POLÍTICA CORREIO DO POVO Lula abre seu voto para Vicentinho Depois de pedir votos à reeleição da prefeita petista de São Paulo, Marta Suplicy, o presidente Lula voltou ontem a participar do processo eleitoral. Ele enviou carta ao deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, do PT, dizendo que em 3 de outubro votará nele para prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, cidade onde mora. Lula chama Vicentinho de “meu irmão” e o autoriza a divulgar a carta em que abre seu voto. “Muitos me pedem, com razão, para não interferir, como presidente da República, nas eleições municipais. Mas, como brasileiro, cidadão e eleitor, quero tornar público o meu voto”, afirma Lula, salientando que Vicentinho preenche todos os requisitos. QUINTA-FEIRA, 23 de setembro de 2004 — 3 PPS e PDT se aliam contra Lula Partidos anunciaram investida comum para enfrentar o 2º turno e pressionar mudanças na economia PPS e o PDT divulgaram ontem comunicado conjunto com críticas à O política econômica do presidente Lula e ex-ministro das Comunicações, ex-líder do governo Lula na Câmara e ex-PDT. “A forra do poder e do dinheiro não pode à atuação do governo na relação com os nunca tomar o lugar do convencimento e partidos políticos. O documento foi da lealdade”, destaca a nota, criticando a anunciado após reunião, em Brasília, relação do Planalto com os aliados. Freire considerou grave a denúncia sobre o atual processo eleitoral e os cenários que se formam para a campanha publicada pela revista Veja desta semapresidencial de 2006. A nota marca o na, que revelou acordo entre o PT e PTB primeiro ato formal de aproximação das em troca de apoio e pagamento em dinheiro. O PTB teria recebido R$ 10 miduas siglas que, segundo seus presi- Roberto Freire dentes, Roberto Freire e Carlos Lupi, estão “em lhões e cargos nas administrações públicas direta fase de namoro”. Porém, eles descartaram a pos- e indireta para apoiar o PT. A nota não cita a desibilidade de fusão no momento. núncia nem a aproximação de Lula com o grupo Os dirigentes garantiram que a idéia é intensi- do senador Antônio Carlos Magalhães, do PFL. ficar alianças no 2º turno e aprofundar ações co- Porém, diz que “a busca da governabilidade e a muns. Um dos principais articuladores da aproxi- celebração de alianças são naturais e legítimas a mação é o deputado federal Miro Teixeira, do PPS, qualquer administração, mas se transformam em Oposição pede punição rigorosa O PT e o PTB são desde ontem alvo de representações na Justiça Eleitoral e no Ministério Público. Em três ações separadas, PFL, PSDB e PDT pediram a apuração do suposto acordo financeiro realizado entre os dois partidos, de R$ 10 milhões a título de apoio eleitoral, conforme a denúncia da revista Veja. Na ação do PSDB, o deputado federal Alberto Goldman, destaca que a revista citou que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, também teriam negociado cargos nos municípios em que os candidatos petebistas foram retirados para favorecer concorrentes do PT. A oposição pede que, se confirmada a denúncia, seja declarada a perda da função pública dos envolvidos, com suspensão de direitos políticos e cassação do registro de candidatos favorecidos. O tesoureiro e diretor executivo do PFL, Saulo Queiroz, levantou suspeita de que a operação tenha sido acertada com recursos do caixa dois. PFL e PDT encaminharam suas representações ao corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral e os tucanos dirigiram-se ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. O presidente do PPS, Roberto Freire, quer levar o assunto ao Congresso. Segundo o presidente do PT, José Genoíno, a denúncia “é mentirosa e partiu de quem se esconde sob o anonimato”. Campinas separa os aliados PT e PL A disputa eleitoral entre o PL e PT, em Campinas, respingou na aliança nacional dos dois partidos. O presidente do PT, José Genoíno, prometeu ontem cobrar do aliado no governo federal ação protocolada no Tribunal Regional Eleitoral do município paulista, pedindo a cassação de registro do candidato petista. “Fizemos acordo político com partidos da base aliada para que houvesse disputa civilizada e de alto nível”, disse Genoíno. A ação foi protocolada dia 19 pela coligação que tem Fernando Quércia, do PL, como candidato a prefeito. Ele faz acusações contra o concorrente do PT. grave equívoco quando é desrespeitado o primado da autonomia partidária e da ética política”. O texto defende mudanças na política econômica e sugere modelo que rompa “com interesses meramente financistas”. Acrescenta que, como ocorreu em 2002, em relação à gestão Fernando Henrique Cardoso, PPS e PDT “condenam a do presidente Lula, que é uma continuidade da anterior e não garante crescimento a médio e longo prazos”. Os dois partidos confirmam aliança no 2º turno. “Queremos abrir debate amplo com a militância e a sociedade, articulando ações políticas em comum”, assinalam. “Temos consciência das convergências e diferenças”, salientam. “De um fato, entretanto, temos certeza: toda a vez que as duas grandes tradições da esquerda brasileira, o socialismo e o trabalhismo, marcharam juntos, o povo e o Brasil ganharam”, assinam Freire e Lupi.