presentes na camada superficial do solo. A área onde os valores de respiração tenderam ser mais baixos corresponde ao tratamento de Paricá x mogno, o que justifica os teores de carbono da biomassa microbiana, encontrados neste trabalho, ser menor no T2 em relação ao T3. Entretanto, quantificações podem ser alteradas durante o ano já que diversos estudos realizados no Brasil constataram diferenças no teor de CBM entre épocas de amostragem, principalmente em função do ciclo das plantas, da adição de resíduos vegetais, da pluviometria e da temperatura (Brandão-Junior et al, 2008). CONCLUSÕES – Nas presentes condições e época do ano, a integração com eucalipto e pinho cuiabano intercalada com mogno não beneficiaram a população microbiana do solo. Já o tratamento com pinho cuiabano em duas linhas apresentou beneficio a comunidade microbiana do solo comparado aos demais tratamentos. A adoção do sistema de integração com linhas duplas de pinho cuiabano apresenta maior aporte de matéria orgânica que os demais tratamentos. Entretanto, sugerimos estudos em diferentes épocas do ano, buscando obter resultados consistentes em relação à qualidade do solo. AGRADECIMENTOS – Os autores agradecem à Fundação Agrisus, pelo financiamento do projeto número 660/10, aos proprietários da Fazenda Gamada, Nova Canaã do Norte, MT, onde o trabalho foi desenvolvido e aos técnicos da Embrapa Arroz e Feijão pelo auxílio nas coletas de campo. REFERÊNCIAS – BRANDÃO-JUNIOR, O.; HUNGRIA, M.; FRANCHINI, J.C. & ESPINDOLA, C.R. Comparação ente os métodos de fumigaçãoextração e fumigação-incubação para determinação do carbono da biomassa microbiana em um latossolo. R. Bras. Ci. Solo, 32:1911-1919, 2008. CARNEIRO, M.A.C.; ASSIS, P.C.R.; MELO, L.B.C.; PEREIRA, H.S.; PAULINO, H.B.; & SILVEIRA NETO, A.N. Atributos bioquímicos em dois solos de Cerrado sob diferentes sistemas de manejo e uso. Pesq. Agrop. Trop., v. 38, n. 4, p. 276-283, 2008. CERRI, C.E.P.; EASTER, M.; PAUSTIAN, K.; KILLIAN, K.; COLEMAN, K.; BERNOUX, M.; FALLOON, P.; POWLSON, D.S.; BATJES, N.; MILNE, E. & CERRI, C.C. Simulating SOC changes in 11 land use change chronosequences from the Brazilian Amazon with RothC and Century models. Agric. Ecosyst. Environ., 122:46-57, 2007. DIAS, J.D. Dinâmica do amônio e nitrato em solos consorciados com plantios de paricá (Schizolobium amazonicum) em Aurora do Para, Pará. Dissetação de mestrado, Universidade Federal do Pará, 2008. 88p. EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Comunicado Técnico. Acre, 1999, 6p. JENKINSON, D.S. & POWLSON, D.S. The effects of biocidal treatments on metabolism in soil. I. Fumigation with chloroform. Soil Biol. Biochem., 8:167-177, 1976. LAL, R. Soil carbon sequestration to mitigate climate change. Geoderma, 123:1-22, 2004. MOREIRA, F.M.S. & SIQUEIRA, J.O. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras, Universidade Federal de Lavras, 2002. 625p. SPARLING, G.P. Ratio of microbial biomass carbon to soil organic carbon as sensitive indicator of changes in soil organic matter. Australian J. S. Res., v.30, p.195-207, 1992. SILVA, F. de A. S. E. e AZEVEDO, C. A. V. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.1, 2002, p71-78. VERGUTZ, L.; NOVAIS, R.F.; SILVA, I.R.; BARROS, N.F.; NUNES, T.N. & PIAU, A.A.M. Mudanças na matéria orgânica do solo causadas pelo tempo de adoção de um sistema agrossilvopastoril com eucalipto. R. Bras. Ci. Solo, v.34, p.43-57, 2010. WOLLUM, A.G. Cultural methods for soil microorganisms. In: PAGE, A.L.; MILLER, R.H.; KEENEY, D.R. (Ed.). Methods of soil analysis. Madis Madison: Soil Science Society of America, 1982, p.781-802. Tabela 1. Análise química do solo sob integração lavoura pecuária floresta, no município de Nova Canaã do Norte, MT. AMOSTRA IDENT. Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 pH Ca água 5,8 4,8 5,4 Mg Al H + Al cmolc/dm³ 0,82 0,1 0,37 0,5 0,55 0,1 2,07 0,54 1,80 5,29 6,36 6,17 P 10,6 4,2 6,1 20 mg C g solo K 106 84 106 Cu Zn mg/dm³ 2,2 5,5 1,3 3,4 0,7 2,9 Fe 110 100 90 Mn M.O. 39 20 34 g/dm³ 19 16 20 a 15 a b 10 a b a 5 a CBM 0 T1 RB T2 T3 Figura 1. Respiração basal (RB) e carbono da biomassa microbiana (CBM) em solos sob o sistema de integração lavoura pecuária floresta, no município de Nova Canaã do Norte, MT. * Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. 22 Certificado de apresentação de trabalho no FertBio 2010, Guarapari-ES. 23