DIAGNÓSTICO DE DEMANDAS DAS TRILHAS INTERPRETATIVAS DO
IFBAIANO CAMPUS URUÇUCA-BA
Renata Santana dos Santos¹, Maysa Costa de Oliveira ², Diogo Antônio Queiroz Gomes ³,
1 IFBAIANO/Campus Uruçuca/ Aluna do Curso Superior Tecnólogo em Gestão de Turismo/
[email protected]
2 IFBAIANO/Campus Uruçuca/ Aluna do Curso Superior Tecnólogo em Gestão de Turismo/
[email protected]
3 IFBAIANO/Campus Uruçuca/ Professor Mestre do Curso Superior Tecnólogo em Gestão de Turismo/
[email protected]
Palavras-Chave: Meio Ambiente, Visitação em áreas naturais, Recreação e Lazer.
INTRODUÇÃO:
O Campus Uruçuca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBAIANO) originou-se da
antiga Escola Média de Agropecuária Regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
(CEPLAC). Ao longo de sua história, essa unidade de ensino profissional desenvolveu diferentes projetos, desde
a Estação Experimental, criada em 1923, sendo o primeiro centro de pesquisa de cacau do mundo, no qual
introduziu diversas espécies exóticas, com o passar dos anos tornou-se Escola de capatazes (IFBAIANOcampus Uruçuca, 2010). Teixeira (2012) reitera que a CEPLAC, sempre visou o desenvolvimento
socioeconômico do Sul da Bahia. Assim, para contribuir com a recuperação da lavoura cacaueira a CEPLAC
começou a investir na educação, desta forma em 1965 criou-se a primeira escola profissionalizante na cidade de
Uruçuca, localizada no sul da Bahia, denominada EMARC (Escola Média Agrária da Região Cacaueira), que
logo em seguida passou a ser uma referência no que diz respeito a educação rural. Porém no ano de 2008 com
a lei 11.892, que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica criam-se os Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, com essa transição, a EMARC transforma-se em o IFBAIANO
Campus Uruçuca, uma instituição de educação superior, básica e profissional. A Mata Atlântica é considerada
um bioma que contém como principais características a extensa diversidade de espécies e o alto grau de
endemismo. Entretanto com o surgimento da agricultura, pastagem e extração de madeira, alem do avanço da
ocupação humana ao longo dos anos, acarretou na destruição deste bioma, restando atualmente
aproximadamente 7% a 8% de sua área original (LAGOS e MULLER, 2007). O campus, possui em sua
propriedade um considerável fragmento de Mata Atlântica com cerca de 18 hectares. A Reserva ecológica de
Mata Atlântica Greogório Gregoriovitch Bondar surgiu a partir do interesse em criar um espaço para prática de
atividades ligadas ao Meio Ambiente Natural do curso Técnico de Turismo e Hotelaria ofertado pela Antiga
EMARC. Logo, este artigo contribui para identificar e propor formas de (re) adequação da “Matinha”, para
proporcionar a visitação da comunidade estudantil e população Uruçuquense em meio natural, tendo
principalmente a possibilidades de fomentar ações que contribuam para as questões ecológicas que ainda estão
fragilizadas e a partir desta perspectiva a obtenção de recreação e lazer com a realização das atividades que
serão desenvolvidas. Nesse contexto foi identificada a necessidade de um levantamento da situação das trilhas
interpretativas, para que possa ser feito a formatação das mesmas. Além disso, verificou-se a precisão de avaliar
os canais adequados para divulgação das atividades que serão realizadas na reserva ecológica, bem como
incentivar criação de um grupo de interesse em desenvolver atividades de recreação em meio natural.
MATERIAL E MÉTODOS:
Os procedimentos metodológicos que conduziram este artigo foram inicialmente a pesquisa eletrônica em
sites relacionados com Ideias Ambientais e IFBAIANO, o qual forneceu embasamento teórico para a
produção do texto. Simultaneamente, a pesquisa bibliográfica feita com autores como Gomes (2013) e
Teixeira (2012) foi de suma importância para a fundamentação teórico-cientifica deste trabalho.
Posteriormente realizou-se uma visita á Reserva de Mata Atlântica “Matinha” nos dias 01 e 03 de maio do
ano corrente que serviu como laboratório para pesquisa. Em comemoração ao dia do meio ambiente foi
realizada uma visitação com os servidores e discentes do IFBAIANO – Campus Uruçuca-BA, com o intuito
de levantar os dados necessário para proporcionar a realização deste artigo através da aplicação de 21
(vinte e um) opinarios.
RESULTADOSESPERADOS:
A reserva de Mata Atlântica, conhecida como “Matinha” continuou basicamente como um laboratório para
aulas práticas, primeiramente do Curso Técnico de Guia de Turismo integrado ao Ensino Médio e
posteriormente do Curso Superior Tecnólogo em Gestão de Turismo. Desta forma, recomenda-se
reestruturação das trilhas interpretativas na matinha para que toda a população do IFBAIANO e
comunidade local possam ter acesso a este atrativo natural. Uma vez que é inexistente a organização
adequada para visitação nesta instituição. Registrou-se através da aplicação de 21 (vinte e um) opinarios
a aceitação unânime de atividades regulares na matinha no evento realizado no dia do meio ambiente
com os servidores e discentes do Instituto. Bem como, 37% dos visitantes disseram que gostaram do
ambiente natural visitado, enquanto 63 % disseram que gostaram bastante do ambiente do mesmo.
Desta maneira percebe-se que há uma necessidade de desenvolver atividades frequentes de lazer em
meio natural, concordando com esta afirmação, Lopes (2000) afirma que:
[...] as actividades de lazer recreo-desportivo na natureza, contam-se entre as
que a priori encerram factores mais positivos, nomeadamente, as
oportunidades para fazer a ligação ao meio natural através do conhecimento
dos ecosistemas; da apropriação de novas culturas e do contacto com outras
gentes; do aumento da consciência ambiental; da criação de novos mercados
para as economias locais e regionais; ou da potencialização do valor de
conservação frente a outros usos do espaço. Todavia, as mesmas não
deixam também de se apresentar como um fenómeno ambivalente pois
podem também gerar impactos negativos nos meios natural, económico e
social (LOPES, 2000, p.1).
No entanto é necessário que se atente para a capacidade de carga, para não danificar o meio ambiente,
visto que o uso sustentável é essencial para a conservação ambiental.
Este pensamento está baseado na explicação dos autores, que ressaltam que “o lazer vem sendo
discutido como aspectos fundamentais para a qualidade de vida” (SILVA; SAMMARCO; TEIXEIRA, 2012,
p. 49). Conforme Guedes e Seehusen (2011) o bem estar da sociedade está relacionado com os serviços
ambientais fornecidos pela natureza, que incluem a regulação climática, o sequestro de carbono, a
disponibilidade de recursos hídricos, o valor cênico da paisagem, dentre outros, necessitando assim da
proteção da biodiversidade para “melhorar a saúde do planeta”. Dessa forma os serviços ambientais
oferecidos pela natureza estão também diretamente ligados com o turismo, pois o mesmo depende dos
recursos naturais para proporcionar uma experiência única para os visitantes. As atividades de lazer em
contato com a natureza têm sofrido ao longo dos anos um forte crescimento, uma vez que a sociedade
atualmente busca novas experiências a partir da saída dos centros urbanos para obter a vivência e o
conhecimento com o meio natural. Uma dos importantes serviços de recreação com proximidade ao
natural são as trilhas ecológicas, sendo um instrumento relevante de lazer ao ar livre.
Desta maneira Andrade reitera que:
A principal função das trilhas foi suprir a necessidade de deslocamento. No
entanto, pode-se verificar que ao longo dos anos houve uma alteração de
valores em relação às trilhas. De simples meio de deslocamento, as trilhas
surgem como novo meio de contato com a natureza. A caminhada incorpora
um novo sentido, passa a ter um sentido em si próprio e recebe um grande
número de adeptos. (ANDRADE, 2011, p. 1).
Afirmando este contexto, Teixeira (2012) pontua que a reserva da “Matinha” torna-se uma propícia
alternativa para a implantação de trilhas ecológicas interpretativas, utilizando a conexão dos aspectos
históricos, cultural e natural. Um dos principais objetivos que margeiam a implantação de trilhas para uso
público nas áreas naturais é buscar preservar o ambiente deixando desta forma estável e assim
proporcionar aos visitantes a chance de recreação juntamente com educação, no entanto com segurança
e conforto, por isso é necessário a sinalização, assim como o acompanhamento de pessoas capacitadas.
Neste contexto, Gomes (2013) menciona que a visitação pública permanece como o principal uso
benéfico, para áreas naturais, contudo, conciliar este uso com a conservação dos recursos naturais e
culturais ainda é um dos mais urgentes desafios do manejo. Portanto, a natureza necessita de pessoas
capacitadas e responsáveis que possam administrar a utilização desses recursos naturais para que de
fato possam tornar amplamente beneficias a comunidade local e visitantes. O supracitado autor ressalta a
importância e necessidade da ampliação da estrutura para a recepção turística no meio natural, além da
formatação de novas trilhas interpretativas, enfatizando ainda a necessidade de infraestrutura adequada
nessas trilhas para uma melhor segurança dos visitantes. Neste âmbito, a visitação pública, sendo bem
administrada, pode ser geradora de novas fontes de rendapara a comunidade que se apropria desta
oportunidade. Para tanto, as discussões dos resultados acima citado estão sistematizadas no quadro
abaixo:
Cenário Atual
Proposta de Intervenção
Potencialidades
Limitações
Ausência de sinalização
nas trilhas
Adequação das trilhas
através de piquetes, fita
zebrada
vertical
e
horizontal,
placas
de
sinalização e outros.
Criação e aprovação pelo
IFBAIANO
Campus
Uruçuca de leis e Normas
de conduta na Reserva
Ecológica da “Matinha”
Implantação
da
sinalização a partir de
recursos via projetos.
Tramites
burocrático (atraso
do repasse
financeiro)
Execução do projeto de
extensão
Tramites
burocrático
(publicação
do
inicio
das
atividades
do
projeto juntamente
com
repasses
financeiros)
Inexistência
regulamentação
de
CONSIDERAÇÕES:
A reserva ecológica “Matinha” do IFBAIANO – campus Uruçuca-BA apresenta um rico potencial para a
visitação pública em meio natural. Entretanto, a partir da pesquisa percebeu-se a necessidade de (re)
adequação das trilhas interpretativas para adequar-se as demandas de visitação, aulas práticas, além da
conservação ambiental. Através da análise dos opinarios foi possível identificar que há interesse em
visitação por parte dos servidores e discentes da instituição, uma vez que mesmo não dispondo de
estrutura suficiente houve uma aceitação unânime por parte dos usuários. Desta forma é essencial
fomentar ações que despertem outras iniciativas voltadas para a recreação no meio ambiente.
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos aos professores do curso Superior em Gestão em Turismo em especial ao professor Diogo
Gomes pelas orientações que obtiveram resultados positivos nesta pesquisa.
REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Waldir Joél de. Manejo de trilhas. Campinas SP, 2011. Disponível
em:<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:RtLq1e4Hb7sJ:ftpacd.puccampinas.edu.br/
pub/professores/ceatec/juleusa/Turismo/GEST%25C3%2583O%2520DE%2520ATRATIVOS%2520E%25
20RECURSOS/man_trilha.doc+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso 28 de Maio de 2015.
CHAMBEL, Silvia. Idéias Ambientais: Sensibilização/ Educação Ambiental. 2004. Disponível
em:<http://www.ideiasambientais.com.pt/index.php?pg=1>. Acesso em 04 de Junho de 2015.
GOMES, Diogo Antonio Queiroz. Análise da visitação pública no Parque Estadual da Serra do
Conduru (PESC) – BA. 2013. 116 p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente) - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-BA, 2013.
GUEDES, Fátima Becker; SEEHUSEN, Susan Edda.Pagamentos por Serviços ambientais na Mata
Atlântica: lições aprendidas e desafios. Brasília: MMA, 2011.
IFBAIANO-campus Uruçuca. Historico. 2010. Disponivel em:
<http://www.ifbaiano.edu.br/unidades/urucuca/historico/>. Acesso em 09 de julho de 2015.
LAGOS, Adriano Rodrigues; MULLER, Beatriz de Lima Alesssio. Hotspot Brasileiro: Mata
Atlântica.2007. Disponivel em:
<http://publicacoes.unigranrio.com.br/index.php/sare/article/viewFile/244/233. Aceso em 09 de julho de
2015.
LOPES,António Mendes. Lazeres activos e meio ambiente. Instituto Politécnico de Setúba, 2000. Disponível
em: <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=97&doc=8252&mid=2>. Acesso em 28 de julho de 2015.
SILVA, Fabiano Weber da; SAMMARCO, Yanina Micaela; TEIXEIRA, Andréa Ferreira. Educação
ambiental lúdica: diálogos do corpo, lazer e arte.In: LISBOA, Cassiano Pamplona; KINDEL, Eunice
AitaIsaia; (Org.). Educação ambiental: da teoria á pratica. Porto Alegre: Mediação, 2012. p. 49-70.
TEIXEIRA, Sérgio Luiz Freitas. Planejamento, implantação e técnicas operacionais das trilhas
ecológicas na emarc-uruçuca: Inventário, Interpretação e Análise das Trilhas Ecológicas. Uruçuca-Ba,
2012.
Download

attach_file Clique aqui para visualizar