A Percepção do Aluno de Administração em Relação a Si Próprio, aos Discentes, aos
Docentes e ao seu Curso.
Luciano Gonzaga Vanderley, Doctorado en Administración Universidad Americana;
Alexandre Kottwitz, administrador.
Resumo:
A cada ano torna-se mais perceptível a necessidade de obtenção de uma melhor qualidade
educacional, inclusive em nível superior, devido ao fato das organizações exigirem um maior
grau de escolaridade de seus selecionados, motivadas pelas modificações e/ou implementação
de novas tecnologias em seus ambientes internos e externos. Esta pesquisa objetivou
identificar a percepção do aluno em relação a si próprio, aos demais alunos, aos professores e
ao curso de Administração. Trata-se de pesquisa exploratória, através de um estudo de caso,
utilizando um questionário estruturado, dividido em três partes: perguntas para traçar perfil do
aluno, cinco perguntas qualitativas para conhecer a percepção dos alunos e quatro perguntas
quantitativas para verificar a avaliação dos alunos. Utilizou-se o software Sphinx Survey para
a análise dos dados coletados. Os alunos perceberam o curso de Administração e o nível dos
professores como bom e ótimo e os alunos com nível regular e ruim. Ao mesmo tempo se
percebem com bom nível, ninguém se avaliou com nível ruim ou péssimo e poucos como
ótimo. Enquanto os alunos percebem a maioria dos colegas em situação ruim e péssima, eles
se percebem de regular a bom no curso de Administração. Mais da metade dos alunos apontou
o “Desenvolvimento e Crescimento Profissional” como o principal motivo para cursar
Administração e mais de um terço planejam administrar a própria empresa. A concepção da
instituição de ensino superior pesquisada tende à idealista cuja ênfase é o ensino, como
Centro de Educação. O modelo que trata da organização e administração da instituição de
ensino é próxima do Modelo Colegiado, onde a comunidade - professores, estudantes e
administradores – é a base da organização.
Palavra-Chave: Percepção, Universidade.
Abstract:
Each year it becomes more apparent the need to obtain a better quality education, including
higher level, due to the fact that organizations require a higher level of education of its
selected, motivated by the modifications and / or implementation of new technologies in their
internal and external environments. This research aimed to identify the student's perception
about himself, the other students, teachers and course directors. This is an exploratory
research through a case study using a structured questionnaire, divided into three parts:
questions to draw the student's profile, five qualitative questions to the perception of students
and four quantitative questions to check student assessment . We used the Sphinx Survey
software for data analysis. Students perceived the course of Directors and the level of teachers
as good or excellent level and students with fair and poor. At the same time see themselves
with a good level, nobody was evaluated level with poor or very poor and few as good. While
students feel most colleagues in poor and very poor, they realize the good in the regular
course of administration. More than half of the students pointed to the "Professional Growth
and Development" as the main reason to study Administration and more than a third plan to
manage the company itself. The design of the institution of higher education research tends to
idealist whose emphasis is education as education center. The model that deals with the
organization and administration of the educational institution's next Model College, where the
community - teachers, students and administrators - is the foundation of the organization.
Keywords: Perception, University.
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1. Introdução
A cada ano torna-se mais perceptível a necessidade de obtenção de uma melhor
qualidade educacional, inclusive em nível superior, devido ao fato das organizações exigirem
um maior grau de escolaridade de seus selecionados, motivadas pelas modificações e/ou
implementação de novas tecnologias em seus ambientes internos e externos. No ambiente de
trabalho, há uma maior exigência no modo de agir ou atitudes de cada indivíduo, que
necessita aprender novas formas de executar seu trabalho, manusear novas máquinas, adquirir
novos conhecimentos e habilidades.
Percebe-se que os processos de mudança exigem uma adequação mais veloz, sendo
necessário que a consciência humana também evolua mais rapidamente. A educação tem que
se adaptar às novas exigências, os professores devem abandonar definitivamente os métodos
tradicionais e ao mesmo tempo, é preciso que os alunos adotem comportamentos congruentes
com sua condição de cidadãos e especialmente de beneficiários diretos da corrente de
conhecimento acumulado.
Para que o ensino nas instituições de ensino superior melhore com a rapidez necessária
é essencial que as duas forças fundamentais envolvidas no processo educativo (professores e
alunos) conscientizem-se de que cada um tem um importante papel na construção de uma
sociedade melhor. Os alunos são partes do co-governo universitário e também responsável por
melhorar as instituições de ensino superior, ou seja, espera-se deles que sejam agentes de
transformação da nova sociedade que se avizinha, por meio de sua formação cívica e técnicocientífica, consciência ética e capacidade crítica.
Destaca-se a relevância desta pesquisa para dar foco e visão aos cursos de
Administração a partir dos discentes, tornando-os conscientes de seu papel no
desenvolvimento de seu curso. Concomitantemente, identifica o perfil dos alunos e minimiza
distorções de opinião, identifica e melhora a relação entre alunos e professores, a metodologia
de aula e de avaliação do curso, as normas e a política, bem como, identifica os aspectos
favoráveis e desfavoráveis do curso.
A presente pesquisa é baseada no projeto realizado por José Antônio Bonilla,
professor do Departamento de Ciências Administrativas - DCA da Universidade Federal de
Minas Gerais (FACE/UFMG), que desde 1995 realiza pesquisas para analisar o curso de
Administração no ponto de vista dos alunos.
No mundo atual, onde o conhecimento passou a ser um fator social, econômico e
político de valor fundamental, estudos que avaliem o ensino nas Instituições de Ensino
Superior, especialmente levando em conta a opinião dos alunos, passam a ter uma importância
decisiva.
Com relação a esta abordagem, o presente estudo visa descobrir o que pensam os
alunos do curso de Administração acerca do seu curso, já que eles terão, dentro de pouco
tempo, uma dupla responsabilidade: agir como cidadãos conscientes e como profissionais.
Para isso, identificou-se o seguinte problema de pesquisa: qual é a percepção do aluno de
Administração em relação a si próprio, aos discentes, aos docentes e ao curso?
O objetivo geral desta pesquisa é: identificar a percepção do aluno de Administração
em relação a si próprio, aos discentes, aos docentes e ao curso. Para isso, adotou-se os
seguintes objetivos específicos: traçar o perfil geral dos alunos do curso de Administração;
avaliar os aspectos favoráveis e desfavoráveis do curso de Administração; identificar a
percepção do aluno em relação a si próprio no curso de Administração; identificar a
percepção do aluno em relação aos demais alunos do curso de Administração; identificar a
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percepção do aluno em relação aos professores do curso de Administração; identificar a
percepção do aluno em relação ao curso de Administração.
As hipóteses formuladas a partir do problema proposto foram as seguintes: os alunos
percebem seu papel e importância para o curso; os alunos são altamente críticos na avaliação
dos professores, do curso e dos demais alunos.
2. A Caracterização e a Concepção da Universidade
A universidade, conforme Baldridge (1971), é caracterizada: por metas ambíguas
que devem ser enfrentadas pelos tomadores de decisão; por “transformar pessoas” que
recebe/devolve à sociedade; por ter dificuldade em envolver tecnologia nessa transformação;
pelos professores especialistas que exigem autonomia, lealdade dividida entre o pensar e o
fazer, ser apenas avaliado por seus pares; pela fragmentação dos professores por curso. Cunha
(1995) acrescenta ainda: a estrutura de poder é mal desenhada; o corporativismo é muito
forte; a ideologia política predomina; o sistema de avaliação é limitado e as mudanças
ocorrem comumente sob crise.
UNIVERSIDADE DO ESPÍRITO
UNIVERSIDADE DO PODER
CONCEPÇÕES
Centro
de Comunidade de Núcleo
Educação
Pesquisadores
Progresso
Autor
J.H.
Newmann
Finalidade
Aspiração ao Aspiração à
saber
verdade
Aspiração
progresso
Concepção
Educação
Unidade da
liberal através
do
saber pesquisa e do
universal
ensino no centro
das ciências
Simbiose
da Ensino profissional
pesquisa e do uniforme,
ensino
a
serviço
da confiado a um
imaginação
grupo
de
criadora
profissionais
Instrumento
funcional
formação
profissional
política
-Pedagogia
do
desenvolvime
nto
intelectual.
-Internato e
tutors
-Corpo docente
criador
-Estudantes
capazes
de
aplicar
princípios
gerais
-Controle da oferta
de
diplomados
-Apelo a todas as
forças produtivas
da nação
Organização
K. Jaspers
-São organização
da faculdade
-Liberdade
acadêmica
de Modelo
Intelectual
N. Whitehead
Napoleão
ao Estabilidade
política do estado
-Hierarquia
administrativa
-Programas
uniformes
Fator
Produção
de
Cons. Min. URSS
Edificação
sociedade
Comunista
da
de
e
oficial Adaptação
do
Quanto
ao Rede diversificada de instituições de ensino Rede
às
problema da massa superior no seio da qual as universidades uniforme para a número
conservam sua originalidade
massa e a elite
necessidades
da
economia
e
diversificação das
instituições
GRÁFICO 1 – CONCEPÇÕES DE UNIVERSIDADE
Fonte: Dreze e Debelle (1983)
3
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As concepções da universidade, conforme Dreze e Debelle (1983), divide-se em
idealista ou Universidade do Espírito e em funcional ou Universidade do Poder. A idealista
trata da idéia de universidade, cuja ênfase é: ensino, como Centro de Educação, representado
pela Inglaterra; pesquisa, como Comunidade de Pesquisadores, representado pela Alemanha;
ensino- pesquisa, como Núcleo de Progresso, representado pelos Estados Unidos. A funcional
trata da função da universidade em relação à sociedade com preocupação: sócio-política,
como Modelo Intelectual, representado pela França; sócio-econômica, como Fator de
Produção, representado pela Rússia.
3. A Organização e Administração da Universidade
Há alguns modelos que tratam da Organização e Administração da Universidade, tais
como: tradicionais - Modelo Burocrático, Modelo Colegiado, Modelo Político; Modelo da
Estrutura Dual; Modelo da Organização Anárquica; Modelo Cibernético; Modelo dos
Quadros Múltiplos
Modelo Burocrático
A burocracia de Weber é uma forma de organização, baseada na racionalidade, e a
administração burocrática representa o “exercício da dominação baseado no saber”. (Weber,
1982). Na sociedade burocrática, a legitimação do domínio se dá pelas normas, pela
organização, regras e estatutos, e pela obediência a estas normas.
Weber (1982) definiu um tipo ideal burocrático, no qual as principais características
seriam a divisão hierárquica, com uma estrutura clara de mando e subordinação; a existência
de regras racionais, explícitas e impessoais e de regulamentos, leis e normas administrativas;
o registro e documentação de comunicações, fatos e atos administrativos; a especialização e
treinamento de funcionários assalariados, com carreira na organização e sem propriedade dos
meios de produção e administração, a definição prévia do funcionamento da organização; a
racionalidade; a impessoalidade nas relações humanas com a definição de tarefas sendo feita
de acordo com o cargos e não com seus ocupantes; a seleção de pessoal tendo por base o
mérito e a competência técnica e os critérios racionais e universais; a separação entre a
propriedade e a administração, com profissionais especializados gerindo a organização; e a
previsibilidade do funcionamento para todos os membros.
A burocracia de Weber é muito criticada, pois a total previsibilidade é impraticável na
medida em que há pessoas na organização. Merton (1978) apresenta em seguida as
“disfunções” da burocracia: a internalização das regras e exagerado apego aos regulamentos,
quando as normas perdem seu sentido de atender aos propósitos da organização na medida em
que transformam-se de meios em fins em si mesmas; o excesso de formalismo e de papelório,
devido à necessidade de documentação das comunicações, levando à perda de agilidade e
eficiência; a resistência a mudanças, quando os servidores acostumados com previsibilidade e
estabilidade, encaram a mudança como uma ameaça; a despersonalização do relacionamento,
uma vez que a ênfase dada aos cargos e não às pessoas leva à indiferenciação; a categorização
como base do processo decisório, significando que a autoridade é exercida e as decisões são
tomadas com base no cargo e não na competência técnica; superconformidade às rotinas e
procedimentos, somada à inflexibilidade, falta de questionamento das normas que podem em
determinado momento já não refletir os objetivos da organização, e perda de iniciativa e
criatividade; exibição de sinais de autoridade, para demonstrar as posições hierárquicas, com
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o uso de símbolos de status; dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público,
já que o burocrata tem como prioridade a execução de normas e regulamentos, perde o foco
no cliente.
Mintzberg (2006) considera a estrutura organizacional universidade semelhante a da
Burocracia Profissional, pois: os especialistas têm treinamento elevado e é dado a eles
considerável controle sobre seu trabalho; o controle do próprio trabalho leva o profissional a
atuar relativamente independente dos colegas, mas muito perto dos clientes aos quais serve;
são estabelecidos padrões universais que devem ser ensinados pelas universidades e utilizados
por todas as burocracias da profissão; os processos de trabalho são muito complexos para
serem padronizados; a autoridade de natureza profissional é muito enfatizada, levando-nos ao
poder da perícia; os profissionais controlam seu próprio trabalho e também buscam o controle
coletivo sobre as decisões administrativas que os afetam; são encontradas duas hierarquias
paralelas, a acadêmica (democrática, de baixo para cima) e a administrativa (mecanizada, de
cima para baixo) que se conflitam.
Modelo Colegiado
A comunidade - professores, estudantes e administradores – é a base da organização
das universidades (MILLET, 1962). Etzioni (1986) aponta que o conflito se resolve pela
divisão de responsabilidade, de forma que as atividades-fins são controladas pelos
especialistas, as atividades-meio, pelos administradores e a estrutura total é supervisionada
por alguém com maior capacidade administrativa.
Modelo Político
A universidade, segundo Baldridge (1971), difere das principais características das
organizações, pois: o conflito é natural em organização complexa; encontra-se diversos blocos
de poder e grupos de interesse que se esforçam para garantir a prioridade de seus valores e
metas; muitas das decisões principais são controladas por pequenos grupos da elite do poder;
a pressão política dos grupos ultrapassa os limites da autoridade formal do sistema
burocrático; grupos externos também exercem poder sobre as decisões na universidade.
Modelo da Estrutura Dual
Há paralelamente, conforme Corson (1960), a estrutura administrativa que envolve
linearmente o reitor, diretor e chefes, bem como, a estrutura legislativa dos departamentos e
faculdades. As estruturas se conecta através do reitor que dirige a estrutura administrativa e
preside o Colegiado da Universidade.
Modelo Anárquico
O modelo anárquico de Cohen e March (1974), considera que as metas da
universidade limitam a centralização da autoridade e a tomada de decisão porque são muitas
vezes mal definidas, inconsistentes e ambíguas.
Modelo Cibernético
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Para Birnbaum (1988), a universidade possui muitas variáveis que dificultam a
utilização de apenas modelos racionais, por isso, a direção as várias partes da universidade
tomam ações corretivas espontaneamente.
Modelo dos Quadros Múltiplos
A universidade, conforme Bolman e Deal (1984), possui os quadros: estrutural,
recursos humanos, político, simbólico e sistema. No quadro estrutural, a organização existe
para realizar as metas; para conjugar metas, estratégias, ambiente, tecnologia e pessoas; para
tratar conflito e preferências pessoais por normas de racionalidade. O quadro dos recursos
humanos compreende que as pessoas são os recursos mais importantes da organização e esta
existe para servir às necessidades humanas. A organização e a pessoa necessitam uma da
outra. No quadro político, a organização é uma área política que compartilha e equilibra
interesse individual e grupal. O quadro simbólico considera os fatos sob a ótica do significado
e da crença dos símbolos. O cerne do evento é o seu significado. Evento e significado são
independentes. Os eventos podem possuir vários significados. O quadro do sistema considera
a organização como sistema aberto com o ambiente. O sistema é um todo e as suas partes que
está envolvido num supersistema e ao mesmo tempo possui subsistemas.
4. Procedimentos Metodológicos
A presente pesquisa do ponto de vista de seus objetivos é uma pesquisa exploratória,
através de um estudo de caso no curso de Administração da Faculdade Integrada do Ceará. A
população foi composta de 650 alunos do curso de Administração, incluindo o turno diurno e
noturno. Considerando a amplitude do universo e a dificuldade em encontrar o número
máximo de alunos em sala de aula, chegou-se a amostra de 200 alunos (quatro últimos
semestres). As fontes de informação da pesquisa foram os alunos do curso de Administração
durante o segundo semestre de 2006.
Quanto às técnicas de pesquisa utilizou-se documentação indireta, através de pesquisa
bibliográfica; e documentação direta extensiva, utilizando como instrumento de coleta de
dados um questionário do tipo estruturado, dividido em três (3) partes: na primeira parte as
perguntas eram relacionadas aos dados pessoais do respondente (semestre, sexo, faixa etária,
renda familiar, trabalha atualmente), para fins estatísticos e também objetivando traçar um
perfil do aluno; a segunda parte possui cinco (5) perguntas qualitativas (Quais são os motivos
para você estar fazendo um curso superior?; Quais são os motivos para você estar fazendo o
Curso de Administração Geral?; Quais são os principais aspectos favoráveis do Curso de
Administração Geral?; Quais são os principais aspectos desfavoráveis do Curso de
Administração Geral?; Contribua com três idéias para melhorar o curso), relacionadas ao
tema da pesquisa, visando conhecer a percepção dos alunos com relação ao Curso; a terceira
parte possui quatro (4) perguntas quantitativas (Com que nota você classificaria o Curso?;
Com que nota você classificaria os professores?; Com que nota você classificaria os alunos?;
Com que nota você classificaria a si próprio?), objetivando verificar como os alunos avaliam
o curso e a si próprios.
Na primeira parte do questionário, para cada pergunta, o respondente encontrava
várias opções, devendo marcar uma única opção como resposta. Para cada pergunta, da
segunda parte do questionário, nas primeiras quatro perguntas o respondente encontrava entre
dez (10) e quatorze (14) opções, devendo marcar até três (3) opções como resposta. A quinta
pergunta pedia para o respondente citar até três (3) idéias para melhoria do curso. Na terceira
parte do questionário, para cada pergunta, o respondente encontrava cinco opções divididas
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em: Péssimo; Ruim; Regular; Bom; e Ótimo. Devendo marcar uma única opção como
resposta.
O questionário foi elaborado a partir da compilação das respostas obtidas nas
pesquisas realizadas em 1995 e 2003, do estudo do professor Doutor José Antônio Bonilla, a
respeito da percepção que os alunos de Graduação de Administração Geral da Universidade
Federal de Minas Gerais têm do curso e do futuro da sociedade. Em seus questionários o
referido professor utilizou perguntas abertas, nas quais os alunos tinham que citar até três
respostas para cada pergunta. Depois de compiladas as respostas, foi necessária uma
adaptação à realidade da instituição do Ceará, uma vez que os questionários do professor
Bonilla são referentes a uma universidade pública (UFMG). Na elaboração do questionário as
perguntas permaneceram as mesmas, alterando-se somente a forma de respondê-las,
possibilitando ao respondente escolher entre opções de respostas.
Utilizou-se como técnica de análise dos dados coletados a estatística descritiva,
distribuição e freqüência dos dados com apoio do software Sphinx Survey, um software de
análises estatísticas e tratamento de dados. O primeiro passo foi a elaboração do questionário
no próprio software, para que posteriormente fossem respondidos os 200 questionários, um a
um, também através do próprio software. Depois de cadastrados e armazenados todos os 200
questionários e suas respectivas respostas, o software analisa todas as respostas e mostra os
resultados em forma de tabelas.
5. Análise de Dados
Primeiramente, foram analisados os dados referentes ao perfil dos alunos. Em seguida,
foram analisados os dados referentes às perguntas exploratórias, nas quais eram pedidas até
três respostas para cada questão. Por fim, foram analisados os dados referentes às perguntas
classificatórias, onde o respondente avalia o curso, os docentes, os discentes, bem como a si
próprio.
I. Perfil dos Alunos
Houve representação proporcional de alunos nos semestres do curso na pesquisa,
tendo maior percentual de mulheres (53%). A maioria dos alunos é jovem, pois 62% têm
menos de 25 anos, tendo 44,5 % na faixa etária dos 21 a 25 anos. Todas as opções de faixas
etárias foram representadas. A grande maioria dos alunos trabalha (75,5%), pois a maioria dos
pesquisados estudam no turno noturno e trabalham durante o dia. Cerca de 65 % dos alunos
possuem renda familiar até 10 salários mínimos e 13,5 % mais de 19 salários mínimos.
II. Perguntas Exploratórias aos Respondentes Marcarem Até Três Respostas por Pergunta
1. Quais são os Motivos para Você Estar fazendo um Curso Superior?
Quais são os Motivos para Você Estar Fazendo um Curso Superior?
Quant.
Citadas
Freq.
Alunos
Freq.
Respostas
Desenvolvimento e/ou Realização Profissional
138
69 %
25,7 %
Crescimento Pessoal
112
56 %
20,8%
Capacitação para Concorrer no Mercado Profissional
100
50 %
18,6 %
Desenvolvimento e/ou Realização Intelectual
66
33 %
12,3 %
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Possibilidade de Obter Ganhos Financeiros
52
26 %
9,7 %
Possuir Diploma por Exigência do Mercado de Trabalho
38
19 %
7,1 %
Influência Familiar
14
7%
2,6 %
Status
9
4,5 %
1,7 %
Exigência da Sociedade
8
4%
1,5 %
Outros
1
0,5 %
0,2 %
TOTAL DE RESPONDENTES
200
100%
TOTAL DE RESPOSTAS
538
Média de Respostas por Respondente
Fonte: Questionário de Pesquisa
100%
2,69
As três respostas mais citadas, na ordem, foram: “Desenvolvimento e/ou Realização
Profissional”, “Crescimento Pessoal” e “Capacitação para Concorrer no Mercado
Profissional”, recebendo cerca de 65 % do total das respostas. Quase 70 % dos alunos
destacaram: “Desenvolvimento e/ou Realização Profissional”.
2. Quais são os Motivos para Você Estar Fazendo o Curso de Administração?
Quais são os Motivos para Você Estar Fazendo o Curso de Quant.
Administração?
Citadas
Freq.
Alunos
Freq.
Respostas
Desenvolvimento e Crescimento Profissional
105
52,5 %
21 %
Adquirir Visão Empreendedora
75
37,5 %
15 %
Ter Conhecimento sobre Diversas Áreas
71
35,5 %
14,2 %
Gosta ou se Identifica com a Área
65
32,5 %
13 %
Administrar Melhor sua própria Empresa
61
30,5 %
12,2 %
Interesse em Áreas Específicas da Administração
52
26 %
10,4 %
Há Bom Mercado de Trabalho para Administração
51
25,5 %
10,2 %
Influência Familiar
10
5%
2%
Não gosta de outras áreas / indecisão
5
2,5 %
1%
Outros
5
2,5 %
1%
TOTAL DE RESPONDENTES
200
100%
TOTAL DE RESPOSTAS
500
Média de Respostas por Respondente
Fonte: Questionário de Pesquisa
100%
2,5
As respostas estão bem distribuídas. A opção com maior percentual (21%)
“Desenvolvimento e Crescimento Profissional”, na mesma tendência verificada na pergunta
anterior. As três respostas mais citadas, na ordem, foram: “Desenvolvimento e Realização
Profissional”, “Adquirir Visão Empreendedora” e “Ter Conhecimento sobre Diversas Áreas”,
recebendo mais de 50 % do total das respostas. Quase 53 % dos alunos destacaram:
“Desenvolvimento e Crescimento Profissional”.
8
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3. Quais são os Principais Aspectos Favoráveis do Curso de Administração?
Quais são os Principais Aspectos Favoráveis do Curso de Quant.
Administração?
Citadas
Freq.
Alunos
Freq.
Respostas
Dá uma Visão de Outras Áreas do Conhecimento
95
47,5 %
18,8 %
Dá uma Visão Crítica da Realidade
92
46 %
18,2 %
Amplas Opções de Emprego
79
39,5 %
15,5 %
Prepara para Trabalhar nas Empresas
73
36,5 %
14,5 %
Dá uma Visão Geral da Administração
66
33 %
13,1 %
Está em Constante Atualização
42
21 %
8,3 %
É Bem Estruturado / Bom Programa Curricular
18
9%
3,6 %
Professores Comprometidos / Motivados
17
8,5 %
3,4 %
Bom Nível dos Professores
14
7%
2,8 %
Metodologia de Ensino Adequada
5
2,5 %
1%
Conhecer Outros Alunos Criativos e Capazes
2
1%
0,4 %
Outros
2
1%
0,4 %
TOTAL DE RESPONDENTES
200
100%
TOTAL DE RESPOSTAS
505
Média de respostas por respondente
Fonte: Questionário de Pesquisa
100%
2,525
Cerca de 37 % das respostas apontam a Visão Crítica da Realidade e de Outras Áreas
do Conhecimento como aspectos favoráveis do curso. Posteriormente, 30 % em preparar para
trabalhar e ampliar opções de emprego nas empresas. Apenas 6,2 % destacam como favorável
o compromisso e o bom nível dos professores.
4. Quais são os Principais Aspectos Desfavoráveis do Curso de Administração?
Quais são os Principais Aspectos Desfavoráveis do Curso de Quant.
Administração?
Citadas
Freq.
Alunos
Freq.
Respostas
Excesso de Teoria / Pouca Prática
96
48 %
23,5 %
Falta de Maior Intercâmbio Universidade / Empresa
81
40,5 %
19,9 %
Falta de Compromisso / Motivação dos Alunos
59
29,5 %
14,5 %
Disciplinas Semelhantes entre Si
47
23,5 %
11,5 %
Despreparo de Alguns Professores
25
12,5 %
6,1 %
Disciplinas Fora da Realidade do Mercado
24
12 %
5,9 %
Amplo Demais / Não Permite Aprofundar Conteúdo
22
11 %
5,4 %
Falta de Atualização do Currículo do Curso
11
5,5 %
2,7 %
Restrições dos Professores ao Pensamento dos Alunos
11
5,5 %
2,7 %
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Infra-Estrutura Inadequada
8
4%
2%
Não respondeu / Não há aspectos desfavoráveis
6
3%
1,5 %
Outros
6
3%
1,5 %
Os professores Doutores não Lecionam
5
2,5 %
1,2 %
Metodologia de Ensino Ultrapassada
4
2%
1%
Falta de Compromisso / Motivação dos Professores
3
1,5 %
0,7 %
TOTAL DE RESPONDENTES
200
100%
TOTAL DE RESPOSTAS
408
Média de Respostas por Respondente
Fonte: Questionário de Pesquisa
100%
2,04
O item “Excesso de Teoria / Pouca Prática” foi apontado por 48 % dos alunos como
aspecto desfavorável e juntamente com “Falta de Maior Intercâmbio Universidade /
Empresas”, receberam quase 44 % das respostas como desfavoráveis ao curso. Outro aspecto
que merece destaque é “Falta de Compromisso / Motivação dos alunos”, citado por 29,5% dos
alunos. Os principais aspectos desfavoráveis são referentes à própria estrutura educacional do
curso. Cerca de 10,7 % das respostas foram apontados como desfavoráveis nos itens
diretamente relacionados aos professores.
5. Contribua com Três Idéias para Melhorar o Curso
Nesta questão aberta pedia-se aos respondentes que contribuíssem com até três idéias
para melhorar o curso. Analisando as idéias citadas verificou-se uma tendência em reforçar os
aspectos desfavoráveis abordados na questão anterior, sugestões para resolução destes
aspectos ou ainda novas críticas em relação ao curso.
O percentual dos alunos que contribuíram com alguma idéia foi de 72%, ou seja, 144
alunos contribuíram com pelo menos uma idéia e 56 alunos não responderam essa questão.
Destes 144 alunos, 38 contribuíram com apenas uma idéia, 53 contribuíram com duas idéias e
53 contribuíram com três idéias. No máximo, seriam obtidas 600 respostas, mas verificou-se
que foram obtidas 303 respostas, ou seja, pouco mais 50%, o que é considerada uma média
baixa, apenas 1,5 respostas por aluno.
Entre as sugestões mais citadas estão: “Mais aulas práticas”, citada por 72 alunos
(36%); “Maior intercâmbio entre faculdade e empresas”, citada por 24 alunos (12%); “Mais
palestras com administradores”, com 14 citações (7%); “Motivar mais os alunos” e “Capacitar
melhor os professores”, ambas com 13 citações (6,5%); “Mais visitas técnicas”, com 12
citações (7%); “Diminuir o número de disciplinas semelhantes entre si” e “Disciplinas mais
de acordo coma realidade do mercado”, ambas com 10 citações (5%).
III. Perguntas Classificativas
Inicia-se a terceira parte do questionário referente às perguntas quantitativas, na qual o
respondente classifica ou avalia o curso, os professores, os alunos, bem como, a si próprio. O
respondente tem as seguintes opções: Ótimo (para notas maiores que 9 até 10); Bom (para
notas maiores que 8 até 9); Regular (para notas maiores que 7 até 8); Ruim (para notas
maiores que 6 até 7); e Péssimo (para nota menor que 6).
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1. Com que Nota Você Classificaria o Curso?
Cerca de 88 % dos alunos consideram o curso Bom e Ótimo.
2. Com que Nota Você Classificaria os Professores?
Cerca de 85 % dos alunos consideram os professores do curso Bom e Ótimo.
3. Com que Nota Você Classificaria os Alunos do Curso?
A maioria dos respondentes (53,5%) avalia os alunos do curso como “Regular”. Cerca
de 62,5 %, como “Regular” / “Ruim” e apenas 37,5 % como “Bom” / “Ótimo”.
4. Com que Nota Você Classificaria a Si Próprio?
Destaca-se o fato de nenhum dos respondentes avaliarem-se como “Ruim” ou
“Péssimo” e apenas 8,5 % avaliaram-se como “Ótimo”. A maioria dos respondentes (65%)
avalia a si próprio como “Bom” e 26,5 %, como “Regular”. O resultado da pesquisa
demonstra que os respondentes são bastantes críticos em relação aos colegas de curso e
generosos em relação à própria avaliação, demonstrando falta de autocrítica e dificuldade em
reconhecer e avaliar os outros alunos como melhores que si próprios.
6. Considerações Finais
O estudo sobre a percepção dos alunos de Administração possibilitou, através da
pesquisa e análise dos seus resultados, o alcance dos objetivos e a confirmação das hipóteses
enunciadas.
A pesquisa bibliográfica possibilitou um maior esclarecimento referente à percepção,
um processo que se realiza consciente e inconscientemente a todo instante no dia a dia,
extremamente importante na formação de conhecimento e opinião, pois, freqüentemente se
recebe informações dos sentidos, confrontando-as com as informações já armazenadas no
cérebro, onde ocorre a integração, organização e interpretação dessas informações sensoriais
de forma significativa.
O resultado da análise dos dados coletados demonstrou, de forma geral, que os alunos
do curso de Administração percebem o bom nível do curso e dos professores. A análise
também demonstrou que os alunos percebem seu papel e importância para o desenvolvimento
do curso, demonstrando um bom nível de envolvimento e comprometimento tanto com o
curso quanto com a pesquisa realizada, fato percebido pelo interesse demonstrado pelos
mesmos durante a aplicação dos questionários de pesquisa, inclusive com o surgimento de
sugestões e debates momentâneos com os professores a respeito da importância dos resultados
da pesquisa para a melhoria do curso. Porém, agem de forma contraditória quando em suas
idéias para melhoria do curso, na maioria das vezes, referem-se à estrutura acadêmica e aos
professores, ou seja, demonstrando falta de reconhecimento que os alunos também têm
responsabilidade na melhoria do curso.
O curso de Administração é predominantemente composto por alunos jovens de até 25
anos (65 %) com pequena maioria (3%) do gênero feminino. Havia também uma presença
razoável de alunos com mais de 40 anos (5%). Como havia uma forte presença de alunos do
turno noturno no curso, detectou-se cerca de 75,5 % dos alunos trabalhando. Somente 13,5 %
dos alunos têm renda familiar acima de 19 salários mínimos.
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Mais de 85 % dos alunos percebem o curso de Administração e o nível dos professores
como bom e ótimo, porém consideram que cerca de 62,5 % dos alunos do curso com nível
regular e ruim. Ao mesmo tempo se percebem com bom nível em 65 % dos casos, ninguém se
avaliou com nível ruim ou péssimo e poucos (8,5 %) como ótimo. Enquanto os alunos
percebem a maioria dos colegas em situação ruim e péssima, eles se percebem de regular a
bom no curso de Administração.
Mais da metade dos alunos apontou o “Desenvolvimento e Crescimento Profissional”
como o principal motivo para cursar nível superior ou curso de Administração,
coincidentemente. A influência familiar ocorreu entre 5 e 7 % dos alunos. Cerca de 26 %
focaram os aspectos financeiros. E 30,5 % dos alunos planejam administrar a própria
empresa.
Em relação aos aspectos favoráveis ao curso de Administração percebidos pelos
alunos, houve 58,4 % das respostas relacionadas ao conteúdo adquirido, porém, 43,4 %
responderam ao excesso de teoria e pouca aplicabilidade em relação aos aspectos
desfavoráveis. Enquanto 30 % responderam mais preparados para o mercado de trabalho
como aspecto favorável, 5,9 % consideram as disciplinas do curso de Administração fora da
realidade do mercado no aspecto desfavorável. Enquanto apenas 6,2 % das respostas
apontaram o nível dos professores como aspecto favorável ao curso de Administração, 11, 7
% apontaram as atitudes dos professores como aspecto desfavorável.
Os alunos apontaram as seguintes sugestões para o curso de Administração, na ordem:
mais aulas práticas, maior intercâmbio entre faculdade e empresas, mais palestras com
administradores, motivar mais os alunos, capacitar melhor os professores, mais visitas
técnicas, diminuir o número de disciplinas semelhantes entre si e disciplinas mais de acordo
coma realidade do mercado.
A concepção da instituição de ensino superior pesquisada, conforme Dreze e
Debelle (1983), tende à idealista cuja ênfase é o ensino, como Centro de Educação. Foi nesta
concepção que os pesquisados se perceberam. O modelo que trata da organização e
administração da instituição de ensino é próxima do Modelo Colegiado, onde a comunidade professores, estudantes e administradores – é a base da organização. Daí a importância da
percepção dos alunos.
Muita rica seria também identificar a percepção dos docentes em relação a si
mesmo, ao curso, aos discentes e aos docentes. As percepção dos docentes e discentes
produziriam diversas informações que orientariam as ações estratégicas no Modelo Colegiado
e na concepção idealista restrita ao ensino.
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