A Amazônia agora tem seu próprio bacalhau
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Postado em: 11/02/2012 00:00:00
Fonte: O Eco
Editoria: Geral
A Amazônia agora tem seu próprio
bacalhau
Maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu chama a atenção não só pelo porte, que pode chegar a três
metros de comprimento e pesar até 250 quilos, como também pelo sabor capaz de agradar os mais apurados
paladares, sendo considerado uma iguaria à semelhança do bacalhau da Noruega. A partir deste ano, através da
iniciativa do Governo do Amazonas e do Grupo Pão de Açúcar, a carne do pirarucu chegará à mesa dos
brasileiros com o status de bacalhau.
O bacalhau não é exatamente uma espécie de peixe. Para ser considerado como tal, o animal precisa passar
pelos processos de salga e cura adequados, onde é retirada em média 50% da sua umidade. Atualmente, cinco
espécies passam por esse processo ─ Bacalhau Legítimo (o mais nobre), Bacalhau do pacífico, Saithe, Ling e
Zarbo ─ sendo todas provenientes de águas profundas e geladas.
O pirarucu é o primeiro bacalhau com origem tropical. Na região Norte, o peixe já passava por processos de
salga com a finalidade de conservação. Agora, para atender à demanda do mercado, será feita a salga do
pirarucu ainda fresco.
Para a salga, o Estado do Amazonas e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) investiram R$ 1,5 milhão
para montar uma fábrica dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM). Batizada de
Agroindústria de Maraã, a fábrica é a primeira indústria de bacalhau da América do Sul e funciona desde agosto
de 2011. Sua produção é tida como melhor exemplo de alternativa para desenvolvimento sustentável, pois gera
emprego para 80 operários locais e recebe peixes de exatos 1.001 pescadores, que têm participação nos lucros.
Se considerarmos que há oito mil habitantes em Mamirauá, o número torna-se extremamente significativo, tanto
no retorno econômico quanto no social, uma vez que o projeto das indústrias de salga inclui a instalação de
creches para as funcionárias e pescadores que tiverem filhos, assim como a construção de áreas de lazer. Além
disso, o manejo participativo do pirarucu aumenta em 425% o estoque natural da espécie na Reserva Mamirauá.
Mamirauá não foi escolhida ao acaso. A Reserva é a maior produtora brasileira de pirarucu na modalidade de
manejo sustentável, e em sua área de 1,1 milhão de hectares encontra-se o maior sistema do mundo de
despesca de um peixe.
Este ano também será inaugurada outra indústria como a de Maraã, em parceria com a Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa). A nova unidade será no município de Fonte Boa, também dentro da Reserva,
e a capacidade de processamento das duas fábricas será de cinco mil toneladas de peixe.
Fazem parte do sucesso da cadeia produtiva do Bacalhau da Amazônia o trabalho de conscientização dos
pescadores para que haja o manejo correto e as garantias de compra do produto pelo governo do Amazonas e
da distribuição exclusiva do produto nas regiões Sul e Sudeste do país pelo Grupo Pão de Açúcar. A Secretaria
de Estado de Produção Rural subiu o pagamento do quilo de pirarucu de R$ 3,50 para R$ 5,50, e o lucro da
venda do governo para o grupo varejista é integralmente revertido para Mamirauá.
http://www.ruralcentro.com.br/noticias/53627/a-amazonia-agora-tem-seu-proprio-bacalhau
11/2/2012
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