ASSISTÊNCIA AO PARTO POR ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NA SAÚDE SUPLEMENTAR Enf. Esp. Cristiane Oliveira de Souza Apesar dos esforços de maternidades privadas para reduzir o número de cesáreas, ele ainda é alto no País. Estudo divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) indica que as cesarianas praticadas por planos de saúde correspondem a 79,7% do total de partos. O resultado coincide com os da Associação Nacional dos Hospitais Privados ,Anahp, de 80% muito longe dos 15% recomendados pela OMS.. Uma das metas da ANS é aumentar, o número de partos normais em 15%, através de debates com médicos e outras medidas. No Sistema Único de Saúde (SUS), a proporção é bem diferente. Segundo o Ministério da Saúde, os programas de humanização, implantados em 2003, têm colaborado para esse índice. Dados do ministério mostram que a cesariana, em geral, é agendada antes de a mulher entrar em trabalho de parto e o risco de o bebê desenvolver problemas respiratórios é 120 vezes maior. A região Sudeste é a campeã deste tipo de parto, cerca de 52% do número total de partos. O norte registra o menor porcentual, 35%. O aumento de cesarianas, de acordo com o ministério, é por causa do menor tempo de assistência médica necessária. Outro fator relevante é a falta de informação entre as mulheres. Preocupada com os altos índices de parto cesáreo na saúde suplementar, a ANS lança campanha em favor do parto normal e pela redução das cesarianas desnecessárias intitulada: "Parto normal está no meu plano". O primeiro passo foi incentivar o envio, pelas operadoras, de uma carta elaborada pela ANS, às mulheres titulares de planos médico-hospitalares com cobertura obstétrica. O objetivo é informálas sobre os benefícios do parto normal e os riscos das cesarianas sem indicação precisa. As mulheres de 15 a 49 obstétrica são o anos beneficiárias de planos como cobertura público-alvo dessa campanha. Outra medida de destaque foi a inclusão, na nova versão do Rol de Procedimentos, da cobertura dos partos feitos por enfermeira obstétrica e da presença de um VI CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERM AGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL _____________________________________________________________________________________________________ acompanhante durante toda a estada da mulher no hospital, desde o momento do parto até a sua alta. A literatura médica e recentes pesquisas associam a participação da enfermeira obstétrica e a presença do acompanhante à redução do número de cesarianas. A Enfermeira Obstétrica na rede de Saúde Suplementar então vem a cada dia ganhando mais espaço, não só na assistência à parturiente durante a admissão e controle do trabalho de parto, como também na realização dos partos normais. Tal fato deve- se não só ao incentivo da ANS, como também à avaliação positiva da assistência prestada tanto pelas usuárias, quanto da equipe multiprofissional, principalmente do profissional médico, que aos poucos tem percebido a importância de somarmos forças, já que há campo para todo mundo, e nosso trabalho não anula o dele e sim complementa. Com a tentativa da ANS em baixar o número de partos cesáreas, o índice de morbidade perinatal, e utilização de leitos de UTI Neonatal na rede privada, a enfermeira obstétrica ganha força, como principal aliada neste processo, visto que sua atuação tende a ser voltada ao incentivo ao parto normal. Não podemos dizer que o único profissional que temos que conquistar dentro de uma Unidade da rede privada é o médico, pois encontramos dificuldades entre colegas enfermeiras obstétricas, técnicos e auxiliares de enfermagem que, devido o tempo de atuação dentro da instituição, falta de reciclagem em relação à assistência humanizada ao parto normal, tendem a acreditar que o modelo pré – estabelecido anteriormente seja o melhor, não incentivando a vontade da cliente em optar pelo parto normal, pois nem eles o querem preferem uma cesareana de preferência agendada, referindo comodidade. Onde nós temos que realizar um trabalho de educação continuada persistente para tentar mudar este conceito, impedindo que os mesmos não passem suas opiniões pessoais à parturiente. A partir do momento que a relação entre a equipe de trabalho, médico e enfermeira obstétrica, demais membros da equipe de enfermagem é bem estruturada e amparada pela instituição é possível realizar um trabalho conjunto de assistência humanizada, galgada na confiança ao profissional, que é automaticamente passada também para a cliente. Confiança que a faz acreditar na enfermeira obstétrica, criando um vínculo, VI CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERM AGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL _____________________________________________________________________________________________________ este, que a faz realizar todos os exercícios propostos, como banhos de chuveiro, sentar no cavalinho, deambular e muitas vezes abrir mão da analgesia para garantir que aquele profissional que está lhe acompanhando realize seu parto. A idéia é justamente reduzir ao máximo o stress do parto normal e afastar a idéia de que ele é, necessariamente, muito sofrido. O stress provoca uma descarga de adrenalina no sangue, impedindo o fluxo das substâncias que compõem o chamado coquetel do amor, formado por hormônios, como a oxitocina (fundamental na contrações do útero) e endorfina. Uma estratégia que tem mostrado resultados significativos, é a realização de grupos de gestantes com equipe multidisciplinar, médico obstetra, neonatologista, e enfermeira obstétrica , ressaltando a importância do parto normal para a mãe e para o bebê, explicando inclusive, que quanto mais natural o parto menor o índice que complicação , deixando claro que a analgesia transforma o parto em operatório. Desmistificar o local e a posição de nascimento é outro ponto importante discutido nesses grupos , incentivando a mulher a participar ativamente de seu parto decidindo a melhor posição e o local . Porém, sabendo até respeitar sua vontade quando já houver outra (s ) paridade ( s) , de parir em sala de parto em posição ginecológica , com perneiras ,por se sentir assim mais `a vontade devido experiências anteriores que a fazem acreditar que aquela é a forma correta e para ela a mais agradável de dar a luz. Quando nos deparamos com parturientes que não realizaram tais trabalhos preparatórios, fica mais difícil uma abordagem em relação ao parto normal e analgesia , já que a tendência é pedi-la assim que as dores aumentam e conseqüentemente pedir a cesárea por acharem que o trabalho de parto está demorado.Mudar este tipo de pensamento é mais difícil, mas não impossível e é competência da enfermeira obstétrica esforçar- se para que isso aconteça , utilizando todos os argumentos possíveis , realizando medidas terapêuticas para o alívio da dor, incentivando o acompanhante a realizar massagens , dar palavras de incentivo , de melhora da auto – estima , explicando que as contrações tem intervalos ,diminuindo assim o stress e aumento a confiança em nossos argumentos e nela mesma, mostrar – lhe que é capaz e quanto mais conseguir se ajudar menos a dor vai lhe incomodar. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERM AGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL _____________________________________________________________________________________________________ Como a natureza da enfermeira obstetra é de educadora em tempo integral, o aleitamento materno precoce é outro fator garantido em sala de parto, nos partos por nós realizados, outro grande avanço , já que não, há muito tempo ,e ainda hoje em muitas Unidades de Saúde da Rede Privada, há um alto índice de complemento ao aleitamento materno com fórmulas artificiais , com a desculpa de ser uma medida adotada para não gerar stress à puérpera.Mas sabemos que a realidade pode ser outra e que podemos e sabemos como fazer a diferença.