Jornal do Commercio - PE 23/08/2015 - 08:17 Pinga-fogo Pelo Hub é fácil. E a saúde? A crise é tão intensa que é fácil se perder em discussões e noticiário de investigações policiais. Talvez por isso uma proposta interessante da bancada de oposição ao governo Paulo Câmara (PSB) na Assembleia Legislativa passou um tanto despercebida. Trocando o tom acusatório por outro, propositivo, a oposição propôs um Pacto pela Saúde. É ao menos uma ideia para um problema que já ficou grave. É preciso dizer que ainda não tocamos o fundo do poço. A crise ainda vai piorar e os hospitais e UPAs visivelmente já têm problemas com medicamentos, insumos, suspensão de procedimentos e salários de terceirizados. É um problema complexo. O dinheiro da saúde é parte estadual e parte federal, o que poderia fazer do debate só uma troca de farpas e acusações entre a bancada de Paulo e a do PT e PTB, base do governo Dilma Rousseff. Diante do impasse, a oposição sugeriu um pacto entre parlamentares da bancada federal, do Senado e entidades do setor, todos à disposição do governo Paulo Câmara, para uma busca conjunta de alternativas para a saúde. Vale lembrar, Paulo mobilizou a sociedade e fez campanha de divulgação para atrair o Hub da TAM. Mas a escolha será da empresa, técnica, e toda essa agitação não faz diferença. Qual seria, então, o mal em juntar a sociedade para discutir a saúde, um problema que pipoca e exige respostas do setor público? Por isso a provocação foi inteligente. Falta saber a resposta. O foco do debate é o custeio A qualidade do serviço na saúde aumentou no governo Eduardo Campos (PSB). Mas a crise trouxe piora rápida. Líder da oposição, o deputado Silvio Costa Filho (PTB, na foto) diz que o principal debate atualmente é o custeio. Pois é caro ter UPAs e hospitais com Organizações Sociais. Há R$ 34 milhões em débitos de 2014 e R$ 38 milhões do primeiro semestre. Secretário com... O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, esta semana, vai assumir o cargo de diretor adjunto de Relações Institucionais e Parlamentares do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. ... cargo nacional Ele diz que o conselho vai monitorar pautas legislativas que ferem a autonomia municipal e geram impacto financeiro e administrativo nos municípios, que estão no limite da capacidade de investimento. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Diario Político Pacto Sílvio Costa Filho estranha que o governo não tenha feito qualquer sinalização para a proposta feita por ele de um pacto pela saúde, endossada por diversos colegas: “Até agora só temos o silêncio como resposta”. É, governo não costuma dar colher de chá à oposição. Jornal do Commercio - PE 23/08/2015 - 08:17 Implante dentário faz bodas de ouro ODONTOLOGIA Além de devolver o sorriso eaautoestima, procedimento faz pessoas retomarem a boa mastigação e fala. Porém, não está disponível na rede pública de saúde Para a fatia de brasileiros sem dente algum, formada por 16 milhões de pessoas, o implante dentário pode ser uma solução definitiva, segura e eficaz. Capaz de devolver sorrisos e autoestima, além de melhorar a mastigação e a fala.A questão é que esse procedimento, que completa 50 anos neste ano no mundo, ainda é acessível a poucos. Nas redes municipal e estadual de saúde, o implante dentário não aparece na lista dos tratamentos odontológicos gratuitos, nem mesmo nos Centros de Especialidades Odontológicas, que só oferecem próteses. Para ser beneficiada com esse procedimento, a maioria da população recorre às clínicas privadas. É uma realidade apresentada pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que visitou cerca de 80 mil domicílios, em 1,6 mil municípios de todo o País. Divulgado recentemente, o levantamento mostrou que 74,3% das pessoas que procuram um atendimento odontológico, incluindo implantes e outros procedimentos, recorrem a consultórios particulares. É o caso da costureira Francisca Medeiros, 57 anos, que perdeu os dentes há mais de duas décadas quando escorregou em casa no piso molhado da cozinha. Para ter de volta o sorriso, ela juntou dinheiro por vários anos e procurou, no ano passado, um dentista da rede privada. “Passei muito tempo usando dentadura na parte inferior da boca, mas era incômoda; machucava demais. E eu me sentia insegura porque tinha medo que a prótese caísse no meio da rua ou enquanto dançava no teatro”, conta Francisca, que também é bailarina. “É muito elegante ter os dentes de volta. Não fico mais envergonhada para rir, como, durmo e falo melhor. Agora, estou economizando para colocar uma prótese fixa na parte superior da boca, já que não tenho mais como desembolsar para fazer novos implantes.” O implante dentário é um cilindro (pino) de titânio colocado dentro do osso, abaixo da gengiva, que executa a função da raiz do dente. Em cima do implante é que o cirurgiãodentista coloca uma coroa dentária. “Graças aos avanços da odontologia, há casos em que o paciente coloca o pino e, logo em seguida, o dente. É o que chamamos de carga imediata. Nem todo mundo é candidato a esse procedimento”, explica o professor Fernando Tavares, do Departamento de Prótese e Cirurgia Bucomaxilofacial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele também coordena o projeto Implante o Seu Sorriso, ligado ao Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da universidade. “Oferecemos gratuitamente atendimento a pessoas com mais de 60 anos desdentadas totais da arcada dentária inferior e que não têm condições financeiras de pagar por um implante”, diz Fernando. Todo o procedimento é feito no Instituto Tavares Vieira, que fica no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife. Atualmente, o projeto está com vagas para atender idosos que desejem recuperar não apenas a estética facial, mas também o convívio social, o sorriso, a função mastigatória e a comunicação através do implante. Basta entrar em contato com o NAI pelo telefone (2126-7366) e agendar a triagem. AVANÇOS O dentista Kleber Lacet, da Odontocape, explica que os implantes dentários são seguros e eficazes, desde que indicados corretamente. “O risco de o procedimento dar errado é pequeno, pois fazemos um planejamento pré-cirúrgico bastante criterioso, o que inclui uma análise de cada paciente e a solicitação de exames de imagem”, diz Kleber. Além disso, ele informa que atualmente é possível confeccionar o dente artificial de porcelana, que é colocado sobre o pino, em 90 minutos. “Isso é possível graças a uma máquina alemã em que o protético faz o desenho do dente de acordo com os padrões de cada paciente”, conclui Kleber. Jornal do Commercio - PE 23/08/2015 - 08:17 Um toque de carinho de mãos estrangeiras MAIS MÉDICOS Programa federal completa 2 anos apostando num atendimento mais atencioso aos pacientes Um dos segredos para o sucesso do Programa Mais Médicos em Pernambuco bem que poderia ser resumido numa palavra em espanhol: “cariño”. Quem explica, em português simples e direto, é a dona de casa Priscila Maria da Silva, 29 anos, moradora da comunidade Bola na Rede, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife: “O trabalho dela é muito bom. Ela demonstra ter carinho pela pessoa. Se fosse para trocar, eu não queria.” A conversa com a reportagem ocorreu enquanto Priscila aguardava uma consulta com a doutora Maria Cristina de Sierra Neves, médica espanhola que, há um ano e nove meses, atende de segunda a quintafeira, pela manhã e à tarde, no Posto de Saúde da Família (PSF) da comunidade. Falante e visivelmente entusiasmada pelo trabalho, doutora Cristina se sente em casa. A barreira da língua já não atrapalha mais. “Só um ou outro paciente ainda precisa da gente para traduzir o que ela fala”, confirma a agente de saú- de Cláudia Leite. A comunicação, como bem disse a dona de casa, se dá pelo que as palavras nem sempre dão conta. “Ela olha pra gente. Vê o paciente.” É essa forma carinhosa de atender à população, em sua maioria carente, que tem feito a diferença na relação entre médicos e comunidade. “Elas trabalham com amor, com zelo. Estão realmente preocupadas com o paciente. Fazem uma investigação profunda, conversam sem pressa”, diz a agente de saúde Irene Aniceto de Souza, referindo-se às médicas cubanas Nuria Julia Tamayo Vicente e Neida Izabel Fernandes Gonzalez, que atendem no posto de saúde do bairro de Santo Aleixo, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A relação mais próxima com o paciente soa muito natural para a doutora Nuria Julia. “Estamos acostumados a tratar com o povo. Precisamos saber ouvir, dar atenção é tão importante quanto o diagnóstico. Não há comprimido ou tratamento mágico, tem que ser um acompanhamento integral”, ensina a médica, ao final de mais um dia de trabalho, encerrado após 27 consultas. O sentimento de cuidado tão ressaltado por pacientes e profissionais de saú- de em Pernambuco é uma percepção nacional. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais em 699 municípios brasileiros revelou que 87% dos entrevistados disseram que a atenção do médico durante a consulta melhorou depois da criação do programa. Comparando com o período anterior à chegada do Mais Médicos, 82% apontaram que as consultas passaram a resolver de uma forma melhor os seus problemas de saúde e 81% acreditam que o profissional conhece mais os problemas de saúde do que os médicos anteriores. Na média, a população deu nota 9 ao programa. Foram ouvidas 14 mil pessoas entre novembro e dezembro de 2014. Implantado em meio a muitas polêmicas e resistências, o programa completou dois anos em julho passado. Em Pernambuco, são 973 profissionais do Mais Médicos atuando em 157 municípios e um distrito sanitário especial indígena. Cerca de 3,3 milhões de pessoas são beneficiadas no Estado. Estão sendo investidos, de acordo com o Ministério da Saúde, R$ 267,6 milhões na construção, reforma e ampliação de unidades básicas de saúde em Pernambuco. Dados nacionais da Rede Observatório do Programa Mais Médicos (14 instituições, incluindo 11 universidades) mostram que houve aumento de 33% no número de consultas realizadas nos municípios que participam do Mais Médicos, contra apenas 15% observado em cidades que não aderiram à ação. Em todo o País, existem 18.240 médicos atuando pelo Mais Médicos em 4.058 municípios, beneficiando 63 milhões de pessoas. De acordo com o estudo da rede, a quantidade de internações em hospitais apresentou redução, o que aponta para um grau maior da eficiência na atenção básica. Em outras palavras: muitos pacientes conseguiram resolver seus problemas de saúde na unidade básica sem necessidade de ir a um hospital. Nos municípios contemplados, entre 2013 e 2014, o número de internações caiu 4% a mais que nas demais cidades. Esse índice chegou a 8,9% nos municípios em que o Saúde da Família, junto com o Mais Médicos, cobre mais de 36% da população. A expectativa, segundo o Ministério da Saúde, é a de que mais de 91 mil brasileiros deixem de ser internados em 2015. A redução de encaminhamentos desnecessários às grandes unidades hospitalares é, na avaliação da doutora Cristina Sierra, um dos maiores méritos do programa. “Um ponto fundamental do Mais Médicos é garantir o acesso à saú- de perto da comunidade. Isso é fantástico porque permite que a doença seja diagnosticada o quanto antes. Cerca de 80% dos problemas identificados nos pacientes podem ser resolvidos no atendimento primário”, atesta, lembrando que, nesses quase dois anos atuando em Bola na Rede já conseguiu identificar muitos casos de tuberculose, diabetes e hipertensão na comunidade. “Prevenção é a chave”, diz a espanhola, entregando a sua fórmula para fazer tanto sucesso com os pacientes: conhecer muito bem de doença, gostar do trabalho e escutar os pacientes. “Se não escutar não tem como fazer um bom diagnóstico”, ensina. Jornal do Commercio - PE 23/08/2015 - 08:17 Voz do Leitor Frase "Enquanto os hospitais não podem atender os pacientes por falta de material, o governador vai muito bem, obrigado. Já gastou cerca de R$ 270 mil com uísque, vodca, vinho e outras bebidas, segundo denunciou o deputado Edilson Silva.” Eladio Amorim, via comuniQ Laboratório fitoterápico fecha as portas Existia um laboratório de fitoterapia, cujo responsável era o Instituto de Pesquisa Agronômica (IPA) e funcionava no prédio da Perpart, no bairro do Cordeiro. No local havia um projeto distribuição gratuita de remédios fitoterápicos para tratamento de asma, cansaço crônico, gordura no fígado e outras doenças. O projeto tem mais de 20 anos, foi criado pela família Arraes. No entanto, o IPA fechou e não deu satisfação à população. São mais de 5 mil pessoas que dependem desses remédios para fazer tratamento! Segundo funcionários do laboratório, existe o dinheiro em conta para continuar o projeto, no entanto a gestão do IPA nada faz para resolver a situação. Joana Santos, via Facebook Jornal do Commercio - PE 23/08/2015 - 08:17 JC Negócios Como elaborar bons projetos Durante a Hospitalmed, feira de negócios do setor médico hospitalar que acontece no próximo dia 2 de setembro, no Centro de Convenções, a B&R consultoria oferecerá o workshop “Como elaborar projetos para solicitação de financiamento no setor saúde”. A mostra é voltada para estabelecimentos de Saúde Públicos e Privados (hospitais, laboratórios, clínicas e consultórios), lojas de produtos médicos e varejistas, distribuidores, Secretarias de Saúde, entidades de classe e profissionais de saúde. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Amigos reduzem depressão Pesquisadores concluíram que a presença de amigos equilibrados pode reduzir a probabilidade de se desenvolver a doença e duplicar as chances de cura. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 350 milhões de pessoas no planeta sofrem de depressão. “Estimula a amizade entre os adolescentes aumentamos as possibilidades de ter mais equilíbrio”, disse Thomas House, em estudo publicado na Proceedings of the Royal Society B. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Editorial Obesidade no país Vão longe os tempos em que ser gordinho era sinônimo de saúde. Exibir bebês cheinhos, com curvas nas coxas e bochechas salientes, deixou de ser motivo de orgulho para os pais. A barriga protuberante, símbolo de prosperidade, tornou-se sinal verde para doenças cardiovasculares e, claro, fonte de preocupação. Mais do que dedo acusador dos abusos do copo e do garfo, o ponteiro da balança é hoje intimação para bater à porta do médico. O sobrepeso – muito além da vaidade e da aceitação social – é fator de risco para doenças como hipertensão, diabetes e câncer. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo IBGE em parceira com o Ministério da Saúde, levantou dados preocupantes. Mais de 56,9% dos brasileiros com mais de 18 anos têm excesso de peso. Deles, 20,8% são obesos. Por seu lado, 2,5% da população na mesma faixa etária têm deficitl de quilos. Adultos e crianças se movimentam pouco. Máquinas fazem o trabalho antes exclusivo das pessoas. Até o ir às compras tornou-se dispensável. A internet se encarrega de manter o contato de comprador e vendedor sem que um deles se desloque da cadeira ou da poltrona. O simples levantar-se para mudar o canal de televisão virou coisa do passado. Impõe-se reviravolta nos hábitos. Não é tarefa fácil. Mudar implica aprender. Aprender significa mudar. A escola exerce importante papel no processo. Cantinas só devem oferecer alimentos saudáveis. O cultivo de horta feito pelos alunos no ambiente escolar constitui excelente exemplo que se multiplica no âmbito familiar e contagia as gerações futuras. Campanhas educativas podem – e devem – incentivar atividades físicas e alimentação saudável. A tevê também exerce excelente motivação. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Obesidade altera células e favorece câncer de mama A descoberta confirma que o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o carcinoma e pode inspirar tratamentos Pela primeira vez, cientistas detalham como a obesidade pode causar ou agravar o câncer de mama. O trabalho, publicado hoje na revista Science Translational Medicine, descreve o processo celular que leva o tecido rico em gordura a promover o desenvolvimento de tumores. A descoberta confirma que o excesso de peso é um dos principais fatores de risco para o carcinoma que mais mata mulheres no mundo e serve de alerta, principalmente, para aquelas que passaram pela menopausa, condição que aumenta as chances de surgimento da doença. Embora pouco compreendida, a relação entre a obesidade e o câncer de mama já era bem estabelecida pelos médicos. Mulheres que estão acima do peso são um grupo bastante representativo entre as pessoas que sofrem desse tumor e também tendem a apresentar os mais agressivos. Para compreender melhor esse fenômeno, pesquisadores estudaram amostras de tecido adiposo retiradas dos seios de pacientes e observaram como a obesidade influencia diretamente na matriz extracelular das mamas. Foi possível notar que a estrutura que reveste e dá suporte às células havia sofrido um processo chamado fibrose, similar ao que ocorre durante a cicatrização. Se comparadas com o tecido mamário de pacientes de peso saudável, as células de mulheres obesas apresentaram fibras de colágeno mais grossas e endurecidas. A inflamação causada pela obesidade havia deixado o tecido mais rígido, mudando completamente a configuração das células e a maneira como elas se comportam. Esse novo formato seria ideal para o desenvolvimento de cancros. “Os nossos dados mostram que o endurecimento dos tecidos de tumores e dos mamários é similar”, diz Claudia Fischbach, professora da Meinig School of Biomedical Engineering da Cornell University, nos Estados Unidos, e uma dos autores do trabalho. Em testes in vitro, a equipe observou que células pré-cancerosas cultivadas em tecidos adiposos afetados pelo excesso de peso tinham uma tendência maior a desenvolver tumores malignos do que aquelas que cresciam em tecido magro. Isso indica que a obesidade pode não somente promover o surgimento de tumores, como também aumentar a agressividade da doença. “Esse estudo fornece uma importante peça adicional que ajuda a integrar o que sabíamos sobre obesidade e câncer de mama em um cenário unificado”, ressalta Charlotte Kuperwasser, professora de biologia molecular e química na Tufts University School of Medicine e pesquisadora do Molecular Oncology Research Institute, ambos nos Estados Unidos. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Dieta reverte o processo O experimento norte-americano também foi reproduzido em ratos modificados geneticamente para acumular peso ou que apenas receberam uma dieta hipercalórica. Nas células mamárias das cobaias, os cientistas notaram uma concentração incomum de miofibroblastos, componentes que surgem na cicatrização e causam o espessamento do tecido. Quando submetidas a uma dieta, as cobaias tiveram o número de miofibroblastos reduzido no tecido mamário, indicando que o processo de endurecimento pode ser revertido. Os resultados reforçam a antiga recomendação dos médicos de que mulheres com câncer de mama mantenham o peso saudável para combater os tumores, e ainda mostra como uma alimentação equilibrada pode ser uma importante forma de prevenção ao tumor. De acordo com dados do Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer (WCRF), 22% dos casos da doença registrados no Brasil poderiam ser prevenidos com a adoção de bons hábitos alimentares, a redução do consumo de álcool e uma rotina fisicamente ativa. Um estudo realizado recentemente no país indica que obesas e mulheres com sobrepeso têm 2,5 vezes mais chances de desenvolver o câncer de mama. O levantamento com 190 pacientes atendidas em duas clínicas de Salvador mostrou ainda que a proporção de obesas entre as mulheres diagnosticadas com o carcinoma era de 27,9%, mais que o dobro da parcela de pessoas com problema de peso. Diario de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 08:05 Distração compromete saciedade A nutricionista Ana Carolina Icó, do programa de reeducação alimentar Dieta e Saúde, lembra que fome e saciedade não são só questão de barriga cheia ou roncando. Na verdade, quem comanda essas sensações é o cérebro, que se comunica com o estômago por meio de hormônios para saber se é hora de cruzar os talheres ou se o organismo ainda precisa se nutrir um pouco mais. Os estímulos visuais e a mastigação fazem parte desse processo. Folha de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 07:32 Assistência em crise Em tempos de crise, é difícil não sentir o impacto no bolso. São gastos com alimentação, combustível, escola dos filhos, além do fantasma do desemprego a cada previsão negativa na economia. Se essas preocupações andam atemorizando as famílias brasileiras, pior ainda para as instituições filantrópicas, que têm visto seus principais meios de sobrevivência, as doações, ameaçados pela recessão. E para os pacientes que precisam desse atendimento gratuito, o caminho é árduo, já que as estruturas oferecidas pelos municípios têm sofrido cortes e o Veículo do Tratamento Fora do Domicílio (TFD), que faz o transporte do Interior até os hospitais no Recife, reduziu as viagens. E no acompanhamento de seus parentes em tratamento na Capital, mais sofrimento: as casas de apoio também estão enfrentando dificuldades financeiras. De hoje até terça, a Folha de Pernambuco publica a sérieAssistência em crise, com relatos de quem está por trás desse trabalho assistencial. Com histórias de quem precisa desse atendimento e espera por sua doação para continuar tratamentos que os ajude a viver. Folha de Pernambuco - PE 23/08/2015 - 07:32 Para ajudar, precisam ser ajudados O volume de doações de pessoas físicas e de empresas às instituições filantrópicas tem caído drasticamente, chegando a até 50%. O que é arrecadado em bazares e campanhas também não tem sido muito animador. Entretanto, portas adentro das instituições, as necessidades continuam. É gente que encontra no atendimento que recebe a esperança para seguir lutando pela sobrevivência. “Não é fácil ver um filho numa cadeira de rodas”, conta a dona de casa Marilene Gomes, de 41 anos. A descoberta de uma doença neuromuscular aconteceu quando o bebê tinha sete meses, mas o quadro piorou na adolescência. Com o tratamento, ele voltou a andar aos poucos. Hoje com 19 anos, Jônatas está no 9º ano do Ensino Fundamental e sonha em ser advogado. “Eu ainda não me equilibro muito bem, mas sei que vou melhorar. Luto todos os dias para isso”, fala. A pequena Aryane Vitória, 4, também sabe desde cedo o que são as visitas aos médicos. Ela tem osteogênese imperfeita, conhecida popularmente como “ossos de vidro”. “Quem passa por isso sabe do baque que é descobrir essa realidade. A ajuda é essencial sim, não só pelo atendimento em si, mas pelo apoio emocional. É uma mão amiga”, conta a professora Lidiane Cruz, 34, mãe de Aryane. As famílias são atendidas pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Por lá, a crise vem se revelando desde a impossibilidade de mantenedores de honrar os pagamentos às poucas moedas nos 2,5 mil cofrinhos espalhados pelo Estado. “Pode parecer pequena, mas cada doação faz a diferença. Se cada pessoa pudesse contribuir com R$ 15 já ajudaria muito”, declara o gerente de Captação de Recursos da AACD, José Nunes. “No caso dos cofrinhos, acreditamos que a tecnologia, o pagamento por cartões, tem gerado menos trocos em moedas”, lamenta o gestor, citando também o congelamento dos repasses do SUS como uma dificuldade. “Os valores não mudaram, mas os tratamentos e os demais custos aumentaram. Não é barato oferecer uma estrutura para atender, além do paciente, os familiares, 70% deles vindos de longe”, completa Nunes. Já o Núcleo de Apoio à Criança comCâncer (Nacc) estima uma queda entre 40% e 50% por doação. “Muita gente não deixou de dar, mas diminuiu o valor e a frequência. Acredito que a tendência é de que as contribuições passem a se concentrar em datas como o Dia das Crianças e o Natal”, conta a diretora-presidente da instituição, Arli Pedrosa. A estrutura a ser mantida envolve alimentação, transporte e especialistas à disposição de quase 500 pacientes por mês, 90% deles albergados na sede. Tudo gratuito. Uma das que necessitam do apoio é Emilly Emanuela, 4, que segue firme no tratamento contra um tumor maligno que já reapareceu duas vezes em sua face. “A gente que é mãe sofre muito, tem que abandonar tudo para cuidar de um filho doente. A ajuda é importante. Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar”, diz Soledade Coutinho, 32, mãe de Emilly. ALTERNATIVAS As instituições filantrópicas têm buscado alternativas para enfrentar os tempos de vacas magras. Na AACD, as medidas englobam, inclusive, o controle de lâmpadas acesas. Já o Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC), que atua para garantir o direito a um tratamento humanizado aos pacientes do Centro de Onco-hematologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), tem investido em promoções nos bazares que organiza para tentar conter a queda nas captações, que já chega a 20%. “Os doadores das maiores quantias foram os que mais pararam de contribuir, e na crise recente do Oswaldo Cruz, tivemos que assumir linha de frente para não deixar faltar nada. Se a gente não diversificar o meios de arrecadação vai ser muito difícil”, aponta a presidente da instituição, Vera Morais. A gestora lembra que a necessidade de garantir aquilo que o SUS não contempla é permanente. “Pode ter a crise que tiver, mas o tratamento dessas pessoas não pode parar. Elas não podem esperar. Não tem faltado nada, mas não podemos deixar de garantir itens como produtos nutritivos especiais e a assistência até mesmo a quem já está curado. É um trabalho contínuo”, explica a representante do GAC.