INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Diego Hiroshi Taira Felipe Augusto Alves Gabriel Gustavo Oliveira da Silva Marcus Vinícius Ferreira Barbosa KART ADAPTADO A PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus São José dos Campos, como requisito para obtenção do Título de Técnico em mecânica sob orientação do Professor Helder Souza de Oliveira e Coorientação da Professora Amita Muralikrishna. São José dos Campos 2014 Taira, Diego H.; Alves, Felipe A.; Silva, Gabriel G.. O.; Barbosa, Marcus Vinícius F. Kart adaptado a portadores de necessidades especiais / Taira, Diego H.; Alves, Felipe A.; Silva, Gabriel G.. O.; Barbosa, Marcus Vinícius F.. São José dos Campos, SP: 2014. Trabalho de conclusão de curso (Técnico em Mecânica) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo-Campus São José dos Campos. Orientação: Prof. Helder Souza de Oliveira e Co-orientação da Professora Amita Muralikrishna. 1. kart 2. Deficiência 3. Adaptação 4. Habilidade 5. Acessibilidade 1 BANCA EXAMINADORA Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) defendido e aprovado em _____ de _____________ de 2014, pela banca examinadora constituída pelos professores: _______________________________________________ Professor Helder Souza de Oliveira Orientador (a) _______________________________________________ Professora Amita Muralikrishna Co-orientador (a) 2 Agradecimentos Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos abençoado a conseguir finalizar este projeto. Muitas pessoas, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Em especial gostaríamos de agradecer: a empresa Kart Center que nos forneceu peças, chassi, e o motor do kart, ao orientador professor Helder Souza de Oliveira e a co-orientadora professora Amita Muralikrishna, por acreditar em nossa capacidade, valorizar o nosso trabalho e contribuir para o nosso crescimento pessoal e intelectual, aos nossos colegas Wesley, Francisco, José Adilson, Valdir, Ronivaldo e aos colegas da sala da mecânica IV vespertino pelos momentos de alegria, descontração, amizade e até mesmo por nos auxiliar nas atividades, e a escola IFSP-SJC. 3 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 5 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .................................................................. 7 RESUMO..................................................................................................................... 8 ABSTRACT ................................................................................................................. 9 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 2. OBJETIVO............................................................................................................. 11 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 12 3.1. Enquadramento Histórico ............................................................................... 12 3.2. O kart .............................................................................................................. 13 3.3. Torno mecânico............................................................................................... 16 3.4. Fresadora ....................................................................................................... 19 4. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 21 4.1. Materiais ......................................................................................................... 21 4.1.1. Materiais recebidos .................................................................................. 21 4.2. Métodos .......................................................................................................... 24 4.2.1. Limpeza e lubrificação das peças ............................................................ 24 4.2.2. Preparação do chassi............................................................................... 24 4.2.3. Usinagem da manga ................................................................................ 24 4.2.4. Montagem do volante adaptado ............................................................... 26 4.2.5. Adaptação do freio ................................................................................... 27 4.2.6. Fixação do motor...................................................................................... 27 4.2.7. Montagem da transmissão ....................................................................... 28 4.2.8. Polia tensionadora.................................................................................... 28 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 30 6. CONCLUSÃO........................................................................................................ 33 6.1. Trabalhos futuros ............................................................................................ 33 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 34 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1: (a) Eng. Art Ingels; (b) Primeiro kart. 12 Figura 2: (a) Aspecto geral de chassi atual de competição; (b) Chassi de kart. 13 Figura 3: Competição de kart. 14 Figura 4: Kart geralmente utilizado por crianças. 15 Figura 5: (a) Tecnologia telemétrica no volante de um kart; (b) Dispositivo telemétrico. 16 Figura 6: Torno primitivo. 16 Figura 7: Torno oleiro. 17 Figura 8: Torno “tipo máquina de costura”. 17 Figura 9: Detalhe do acionamento. 17 Figura 10: Torno da época da Segunda Guerra. 18 Figura 11: Estação CNC. 18 Figura 12: Fresadora ferramenteira. 20 Figura 13: (a) Vista frontal do chassi; (b) Vista lateral do chassi. 21 Figura 14: Eixo traseiro. 22 Figura 15: Roda. 22 Figura 16: (a) Luva para roda traseira; (b) Luva fixada na roda. 22 Figura 17: Manga dianteira esquerda. 23 Figura 18: Motor Honda GX-200. 23 Figura 19: (a) Alunos do IFSP-SJC na limpeza das peças; (b) Limpeza das peças 24 fornecidas pela empresa Kart Center. Figura 20: (a) Chassi pronto na cor preto fosco; (b) Alunos do IFSP-SJC pintando. 24 Figura 21: Manga esquerda dianteira. 25 Figura 22: (a) Corte do material para usinagem no torno mecânico; (b) Corte do material 25 para usinagem na fresadora universal. Figura 23: (a) Usinagem no torno mecânico; (b) Usinagem na fresadora universal. 26 Figura 24: Medição com paquímetro. 26 Figura 25: (a) Volante adaptado; (b) Sistema de direção do kart. 26 Figura 26: Freio adaptado. 27 Figura 27: (a) Chapas de aço; (b) Local para fixar as chapas de aço; (c) Motor fixado. 27 Figura 28: Sistema de transmissão. 28 Figura 29: Folga da correia na polia. 28 Figura 30: (a) Alavanca fixada a frente do banco; (b) Alavanca abaixada. 29 5 Figura 31: (a) Polia tensionadora; (b) Polia tensionadora fixada na transmissão. 29 Figura 32: (a) Ângulo da manga; (b) Mangas presas á roda. 30 Figura 33: (a) Volante adaptado vista lateral; (b) Volante com seus respectivos manetes. 30 Figura 34: Pinça danificada no primeiro teste. 31 Figura 35: Alunos analisando a velocidade que pode chegar o motor. 31 Figura 36: Polia tensionadora produzida com restos de materiais. 32 Figura 37: (a) Vista lateral do kart; (b) Vista frontal do kart. 33 6 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS kW Quilowatt cc Cilindrada km/h Quilometro por hora kg Quilograma cv Cavalo-vapor 7 RESUMO O karting surgiu nos Estados Unidos há cerca de 60 anos e consiste numa atividade desportiva praticada com pequenos veículos, disponível a todas as pessoas sem limite de idade, experiência e habilidade, verificando-se a necessidade de adaptar o veículo ao tamanho do utilizador. Há uma grande variedade de tipos de karts utilizados que conseguem cumprir com as exigências do mundo da competição, ou simplesmente utilização para períodos de lazer. Neste sentido, pretende-se com este trabalho, desenvolver um conceito de um kart com acessibilidade para portadores de necessidades especiais, especificamente deficiência física dos membros inferiores, fazendo uso de novos materiais estruturais e adaptações de aceleração e frenagem na direção. Palavras chave: kart, deficiência, adaptação, habilidade, acessibilidade. 8 ABSTRACT The karting originated in the United States for about 60 years and is a sporting activity practiced with small vehicles, available to all persons regardless of age, experience and skill, verifying the need to adapt the vehicle to the size of the user. There are a variety of types of karts used that can meet the demands of the world of competition, or simply use for leisure time. In this sense, the aim of this study was to develop a concept of a kart with accessibility for people with special needs, specifically disability of lower limbs, making use of new materials and structural adaptations of acceleration and braking in direction. Keywords: karting, disability, adaptation, ability, accessibility. 9 1. INTRODUÇÃO A exclusão social está até dentro das pistas, não havendo possibilidade de um portador, especificamente com deficiência física dos membros inferiores, aproveitar o que um kart tem de melhor, pela dificuldade de que o veículo apresenta pela aceleração e frenagem serem mecanicamente nos pés. A criatividade rompe barreiras e permite que deficientes físicos acelerem nas pistas e o kart adaptado vem mudar o paradigma da sociedade com relação a esses portadores, dando-lhes maiores oportunidades de participar e aproveitar desta atividade esportiva e de lazer, alterando o uso da aceleração e frenagem com os pés para a adaptação com as mãos. O kart adaptado requer mais reflexo e é preciso coordenar os movimentos das mãos, para não soltar o volante. Atualmente os karts projetados e produzidos têm como objetivo a utilização na área de lazer e ao ramo de treinamento automobilístico. Estruturalmente, o kart tem um comportamento em pista muito peculiar, uma vez que a inexistência de um diferencial do eixo traseiro impõe a necessidade que na curva, apenas três das quatro rodas fiquem em contato com o solo, evitando assim a perda de tração e consequentemente controle do kart. Diante deste contexto a proposta deste trabalho foi projetar e adaptar um kart que atenda aos portadores de necessidades especiais, especificamente os deficientes físicos dos membros inferiores, com adaptação de aceleração e frenagem junto à direção. 10 2. OBJETIVO Projetar e adaptar um kart que atenda aos portadores de necessidades especiais, especificamente os deficientes físicos de membros inferiores, com adaptação de aceleração e frenagem junto à direção. 11 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Enquadramento Histórico Os karts, como hoje são conhecidos, são originários dos Estados Unidos da América. Por volta dos anos 50, pilotos americanos construíam pequenos carros motorizados, com tubos metálicos, equipados com pequenas rodas de aviões. Inicialmente estes pequenos veículos serviam para dar apoio aos mecânicos nos campos de aviação, só mais tarde o engenheiro Art Ingels construiu um veículo com a concepção base do kart atual, visível na Figura 1. A primeira marca a surgir com patente mundial foi lançada com a designação de Caretta e resultou do trabalho de Ingels e de Lou Borelli, engenheiro responsável pela manutenção das estações de serviço da Standard Oil. (a) (b) Figura 1: (a) Eng. Art Ingels; (b) Primeiro kart. A primeira corrida de karts realizou-se em 1957, em pistas provisórias e com equipamentos construídos pelos próprios concorrentes. Em Dezembro de 1956 foi fundado o Go-Kart Club of America, o primeiro Karting Club do mundo. A popularidade do novo desporto motorizado não parava de aumentar, e em 1960 foram registrados 300 mil karts, construídos por várias dezenas de empresas. Na Europa o movimento fez-se sentir no final dos anos 50 e, em 1962, o karting era inscrito na Federação Internacional do Automóvel. Dois anos mais tarde formava-se a Comissão Internacional de Karting, a autoridade principal da modalidade primeiramente na Europa, e depois no mundo. A modalidade chegou a Portugal no princípio dos anos 60 e inicialmente era praticado nos parques de estacionamento ou em praças. Os primeiros 12 kartódromos foram construídos a partir de 1963, sendo que o mais antigo ainda em funcionamento, o kartódromo Cabo do Mundo em Matosinhos, foi fundado em 1979. O ano de 1991 foi onde se verificou uma maior projeção da atividade, ficando mais acessível a todos os cidadãos. Hoje em dia, existem em Portugal karts muito avançados, representações de todas as marcas da modalidade, e mais de 30 kartódromos distribuídos por todo o país. O karting evoluiu tão consistentemente, que se tornou na melhor das escolas de formação para jovens pilotos, havendo já lançado nobres nomes da Fórmula 1 como Nelson Piquet, Ayrton Senna, Nigel Mansell e Alain Prost. Oficialmente, com base em regulamentos desportivos, o karting é uma atividade que pode ser praticada a partir dos cinco anos de idade. Desta forma existem karts no mercado com diferentes dimensões de chassis, associados à faixa etária ou morfologia do piloto. Os modelos mais comuns, apesar de veículos que não incluem componentes de controle eletrônico sofisticados, permitem diversos acertos e afinações mecânicas, assemelhando-se muito a uma fórmula em aceleração e frenagem, exigindo uma boa preparação física por parte do condutor. É essencial o piloto conhecer toda a mecânica e os seus pontos de afinação para atingir o seu melhor desempenho. (Oliveira, 2012) 3.2. O Kart Ao longo de 60 anos de desenvolvimento, é interessante observar as diferenças evolutivas em torno do mesmo conceito. A Figura 2 ilustra o aspecto geral de chassis atuais de competição, onde é visível por comparação com a figura ao lado, essa mesma evolução: (a) (b) Figura 2: (a) Aspecto geral de chassi atual de competição; (b) Chassi de kart. 13 Estruturalmente, o kart tem um comportamento em pista muito peculiar, uma vez que a inexistência de um diferencial do eixo traseiro impõe a necessidade que na curva, apenas três das quatro rodas fiquem em contato com o solo, evitando assim a perda de tração e consequentemente controle do kart. Os chassis dos karts atuais têm na sua maioria uma configuração estrutural similar à da Figura 2, no entanto, existem diferenças diante a sua aplicação final, e é por isso que comercialmente podem ser divididos em duas categorias, sendo elas competição e lazer. Logo abaixo segue a Figura 3 de uma competição de kart. Figura 3: Competição de Kart As versões destinadas à utilização lúdica são frequentemente encontradas nos kartódromos com serviço de aluguel. As potências dos motores estão normalmente localizadas entre os 2,6 kW e os 8,7 kW, referentes às cilindradas de 120cc e 390cc respectivamente. Estes valores de potência demonstram-se pouco significativos quando comparados aos equivalentes utilizados em competição. Para os utilizadores até 14 anos, as velocidades atingidas são usualmente inferiores a 90km/h. Esse limite é imposto pela rotação máxima do motor e pela relação de transmissão utilizada entre o motor e o freio traseiro, uma vez que a transmissão de potência é feita sem caixa de velocidades. O sistema de travagem é normalmente de atuação mecânica por cabo. As características técnicas dos chassis de lazer são pouco evoluídas, garantindo apenas que se apresentem como veículos fáceis e divertidos de conduzir. As manutenções são econômicas, sem que exista a necessidade de utilizar 14 materiais de elevado nível de qualidade. Na maioria dos casos, recorre-se por isso a componentes consumíveis mais acessíveis economicamente. Usualmente o peso de um kart de 200cc, sem piloto e sem combustível, é cerca de 110 kg, já os karts de 270cc poderão atingir os 119 kg nas mesmas condições. Para dar resposta às necessidades do mercado de aluguel é frequente encontrar várias frotas de karts disponíveis, de diferentes dimensões de chassis, num mesmo kartódromo. Logo abaixo segue a Figura 4 de um kart de pequeno porte. Figura 4: Kart geralmente utilizado por crianças Acontece, porém que as frotas de tamanho de criança são menos solicitadas o que implica uma lenta velocidade de reabilitação do investimento. A esse fato acrescentam-se as despesas de manutenção das condições logísticas adequadas para albergar todos os veículos. Na vertente competitiva, tudo funciona de forma diferente. Os karts utilizados são mais velozes e eficazes, e dispõem de características mecânicas modificáveis, ao ponto de ser possível ajustar cada veículo ao respectivo condutor e modo de condução, poupando-se centésimos de segundo em pista. A gama de potências disponíveis é muito mais alargada, chegando a atingir mais de 30 kW, o equivalente a cerca de 40cv, numa cilindrada de 125cc. As velocidades atingidas são muito superiores, uma vez que existem 6 relações de velocidade, sendo que em alguns circuitos a velocidade mínima praticada é de 70km/h, e a máxima de 200km/h. O sistema de travagem utilizado na maioria dos casos é hidráulico e atua no eixo traseiro e dianteiro. Existem regras que estipulam o peso mínimo do conjunto kart e piloto e, por 15 exemplo, na categoria entre os 12 e os 14 anos, esse valor é de 145 kg, com o piloto equipado a bordo, sem combustível. Os karts são monitorizados em pista através de tecnologia telemétrica, onde são controlados os valores de velocidade, rotação do motor, temperatura do motor, dos pneus e do líquido de refrigeração, pressão dos pneus e tempos por volta. Logo abaixo segue a Figura 5 da tecnologia telemétrica (Oliveira, 2012). (a) (b) Figura 5: (a) Tecnologia telemétrica no volante de um kart; (b) Dispositivo telemétrico. 3.3. Torno mecânico O uso do Torno foi identificado por arqueólogos na fabricação de cerâmicas datadas de mais de 3000 anos de existência. Figura 6: Torno primitivo 16 Desenhos Egípcios mostram oleiros trabalhando com Tornos a mais de 2000 anos antes de nossa era. Figura 7: Torno Oleiro Os primeiros tornos, dignos desse nome, tinham barramento de madeira e transmissão por correias de couro. Figura 8: Torno "tipo máquina de costura" Os mecanismos eram acionados por pedais, semelhantes às máquinas de costura manuais inspirados por Leonardo D’Vinci. Figura 9: Detalhe do acionamento 17 No fim do século XVIII, os fabricantes de armas para batalhas (cruzadas), começaram a desenvolver interesse por diversos materiais metálicos, originando dispositivos mecânico para fabricação de suas armas e ferramentas. Um Torno mecânico era ajustado antigamente pelo ferramenteiro que utilizava um conjunto de procedimentos mentais e manuais. Necessitando de outro tipo de peça, era preciso reajustar todo o equipamento novamente. Com a chegada da energia elétrica no final do século XIX surge o motor elétrico, que trouxe junto com a revolução industrial inglesa, o aperfeiçoamento do Torno e de diversas máquinas no século XX. Figura 10: Torno da época da Segunda Guerra Depois da introdução da informática, a união das funções do Torno e dos computadores numa mesma máquina (torno de comando numérico computadorizado), permitiu que todos os procedimentos do ferramenteiro sejam feitos automaticamente pelo Torno. Basta para isso que o programador dê os comandos e as medidas da nova peça. (Vieira, 2013) Figura 11: Estação CNC 18 3.4. Fresadora As fresadoras são máquinas de movimento contínuo, destinadas a usinagem de materiais, onde se removem os cavacos por meio de uma ferramenta de corte chamada fresa, a operação de retirada de cavacos é chamada de fresamento. Desde que apareceram até hoje, tem apresentado uma evolução construtiva notável que permite uma faixa muito ampla de operações. As fresadoras, para alcançar o maior rendimento, devem ter uma arquitetura que as torne sólidas, porque o mandril porta-fresa é submetido a esforços notáveis de torção, pois a ferramenta ataca, com suas arestas cortantes, um amplo arco de material na superfície das peças. Tais esforços variam também com a intensidade, segundo uma frequência que pode redundar em vibrações danosas para a máquina, se esta não for suficientemente robusta. A ferramenta de trabalho da fresadora é classificada de fios múltiplos e se pode montar num eixo chamado porta-fresas. As combinações de fresas de diferentes formas conferem à máquina características especiais e, sobretudo vantagens sobre outras máquinas-ferramenta. Uma das principais características da fresadora é a realização de uma grande variedade de trabalhos tridimensionais. O corte pode ser realizado em superfícies situadas em planos paralelos, perpendiculares, ou formando ângulos diversos: construir ranhuras circulares, elípticas, fresagem em formas esféricas, côncavas e convexas, com rapidez e precisão. Algumas das características que podem nos dar ideia da máquina estão citadas abaixo: Comprimento e largura da mesa; Giro da mesa em ambos os sentidos; Máximo deslocamento longitudinal da mesa; Máximo deslocamento transversal da mesa; Máximo deslocamento vertical do suporte da mesa; Máxima altura da superfície da mesa em relação ao eixo principal; Maiores e menores números de RPM do eixo principal; Avanços da mesa em mm/min; 19 Velocidade e potencia do motor; Peso que a maquina suporta sobre a mesa. Estas características são as que permitem identificar a máquina nos catálogos comerciais, onde são explicadas com detalhes. A operação de fresamento se diferencia onde a ferramenta gira, proporcionando o corte. A mesa, na qual a peça é fixada, pode controlar os movimentos de avanço deixando a peça de acordo com o projeto. (SCHAPLA, 2010) Figura 12: Fresadora ferramenteira 20 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Materiais Os materiais utilizados foram: Lixa D’água 400, lixa D’água 500, lixa 800, spray multiuso cor preto fosco, porcas de pressão, arruelas de pressão, parafuso Allen roda livre, porca sextavada 3/8, lima murça, lima bastarda, óleo solúvel, óleo lubrificante, torno mecânico, fresadora universal, serra de fita, serra manual, chave de roda, morsa, chave Allen, chave philips, chave de fenda, alicate universal, paquímetro, manete de bicicleta, freio á disco, guidão de bicicleta, martelo, martelo de borracha, picador de solda, polia, correia, solda elétrica, cabo de aço, conduíte, tirrapia, cavilha, antigripante, polidor de metais, graxa, brocas, ferramentas de desbaste interno e externo para torno, cabeçote para fresadora, esmerilhadeira, tarugo de aço carbono 1020, mola de tração. 4.1.1. Materiais recebidos Chassi: Fornecido pela empresa Kart Center. (a) (b) Figura 13: (a) Vista frontal do chassi; (b) Vista lateral do chassi. 21 Eixo traseiro: Fornecido pela empresa Kart Center. Figura 14: Eixo traseiro Rodas: Fornecido pela empresa Kart Center. Figura 15: Roda Luva para roda traseira: Fornecido pela empresa Kart Center. (a) (b) Figura 16: (a) Luva para roda traseira; (b) Luva fixada na roda. 22 Manga para roda dianteira: Fornecido pela empresa Kart Center. Figura 17: Manga dianteira esquerda Motor Honda GX-200: Fornecido pela empresa Kart Center. Figura 18: Motor Honda GX-200 23 4.2. Métodos 4.2.1. Limpeza e Lubrificação das peças Para utilizar as peças foi necessário a limpeza e lubrificação, utilizando lixa D' água 400, lixa D' água 500 e antigripante conforme na Figura 19 a seguir: (a) (b) Figura 19: (a) Alunos do IFSP-SJC na limpeza das peças; (b) Limpeza das peças fornecidas pela empresa Kart Center. 4.2.2. Preparação do chassi Foi necessário a preparação do chassi para a pintura utilizando lixa 800, após finalizado foi feito a pintura com spray multiuso na cor preto fosco conforme na Figura 20 a seguir: (a) (b) Figura 20: (a) Chassi pronto na cor preto fosco; (b) Alunos do IFSP-SJC pintando. 24 4.2.3. Usinagem da manga Havia apenas uma manga dianteira para o lado esquerdo, então foi fabricada outra para o lado direito. Figura 21: Manga esquerda dianteira. Primeiro foi necessário o dimensionamento das peças, em seguida o corte do tarugo de aço carbono 1020 na serra de fita para usinagem no torno mecânico e fresadora universal, conforme na Figura 22 logo abaixo. (a) (b) Figura 22: (a) Corte do material para usinagem no torno mecânico; (b) Corte do material para usinagem na fresadora universal. A manga consiste de três partes, sendo duas usinadas no torno mecânico e uma na fresadora universal conforme na Figura 23, para medição das peças foi utilizado um paquímetro conforme a Figura 24. 25 (a) (b) Figura 23: (a) Usinagem no torno mecânico; (b) Usinagem na fresadora universal. Figura 24: Medição com paquímetro 4.2.4. Montagem do volante adaptado Foi utilizado para montagem do volante um guidão de bicicleta e seus respectivos manetes para efetuar aceleração e frenagem junto à direção, o volante foi fixado ao sistema de direção do kart conforme na Figura 25 a seguir: (a) (b) Figura 25: (a) Volante adaptado; (b) Sistema de direção do kart. 26 4.2.5. Adaptação do freio Foi utilizado um freio a disco de bicicleta. O disco foi fixado com o auxilio de uma luva pelo fato do diâmetro interno do disco ser maior do que o eixo, a pinça foi presa por duas chapas de aço na estrutura traseira do chassi conforme na Figura 26. Figura 26: Freio adaptado 4.2.6. Fixação do motor O motor foi fixado em duas chapas de aço por parafusos e porcas de pressão pelo fato da vibração excessiva afrouxar as porcas comuns. As chapas foram soldadas na estrutura do chassi na parte traseira com o auxílio da solda elétrica conforme na Figura 27 logo abaixo. (a) (b) (c) Figura 27: (a) Chapas de aço; (b) Local para fixar as chapas de aço; (c) Motor fixado. 27 4.2.7. Montagem da transmissão A transmissão deste kart é dada por polias e correias. A correia é dentada tipo A, e as polias são de dupla entrada. As polias são fixadas por meio de parafusos Allen sem cabeça nas chavetas do eixo traseiro e do eixo do motor. A Figura 28 a seguir mostra a montagem final da transmissão. Figura 28: Sistema de transmissão 4.2.8. Polia tensionadora O motor recebido não possuia embreagem centrífuga, ou seja, quando ligado ele já estava acelerado. Para que não transmitisse tração para o eixo, foi fixado o motor junto com a polia a uma distância menor do que a correia, ocasionando uma folga entre a correia e a polia, assim quando ligado o motor, seu eixo gira em falso conforme a Figura 29 a seguir: Figura 29: Folga da correia na polia 28 Para tracionar o eixo traseiro do kart foi projetado e adaptado uma polia tensionadora, onde, para tracionar o eixo tende-se a abaixar uma alavanca fixada a frente do banco, assim o cabo de aço se estende e para que a alavanca volte uma mola de tração é fixa nela e em uma chapa soldada no chassi conforme a Figura 30 logo a seguir: (a) (b) Figura 30: (a) Alavanca fixada a frente do banco; (b) Alavanca abaixada. Com a alavanca abaixada estendendo o cabo de aço, a polia tensionadora composta por duas polias, uma pequena chapa e um pequeno eixo que sustenta as polias, gira no sentido anti-horário visando do lado direito. Esse movimento faz com que tire a folga da correia tracionando o eixo e dando movimento ao kart conforme a Figura 31 a seguir: (a) (b) Figura 31: (a) Polia tensionadora; (b) Polia tensionadora fixada na transmissão. 29 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Primeiramente a usinagem da manga direita dianteira ficou impecável, o ângulo das mangas faz com que haja uma cambagem, ou seja, nas curvas a cambagem faz com que apenas três das quatros rodas fiquem estabilizadas no solo, evitando assim a perda de tração e consequentemente controle do kart.. Logo a seguir a Figura 32. (a) (b) Figura 32: (a) Ângulo da manga; (b) Mangas presas á roda. O volante adaptado com seu formato e características principais, ou seja, aceleração e frenagem por meio de manetes foi aprovado por nós alunos, não atrapalha em nada na condução do kart. Segue Figura 33 logo abaixo. (a) (b) Figura 33: (a) Volante adaptado vista lateral; (b) Volante com seus respectivos manetes. 30 O freio utilizado não foi aprovado, no primeiro teste o disco danificou a pinça porque não aguentou o torque fornecido pelo motor, já era esperado, pois o freio é subdimensionado, pelo fato de ser utilizado normalmente em bicicletas onde há pequeno torque e pequenas rotações, mas mesmo tendo receio que não funcionaria foi feito o teste, sendo o freio um novo material estrutural conforme a Figura 34 a seguir: Figura 34: Pinça danificada no primeiro teste A transmissão feita por polias e correias fez com que o kart chegasse a pouco mais de 50Km/h, a estimativa e que possa chegar até os 60Km/h. Como não temos a tecnologia telemétrica estes parâmetros foram analisados por nós alunos e professores. Figura 35 logo abaixo. Figura 35: Alunos analisando a velocidade que pode chegar o motor 31 A polia tensionadora foi um dispositivo projetado e adaptado pelos alunos que faz com que leve a transmissão a um patamar totalmente caseiro, utilizando restos de materiais conforme a Figura 36 a seguir: Figura 36: Polia tensionadora produzida com restos de materiais 32 6. CONCLUSÃO O projeto foi concluído com todas as adaptações projetadas e realizadas. A projeção e adaptação deste kart foram feitas com os conhecimentos adquiridos ao decorrer do curso. A amizade, confiança, força e fé foram os principais motivadores para conclusão deste projeto. A Figura 37 logo a seguir mostra como ficou o kart adaptado a portadores de necessidades especiais, especificamente para deficientes físicos dos membros inferiores. (a) (b) Figura 37: (a) Vista lateral do kart; (b) Vista frontal do kart. 6.1. TRABALHOS FUTUROS Fazer o teste por um portador de necessidades especiais, especificamente deficientes físicos dos membros inferiores e engrandecer nosso trabalho ajustando as adaptações necessárias. 33 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLIENI, C. (24 de Setembro de 2013). ZENIT- O mundo visto de Roma. Acesso em 08 de Junho de 2014, disponível em ZENIT: http://www.zenit.org/pt/articles/portadores-de-necessidades-especiais-adefinicao-em-3-pontos OLIVEIRA, A. F..Desenvolvimento de Conceito, Implementação e Teste de Plataforma Elétrica em Kart Ajustável. Dissertação de mestrado. Instituto Técnico de Lisboa. Portugal. 93p, 2012 SCHAPLA, A.. EBAH. Acesso em 08 de 06 de 2014, disponível em EBAH: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABJtoAF/fresadora VIEIRA, R. (s.d.). EBAH. Acesso em 08 de 06 de 2014, disponível em EBAH: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABQ-gAD/torno-mecanico# 34