Políticas sociais e seus impactos socioterritorias no alto sertão sergipano –um estudo sob a ótica do atual pnra Nelmires Ferreira da Silva 1 [email protected] Modalidade do Trabalho: Resultados de investigação Eixo temático: Política Sócias e Desenvolvimento no Contexto Neoliberal e os desafios para o Trabalho Social. Palavras-chave: política social, socioterritorial, cidadania, denvolvimento rural, território. 1-Introdução Face à dinâmica no cotidiano rural, pode-se perceber nas duas últimas décadas do século XX importantes metamorfoses no espaço agrário brasileiro, particularmente no que se refere à forte presença de mudanças paradigmáticas para o desenvolvimento rural. Observa-se, uma tentativa de redesenhar as políticas sociais para o campo sob um novo viés de gestão alicerçado num planejamento estratégico de desenvolvimento territorial sustentável. Nesta direção, foi elaborado o II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), apresentado na Conferência da Terra em Brasília/2003. Dentre outras medidas, trata-se de um plano que integra o Programa de Governo e traduz-se num projeto de desenvolvimento para o Brasil Rural. Propõe reconhecer os diversos segmentos sociais, prevendo ações de promoção da igualdade de gênero, garantia dos direitos das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, ribeirinhos, atingidas por barragens e grandes obras de infra-estrutura. Partindo deste breve esboço sobre a atual proposta de política social para o meio rural, este estudo traçou como objetivo investigar alguns sinalizações direcionados para os processos da gestão de políticas sociais e seus impactos socioterritorias rural no Alto Sertão Sergipano a partir da operacionalização da proposta do II PNRA. Em tese este plano apregoa uma visão ampliada de que o campo não é apenas lugar de produção, mas também, de qualidade de vida e cidadania. Alicerçada neste discurso, as políticas sociais para o campo passam a serem pensadas através de um 1 Profª Doutoranda em Serviço Social pela [email protected] (apresentadora do trabalho) e SILVA, Aline, F. Mestranda em Sociologia pela UFS. BRASIL. Ponencia presentada en el XIX Seminario Latinoamericano de Escuelas de Trabajo Social. El Trabajo Social en la coyuntura latinoamericana: desafíos para su formación, articulación y acción profesional. Universidad Católica Santiago de Guayaquil. Guayaquil, Ecuador. 4-8 de octubre 2009. 1 planejamento territorial estratégico de geração de trabalho, renda, produção de alimentos e acesso aos direitos universais, cuja eixo se traduz na redução da pobreza no campo. Assim, este estudo se apoiará numa abordagem teórico-metodológica compreendida na sistemática histórico-dialética dentro do movimento das particularidades locais. Adotou-se como estratégia de pesquisa ouvir os elaboradores e gestores deste planejamento visando investigar o seu processo de implantação no Território do Alto Sertão Sergipano nestes últimos três anos. Também utilizamos de uma rica bibliográfica sobre as categorias território, territorialidade e sustentabilidade, associada a documentos informativos e periódicos. Nesse processo investigativo foi possível apresentar alguns indicadores de como estas propostas de gestão do conjunto de ações socioterritoriais vem se efetivando no espaço agrário sergipano, sob a ótica do novo redesenho do Plano de Base Local-Territorial de Reforma Agrária. A natureza desta pesquisa possibilitou trazer à tona novos elementos que embora incipiente, poderão contribuir com o processo de formatação da lógica de fortalecimento dos sujeitos coletivos mediante a apropriação do espaço com qualidade de vida e cidadania para o meio rural. As sinalizações podem fomentar novas estratégias de enfrentamento a pobreza no meio rural além de possibilitar uma nova direção a política de Reforma Agrária Brasileira. Nesta direção situamos algumas abordagens sobre as categorias a serem discutidas, uma reflexão conjuntural seguida de informações coletadas durante o processo investigativo. Assim, para fins didáticos este texto encontra-se sistematizado a partir da introdução, seguida do corpo de desenvolvimento que traz concepções da categoria território e territorialidade, a incorporação de um novo paradigma de desenvolvimento apresentando alguns resultados das experiências locais e suas considerações. 2-o Torritório e territorialidade nas políticas públicas O cenário no meio rural do Brasil começou a apresentar algumas mudanças, principalmente ao longo da década de 1990, devido a um conjunto de acontecimentos mais ou menos articulados, que colocou no centro do debate a importância sociopolítica da agricultura familiar na dinâmica do desenvolvimento do país: agravamento da crise econômica, desemprego; aprofundamento político dos movimentos sociais e sindical no 2 campo; ampliação do número de estudos relativos à unidade familiar de produção agrícola e, finalmente, a implantação de um programa de política agrícola diferenciado para as distintas categorias de agricultores familiares, assentados de reforma agrária, indígenas e quilombolas (Schneider, 2005). O novo modelo de reforma agrária vai para além da intervenção fundiária ao desenvolvimento territorial. Sintonizada com a Constituição/88, situa-se sob base territorial de desenvolvimento e na ótica dos novos instrumentos de gestão social. Assim, conselhos (Conselhos Municipais de Desenvolvimento Regional Sustentáveis), fóruns, seminário de colegiados desenvolvimento territorial, encontros nacionais, estaduais e municipais de base municipais e territoriais, dentre outros espaços que vêm sendo criados para elaboração e discussão de políticas públicas e sociais, com ações direcionadas ao etnodesenvolvimento no meio rural (II PNRA,2003). No contexto de inserção de novas formas de se pensar as políticas públicas, o processo de universalização e abrangência dos diversos segmentos sociais passou a ser prioritários, levando em consideração estratégias de abrangência e focalização de necessidades. A concepção de políticas públicas passa a ser construída como “bem comum”, dentro da perspectiva descentralizada, democrática, territorialista, centrando-se no potencial humano e local, através de iniciativas inovadoras, que articulem diferentes atores e organizações em redes sinérgicas capazes de convergir para um pacto social, cuja protagonista - Estado, setor produtivo e sociedade civil – terão que redefinir seus papéis para construir estratégias que atinjam a cidadania ( Singer,2000). Os anos 1990 foram marcados pela notável volta dos temas de natureza territorial nas Ciências Sociais e nas organizações internacionais de desenvolvimento. As referências básicas dessa retomada não foram tanto às teorias da localização baseadas na oferta e na mobilidade de certos fatores produtivos, e sim as externalidades positivas que, paradoxalmente, as aglomerações eram capazes de produzir e que já tinham sido localizadas, desde o final do século XIX, por Alfred Marshall. O que caracterizava os distritos industriais, segundo Marshall, não era simplesmente a aglomeração de setores economicamente correlatos, mas, sobretudo, um fator intangível, certa “atmosfera” industrial que se materializava em três “economias externas”: a difusão dos conhecimentos, das técnicas e da tecnologia, o desenvolvimento de 3 máquinas de produção especializadas e a criação de um importante mercado local de empregos (OCDE, 2001a, p. 17). O tema ficou na sombra do início dos anos 1920 (com a publicação dos últimos trabalhos de Marshall) até a descoberta pioneira dos distritos industriais italianos já nos anos 1970, que imprimiu interessante coloração sociológica a essas realidades produtivas, destacando o papel da confiança, do interconhecimento e da interação social entre os indivíduos na formação de um ambiente em que se operava a “construção social do mercado” (Bagnasco e Trigilia, 1993). Desde então, e, sobretudo durante a última década, é crescente a preocupação dos economistas com a dimensão espacial do crescimento econômico. Expressão desse movimento intelectual, a OCDE cria, em 1994, uma “divisão de desenvolvimento territorial” e passa a editar, a partir de 2001, uma publicação anual periódica, “As perspectivas territoriais da OCDE”. “cada território dispõe de um capital específico, o ‘capital territorial ’, distinto daquele de outros territórios...” (OCDE, 2001b, p. 15). Inspirado na idéia de “desenvolvimento territorial”, Veiga propôs nova definição do meio rural, com base em critérios territoriais e não setoriais (Veiga et al., 2001; Veiga, 2002). Os territórios não são definidos pela objetividade dos fatores de que dispõem, mas, antes de tudo, pela maneira como se organizam. Esses vínculos sociais nem sempre se traduzem em formas de organização e resultados virtuosos: a proximidade pode ser importante para a inovação – como ocorre, por exemplo, nas redes subjacentes ao sucesso econômico do Vale do Silício (Castilla et al.,2001) – mas ela é, com imensa freqüência, também, a base do provincianismo e das formas rotineiras de interação que bloqueiam as inovações tecnológicas e organizacionais (Amin e Cohendet,1999). Ainda assim, é importante reconhecer novas formas de organização produtiva no mundo contemporâneo e os novos desafios que colocam à intervenção do Estado. No sentido socioantropológico, Di Meo(1995), é “o ambiente de vida, de ação e de pensamento de uma comunidade, associado à processos de construção de identidade”. Para Abramovay (1998), “ um território representa uma trama de relações com raízes históricas, configurações políticas e identidades que desempenham um papel ainda pouco conhecido no próprio desenvolvimento econômico”. Chia, citado por Cirad-Sar (1996), 4 define território como um “espaço geográfico construído socialmente, marcado culturalmente e delimitado institucionalmente”. Em meio a esta lógica, nasce como proposta alternativa às novas expressões da questão social o paradigma do Desenvolvimento Territorial Sustentável, fundamentado na obtenção de desenvolvimentos locais, nacionais e internacionais que integram objetivos econômicos, sociais e ambientais (Gómez, 2005). Incorporando esta visão, o Plano Nacional de Reforma Agrária representa uma inovação em relação ao modelo de reforma agrária implementado nos últimos anos ao se orientar para fazer dos assentamentos espaços de produção e qualidade de vida integrados ao desenvolvimento territorial.” Foi a partir do II PNRA que a criação e o desenvolvimento dos novos assentamentos passaram a se orientar por um projeto regional produtivo associado a um plano de desenvolvimento territorial, definido conjuntamente com os beneficiários e acompanhado pela assistência técnica. Trata-se de planejar o processo de desenvolvimento com base em recortes territoriais. Entretanto, até hoje, a articulação entre políticas setoriais e território no Brasil consistise fundamentalmente em distribuir incentivos e conceder isenções como formas de estímulo à localização produtiva em regiões deprimidas com base numa decisão do Estado e na execução e controle de suas agências regionais. As superintendências, os bancos regionais e os fundos constitucionais respondem a essa lógica redistributiva própria a um período histórico de construção do Estado, cuja exaustão se revela nas idéias atuais de governança, de parceria público-privado e de Estado em rede. A dupla deficiência das políticas territoriais brasileiras – a ausência de uma institucionalidade voltada à articulação localizada de atores diversos e a dissociação entre políticas de desenvolvimento e a mobilização de recursos locais – que se opõem, ambas, à territorialização do processo de desenvolvimento de regiões interioranas no Brasil e formula propostas no sentido de sua superação. Sua idéia central é que o país necessita de organizações intermediárias, além dos limites municipais, mas aquém dos próprios Estados, que possam corporificar a construção conjunta de projetos estratégicos, ao alcance da participação real dos grupos sociais neles interessados. Tais projetos serão à base de uma nova relação entre atores locais e o Estado, a partir de contratos de desenvolvimento e não mais em transferências controladas de recursos. 5 No decorrer dos anos 1970/1980 o aprofundamento da crise econômica e social acabaram por constituir um terreno fértil para a revisão do processo de desenvolvimento em curso (Correia, 2006). Atrelado a isso, o despertar do movimento democrático, com a ação dos movimentos sociais e de instituições variadas (FAO, INCRA), trouxeram para o debate algumas preocupações, ainda que embrionárias, de reelaboração de uma nova política agrícola para o campo. Assim nos contexto dos fins do séculos XX e início do XXI, o II Plano Nacional de Reforma Agrária Brasileira, alicerça no viés o inovador modelo de Desenvolvimento, agora, Territorial e Sustentável, é orientado pelos princípios democráticos da participação social. Os sujeitos coletivos passam a serem chamados ao protagonismo, a construir sua própria história, a resgatar a valorização de sua identidade, de sua cultura local, a promover a sinergia no seu território. 3-O alto sertão sergipano em processo de territorialidade Na concepção do II PNRA é possível visualizar que nasce no Brasil, após décadas sobre a égide do atraso e do autoritarismo, uma nova estratégia no processo de planejamento e gestão para efetivar a política agrária. Nisso, acredita-se no diálogo harmonioso entre estado e movimento sociais, no protagonismo, dentre outras diretrizes propostas. Poder-se dizer que os sujeitos coletivos estarão vivenciando uma nova construção da dimensão política no que se refere à configuração do poder local mediante organização e participação?. Na dimensão social implantação de redes socioassistênciais, parcerias, acesso aos direitos sociais?; e na perspectiva econômica a sustentabilidade local? Em Sergipe, no ano 2003, institui-se os territórios a partir da necessidade de superação da visão localizada do desenvolvimento, o qual implicava na pulverização e superposição de políticas pública. A nova estratégia de ação do II PNRA – integração de ações e desenvolvimento territorial – MDA/SDT/INCRA e do II PRRA/SE. A expectativa dos movimentos sociais e setores populares com a possibilidade de participação efetiva nas políticas públicas se aguçaram com a definição dos territórios,diagnóstico e construção de estratégias de desenvolvimento rural. 6 Nesta direção, o governo atual do Estado de Sergipe, definiu em 2007 oito territórios de desenvolvimento, dentre este, o Alto Sertão Sergipano. Este faz parte da microrregião do Sertão do São Francisco, onde situa-se a barragem e a usina hidrelétrica do Xingó, na divisa com a Bahia e Alagoas. Abrange os municípios: Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo e Porto da Folha. Em seu diagnóstico constatou-se os piores índices de IDH e de exclusão social de Sergipe situando seus municípios entre os piores do ranking nacional. É uma região ocupada por tradicionais latifúndios de pecuária extensiva e/ou improdutivos, concentra metade dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária de Sergipe. Verifica-se forte presença do campesinato sertanejo - posseiros e pequenos proprietários, dedicados às culturas de subsistência e mercantil, além da comunidade quilombola de Mocambo e a tribo indígena Xocó. População que traz em sua história a vivência em um palco de luta pela terra e pela água – concepção de projeto de irrigação empresarial / agronegócio versus projetos de reforma agrária e fortalecimento da pequena agricultura familiar. Apesar de ao longo do processo histórico, o Alto Sertão ter sido alvo de inúmeras políticas públicas, projetos, programas sociais e pacotes tecnológico, nos fins do atual século vivencia o retrato da “triste partida”, onde milhares de trabalhadores, especialmente jovens sem perspectiva de cidadania no campo, mobilizam-se para outras regiões em buscar de serviços de trabalho e serviços assistenciais básicos. Segundo pesquisa realizada num universo de 212 jovens que vivem em áreas rurais de Sergipe, apontou que a maioria não quer sair do campo, porém ,não vêem perspectiva (Silva, 2003). Ainda baseada nesta pesquisa de campo (2003), as famílias rurais em Sergipe não têm tido acesso a direito sociais básicos e muito menos ao conjunto de políticas públicas de proteção social. Esse quadro se mostra inda mais expressivo no Alto Sertão. Conforme pesquisas de campo realizada nessa área, constatou-se temporária de jovens ser freqüêntes a migração para dentro do estado, enquanto 75,7% dos entrevistados afirmaram que a maioria continua migrando para fora do estado (Santos,2000; Santos,2004 e Conceição,2006). 7 As pesquisas mostraram que os principais motivos da migração ou da mobilidade para o trabalho estão relacionados à ausência de possibilidades de permanecer na terra, não havendo, portanto, melhorias significativas para a fixação do jovem no meio rural. Entre os entrevistados, as respostas mais freqüentes foram: falta de emprego no campo, maiores oportunidades de emprego na cidade, vida sofrida no campo, dificuldades climáticas, busca de melhorias nos estudos e equipamentos da rede sócio-assistencial, apóio do governo etc. Neste contexto, vive-se um paradoxo mediante uma conjuntura de avanços democráticos, promulgados na Constituição Federal de 1988, que redesenhou institucionalmente o Estado brasileiro ao introduzir novos instrumentos de gestão das políticas públicas, com a mobilização de grupos sociais organizados que vem buscando ocupar novos espaços de formulação, gestão, controle e avaliação de políticas públicas (Raichellis:2000). Nesta direção nos diversos territórios, têm sido construídos planos na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Diante da confluência entre um plano popular, democrática e um contexto expresso pela negação de se efetivar a cidadania nestes espaços, questiona-se: quais impactos socioterritoriais podemos observar no encaminhamento do atual governo, observando as dimensões sociais,econômicas e políticas, sobretudo no aspecto que envolve a relação de diálogo entre governo e movimentos sociais rurais e participação no seu processo de planejamento e gestão conforme propõe II PNRA e o redesenho do território do Alto Sertão Sergipano?. Partindo de alguns elementos diagnosticados, em Sergipe, o INCRA começou a se estruturar para atuar dentro da especificidade que a abordagem territorial demanda. A Superintendência Regional de Sergipe–SR/23 adotou o enfoque territorial como base para o planejamento e execução dos programas, projetos e ações. Segundo o INCRA/SE vários programas/ações vêm se desenvolvendo nos territórios rurais do Estado de Sergipe, as quais são anualmente previstas na sua Programação Operacional, tais como: Recuperação dos Atuais Assentamentos; Novos Assentamentos; Obtenção de Terras e Implantação de Assentamentos (PDA, crédito instalação, crédito semi-árido, fomento, ATER, topografia, infra-estrutura); recuperação e consolidação dos assentamentos (PRA -Recuperação ambiental); Cadastro e 8 Regularização Fundiária; Plano de Desenvolvimento Territorial; Comercialização da Produção (PAA, compra antecipada, compra direta)-CONAB; Titulação e Apoio ao Etnodesenvolvimento de Áreas Remanescentes de Quilombos; Promoção da Igualdade de Gênero na Reforma Agrária etc. O Planejamento Territorial do Desenvolvimento de Sergipe no PPA 2007-2001 foi sistematizado tomando como base o diagnóstico que partiu de três eixos de desigualdades sociais: Concentração social da renda, em que 29% da população é considerada indigente; concentração espacial da infra-estrutura social e produtiva no litoral - 67,6% e concentração do PIB Industrial nas indústrias de petróleo e energia hidrelétrica - 43,7%. As ações foram iniciadas em três grandes ações, a saber, Territorialização do Estado; Definição dos investimentos públicos PPA; articulação entre investimentos públicos e privados. Em seguida elaborou-se os planos territoriais e estaduais de desenvolvimento proposto para 10 anos, seguida do processo avaliação e revisão anual. Nesse processo observou-se a maciça participação popular nas conferências estaduais, territoriais e municipais. Também podemos constatar a presença dos conselhos estadual, territoriais e a formação de uma plenária. No trato as dimensões do pertencimento ao território foram discutidas e planejadas a partir da centralidade da identidade territorial observando os orientadores econômico-produtiva, ambiental, social, político-institucional e cultural. Em seus quase 3 anos de governo foram realizadas: 75 conferências municipais;3 rodadas de conferências territoriais;2 conferências estaduais; 8.671 demandas; participação de 24.700 sergipanos; 75 conferências municipais (PDR/2007). Como produto obteve-se o levantamento das demandas locais e eleição dos delegados; levantamento das demandas territoriais, estadual e levantamento das demandas territoriais e estadual, sendo 89 programas 74 finalísticos; 70% das demandas do planejamento participativo foram contempladas no PPA; R$ 2,5 bilhões em investimentos (16% dos recursos do PPA) (PDR/2007). Nesse percurso de construção do planejamento territorial no Estado de Sergipe alguns depoimentos (Médio Sertão) mostraram alguns olhares da população sobre esta 9 nova forma de pensar e gerir as políticas sociais para o território:“Para nós, o trabalho e a família é o que tem de mais importante” Pode-se observar uma visão de futuro acerca das ações territorializadas (Sul Sergipano) na seguinte fala:“Ser reconhecido como um Território do trabalho, voltado para o empreendedorismo coletivo, que reflita um espaço de discussão e participação, de modo a garantir uma condição de vida auto-sustentável e uma elevada auto-estima de viver de sua população”. Assim chegou-se a compreensão que a missão (Agreste Central) é: “Fortalecer a participação popular no Agreste Central, de modo a garantir a implementação das políticas públicas e o desenvolvimento das potencialidades econômicas do território, com o envolvimento das suas organizações representativas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do estado de Sergipe” Durante do a I Jornada de Desenvolvimento Territorial o gestor de ações do Alto Sertão afirmou que: “ as boas práticas que vêm acontecendo tem trazido novos ares para o Sertão, embora sabíamos que os desafios, a caminhada só está começando”). De fato, o primeiro e grande passo desse novo modelo de desenvolvimento foi dado através da construção e definição do território, das necessidades e anseios da população local, além da presença de fóruns de desenvolvimento do território do Alto Sertão. Ainda que tímida a participação, a novidade pareceu instigante, contendo como resultado além do registro de falas aqueles que não se sentiam a vontade para expor-se verbalmente, nem por escrita, através da linguagem simbólica, em seus singelos desenhos puderam desenhar suas ansiedades. Certamente grandes serão os desafios e suas expectativas,além de variáveis que suscitam novos questionamentos, a própria legitimidade do processo, a condução e incorporação desse projeto que ver o território enquanto sujeito são incognetacas a serem investigadas. 4-BIBLIOGRAFIA ABRAMOVAY, R.;VEIGA, José Eli da. Novas instituições para o desenvolvimento rural: o caso do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). 10 ANDRADE, Manuel C. de. Territorialidades, desterritorialidades, novas territorialidades: os limites do poder nacional e do poder local. In SANTOS et all (org.) Território, Globalização e Fragmentação. São Paulo: HUCITE, 1998. p213-220. BEHRING, E. R, BOSCHETTI, I. 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