PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE CURITIBA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE MATERIAIS - PPGEM CLÁUDIO TAVARES DA SILVA PROJETO E LOCALIZAÇÃO ÓTIMOS DE SISTEMAS DE NEUTRALIZADORES DINÂMICOS VISCOELÁSTICOS USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS CURITIBA DEZEMBRO - 2005 CLÁUDIO TAVARES DA SILVA PROJETO E LOCALIZAÇÃO ÓTIMOS DE SISTEMAS DE NEUTRALIZADORES DINÂMICOS VISCOELÁSTICOS USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de Concentração: Engenharia da Manufatura, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus de Curitiba, da UTFPR. Orientador: Prof. Carlos Alberto Bavastri, Dr. Eng. Co-orientador: Prof. Jucélio Tomás Pereira, Dr. Eng. CURITIBA DEZEMBRO - 2005 TERMO DE APROVAÇÃO CLÁUDIO TAVARES DA SILVA PROJETO E LOCALIZAÇÃO ÓTIMOS DE SISTEMAS DE NEUTRALIZADORES DINÂMICOS VISCOELÁSTICOS USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia, área de concentração em engenharia de Manufatura, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais. ____________________________________ Prof. Sílvio Luiz de Mello Junqueira, D. Sc. Coordenador de Curso Banca Examinadora ______________________________ ______________________________ Prof. José João de Espíndola, PhD (UFSC) Prof. Elizabeth Penner, Dr. Eng. (UTFPR) ______________________________ ______________________________ Prof. Jucélio Tomás Pereira, Dr. Eng. (UTFPR) Prof. Carlos Alberto Bavastri, Dr. Eng. (UTFPR) Curitiba, 13 de dezembro de 2005 À minha Mãe Márcia, ao meu Pai José (in memoriam), e aos meus filhos, Geovanna e Fábio. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Carlos Bavastri pelo incentivo e orientação, pela capacidade técnica, pela amizade e companheirismo que se desenvolveram ao longo de todo o trabalho. E pelo carinho de ler antes. Ao meu co-orientador Jucélio Tomás pela orientação, pelos questionamentos e pelas idéias que foram essenciais para o desenvolvimento e conclusão desse trabalho. E também pelo carinho de ler antes. Aos meus colegas, pelo grande apoio, incentivo e colaboração, assumindo parte das atividades a mim designadas, possibilitando me dedicar à realização desse trabalho. À UTFPR pela oportunidade e incentivos que permitiram a idealização, desenvolvimento e realização desse trabalho. Ao DAMEC – Departamento Acadêmico de Mecânica e ao PPGEM – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e Materiais que possibilitaram a realização desse trabalho através de apoio logístico e material. Os professores e colegas Sílvio Junqueira e Paulo Borges, que acreditaram em mim e me possibilitaram a oportunidade de realizar esse trabalho. Quando a velocidade da água que flui alcança o ponto em que pode mover as pedras, esta é a força direta. Quando a velocidade e manobrabilidade do falcão é tal que pode atacar e matar, isto é precisão. Sun Tzu PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) SUMÁRIO RESUMO v ABSTRACT vi LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE TABELAS xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xii LISTA DE SÍMBOLOS xiii 1 16 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do Problema 16 1.2 Relevância do Problema 18 1.2.1 18 1.3 Objetivos 21 1.4 Histórico 23 1.4.1 Neutralizadores Dinâmicos de Vibração 24 1.4.2 Cálculo Fracional e Viscoelasticidade 27 1.4.3 Algoritmos Genéticos 28 1.4.4 Localização Ótima dos Neutralizadores 29 1.5 2 Neutralizadores Dinâmicos Viscoelásticos Composição do Trabalho REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Viscoelasticidade Linear 32 34 34 2.1.1 Introdução 34 2.1.2 Comportamento Dinâmico 34 2.1.3 Temperatura e Freqüência de Transição 39 2.2 Modelo Viscoelástico Baseado em Derivadas Fracionárias 2.2.1 Modelos com Derivada de Ordem Fracionária 42 42 2.3 Quantidades Equivalentes Generalizadas Para Um Neutralizador Simples 47 2.4 Dinâmica de Estruturas 51 2.4.1 Modelo Viscoso 52 2.4.2 Problema de Autovalores não Amortecido 53 2.4.3 Modelo Viscoso Proporcional 55 2.4.4 Resposta em Freqüência – Coordenadas Principais 56 2.4.5 Neutralizadores Dinâmicos Fixados a Sistemas Primários Complexos 58 2.4.6 Truncamento 59 2.5 Técnicas de Otimização Não Linear PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) 62 2.5.1 Histórico 63 2.5.2 Classificação dos Modelos de Otimização 64 2.5.3 Aplicação a Neutralizadores Dinâmicos 66 2.6 Função Objetivo e Variáveis de Projeto – Otimização dos Parâmetros dos Neutralizadores Dinâmicos 71 3 ALGORÍTMOS GENÉTICOS 75 3.1 Introdução 75 3.2 Terminologia 76 3.3 Operadores Genéticos 78 3.3.1 Cruzamento (Crossover) 78 3.3.2 Mutação 80 3.3.3 Seleção 81 3.3.4 Reprodução 83 3.3.5 Elitismo 84 3.3.6 Compartilhamento 84 3.4 Parâmetros de Influência e Configurações 85 3.4.1 Tamanho da população 86 3.4.2 Probabilidade de Cruzamento 87 3.4.3 Probabilidade de Mutação 88 3.5 A Função Objetivo 88 3.6 Critérios de Convergência 91 3.7 Algoritmo Micro-genético (µGA – micro-GA) 92 3.8 Algoritmo Genético Típico 92 3.9 Teorema Fundamental dos Algoritmos Genéticos 93 3.10 Implementação do Algoritmo Genético para Solução do Problema de Posicionamento de um Sistema de Neutralizadores Dinâmicos de Vibração 99 4 RESULTADOS 101 4.1 Modelo Modal do Sistema Primário 101 4.2 Modelo do Material Viscoelástico 105 4.3 Sistema de Neutralizadores 106 4.4 Técnicas de Otimização Não-Linear 107 4.5 Algoritmo Genético 108 4.6 Casos Avaliados 109 4.6.1 Simulações 1, 2 e 3: Neutralização do Primeiro Modo de Vibrar 109 4.6.2 Comentários relativos às simulações 1, 2 e 3 112 4.6.3 Simulações 4, 5 e 6: Neutralização do Segundo Modo de Vibrar 113 4.6.4 Comentários relativos às simulações 4, 5 e 6 116 4.6.5 Simulações 7, 8 e 9: Neutralização do Terceiro Modo de Vibrar 117 4.6.6 Comentários relativos aos ensaios 7, 8 e 9 120 4.6.7 Simulações 10, 11 e 12: Neutralização do Quarto Modo de Vibrar 121 4.6.8 Comentários relativos às simulações 10, 11 e 12 124 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) 4.6.9 Vibrar Simulações 13, 14 e 15: Neutralização dos Segundo, Terceiro e Quarto Modos de 125 4.6.10 Comentários relativos aos ensaios 13, 14 e 15 4.7 5 Espaço de Busca CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 128 129 132 5.1 Conclusões 132 5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros 134 REFERÊNCIAS 135 APÊNDICE A – Elemento finito shell63 145 APÊNDICE B – Características dinâmicas de um material viscoelástico. 147 APÊNDICE C – Dados numéricos para construção do gráfico tridimensional do espaço de busca. 149 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) vi Da Silva, Cláudio Tavares, Projeto e Localização Ótimos de Sistemas de Neutralizadores Dinâmicos Viscoelásticos Usando Algoritmos Genéticos, 2005, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 154p. RESUMO A utilização de material viscoelástico em neutralizadores dinâmicos (NDV) permite construir dispositivos com formas e tamanhos variados. Essas características tornam os NDV’s extremamente versáteis para controlar vibrações e ruído irradiado de diferentes estruturas mecânicas. Devido às características do material viscoelástico, este dispositivo de controle se torna muito eficaz em uma banda larga de freqüências. Uma metodologia geral e consagrada para projetar neutralizadores dinâmicos viscoelásticos (desenvolvida pelo grupo PISA-CNPq) considera: técnicas de otimização não-linear, parâmetros equivalentes generalizados, parâmetros modais da estrutura e modelos de derivada fracionária para o material viscoelástico. Assim, trabalhando em um subespaço modal da estrutura a controlar, é possível obter os parâmetros físicos ótimos dos neutralizadores de forma que a resposta daquela seja a menor possível. Neste processo, a localização dos neutralizadores é preestabelecida, uma vez conhecido o modelo modal da estrutura. Em algumas aplicações, quando a densidade modal da estrutura é elevada ou quando os modos estão suficientemente acoplados, a localização dos neutralizadores não é obvia para o projetista. Nestes casos, encontrar a melhor localização para os dispositivos de controle pode ser fundamental. Neste trabalho, propõe-se uma metodologia geral que permite determinar, simultaneamente, a localização e os parâmetros ótimos de um sistema de neutralizadores. Um exemplo numérico sobre uma placa de aço, estudando distintas faixas de freqüências, será apresentado e seus resultados discutidos. Palavras-chave: Neutralizadores dinâmicos, Material viscoelástico, Localização e projeto ótimos, Otimização. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) vii Da Silva, Cláudio Tavares, Projeto e Localização Ótimos de Sistemas de Neutralizadores Dinâmicos Viscoelásticos Usando Algoritmos Genéticos, 2005, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 154p. ABSTRACT The use of viscoelastic materials in dynamic neutralizers (VDN) permits to construct devices with different forms and sizes, making them extremely useful to noise and vibrations control in many types of structures. Considering the viscoelastic material characteristics, this form of control device has proved to be very efficient in a wide frequency band. A general and robust method to design viscoelastic dynamic neutralizers (developed by the PISA-CNPq group) considers: non-linear optimization technique, equivalent generalized parameters, the structure’s modal parameters and fractional derivatives based models for the viscoelastic material. Working in a modal subspace of the structure to be controlled, it is possible to find the neutralizers optimal physical parameters such the structure’s response be the minor possible. In this process, the location of the neutralizers is predetermined, once known the modal model for the structure. In certain applications, when the modal density of the structure is high or when the modes are coupled, the neutralizers’ placement is not so clear for the designer. In these cases, to find the best localization for the control devices can be fundamental. In this work, a general methodology is suggested allowing determining, simultaneously, the localization and the optimal parameters of a neutralizer system. A numerical example on a steel plate is presented and its results commented. Keywords: Dynamic neutralizers; Viscoelastic material; Optimal design and location; Optimization. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) viii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Exemplo de neutralizador dinâmico de vibração (rotor de helicóptero)....17 Figura 1.2 Neutralizador MK......................................................................................17 Figura 1.3 Neutralizador MCK. ..................................................................................18 Figura 1.4 Eficiência em banda larga de freqüência. ................................................20 Figura 1.5 Fluxograma de otimização de um sistema de neutralizadores de vibração ...........................................................................................................................23 Figura 2.1 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante. ..............................................................................39 Figura 2.2 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a temperatura para uma freqüência constante. .................................................................................40 Figura 2.3 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetros assintóticos G0 e G∞ ) (Amado, 2004). ...........................................................................................................................45 Figura 2.4 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetro α ) (Amado, 2004). .............................46 Figura 2.5 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetro b) (Amado, 2004)................................47 Figura 2.6 Neutralizador viscoelástico simples..........................................................47 Figura 2.7 Sistemas equivalentes: (a) neutralizador sobre base sem massa e (b) parâmetros equivalentes generalizados.............................................................50 Figura 2.8 Sistemas equivalentes: neutralizador sobre sistema primário genérico. ..51 Figura 2.9 Processo do projeto ótimo........................................................................63 Figura 2.10 Comparação entre os métodos do gradiente, Newton e quase-Newton. (Bavastri, 1997)..................................................................................................71 Figura 2.11 Função Objetivo .....................................................................................74 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) ix Figura 3.1 Ilustração de um AG simples, incluindo: 1. população inicial, 2.e 3. reprodução e cruzamento para formar uma nova geração e 4. obtenção do melhor indivíduo (Senecal, 2000).......................................................................76 Figura 3.2 Esquema do cruzamento uniforme...........................................................79 Figura 3.3 Esquema do cruzamento de um ponto.....................................................80 Figura 3.4 Esquema do cruzamento de dois pontos. ................................................80 Figura 3.5 Esquema da mutação (troca simples). .....................................................81 Figura 3.6 Exemplo de método da roleta. .................................................................82 Figura 3.7 Subpopulações devidas ao niching ou sharing. .......................................85 Figura 3.8 Fluxograma de um AG típico....................................................................93 Figura 3.9 Fluxograma de busca da localização ótima de um sistema de NDV’s utilizando algoritmo genético............................................................................100 Figura 4.1 Objeto de estudo: placa plana em aço simplesmente apoiada nos vértices. .........................................................................................................................101 Figura 4.2 Sistema primário (placa) e malha de FEM com a numeração dos nós. .102 Figura 4.3 Modos de vibrar: (a) primeiro modo; (b) segundo modo; (c) terceiro modo; (d) quarto modo e (e) quinto modo...................................................................104 Figura 4.4 Módulo da FRF da estrutura primária; H95,123.........................................104 Figura 4.5 Monograma do NEOPRENE® empregado nas simulações....................106 Figura 4.6 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 1 neutralizador. 110 Figura 4.7 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador................................110 Figura 4.8 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 2 neutralizadores. .........................................................................................................................110 Figura 4.9 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores............................111 Figura 4.10 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 4 neutralizadores. .........................................................................................................................111 Figura 4.11 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................112 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) x Figura 4.12 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 1 neutralizador. .........................................................................................................................113 Figura 4.13 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador..............................114 Figura 4.14 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 2 neutralizadores. .........................................................................................................................114 Figura 4.15 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores..........................115 Figura 4.16 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 4 neutralizadores. .........................................................................................................................115 Figura 4.17 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................116 Figura 4.18 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 1 neutralizador. .........................................................................................................................117 Figura 4.19 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador..............................118 Figura 4.20 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 2 neutralizadores. .........................................................................................................................118 Figura 4.21 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores..........................119 Figura 4.22 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 4 neutralizadores. .........................................................................................................................119 Figura 4.23 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................120 Figura 4.24 Localização do sistema de neutralizadores: 4o modo – 1 neutralizador. .........................................................................................................................122 Figura 4.25 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador..............................122 Figura 4.26 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 2 neutralizadores. .........................................................................................................................122 Figura 4.27 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores..........................123 Figura 4.28 Localização do sistema de neutralizadores: 4o modo – 4 neutralizadores. .........................................................................................................................123 Figura 4.29 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................124 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) xi Figura 4.30 Localização do sistema de neutralizadores: 1 neutralizador. ...............125 Figura 4.31 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador..............................126 Figura 4.32 Localização do sistema de neutralizadores: 2 neutralizadores. ...........126 Figura 4.33 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores..........................127 Figura 4.34 Localização do sistema de neutralizadores: 4 neutralizadores. ...........127 Figura 4.35 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................128 Figura 4.36 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores..........................130 Figura A.1 Geometria do Elemento Finito SHELL63. ..............................................145 Figura A.2 Saídas do Elemento Finito SHELL63.....................................................146 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) xii LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Relação da terminologia dos AG’s e a Biologia.......................................78 Tabela 3.2 Indivíduos de uma população e sua aptidões. ........................................94 Tabela 3.3 Exemplo de um indivíduo e 5 esquemas possíveis. ................................94 Tabela 3.4 Exemplo de um indivíduo e 2 esquemas possíveis. ................................97 Tabela 4.1 Freqüências naturais obtidas para a placa plana. .................................103 Tabela 4.2 Parâmetros materiais do modelo baseado em derivadas fracionárias do NEOPRENE®. ..................................................................................................105 Tabela 4.3 Resultados das simulações 1, 2 e 3. .....................................................112 Tabela 4.4 Resultados das simulações 4, 5 e 6. .....................................................116 Tabela 4.5 Resultados das simulações 7, 8 e 9. .....................................................120 Tabela 4.6 Resultados das simulações 10, 11 e 12. ...............................................124 Tabela 4.7 Resultados das simulações 13, 14 e 15. ...............................................128 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) xiii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AG - Algoritmo genético ESPS - Exhaustive Single Point Substitution MCK - Neutralizador dinâmico de vibração do tipo massa-mola-amortecedor MK - Neutralizador dinâmico de vibração do tipo massa-mola NDV - Neutralizador dinâmico viscoelástico PC - Programação convexa PI - Programação inteira PL - Programação linear PNL - Programação não-linear RMS - Root Mean Square TONL - Técnicas de otimização não-linear WOBI - Worst out Best in PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) xiv LISTA DE SÍMBOLOS σ - Tensão ε - Deformação E - Módulo de elasticidade (Modulo de Young) t - Tempo Ω - Freqüência Ec (Ω ) - Módulo de elasticidade complexo θ - Temperatura (K) η - Fator de perda Gc (Ω ) - Módulo de cisalhamento complexo Bc (Ω ) - Módulo volumétrico complexo Dα [ - Operador derivada fracional Γ( ] ) - Função Gama L - Fator de forma Z (Ω ) - Rigidez dinâmica ou impedância mecânica F (Ω ) - Transformada de Fourier da força de excitação X (Ω ) - Transformada de Fourier da resposta em deslocamento ma - Massa de neutralizador dinâmico de vibração M a (Ω ) - Massa dinâmica Ωa - Freqüência de anti-ressonância do NDV M - Matriz de massa C - Matriz de amortecimento K - Matriz de rigidez sj - j-ésimo autovalor φj - j-ésimo autovetor Φ - Matriz de autovetores ccr - Amortecimento crítico ξ - Relação de amortecimento modal ν - Parte imaginária do autovalor δ - Parte real de autovalor Q(Ω ) - Coordenadas físicas PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) xv P(Ω ) - Coordenadas principais Ψ - Matriz de mudança de coordenadas para o espaço modal α (Ω ) - Resposta em freqüência do sistema em coordenadas generalizadas ~ M ~ C - Matriz massa do sistema composto (sistema primário + neutralizador) Φ̂ - Matriz modal truncada D - Matriz de resposta em freqüência no espaço modal f (x ) - Função objetivo x - Vetor de variáveis de projeto g (x ) - Vetor de funções de restrições de desigualdade h( x ) - Vetor de funções de restrições de igualdade ∇ - Operador gradiente λ - Parâmetro escalar (otimização) H - Matriz Hessiana η (x ) - Fator de direção busca de Newton µ - Relação de massas a( - Matriz amortecimento do sistema composto 2 - Norma 2 de uma matriz ) λ( ) O (E ) δ (E ) - Função de adequabilidade pex - Probabilidade de extinção pc - Probabilidade de ocorrer cruzamento ps - Probabilidade de sobrevivência pm - Probabilidade de mutação psm - Probabilidade de sobrevivência à mutação g - Comprimento em bits do indivíduo - Função de compartilhamento - Ordem de um esquema - Comprimento de um esquema PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 16 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do Problema Em muitas situações as vibrações são indesejáveis e podem provocar desconforto ou mesmo o desgaste prematuro de componentes estruturais. Pode até mesmo levar algumas estruturas ao colapso. Com o objetivo de reduzir os níveis de vibração pode-se utilizar alguma das seguintes técnicas: • Atuar sobre a força de excitação eliminando-a, reduzindo sua amplitude e/ou alterando sua freqüência. • Atuar sobre a estrutura, variando seus parâmetros dinâmicos (massa, rigidez e amortecimento). • Acoplar um sistema auxiliar ao sistema principal ou primário procurando neutralizar a vibração e/ou seus efeitos. Geralmente atuar sobre a excitação é pouco prático e na maioria das vezes impossível. Modificar a estrutura primária é sempre uma ação válida quando a sua densidade modal é relativamente baixa e os esforços são do tipo banda estreita. Por outro lado, para estruturas com densidade modal elevada e/ou esforços externos com características de banda larga em freqüência, por exemplo, auto-excitações provocadas pela ação do vento sobre um dado perfil (desprendimento de vórtices de von Karman), a modificação estrutural muitas vezes não é uma ação de controle válida ou eficaz. Em outras ocasiões, a estrutura primária é fruto de um projeto anteriormente elaborado e uma modificação pode comprometer esse projeto. Sob esse ponto de vista a terceira alternativa se mostra mais interessante como técnica de controle passivo de vibração. O sistema auxiliar, que é acoplado ao sistema principal, é denominado neutralizador dinâmico de vibração (figura 1.1). Entre as muitas aplicações dos neutralizadores dinâmicos de vibração algumas podem ser citadas: cabos de linha aérea de transmissão de energia elétrica, prédios sob ação do vento ou forças sísmicas, máquinas de barbear, rotores dinâmicos, etc. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 17 Figura 1.1 Exemplo de neutralizador dinâmico de vibração (rotor de helicóptero) Um neutralizador dinâmico de vibração é um sistema simples, em geral de um grau de liberdade, com ou sem amortecimento, que é acoplado à estrutura principal com o objetivo de controlar ou reduzir os níveis de vibração e/ou ruído irradiado por essa estrutura. Na ausência de amortecimento, via de regra, esses dispositivos de controle recebem a nomenclatura de neutralizadores dinâmicos massa-mola ou MK (figura 1.2). Neutralizador MK Sistema principal Figura 1.2 Neutralizador MK. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 18 Se for introduzido um elemento dissipador de energia, por exemplo, um amortecedor viscoso, estes dispositivos são denominados massa-mola-amortecedor ou simplesmente MCK (figura 1.3). Neutralizador MCK Sistema principal Figura 1.3 Neutralizador MCK. 1.2 Relevância do Problema 1.2.1 Neutralizadores Dinâmicos Viscoelásticos Desde que os neutralizadores dinâmicos foram usados pela primeira vez para controlar o movimento de rolagem de navios (Frahm, 1909) tem-se observado o aparecimento de muitas publicações sobre esta linha de pesquisa. Isso demonstra o grande interesse dos pesquisadores por utilizar esta técnica de controle. Por sua vez, a técnica tem se mostrado eficaz, de simples construção e baixo custo. Quando um neutralizador dinâmico MK é acoplado a uma estrutura, o princípio básico de operação não envolve, em primeira análise, dissipação de energia, mas uma redistribuição dessa energia no espectro de freqüência para neutralizar a vibração numa certa freqüência especifica, ou faixa estreita de freqüência. Devido a isso é que se prefere usar a denominação neutralizador dinâmico de vibrações ao invés de absorvedor dinâmico de vibrações. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 19 Após a aplicação inicial, surgiram os modelos de neutralizadores dinâmicos com amortecimento viscoso (massa-mola-amortecedor) ou MCK e seus modelos matemáticos desenvolvidos por Ormondroyd e Den Hartog (1928). Aqui, além de gerar forças de reação sobre a estrutura, o neutralizador promove uma dissipação da energia vibratória. Por outro lado, esses dispositivos MCK, com amortecedores viscosos, são difíceis de construir e em geral utilizados apenas como comparação dos modelos matemáticos no estudo de controle de vibração. Os neutralizadores (neutralizadores confeccionados dinâmicos com viscoelásticos), material possuem viscoelástico, características NDV muito interessantes e que produzem resultados altamente favoráveis, tanto pela facilidade de construção prática quanto pela sua eficiência. O material viscoelástico, além de um efeito resiliente, introduz um fator dissipador de energia intrínseco. Neste caso, a mola e o amortecedor viscoso são substituídos pelo material viscoelástico. Essa dissipação de energia reduz significativamente o nível de amplitude de vibração no neutralizador. Isso aumenta em muito a sua vida útil, pois os efeitos de fadiga são minorados. Outro aspecto, ainda mais importante, é que a presença desse fator dissipador de energia “espalha” o efeito absorvedor de vibração do neutralizador para freqüências vizinhas à freqüência de sintonia, como no neutralizador MCK (figura 1.4). Isso torna o neutralizador eficiente numa banda de freqüência mais ampla. Esse fator é extremamente útil, pois torna possível obter excelentes resultados de redução de níveis de vibração com um ou mais neutralizadores acoplados à estrutura. Isso também é facilitado se a estrutura é excitada em um intervalo de freqüências mais amplo. Os neutralizadores viscoelásticos são facilmente projetados e construídos de forma simples e de baixo custo. Daí a sua grande vantagem sobre os outros dispositivos. O primeiro em modelar este tipo de neutralizadores foi Snowdon (1968). Após vários anos de pesquisa, Espíndola e Silva (1992) desenvolvem uma metodologia geral para o projeto ótimo de um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos para reduzir os níveis de vibração e ruído, sobre uma estrutura geometricamente comportamento linear, em uma banda larga de freqüência. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) complexa, com Capítulo 1 Introdução 20 Figura 1.4 Eficiência em banda larga de freqüência. Em controle de vibrações, o posicionamento do neutralizador na estrutura é um aspecto significante. Ele está relacionado diretamente com a eficiência do controle. Em geral, quando se conhecem os parâmetros modais do sistema primário e quando é necessário controlar somente alguns modos deste sistema, uma interpretação visual de um engenheiro experiente é suficiente para posicionar os neutralizadores. Já uma estrutura geometricamente complexa, com densidade modal elevada dentro de uma faixa de freqüência de interesse ampla, a melhor localização dos neutralizadores não é tão clara para o engenheiro especialista. Nesses casos, o problema de otimizar a localização dos neutralizadores se torna extremamente significante para maximizar a eficiência do controle. Se um neutralizador é posicionado num lugar inconveniente, por exemplo, sobre uma linha nodal para um certo modo de interesse, ele não será efetivo e seu controle sobre a vibração do sistema, para esse modo, será nulo. Até o presente trabalho, no projeto ótimo de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, a posição dos mesmos na estrutura é escolhida de forma prévia à utilização das TONL (Espíndola e Bavastri, 1996 e Bavastri, 1997), os quais possibilitam projetar as propriedades dinâmicas dos NDV’s de forma ótima. Essa escolha baseia-se nos parâmetros modais da estrutura a controlar, exatamente nos pontos de máxima amplitude dos modos que se encontram na faixa de freqüência de interesse. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 21 Pode ocorrer, em alguns casos práticos, que a estrutura possua uma densidade modal elevada ou que exista um certo acoplamento entre modos vizinhos ou ainda que existam simetrias na estrutura a controlar. Nesses casos, definir a melhor localização para os neutralizadores (um ou mais neutralizadores) pode não ser muito simples. Assim, uma localização escolhida previamente à TONL pode resultar em um controle não ótimo e, conseqüentemente, pode existir uma localização melhor do que a adotada pelo engenheiro especialista. Por exemplo, pode-se citar o problema de controle passivo de vibração de cabos aéreos de transmissão de energia onde, até os dias de hoje, se estuda a melhor posição para os neutralizadores dinâmicos viscoelásticos sobre a linha, nas proximidades do engaste desta. 1.3 Objetivos Este trabalho tem como objetivo principal propor e desenvolver uma metodologia capaz de determinar a localização ótima e os parâmetros construtivos ótimos, simultaneamente, do sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos para o controle passivo de vibrações, em uma estrutura com comportamento linear, geometricamente complexa. Partindo do conhecimento do sistema a controlar, através de seus parâmetros modais, é possível, utilizando Técnicas de Otimização Não-Linear (TONL), determinar a localização e os parâmetros ótimos dos neutralizadores. Durante muitos anos todos os esforços foram direcionados para introduzir uma metodologia geral ao projeto ótimo de neutralizadores dinâmicos. Seguindo essa linha de pesquisa, Espíndola e Silva (1992) introduzem o conceito de parâmetros equivalentes generalizados e apresentam uma metodologia geral para o controle de vibração modo a modo, em uma estrutura geometricamente complexa, trabalhando em uma banda ampla de freqüência. Assim, partindo do conceito de parâmetros equivalentes generalizados, foi possível trabalhar em um subespaço modal do sistema primário, com um número reduzido de equações representativas do sistema, dado pela faixa de freqüência de interesse. Uma equivalência com a teoria de 1 grau de liberdade (gdl) foi utilizada para o projeto ótimo de um sistema de neutralizadores, PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 22 atuando sobre uma estrutura linear geometricamente complexa. Além de uma metodologia geral de projeto, as vantagens desta sobre a teoria de 1 gdl apresentada por Ormondroyd e Den Hartog (1928) são: • A massa resultante dos neutralizadores é de, aproximadamente, 4 a 5 vezes menor. • Uma metodologia geral para o projeto ótimo de um sistema de neutralizadores de vibração e ruído (controle modo a modo), sobre um sistema geometricamente complexo. Posteriormente, Espíndola e Bavastri (1996, 1997), Espíndola, Bavastri e Teixeira (1998) e Bavastri (1997) generalizam essa teoria ao trabalhar com TONL e um controle ótimo em uma banda larga de freqüências utilizando neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. Nesses trabalhos, o controle deixa de ser modo a modo para se converter em um controle sobre uma banda larga de freqüências. Com isso é possível projetar, de forma ótima, um conjunto de neutralizadores capaz de reduzir a resposta vibratória de um sistema mecânico geometricamente complexo, utilizando para isso uma quantidade de massa muito menor que a necessária se se utilizasse um modelo de 1 gdl para o sistema primário. Em todos esses trabalhos, a localização dos neutralizadores é sempre escolhida previamente, uma vez conhecidos os parâmetros modais da estrutura. Conhecendo os modos a controlar, dentro da faixa de freqüência de interesse, em geral, é possível determinar os pontos de melhor localização para os neutralizadores. Em geral, estes pontos encontram-se nos ventres dos modos de vibrar da estrutura, ou seja, pontos de máxima amplitude relativa de vibração, caso este se encontre na banda de freqüência de excitação. Alguns trabalhos têm como meta obter a localização ótima dos neutralizadores (Abdullah, 2000, Agrawall e Yang, 1998a e 1998b, Arabyan e Chemishkian, 1998, Furuya e Haftka, 1993, e outros). Entretanto, em nenhum desses foi empregada a metodologia modal geral aqui proposta, nem os modelos constitutivos de derivada fracionária para os materiais viscoelásticos empregados em NDV’s. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 23 Estrutura Dados iniciais: Quantidade de Identificação neutralizadores Posição inicial Parâmetros do Parâmetros neutralizador Modais Faixa de freqüência Parâmetros do Neutralizador: Nova rotina proposta Otimização via programação não-linear Busca por nova posição do Neutralizador: Critério de parada Figura 1.5 Fluxograma de otimização de um sistema de neutralizadores de vibração Portanto, ao final desse trabalho, pretende-se aportar a essa linha de pesquisa a possibilidade de projetar neutralizadores ótimos e sua localização ótima, simultaneamente (figura 1.5). Para isso, se partirá da metodologia de projeto ótimo de NDV’s antes mencionada e se proporá uma nova técnica para encontrar os pontos ótimos de localização dos neutralizadores. 1.4 Histórico Nessa secção faz-se um breve histórico sobre o emprego de neutralizadores dinâmicos. Sua evolução para utilização de material viscoelástico bem como das teorias relacionadas com a viscoelasticidade e cálculo fracional para modelamento PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 24 matemático de propriedades viscoelásticas. Segue também uma abordagem histórica sucinta a respeito dos algoritmos genéticos empregados como métodos de otimização e o problema de localização de neutralizadores dinâmicos de vibração. 1.4.1 Neutralizadores Dinâmicos de Vibração Após a aplicação proposta por Frahm (1911), o modelo mais simples, estudado primeiramente por Ormondroyd e Den Hartog (1928), e apresentado por vários autores, tal como Harris e Crede (1976), Hunt (1979), Snowdon (1968), foi o neutralizador dinâmico de um grau de liberdade aplicado a um sistema de um grau de liberdade. Snowdon (1968) foi o primeiro pesquisador a modelar um neutralizador dinâmico viscoelástico de um grau de liberdade para controlar um sistema também de um grau de liberdade. O objetivo desses estudos foi encontrar os parâmetros ótimos do sistema secundário (neutralizador) para minimizar a vibração do sistema primário. 1.4.1.1 Neutralizador do Tipo Massa-Mola [MK] Trabalhando em banda estreita (freqüências de trabalho na vizinhança da freqüência natural do sistema primário), foi demonstrado (Den Hartog, 1956) que a amplitude de vibração do sistema primário tende para zero quando a freqüência natural do neutralizador e a do sistema primário coincidem. Esta escolha, conhecida como sintonização da freqüência do neutralizador, modifica a resposta do sistema, introduzindo duas novas freqüências naturais, ao redor da freqüência natural do sistema primário. Esse tipo de neutralizador possui apenas elementos que armazenam energia cinética e potencial elástica (denominados MK), não existindo qualquer tipo de dissipação de energia vibratória. O controle se deve fundamentalmente às forças de reação. Duas dificuldades surgem dessa aplicação: a) a amplitude de vibração do neutralizador é grande, o que em geral, leva à sua ruptura por fadiga; b) se se varia a freqüência de excitação tornando-a diferente da freqüência de sintonização do neutralizador, as amplitudes de vibração do sistema podem aumentar (ressonância) PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 25 o que poderia provocar o colapso da estrutura. A fim de evitar esses inconvenientes é importante introduzir amortecimento no neutralizador. 1.4.1.2 Neutralizador do Tipo Massa-Mola-Amortecedor [MCK] A alternativa de se introduzir um amortecedor viscoso ao neutralizador possibilita o trabalho deste numa banda ampla de freqüência (faixa de freqüência de trabalho). O método clássico de sintonia do neutralizador [MCK] trabalhando em banda larga é chamado Método dos Pontos Fixos. A existência dos pontos fixos é garantida se o sistema primário tem amortecimento nulo (Den Hartog, 1956). Segundo Den Hartog (1956): “A sintonização dos neutralizadores dinâmicos é mais efetiva quando os máximos valores de resposta do sistema primário são iguais e coincidem com os pontos fixos”. Esta teoria é inadequada para aplicações práticas a sistemas primários complexos onde vários modos podem contribuir para a resposta do sistema (Silva, 1991). Entretanto, alguns pesquisadores tais como Young (1952) e Snowdon (1968), estudaram sua aplicação a estruturas complexas. 1.4.1.3 Neutralizador Dinâmico Viscoelástico [NDV] Uma alternativa para o emprego de neutralizadores dinâmicos de vibração é o neutralizador dinâmico viscoelástico. Nesse caso, uma peça de material viscoelástico substitui a mola e o amortecedor viscoso. O primeiro pesquisador a trabalhar com esse tipo do neutralizador foi Snowdon (1968). Ele apresenta a análise de um neutralizador viscoelástico de um grau de liberdade aplicado a um sistema também de um grau de liberdade e sem amortecimento. Vários outros trabalhos foram realizados nos últimos anos, analisando o sistema composto (sistema+neutralizador). Entre eles destacam-se: Asami, et al. (1991 e 1993), Jolly e Sun (1994), Rossi et al. (1993), Wang e Shang (1989), PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 26 Warburton e Ayorinde (1980), Yamamura et al. (1993), Zhang et al. (1990). Ayorinde e Warburton (1980), Kaljevic et al. (1993), Kunieda et al. (1987), Özgüven e Çandir (1986), Peterson (1979), Yamaguchi et al. (1993) desenvolveram trabalhos teóricos sobre aplicações de neutralizadores para sistema de um e dois graus de liberdade. Espíndola e Silva (1992), generalizaram o problema do projeto ótimo de um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos através da via modal. Introduzindo o conceito de parâmetros equivalentes generalizados para neutralizadores [MCK] e viscoelásticos foi possível escrever as equações dinâmicas do sistema composto em função das coordenadas generalizadas do sistema primário. Esse fato é extremamente vantajoso uma vez que o acréscimo de graus de liberdade devido ao acoplamento dos neutralizadores não implica no aumento do tamanho do sistema de equações do sistema composto. Partindo desse ponto e considerando o modelo do sistema composto em um sub-espaço modal do sistema primário, é possível projetar, de forma ótima, o sistema de neutralizadores de duas formas: • Desconsiderar o acoplamento das equações no sub-espaço modal do sistema primário e projetar os neutralizadores para cada modo, como em Den Hartog (1956) para um grau de liberdade. Essa análise foi seguida por Silva (1991). Nesse caso ocorre o controle modo a modo. • Tomar o subsistema de equações em coordenadas principais e aplicar técnicas de otimização não-linear para projetar o sistema de neutralizadores. Essa análise seria feita em uma faixa de freqüência e não mais modo a modo. Assim, ocorre o controle em banda larga de freqüência, como proposto por Espíndola e Bavastri (1995 e 1997) e Bavastri (1997), entre outros trabalhos. Kittis (1983) aplicou técnicas de otimização não-linear com uma formulação no espaço físico minimizando a resposta vibratória de um sistema de múltiplos graus de liberdade. Ao trabalhar no espaço físico, o modelo do sistema composto varia em cada iteração da otimização do neutralizador. Isso gera uma metodologia extremamente onerosa, do ponto de vista computacional. Além disso, para um outro problema que não uma viga engastada-livre, com a estudada por Kittis, uma nova PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 27 função objetivo deve ser proposta o que faz a metodologia perder a sua generalidade. Espíndola e Bavastri (1997) aplicaram os conceitos da técnica dos parâmetros equivalentes generalizados e de técnicas de otimização não-linear na elaboração de um algoritmo que permitisse encontrar os parâmetros físicos ótimos de um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos para minimizar a resposta vibratória de uma estrutura qualquer geometricamente complexa e em uma faixa ampla de freqüência. O algoritmo é totalmente baseado nos parâmetros modais da estrutura primária. 1.4.2 Cálculo Fracional e Viscoelasticidade Os primeiros estudos utilizando o cálculo fracional em equações constitutivas viscoelásticas foram realizados por Nutting (1921). Ele concluiu que os modelos matemáticos baseados em derivadas temporais de ordem fracionária eram mais precisos que os modelos baseados em decaimento exponencial (derivada de ordem inteira). Gemant (1936) introduziu um operador derivada de ordem ½ atuando sobre a tensão para descrever características dinâmicas de amortecimento e rigidez. Esse autor observou que as características de amortecimento e rigidez dinâmica de um material qualquer eram proporcionais às ordens fracionais da freqüência. Caputo e Mainardi (1966) descreveram propriedades mecânicas de metais e vidros utilizando derivada fracional. Em 1971, os mesmos autores apresentaram diferentes modelos de dissipação para sólidos viscoelásticos, estudando as respostas características de fluência e relaxação. Mais recentemente, Bagley e Torvik (1979) construíram uma relação constitutiva tensão-deformação dinâmica para elastômero usando o cálculo fracional. Posteriormente, em 1983, os mesmos autores introduziram uma equação constitutiva geral para viscoelasticidade com operadores de derivada de ordem fracionária. Para isso, ajustaram satisfatoriamente dados experimentais uniaxiais no domínio da freqüência utilizando um modelo matemático de quatro parâmetros. O modelo de derivada fracionária de quatro parâmetros será utilizado neste trabalho. Será considerado que o material viscoelástico utilizado para a confecção PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 28 dos neutralizadores dinâmicos de vibração é conhecido, portanto, o material é completamente caracterizado do ponto de vista dinâmico. 1.4.3 Algoritmos Genéticos 1.4.3.1 Algoritmos Genéticos como Método de Otimização Uma grande parte dos problemas científicos pode ser formulada como problemas de busca e otimização: basicamente, existem uma série de fatores influenciando o desempenho de um dado sistema, e tais fatores podem assumir um número limitado ou ilimitado de valores, e podem ser sujeitos a certas restrições. O objetivo é encontrar a melhor combinação dos fatores, ou seja, a combinação que proporcione o melhor desempenho possível para o sistema em questão. Numa classificação mais ampla, há essencialmente três correntes de métodos gerais de otimização: métodos probabilísticos, numéricos e enumerativos. Algoritmos Genéticos (AG) é um conjunto de métodos computacionais de busca baseados nos mecanismos de evolução natural e na genética. Em AG, uma população de possíveis soluções para o problema em questão evolui de acordo com operadores probabilísticos concebidos a partir de metáforas biológicas, de modo que há uma tendência de que, na média, os indivíduos representem soluções cada vez melhores à medida que o processo evolutivo continua (Goldberg, 1995). Pode-se assumir que os AG’s sempre irão evoluir para uma aproximação da solução ótima global e não local, o que não acontece com outros métodos de otimização. 1.4.3.2 Panorama Histórico Holland (1975) foi quem primeiro sugeriu Algoritmos Genéticos como um método de otimização. Similar a outros algoritmos, tais como estratégias evolucionárias e programação evolucionária, eles são classificados como técnicas aleatórias dirigidas. Segundo Michalewicz (1994), “os AG’s têm se mostrado capazes de resolver problemas lineares e não-lineares explorando todas as regiões do espaço de estado PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 29 ou espaço de busca, e explorando exponencialmente áreas promissoras através dos operadores de mutação, cruzamento e seleção aplicados a uma população de indivíduos (possíveis soluções)”. Uma discussão mais completa sobre o assunto, incluindo extensões e tópicos relacionados, pode ser encontrada em Davis (1991), Goldberg (1989) e Holland (1975). Alguns problemas podem ter soluções ótimas múltiplas dentro de um domínio. Esse tipo de problema é chamado de problema multimodal. Autores com Sikora e Shaw (1994) utilizaram com sucesso AG’s para resolver problemas de decisão financeira desse tipo. Teoricamente, AG’s são métodos de otimização que garantem uma solução ótima global. Mesmo em problemas complexos onde a função objetivo é implícita ou muito complexa, os AG’s, através de uma programação relativamente simples, conseguem encontrar uma solução ótima global. Pela sua robustez e relativa simplicidade é que se pretende empregar esses algoritmos para solucionar o problema de posicionamento ótimo dos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. Neste trabalho será utilizado um método híbrido. Os AG’s serão empregados para determinar a posição ótima do sistema de neutralizadores dinâmicos enquanto que seus parâmetros construtivos ótimos serão determinados empregando Técnicas de Otimização Não-Linear (TONL). 1.4.4 Localização Ótima dos Neutralizadores Como os parâmetros dos neutralizadores, controladores passivos de vibração, não podem ser modificados, projetar esses dispositivos e posicioná-los na estrutura requer um procedimento muito cuidadoso. O comportamento da estrutura primária tende a variar sensivelmente dependendo da distribuição dos neutralizadores. Isso foi verificado especialmente para prédios altos por Hahn e Sathiavageeswaran (1992). Alguns pesquisadores têm proposto métodos sistemáticos de busca para determinar a localização ótima dos neutralizadores dinâmicos de vibração através da PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 30 minimização de funções de performance que são relacionadas com a dinâmica da estrutura a controlar. Dentre esses trabalhos se destacam Takewaki (1997) e Takewaki et al. (1999). O problema de localização ótima de dispositivos de controle de vibração tem sido também extensivamente investigado para treliças espaciais nas quais os dispositivos de controle são localizados em pontos discretos. Furuya e Haftka (1993) e Liu e Begg (1999) focaram suas investigações nesse campo. Hiramoto et al. (2000) e Arabyan e Chemishkian (1998) examinaram o problema de localização ótima de dispositivos de controle para outros tipos de estruturas incluindo vigas contínuas. Abdullah (1998) investigou o problema para estruturas planas bi-dimensionais, do tipo placas. Zhang e Soong (1992), Agrawal e Yang (1998a), e Shukla e Datta (1999) empregaram essencialmente métodos de busca seqüenciais para a determinação da localização ótima de amortecedores de vibração para prédios altos. Nesses métodos seqüenciais a localização dos amortecedores é determinada de tal forma que ela produza a maior redução possível na resposta em freqüência da estrutura primária. Outros amortecedores são então adicionados até que se chegue a um nível de resposta em freqüência desejado. Procedimentos similares aos métodos seqüenciais são os WOBI (Worst Out Best In) e ESPS (Exhaustive Single Point Substitution), propostos por Agrawal e Yang (1998b). Ambos WOBI e ESPS são métodos muito úteis para o ajuste fino da localização dos dispositivos de controle depois que uma solução inicial tenha sido obtida por um método mais simples. O tempo requerido para a determinação da solução ótima depende primeiramente da função objetivo que se deseja minimizar. Por exemplo, se a função objetivo envolve a resposta da estrutura, serão necessárias simulações numéricas para avaliar a mesma para cada nova localização dos dispositivos de controle de vibração. Isso pode demandar tempos computacionais substanciais. Agrawal e Yang (1998a) investigaram a localização ótima de amortecedores minimizando o valor RMS (Root-Mean-Square) da inertância para os 75º e 76º andares de um edifício. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 31 Para reduzir o esforço computacional apenas os 27 andares superiores foram considerados. Um inconveniente da utilização da técnica de minimizar o valor RMS é a possibilidade de que a localização ótima dos neutralizadores seja apenas localmente ótima e não ótima global. Em outras palavras, podem existir soluções de localização de neutralizadores de vibração melhores que a encontrada por essa técnica. Os engenheiros e pesquisadores têm hesitado em implementar soluções utilizando essa técnica. Wongprasert e Symans (2000) determinaram a localização de amortecedores a fluidos viscosos para um edifício de 76 pavimentos, submetido à carga de vento. Ao invés de utilizar a resposta estrutural obtida diretamente de simulações numéricas, a função objetivo foi determinada pela norma 2 da matriz de funções de resposta em freqüência. Essa função objetivo foi então minimizada via algoritmos genéticos. Com essa abordagem, o tempo requerido para encontrar as localizações ótimas dos neutralizadores de vibração foi significativamente reduzido, em relação à análise da resposta estrutural, e a solução ótima pôde ser considerada global e não apenas local. A norma 2 da matriz de funções de transferência é o valor esperado de RMS da resposta, se a excitação for assumida como sendo um ruído branco. Ou seja, se a norma 2 for reduzida também se garante que os valores RMS da resposta em freqüência serão reduzidos. Aplicação similar dessa função objetivo foi implementada por Hiramoto et al. (2000) e Agrawal e Yang (1998a) com bons resultados obtidos. Adicionalmente, se o sistema é discretizado utilizando elementos finitos, por exemplo, o cálculo da norma 2 da matriz de funções de resposta em freqüência pode ser custoso do ponto de vista do tempo e esforço computacionais. As matrizes dinâmicas do sistema discretizado por elementos finitos podem ter grandes dimensões. Entretanto, trabalhando em um sub-espaço do sistema primário (teoria modal), é possível operar sobre um sistema de equações reduzido, diminuindo sensivelmente o esforço computacional para essa análise. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 32 Em muitos casos práticos, quando se têm poucos modos a controlar, em se utilizando a teoria modal, é possível escolher os pontos ótimos de localização a partir de um universo restrito de possibilidades. No entanto, se se pretende fazer um controle em banda larga de freqüência e a densidade modal do sistema a controlar é elevada na faixa de interesse, esse universo de soluções para a localização ótima fica muito vasto. É justamente nesses casos que o método que se pretende desenvolver terá a sua mais valia. 1.5 Composição do Trabalho No capítulo 2 desse trabalho, é apresentada uma breve revisão dos aspectos relacionados à viscoelasticidade linear. No capitulo, discute-se do comportamento dinâmico dos materiais viscoelásticos, à luz da teoria da viscoelasticidade, quando são variados parâmetros tais com temperatura e freqüência de excitação. Também é abordado o modelo dos materiais viscoelásticos baseado em derivadas de ordem fracionaria. Especificamente, o modelo de quatro parâmetros. Mostra-se também a importância dos conceitos de parâmetros equivalentes generalizados para aplicações em neutralizadores dinâmicos. É feita uma revisão desses conceitos para sistemas de múltiplos graus de liberdade. Aborda-se, também no capitulo 2, os principais conceitos de dinâmica de estruturas relacionados com esse trabalho, tais como: o problema de autovalores e autovetores, o modelo viscoso e o modelo viscoso proporcional e as funções de resposta em freqüência para sistemas dinâmicos com múltiplos graus de liberdade. São abordados também aspectos do truncamento do modelo modal relacionado com os conceitos de parâmetros equivalentes generalizados e com espaço modal. Finalmente, são relacionados os principais aspectos das técnicas de otimização nãolinear e sua aplicação para a otimização de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. No capítulo 3 é apresentada uma visão geral da técnica de Algoritmos Genéticos. Essa técnica de otimização é empregada neste trabalho para localizar o sistema de neutralizadores na estrutura primária. Também nesse capítulo é definida a função objetivo e suas restrições. Essa função objetivo é a base do processo de PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 1 Introdução 33 otimização, tanto da localização dos neutralizadores na estrutura, bem como dos parâmetros construtivos ótimos dos neutralizadores. No capítulo 4 são apresentados os diversos ensaios numéricos realizados sobre uma estrutura exemplo. A estrutura estudada consiste de uma placa plana metálica, discretizada em elementos finitos. Seu modelo modal é obtido e a partir dele é aplicado o processo de otimização da localização e dos parâmetros ótimos dos neutralizadores, simultaneamente. São realizadas algumas simulações numéricas, envolvendo diferentes sistemas de neutralizadores em diferentes faixas de freqüência. São abordadas também diferentes larguras de banda de freqüências. No capitulo 5 são apresentados comentários pertinentes aos ensaios numéricos realizados e feitas algumas sugestões para trabalhos futuros. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 34 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Viscoelasticidade Linear 2.1.1 Introdução Produzidos nas mais diversas formas tais como borrachas, rezinas, vernizes e outros polímeros, os materiais viscoelásticos têm sido alvo de muitos estudos nos últimos anos. Em dinâmica estrutural, as principais características requeridas desses materiais são: rigidez, resiliência e grande capacidade de dissipação de energia vibratória. Por esse motivo, os materiais viscoelásticos são largamente empregados em projetos de estruturas aeronáuticas, prediais, de máquinas diversas e em dispositivos estruturais, tais como isoladores e neutralizadores dinâmicos de vibração. 2.1.2 Comportamento Dinâmico A teoria geral da viscoelasticidade foi proposta por Boltzmann em 1874, baseada no princípio da superposição. Esse princípio estabelece que a tensão resultante devido à soma das deformações é igual à soma das tensões relativas a cada deformação aplicada isoladamente em um corpo viscoelástico, ou seja, σ (aε1 + bε 2 ) = aσ (ε 1 ) + bσ (ε 2 ) . Eq. 2.1 Um material elástico real, por exemplo um aço, submetido a uma série de deformações ε 0 , ε 1 , ..., ε n−1 , ε n , correspondentes aos tempos t 0 = 0 , t1 , ..., t n−1 , t n , respectivamente, terá sua tensão final representada por σ = Eε 0 + E (ε1 − ε 0 ) + ... + E (ε n − ε n−1 ) , ou de forma simplificada, PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.2 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 35 σ = Eε n . Eq. 2.3 Para os materiais viscoelásticos tem-se a introdução da dependência do tempo na equação 2.2: σ = E (t )ε 0 + E (t − t1 )(ε1 − ε 0 ) + ... + E (t − tn )(ε n − ε n−1 ) . Eq. 2.4 A equação 2.4 pode ser escrita de forma compacta como t σ = E (t )ε (0 ) + ∫ E (t − τ ) + 0 dε (τ ) dτ . dτ Eq. 2.5 O termo E (t − τ ) é comumente referido como módulo de relaxação do material (Broutman e Krock (1967) e Mainardi (1997)). Uma forma comum da equação 2.5 é posta no domínio da freqüência e obtida através da sua transformada de Fourier: σ (Ω ) = E (Ω )ε (Ω ) Eq. 2.6 onde σ (Ω ) e ε (Ω ) são, respectivamente, a tensão e a deformação no domínio da freqüência Pode-se afirmar que as deformações cisalhantes e longitudinais produzidas em um material viscoelástico não estão relacionadas com a tensão apenas através de uma constante de proporcionalidade. A relação entre tensão e deformação nesses materiais varia com o tempo. Esse comportamento pode ser descrito por uma equação diferencial parcial de ordem arbitrária (Williams, 1962; Snowdon, 1968 e Jones, 1980) como PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica [a 36 ( ] ) + a 1 (d dt ) + ... + a n d n dt n + ... σ (t ) 0 [ ( , ] ) Eq. 2.7 = b 0 + b1 (d dt ) + ... + b m d m dt m + ... ε (t ) onde ai e bi representam propriedades do material (Bagley e Torvik, 1983) a serem obtidas experimentalmente. n e m são inteiros. A equação 2.7 pode ser representada no domínio da freqüência através de sua transformada de Fourier como [a ] + a1 (i Ω ) + ... + a n (i Ω ) + ... σ (Ω ) n 0 [ ] , Eq. 2.8 = b0 + b1 (i Ω ) + ... + bm (i Ω ) + ... ε (Ω ) m Pode-se, alternativamente, mostrar essa equação de forma mais compacta como σ (Ω ) = ε (Ω ) ∑ bl (i Ω ) m l =0 n l ∑ a j (i Ω ) j = E c (Ω ) . Eq. 2.9 j=0 O termo Ec (Ω ) é chamado de módulo de elasticidade complexo do material. Como comprovado por experimentos em Lazan (1968), Ferry (1980) e Nashif et al (1985), o módulo de elasticidade complexo é também dependente da temperatura ( θ ). Portanto uma representação mais geral é expressa pela equação E c (Ω , θ ) = E r ( Ω , θ ) + iE i (Ω , θ ) . com Er e Ei as partes reais e complexas de Ec , respectivamente. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.10 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 37 Uma forma mais usual de representar o módulo de elasticidade complexo de um material viscoelástico é E c (Ω , θ ) = E ( Ω , θ ) (1 + i η E (Ω , θ )) Eq. 2.11 E (Ω , θ ) = E r (Ω , θ ) Eq. 2.12 E i ( Ω ,θ ) E r (Ω ,θ ) Eq. 2.13 onde e η E (Ω , θ ) = A parte real do módulo complexo ( Er ) representa a capacidade do material de armazenar energia e está relacionada à sua resiliência. O termo η E é o fator de perda do material viscoelástico e está associado com a capacidade que o material possui de dissipar energia na forma de calor. Outras propriedades tais como o módulo de cisalhamento complexo ( Gc ) e o módulo volumétrico ou módulo de Bulk ( Bc ) também podem ser expressos de forma semelhante: G c (Ω , θ ) = G ( Ω , θ ) (1 + i η G (Ω , θ )) Eq. 2.14 B c (Ω , θ ) = B ( Ω , θ ) (1 + i η B (Ω , θ )) Eq. 2.15 Uma relação entre os módulos de elasticidade e de cisalhamento apresentada por Snowdon (1968) tem sua origem na teoria clássica da elasticidade. Esta relação é válida também na viscoelasticidade linear substituindo os módulos constantes e reais dos materiais elásticos pelos módulos complexos, dependentes da freqüência PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 38 e temperatura dos materiais viscoelásticos (Nashif et al, 1985; Boresi, 1993 e Espíndola, 1992) e é dada por E c (Ω , θ ) = 9 G c (Ω , θ )B c (Ω , θ ) . G c (Ω , θ ) + 3 B c (Ω , θ ) Eq. 2.16 Segundo Snowdon (1968), para os elastômeros, uma vez que estes são considerados incompressíveis, a expressão acima pode ser simplificada. Dessa forma pode-se considerar que o módulo de Bulk ( Bc ) é muito maior que o módulo de cisalhamento. Também através de meios experimentais pode-se comprovar que o coeficiente de Poisson (ν ) dos elastômeros pode ser tomado por um valor real e constante (Chan et al, 1995). Assim, a equação 2.16 pode ser simplificada e posta como E c (Ω , θ ) ≅ 3G c (Ω , θ ) . Eq. 2.17 O material viscoelástico torna-se mais rígido à medida que se eleva a freqüência ou se abaixa a temperatura. Nessas condições, o coeficiente de Poisson (ν ) deixa de possuir o valor 0,5 e tende para valores próximos aos encontrados nos metais (0,33). Nesses casos, as hipóteses de simplificação anteriores deixam de ser adequadas e a relação entre os módulos de elasticidade ( E ) e cisalhamento ( G ) passa a ser outra. Segundo Nashif et al (1985), a relação entre esses módulos para materiais viscoelásticos trabalhando na região vítrea ou próximo dela deve ser tomada como E c (Ω , θ ) ≅ 2 , 67 G c (Ω , θ ) . Eq. 2.18 Já o fator de perda, segundo Snowdon (1968), conservam a seguinte relação: PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 39 η E (Ω , θ ) = η G (Ω , θ ) = η B (Ω , θ ) . Eq. 2.19 onde η E , ηG e η B são os fatores de perda relacionados com os módulos de elasticidade, cisalhamento e volumétricos, respectivamente. 2.1.3 Temperatura e Freqüência de Transição Em geral, o módulo dinâmico, ou módulo complexo de elasticidade, dos materiais viscoelásticos aumenta com a freqüência e diminui com a temperatura. O fator de perda, por outro lado, aumenta com a freqüência até um valor máximo e depois diminui. Esse comportamento se repete com o aumento da temperatura (Nashif, 1985, Espíndola, 1992). Nas figuras 2.1 e 2.2 observa-se um esboço desse comportamento. Na figura Fator de perda e módulo de elasticidade (escala logarítmica) 2.1 a temperatura é constante. Na figura 2.2 a freqüência é constante. Região II Região I Região III módulo dinâminco fator de perda Freqüência [Hz] Figura 2.1 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Fator de perda e módulo de elasticidade (escala logarítmica) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 40 Região II Região III Região I módulo dinâminco fator de perda Temperatura [K] Figura 2.2 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a temperatura para uma freqüência constante. Na figura 2.1, a freqüência onde ocorre o valor máximo do fator de perda é chamada de freqüência de transição. Na figura 2.2 a temperatura onde ocorre esse valor máximo é denominada temperatura de transição. Tanto na figura 2.1 quanto na figura 2.2 observa-se a presença de três regiões distintas, a saber: • A região I (baixas freqüências ou altas temperaturas) é caracterizada pelos baixos, e praticamente constantes, valores de rigidez (módulo dinâmico) e fator de perda. Essa região é muito importante para os projetistas de isoladores de vibração. O material viscoelástico, trabalhando nessa região, devido a sua baixa rigidez, oferece níveis muito baixos de transmissibilidade sendo, portanto, interessante sua utilização em isolamento mecânico de vibrações. Normalmente são utilizados para a fabricação de molas elastoméricas e isoladores de vibração. • A região II é conhecida como zona de transição do material (vizinhança da freqüência e da temperatura de transição). Nessa região a rigidez do material PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 41 aumenta com a freqüência (ou com a redução da temperatura) em incrementos relativamente grandes. O fator de perda tem um aumento de seu valor até atingir o seu máximo. Após alcançar este valor máximo, o fator de perda tende a diminuir novamente. Nessa região ocorre o valor máximo do fator de perda. A região II é a mais importante para projetos de neutralizadores dinâmicos de vibração e também de estruturas sanduíche. Ela é naturalmente a mais desejada pelos projetistas devido aos elevados valores do fator de perda. • Um material viscoelástico trabalhando na região III não possui maiores utilidades. A rigidez nessa região torna-se muito elevada, próxima à do aço ou do alumínio. O fator de perda volta a ter valores muito pequenos. O material passa a ter um comportamento vítreo. Segundo Espíndola (1990), algumas observações em relação a materiais viscoelásticos que trabalham dentro da Região I são: (a) elevada resiliência, (b) grande estabilidade estrutural e (c) baixo ou médio amortecimento. Pode-se citar dentro dessa categoria de materiais viscoelásticos a borracha natural, com ou sem enchimento, o Neoprene e o SBR (estireno-butadieno). Algumas características de materiais operando dentro da Região II são: (a) grande rigidez (reduzida resiliência), (b) precária estabilidade estrutural e (c) elevado amortecimento. Aqui, deve-se entender por precária estabilidade estrutural a relaxação elevada experimentada por esses materiais quando submetidos a uma tensão constante. Pode-se citar entre outros materiais com estas características: a resina de polivinila butial plastificada, o Thiokol RD, o acetato de polivinila plastificado, a borracha butílica com enchimento de negro de fumo e outros. Em geral as variações de PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 42 freqüência promovem modificações mais sensíveis no modulo dinâmico do que no fator de perda. 2.2 Modelo Viscoelástico Baseado em Derivadas Fracionárias A relação constitutiva para o modelo viscoelástico linear padrão no tempo é dada pela equação diferencial (Nashif, Jones e Henderson, 1985) M σ (t ) + ∑ bm m =1 d mσ (t ) = E 0 ε (t ) + dt m N ∑ n =1 En d n ε (t ) , dt n Eq. 2.20 onde bm , E0 e En são parâmetros do material. M , m , N e n são números inteiros. Em geral, para representar o comportamento de materiais viscoelásticos de forma precisa são necessárias todas as ordens de derivada. Entretanto, de forma prática, um número finito de termos oferece uma boa aproximação. Por outro lado, esse modelo torna-se computacionalmente custoso e pouco prático. Quando os materiais viscoelásticos têm propriedades mecânicas fortemente dependentes da freqüência em uma faixa ampla, os números de derivadas temporais M e N tornam-se elevados. Em conseqüência, o número de parâmetros empírico / experimentais no modelo aumenta consideravelmente, tornando-o pouco prático. Pode-se mostrar que um modelo mais preciso ao apresentado na equação 2.20, utilizando um número menor de coeficientes, é aquele que emprega derivadas fracionárias. 2.2.1 Modelos com Derivada de Ordem Fracionária O conceito de derivada de ordem fracionária, ou não-inteira, surgiu no final do século XVII com Gottfried W. Leibniz (1646-1716). A partir deste, vários outros autores desenvolveram esta linha de pesquisa na análise matemática. Alguns dos autores que possibilitaram avanços nessa área são Euler, Laplace, Fourier, Lacroix, Neils H. Abel, Liouville e Riemann, além de Gorenflo e Mainardi. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 43 Na área de viscoelasticidade, a primeira proposta apresentada de um modelo matemático foi feita por Scott Blair (1947). Mais tarde, Caputo (1966) utilizou as derivadas fracionarias para modelar o comportamento de camadas geológicas, o qual se mostrou semelhante aos materiais viscoelásticos. Bagley e Torvik (1979, 1983, e 1986) apresentam um modelo matemático baseado em derivadas de ordem fracionaria com o objetivo de representar o comportamento mecânico da rigidez de elastômeros por meio de ajustes de curvas experimentais. Segundo Bagley e Torvik (1983), uma forma geral para a equação diferencial fracional como modelo viscoelástico, para uma única dimensão é M N σ (t ) + ∑ bm D β [σ (t )] = E 0 ε (t ) + ∑ E n D α [ε (t )] . m n m =1 Eq. 2.21 n =1 Os parâmetros bm , E0 e En são propriedades intrínsecas do material. α n e β m são números reais. Dα [ ] representa o operador derivada fracional, definido de forma mais geral por Gorenflo e Mainardi (1997), pela equação D α [x (t )] = dm 1 Γ (m − α ) dt m t x (τ ) ∫ (t − τ ) − m + α +1 dτ , Eq. 2.22 0 com m − 1 < α < m , m inteiro. Γ(κ ) é a função gama de ordem κ . Através de observações experimentais (Bagley e Torvik, 1983, Pritz, 1996 e 1998 e Lopes, 1998) pode-se concluir que a expansão em apenas um termo da equação 2.21 é suficiente para descrever o comportamento de um material viscoelástico. Tomando-se, portanto, M = N = 1 , o que caracteriza o modelo de Zener (Snowdon, 1968 e Pritz, 1996), a expressão fica reduzida a um modelo de apenas cinco parâmetros: b1 , E0 , E1 , α e β , os quais podem ser determinados por um processo experimental de identificação. Sua forma é PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 44 σ (t ) + b1 D β [α (t )] = E 0 ε (t ) + E1 D α [ε (t )] . Eq. 2.23 Aplicando a transformada de Fourier à equação 2.23 e rearranjando o resultado obtido tem-se E c (Ω ) = σ (Ω ) E 0 + E1 (i Ω )α = . β ε (Ω ) 1 + b1 (i Ω ) Eq. 2.24 A equação 2.24 é conhecida como modelo fracional de cinco parâmetros e representa o módulo de elasticidade complexo de um material, com α > β e α e β fracionários. A partir de comprovações obtidas por Bagley e Torvik (1983), a expressão 2.24 pode ser simplificada, para uma certa classe de materiais, utilizados na industria em controle de vibração. Para isso, supõe-se que os parâmetros que representam a ordem da derivada não inteira sejam iguais, ou seja, α ≈ β . A equação 2.24 pode então ser reescrita na forma E c (Ω ) ≈ E 0 + E1 (i Ω ) . α 1 + b1 (i Ω ) α Eq. 2.25 Ou ainda, fazendo E1 = E∞ b1 e b1 = bα : E + E ∞ (i Ω b ) . E c (Ω ) ≈ 0 α 1 + (i Ω b ) α Eq. 2.26 A equação 2.26 é conhecida como modelo fracional de quatro parâmetros. Para que a mesma seja válida e forneça resultados verossímeis do comportamento dinâmico de um material viscoelástico, este modelo deve ter razão de energia PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 45 dissipada internamente positiva. Isso acontece para a grande maioria dos materiais viscoelásticos empregados em dinâmica estrutural. Na maioria das vezes, do ponto de vista construtivo, os NDV são produzidos de tal forma que o material viscoelástico trabalhe em cisalhamento. Sendo assim, podese escrever a equação 2.26 em termos de módulo de cisalhamento complexo. Nas figuras 2.3, 2.4 e 2.5 podem ser observados os significados de cada um dos quatro parâmetros do modelo apresentado anteriormente. G0 (ou E 0 ) é o valor assintótico de Gc (ou Ec ) para freqüências tendendo a zero (freqüências baixas). Por outro lado G∞ é o valor assintótico para freqüências tendendo ao infinito (freqüências altas). Figura 2.3 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetros assintóticos G0 e G∞ ) (Amado, 2004). O parâmetro α , que é a ordem derivada fracionária, influencia as curvas de módulo dinâmico e fator de perda. Quanto menor o valor de α , menor é a inclinação da curva do módulo dinâmico. O pico do fator de perda também varia com α . Os picos são menos acentuados para α ’s menores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 46 Figura 2.4 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetro α ) (Amado, 2004). O parâmetro b tem unidade de tempo e é denominado tempo de relaxação. Matematicamente, a variação deste parâmetro provoca um deslocamento das curvas da figura 2.4. Quando b cresce, o fator de perda desloca-se para a direita e o módulo dinâmico de elasticidade desloca-se para a esquerda. As propriedades de amortecimento e rigidez de um material viscoelástico também variam com a temperatura. Geralmente o símbolo que representa a temperatura, θ , é omitido por simplicidade de notação. Esse modelo de quatro parâmetros é usado no presente trabalho para se obter o projeto ótimo de neutralizadores de vibração. Maiores detalhes sobre o modelo de quatro parâmetros podem ser verificados nos trabalhos de Rogers (1983), Bagley e Torvik (1983, 1986), Lopes (1998) e Amado (2004). PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 47 Figura 2.5 Variação do módulo dinâmico e do fator de perda com a freqüência para uma temperatura constante (Parâmetro b) (Amado, 2004). 2.3 Quantidades Equivalentes Generalizadas Para Um Neutralizador Simples Os conceitos de quantidades equivalentes generalizadas foram introduzidos pela primeira vez por Espíndola e Silva (1992) e podem ser obtidos a partir da massa dinâmica e da impedância mecânica, ambas grandezas calculadas na base de um neutralizador dinâmico de vibrações. Um neutralizador dinâmico de vibrações viscoelástico simples é composto por uma massa conectada à uma base através de um elemento resiliente (figura 2.6). ma LGc(Ω) X(Ω) F(Ω) Figura 2.6 Neutralizador viscoelástico simples Esse elemento pode ser uma mola em paralelo com um amortecedor ou uma peça de material viscoelástico (Snowdon, 1968 e Espíndola, 1990) possuindo, portanto, uma rigidez complexa como a equação 2.27 e colocado na forma PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 48 K c (Ω , θ ) = LG c (Ω , θ ) = LG ( Ω , θ ) (1 + i η (Ω , θ )) Eq. 2.27 onde L é um fator de forma no NDV. Este fator depende da geometria do neutralizador. Para simplificar a notação, a letra θ , representando a temperatura, será omitida a partir daqui. Na figura 2.6, X (Ω ) ) e F (Ω ) são as transformadas de Fourier do deslocamento x(t ) e da força de excitação f (t ) , respectivamente, aplicada à base sem massa. L é um fator de forma. A rigidez dinâmica, ou impedância Z a (Ω ) , na base do neutralizador é definida por Z a (Ω )∆ − im a Ω LG c (Ω ) F (Ω ) = i Ω X (Ω ) m a Ω 2 − LG c (Ω ) Eq. 2.28 e a massa dinâmica M a (Ω ) por M a (Ω )∆ LG c (Ω ) F (Ω ) = −ma . 2 − Ω X (Ω ) m a Ω 2 − LG c (Ω ) Eq. 2.29 A freqüência de anti-ressonância do neutralizador é definida como sendo aquela que, na ausência de amortecimento, faz com que o denominador das equações 2.28 e 2.29 se igualem a zero. Ou seja, 2 Ωa = PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) LG (Ω a ) . ma Eq. 2.30 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 49 Na ausência de amortecimento, a parte imaginária de Gc é nula, portanto Gc (Ω ) = G (Ω ) . O conceito fundamental do funcionamento dos neutralizadores dinâmicos de vibração baseia-se no seguinte princípio: Quando a freqüência de ressonância de uma estrutura, a qual está fixado o neutralizador dinâmico, coincide com a freqüência de anti-ressonância calculada na base do neutralizador pela equação 2.30, é necessária uma força infinita, se o amortecimento está ausente, para provocar um deslocamento na base do neutralizador. Definindo: LG (Ω ) = LG ( Ω a ) r (Ω ) Eq. 2.31 e r (Ω ) = ε a = Ω , Ωa Eq. 2.32 pode-se reescrever as equações 2.28 e 2.29 como Z a (Ω ) = − im a Ω M a (Ω ) = − m a r (Ω )[1 + i η (Ω )] e ε a − r (Ω )[1 + i η (Ω )] Eq. 2.33 r (Ω )[1 + i η (Ω )] . ε a − r (Ω )[1 + i η (Ω )] Eq. 2.34 2 2 A parte real da impedância mecâmica (equação 2.33) é definida como sendo o amortecimento viscoso generalizado ce (Ω ) e dado por PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica c e (Ω ) = m a Ω a 50 [ε r (Ω )η (Ω )ε a 2 a 3 ] − r (Ω ) + [r (Ω )η (Ω )] 2 2 Eq. 2.35 A parte real da massa dinâmica (equação 2.34), por outro lado, é a massa generalizada equivalente me (Ω ) dada por m e (Ω ) = − m a { [ ]} . r (Ω ) ε a − r (Ω ) 1 + η 2 (Ω ) [ε 2 a 2 ] − r (Ω ) + [r (Ω )η (Ω )] 2 2 Eq. 2.36 Chega-se, portanto, a uma equivalência dinâmica entre dois sistemas mostrados na figura 2.7. Figura 2.7 Sistemas equivalentes: (a) neutralizador sobre base sem massa e (b) parâmetros equivalentes generalizados. Nota-se que a impedância do sistema mostrado na figura 2.7 (b) é Z a (Ω ) = c e (Ω ) + i Ω m e (Ω ) . PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.37 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 51 Segundo Espíndola e Silva (1992), o sistema a controlar “sente” o neutralizador como uma massa me (Ω ) fixada ao longo das coordenadas generalizadas xb (t ) e um amortecedor viscoso de constante ce (Ω ) ligado à terra. Considera-se, portanto, um sistema primário genérico ao qual é fixado um neutralizador de um grau de liberdade à sua coordenada física q (t ) , como mostrado na figura 2.8. Figura 2.8 Sistemas equivalentes: neutralizador sobre sistema primário genérico. A vantagem de se usar os parâmetros equivalentes generalizados reside no fato de se poder trabalhar com uma formulação baseada nas coordenadas físicas do sistema primário somente, apesar da adição de graus de liberdade introduzidos pelo acoplamento dos neutralizadores à estrutura do sistema primário. 2.4 Dinâmica de Estruturas Neste item são abordados os conceitos básicos sobre a resposta de um sistema linear de múltiplos graus de liberdade. Posteriormente estes conceitos serão aplicados para introduzir a teoria sobre neutralizadores dinâmicos atuando em sistemas primários complexos, com uma densidade modal elevada e/ou certo acoplamento modal que não permita ao projetista definir, através de uma inspeção visual, a localização dos neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 52 2.4.1 Modelo Viscoso A equação de movimento de um sistema linear, causal, invariante no tempo e com múltiplos graus de liberdade é M q&&(t ) + C q& (t ) + Kq (t ) = f (t ) . Eq. 2.38 A solução da equação 2.38 para vibração livre, ou seja, f (t ) = 0 , supondo q ( t ) = φ e st é [s 2 ] M + sC + K φ e st = 0 , Eq. 2.39 ou [s 2 ] M + sC + K φ = 0 , Eq. 2.40 uma vez que e st é diferente de zero. A solução não trivial leva a [ ] det s 2 M + sC + K = 0 . Eq. 2.41 A equação 2.41 gera um polinômio que por sua vez gera 2n valores para s ( s1 , s2 , ..., s2 n ), onde n é a dimensão do problema. Substituindo cada valor de s j na equação 2.39 determina-se o vetor Φ j , de valores relativos. As raízes do polinômio gerado pela equação 2.40, s j , são chamados de autovalores e os vetores Φ j , de autovetores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 53 Os autovalores, dependendo das características do problema, podem ser reais e iguais ou complexos conjugados. No caso geral apresenta-se a forma complexa e complexa conjugada. s j = δ j + iν s j = δ j − iν j Eq. 2.42 * j A cada par de autovalores complexos conjugados corresponde um par de autovetores, também complexos conjugados. 2.4.2 Problema de Autovalores não Amortecido O problema de autovalores não amortecido não acontece na prática, uma vez que todos os sistemas físicos reais possuem sempre amortecimento. Entretanto, do ponto de vista teórico, sua abordagem aqui se torna importante. Uma vez que o sistema não possui amortecimento, a matriz C é nula e o problema se resume a [s 2 ] M +K φ =0. Eq. 2.43 Os autovalores do problema são imaginários puros conjugados (Espíndola, 1986): s j = iΩ j * s j = − iΩ j Substituindo 2.44 em 2.43. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.44 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 54 Kφ = Ω 2Mφ Eq. 2.45 * Os autovetores correspondentes a s j e s j são reais e iguais. A solução do problema pode ser mostrada na forma matricial como ( ) diag Ω j 2 Φ Eq. 2.46 2 onde Ω j é conhecido como o quadrado da j-ésima freqüência natural e Φ j o seu autovetor ou modo de vibrar correspondente (Ewins, 1984). O conjunto de matrizes da equação 2.46 é conhecido como modelo modal da estrutura e as matrizes M e K formam o seu modelo espacial (Bavastri, 1997). Demonstra-se (Ewins, 1984 e Espíndola, 1992) que o modelo modal tem a propriedade conhecida como ortogonalidade. Ou seja: Φ T M Φ = diag (m r ) Φ T K Φ = diag (k r ) Eq. 2.47 onde 2 Ωr = kr . mr Eq. 2.48 Os parâmetros mr e k r são chamados de massa e rigidez modais do r-ésimo modo, respectivamente. Normalizando os autovetores através da raiz quadrada da massa modal as relações seguintes também são válidas. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 55 Ψ T MΨ = I ( ) Ψ T K Ψ = diag Ω r onde ψ r = 2 Eq. 2.49 1 φr mr 2.4.3 Modelo Viscoso Proporcional Se a matriz de amortecimento C pode ser escrita através da relação de proporcionalidade C = βM + γK , prova-se que Ψ T C Ψ = β .diag (k r ) + γ .diag (m r ) = diag (c r ) , Eq. 2.50 onde cr é o amortecimento modal. O amortecimento crítico c cr é dado por: c cr = 2 m r Ω r . Eq. 2.51 A relação de amortecimento modal é ξr = cr c cr Eq. 2.52 Assim pode-se reescrever o coeficiente de amortecimento modal como c r = 2ξ r m r Ω r . PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.53 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 56 Segundo Ewins (1984), para sistemas modelados com amortecimento viscoso proporcional, suas freqüências naturais são complexas e suas partes imaginárias são dadas por ν r = Ω r 1 − ξr2 . Eq. 2.54 A parte imaginária das freqüências naturais representa a parte oscilatória. Por outro lado, a parte real representa o decaimento. Esse é dado por: δ r = ξrΩ r . Eq. 2.55 2.4.4 Resposta em Freqüência – Coordenadas Principais O sistema de equações para descrever o comportamento dinâmico de sistemas lineares com múltiplos graus de liberdade pode ser escrito no domínio da freqüência, através de sua transformada de Fourier. Obtém-se, assim, [− Ω 2 ] M + i Ω C + K Q (Ω ) = F (Ω ) , Eq. 2.56 onde F (Ω ) e Q(Ω ) são a transformada de Fourier de f (t ) e q (t ) respectivamente. Fazendo uma transformação de coordenadas na forma Q (Ω ) = Ψ P (Ω ) , Eq. 2.57 onde Q(Ω ) são as coordenadas físicas (geralmente denominadas coordenadas generalizadas) e P(Ω ) as coordenadas principais. Geralmente, essas últimas não possuem sentido físico. Substituindo 2.57 em 2.56 e premultiplicando essa última equação por Ψ T tem-se PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica [− Ω 2 57 ( I + i Ω diag (2ξ r Ω r ) + diag Ω r 2 )]P (Ω ) = N (Ω ) N (Ω ) = Ψ F (Ω ) Eq. 2.58 T Da transformação de coordenadas resulta um novo espaço que recebe o nome de espaço modal. As equações 2.58, que representam do sistema no espaço modal, estão desacopladas. O desacoplamento das equações no espaço modal permite a solução independente de cada linha do sistema de equações em 2.58. Uma linha genérica r desse sistema de equações é (− Ω Assim é 2 ) + i Ω 2ξ r Ω r + Ω r Pr (Ω ) = N r (Ω ) . 2 possível determinar a resposta Eq. 2.59 do sistema, considerando amortecimento viscoso proporcional. Definindo a matriz D0 como [ ( )], D 0 = − Ω 2 I + i Ω diag (2ξ j Ω j ) + diag Ω j 2 Eq. 2.60 calcula-se as coordenadas principais P (Ω ) = D 0 N (Ω ) Eq. 2.61 P (Ω ) = D 0 Ψ T F (Ω ) . Eq. 2.62 −1 ou −1 A matriz D0 é diagonal e sua inversa é calculada por inversão simples de cada elemento da diagonal. Essa matriz é chamada de matriz resposta em freqüência do PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 58 espaço modal. Premultiplicando 2.62 por Ψ obtém-se a resposta do sistema no sistema de coordenadas generalizadas Q (Ω ) = Ψ D 0 Ψ T F (Ω ) . −1 Eq. 2.63 Define-se, então, a matriz de resposta em freqüência em coordenadas no espaço de configurações como α (Ω ) = Ψ D 0 −1Ψ T , Eq. 2.64 onde cada elemento particular é dado por α ks (Ω ) = n ∑ −Ω r =1 2 Ψ kr Ψ sr . 2 + Ω r + i 2ξ r Ω r Ω Eq. 2.65 A equação 2.65, α ks , representa a resposta em freqüência do sistema na coordenada generalizada k quando excitado na coordenada generalizada s . 2.4.5 Neutralizadores Dinâmicos Fixados a Sistemas Primários Complexos Para vários neutralizadores adicionados a uma estrutura (sistema primário com múltiplos graus de liberdade) a equação de movimento no domínio da freqüência, considerando parâmetros equivalentes generalizados, é escrita como [− Ω 2 ] ~ ~ M + i Ω C + K Q (Ω ) = F (Ω ) , Eq. 2.66 ~ ~ onde M e C são respectivamente a matriz de massa e de amortecimento do sistema composto. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 59 Para p neutralizadores fixados ao longo de p coordenadas generalizadas qk1 , qk2 , ..., qk p , sendo as massas e amortecimentos equivalentes generalizados me1 , me2 , ..., me p e ce1 , ce2 , ..., ce p . A nova massa e o novo amortecimento do sistema composto são, respectivamente, 0 ~ M =M + 0 m e1 O 0 mep 0 Eq. 2.67 . 0 Eq. 2.68 e 0 ~ C =C+ c e1 0 O 0 ce p A equação 2.66 só é válida no domínio da freqüência, pois os parâmetros equivalentes generalizados são função da freqüência. O conceito de espaço modal poderia ser aplicado para o sistema composto, entretanto este não fica desacoplado, ~ uma vez que a transformação de coordenadas não diagonaliza parte das matrizes C ~ e M . É importante notar também que, dependendo do modelo matemático, pode-se trabalhar com mil, dois mil, ou mais graus de liberdade (matrizes computadas numericamente por elementos finitos). 2.4.6 Truncamento Na prática, apenas alguns poucos modos estão dentro da faixa de freqüência de interesse. Portanto, o problema de autovalores e autovetores, em geral, fica restrito a esses primeiros dez ou vinte modos. Para tal, considera-se a transformação de coordenadas: PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 60 Q (Ω ) = Φˆ Pˆ (Ω ) , Eq. 2.69 onde Φ̂ é a matriz modal truncada do sistema primário, de ordem n × nˆ (n representa o número de graus de liberdade e n̂ o número de autovetores computados ou medidos na faixa de freqüência de interesse). Em geral nˆ << n . Substituindo a equação 2.69 na equação 2.66 e premultiplicando por Φ̂T : [− Ω2 [diag(mˆ j ) + Mˆ A (Ω)] + iΩ[diag(cˆ j )+Cˆ A (Ω)] + diag(kˆ j )]Pˆ (Ω) = Nˆ (Ω) Eq. 2.70 Os elementos das matrizes M̂ A (Ω ) e Ĉ A (Ω ) podem ser escritos como Mˆ A (s ,r ) (Ω ) = p ∑ i =1 m e i Φ ki s Φ kir Eq. 2.71 p Cˆ A ( s , r ) (Ω ) = ∑ c e i Φ k i s Φ k i r e Eq. 2.72 ˆ T F (Ω ) Nˆ (Ω ) = Φ Eq. 2.73 i =1 A equação 2.70 representa um sistema de dimensão nˆ << n e sua solução corresponde aos parâmetros equivalentes generalizados. Ela mostra que no espaço modal o sistema de equações não é desacoplado. Isso ocorre devido à adição dos neutralizadores dinâmicos ao sistema primário. Fazendo a transformação inversa da equação 2.69, encontra-se a solução das coordenadas físicas. De 2.70 e 2.73 mostra-se que: ˆ Dˆ − 1Φˆ T Fˆ (Ω ) Q (Ω ) = Φ PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.74 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 61 onde Dˆ = Dˆ 0 − Ω 2 Mˆ A (Ω ) + i Ω Cˆ A (Ω ) Eq. 2.75 e ( Dˆ 0 = diag kˆ j − mˆ j Ω 2 + i Ω cˆ j ) Eq. 2.76 A matriz D̂0 é diagonal. Já a matriz D̂ , que representa o sistema composto (sistema primário + neutralizadores) não é diagonal. Para autovetores normalizados pela matriz massa, a equação 2.76 pode ser escrita como ( ) 2 Dˆ 0 = diag Ω j − Ω 2 + i 2ξ j Ω j Ω . Eq. 2.77 Fazendo uma equivalência com sistemas de um grau de liberdade e usando a equação 2.74 pode-se escrever a matriz de receptância do sistema composto. α (Ω ) = Φˆ Dˆ − 1Φˆ T . Eq. 2.78 Cada elemento dessa matriz é escrito como α ks (Ω ) = nˆ nˆ ∑∑ j =1i =1 D ij Φ si Φ kj , Eq. 2.79 onde Dij são elementos da matriz Dˆ −1 e Φ sj são elementos da matriz Φ̂ . D −1 é a matriz de resposta em freqüência no espaço modal do sistema composto. Ela pode ser calculada conhecendo-se os parâmetros modais da PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 62 estrutura a controlar (sistema primário) e as características dos neutralizadores dinâmicos acoplados a ela. É importante lembrar aqui que, no espaço modal, contase com um número reduzido de equações nˆ << n . Partindo-se da formulação descrita até aqui pode-se optar por duas formas diferentes para controlar as vibrações do sistema primário: • Controle modo a modo: Aplicada por Silva (1991), nela despreza-se o acoplamento do sistema e procura-se um controle modo a modo através de uma correlação direta com a teoria de Den Hartog (1956), para um grau de liberdade. Resultados utilizando essa técnica podem ser encontrados em Espíndola e Silva (1992). • Controle em uma banda ampla de freqüência: Esse procedimento leva em consideração o acoplamento do sistema composto e baseia-se em técnicas de otimização não linear para encontrar as características dos neutralizadores. Os resultados dessa técnica podem ser encontrados em Bavastri (1997). Essa mesma metodologia será aplicada a esse trabalho. 2.5 Técnicas de Otimização Não Linear O projeto de um sistema pode ser formulado como um problema de otimização onde uma medida de performance é maximizada (ou minimizada) enquanto restrições são satisfeitas. Qualquer problema, no qual parâmetros são determinados enquanto restrições precisem ser satisfeitas, pode ser formulado como um problema de otimização (Arora, 1989). O processo de otimização pode ser resumido com no fluxograma mostrado na figura 2.14. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 63 sim não Figura 2.9 Processo do projeto ótimo. 2.5.1 Histórico Segundo Arora (1989), muitos dos problemas geométricos e mecânicos formulados e resolvidos por Arquimedes, Euclides, Heron e outros mestres da antiguidade, são problemas de otimização. Um século e meio depois, Bernoulli, Lagrange, Euler, e Weierstrass desenvolveram cálculos variacionais, estudando problemas em física aplicada. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, cientistas ingleses e americanos de algumas disciplinas foram convocados para resolver problemas complexos, tais como determinar a melhor forma de montar comboios com o objetivo de evitar e/ou proteger navios cargueiros dos submarinos alemães. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 64 Podem-se citar alguns dos pesquisadores, matemáticos, físicos e economistas que contribuíram com o posicionamento da otimização no mapa da pesquisa mundial, antes e após a guerra. George W. Dantzig criou o Método Simplex para resolver problemas de otimização linear durante a Segunda Guerra. Construindo o conhecimento de dualidade na teoria dos jogos, a qual foi desenvolvida por John Von Neumann em 1920. Dantzig, junto com Albert W. Tucker também desenvolveu a teoria da dualidade em programação linear, em conjunto com várias caracterizações de uma solução ótima gerada por aquela teoria. Alguns pesquisadores, interessados em economia, estudaram tais modelos como problemas de otimização linear. Dois deles, o matemático Leonid W. Kantorovich e o estatístico Tjalling C. Koopmans receberam o prêmio Nobel de 1975 “pela sua contribuição à teoria de alocação ótima de recursos”. Eles, de fato, trabalharam em bases da programação linear, independente de Dantzig. 2.5.2 Classificação dos Modelos de Otimização Considerando: x ∈ ℜn : vetor de variáveis x j , j = 1,2,..., n ; f : ℜ n → ℜ ∪ {± ∞} : função objetivo; X ⊆ ℜ n : espaço de busca definido logicamente / fisicamente; g i : ℜ n → ℜ n : funções de restrição definindo restrições em x ; g i ( x ) ≥ 0 : restrições de desigualdade; hi ( x ) = 0 : restrições de igualdade. O problema de otimização é: minimizar f (x ) , sujeito a gi (x ) ≥ 0 hi ( x ) = 0 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 65 x∈ X (Se o problema é uma maximização, então se troca o sinal de f (x ) ). O tipo de problema de otimização está relacionado com a natureza das funções f , g i e hi , e o espaço de busca X : • (PL) Programação Linear: a função objetivo, bem como as restrições, são lineares. • (PNL) Programação Não-Linear: algumas das funções f , g i e/ou hi são não lineares. • Otimização Contínua: f , g i e hi são continuas em um conjunto aberto contento X ; X é fechado e convexo. • (PI) Programação Inteira: X é inteiro. • Otimização Irrestrita: as funções de restrição não existem. • Otimização Restrita: existem funções de restrição. • Otimização Diferenciável: f , g i e hi são pelo menos uma vez diferenciáveis em um conjunto aberto de X (os gradientes de f , g i e hi existem e são contínuos); X é fechado e convexo. • Otimização Não-Diferenciável: ao menos uma das funções f , g i e/ou hi não é diferenciável. • (PC) Programação Convexa: f é convexa; g i e hi são convexas; X é fechado e convexo. • Programação Não-Convexa: o complemento do acima. Outros importantes casos podem ser destacados: • Problemas Infinito-dimensionais: problemas formulados em espaços funcionais ao invés de espaços vetoriais. • Funções f , g i e/ou hi implícitas: não se pode escrever equações para esses termos. Muitas aplicações de engenharia podem recair sobre esses casos. Na PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 66 maioria das vezes os valores das funções implícitas são obtidos via simulações. • Otimização Multiobjetivo: minimizar f1 (x ) , f 2 ( x ) , ..., f n ( x ) . • Otimização sob Incerteza ou Programação estocástica: quando f , g i e/ou hi são apenas probabilisticamente conhecidas. 2.5.3 Aplicação a Neutralizadores Dinâmicos Uma vez estabelecido o modelo matemático para o sistema composto (sistema primário + neutralizadores), os métodos numéricos de otimização não linear podem ser utilizados para encontrar os parâmetros ótimos dos neutralizadores dinâmicos. Várias técnicas de otimização não linear, com e sem restrições, podem ser empregadas para se encontrar esses parâmetros ótimos dos neutralizadores. Basicamente o que se busca numa técnica de otimização não linear é uma direção de busca para a variável a ser otimizada e quanto ela deve ser incrementada nessa direção. A cada iteração, portanto são escolhidos uma nova direção de busca e um novo incremento, até que se atinja o valor ótimo (satisfeito um critério de parada). Podem-se citar aqui algumas dessas técnicas de forma subdividida: ¾ Métodos que não utilizam informação de derivada: • método da direção aleatória; • método de Powell; • método cíclico (variante de Powell); • método de Hooke e Jeeves; • método do poliedro rígido; • método de poliedro flexível. ¾ Métodos que utilizam informação de derivada: • direção do gradiente (Steepest Descent); PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 67 • direção conjugada; • método de Newton; • método de quase-Newton; Maiores detalhes sobre todos esses métodos podem ser encontrados em Arora (1989) e Bazaraa (1979). O método empregado nesse trabalho para obtenção dos parâmetros ótimos dos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos é o método quase-Newton. O método quase-Newton é baseado no método de Newton que por sua vez está também relacionado com o método do gradiente. No método do gradiente (steepest descent) utiliza-se o vetor gradiente d como direção de busca para o problema de otimização. A direção d é definida como na equação 2.80. d = −∇ f ( x ) Eq. 2.80 Uma vez definida a direção de busca procede-se uma busca unidimensional. Define-se então o incremento a ser dado na variável para se chegar ao ponto ótimo (equação 2.81). x k +1 = x k + λ d k Eq. 2.81 O parâmetro λ é o escalar que define o ponto ótimo a partir de xk , na direção d k . Uma vez que esse parâmetro tenha sido encontrado, o valor da variável é atualizado através da equação 2.81. Muitos métodos realizam unidimensional. Podem ser citados aqui, também de forma subdividida. ¾ Métodos que não utilizam informação de derivada: • método da secção áurea; • método da bisseção ou Balzano; PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) a busca Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 68 • método da dicotomia; • método de Fibonacci; • método de Powell. ¾ Métodos que utilizam informação de derivada: • método de Newton; No método de Newton a idéia é, de uma única iteração, chegar ao ponto ótimo. Isso se faz através de uma expansão em série de Taylor da função objetivo. Essa expansão tem como objetivo representar a função objetivo como uma função quadrática do vetor projeto. Para se obter essa expansão, é necessário ter informações sobre a segunda derivada de f (x ) . A função quadrática ajustada tem a forma q (x + ∆ x ) ≅ f (x ) + ∇ f T ∆ x + 0 .5 ∆ x T H ∆ x , Eq. 2.82 sendo ∆x uma pequena mudança em x e H a matriz Hessiana no ponto x . A condição necessária para o ponto ótimo na quadrática q é: ∂q =0 ∂ (∆ x ) Eq. 2.83 ∆ x = − H − 1∇ f . Eq. 2.84 De 2.82 e 2.83 obtém-se Assim sendo o ponto ótimo da (k − 1) -ésima quadrática, ajustada pela série de Taylor na função objetivo é PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 69 x kq+1 = x kq + ∆ x k Eq. 2.85 Uma vez atualizado o ponto através de 2.85, ajusta-se uma nova quadrática à função objetivo e sucessivamente avança-se no processo até o ponto ótimo. Uma vez satisfeito o critério de convergência, o mínimo da função quadrática confunde-se com o mínimo da função objetivo. Por outro lado, pode-se definir a direção de busca através dessa abordagem e a partir daí realizar uma busca unidimensional para se definir o passo. Isso acelera o processo de convergência. d = − H − 1∇ f Eq. 2.86 Ao se aplicar o método do gradiente sobre a quadrática expandida em série de Taylor, várias iterações são necessárias para se chegar ao ótimo. No método de Newton, isso é conseguido de uma só vez. Sendo assim, a direção obtida pelo método de Newton é a melhor direção de busca. Entretanto o seu uso é limitado. Na pratica ele só funciona bem quando a função objetivo é convexa e tem variações suaves. Na maioria dos métodos numéricos, o cálculo de H-1 é evitado, devido a seu alto custo computacional. O método quase-Newton, empregado nesse trabalho, foi proposto por Davidon e posteriormente implementado por Flecher e Powell (Bazaraa, 1979, Arora, 1989 e Bavastri, 1997). Também conhecido por DFP, ele é utilizado para estimar a direção de busca sem um custo computacional tão alto como no método de Newton. Essa direção fica entre a direção do gradiente e a direção de Newton e não requer a informação da segunda derivada da função objetivo. Essa direção é dada por d = −η ( x )∇ f PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.87 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 70 onde η ( x k +1 ) = η ( x k ) + ∆ η ( x k ) e 1 ∆ x. y T η ( x k )∇ g ( x )z T − ∆ η (x k ) = w y T ∆ g (x k ) z T ∆ g (x k ) Eq. 2.88 Eq. 2.89 onde: ∆xk = xk +1 − xk ∆g (xk ) = ∇f ( xk +1 ) − ∇f ( xk ) No método DFP: w =1 y = ∆x z = η (xk )∆g ( xk ) O método quase-Newton geralmente começa a busca na direção do gradiente. No decorrer do processo fica entre a direção do gradiente e a direção de Newton. Ele fornece excelentes resultados tanto em relação ao esforço computacional quanto à velocidade de convergência (Bavastri, 1997). Por essas razões, este é o método empregado no presente trabalho para a otimização dos parâmetros construtivos dos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. Na figura 2.10 pode-se observar as direções dos três métodos citados anteriormente, de forma comparativa. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 71 Figura 2.10 Comparação entre os métodos do gradiente, Newton e quase-Newton. (Bavastri, 1997) 2.6 Função Objetivo e Variáveis de Projeto – Otimização dos Parâmetros dos Neutralizadores Dinâmicos Da equação 2.66 o vetor F (Ω ) é o vetor de excitação. Ele é definido como tendo valores unitários para uma coordenada generalizada onde existe excitação e valor nulo quando nessa coordenada não existe nenhuma excitação. No presente trabalho, o vetor de excitação é dado por uma função generalizada delta de Dirac aplicado de forma pontual, ou seja, excita-se em um ponto (coordenada generalizada) e observa-se a resposta em outros pontos da estrutura. Da equação 2.70 tem-se que [D1 + D 2 ]P (Ω ) = N (Ω ) PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.90 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 72 onde { } D1 = − Ω 2 diag (m j ) + i Ω diag (c j ) + diag (k j ) e { } D 2 = − Ω 2 m A (Ω ) + i Ω c A (Ω ) Eq. 2.91 Eq. 2.92 Assim, a resposta em freqüência do sistema, no espaço modal, é dada por P (Ω ) = [D1 + D 2 ] N (Ω ) −1 Eq. 2.93 De 2.69, 2.73 e 2.93, pode-se obter a resposta do sistema, Q(Ω ) , na forma {Q (Ω )} = [Φˆ ] [D1 + D2 ]−1 [Φˆ ] {F (Ω )} . T Eq. 2.94 Assim a matriz de receptância do sistema composto (sistema primário + neutralizadores) é [α (Ω )] = [Φˆ ] [D1 + D 2 ]− 1 [Φˆ ] T . Eq. 2.95 Para sistemas com um grau de liberdade, a relação de massas entre o neutralizador e o sistema primário, de acordo com 2.36 é definida como (Bavastri, 1997) µ = ma = 0 ,1 a 0 , 25 m PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 2.96 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 73 Espíndola e Silva (1992) propõem uma relação de massa modal para sistemas de múltiplos graus de liberdade, para controle modo a modo na forma p µ = ma ∑ Φ k , j 2 i =1 mj Eq. 2.97 . Posteriormente, Espíndola e Bavastri (1995) empregam esta relação para um controle em banda larga, definindo a massa dos neutralizadores por meio de uma media aritmética. Isto é, a massa dos neutralizadores é calculada para cada modo dentro de uma faixa de freqüência. Posteriormente, é tomada a média desses valores, para todos os modos. Esse mesmo procedimento é empregado aqui. A função objetivo é definida para determinar os parâmetros ótimos dos neutralizadores dinâmicos e dada por f obj ( x ) : R n → R , f obj ( x ) = max P (Ω , x ) Ω1 < Ω < Ω 2 onde 2 Eq. 2.98 2 representa a norma-2 e Ω1 e Ω 2 são os limites inferior e superior, respectivamente, da banda de freqüência na qual se quer efetivar o controle. Assim, o problema de otimização é definido como min f obj ( x ) Eq. 2.99 x iL < x i < x iH Eq. 2.100 restrito a PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica onde 74 é o vetor de projeto e xi L e xi H são os seus limites inferior e superior, respectivamente. Os componentes desse vetor x são as freqüências de antiressonância de cada um dos neutralizadores acoplados ao sistema primário. Ou seja, constrói-se um vetor com os valores máximos de cada Pi (Ω, x ) . Obtém-se então a mínima norma euclidiana possível desse vetor (figura 2.11). Ω1 Ω2 Figura 2.11 Função Objetivo Dessa forma, ao finalizar-se o processo de otimização dos parâmetros dos neutralizadores, obtém-se como saída, as freqüências naturais ótimas para cada um dos neutralizadores acoplados ao sistema primário, bem como suas massas, previamente fixadas como uma razão das massas modais. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 75 3 ALGORÍTMOS GENÉTICOS 3.1 Introdução Na engenharia, um grande número de problemas de otimização que usualmente se trabalha, são não-lineares, de dimensão elevada, com espaços de busca relativamente grandes e multimodais, isto é, com vários extremos (mínimos ou máximos). Esse tipo de problema demanda mecanismos de busca que sejam capazes de determinar o ótimo global (máximo ou mínimo global) e não convergir prematuramente para ótimos locais. Os Algoritmos Genéticos (AG’s) se mostram eficientes na determinação desse ótimo global de uma função multimodal de várias variáveis. Essa técnica tem se mostrado capaz de resolver problemas lineares e não-lineares, usando operadores de mutação, cruzamento e seleção, aplicados a indivíduos de uma população que se encontram dentro de uma região de busca pré-estabelecida em um espaço ndimensional. Basicamente o que o algoritmo faz é uma abstração aos princípios da evolução das espécies propostos por Charles Darwin (1859). Partindo de uma população de indivíduos, cada qual com sua adaptabilidade associada, ou aptidão, desenvolvemse, através de cruzamentos e mutações, novos indivíduos. Esses formarão uma nova população ou geração. Cada indivíduo, dentro de uma população, representa uma solução para o problema que se pretende resolver. Os indivíduos mais aptos, ou mais adaptados, terão mais chances de sobreviver e reproduzir, garantindo filhos ainda melhor adaptados. Esses indivíduos com aptidões crescentes representam soluções cada vez mais próximas da solução ótima. Espera-se, portanto, com as sucessivas gerações, chegar ao indivíduo idealmente adaptado, o que corresponde ao ótimo global. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 76 Figura 3.1 Ilustração de um AG simples, incluindo: 1. população inicial, 2.e 3. reprodução e cruzamento para formar uma nova geração e 4. obtenção do melhor indivíduo (Senecal, 2000). 3.2 Terminologia Em Algoritmos Genéticos utilizam-se algumas metáforas dos fenômenos que ocorrem na natureza relacionados ao processo de seleção natural proposto por Darwin (1859). Esses termos, originalmente empregados na biologia, são usados também em AG’s. Podem-se citar aqui alguns dos principais termos utilizados na literatura: • Cromossomo: segundo a biologia, genoma é o conjunto completo de genes de um organismo. Os genes, por sua vez, são agrupados formando um cromossomo. Um genoma é, portanto constituído de vários cromossomos. Em AG’s é feita uma analogia entre cromossomo e organismo ou indivíduo. Nesse caso um indivíduo é formado por apenas um cromossomo. Os cromossomos representam a estrutura de dados que codifica um ponto do espaço de busca e que representa uma solução em potencial para o problema de otimização. • Gen ou Gene: na biologia, é a unidade de hereditariedade que é transmitida pelo cromossomo e que controla as características do PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 77 indivíduo. Em AG’s um gene é uma unidade do cromossomo, ou seja, um elemento do vetor que representa o cromossomo. • Individuo: Um indivíduo é um membro da população e é formado por um cromossomo e sua aptidão. Por sua vez o cromossomo é composto de genes, sendo que cada gene possui um local fixo no cromossomo, denominado de locus. Cada gene pode assumir um certo valor pertencente a um conjunto de valores possíveis. Esse conjunto de valores é denominado de alelo. Em termos de AG’s o cromossomo corresponde ao individuo e este é representado por um vetor (string) de comprimento finito. O termo gene é denominado de bit e o locus de posição do bit no indivíduo. Já o termo alelo refere-se ao conjunto de valores possíveis de serem atribuídos a um determinado bit, ou seja, o alfabeto binário, zeros (0’s) ou uns (1’s). A codificação binária é a mais empregada, mas podem ser utilizadas outras codificações. Na literatura, a maioria das codificações empregadas é a codificação binária. • Genótipo e Fenótipo: Na biologia, genótipo corresponde ao conjunto de cromossomos, genes e alelos. As características conferidas ao indivíduo pelo genótipo denominam-se fenótipo. Em termos de AG’s o genótipo é a variável de projeto x codificada e o fenótipo é o valor da função objetivo da variável x , f ( x ) , decodificado. • Geração: cada uma das iterações executada pelo AG. • Espaço de busca: é o conjunto, espaço ou região do espaço que compreende as soluções possíveis ou viáveis de um problema de otimização. É também caracterizado pelas funções de restrição. • Função objetivo ou função de avaliação: é a função que se pretende otimizar. Ela trás a informação sobre o desempenho de cada possível solução representada por um indivíduo ou cromossomo. O valor da função de avaliação é muitas vezes chamado de fitness do indivíduo e representa a sua aptidão frente aos outros indivíduos da população. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 78 Tabela 3.1 Relação da terminologia dos AG’s e a Biologia. 3.3 Biologia Algoritmos Genéticos Cromossomo Individuo (string) Gene Bit Alelo Valor do bit Lócus Posição do bit na string Genótipo Candidato à solução – x Fenótipo Valor da função – f(x) Operadores Genéticos Os operadores genéticos destinam-se a manipular os indivíduos selecionados a partir da população de uma geração anterior, visando a obtenção de algum individuo candidato com melhor performance ou fitness. Basicamente eles são os operadores de cruzamento e mutação. O primeiro deles tem a tarefa de explorar a bagagem genética já existente nos pais. O segundo tem a função de introduzir material genético inexistente até então e também reposição de material perdido em gerações anteriores. Enquanto o cruzamento busca uma solução melhor partindo de indivíduos pré-existentes (exploitation) a mutação promove uma investigação em áreas do espaço de busca ainda não avaliadas (exploration). 3.3.1 Cruzamento (Crossover) Dá-se pela seleção de dois cromossomos pais que trocam material genético entre si. Isso resulta em dois cromossomos descendentes diferentes (filhos), porém ainda carregando consigo influências dos pais. O cruzamento pode ocorrer de duas maneiras. Cruzamento uniforme e cruzamento por partições. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 79 O cruzamento uniforme consiste no emparelhamento dos cromossomos pais e cada locus tem 50% de chance de ser trocado (figura 2). Cada gene do descendente é criado através da cópia de um gene dos pais, escolhido de acordo com uma máscara de cruzamento gerada aleatoriamente. Onde houver 1 na máscara de cruzamento, o gene correspondente será copiado do primeiro pai e onde houver 0 será copiado do segundo. O processo pode então ser repetido com os pais trocados para produzir um segundo descendente. Uma nova máscara de cruzamento é criada para cada par de pais. Figura 3.2 Esquema do cruzamento uniforme. O cruzamento particionado consiste na escolha aleatória de um, ou mais pontos de cruzamento. Todo o material à direita desse ponto de corte é trocado. Nas figuras 3.3 e 3.4 podem ser observados os esquemas de cruzamento em um e dois pontos, respectivamente Pode ocorrer também o cruzamento com mais pontos de cruzamento. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 80 Figura 3.3 Esquema do cruzamento de um ponto. Figura 3.4 Esquema do cruzamento de dois pontos. 3.3.2 Mutação A mutação consiste em perturbações na cadeia do cromossomo que podem ocorrer aleatoriamente após o cruzamento. É a denominação dada a vários mecanismos de alteração genética, os quais têm em comum o fato de fazerem o cromossomo descendente apresentar características diferentes das dos pais. Os mecanismos de mutação empregados em AG’s são: a troca simples, a translocação e a inversão. A troca simples consiste de um erro de cópia de um ou mais genes da cadeia. A inversão é uma retirada seguida de uma inserção de um pedaço da cadeia, porém na ordem inversa da que foi retirada. A translocação, ao contrário da inversão, retira uma parte do cromossomo e a recoloca em uma outra posição. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 81 Na maioria dos trabalhos desenvolvidos com AG’s o mecanismo de alteração da cadeia genética é o da troca simples. Por isso o termo mutação é muitas vezes referenciado como sinônimo de troca simples. Figura 3.5 Esquema da mutação (troca simples). 3.3.3 Seleção O objetivo da seleção é fazer com que os indivíduos mais adaptados de uma determinada geração tenham uma probabilidade maior de participarem do processo de formação da próxima geração. O processo de seleção se baseia nas aptidões de cada indivíduo que são representadas pelos valores da função objetivo para cada um deles. Um grande número de esquemas de seleção já foi proposto, entretanto citaremos aqui apenas os dois mais empregados. 3.3.3.1 Método da Roleta Esse é um método largamente empregado. Cada indivíduo da população é representado de forma proporcional ao seu valor de aptidão. Dessa forma, um indivíduo com um valor de aptidão alto recebe uma fatia maior em uma roleta, enquanto que um indivíduo de menor aptidão recebe uma fatia menor. A roleta é então rodada, tantas vezes quanto forem o número de indivíduos da população, escolhendo os que darão origem à nova geração. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 82 13% 2% 5% 8% individuo 1 individuo 2 16% individuo 3 individuo 4 individuo 5 32% individuo 6 individuo 7 24% Figura 3.6 Exemplo de método da roleta. Uma desvantagem desse método é reduzir a variabilidade das gerações futuras, podendo gerar uma população com varias cópias de um indivíduo muito apto. Isso pode levar o método a uma convergência prematura para um ótimo local. Uma forma de reduzir esse efeito é não utilizar a magnitude da aptidão, mas sim a posição do indivíduo no ranking de aptidões. Desse modo, mantendo-se a população ranqueada por valores decrescentes de aptidão, a probabilidade do indivíduo mais apto ser selecionado é maior, mas os demais indivíduos possuem também boas chances de participar do processo de formação da nova geração, quando comparadas com o método anterior. 3.3.3.2 Método do Torneio Consiste em escolher aleatoriamente n indivíduos da população, com probabilidades iguais de escolha. O cromossomo com maior aptidão é selecionado. O processo repete-se até que é formada uma população intermediária é formada. Normalmente n = 2 . Uma vez formada a população intermediária, uma nova geração é obtida através de cruzamentos e mutações promovidos entre os indivíduos da população intermediária (candidatos a pais). PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 83 Não há necessidade de escalonamento e nem ordenamento. Em outras versões de torneios utilizam-se probabilidades diferenciadas. Se o torneio envolve dois cromossomos, o primeiro vence o torneio com probabilidade q (onde 0,5 < q < 1 ); e o segundo, com probabilidade 1 − q . Para um torneio com n cromossomos, o primeiro vence com probabilidade q , o segundo com q (1 − q ) , o terceiro com q(1 − q ) , e assim por diante. 2 Aumentando o número de cromossomos no torneio ou a probabilidade q do primeiro cromossomo vencer, aumenta-se a pressão de seleção e os cromossomos com aptidão acima da media terão mais chances de serem selecionados. Essa pressão precisa ser bem controlada. Uma pressão excessiva pode levar o método a uma convergência prematura e perda de diversidade. Uma pressão muito amena pode tornar a convergência demasiado demorada. O método de seleção empregado neste trabalho é o torneio simples entre dois indivíduos escolhidos aleatoriamente dentro da população. Este método é de muito mais simples programação e requer uma quantidade de operações muito menor. Ele foi escolhido com o objetivo justamente de reduzir o esforço computacional por envolver um número menor de operações. A função objetivo adotada neste trabalho requer um grande número de operações e este não pode ser reduzido. 3.3.4 Reprodução O processo de seleção forma a população intermediária, mas não introduz novos indivíduos na futura geração. Ele apenas seleciona os progenitores que darão origem a essa nova geração. No processo de reprodução os candidatos a pais são agrupados aleatoriamente em pares. É definida também uma probabilidade de cruzamento, Pc , que será igual para todos os pares selecionados. O cruzamento então se dá por um processo de decisão semelhante ao “lançamento de uma moeda”. O lançamento da moeda corresponde a gerar um número aleatório entre 0 e 1. Se esse número for inferior a Pc , o cruzamento será realizado gerando um ou dois filhos. Em caso PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 84 contrário, o cruzamento não é realizado e o processo segue até que a nova geração seja construída. 3.3.5 Elitismo É bastante comum, depois de aplicados todos os operadores descritos anteriormente, que o melhor indivíduo de uma população desapareça na geração seguinte. No entanto é interessante para o AG que o indivíduo mais apto de uma geração seja transferido para a geração seguinte para que o seu material genético seja aproveitado. Essa estratégia é chamada de elitismo e hoje é muito comum nos AG’s tradicionais. DeJong (1975) foi que primeiro propôs o elitismo. O processo se dá copiando o indivíduo de maior fitness para a geração seguinte, sem quaisquer alterações no seu conteúdo genético. Isso garante que a melhor solução sempre estará presente em qualquer uma das gerações e será mantida até o final do processo. 3.3.6 Compartilhamento Nos AG’s, o processo de seleção dos indivíduos mais fortes é extremamente impiedoso. A natureza nos ensina que essa competição não é tão acirrada assim. Existem diferentes espécies com papeis ecológicos diferentes, os nichos, que não competem entre si. Essa idéia levou ao conceito do compartilhamento ou niching ou sharing. Goldberg e Richardson (1987) propuseram a função de adequabilidade a seguir, a ( xi ) = f ( xi ) N ∑ λ (|| x − x j =1 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) i j ||) Eq. 3.1 Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 85 onde xi − x j | denota a distância Euclidiana entre os indivíduos, e λ (•) é a função de compartilhamento que é crescente em função da distância. Em geral ela é escalonada de modo a resultar em 1 para a menor distância entre dois indivíduos da população e 0 para a maior distância. Quando se otimiza uma função multimodal o compartilhamento resulta na formação de subpopulações de indivíduos concentrados nos picos da função. Teriase a tendência de convergência para um único pico se o compartilhamento não estivesse sendo empregado. Além disso, o número de indivíduos em cada uma dessas subpopulações é proporcional à altura relativa dos picos correspondentes. Neste trabalho, em todos os ensaios numéricos, foi utilizado o compartilhamento. Segundo a literatura sobre valores ótimos para os parâmetros de controle do algoritmo sugeriam a utilização do método. Observou-se que a convergência melhorou quando o compartilhamento foi empregado se comparado ao mesmo ensaio numérico sem o compartilhamento. Figura 3.7 Subpopulações devidas ao niching ou sharing. 3.4 Parâmetros de Influência e Configurações Um aspecto extremamente relevante dentro da estratégia dos AG’s é a correta configuração dos seus parâmetros. Parâmetros mal condicionados podem prejudicar tremendamente todo o processo. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 86 Vale salientar que não existe muita literatura disponível nessa área uma vez que esses parâmetros estão altamente relacionados com o problema específico em questão. Observou-se que o correto dimensionamento desses parâmetros se baseou, na maioria dos trabalhos pesquisados, no empirismo e na experiência dos autores. Os parâmetros de influência adotados nesse trabalho serão abordados com mais detalhamento no capítulo 4 (Resultados). A seguir alguns dos principais parâmetros de influência serão abordados. 3.4.1 Tamanho da população Indica o número de indivíduos ou cromossomos presente em cada geração. O tamanho da população está intimamente relacionado com a eficiência global do algoritmo. Uma população grande apresentará uma maior diversidade de soluções possibilitando uma boa convergência por cobrir uma região maior do espaço de busca. Cada indivíduo deve ser avaliado pelo menos uma vez em cada geração. Isso significa efetuar o processamento da função de avaliação um número de vezes igual ao tamanho da população. Portanto, uma população com um grande número de indivíduos, representa um esforço computacional maior. Uma população pequena pode reduzir o desempenho do algoritmo, reduzindo a capacidade de exploração do espaço de busca. Segundo Goldberg (1989) o tamanho da população cresce exponencialmente com o número de parâmetros do modelo, para codificação binária. Como exemplo de critério para o tamanho de população podemos citar o Critério de Goldberg onde o tamanho n da população pode ser encontrado pela expressão: n = 1.65 ⋅ 20.21l PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Eq. 3.2 Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 87 onde l é o número de bits necessário para representar um cromossomo. Entretanto, pode-se observar que esse tamanho de população é utilizado apenas como uma referência e não propriamente com um critério. Se assim fosse aplicado, encontrarse-ia tamanhos de população demasiado grandes, e muitas vezes impraticáveis. Precisa-se então encontrar um tamanho de população que seja grande o suficiente para se ter uma certa eficiência e pequeno o bastante para que o esforço computacional não seja demasiadamente elevado. Em geral relaciona-se o tamanho da população com o tamanho do cromossomo, ou seja, quanto maior o tamanho da string maior deverá ser o tamanho da população para que se consiga uma diversidade razoável. O critério de Goldberg resulta em populações de ordem elevada, muitas vezes acima de 3000 indivíduos. Na maioria das aplicações reportadas na literatura o tamanho das populações empregado fica entre 50 e 200 indivíduos. 3.4.2 Probabilidade de Cruzamento Este parâmetro determina qual será a probabilidade de ocorrer ou não o cruzamento entre dois indivíduos de uma população que foram selecionados para tal. O algoritmo introduz maior número de novos indivíduos nas gerações futuras quanto maior for essa taxa. Isso possibilita uma exploração maior do espaço de busca com maior velocidade, ou seja, com um menor número de gerações. Entretanto, quando essa taxa é muito elevada, aqueles indivíduos com boas aptidões podem ter seu material genético retirado das gerações seguintes. Valores muito baixos de probabilidade de cruzamento podem tornar a convergência muito lenta. Usualmente a probabilidade de cruzamento varia entre 0,5 e 0,95. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 88 3.4.3 Probabilidade de Mutação O principal objetivo da mutação é introduzir material genético inédito nas gerações sucessivas, prevenindo que sejam formadas populações saturadas de cromossomos idênticos, ou mesmo similares, à medida que o processo do algoritmo avança. A taxa de probabilidade de mutação indica quando haverá ou não esse introdução de material genético novo através da mutação. Altas taxas de mutação podem tornar o processo de otimização uma simples busca aleatória. Taxas muito pequenas retiram da mutação a capacidade de exploração de regiões promissoras do espaço de busca. Os valores de referência para a probabilidade de mutação ficam em torno de Pm = 1 . Em termos de ordem de grandeza, os valores mais comuns adotados nos n trabalhos encontrados na literatura ficam entre 0,001 e 0,1. 3.5 A Função Objetivo Em algoritmos genéticos a função de custo ou função objetivo é comumente chamada de função de fitness ou função de aptidão. Em alguns casos a função objetivo pode ser complexa, demandando um elevado custo computacional. Há problemas em que a avaliação de um único cromossomo requer uma simulação completa de um processo que pode demorar algumas horas de implementação computacional. No caso específico deste trabalho, a função objetivo empregada requer uma otimização de parâmetros que utiliza técnicas de otimização não linear. Para avaliar cada indivíduo, um outro algoritmo de busca encontra o valor ótimo de uma determinada função. O último valor encontrado dessa função é empregado como fitness para o algoritmo genético. O objetivo do algoritmo genético deste trabalho é encontrar a localização ótima de um sistema de controle passivo de vibração, utilizando neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, sobre uma estrutura mecânica qualquer. Os parâmetros construtivos desses neutralizadores, massa e freqüência natural, são otimizados para cada possível localização. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 89 Em trabalhos anteriores (Bavastri, 1997; Espíndola e Bavastri, 1997; Bavastri Espíndola, e Teixeira, 1998) foi proposta uma metodologia geral capaz de projetar um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos para reduzir a resposta de uma estrutura a valores aceitáveis, sobre uma banda larga de freqüência. Naquela oportunidade o modelo modal da estrutura e a experiência do projetista eram a base de análise para a definição da posição mais adequada, ou mais eficaz, para os dispositivos de controle (NDV’s). Entretanto, ainda existirão casos particulares em que esta tarefa não seja simples, quer seja pela complexidade do modelo modal, quer seja pela densidade modal da estrutura na faixa de freqüência de análise. Por tal motivo, neste trabalho, se propõe uma técnica numérica de otimização, usando AG, para determinar não somente o conjunto de parâmetros físicos ótimos dos neutralizadores, mas também, a sua localização ótima na estrutura. Observou-se, ao longo do trabalho, que não só é necessário muitas vezes determinar uma localização ideal para os neutralizadores, como também escolher, dentre as várias soluções possíveis, aquelas que fornecessem neutralizadores com menor massa adicionada à estrutura. Isso constitui o que se chama de otimização multiobjetivo, ou otimização multiponto. Segundo Zhang, Chen e Khalid (2002), para uma função multiobjetivo, existem um conjunto de soluções de compromisso, conhecidas como soluções paretoótimas, que são baseadas em objetivos competitivos. Uma estratégia bem conhecida para resolver esses tipos de problemas é o método de somas ponderadas. Dessa forma o problema multiobjetivo é transformado em um problema mono-objetivo. Por exemplo, para se otimizar duas funções competitivas f1 e f 2 , uma função escalar F pode ser definida como F = w1 f1 + w2 f 2 Eq. 3.3 Em geral w1 + w2 = 1 . Nesse trabalho as duas funções conflitantes são a redução de vibração da estrutura e a massa dos neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos Neste trabalho 90 f1 é o valor final da função objetivo da otimização dos parâmetros físicos de cada neutralizador do sistema, abordada no Capítulo 2. Devido a sua definição em escala dB, em geral o valor encontrado para essa função fica entre 100 e 200 dB. f1 = min max Ω < Ω< Ω 1 2 P(Ω, x) 2 Eq. 3.4 Foi adotado o valor de w1 = 1 . f 2 é o valor encontrado para a massa dos neutralizadores adicionada à estrutura (os neutralizadores do sistema são projetados todos com a mesma massa). Do conjunto de trabalhos apresentados por Espíndola e Bavastri (1997 a 2004) observa-se que, empregando a teoria modal, a massa total de neutralizadores adicionada à estrutura é 4 a 5 vezes menor do que a encontrada através da teoria de um grau de liberdade para o sistema primário. Neste trabalho fixou-se a massa dos neutralizadores em 10% da massa modal. Assim podemos estimar que a massa de todos os neutralizadores adicionados a uma estrutura, com o objetivo de controlar a sua vibração, deva ficar entre 2 a 2,5% da massa total de estrutura. f 2 = n.mNDV ≅ 0,02 M str Eq. 3.5 onde n é o número de neutralizadores, m NDV é a massa de cada neutralizador e M str é a massa total da estrutura a controlar. Dessa forma, para F = 0 (mínimo), pode-se estimar o valor de w2 . w2 = PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) f1 0.02M str Eq. 3.6 Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 3.6 91 Critérios de Convergência Em geral, estabelecer um critério de convergência para um algoritmo genético não constitui uma tarefa fácil. Não podemos saber com certeza se o algoritmo já convergiu para o ótimo global ou simplesmente para um ótimo local. Caso a convergência tenha se dado de forma local é necessário que o algoritmo continue explorando o espaço de busca. Por outro lado se a convergência ocorreu para o ótimo global o algoritmo deve parar o processo de busca. Existem alguns procedimentos que podem ser adotados. Entre esses se destacam: • Ajustar um valor esperado para o ótimo: o algoritmo pára quando atinge esse valor, que constitui uma solução aceitável. A dificuldade nessa estratégia está em estabelecer esse valor esperado. Para alguns problemas é muito difícil estabelecer a priori um valor esperado para o ótimo global. Principalmente quando se desconhece a solução do problema. • Ajustar um valor esperado para a diferença entre o ótimo e a média entre as aptidões dos indivíduos da população: Essa estratégia possui a vantagem de não requerer um valor determinado a priori para o ótimo global. • Ajustar um valor esperado para a diferença entre a aptidão do melhor indivíduo da geração atual e da geração anterior ou anteriores. Essa estratégia tem a vantagem de prevenir que o algoritmo tente refinar a busca demasiadamente tornando a convergência final muito demorada. • Ajustar um número Maximo de gerações a ser avaliado: este é um critério do tipo fail safe. É útil quando se comparam as performances entre dois algoritmos genéticos com diferentes parâmetros de evolução. Na maioria dos casos utiliza-se uma combinação de duas ou mais dessas estratégias. Devido ao condicionamento do problema e do desconhecimento da sua solução (valor esperado), no presente trabalho utilizou-se como critério de parada o número máximo de gerações, somente. Terminado o processo é feita uma análise das últimas populações em busca de uma possível tendência a modificação do resultado. Caso essa tendência fosse localizada o processo era reiniciado do ponto onde parou. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 3.7 92 Algoritmo Micro-genético (µGA – micro-GA) Esse algoritmo foi proposto inicialmente por Krishnakumar, 1989. Esta metodologia utiliza pequenas populações para localizar áreas promissoras dentro do espaço de busca de forma extremamente eficiente. Em geral os problemas multiobjetivos e as funções de fitness multimodais causam grandes problemas de execução. As populações precisam ser muito grandes o que eleva o esforço e o tempo computacionais. Assim, esta nova técnica surge para solucionar esse tipo de problema e seu nome é derivado justamente da possibilidade de utilizar populações muito menores, quando comparadas às populações dos AG’s convencionais. Populações pequenas são incapazes de manter uma diversidade por muitas gerações. Assim, em micro-AG, toda vez que a diversidade é perdida, uma nova população é reiniciada mantendo os indivíduos melhores adaptados. Usualmente utiliza-se apenas o melhor indivíduo (elitismo). Com menores populações a convergência pode ser atingida mais rapidamente e é requerida menos memória para armazenar os dados da população. Usualmente as populações não precisam ser maiores que 5 ou 7 indivíduos. 3.8 Algoritmo Genético Típico Um algoritmo genético típico começa com a geração de uma população inicial. Essa população inicial é representada por um conjunto de soluções aleatórias possíveis para o problema. Cada indivíduo é avaliado e sua aptidão ou fitness é determinada pelo valor da função de avaliação, ou função-objetivo. São então selecionados os indivíduos mais aptos para que esses sejam os progenitores da próxima geração. Esses possíveis pais são então codificados em strings de números binários e são então submetidos ao cruzamento. O cruzamento irá gerar os filhos que constituirão a geração seguinte. Nesse passo pode ou não ocorrer mutação nesses novos indivíduos gerados. Uma vez formada uma nova geração todo o processo é repetido até que o critério de parada é satisfeito. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 93 O melhor indivíduo, ou seja, aquele cromossomo que atingiu a maior aptidão ao longo de todas as gerações é a solução ótima para o problema em questão. Os parâmetros mencionados anteriormente vão controlar cada um dos processos aqui citados. No fluxograma abaixo se pode observar o funcionamento típico de um AG: Inicio k=0 Inicializar geração Pk Avaliar Pk Enquanto critério de parada não é satisfeito k=k+1 Selecionar pais em Pk-1 Aplicar cruzamento sobre Pk Aplicar mutação sobre Pk Avaliar Pk Finalizar enquanto encerrar Figura 3.8 Fluxograma de um AG típico. 3.9 Teorema Fundamental dos Algoritmos Genéticos Este teorema mostra matematicamente que o algoritmo genético converge para o ótimo global da função de aptidão. Ele se baseia no esquema ou esquemas (schema ou schemata no plural) descrito inicialmente por Holland (1975) e também por Goldenberg (1995). Esse teorema é também conhecido com Teorema dos Esquemas. A principal informação a respeito da qualidade da solução encontrada pelo algoritmo genético está no valor da função objetivo do ponto do espaço de busca, ou seja, o valor da aptidão de cada indivíduo. Mas também é importante que se saiba outras informações que indiquem o melhor ou mais rápido caminho, dentro de espaço de busca, para se chegar a esse ótimo. Essas informações podem ser obtidas na população e podem melhor direcionar a procura. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 94 Considerando-se, como exemplo, uma população de 4 indivíduos com suas aptidões conforme a tabela 3.2. Tabela 3.2 Indivíduos de uma população e sua aptidões. # Indivíduo Fitness (aptidão) 1 01101 169 2 11000 576 3 01000 64 4 10011 361 Os indivíduos 2 e 4 são os mais aptos. Além disso, observa-se também que ambos tem em comum o primeiro bit igual a 1.Existe uma similaridade entre os dois, ou existe um esquema que pode guiar o processo de busca. A definição de esquema foi dada por Holland (1975). Esquema é um subconjunto de indivíduos com algumas similaridades, ou seja, bits em comum. Pode-se então descrever um esquema, utilizando o alfabeto binário, acrescido do símbolo (*) no lucus que pode ser ocupado por um “0” ou um “1”. Por exemplo, o indivíduo 2, citado acima, poderia fazer parte de alguns esquemas. Tabela 3.3 Exemplo de um indivíduo e 5 esquemas possíveis. Indivíduo 1 11000 Esquema (E1) 1***0 Esquema (E2) 11*** Esquema (E3) **00* Esquema (E4) **000 Esquema (E5) 1**00 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 95 Portanto, a partir de um único indivíduo, pode-se avaliar o número de esquemas possíveis. Um geral esse número esquemas possíveis é (k + 1) onde k é g o número de caracteres do alfabeto, ou cardinalidade, e g é o número de bits do indivíduo. Para os mesmos valores de k e g pode-se obter k g indivíduo diferentes. Ou seja, no caso de um indivíduo de 5 bits ( g = 5 ) tem-se 2 5 = 32 indivíduos possíveis em (2 + 1) = 243 possíveis esquemas. 5 Pode-se também quantificar os esquemas através de duas propriedades: a ordem ( O (E ) ) e o comprimento ( δ (E ) ) do esquema. A ordem do esquema representa o número de bits fixos do esquema. Por exemplo, o esquema E1 tem ordem 2, ou seja, O (E1) = O (1 ∗ ∗ ∗ 0 ) = 2 . O comprimento do esquema representa a distância entre a primeira e a última posição de interesse no esquema. O esquema E1 tem comprimento δ (E1) = 5 − 1 = 4 , pois a última posição de interesse é 5 e a primeira é 1. Como já foi visto anteriormente os melhores indivíduos de uma população passam seu material genético para a geração seguinte através do operador genético de seleção. Supondo que na geração t e população P (t ) existam m(E , t ) esquemas possíveis. Supondo também que a probabilidade de seleção de um individuo seja proporcional à razão de sua aptidão pela somatória das aptidões de todos os indivíduos da população. pi = fi n ∑f j =1 Eq. 3.7 j onde pi é a probabilidade de seleção do indivíduo i ; f i é o valor da aptidão do indivíduo i ; ∑f i é a somatória das aptidões de todos os indivíduos da população de n indivíduos. Pode-se, portanto escrever o número de esquemas que serão selecionados para a próxima geração, m(E , t + 1) , a partir da população atual. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 96 m( E , t + 1) = m( E , t ) * n * f (E) n ∑f j =1 Eq. 3.8 j onde f (E ) é a aptidão média do esquema E . A aptidão média f M da população P (t ) pode ser escrita como: n fM = ∑f j =1 j Eq. 3.9 n Portanto: m( E , t + 1) = m( E , t ) * f (E) fM Eq. 3.10 A equação 3.10 mostra que o número de esquemas m(E , t ) que possui valor de aptidão f (E ) acima do valor médio f M crescerá exponencialmente nas gerações seguintes. Ao contrário, aqueles com aptidão abaixo da media decrescerão também exponencialmente. Apesar do comportamento altamente promissor, o processo de seleção sozinho não é capaz de explorar novas regiões do espaço de busca. Isso porque o operador de seleção não é capaz de gerar novos pontos no espaço de busca para que sejam avaliados. Os operadores genéticos que têm a missão de fazer isso são os operadores cruzamento e mutação. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 97 Tabela 3.4 Exemplo de um indivíduo e 2 esquemas possíveis. Indivíduo 11011 Esquema (E1) **01* 1**1* Esquema (E2) Na tabela 3.4 tem-se um indivíduo e dois esquemas possíveis. Aplica-se o operador de cruzamento a esse indivíduo com o ponto de cruzamento escolhido aleatoriamente tendo sido o ponto 2. Nesse caso o esquema E1 não será extinto. Ao contrário, o esquema E 2 , com o mesmo ponto de cruzamento, será extinto. Concluise disso que a probabilidade de um esquema ser extinto pelo operador de cruzamento é diretamente proporcional ao comprimento do esquema δ (E ) . O esquema E 2 possui comprimento δ (E 2 ) = 3 , o indivíduo tem g = 5 bits de comprimento e o número de locais possíveis de cruzamento é locais. Pode-se disser nesse caso que o esquema E 2 tem 3 4 (g − 1) = 5 − 1 = 4 de chances de ser extinto pelo cruzamento. Em termos matemáticos: pex = δ (E) g −1 Eq. 3.11 Onde: pex é a probabilidade de extinção por cruzamento do esquema E de comprimento δ (E ) para indivíduos de g bits de comprimento. A equação 3.11 só é válida se todos os indivíduos da população forem cruzados. Cada indivíduo possui a sua probabilidade de sofrer cruzamento, dada por pc . A equação 3.11 é então reescrita. pex ≥ pc PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) δ (E) g −1 Eq. 3.12 Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 98 Dessa forma a probabilidade de sobrevivência de um esquema E devido ao cruzamento, ps é dada por: ps ≥ 1 − pex ≥ 1 − pc * δ (E) g −1 Eq. 3.13 A equação 3.14 a seguir, representa, portanto os efeitos de cruzamento e seleção, combinados. m( E , t + 1) ≥ m( E , t ) * f (E) δ (E) * 1 − pc * fM g − 1 Eq. 3.14 A equação 3.14 indica que a sobrevivência de um determinado esquema depende do valor da aptidão do esquema em relação ao valor médio de aptidão da população e do comprimento do esquema. O cruzamento promove uma busca de um provável melhor individuo dentro de um material genético existente na população atual, enquanto que a mutação tem por objetivo repor material genético novo ou perdido em gerações anteriores. Para que um esquema possa sobreviver a uma mutação de probabilidade pm , todos os seus bits tem que sobreviver. Como a probabilidade de sobrevivência de um bit é (1 − pm ) , a probabilidade de sobrevivência de um esquema à mutação psm é a probabilidade de sobrevivência de cada bit tantas vezes quanto for a ordem do esquema, isto é, psm ≥ (1 − pm )O ( E ) Eq. 3.15 Os valores usuais de pm são pequenos, ou seja, pm <<< 1 , assim a equação 3.15 pode ser aproximada para. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 99 psm ≥ [1 − O ( E ) * pm ] Eq. 3.16 A equação a seguir mostra a influência dos operadores de mutação inseridos na equação 3.14. m( E , t + 1) ≥ m( E , t ) * f (E) δ (E) * 1 − pc * − O ( E ) * pm fM g −1 Eq. 3.17 A equação é conhecida como Teorema Fundamental dos Algoritmos Genéticos ou Teorema dos Esquemas. Pode-se concluir através dela que os esquemas que possuírem aptidão superior à média da população crescerão exponencialmente, ao contrário dos esquemas com aptidão inferior à média. Esses últimos terão probabilidades crescentes de se extinguir. 3.10 Implementação do Algoritmo Genético para Solução do Problema de Posicionamento de um Sistema de Neutralizadores Dinâmicos de Vibração Para a solução do problema abordado neste trabalho emprega-se o algoritmo genético para a otimização da posição dos neutralizadores. Na figura a seguir pode-se visualizar de uma forma global o funcionamento do algoritmo. Observa-se que existem dois loops. O mais interno deles se refere ao processo de otimização dos parâmetros físicos do neutralizador e que emprega TONL (Capítulo 2). O loop mais externo é o algoritmo genético que serve para otimizar a posição do sistema de neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 3 Algoritmos Genéticos 100 Figura 3.9 Fluxograma de busca da localização ótima de um sistema de NDV’s utilizando algoritmo genético. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 101 4 RESULTADOS Implementa-se aqui, através de simulações numéricas, a técnica proposta no presente trabalho. O objetivo é reduzir os níveis de vibração de uma estrutura complexa, considerando distintas faixas de freqüência de análise, utilizando um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos acoplados a mesma, tendo seus parâmetros construtivos e localização na estrutura, otimizados simultaneamente. O objeto de estudo é uma placa plana de dimensões 600x400x5 mm em aço com uma massa total de 9,42 kg. A placa é simplesmente apoiada em seus quatro vértices. Na figura 4.1 pode-se visualizar uma perspectiva do objeto de estudo. Figura 4.1 Objeto de estudo: placa plana em aço simplesmente apoiada nos vértices. 4.1 Modelo Modal do Sistema Primário O modelo modal da placa foi obtido através do Método dos Elementos Finitos usando uma malha uniforme de 294 elementos de casca com 4 nós, totalizando 330 nós. Na figura 4.2 pode-se ver a malha utilizada para obtenção do modelo modal. O Método dos Elementos Finitos (FEM) é aplicado através do software comercial ANSYS®. O elemento empregado é o elemento de casca SHELL63. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 102 Figura 4.2 Sistema primário (placa) e malha de FEM com a numeração dos nós. Os parâmetros do material empregado para a análise são os normalmente usados para o aço comum. Módulo de elasticidade, E = 207 × 109 Pa ; coeficiente de Poisson, ν = 0,3 ; e densidade volumétrica, ρ = 7850 kg m3 . Para a obtenção do modelo modal da placa, freqüências naturais e modos de vibrar, implementa-se uma análise modal de elementos finitos utilizando o método de iteração subespacial. Opta-se por obter apenas as 8 primeiras freqüências naturais (subspace mode). O objetivo dessa redução é obter matrizes modais de tamanhos comparáveis com os que podem ser encontrados de forma experimental. Uma vez que a malha obtida tem 326 nós (330 do total menos os 4 dos apoios nos vértices), poder-se-ia chegar a um modelo com 326 linhas. O que experimentalmente seria muito difícil de se obter. Uma vez obtidas as 8 primeiras freqüências naturais consideram-se apenas as 5 primeiras freqüências e modos de vibrar para o estudo de redução de níveis de vibração. Como houve um truncamento nas 8 primeiras freqüências é mais prudente não usar as informações completas do modelo por essas trazerem erros inerentes a PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 103 esse truncamento. Entretanto, para a montagem da matriz de respostas em freqüência utilizam-se os 8 modos obtidos. Todas as freqüências naturais obtidas pelo modelo de elementos finitos podem ser vistas na Tabela 4.1. Tabela 4.1 Freqüências naturais obtidas para a placa plana. Freqüência [Hz] Freqüência [Hz] 1ª 30.317 5ª 181.90 2ª 74.070 6ª 198.54 3ª 88.982 7ª 240.73 4ª 115.92 8ª 309.93 A figura 4.3 ilustra os 5 primeiros modos de vibrar da placa de aço considerados para a análise. Somente estes 5 primeiros modos são levados em consideração quando o objetivo é redução de níveis de vibração. Ou seja, a banda na qual se deseja trabalhar, e efetivamente obter redução nos níveis de vibração, não ultrapassa a 5ª freqüência natural. A figura 4.4 ilustra a função de resposta em freqüência (FRF) da estrutura primária (placa plana). A resposta FRF ilustrada na figura 4.4 corresponde à resposta de aceleração obtida no nó 123 a partir de uma excitação δ (delta) de Dirac aplicada no nó 95 ( H 95,123 (Ω ) ). PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 104 (a) (b) (c) (d) (e) Figura 4.3 Modos de vibrar: (a) primeiro modo; (b) segundo modo; (c) terceiro modo; (d) quarto modo e (e) quinto modo. Figura 4.4 Módulo da FRF da estrutura primária; H95,123. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 105 A construção do modelo modal, bem como sua utilização pelo algoritmo desenvolvido, em FORTRAN 90® se dá através de um arquivo de leitura no formato “.txt“. Esse arquivo é montado de tal forma que na primeira linha são inseridas a freqüências naturais. Na segunda linha são inseridos os amortecimentos modais da estrutura. No caso das simulações numéricas realizadas no presente trabalho foi empregado um amortecimento modal igual para todas os modos de 0,0001. Esse amortecimento é compatível com o objeto de estudo utilizado nesse trabalho. Nas linhas seguintes são colocadas as colunas da matriz modal Φ formada pelos autovetores normalizados pela matriz massa da estrutura primária, extraídos da solução em FEM do ANSYS®. 4.2 Modelo do Material Viscoelástico O material viscoelástico empregado na simulação numérica é o NEOPRENE®. Os parâmetros disponibilizados pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (LACTEC) foram levantados no Laboratório de Vibrações e Acústica da Universidade Federal de Santa Catarina (LVA-PISA/UFSC). O modelo utilizado foi o modelo de 4 parâmetros com derivadas fracionárias. Estes parâmetros estão listados na Tabela 4.2. Tabela 4.2 Parâmetros materiais do modelo baseado em derivadas fracionárias do NEOPRENE®. Propriedades do Material Viscoelástico G0 G∞ b α NEOPRENE® 1.53 x 106 MPa 1.11 x 108 MPa 1.864 x 10-5 s 0.396 Na figura 4.5 pode-se visualizar o nomograma do módulo complexo de elasticidade e também o fator de perda do material NEOPRENE® empregado nas simulações. O nomograma mostra a variação dessas propriedades com a freqüência de excitação bem como com a temperatura. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 106 Figura 4.5 Monograma do NEOPRENE® empregado nas simulações. O uso desse material se justifica pela disponibilidade de suas características dinâmicas bem como do próprio material. 4.3 Sistema de Neutralizadores A simulação numérica apresentada neste trabalho tem como objetivo projetar um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos para reduzir os níveis de vibração da placa plana metálica, objeto de estudo. São ensaiados 3 sistemas de neutralizadores distintos. Um composto por um único neutralizador, outro composto por um par de neutralizadores e o último composto por 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 107 Todos os sistemas são compostos de neutralizadores com massa iguais, variando apenas as freqüências de sintonia de cada um destes dispositivos (freqüência natural), assim como também a faixa de freqüência de interesse. Cada um dos sistemas de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos é ensaiado com o objetivo de neutralizar 1, 2 e/ou 3 modos variando a faixa de freqüência de interesse. As bandas largas de freqüência bem como os modos envolvidos em cada ensaio estão especificados com mais detalhes neste capítulo. 4.4 Técnicas de Otimização Não-Linear A técnica de otimização não linear é utilizada para otimizar os parâmetros de construção dos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, para cada sistema de neutralizadores, para cada banda de freqüência e uma vez definidas as localizações dos mesmos. O método de otimização empregado é o método de quase-Newton. Os parâmetros utilizados nesse trabalho são: Discretização (entre as freqüências inferior e superior da banda): 50 pontos de freqüência. Relação de massa modal: 0,1 (10% da massa modal) Restrições inferior e superior das freqüências dos neutralizadores: 10 e 350 Hz respectivamente. Valor inicial das freqüências dos neutralizadores (vetor inicial): cada ensaio teve valores diferentes para o vetor inicial. Os valores dos componentes do vetor inicial foram adotados todos iguais. Os valores iniciais foram adotados como sendo os valores dos centros das faixas de interesse. Assim, para os ensaios 1, 2 e 3 os valores iniciais foram 30 Hz. Nos ensaios 4, 5 e 6, 60 Hz; 7, 8 e 9, 90 Hz; 10, 11 e 12, 120 Hz e finalmente para os ensaios 13, 14 e 15, 90 Hz. A descrição de cada ensaio será feita mais adiante. O parâmetro que controla a violação das restrições é ajustado em 1/20 (Bavastri, 1997). PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 108 A tolerância adotada para o processo iterativo de otimização é de 0,001. 4.5 Algoritmo Genético Um importante aspecto dos algoritmos genéticos é o correto ajuste de seus parâmetros de funcionamento. Um não condicionamento desses parâmetros pode fazer o processo tornar-se pouco eficiente no que diz respeito a sua convergência. Ainda, esse não condicionamento pode levar o processo a uma busca infrutífera, ou seja, não se consegue chegar ao ótimo global da função objetivo. O presente trabalho se apoia principalmente nos estudo realizados por Carroll (1996) sobre os parâmetros de ajuste do método. O primeiro parâmetro a ser ajustado é o tamanho da população. Em tese quanto maior a população maior a diversidade e, teoricamente, maior é a probabilidade de se encontrar a solução. Entretanto, quanto maior a população, maior é o esforço computacional para se fazer a qualificação dos indivíduos dessa população. Ou seja, para cada indivíduo é necessária pelo menos uma avaliação da função objetivo. Portanto, deve-se escolher um tamanho de população que não comprometa a diversidade e que possibilite um esforço computacional suportável. Neste trabalho empregou-se o algoritmo micro-genético, o que possibilita o emprego de populações reduzidas. Utilizou-se, portanto uma população de 7 indivíduos (Alvarez, 2002). O aspecto da diversidade é abordado também pelos parâmetros de probabilidade de cruzamento e mutação. O primeiro parâmetro deve ficar entre 0,5 e 0,95 e o segundo entre 0,001 e 0,1. Segundo os trabalhos de Carroll (1996) e Alvarez (2002), usados como referência para essa dissertação, os valores empregados para esses parâmetros foram: Probabilidade de cruzamento pcross = 0.8 Probabilidade de mutação pmutate = 0.02 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 109 Esses valores foram encontrados através de vários testes de convergência preliminares. São valores que diferem levemente dos valores ideais encontrados nos trabalhos citados, mas que estão dentro dos limites de referência. Cada problema tem as suas particularidades e os parâmetros precisam ser ajustados a elas. 4.6 Casos Avaliados Os diversos casos ensaiados são descritos a seguir, bem com os resultados obtidos. Os resultados apresentados são a localização ótima para o sistema de neutralizadores, as freqüências naturais, as massas dos neutralizadores de cada sistema e a resposta em freqüência do sistema. A resposta em freqüência de cada sistema composto (estrutura primária + sistema de neutralizadores) é mostrada de forma comparativa com a mesma resposta em freqüência da estrutura primária, sem o sistema de neutralizadores acoplado. 4.6.1 Simulações 1, 2 e 3: Neutralização do Primeiro Modo de Vibrar Estas simulações têm como objetivo neutralizar o primeiro modo de vibrar do sistema primário utilizando um sistema de neutralizadores com um único neutralizador, dois neutralizadores e quatro neutralizadores, respectivamente. A banda de freqüência de interesse vai de 10 Hz até 50 Hz. Essa banda de freqüências contém apenas a primeira freqüência natural da placa (estrutura primária), com se pode observar pela figura 4.4. A localização ótima para o sistema de neutralizadores é mostrada nas figuras 4.6 (um único neutralizador), 4.8 (dois neutralizadores) e 4.10 (quatro neutralizadores). Nas figuras 4.7, 4.9 e 4.11 observa-se a melhoria na resposta do sistema após o acoplamento dos sistemas neutralizadores. A tabela 4.3 traz os resultados encontrados para os ensaios 1, 2 e 3. São listadas a localização dos sistemas de neutralizadores, as suas massa e freqüências naturais, bem como o valor da função objetivo para cada sistema. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 110 Figura 4.6 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 1 neutralizador. Figura 4.7 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador. Figura 4.8 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 2 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 111 Figura 4.9 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores. Figura 4.10 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 112 Figura 4.11 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Tabela 4.3 Resultados das simulações 1, 2 e 3. Número de NDV Posição Massa (g) F. Natural (Hz) F. Objetivo (dB) Figura Posição Figura Resposta 1 Nó 188 506,39 27,8400 187,6342 4.6 4.7 187,8573 4.8 4.9 4.10 4.11 2 Nó 200 Nó 201 253,77 Nó 188 4 Nó 200 Nó 201 27,1326 26,9455 26,9113 126.74 Nó 213 27,1262 26,9370 187,8591 27,1245 4.6.2 Comentários relativos às simulações 1, 2 e 3 Nos ensaios 1 e 2 foram necessárias 50 gerações para se obter a convergência. No ensaio 3, utilizaram-se 200 gerações. Observa-se por esses três ensaios que a massa dos neutralizadores necessária para se conseguir neutralizar o primeiro modo de vibrar a placa é de aproximadamente 507 gramas. Essa massa é de cerca de 5.4% da massa total da placa. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 113 Os resultados obtidos em relação à redução de vibração foram praticamente iguais com o valor da função objetivo (norma) ficando em torno de 187.9 dB para os ensaios 2 e 3 e de 187.6 para o ensaio 1. As localizações encontradas, como era de se esperar, correspondem aos pontos de máxima amplitude do modo em estudo. 4.6.3 Simulações 4, 5 e 6: Neutralização do Segundo Modo de Vibrar Estas simulações têm como objetivo neutralizar o segundo modo de vibrar do sistema primário utilizando um sistema de neutralizadores com um único neutralizador, dois neutralizadores e quatro neutralizadores, respectivamente. A banda de freqüência de interesse vai de 40 Hz até 80 Hz. Essa banda de freqüências contém apenas a segunda freqüência natural da placa (estrutura primária), com se pode observar pela figura 4.4. A localização ótima para o sistema de neutralizadores é mostrada nas figuras 4.12 (um único neutralizador), 4.14 (dois neutralizadores) e 4.16 (quatro neutralizadores). Nas figuras 4.13, 4.15 e 4.17 observa-se a melhoria na resposta do sistema após o acoplamento dos sistemas neutralizadores. A tabela 4.4 traz os resultados encontrados para os ensaios 4, 5 e 6. São listados a localização dos sistemas de neutralizadores, massa e freqüência natural de cada um e o valor da função objetivo para cada sistema. Figura 4.12 Localização do sistema de neutralizadores: 1o modo – 1 neutralizador. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 114 Figura 4.13 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador. Figura 4.14 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 2 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 115 Figura 4.15 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores. Figura 4.16 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 116 Figura 4.17 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Tabela 4.4 Resultados das simulações 4, 5 e 6. Número de NDV Posição Massa (g) F. Natural (Hz) F. Objetivo (dB) Figura Posição Figura Resposta 1 Nó 200 217,52 60,6419 200,1515 4.12 4.13 200,0323 4.14 4.15 4.16 4.17 2 Nó 188 Nó 213 108,50 Nó 188 4 Nó 200 Nó 201 68,0038 60,0521 68,8729 54,315 Nó 213 60,0122 68,0759 199,9118 60,5557 4.6.4 Comentários relativos às simulações 4, 5 e 6 Nos ensaios 4 e 5 foram necessárias 50 gerações para se obter a convergência. No ensaio 6, utilizaram-se 200 gerações. Observa-se por esses três ensaios que a massa de neutralizadores necessária para se conseguir neutralizar o segundo modo de vibrar é de aproximadamente 217 gramas. Essa massa é de cerca de 2.3% da massa total da placa. A massa PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 117 encontrada é bem inferior a encontrada nos três ensaios anteriores. Isto pode ser explicado como sendo devido a menor energia vibratória envolvida no segundo modo. Os resultados obtidos em relação à redução de vibração foram praticamente iguais com o valor da função objetivo (norma) ficando em torno de 200 dB para os três ensaios. 4.6.5 Simulações 7, 8 e 9: Neutralização do Terceiro Modo de Vibrar Estas simulações têm como objetivo neutralizar o terceiro modo de vibrar do sistema primário utilizando um sistema de neutralizadores com um único neutralizador, dois neutralizadores e quatro neutralizadores, respectivamente. A banda de freqüência de interesse vai de 80 Hz até 100 Hz. Essa banda de freqüências contém apenas a terceira freqüência natural da placa (estrutura primária), com se pode observar pela figura 4.4. A localização ótima para o sistema de neutralizadores é mostrada nas figuras 4.18 (um único neutralizador), 4.20 (dois neutralizadores) e 4.22 (quatro neutralizadores). Nas figuras 4.19, 4.21 e 4.23 observa-se a melhoria na resposta do sistema após o acoplamento dos sistemas neutralizadores. A tabela 4.5 traz os resultados encontrados para os ensaios 7, 8 e 9. São listados a localização dos sistemas de neutralizadores, massa e freqüência natural de cada um e o valor da função objetivo para cada sistema. Figura 4.18 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 1 neutralizador. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 118 Figura 4.19 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador. Figura 4.20 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 2 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 119 Figura 4.21 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores. Figura 4.22 Localização do sistema de neutralizadores: 2o modo – 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 120 Figura 4.23 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Tabela 4.5 Resultados das simulações 7, 8 e 9. Número de NDV Posição Massa (g) F. Natural (Hz) F. Objetivo (dB) Figura Posição Figura Resposta 1 Nó 77 290,55 99,7022 203,4209 4.18 4.19 204,9647 4.20 4.21 4.22 4.23 2 Nó 77 Nó 324 145,28 Nó 77 4 Nó 78 Nó 323 77,1176 80,0224 76,5872 74,085 Nó 324 77,6269 80,0832 204,7309 79,5976 4.6.6 Comentários relativos aos ensaios 7, 8 e 9 Nas simulações 7 e 8 foram necessárias 50 gerações para se obter a convergência. No ensaio 9, utilizaram-se 200 gerações. Observa-se por esses três ensaios que a massa de neutralizadores necessária para se conseguir neutralizar o terceiro modo de vibrar a placa é de aproximadamente 290 gramas para os ensaios 7 e 8, e 296 gramas para o ensaio 9. Essa massa é de cerca de 3% da massa total da placa para os ensaios 7 e 8 e cerca PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 121 de 3.1% para o ensaio 9 . A massa encontrada é levemente superior à encontrada nos três ensaios anteriores. Isso é devido à maior energia vibratória envolvida no terceiro modo se comparado com o segundo modo. Isso pode ser explicado pelo maior nível de amplificação na FRF do terceiro modo (figura 4.4). Os resultados obtidos em relação à redução de vibração foram praticamente iguais com o valor da função objetivo (norma) ficando em torno de 203 para o ensaio 7, 205 dB para os ensaios 8 e 9. Distribuindo-se mais neutralizadores, praticamente mantendo a mesma massa adicionada total, consegue-se 2 dB de redução adicional global. 4.6.7 Simulações 10, 11 e 12: Neutralização do Quarto Modo de Vibrar Estas simulações têm como objetivo neutralizar o quarto modo de vibrar do sistema primário utilizando um sistema de neutralizadores com um único neutralizador, dois neutralizadores e quatro neutralizadores, respectivamente. A banda de freqüência de interesse vai de 100 Hz até 140 Hz. Essa banda de freqüências contém apenas a quarta freqüência natural da placa (estrutura primária), como pode ser observado na figura 4.4. A localização ótima para o sistema de neutralizadores é mostrada nas figuras 4.24 (um único neutralizador), 4.26 (dois neutralizadores) e 4.28 (quatro neutralizadores). Nas figuras 4.25, 4.27 e 4.29 observa-se a melhoria na resposta do sistema após o acoplamento dos sistemas neutralizadores. A tabela 4.6 traz os resultados encontrados para os ensaios 10, 11 e 12. São listadas a localização dos neutralizadores, suas massas e as freqüências naturais, além do valor da função objetivo para cada caso. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 122 Figura 4.24 Localização do sistema de neutralizadores: 4o modo – 1 neutralizador. Figura 4.25 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador. Figura 4.26 Localização do sistema de neutralizadores: 3o modo – 2 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 123 Figura 4.27 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores. Figura 4.28 Localização do sistema de neutralizadores: 4o modo – 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 124 Figura 4.29 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Tabela 4.6 Resultados das simulações 10, 11 e 12. Número de NDV Posição Massa (g) F. Natural (Hz) F. Objetivo (dB) Figura Posição Figura Resposta 1 Nó 77 170,09 125,968 212,6758 4.24 4.25 216,0551 4.26 4.27 4.28 4.29 2 Nó 77 Nó 324 85,046 Nó 77 4 Nó 78 Nó 323 103,272 107,870 103,244 43,564 Nó 324 103,812 107,536 216,0691 107,703 4.6.8 Comentários relativos às simulações 10, 11 e 12 Nos ensaios 10 e 11, foram necessárias 50 gerações para se obter a convergência. No ensaio 12, utilizaram-se 200 gerações. Observa-se por esses três ensaios que a massa de neutralizadores necessária para se conseguir neutralizar o quarto modo de vibrar é de aproximadamente 170 gramas para os ensaios 10 e 11, e 174 gramas para o ensaio 12. Essa massa é de cerca de 1.8% da massa total da placa para os ensaios 10 e 11 e cerca de 1.85% PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 125 para o ensaio 12. A massa encontrada é inferior a encontrada nos três ensaios anteriores. Isso é devido à menor energia vibratória envolvida no quarto modo. Os resultados obtidos em relação à redução de vibração foram praticamente iguais com o valor da função objetivo (norma) ficando em torno de 213 dB para o ensaio 10 e 216 dB para os ensaios 11 e 12. 4.6.9 Simulações 13, 14 e 15: Neutralização dos Segundo, Terceiro e Quarto Modos de Vibrar Estas simulações têm como objetivo neutralizar os segundo, terceiro e quarto modos de vibrar do sistema primário, simultaneamente, utilizando um sistema de neutralizadores com um único neutralizador, dois neutralizadores e quatro neutralizadores, respectivamente. A banda de freqüência de interesse vai de 40 Hz até 140 Hz. Essa banda de freqüências contém as segunda, terceira e quarta freqüências naturais da placa (estrutura primária), com se pode observar pela figura 4.4. A localização ótima para o sistema de neutralizadores é mostrada nas figuras 4.30 (um único neutralizador), 4.32 (dois neutralizadores) e 4.34 (quatro neutralizadores). Nas figuras 4.31, 4.33 e 4.35 observa-se a melhoria na resposta do sistema após o acoplamento dos sistemas neutralizadores. A tabela 4.7 traz os resultados encontrados para os ensaios 13, 14 e 15. São listadas a localização dos neutralizadores, suas massas e freqüências naturais, além do valor da função objetivo para cada caso. Figura 4.30 Localização do sistema de neutralizadores: 1 neutralizador. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica Figura 4.31 Resposta do sistema primário com 1 neutralizador. Figura 4.32 Localização do sistema de neutralizadores: 2 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) 126 Capítulo 4 Simulação Numérica Figura 4.33 Resposta do sistema primário com 2 neutralizadores. Figura 4.34 Localização do sistema de neutralizadores: 4 neutralizadores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) 127 Capítulo 4 Simulação Numérica 128 Figura 4.35 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Tabela 4.7 Resultados das simulações 13, 14 e 15. Número de NDV Posição Massa (g) F. Natural (Hz) F. Objetivo (dB) Figura Posição Figura Resposta 1 Nó 265 1.228,9 43,3028 183,4861 4.30 4.31 200,0650 4.32 4.33 4.34 4.35 2 Nó 77 Nó 200 212,26 Nó 77 4 Nó 213 Nó 201 90,2262 58,4012 78,5895 106,11 Nó 324 60,3491 69,3937 199,5927 82,3072 4.6.10 Comentários relativos aos ensaios 13, 14 e 15 Nos ensaios 13 e 14, foram necessárias 50 gerações para se obter a convergência. No ensaio 15, utilizaram-se 400 gerações. Esses foram os ensaios mais importantes realizados, pois demonstram a eficiência e robustez do método. Isso pode ser observado pelos resultados obtidos. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 129 O objetivo desses ensaios é neutralizar 3 modos de vibrar de uma só vez dentro de uma banda larga de freqüências. No ensaio 13 isso é conseguido a custa de uma massa muito grande. Cerca de 1229 gramas, ou 13% da massa total da placa. Nos ensaios 14 e 15 conseguem-se resultados muito superiores ao anterior com massas sensivelmente menores. Nesses últimos ensaios, 14 e 15, a massa dos neutralizadores é de 424 gramas, ou seja, apenas 4,5% da massa total da placa. Os resultados obtidos em relação à redução de vibração foram bastante discrepantes em relação aos testes 13 e 14 e 15. O valor da função objetivo (norma) do ensaio 13 é em torno de 183 dB. Para os ensaios 14 e 15 o valor da função objetivo é de 200 dB. O aumento do número de neutralizadores permite um controle modal mais adequado, melhorando a eficácia da redução global de níveis de vibração em 7 dB aproximadamente. O resultado obtido no ensaio 13 se mostra inviável, devido a que a massa do único neutralizador é excessivamente grande. Por outro lado, os resultados dos ensaios 14 e 15 mostram a capacidade do método de posicionar e otimizar os parâmetros do sistema de neutralizadores dinâmicos. A figura 4.35 ilustra a grande redução de níveis de vibração obtida no ensaio 15, bem com do ensaio 14 na figura 4.33. 4.7 Espaço de Busca Para verificar a convergência do método aqui proposto, utilizou-se a simulação numérica 13. Fazendo uma varredura da posição do neutralizador é possível achar, de forma visual a melhor posição entre todas as posições possíveis. Assim, esta nova simulação permite a construção de um gráfico tridimensional do espaço de busca, onde os eixos x e y deverão conter a localização do NDV e o eixo z deverá conter o valor da função objetivo. Dessa forma pode-se visualizar o ponto ótimo global buscado pelo método e se este ponto foi realmente alcançado. Para possibilitar esta visualização, é necessário calcular os valores da função objetivo para cada localização sobre a estrutura (todos os nós onde é possível o PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 130 posicionamento de um NDV). Para tal fim, suprimiu-se o funcionamento do algoritmo genético, utilizado para procurar a posição ótima do NDV, e no seu lugar utilizou-se apenas a técnica de otimização interna, uma vez prefixada a posição do NDV Para se melhorar a visualização utiliza-se uma escala logarítmica, pois muitos valores obtidos para a função objetivo são extremamente pequenos. Observa-se pela figura 4.36 que existem 4 pontos que podem ser considerados com máximo global, para a posição ótima de um NDV, para controlar o segundo, terceiro e quarto modo, simultaneamente. Estes pontos encontram-se indicados com setas. O ponto encontrado pelo método de localização proposto nesse trabalho está indicado com uma seta vermelha. Figura 4.36 Resposta do sistema primário com 4 neutralizadores. Visualmente, através do gráfico apresentado na figura 4.36, não se podem identificar diferenças entre esses quatro pontos, quanto ao valor da função objetivo. Entretanto, analisando-se os dados utilizados para a construção desse gráfico, é possível identificar uma pequena diferença entre os valores dos quatro pontos destacados. O valor destacado pela seta vermelha é realmente maior que os outros PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 4 Simulação Numérica 131 três, mostrando que o método é capaz de encontrar o máximo global. Mesmo sendo valores muito próximos, o método se mostrou capaz de identificar o máximo global. Vide apêndice C. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 132 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 5.1 Conclusões Fez-se uma revisão dos conceitos utilizados na metodologia geral de otimização de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, trabalhando em banda larga de freqüência, controlando simultaneamente, vários modos de vibrar de sistemas primários lineares, invariantes no tempo e geometricamente complexos. Abordaram-se os conceitos relacionados aos neutralizadores dinâmicos de vibração e seus princípios de atuação sobre a estrutura a controlar. Revisou-se os conceitos da metodologia geral formulada pelo grupo PISA-CNPq para otimização de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. Foram revistos os conceitos dos parâmetros equivalentes generalizados, modelagem de sistemas complexos no espaço modal e funções de resposta em freqüência em subespaço modal do sistema primário. No que se refere especificamente aos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos fez-se uma revisão da teoria de viscoelasticidade linear. Para o modelo matemático do material viscoelástico reviu-se o cálculo fracional e, particularmente, o modelo de quatro parâmetros baseado em derivada fracionária para a viscoelasticidade linear. As técnicas de otimização não linear (TONL) foram revistas e estudados os seus conceitos básicos. Os algoritmos genéticos foram utilizados para determinação da localização ótima, na estrutura, dos neutralizadores dinâmicos viscoelásticos. Foram estudados os principais aspectos dos algoritmos genéticos tais como os principais operadores genéticos, os parâmetros de influência e sua configuração e a teoria fundamental dos algoritmos genéticos. Propôs-se e implementou-se uma metodologia para determinar a localização ótima, bem como os parâmetros físicos construtivos ótimos, simultaneamente, de um sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, destinado a controlar uma estrutura geometricamente complexa, qualquer. A função objetivo proposta para o problema resultou em uma função multiobjetivo, que além de otimizar os parâmetros físicos do neutralizador e sua localização, produz resultados com a menor massa de neutralizadores possível, PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 133 adicionada ao sistema primário. Isto porque, no decorrer do trabalho, a não inclusão da massa dos neutralizadores na função objetivo, levou a resultados pouco práticos, como neutralizadores com massas muito grandes, fixadas nos nós dos modos a controlar. Com a função objetivo multimodal, este problema foi solucionado. Foram realizados ensaios numéricos em uma estrutura simples (placa simplesmente apoiada nos vértices). Empregou-se uma placa metálica em aço, discretizada em elementos finitos, e procurou-se neutralizar alguns modos de vibrar dessa estrutura, em diferentes bandas de freqüência, envolvendo um ou mais modos, simultaneamente. Foi possível, através das simulações numéricas, comprovar a eficiência da metodologia, conseguindo resultados significativos, no que diz respeito ao controle de vibrações. A metodologia mostrou ser capaz de localizar e projetar sistemas de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos, com massas reduzidas, que reduzem os níveis de vibração na faixa de interesse de forma eficaz e satisfatória. Como exemplo da eficiência da metodologia pode-se comentar aqui os resultados obtidos na simulação 1. Poderia-se imaginar, a princípio, que a localização ótima para um neutralizador atuar sobre o primeiro modo de vibrar da placa deveria ser o centro dessa (nó 194 ou 207). Entretanto, a metodologia indicou que a melhor localização não é o centro e sim a extremidade lateral (nó 188). Fazendo uma investigação posterior foi possível comprovar, através de uma avaliação das duas localizações, que realmente os resultados obtidos com o neutralizador localizado na lateral são melhores que aqueles dos nós centrais. A diferença entre os dois resultados verificou-se muito pequena. Entretanto a metodologia se mostrou capaz, e com sensibilidade suficiente, para localizar o sistema de neutralizadores de forma ótima. Ao final desse trabalho pode-se observar que, mesmo em seu estágio inicial de desenvolvimento, a metodologia geral aqui proposta, mostra resultados promissores. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 5.2 134 Sugestões para Trabalhos Futuros Para trabalhos futuros considera-se importante que a metodologia seja comprovada experimentalmente. Faz-se necessário, para que a metodologia seja validada, que seus resultados sejam comparados com medições experimentais. Somente assim poder-se-á considerar seus resultados confiáveis, plenamente. Estudar e aplicar esta metodologia em sistemas geometricamente complexos, com densidade modal elevada assim como um elevado acoplamento entre seus modos. Tais sistemas solicitariam uma grande sensibilidade por parte da metodologia aqui apresentada, o qual, segundo este trabalho, tem muito a contribuir para o desenvolvimento e refino da mesma. Um estudo relativo ao efeito da temperatura sobre os sistemas de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos também se faz necessário. Isso principalmente, devido ao fato de que as propriedades dinâmicas dos materiais viscoelásticos serem dependentes da temperatura, e que os materiais com melhores fatores de amortecimento serem mais sensíveis a essa variação. Uma abordagem sobre a dessintonização do sistema de neutralizadores dinâmicos viscoelásticos devido a uma mudança substancial de temperatura se faz necessário. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Referências 135 REFERÊNCIAS [01] – Abdullah, M. M., 2000, “Optimal Placement of Output Feedback Controllers on Slender Civil Structures at Discrete Locations”, Engineering Structures, Elsevier Science Ltda. [02] – Agrawall, K. 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A solução associada ao elemento se apresenta de duas formas: • deslocamento nodal incluído na solução nodal global • saídas adicionais de elemento Na figura A.2 pode-se visualizar as diversas soluções que o elemento pode fornecer. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Apêndice A Elemento Finito SHELL63 146 Figura A.2 Saídas do Elemento Finito SHELL63. Maiores detalhamentos a respeito da utilização desse elemento finito podem ser obtidos nos manuais do ANSYS®, ANSYS Release 9.0 Documentation. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Apêndice B Características Dinâmicas de um Material Viscoelástico 147 APÊNDICE B – CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DE UM MATERIAL VISCOELÁSTICO. Aqui são apresentados os conceitos básicos das características dinâmicas (módulo de cisalhamento e fator de perda) de um material viscoelástico. Antes do advento dessa caracterização, várias curvas eram necessárias para se representar os dados experimentais e características dinâmicas dos materiais viscoelásticos, uma vez que esses dependem da temperatura e da freqüência. O método das variáveis reduzidas surge como uma forma de caracterizar essas propriedades através de um gráfico único. Segundo Snowdon, 1968 e Nashif, 1985, a freqüência influi qualitativamente de maneira inversa à temperatura, sobre as propriedades dinâmicas do material viscoelástico, a menos de um fator de escala. Tal relação pode ser escrita como G (Ω,θ ) = G0 (Ωαθ ) ηG (Ω,θ ) = ηG (Ωαθ ) Eq. A.1 0 sendo αθ um fator de deslocamento em freqüência equivalente à alteração de temperatura θ . G0 e η G0 são respectivamente o módulo dinâmico e o fator de perda medidos na temperatura de referência θ 0 . A equação A.1 representa, portanto, que o módulo dinâmico G medido na freqüência Ω e temperatura θ é equivalente ao módulo dinâmico G0 medido na freqüência Ωαθ e à temperatura θ 0 . Isso possibilita a construção de um gráfico com duas curvas apenas, chamadas curvas mestras (Lopes, 1989), em função de uma variável única ( Ωαθ ) chamada freqüência reduzida. O fator αθ surge da comparação de diversos experimentos, chegando-se a uma curva universal (equação A.2) em função de θ − θ 0 (Rogers, 1981). PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Apêndice B Características Dinâmicas de um Material Viscoelástico log αθ = − 12(θ − θ 0 ) 291,7 + (θ − θ 0 ) 148 Eq. A.2 A escolha de θ 0 é importante pois permitira uma melhor dispersão dos pontos experimentais. Maiores detalhes a respeito dos ensaios necessários e as medições feitas em um material viscoelástico, para a sua caracterização através das curvas mestras de suas propriedades dinâmicas, podem ser encontrados em Bavastri, 1997. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) Apêndice C Dados Numéricos para Construção do Gráfico Tridimensional do Espaço de Busca APÊNDICE C – DADOS NUMÉRICOS PARA CONSTRUÇÃO DO GRÁFICO TRIDIMENSIONAL DO ESPAÇO DE BUSCA. PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005) 149 Apêndice C Dados Numéricos para Construção do Gráfico Tridimensional do Espaço de Busca 150 6050,795 12885,46 75748,66 3442,658 1467,77 1041,452 1070,054 1592,901 3897,519 38223,74 24984,53 3423,207 1500,208 1054,894 1068,877 1572,331 3975,265 75750,38 12906,15 6070,601 4364,915 2075,402 3094,984 78672,53 8553,225 2081,861 1356,566 1578,355 3401,455 30911,11 21699,21 3073,372 1527,255 1383,595 2072,815 10834,06 41826,43 3116,274 2095,928 4379,186 5276,808 1931,19 1369,271 2185,372 14309,89 26800,62 3368,373 2150,022 3336,688 25551,56 19344,53 3128,809 2163,89 3633,749 37918,21 11301,85 2069,023 1390,745 1959,276 5280,483 8009,119 2865,422 1595,063 1354,183 2126,248 10271,83 98211,34 6204,969 4542,356 22405,83 18453 4516,536 6915,232 247930,6 7946,856 1984,475 1394,679 1689,883 3031,368 8530,149 16048,47 5807,851 3079,047 2053,695 1935,066 3072,57 15717,87 129963,4 11627,43 23346,87 21064,75 12236,69 210065,4 13199,22 2974,034 2020,962 2231,014 3343,367 6396,658 17823,89 57392,36 21261,98 11103,58 6983,085 5292,023 4928,759 7461,703 60966,69 77738,18 35546,39 34746,05 85805,73 53469,5 7541,1 5349,554 5973,7 8111,506 13250,65 25981,69 71677,4 19645228 9031009 5973336 4914922 4854572 5585243 7604521 12997041 33525221 2,84E+08 2,84E+08 33526334 12995429 7603085 5584336 4854205 4914937 5973849 9031952 19648247 71676,96 25981,78 13248,47 8111,024 5973,195 5346,063 7534,031 53463,9 85800,32 34744,18 35550,43 77741,15 60973,62 7465,931 4935,357 5291,646 6947,426 11108,03 21263,94 57399,86 17823,06 6396,357 3343,312 2229,968 2020,054 2969,516 13194,19 210098 12232,7 21064,16 23348,17 11633,71 129966,3 15721,95 3076,827 1942,384 2064,833 3079,472 5809,476 16050,8 8528,654 3031,4 1688,29 1394,37 1981,724 7944,391 247886,2 6911,564 4514,785 18480,73 22407,86 4545,989 6211,385 98221,18 10271,83 2128,183 1357,984 1606,29 2866,102 8013,15 5280,571 1958,919 1389,375 2066,942 11300,44 37915,6 3630,164 2161,517 3127,973 19342,2 25550,7 3338,403 2154,612 3375,026 26785,48 14315,6 2186,581 1372,131 1943,139 5277,973 4379,228 2094,677 3114,781 41826,03 10830,48 2249,271 1380,821 1525,823 3072,727 21698,29 30911,86 3402,41 1580,547 1361,186 2087,938 8561,081 78682,21 3093,937 2077,814 4360,308 6069,838 12906,02 75753,82 3971,631 1568,834 1065,948 1052,886 1499,43 3421,296 24984,84 38224,3 3898,054 1594,525 1072,284 1045,514 1472,954 3448,705 75750,65 12883,29 6053,043 PPGEM – Engenharia de Manufatura (2005)