Entrevista com Roberval Ramos Ferreira
P: Primeiro, diga o seu nome e o que é que você faz aqui em Buíque.
R: Meu nome é Roberval Ramos Ferreira, sou ex-Secretário de Turismo e,
atualmente, sou professor municipal e historiador.
P: Ok, Roberval, conte um pouco da biografia de Graciliano: quando é que
ele chega aqui e quando é que ele sai?
R: Graciliano Ramos chegou aqui em Buíque em 1894. Ele veio de
Alagoas. Seus pais vieram residir aqui em Buíque, devido ao fato de sua
mãe e seus avós maternos já serem daqui. Então, fixaram comércio, e ele
começou as suas leituras aqui, iniciou os seus estudos aqui em Buíque, e
aqui permaneceu até 1900. No seu livro Infância, ele relata toda a sua
passagem aqui em Buíque.
P: Ele volta mais uma vez aqui, acho que em 1910, quando fica doente. Ele
não passa uma época na casa da avó? Quando é isso, mais ou menos?
R: Foi entre 1910 e 1911, como ele relata no seu livro Cartas. Ele passou
uns dias na fazenda Maniçoba — hoje chama-se fazenda Pintadinho —
que era a casa da sua avó. E ele relata, num trecho de Cartas, que isso
aqui é bom como o diabo, que leva-se o dia só lendo e fumando, uma vida
de anjo. Muito bonito isso!
P: E só mais uma coisa: quando Graciliano sai daqui, qual o itinerário dele,
da infância até chegar em Palmeira dos Índios?
R: Não me lembro bem, mas ele foi para Palmeira dos Índios logo depois, e
lá foi onde ele fixou-se por mais tempo e chegou a ser prefeito, cargo ao
qual renunciou, por dois anos. Por sinal, foi um dos prefeitos mais honestos
até hoje conhecidos.
P: Ok, Roberval. Tem mais alguma coisa sobre Graciliano que você acha
interessante dizer?
R: Graciliano Ramos deu sua contribuição para Buíque, como um dos
maiores escritores do Brasil. Passou sua infância aqui e a relatou no livro
Infância, que foi publicado em 1945, antes da sua morte. E esse foi um livro
que, para nós, historiadores, teve uma grande importância, no sentido de
chegarmos a determinadas datas históricas que antes eram duvidosas.
Comparando com outras, chegamos a essas datas, possivelmente por
causa do livro de Graciliano Ramos, em que ele relata tudo, tudo, de
maneira correta e transparente.
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