FACULDADE DE ARACRUZ MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL CLAUDIO SILVA DE SOUSA Análise Exergética do Processo de Produção de Ferro Gusa em Altos-fornos: Identificação de Oportunidades em Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa Aracruz 2010 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. CLAUDIO SILVA DE SOUSA ANÁLISE EXERGÉTICA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE FERRO GUSA EM ALTOS-FORNOS: IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA Dissertação apresentada à Faculdade de Aracruz para obtenção do título de Mestre Profissional em Tecnologia Ambiental. Área de Concentração: Eficiência Energética. Orientador(a): Prof. Dr. Rodolfo Jesús Rodriguez Silvério Aracruz (2010) Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação da Publicação Serviço de Documentação da Biblioteca Professora Maria Luiza Devens Faculdade de Aracruz/ES Sousa, Claudio Silva de. Análise exergética do processo de produção de ferro gusa em altos-fornos: identificação de oportunidades em redução de emissões de gases de efeito estufa / Claudio Silva de Sousa ; orientador Rodolfo Jesús Rodriguez Silvério. - Aracruz, 2010. 109 f. Dissertação (Mestrado)--Faculdade de Aracruz, 2010. 1. Ferro Gusa – Produção – Alto-Forno. 2. Metalurgia – Gases. 3. Carvão Vegetal. 4. Termodinâmica. I. Silvério, Rodolfo Jesus Rodrigues. II. Título. CDU 669.162 DEDICATÓRIA Ao meu saudoso pai, Paulino e a minha mãe Vilma pelos eternos ensinamentos de vida principalmente de persistência, otimismo e humildade. AGRADECIMENTOS Aos que de alguma forma demonstraram algum incentivo, agradeço pela satisfação de tê-los como contribuintes no desenvolvimento deste trabalho. Agradeço também ao orientador professor Doutor Rodolfo Jesus Rodriguez Silvério por sua contribuição para realização dos trabalhos, pelas sábias sugestões e principalmente por despertar a objetividade desde o primeiro momento. Aos professores da FAACZ pelo suporte e empenho durante o curso atendendo as necessidades técnicas, teóricas e práticas deste trabalho e a secretaria pelos processos de apoio que facilitaram esta conquista. Ao professores Gutemberg Brasil pela parceira e aprendizado nos trabalhos profissionais de realização de inventários de GEE e orientações iniciais e Gylvan Meira pela formação em mudança do clima. A querida esposa Heliara e queridos filhos Paulo e Eduardo pelo amor, compreensão e apoio fundamental na decisão da matrícula. Aos diretores e amigos do Instituto Totum e KeyAssociados em especial ao Delpupo e Fujihara por acreditarem em minhas contribuições no time Carbono. Respeitosamente a minha mãe Vilma e irmã Claudiana por acreditarem na minha missão e objetivos de vida. Aos integrantes da banca pela análise criteriosa e avaliação deste trabalho, apontando suas valiosas sugestões. Pela força dos amigos Alessandro, Evandro Abreu, Penha, compadres Jovanir e Ângelo. Pela contribuição da Siderúrgica Ibiraçu Ltda. na pessoa do Gerente de Produção Terêncio. Pela dedicação do graduando em engenharia metalúrgica da UFOP Caio Bitencourt e sua importante contribuição como bolsista voluntário desta obra. A Deus. "Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente; é o que melhor se adapta à mudança". Charles Darwin Resumo Sousa, C.S. Análise Exergética do processo de produção de ferro gusa em altos-fornos: identificação de oportunidades em redução de emissões de gases de efeito estufa. 2009. 115 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Aracruz, Aracruz, 2009. No alto-forno, os carvões exercem dupla função sendo a principal a reação de bourdoard que, no interior deste reator, fornece o gás redutor o qual promove a redução dos óxidos ferrosos em ferro, liberando o gás carbônico. Parcela do carvão utilizado pode estar sendo consumido por fenômenos indesejados inerentes a cada equipamento e operação e um desperdício energético pode ser constatado aplicando-se conceitos termodinâmicos. Este trabalho procurou identificar oportunidades de redução de emissão de gases de efeito estufa através de alternativas de melhor aproveitamento de recursos energéticos, principalmente do emprego do carbono, principal agente redutor na produção de ferro gusa em altos-fornos. Para tanto foi aplicada uma metodologia de análise baseada nos princípios da termodinâmica, através dos conceitos de exergia. Esta análise foi feita com base em dados reais de processo e aplicação dos conceitos de primeira e segunda lei da termodinâmica. Buscou-se a partir daí identificar as perdas exergéticas pela variação dos principais parâmetros operacionais do reator buscando relações que desdobrem em oportunidades para melhor aproveitamento energético e a tomadas de ações de mitigação de emissão de gases de efeito estufa durante o processo. Palavras chave: Ferro gusa, alto-forno, carvão vegetal, análise de exergia, gás de efeito estufa ABSTRACT Sousa, C.S. Exergetic Analysis of the pig iron production in blst furnaces: oportunities for ghg emissions reductions. 2009 . 115 f. Faculdade de Aracruz, Aracruz, 2009. In the blast furnace, the coals have double funcition as the main reaction of bourdoard that within this reactor, provides the reducing gases which promote the reduction of iron ore, releasing carbon dioxide. Part of the coal being used can be consumed by unwanted phenomena inherent in the equipment operation and waste energy can be determined by applying thermodinamic concepts. This study sought to identify opportunities for reducing emissions of greenhouse gases though better use of alternative energy resources, the main reducing agent in the pig iron production. Thus, was aplied a methodology based of thermodinamics analisys. This was based on currently data process and application of the first and second law concepts. It was possible to identify from that exergetic losses by instability of the operational parameters of furnace seeking relationships to mitigate emissions of ghg during the process. Keywords: Pig iron, blast furnace, charcoal, exergy analysis, greenhouse gases LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Evolução da produção de ferro gusa........................................................ 18 Figura 2 – Modelo esquemático da siderurgia a carvão vegetal .................................. 31 Figura 3 – Matriz Energética Nacional.................................................................... 32 Figura 4 – Evolução do consumo de carvão vegetal e produção de ferro gusa ............. 32 Figura 5 – Consumo de carvão vegetal por grau de integração................................... 33 Figura 6 – Consumo de carvão segundo origem ....................................................... 34 Figura 7 – Distribuição do consumo de lenha .......................................................... 36 Figura 8 – Balanço de carbono na redução do minério de ferro .................................. 38 Figura 9 – Visão parcial da corrida de ferro gusa ..................................................... 40 Figura 10 – Fluxograma do minério de ferro ........................................................... 41 Figura 11 – Fluxograma do carvão vegetal .............................................................. 41 Figura 12 – Diagrama de energia na siderurgia integrada .......................................... 42 Figura 13 – Emissões de CO2 pelo uso de combustíveis fósseis ................................. 43 Figura 14 – Arranjo interno do alto-forno................................................................ 45 Figura 15 – Figura esquemática da redução de minério de ferro................................. 47 Figura 16 – Emissões setoriais mundiais de gases de efeito estufa ............................. 49 Figura 17 – Emissões de GEE no Brasil .................................................................. 51 Figura 18 – Emissões na siderurgia por grau de integração de 1990 a 1998................. 51 Figura 19 – Emissões setoriais no Brasil ................................................................. 53 Figura 20 – Perdas de exergia ................................................................................ 55 Figura 21 – Fronteira de trabalho ........................................................................... 61 Figura 22 – Representação conceitual de exergia ..................................................... 68 Figura 23 – Fluxos de elementos no alto-forno ........................................................ 72 Figura 24 – Marcha operacional do alto-forno dias 1 e 2 .......................................... 80 Figura 25 – Marcha operacional do alto forno dias 11/01/2009 e 28/08/2008 .............. 80 Figura 26 – Volume de carvão vegetal enfornado..................................................... 81 Figura 27 – Inputs de exergia no alto-forno ............................................................. 86 Figura 28 – Outputs de exergia .............................................................................. 86 Figura 29 – Gráfico de temperatura do gusa em graus kelvin versus perda exergética .. 93 Figura 30 – Consumo específico de carvão vegetal versus perda de exergia ................ 94 Figura 31 – Temperatura do ar insuflado nas ventaneiras versus perda de exergia ....... 95 Figura 32 – Comparação das perdas exergéticas ...................................................... 95 Figura 33 – Correlação entre perda de exergia e as emissões de GEE ......................... 98 LISTA DE TABELAS Tabela I – Rotas de fabricação de aço ..................................................................... 25 Tabela II – Evolução da produção de ferro gusa no Brasil ......................................... 26 Tabela III – Fontes de emissão na siderurgia ........................................................... 27 Tabela IV – Reações químicas no alto-forno ........................................................... 28 Tabela V – Insumos utilizados em altos-fornos a carvão vegetal ................................ 30 Tabela VI – Consumo de lenha no Brasil ................................................................ 36 Tabela VII – Características do alto-forno analisado ................................................ 39 Tabela VIII – Produção, consumo, importação de carvão mineral/coque .................... 44 Tabela IX – Principais setores e fontes de emissão de CO2 das industrias siderúrgicas 53 Tabela X – Emissões de poluentes .................................................................... 54 Tabela XI – Resultados da comparação dos inputs de exergia ......................... 57 Tabela XII – Resultados da comparação dos outputs de exergia ...................... 57 Tabela XIII – Propriedades térmicas do alto-forno: inicial e final ....................... 63 Tabela VIV – Comparação entre energia e exergia ........................................... 67 Tabela XV – Análise química do carvão vegetal - imediata ............................... 74 Tabela XVI – Composição química das cinzas do carvão ................................. 74 Tabela XVII – Análise elementar do carvão vegetal .......................................... 74 Tabela XVIII – Análise química do minério enfornado ...................................... 75 Tabela XIX – Análise química das pelotas enfornada ........................................ 75 Tabela XX – Matérias primas e insumos enfornados ......................................... 75 Tabela XXI – Composição química dos fundentes ............................................ 76 Tabela XXII – Composição química da sucatinha ............................................. 76 Tabela XXIII – Produtos e subprodutos do alto-forno ........................................ 77 Tabela XXIV – Composição química do ferro gusa ........................................... 77 Tabela XXV – Composição química da escória ................................................. 78 Tabela XXVI – Composição química do pó do balão ......................................... 78 Tabela XXVII – Composição química do gás de alto-forno ............................... 79 Tabela XXVIII – Balanço térmico dia 1 ............................................................... 82 Tabela XXIX – Balanço térmico dia 2 ................................................................. 83 Tabela XXX – Balanços de exergia no dia 1 ....................................................... 84 Tabela XXXI – Balanços de exergia no dia 2 ..................................................... 85 Tabela XXXII – Emissões de gases de efeito estufa ......................................... 98 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABM – Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais ABRACAVE – Associação Brasileira de Carvão Vegetal AF – Alto Forno BEN – Balanço Energético Nacional BF – Blast furnace BFG – Blast furnace gás CER – Certification Emition Reduction CH4 – Gás Metano CO2 – Gás carbônico COG – Gás de coqueria GAF – Gas de Alto-forno GEE – Gas de efeito estufa GHG – Grenhouse Gases IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia/Instituto Aço Brasil IEA – International Energy Agency IPCC – Intergovernamental Painel of Climate Change ISIJ – The Iron and Steel Institute of Japan MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MP – Meth Painel OECD – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIE – Oferta Interna de Energia ONU – Organização Nacional das Nações Unidas PIB – Produto Interno Bruto RE – Redução de emissões SBB – Steel Business Briefing Sindifer – Sindicato das Indústrias do ferro UNFCCC – Union Framework Convention Climate Change LISTA DE SIMBOLOS Cp Calor específico a pressão constante {kJ/mol.K} Cv Calor específico a volume constante D Diâmetro [m] E Espessura [m] V Volume (m3) v Volume específico [m3/mol] p Pressão {atm] C Carbono CO Monóxido de carbono CO2 Dióxido de carbono / gás carbônico S Entropia H Entalpia U Energia interna h Entalpia por unidade de massa s Entropia específica u Energia interna específica R Constante dos Gases Ideiais PCS Poder calorífico superior PCI Poder calorífico inferior m Massa m Vazão Mássica p Pressão W Trabalho Q Transferência de calor T Temperatura SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 1.1 Justificativa ............................................................................................... 17 1.2 Objetivos .................................................................................................. 19 1.2.1 Objetivo geral...................................................................................... 20 1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 20 1.3 Metodologia .............................................................................................. 20 1.4 Estruturas do Trabalho ............................................................................. 21 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 23 2.1 Emissões de Gases de Efeito Estufa e Impactos às Mudanças do Clima ........................................................................................................ 23 2.2 Processos Siderúrgicos ............................................................................ 24 2.3 Siderurgias – Fundamentação Teórica .................................................... 28 2.3.1 Fundamentos do Processo de Redução do Minério de ferro .............. 28 2.3.2 Altos –fornos ....................................................................................... 28 2.3.3 Siderurgias a Carvão Vegetal ............................................................. 31 2.3.4 Uso de Carvão Vegetal Renovável como Termo Redutor na Siderurgia e Geração de Gases de efeito Estufa ....................................... 35 2.3.5 O Reator Analisado ............................................................................ 39 2.3.6 Uso de Combustível Fósseis na Siderurgia – Siderurgia a Coque ..... 42 2.3.7 Operação dos Atos- Fornos a Carvão vegetal .................................... 48 2.3.8 Injeção de Finos de Carvão em Altos-Fornos e a Redução de Emissão de CO2.......................................................................................... 47 2.3.9 Emissões e Gases de Efeito Estufa e os Processos Siderúrgicos ..... 49 2.3.10 Exergia como Ferramenta Aplicada a Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa ............................................................................... 54 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 60 3.1 Primeiras e segunda Lei da Termodinâmica Aplicada ao Processo de Redução de Minério de Ferro ........................................................................................ 60 3.2 Métodos da Exergia ................................................................................. 65 4. ANÁLISE DA EXERGIA EM ALTOS FORNOS ............................................. 72 4.1 Critérios e Dados Operacionais Aplicados ............................................... 73 4.2 Discussão dos Parâmetros Operacionais Coletados ............................... 79 4.3 Balanços térmicos no Alto-forno............................................................... 81 4.4 Balanço Exergético .................................................................................. 81 4.5 Eficiência Exergética ................................................................................ 87 4.6 Exergia e Emissões de Gases de Efeito Estufa ....................................... 88 5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................... 91 5.1 Influências dos Parâmetros Operacionais ................................................ 91 5.2 Considerações Finais ............................................................................... 99 6. CONLUSÕES ............................................................................................... 103 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 104 14 1 - INTRODUÇÃO A vida vem sendo ameaçada pela ação antrópica descontrolada. Os gases emitidos pelas diversas atividades econômicas agravam o efeito estufa na terra provocando uma série de conseqüências catastróficas. Segundo Miguez (2002), a física do forçamento radioativo indica que a taxa de deposição de energia na superfície da terra, isto é, o próprio aquecimento, é proporcional à concentração de gases de efeito estufa (GEE). Na indústria siderúrgica a busca de redução de emissões de GEE e mitigação das mudanças do clima tem sido pauta prioritária pelo alto grau de impacto ambiental e emprego de combustíveis fósseis em seus processos. As alternativas utilizadas pretendem minimizar o consumo de energéticos em seus processos, principalmente o emprego do carbono dos agentes redutores, principal responsável pela produção de CO2 e CH4 no seguimento, bem como aperfeiçoar os processos em toda a cadeia. Um conjunto de novas tecnologias vem sendo aplicadas ao modelo integrado neste sentido em todas as áreas e processos da siderurgia. Entretanto, é no processo de redução de minério de ferro em altos-fornos onde ocorre o maior consumo de carbono e conseqüentemente onde se destacam as maiores necessidades de pesquisa e desenvolvimento quanto à utilização racional dos recursos naturais. Em contra partida, a aplicação dos conceitos de exergia permite avaliar a utilização dos recursos naturais e desta forma, identifica como as irreversibilidades dos processos estão relacionadas ao consumo do carbono e, conseqüentemente permitindo uma avaliação das emissões de gases de efeito estufa. Assim, na 15 siderurgia, fortemente caracterizada pelo consumo de agentes redutores no processo de redução de minério de ferro em altos-fornos, balanços termodinâmicos de segunda lei vêm sendo realizada com menos freqüência. Este caminho pode ser economicamente atrativo quando comparado a pesquisas de aplicação de novos tipos de combustíveis e fontes de energia não usuais, o que possivelmente se conseguiria com grandes mudanças de tecnologias. De forma alternativa, um estudo de exergia também é uma ferramenta importante quando aplicada em conjunto as novas tecnologias. Em todo o processo de produção de aço, é no alto-forno onde se quantifica a maior demanda dos recursos energéticos os quais são destinados ao processo de redução de minério de ferro no interior do reator. Os altos-fornos são destinados a produção de ferro gusa o qual é matéria prima para à fabricação de aços e ferros fundidos nas unidades de aciarias e fundições. Nestas unidades, o ferro gusa se transforma em produtos como chapas, bobinas, perfis, peças automobilísticas, entre outras. Existem duas vias principais para produção de ferro gusa que se caracterizam pelo insumo energético utilizado: o coque ou o carvão vegetal. Os altos fornos a coque são reatores de grande porte e normalmente compõem uma estrutura de processo para fabricação de produtos do aço. O carvão de biomassa é empregado para altosfornos de menor porte e, em grande parte, em empresas que tem o ferro gusa como produto final. Por características específicas de processo o consumo de coque e carvão vegetal em altos-fornos representa mais de 50% do custo final do ferro gusa (Araujo, 1997). O segmento siderúrgico a carvão vegetal, quando praticado num modelo autosustentável, tem uma contribuição favorável às emissões de gases de efeito estufa, 16 pois estas podem ser consideradas nulas, isto é, todo o CO2 emitido por este processo pode ser capturado pelo plantio de florestas resultando em uma prática totalmente sustentável. Em contracorrente a este crescimento, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e atenuar as emissões de gases de efeito estufa é meta consolidada no contexto das mudanças climáticas mundiais. Para isto, estudos ambientais vêm sendo realizados em atendimento a estas necessidades, visando não somente a redução do aporte de energia específica consumida nos diversos processos bem como promover otimização da eficiência destes. Um conjunto de alternativas e novas tecnologias vem sendo aplicadas ao modelo integrado siderúrgico. Seguindo esta linha, este trabalho se apóia nos conceitos derivados das leis da termodinâmica para a identificação e avaliação de oportunidades de otimização de processos a partir da operação de um alto-forno a carvão vegetal. Espera-se que tais alternativas sejam adotadas com sucesso antes da adoção de mudanças tecnológicas que implicam em altos custos de implantação. O novo perfil da indústria do ferro gusa adota modelos sustentáveis que buscam superar diretrizes políticas e legais. O mercado internacional e as questões voltadas às mudanças do clima passam a ganhar força a cada dia, promovendo o desenvolvimento e implantações de projetos sustentáveis principalmente através de plantio de florestas. Segundo Meira (2008), a mudança do clima deixou de ser um problema ambiental para tornar-se uma questão de planejamento racional uma vez que a questão não se desdobra mais em risco, pois já se vive suas conseqüências. Torna-se de fundamental importância que os fundamentos de exergia sejam ferramentas úteis promovendo um uso mais racional do agente redutor no processo 17 de redução de minério de ferro em conjunto com a otimização de processos térmicos no alto-forno. Reduzir o consumo de combustíveis fósseis e atenuar as emissões de gases de efeito estufa são metas consolidadas no contexto de mudanças climáticas mundiais. 1.1 - Justificativa Dentre os segmentos industriais instalados no país, a siderurgia se faz importante na economia e se destaca como um alto consumidor de recursos energéticos para seus processos de produção. As necessidades de redução deste consumo estão diretamente associadas às ações proativas de melhoria do clima através das reduções de emissões de gases de efeito estufa neste segmento. A siderurgia a carvão vegetal, até então, pouco investiu em um modelo sustentável de produção por questões associadas ao alto custo de implantação de florestas e faltas de incentivos financeiros devido aos riscos inerentes a estes tipos de projetos. Em conseqüência disto o setor pode ser considerado como potencial poluidor ambiental e se torna um emissor significativo de gases de efeito estufa quando a madeira utilizada para fabricação do carvão vegetal não é de origem renovável. A produção de ferro gusa em altos-fornos a carvão vegetal teve seu crescimento mundial interrompido pela escassez de terras para plantio de florestas, principalmente nos países europeus. Entre os países que ainda praticam este sistema estão o Brasil e Índia por ainda possuírem grandes áreas para plantio e clima favorável ao crescimento da biomassa de eucalipto. 18 Seguindo as tendências mundiais, a siderurgia brasileira tem sua grande contribuição econômica. O mercado brasileiro é fortalecido pela produção em pequenos altos-fornos que utilizam biomassa. Tem-se registrado neste setor, pelo sexto ano consecutivo, um crescimento médio de 5,6% ao ano entre março de 2007 e março de 2008 (IBS, 2008). Tal evolução tem projeções otimistas causada pelas necessidades de consumo e crescente aumento da demanda do aço. O gráfico mostrado na figura 1 apresenta a produção brasileira de ferro gusa entre os anos de 1989 a 2006. 10 9 8 7 Milhões de t de Ferro Gusa 6 5 4 3 2 1 0 Minas Gerais Espirito Santo Carajás Outros Figura 1 - Evolução da Produção de Ferro Gusa (Sindfer, 2007) Historicamente o setor a carvão vegetal sempre esteve diante às dificuldades de investimentos em plantios florestais dedicados à produção de carvão vegetal renovável pelo seu alto custo de implementação, pela ausência de políticas e linhas de financiamento e pelas instabilidades macroeconômicas. A complexidade de análise de investimentos associada a riscos relacionados ao ciclo de crescimento do eucalipto, e condições de garantia de pagamento são dificuldades consideradas pelos bancos e fundos de investimento. A situação é agravada pelas poucas 19 evoluções tecnológicas voltadas a eficiência energética dos equipamentos. Neste cenário, a utilização de madeira de origem de reflorestamento será cada vez mais restrita e sua utilização como matérias primas e produção de carvão vegetal está comprometida (BRITO, 1990). Tais dificuldades podem ser atenuadas com a implantação de técnicas e tecnologias de otimização de processos e com estudos de melhor aproveitamento dos recursos energéticos utilizados pelo setor buscando um caminho sustentável mais sólido. Por outro lado, devem-se aprimorar os estudos de utilização de carvão vegetal e avaliar a sua utilização em massa na siderurgia mundial como alternativa benéfica ao meio ambiente. 1.2 - Objetivos 1.2.1 - Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo efetuar uma análise termodinâmica do processo de fabricação de ferro gusa em um alto-forno a carvão vegetal para identificar oportunidades de redução de emissão de gases de efeito estufa. Para tanto, será empregada uma análise de 2ª Lei introduzindo conceito de exergia para identificar as maiores fontes de irreversibilidades do sistema e as oportunidades de otimização energética. 20 1.2..2 - Objetivos Específicos - Pesquisa bibliográfica para atualização da informação e estado da arte referente às tecnologias de alto-forno e avaliação termodinâmica dos mesmos. - Levantamento de dados de produção e parâmetros de operação em campo para realização dos cálculos pertinentes. - Realização dos balanços de massa e energia e avaliação da eficiência energética do sistema. - Realização dos balanços de exergia e determinação da eficiência exergética do sistema. - Avaliação de redução de emissão de gases de efeito estufa - Discussão de resultados 1.3 – Metodologia A metodologia aplicada ao desenvolvimento do trabalho baseia-se na realização de balanços energéticos e exergéticos do processo de obtenção de ferro gusa a partir do carvão de biomassa. O estudo foi conduzido pela realização de pesquisa documental e aplicações de dados operacionais de uma indústria de gusa dotada de um alto-forno com características conhecidas. A pesquisa bibliográfica abrangeu livros e artigos caracterizados segundo Marconi e Lakatos (1990), como imprensa escrita e publicações. Boa parte das publicações foi obtida via internet e a compilação foi feita após estratificação do material por palavras-chave sendo elas: 21 exergia, balanço exergético, siderurgia, carvão vegetal, alto-forno, ferro gusa. O material coletado está em sua maioria em meio digital organizado sistematicamente. As fontes dos dados industriais foram obtidas através de cópias de documentos originais da empresa contida em relatórios de operação. A pesquisa de campo foi orientada por pesquisa bibliográfica permitindo com que o levantamento de dados fosse sistematizado. Como parte da tabulação dos dados, buscou-se identificar a alternativa mais adequada de aplicação dos dados. Decidiu-se utilizar dados operacionais específicos (por tonelada de gusa produzido) por ser uma unidade praticada pelo setor. No que tange as técnicas de determinação de amostras duas questões foram levadas em consideração: 1) período em que a marcha operacional do alto-forno estava estável; 2) Tipo de biomassa utilizada para produção do carvão vegetal. Para compilação dos dados termodinâmicos utilizou-se tabelas conforme modelo sugerido nas principais bibliografias sobre o assunto. 1.4 - Estrutura do Trabalho Essa dissertação divide-se em seis capítulos sendo assim distribuído: capítulo um introdução, onde foi abordada principalmente a metodologia utilizada para a pesquisa e fatores relevantes que motivaram a realização dos trabalhos, dentre eles a importância ambiental, e a representação do setor siderúrgico no contexto nacional e internacional; no capítulo dois, uma revisão bibliográfica procura saberes e atualizações sobre o assunto, passando desde as principais fundamentações teóricas sobre siderurgia e altos-fornos até uma resenha bibliográfica abordando as 22 principais referências encontradas; no capítulo três foram abordados os principais conceitos que levaram a determinação do modelo teórico dos balanços; no capítulo quatro apresentou-se o modelo proposto para balanço exergético em altos-fornos a carvão vegetal bem como os procedimentos para avaliação da eficiência exergética do processo, o que permitiu a subseqüente aplicação prática dos dados operacionais do alto-forno em questão e apresentação dos resultados obtidos. No capítulo cinco fez-se uma análise dos resultados obtidos onde se buscou identificar as oportunidades de ganhos em eficiência e recomendações práticas e para trabalhos futuros. 23 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Embora os fundamentos da termodinâmica possuam um amplo leque de aplicações, ocorre que estes são comumente aplicados aos sistemas de geração de potência e processos termo–químicos, porém observa-se que recentemente seus conceitos vêm aos poucos sendo explorados e aplicados para esclarecer os entendimentos sobre eficiência dos processos industriais, bem como para avaliar a qualidade da utilização dos recursos energéticos. A busca da redução de emissões de gases de efeito estufa pode estar relacionada ao alcance da otimização térmica e redução de inputs de energia em altos-fornos. 2.1 - Emissões de Gases de Efeito Estufa e Impactos às Mudanças do Clima Embora a mobilização mundial tenha se demonstrado proativa, a sobrevivência sustentável na terra tem sido grande desafio para políticos e pesquisadores. Segundo Goldemberg (2000) a atmosfera tem função de um isolante térmico caracterizado pela presença de uma pequena porcentagem de dióxido de carbono (cerca de 370 partes por milhão de volume). A queima de combustíveis fósseis pela ação humana em atividades industriais contribui para um aumento desta porcentagem. Outros gases de efeito estufa são o ozônio (O3) Metano (CH4) e óxido nitroso (N2O juntamente com vapor d’água (H2O), No entanto as emissões de CO2 representam em torno de 55% do total de emissões e o tempo de sua permanência na atmosfera é de pelo menos 10 décadas (BNDES, 1999). 24 As conseqüências dos gases emitidos após a revolução industrial é o cenário mundial vivido nesta década. Alguns dos principais efeitos já percebidos são: - Aumento do nível do mar; - Redução no suprimento de água doce; - Maior número de ciclones; - Tempestades de chuva e neve fortes e mais freqüentes; e - Forte e rápido ressecamento do solo. Alguns efeitos poderão ser irreversíveis e poderão ter impactos sócio econômicos que comprometem a saúde humana. 2.2 - Processos Siderúrgicos A siderurgia é o ramo da metalurgia que consiste nos estudos dos processos relacionados à extração e transformação do ferro, principalmente quanto à ocorrência da redução química de minérios. Esta redução química é fortemente caracterizada pela remoção dos óxidos dos minérios por meio de um redutor, o qual em geral, é um combustível carbonoso (ARAUJO, 1997). Os dois agentes redutores mais amplamente utilizados são o coque e o carvão vegetal. O carvão vegetal pode ser definido como o resultado do processo de pirólise da madeira na ausência de ar realizada em fornos metálicos ou de alvenaria, de grande importância ambiental por ser de origem renovável. Já o coque é um produto obtido em fornos em um conjunto chamado de coqueria sendo o carvão mineral de origem fóssil. Outros redutores aplicados são os combustíveis auxiliares, 25 normalmente usados como objetivo de reduzir o consumo dos redutores (WANG, 2007). As rotas siderúrgicas podem ser classificadas em: Siderurgia não integrada, Semi integrada e integrada podendo ser via coque ou a carvão vegetal. A principal diferença entre elas pode ser observada na tabela I. Tabela I – Rotas de fabricação de aço (elaboração própria) INTEGRADA Elevada produtiva SEMI INTEGRADA capacidade Média produtiva NÃO INTEGRADA capacidade Baixa capacidade produtiva Todas as plantas Não disponibiliza unidade As plantas possuem disponibilizam unidade de produção própria de pequenos altos-fornos própria de produção de ferro gusa ferro gusa. Grandes altosfornos Maior parte da carga Maior parte da carga Não possuem aciaria metálica é constituída pro metálica da aciaria é gusa líquido constituída por sucata para produção de aço Aciaria via oxigênio (BOF) Aciaria elétrica ((EAF)) a arco Não possuem aciaria Principais produtos: aços Maioria das plantas Produto: ferro gusa para planos produzem aços longos aplicação em aciarias ou fundições A rota integrada é responsável pela produção de 80% de todo o aço brasileiro (IBS 2008,c). A rota não integrada brasileira, representada pelos produtores independentes de ferro gusa, é a maior comerciante mundial de ferro gusa (cerca de 42%). Sua produção no país está aumentando significativamente, pois em 1987 correspondia a 21% do mercado e em 2006 este número cresceu para 29% (MILANEZ; PORTO, 2008). 26 A indústria do ferro e do aço pode ser considerada altamente poluidora. A geração de resíduos equivale 613 kg/taço produzido sendo responsável por 21 milhões de tonelada no ano de 2007, e 3% destes, considerados resíduos perigosos (IBS, 2008). Os impactos são agravados por emissões de materiais particulados, SOx, NOx e gases de efeito estufa (WBG, 1998). A tabela II apresenta a evolução da produção de ferro gusa no Brasil. Tabela II – Evolução da produção de ferro gusa no Brasil (103 toneladas) Empresa Acesita Belgo-Arcelor Brasil CSN Arcelor Mittal Tubarão Gerdau Usiminas V&M Guseiros 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 610 991 3922 5014 3070 7032 474 6278 27391 536 971 4961 5024 3080 8091 476 6555 29694 589 1002 5211 4790 3619 8426 533 7869 32039 641 1090 5372 4971 3619 8615 593 9657 34558 628 1102 4969 4843 3658 8329 581 9774 33884 702 1104 3345 5094 3674 8462 604 9467 32452 689 1408 5114 5992 3694 8436 610 9628 35571 As principais fontes de emissões de poluentes na indústria siderúrgica são apresentadas abaixo na tabela III. Esta tabela não contempla aspectos e impactos para fabricação de agente redutor de origem renovável (carvão vegetal). Muito embora os processos produtivos sejam de alto-impacto ao meio ambiente. De uma maneira geral o nível de controle através de utilização de equipamentos e tecnologias das indústrias siderúrgicas atingem satisfatoriamente aos limites estipulados pelos órgãos ambientais. 27 Tabela III – Fontes de emissões na indústria siderúrgica (DSTI, 2007) EMISSÕES ATMOSFÉRICAS DA INDÚSTRIA DO FERRO E AÇO Dióxido de carbono, monóxido de carbono, material particulado, Sinterização compostos voláteis orgânicos, óxidos de nitrogênio, dióxidos e furanos Dióxido de carbono, compostos orgânicos voláteis, material Coqueria particulado, óxidos de nitrogênio, óxidos sulfúricos, monóxido de carbono, materiais particulados, benzeno, e PAHs Dióxido de carbono, monóxido de carbono, material particulado e Alto-forno óxido de nitrogênio Aciaria (BOF) Dióxido de carbono, monóxido de carbono, material particulado, dióxidos e furanos. Dióxido de carbono, monóxido de carbono, material particulado e Caldeiras óxidos de nitrogênio PLANTAS NÃO INTEGRADAS Forno elétrico Dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, a arco material particulado, dióxidos e furanos TODAS AS PLANTAS DE AÇO Forno elétrico Dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, a arco material particulado, dióxidos e furanos TODAS AS PLANTAS DE AÇO Laminação a Dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, quente Laminação frio Acabamento materiais particulados, compostos orgânicos voláteis a Compostos orgânicos voláteis Dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio 28 2.3 - Siderurgia – Fundamentação Teórica 2.3.1 Fundamentos do Processo de Redução do Minério de Ferro No alto-forno pode ser utilizado tanto minérios no seu estado in natura bem como os aglomerados de minério de ferro. Os minérios de ferro utilizados no processo de redução são na natureza encontrados em sua maior parte na forma de hematita (Fe2O3). As reações no interior dos altos-fornos são apresentadas na tabela IV. A análise da geração desses gases nas diversas transformações no interior do forno é fundamental para o estudo da formação gasosa no interior do reator. Cada reação ocorre em determinada região interna do alto-forno e principalmente sobre específicas condições de temperatura. Tabela IV – Reações químicas no alto-forno NOME DA REAÇÃO REAÇÃO Fe2O3 + CO →2FeO+CO2 Redução do minério de ferro Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2 FeO + CO →Fe + CO2 FeO + C →Fe + CO2 -- 3FeO + 5CO → Fe3C + 4CO2 Redução de óxidos MnO + C → Mn + CO FeS + CaO + C → CaS + Fe + CO Decomposição de silicatos SiO2 + 2C → Si + 2CO -- P2O5 + 5C →2P + 5CO Precipitação do C 2CO → C + CO2 Bourdoard CO2 + C → 2CO Combustão C + O2 → CO2 Decomposição de carbonatos CaCO3 → CaO + CO2 29 NOME DA REAÇÃO REAÇÃO Eliminação da água Decomposição da água combinada H2O + C → H2 + CO 2.3.2 - Altos-Fornos O alto-forno é um equipamento que opera com leito poroso devido aos interstícios formados na carga (redutor e minérios), onde gases quentes e com energia química gerados nas partes inferiores pela gaseificação do carvão com ar pré-aquecido e outros combustíveis auxiliares percorrem caminho ascendente, reagindo com a carga em movimento descendente. O gás combustível e quente sobe através dos poros, transferindo energia térmica e promovendo reações químicas onde prevalece a redução dos óxidos de ferro metálico e sua fusão, formando a liga ferro-carbono denominada ferro gusa. Os minérios de ferro normalmente são carregados na forma de pelotas, sinter ou minério granulado. No Brasil, a siderurgia a carvão vegetal utiliza o minério na forma granulada. Já os fornos a coque utilizam-se um mix formado pelo granulado, pelotas e sinter. A tabela V apresenta as principais matérias primas utilizadas na Siderurgia a Carvão Vegetal. A geração do gás CO e CO2 são originadas das diversas reações a destacar as de combustão e a de bourdoard. As reações de combustão do carvão acontecem em sua maior parte nas regiões na altura das ventaneiras, região denominada de raceway. O oxigênio contido no ar quente insuflado pelas ventaneiras reage com o carbono do carvão vegetal dando origem a estas reações. 30 Tabela V – Insumos utilizados em altos-fornos a carvão vegetal Carga Metálica Minério de Ferro Bitolado – Hematita: Fe2O3 Pelotas – Material composto de hematita + aglomerantes Sucatas – Materiais em dimensões menores ou britadas Combustível e Comburente Carvão vegetal – Madeira/lenha/resíduos carbonizados Coque – As vezes adicionados em proporções menores Fundentes Calcário Dolomítico – Mineral basicamente composto por Alumina (Al2O3) Quartzito/granito britado – Mineral composto por Sílica (SiO2) Estes gases gerados participam de outras reações e também são responsáveis pelo arraste de material particulado proveniente da geração de finos das matérias primas. Os principais finos são gerados pela degradação do carvão vegetal ou coque e pelo fenômeno de crepitação do minério de ferro. Os gases atravessam a carga permeável no interior do forno se dirigindo às saídas pelo topo onde são interligadas as tubulações que levam ao sistema de lavagem tipo Venturi. Parte das partículas passa aos regeneradores onde são emitidas para atmosfera através de chaminés. Os regeneradores participam do processo aquecendo o ar que é insuflado pelas ventaneiras. A principal fonte de energia para este aquecimento é feito pela queima do gás de alto-forno após passar pelo processo de limpeza dos gases. Porém, nem todo o gás gerado é aproveitado neste aquecimento sendo necessário realizar a queima deste excesso em queimadores. O excesso de energia do gás é queimado em flare gerando gás CO2. 31 A co-geração de energia elétrica pela utilização do gás de alto-forno é uma alternativa para auto-suficiência das empresas siderúrgicas em energia elétrica. Tal prática confere uma evolução em práticas sustentáveis pelo setor e reduz as emissões de gases de efeito estufa. 2.3.3 Siderurgia a Carvão Vegetal A figura 2 apresenta o layout de uma empresa siderúrgica que utiliza o carvão vegetal como agente redutor de minério de ferro. Apesar da madeira representar 12,9% da oferta de energia no Brasil, o ponto crítico da siderurgia a carvão vegetal brasileira é em relação à auto-suficiência em carvão vegetal, isto devido aos altos custos de reflorestamento. Figura 2 - Modelo esquemático da siderurgia a carvão vegetal (Pereira, 1982) Devido ao alto consumo da madeira a necessidade de madeira renovada plantada para suprimento de toda a cadeia seria equivalente a uma vez e meia o estado do 32 Rio de Janeiro. Segundo Uhlig at al (2008) o aumento da fiscalização pode provocar um deslocamento do uso de carvão vegetal por coque, que possui o preço mais baixo, porém com maior fator de emissão de gases de efeito estufa. É preciso uma política que estimule a produção de carvão vegetal vegetal com custos mais competitivos, com isto a demanda crescente por esta fonte de energia será atendida e a emissão de milhões de toneladas de carbono evitada. A figura 3 apresenta a matriz energética brasileira a qual é uma das mais limpas do mundo mostra mostrando a importância do consumo da madeira como prática sustentável. 3% 14% Carvão mineral 6% 13% 9% Lenha Petróleo Energia hídrica 13% 2% 40% Nuclear Gás natural Produtos da cana Outras Figura 3 - Matriz energética nacional (BEN, 2007) O consumo de carvão vegetal está intimamente ligado com a produção industrial de ferro gusa. Em 2005 o setor consumiu co 8,7 milhões de toneladas neladas de carvão vegetal o que equivaleu a 90,5% do seu consumo total. A figura 4 apresenta a relação entre o consumo de carvão e a produção de ferro gusa entre os anos de 1985 a 2005 (Uhlig, 2008). 33 Figura 4 - Evolução do consumo de carvão e produção de ferro gusa (Uhlig, 2008) Ainda em seu estudo, Uhlig et al (2008) apresenta consumos de carvão vegetal realizado pelo IBAMA entre os anos de 2000 a 2004, que mostra que neste período foram consumidos 14,2 milhões de toneladas do redutor sendo que 7,5 tiveram origem de reflorestamento, 55,7% de resíduos de madeira, 20,1% de desmatamento, 12,2% da casca de babaçu e 4,5% de resíduos de desmatamento. Os consumos de carvão vegetal por grau de integração da indústria siderúrgica é apresentado na figura 5, e segundo a origem do carvão na figura 6. Pode-se verificar que ao longo da evolução histórica de utilização de carvão o consumo de florestas nativas vem superando ao consumo de florestas plantadas. 34 Figura 5 - Consumo de Carvão vegetal por grau de integração (adaptado de V&M, 2008) 45 40 35 30 25 MDC x 1.000 20 15 10 5 0 Nativa Plantada Figura 6 - Consumo de carvão segundo origem (Uhlig, 2008) 35 2.3.4 - Uso de Carvão Vegetal Renovável como Termo Redutor na Siderurgia e Geração de Gases de Efeito Estufa A biomassa é alvo de estudos sobre as alternativas de sustentabilidade de produção de indústrias no mundo. Com as possibilidades de exaustão dos recursos naturais não renováveis o uso de combustíveis de biomassa plantada vem sendo discutido em grandes empresas principalmente no ramo siderúrgico do seguimento a coque. Contudo o seu uso, bem como de outros renováveis ainda, fica parcialmente prejudicado quando comparável aos combustíveis fósseis desconsiderando os custos relacionados às questões ambientais e sociais. (GOLDEMBERG, 2004) As siderúrgicas que já operam a carvão vegetal devem estar atentas as constantes oscilações de mercado do ferro gusa o que vem exigindo cada vez mais das empresas um modelo mais próximo do sustentável e competitivo. Desde o início da existência humana tem-se a utilização da madeira como fonte de energia utilizada nas principais ações necessárias à sobrevivência na terra. A biomassa, porém, passou aos poucos a ser substituída pelos combustíveis fósseis inicialmente despertadas pelo carvão mineral seguido pelo petróleo e gás natural. Estes últimos ganharam mais força na indústria principalmente após a revolução industrial com o avanço tecnológico e aumento da demanda de materiais industrializados. Não obstante, alguns setores mantiveram a demanda de combustíveis lignocelulósicos, como é o caso relevante da siderurgia no Brasil, onde quase 30% do ferro gusa produzido emprega o carvão vegetal como agente redutor e energético. Outros setores como de celulose e papel, cerâmica vermelha, indústria 36 gesseira, alimentos e bebidas também são importantes consumidores de lenha como fonte de calor de processo (NOGUEIRA, 2007). A tabela VI apresenta o cenário de uso e consumo de lenha no Brasil nos anos de 2006 e 2007. Pode-se observar que o consumo de lenha em carvoarias corresponde a 42,9% sendo o restante em demais áreas como pode ser observado na figura 7. Tabela VI – Consumo de lenha no Brasil (BEN, 2008) unidade Produção de lenha 2006 2007 3 91.922 92.317 0,4 3 38.307 39.153 2,2 3 52.949 52.614 -0,6 3 26.697 25.200 -5,6 3 9.420 9.670 2,7 10 t Consumo em carvoarias 10 t consumo final de lenha 10 t Consumo residencial de lenha consumo de carvão vegetal 10 t 10 t Agropecuário; 7,90% Residencial; 27,60% %07/06 Outros consumos; 1,00% Carvoarias; 42,90% Industrial; 20,50% Figura 7 - Distribuição do consumo de lenha (BEN, 2008) Segundo Uhlig (2008) no Brasil, o consumo de carvão vegetal está ligado a indústria siderúrgica. A produção de ferro gusa é o principal consumidor de carvão vegetal e, como esperado, o consumo de carvão vegetal é proporcional à produção de gusa. O 37 consumo de biomassa pelo setor de ferro gusa e aço representa cerca de 7,6% do total (BEM, 2008). A principal biomassa renovável utilizada para produção de carvão vegetal é o eucalipto. Segundo Penedo (1980) é alternativa energética do coque metalúrgico apresentando com vantagens competitivas como seguem: - São isentos de enxofre; - O carbono produzido pelas florestas não interfere no equilíbrio da terra. - O carbono produzido nas florestas é perpetuamente renovável, enquanto existir vida no planeta Terra. As florestas geram carbono e o armazenam ao mesmo tempo, de modo que não é necessário dispor de depósitos adicionais para o produto como acontece na maior parte dos processos de fabricação de outros combustíveis. Com efeito, as cadeias energéticas da biomassa florestal, desde os recursos naturais até os equipamentos de uso final, mostram crescentes contradições. Por um lado, a madeira representa uma forma de energia renovável, necessariamente articulada com o desenvolvimento regional e capaz de aportar vantagens ambientais localizadas, como a conservação de solo e a proteção dos mananciais, e caráter global, permitindo atenuar as emissões de gases de efeito estufa (pelos efeitos de substituição e seqüestro de carbono), sendo interessante e oportuno promover o seu uso. Por outro lado, em grande medida, a produção de vetores energéticos baseados na madeira tem-se associado a impactos negativos, como o desmatamento e degradação de uso de solo, subemprego e condições insalubres de trabalho. 38 A figura 8 apresenta o ciclo do carbono no processo a carvão vegetal. Para este processo quando toda a madeira utilizada para fabricação de carvão vegetal é explorada de florestas dedicadas de origem renovável, todo o CO2 emitido pelo processo em altos-fornos é equivalente ao CO2 necessário para o crescimento do eucalipto. Figura 8 - Balanço de carbono na redução de minério de ferro (Nogami, 2004) Segundo Goldemberg (2000), as reservas brasileiras de combustíveis fósseis não deverão ultrapassar os 30 anos e ressalta que a única solução permanente que poderá manter um desenvolvimento sustentado durante muitas décadas é através do uso de fontes renováveis de energia. 39 2.3.5 - O reator analisado As características do alto-forno analisado podem ser vistas na tabela VII. Este altoforno foi construído em 1980 e, considerando sua ultima reforma refratária está com sua vida útil próximo do fim. Por ser um projeto já de 30 anos, seu layout está um pouco ultrapassado com necessidades reais de ser otimizado principalmente os sistemas de carregamento de matérias primas no topo, que ainda é pelo sistema tipo skips, e seu sistema de lingotamento dotado de uma única roda de lingotar com diâmetro sub-dimensionando o qual compromete a produtividade da usina. Uma visão parcial desta siderúrgica pode ser vista na figura 9. Tabela VII – Características do Alto-forno analisado ITENS Produção H útil Diâmetro do cadinho Volume útil Número de ventaneiras Diâmetro das ventaneiras Regeneradores Volume de escória Basicidade da escória Vazão de ar Temperatura da coroa Pressão de sopro Consumo de carvão/tgusa Consumo de coque /tgusa Consumo de minério 220t/dia 15,800 m 3,400 m 139 m3 10 90 mm Glendon 120 kg/tgusa 0.92 11000-13000 Nm3 600o C 6,0 - 7,0 mca 550kg 86kg 1500kg 40 Seu principal produto, gusa nodular elaborado graças a um sistema de tratamento metalúrgico em panela, é destinado ao mercado externo (japonês, americano e europeu). Os demais tipos de gusa fabricados pela usina são: aciaria e fundição. Figura 9 - Visão parcial da corrida de ferro gusa As figuras 10 e 11 apresentam o fluxograma esquemático do suprimento de matérias primas para produção de ferro gusa em uma indústria siderúrgica a carvão vegetal. 41 Figura 10 - Fluxograma do minério de ferro Figura 11 - Fluxograma do carvão vegetal 42 2.3.6 - Uso de Combustíveis Fósseis na Siderurgia – Siderurgia a Coque A aplicação de combustíveis fósseis na siderurgia está relacionada à entradas de carvão utilizado no alto-forno como fontes do carbono. Os combustíveis fósseis podem fazer parte da carga com a utilização total ou parcial de coque, injeção de carvões minerais pulverizados pelas ventaneiras, injeção de gás natural e processos periféricos de aquecimento ou de refino onde se utilizam queimas de óleos ou gás. Um diagrama dos fluxos de energia devido ao uso de combustíveis fósseis pode ser visto na figura 12. Para uso siderúrgico, o carvão mineral é em boa parte importado devido à menor fração de impurezas em comparação ao carvão nacional, viabilizando economicamente a sua aplicação para fins siderúrgicos. Pode-se observar que o consumo industrial de combustíveis fósseis representa 67,9% do total consumido. Figura 12 - Diagrama de energia na siderurgia integrada (LARSON, 2003) 43 Na rota a coque os níveis de emissões de CO2 são fixados na atmosfera tendo impacto nocivo ao aquecimento global. Na siderurgia a carvão vegetal, quando todo carvão é de origem de florestas plantadas, existe um modelo perfeito de desenvolvimento sustentável como resultado do balanço das emissões de carbono já que o carbono total emitido retorna a natureza para o crescimento de biomassa. Quanto ao coque consumido pelo Brasil o setor siderúrgico é responsável por mais de 94% consumindo em média nove milhões de toneladas ano. Os consumos de carvão mineral e coque contribuem proporcionalmente com as emissões de GEE do setor industrial o qual estabelece como 2º colocado no ranking dos maiores emissões pelo consumo de combustível como observado na figura 13. Uma tendência de aumento no consumo de coque pode ser verificada na tabela VIII. 100.000 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 Figura 13 - Emissões de CO2 pelo uso de combustíveis fósseis (MCT, 2006) 44 Tabela VIII – Produção, consumo, importação de carvão mineral / coque (BEN 2008) Produção Importação Variação de estoques, perdas, ajustes Consumo industrial Consumo na geração elétrica - CESP Consumo em outros usos Unidade 2006 2007 %07/06 103 t 5881 5965 1,4 3 14900 16441 10,3 3 616 -102 -116,6 3 13906 15097 8,6 3 5500 5074 -7,7 3 1875 2051 9,4 10 t 10 t 10 t 10 t 10 t 1 Carvão mineral e coque de carvão mineral 2 Centrais elétricas de serviço público 3 Diferença em toneladas, entre o carvão metalúrgico que é processado nas coquerias e o coque produzido 2.3.7 - Operação dos Altos-Fornos a Carvão Vegetal A operação com carvão vegetal por si só já apresenta vantagens em relação ao coque por apresentar baixos teores de enxofre na composição química, conferindo uma importante qualidade da composição final do ferro gusa. Para a operação estável dos altos-fornos é necessário um controle de qualidade das matérias primas basicamente dos minérios e carvões. Os principais parâmetros de controle das matérias primas são: - Minério de ferro: granulometria, composição química, redutibilidade, índice de degradação sobre redução, morfologia, índice de crepitação. - Carvão vegetal: Resistência mecânica, teor de umidade, composição química, granulometria. A operação dos altos-fornos a carvão vegetal se inicia no carregamento do carvão minérios e fundentes pelo topo do alto-forno. As matérias primas armazenadas em silos são pesados e transportados por correias transportadoras ou skips até o topo 45 do alto-forno. No topo os materiais são introduzidos no interior do equipamento por sistemas de distribuição (por exemplo, de duplo cone ou calha rotativa). A figura 14 apresenta esquematicamente a distribuição de cargas no interior do alto-forno O gás redutor (CO) representado pelas setas atravessa a zona de coesão para reagir com o minério de ferro dando origem as primeiras emissões de gás CO2 no interior do reator. Figura 14 – Arranjo interno do alto-forno (MATSUI; SHIBATA e ONO, 2005) Uma boa distribuição da carga garante uma decida de carga regular e um leito permeável até as regiões de completa redução do minério de ferro em ferro gusa. Como pode ser observado na figura anterior, o processo de redução do minério de ferro se inicia quando o ar quente originado da captação e passagem deste por equipamentos denominados regeneradores dotados de serpentinas é injetado pelas ventaneiras do reator. Nesta região o oxigênio contido no ar encontra o carbono dando origem as reações de combustão e a reação de bourdoard que liberam os 46 gases redutores. Estes gases redutores ascendentes encontram-se com a carga descendente promovendo a redução do minério conforme estágios apresentados. Nesta região, gusa e escória em estado líquido percola sobre a carga depositando na região do cadinho. Na base do cadinho está situado o furo de corrida onde ferro gusa e escoria escoam formando um jato direcionado a um canal revestido. Estes materiais no estado líquido se separam durante o tempo de permanência no canal, pela diferença de densidade. As principais variáveis operacionais do alto-forno a carvão vegetal são: Temperatura do ar soprado (temperatura de coroa), pressão de sopro, temperatura de topo, relação fator (CO/CO2), altura da carga (sonda), temperatura do gusa no canal, teor de silício do gusa, quantidade de carga hora, peso da corrida, volume de escória. A boa marcha operacional do alto-forno é parcialmente garantida pelo controle realizado pelos supervisores e operadores. As instabilidades operacionais ocorridas são em função das variações na qualidade do carvão vegetal enfornado. As principais variáveis inerentes as matérias primas são teor de carbono, densidade e de umidade do carvão enfornado, e granulometria do carvão e minério de ferro. Dentre as variáveis apresentadas, um controle apurado é realizado ao consumo de carvão vegetal que é função de alguns parâmetros como: peso específico do carvão, umidade do carvão, redutibilidade do minério, crepitação do minério, regularidade na distribuição de carga, volume de escória, basicidade de escória, temperatura dos glendons, temperatura de coroa, eficiência do peneiramento, qualidade dos insumos, teor de silício no gusa. A figura 15 representa, de forma esquemática, a redução do minério de ferro. 47 Figura 15 - Figura esquemática de redução do minério de ferro 2.3.7 - Injeção de Finos de Carvão em Altos-Fornos e a Redução de Emissão de CO2 A injeção de finos de carvão em altos-fornos é um recurso de redução de consumo energético, pois normalmente pode se utilizar finos de carvão reciclados do próprio processo de produção de ferro gusa. Segundo Assis 1995, durante o fluxo da biomassa desde o processo de produção do carvão vegetal até o seu carregamento no alto-forno pode ser gerado cerca de 25 % de finos. Este fino também conhecido como moinha, que era de comercialização incerta, vem ganhando aplicação nos diversos mercados industriais de demanda de energia podendo ser aplicados na substituição de carvão vegetal carregado no topo bem como também do coque. Ainda nas indústrias não integradas o redutor é enfornado em faixas granulométricas iguais ou superiores a 6,35 mm. Isto faz com que a geração de finos seja menor do que nas outras classificações siderúrgicas e, portanto o volume gerado quase 48 sempre é um fator limitante para adoção da tecnologia de injeção de finos de carvão pulverizado pelas ventaneiras. A alternativa neste caso, é a compra de moinha de terceiros para suprir uma demanda regular de injeção do material. Outra limitação desta utilização é o fator temperatura de sopro, pois os altos-fornos a carvão vegetal são equipados com regeneradores do tipo glendon com o qual se alcançam temperaturas menores do que os cowpers, utilizados em fornos maiores principalmente por fatores econômicos. Deve-se ressaltar também que a injeção de finos de carvão, tem efeito refrigerante, induzindo o processo a um abaixamento na temperatura de chama. A injeção de combustíveis auxiliares demanda cuidados especiais na operação dos altos-fornos, pois esta prática implica em uma série de alterações operacionais: permeabilidade da coluna, espessura da camada do redutor, distribuição da carga, temperatura de chama e enriquecimento do ar (Wagner, 1994). A injeção de finos de carvão pelas ventaneiras induz a um menor consumo de carvão vegetal bruto, diminuindo o consumo anual de carvão e conseqüentemente reduzindo a necessidade de área de reflorestamento. Portanto, para siderúrgicas onde o redutor é o carvão vegetal de biomassa plantada, o balanço de CO2 do alto-forno a carvão vegetal é positivo, isto é, o CO2 liberado pelo alto-forno para a atmosfera é menor do que o absorvido anteriormente pela floresta. Sendo assim a alternativa de injeção de finos pelas ventaneiras pode ser considerada uma prática que contribui para com o desenvolvimento sustentável amenizando o efeito estufa (Assis, 1996). 49 2.3.8 - Emissões de Gases de Efeito Estufa e os Processos Siderúrgicos A figura 16 apresenta as emissões globais de gases de efeito estufa por setores de atividades. DESMATAMENTO E MUDANÇAS DE PADRÕES NO USO DA TERRA 9% AGRICULTURA 14% CFCS 17% INDÚSTRIAS 4% PRODUÇÃO DE ENERGIA 56% Figura 16 - Emissões setoriais mundiais de gases de efeito estufa (MCT, 2006) Uma boa prática a se utilizar em determinação de emissões é adota adotar as metodologias do Guia do GHG Protocol. Protocol. Este documento foi elaborado cuidadosamente com objetivo de padronizar de forma coerente, um inventário de emissão de gases de efeito estufa. O GHG protocol foi desenvolvido pelo WRI – Word Research Institute em colaboração olaboração com outras entidades mundiais. Os resultados objetivados são alcançados mediante a aplicação dos seguintes passos propostos por ele sendo eles: - Definição dos limites operacionais organizacionais do inventário - Coleta de dados das atividades que que resultam na emissão de GEE; - Calculo das emissões 50 - Adoção de estratégias como: aumento de eficiência, projetos para crédito de carbono, introdução de novas linhas de produtos, mudança de fornecedor, etc. - Relato de resultados. Sua aplicação envolve os seguintes benefícios: - oportunidades de redução de custos; - criação de benchmark e oportunidades para melhorar a competitividade; Participar de mercados de emissões de GEE; - Prestar contas aos acionistas e stakeholders; - Aplicabilidade e impacto em cadeira; - Traçar e alcançar metas de responsabilidade sócio-ambiental; - Avaliar passivos e preparar-se para futuras políticas de emissões de GEE; - Garantir oportunidades no mercado internacional. As expressões matemáticas para cálculos de emissões também são apresentadas no Guia. Contudo, Brasil, Junior, P. e Junior, J. (2008) destaca a importância da declaração de incertezas associadas aos processos de medida de emissões dos gases para confiabilidade e segurança de avaliação de melhorias operacionais bem como para definição coerente de metas de redução. As emissões de gases de efeito estufa na indústria siderúrgica são originadas em vários processos sejam eles os de produção ou os de apoio aos setores de produção. Para quantificar as emissões primeiramente precisamos conhecer os processos e tecnologias implantados em cada empresa bem como identificar com detalhes como ocorrem às operações de logística e apoio operacional desde o recebimento de todas as matérias primas, insumos e energia elétrica até a entrega dos produtos, subprodutos e resíduos. As figuras 17 e 18 apresentam respectivamente a contribuição de emissões por cada atividade econômica e emissões por grau de integração na siderurgia. 51 7% 75% 9% 6% QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS NA INDÚSTRIA 1% 2% QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS NO TRANSPORTE QUEIMA DE COMBUSTÍVEIS OUTROS SETORES EMISSÕES FUGITIVAS PROCESSOS INDUSTRIAIS MUDANÇA NO USO DA TERRA E FLORESTAS Figura 17 - Emissões de GEE no Brasil 2 1,5 1 siderurgia integrada 0,5 siderurgia semi semi-integrada 0 redução direta 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Figura 18 - Emissões na siderurgia por grau de integração de 1990 a 1998 (tCO2/taço) Ainda no primeiro inventário setorial realizado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia no Brasil, as emissões de gases de efeito estufa na siderurgia integrada corresponderam valores superiores a 80% das emissões totais do setor entre os anos de 1990 a 1998 98 comparativamente a siderurgia semi-integrada semi integrada e a redução direta. O guia GHG protocol não engloba em sua metodologia de contabilização final de emissões a contribuição da siderúrgica a carvão vegetal, pois credita que as emissões são compensadas pela p produção de O2 pelas florestas. Como bem explica 52 Sampaio (2004), dentre as várias possibilidades de energia renovável utilizada pelo homem, é através da fotossíntese que os seres clorofilados absorvem energia solar e, na presença de pigmentos verdes converte o dióxido de carbono e a água em glicose funcionando como um coletor verde que serve para regenerar o oxigênio de volta a atmosfera, limpando-a do dióxido de carbono expelido em excesso, servindo também para a produção de carbono renovável como mostrada na reação a seguir: 6CO2+6H2O+Luz Solar/Clorofila →C6H12O6+6O2 Entretanto, segundo Cavaliero e Jannuzzi (1998), a utilização predatória de matas nativas, sem o devido reflorestamento pode aumentar ainda mais a participação do setor siderúrgico nas emissões nacionais de CO2, uma vez que até a etapa de produção de ferro gusa a partir do processo de redução de minério de ferro, a indústria a carvão vegetal emite mais que a indústria a coque de carvão mineral. Isto configura que ambos os redutores utilizados classificam a atividade siderúrgica como produtores de CO2 e consumidores de O2. A figura 19 apresenta as emissões setoriais no Brasil. Os dados são retirados do primeiro inventário nacional de gases de efeito estufa realizado pelo governo brasileiro para o ano de referência de 1994. O setor siderúrgico que se enquadrano setor industrial é responsável por 4% das emissões no país Na figura 19 não foram levadas em consideração as emissões indiretas (consumo de energia elétrica). Foram consideradas as emissões na coqueria, alto-forno e emissões de processo (representando 60% das emissões totais da siderúrgica). A tabela IX apresenta como são originadas as emissões de gás de efeito estufa para cada tipo de siderurgia bem como por processos siderúrgicos e na tabela X compara as emissões por setores da indústria. 53 Ferro e aço Químicos e petroquímicos Metais não ferrosos Minerais não metálicos Outros 27% 28% 18% 25% 2% Figura 19 - Emissões setoriais no Brasil (IEA, 2007) * Tabela IX – Principais setores e fontes de emissão de CO2 das indústrias siderúrgicas Setores de produção Ferro gusa (Não Integrada) Fontes de emissão Alto Alto-forno (carvão vegetal) Coqueria Sinterização Ferro e aço (Integrada) Alto-forno Alto (coque) Aciaria Ferro ligas Energia Forno elétrico de redução Caldeiras das centrais termoelétricas Origem das emissões Combustão do carvão Combustão dos finos de carvão injetado nas ventaneiras Redução dos óxidos de ferro Decomposição dos fundentes Queima do GAF e/ou COG Queima de outros combustíveis (óleo combustível; gás natural) Oxidação de finos de coque ou de carvão vegetal Combustão do coque Combustão dos finos de coque /carvão mineral injetados nas ventaneiras Redução dos óxidos de ferro Decomposição dos fundentes (calcário e dolomita) Oxidação do carbono contido no aço Oxidação do carbono dos eletrodos (forno elétrico de aciaria) Redução dos óxidos metálicos Oxidação do carbono dos eletrodos Oxidação do carbono contido nos minerais Calcinação dos carbonatos (calcário e dolomita) Combustão de gases siderúrgicos (GAF e COG) 54 Tabela X – Emissões de poluentes (Silveira, sem data) CO2 CH4 CO NOx NMVOC 236.505 401 12.266 1.601 1.596 23 3 39,1 69,6 64,5 74.066 55 1.833 347 55 7,2 0,4 5,8 15,1 2,2 37.887 37 790 113 23 % (em relação ao setor energia) 3,7 0,3 2,5 4,9 0,9 % (em relação ao subsetor industrial) 51 67 43 33 41 Emissões totais do setor GJ SETOR ENERGIA % (em relação as emissões totais) Emissões totais Emissões do Subsetor SUBSETOR INDUSTRIAL % (em relação ao setor energia) Emissões Ind. Siderúrgica INDÚSTRIA SIDERÚRGICA 2.3.9 - Exergia como Ferramenta Aplicada a Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa Um estudo de Akiyama & Yagi (1998) apresenta uma metodologia para avaliação de reduções de emissões pela minimização do consumo de exergia em indústrias siderúrgicas. Os resultados sugeririam a possibilidade de economia de energia pela indicando uma meta para redução da emissão de CO2 e diferenças entre simulações de dados operacionais. Significativamente, a metodologia proposta é também aplicável para todos os outros sistemas metalúrgicos e químicos para estudos de alternativas e aproveitamento de recursos. A redução de emissões também pode ser conduzida pela recuperação de calor de gases de alto-forno que saem a altas temperaturas dos sistemas de produção de ferro e aço através da recuperação de 55 sua a exergia química. Afigura 20 apresenta a redução da perda exergética pelo aumento do índice de pós combustão do gás de alto-forno. Figura 20 - Perdas de exergia O objetivo principal da análise de exergia é identificar e avaliar quantitativamente a causas das imperfeições termodinâmicas dos processos térmicos. Segundo Zargut, (1988) a exergia foi inicialmente introduzida por Rant em 1956 fundamentado em questionamentos sobre a degradação da energia quando utilizada em sistemas e processos diversos. Segundo Valero, Munhoz e Lozano 1994, o conceito foi trabalhado anos após para ser difundido mundialmente nos processos industriais a partir de pesquisas realizadas por Wall, 1986. Os estudos e aplicação do conceito de exergia em processos siderúrgicos são pouco utilizados pelos pesquisadores da siderurgia principalmente para o seguimento a carvão vegetal. Em conseqüência disto, os estudos bibliográficos desta dissertação tiveram início tomando como referência uma análise comparativa entre a siderurgia integrada 56 convencional a coque e a siderurgia a carvão vegetal. Também Oleg Ostrovisk e Zhang (2004), realizaram estudo similar, porém desta vez, pesquisando a rota integrada de produção de gusa e comparativamente com processos de redução direta de óxidos de ferro. Uma análise exergética comparativa para sistemas de produção de gusa via carvão vegetal e coque (entradas e saídas de exergia) a qual objetivou avaliar as questões ambientais principalmente relacionadas a emissões de gases de dióxido de carbono para a atmosfera, foi desenvolvida por Nogami, Yagi e Sampaio (2004). O estudo abrangeu a produção de carvão vegetal em fornos de carbonização e produção de coque em coqueria, redutores utilizados nos processos de produção de gusa em altos-fornos. Estes processos normalmente estão integrados aos dois modelos de siderurgia estudados. O estudo em questão não considera algumas variáveis como relacionadas ao aproveitamento de gases e vapores de exaustão. Observa-se que alguns fatores como maior volume de ar soprado, menor volume interno do forno em função da área superficial necessitam de maiores entradas de exergia em função da quantidade de energia necessária para aquecimento de maiores quantidades de ar nos glendons e maiores perdas de calor do sistema. Sobretudo, as exergias de saída de ambos os processos tendem a se aproximar quando o processo via carvão vegetal recupera as perdas de exergia contidas no gás de alto-forno em processos de geração de energia elétrica por exemplo. As tabelas XI e XII apresentam os resultados dos balanços de exergia obtidos por Nogami. Como resultado do estudo realizado pode-se observar que a exergia de entrada para o processo a carvão vegetal é maior que para o processo a coque. Isto praticamente devido ao tipo de redutor utilizado. O processo a carvão vegetal está 57 caracterizado por um maior consumo de agente redutor por tonelada de ferro gusa produzido. Tabela XI – Resultados da comparação dos inputs de exergia (NOGAMI, YAGI, SAMPAIO, 2004) A coque Carvão vegetal Matérias primas 335 Matérias primas 188 Coque 11.415 Carvão vegetal 16.345 Injeção de carvão pulverizado 3.135 Injeção de carvão pulverizado - Sopro 1.105 Sopro 762 Eletricidade 155 Eletricidade 180 Total 16.145 Total 17.488 Unidade: MJ/tgusa líquido Tabela XII – Resultados da comparação dos outputs de exergia (NOGAMI, YAGI, SAMPAIO, 2004) A coque Carvão vegetal Ferro gusa 8.121 Ferro gusa 8.410 Escória 519 Escória 252 Gás de coqueria 5.551 Gás de coqueria 6.498 Dust 71 Dust 224 Eletricidade 112 Perdas de calor 52 Outras 522 Total 14.948 Total 15.384 Unidade: MJ/tgusa líquido Eficiência exergética / perdas A coque εperdas Carvão vegetal 1.197 εperdas 2.148 58 Oleg Ostrovisk e Zhang (2004), realizando análise comparativa entre a indústria do aço pela rota integrada via alto-forno e pela rota de processos de redução direta. Comentou que os processos são irreversíveis e sempre acompanhados de perdas de exergia. Do ponto de vista comparativo, o processo de redução direta pode ter perdas exergéticas superiores aos altos-fornos a coque em função da razão da variável de pós combustão (%CO2 + % H2O)/(%CO2 + % H2O + %CO + %H2) compensadas pelo uso eficiente dos gases de saída do processo. Nos altos-fornos a coque, a utilização eficiente do gás já está consolidada através de seus usos em outros processos como de geração de energia elétrica, nas unidades de coqueria e sinterização. A exergia foi utilizada como ferramenta para um estudo de progressos nos processos de produção de ferro gusa em alto-forno na indústria do Japão. Neste estudo foram simuladas diversas situações, entre elas a injeção de finos de carvão pelas ventaneiras o que levou a economia de exergia para o processo (YAGI, 1991). Wall (1986) realizou um estudo comparativo entre diversos processos industriais dentre eles a produção do aço em Mini-Mills via fornos elétricos. O estudo objetivou apresentar que os estudos de exergia se aproximam de uma ação ineficiente à medida que as temperaturas do processo na industrial se aproximam da temperatura ambiente. Concluiu que perdas exergéticas de dois fornos elétricos em operação podem ser significantemente reduzidas substituindo estes por apenas um forno com capacidade de produção maior. Outra parte da revisão bibliográfica sobre a aplicação dos conceitos para desenvolvimento desta dissertação foi baseada na revisão bibliográfica “Bibliography on Energy” publicada em 1992 por Goran Wall. Este identificou cerca de 2034 59 publicações a nível mundial que referenciam diretamente o conceito de exergia até o ano de 1994. Admitiu-se, porém que somente 05 dos artigos publicados foram voltados a processos siderúrgicos havendo restrição maior para o processo de fabricação de ferro gusa em altos-fornos. Contou-se também com o trabalho compilado por Cornelissen (1994) que identificou os trabalhos relacionados ao tema no período entre 1985 e 1994. Seu trabalho “Bibliography on Exergy Analysis and Related Techniques” identificou cerca de 760 publicações sendo que não foram identificado estudos diretos de exergia em altos-fornos. Pesquisas realizadas no período de 1993 a 2005 apontam 999 publicações compiladas por Palma, 2007. Levando em conta a quantidade restrita de publicações em relação ao tema proposto, considerou-se que as publicações citadas até aqui cruciais para desenvolvimento deste trabalho e desenvolvimento da metodologia proposta. 60 3 - FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS A termodinâmica está intimamente ligada a engenharia e conseqüentemente aos processos industriais quando as necessidades de melhorias no desempenho de projetos, resultando em aumentos de produção, redução de consumo de recursos naturais e/ou escassos, redução de custos ou menor impacto ambiental . Portanto seus conceitos são ferramentas imprescindíveis às questões de sustentabilidade ambiental, manutenção e qualidade da vida terrestre. Este capítulo apresenta de forma breve os principais conceitos os quais serviram como fundamento do modelo de estudo proposto. A aplicação dos conceitos de exergia permite a realização de diagnósticos em diversos setores da indústria e será utilizado para o processo de produção de gusa em altos-fornos pelo uso da biomassa. 3.1 Primeira e Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada ao Processo de Redução de Minério de Ferro Como nos altos-fornos o processo é realizado em regime permanente, o fluxo de massa na entrada deste reator é igual ao fluxo de massa de saída. A ilustração dos fluxos de massa que atravessam a superfície de um alto-forno pode ser vista na figura 21. Para qualquer volume de controle a equação de balanço de massa pode ser escrita como (MORAN; SHAPIRO, 2008): 61 Variação líquida Total de massa Total de massa que sai do de massa no que entra no = interior do volume volume de volume de de controle controle controle Figura 21 - Fronteiras de trabalho Podemos reescrever as equações em termos de taxa do tempo obtendo: (1) 62 Como os processos no alto-forno acontecem em regime permanente, as propriedades termodinâmicas não variam com o passar do tempo, sendo a parcela de taxa de variação de massa com o tempo nula podemos reescrever: ∑ m ∑ m (2) Como já foi abordado, no alto-forno do estudo em questão temos as seguintes matérias primas enfornadas: carvão vegetal, minério de ferro, pelotas, sucatas de ferro gusa, granito, dolomita e ar. Os principais produtos e subprodutos do alto-forno são: ferro gusa, escória de alto-forno, gás de alto-forno, pó e lama de alto-forno, sucatas. Assim, para a coerência das etapas que seguem neste trabalho procedeuse o seguinte balanço de massa o qual é detalhado no apêndice x. Para uma verificação mais apurada do balanço de massa em altos-fornos pode-se reescrever a equação acima em função das vazões molares levando em consideração as composições químicas de cada componente referente as matérias primas e insumos, bem como os teores dos elementos contidos nos produtos, subprodutos e resíduos do alto-forno. Na prática de balanços de massa nos altos-fornos devemos considerar as diversas perdas de processo as quais, muitas das vezes representam pequenas frações inerentes as saídas, por questões inerentes ao processo de redução de minério de ferro. Estas perdas podem estar relacionadas a purgas no sistema de despressurização no topo do alto-forno, pequenos vazamentos em válvulas do sistema de recuperação do gás de alto-forno, instabilidades operacionais indesejadas de menor freqüência que 63 causam emissões instantâneas de massa, bem como perdas metálicas em canais e no processo de separação de escória. Pelo princípio de conservação de massa sabemos que: ∑ m ∑ m (3) O balanço de entropia para o regime permanente em termos de taxas é então determinado por: Q 0 ∑ T ∑ m. s ∑í m. s σ (4) Para os processos reais em um volume de controle onde o processo siderúrgico se desenvolve em regime permanente, as irreversibilidades estão presentes pela observação das propriedades de troca de calor que entra no volume de controle e taxa de produção de trabalho. A diferença entre o trabalho ideal de um processo irreversível (que poderia ter sido realizado sem perdas) do trabalho realizado no processo ideal descreve a definição de irreversibilidade. I Wí W (5) 64 No alto-forno a importância da termodinâmica é aplicada ao conhecimento das transformações químicas que ocorrem no interior do reator no processo de redução da hematita (Fe2O3) ao Fe metálico. No entanto, objetivando aplicar ao modelo os conceitos de primeira e segunda lei, embora os estados iniciais e finais do sistema possam fornecer informações globais que possam permitir a avaliação de emissões de gases de efeito estufa, propõe-se, como sugerido por Andrade (1977) intervir em dois estados intermediários de transformações químicas internas no reator como recurso simplificado de execução dos balanços. Fazendo-se abstenção das fases intermediárias, a principal reação de obtenção do gusa líquido no alto-forno poderia ser escrita como: Fe2O3 + 3CO = 2Fe + 3 CO2 No entanto, nem todo CO produzido nas ventaneiras do forno é consumido nesta reação de modo que no gás de topo do forno há ainda considerável quantidade de CO não aproveitado (PENA,1980). Tal fenômeno pode ser perfeitamente demonstrado quando a velocidade das reações de redução atinge o equilíbrio termodinâmico antes que todo o CO seja consumido, reforçando a importância desta ciência quando aplicado nos processos siderúrgicos. Para os processos siderúrgicos pode-se obter dados tabelados como as tabelas de Kelly que fornecem os valores de St – S298 (JUVILAR, 1980). Para elaboração do balanço térmico a determinação das fronteiras do sistema que deve estar intimamente relacionada aos objetivos do estudo que se pretende alcançar com o cálculo do balanço térmico. A garantia de exatidão dos balanços 65 bem como para todas as etapas aos cálculos deve-se proceder ao balanço de massa por ser a entalpia diretamente dependente da massa (ASSIS; SAMPAIO, 1995). A tabela XIII apresenta os dados de processos do alto-forno utilizados para os balanços. Ressaltam-se a temperatura do minério de ferro o qual é secado no silo através de aquecimento com gás de alto-forno recirculado no processo. Demais insumos carregados pelo topo entram a temperatura ambiente e não estão isentos de umidade. Tabela XIII - Propriedades térmicas do alto-forno: inicial e final Início Fim Componentes do sistema Temperatura Componentes do sistema Temperatura Carvão vegetal 298 K Gusa Líquido 1623 K Minério de ferro - Hematita 298 K Escória de alto-forno 1623 K Pelotas 298 K Gás de alto-forno 460 K H2O - Umidade da carga 298 K Pó e lama de alto-forno 460 K Ar 298 K Sucatinha 298 K Granito 298 K Dolomita 298 K 3.2 Métodos da Exergia O método de análise de exergia permite identificar e avaliar a perda residual de recursos energéticos existente em determinado processo. Estas informações são importantes quando utilizadas a favor de melhoria da eficiência de diversos processos onde são demandados qualquer quantidade de energia seja nos mais diversos tipos de processos existentes bem como em seguimentos industriais e são 66 importantes na avaliação das emissões de gases de efeito estufa e em pesquisas de sua mitigação. Segundo Kotas (1995) A partir da interação entre dois sistemas em diferentes estados, pode ser realizado trabalho até o estado de equilíbrio. Qualquer um dos sistemas pode ser considerado como estado de referência ou meio ambiente e o outro sistema é o que se deseja estudar. Pode-se adotar a segunda nomeclatura uma vez que o meio ambiente pode ser bem representado pela atmosfera, oceanos ou pela crosta terrestre. A definição de exergia é dado com sendo a parte da energia que pode ser completamente convertida em qualquer outra forma de energia (Rant, 1956). A exergia é a parte nobre da energia, ou em outras palavras, é a parcela que pode ser convertida em calor ou trabalho. Pode ainda ser considerado como a parte da energia que é degradada como efeito indesejado e, em algumas vezes, inerentes a um processo. Espera-se, contudo, mensurar estes efeitos de forma a recuperar entre os destroços, a eficiência dos processos. Podemos constatar que nos processos e equipamentos siderúrgicos, a energia se conserva, isto é, ela não pode ser destruída. Portanto, a energia que entra sob diversas formas, seja através de eletricidade, combustíveis, matérias primas, entre outras formas, irá se transformar em produtos e seus derivados. Com a introdução da exergia, devemos constatar até que ponto a recíproca é verdadeira estando fundamentado nos conceitos de segunda lei. Já a exergia não é conservada, mas pode ser destruída pelas irreversibilidades. Sendo assim a exergia pode ser toda destruída para o caso de uma variação espontânea. 67 Segundo Torres (2001), a energia é a propriedade proveniente do primeiro ela não pode ser criada nem destruída, só transformada e sempre se conserva e, a cada transformação haverá sempre uma parte perdida. Rant introduziu a palavra Exergia, também propôs a palavra anergia para denominar a parte de energia que não pode ser aproveitada, isto é: Energia = Exergia + Anergia (6) Uma comparação de energia com exergia foi apresentada por Szargut (1988) é mostrada na tabela XIV. Tabela XIV – Comparação entre energia e exergia Energia Exergia Respeita as leis de conservação Está isenta das leis de conservação É função de estado da matéria em consideração É função de estado da matéria em consideração e da matéria no meio ambiente Deve ser calculada com base em um estado de referencia assumido O estado de referencia é imposto pelo meio ambiente; em baixas temperaturas No caso de um gás ideal, não depende da pressão Sempre depende da pressão É zero quando no vácuo É um valor positivo no vácuo Segundo Szargut (1988) a energia pode ser dividida em 04 partes: cinética, potencial, termomecânica e química. A figura 22 ilustra esquematicamente estas contribuições. 68 Figura 22 - Representação conceitual de exergia Portanto, B = Bcinética+Bpotencial+BTérmica+Bquímica (7) Btérmica = BFísica+BQuímica (8) E Btérmica = BΔP+BΔTT (9) Então a exergia é: B = Bcinética+Bpotencial+ BΔP+BΔT+Bquímica (10) Onde B = Exergia A exergia cinética é a própria energia cinética quando a velocidade relativa considerada é a da superfície da terra. A exergia potencial é também igual a energia potencial quando o referencial é a superfície do local avaliado, por exemplo a superfície da terra. erra. Considerando que a velocidade do sistema e a altura sejam 69 nulas em relação ao ambiente ( é!"# $%!&"#' 0), a exergia passa a combinação da exergia química e a exergia química. Quando se trata de análise de sistemas térmicos, ambas as exergias potencial e cinética pode ser consideradas nula. A diferença entre as alturas bem como o fato de que os sistemas estão na condição de repouso ambos são desprezíveis. Exergia termomecânica ou física é definida como sendo o trabalho máximo obtido em trabalhos reversíveis quando uma quantidade de matéria é levada do estado inicial (P e T) ao estado de equilíbrio de pressão e temperatura de referencia (P0 e To) do ambiente. Se uma região do espaço dispõe de pressão e temperatura maior que o ambiente, neste caso existe um potencial com relação ao meio (SZARGUT, 1988). Quando a pressão e a temperatura do sistema se igualam com o meio, afirma-se que esse é o estado Inativo Restrito, portanto, não tem mais capacidade de gerar trabalho ou calor. A exergia química é o trabalho é o trabalho obtido por uma substancia desde uma condição inicial a uma condição de equilíbrio com o meio ambiente. A exergia térmica ou termoquímica então é a contribuição da termomecânica mais a química. Em outras palavras ela representa o trabalho máximo obtido quando uma quantidade de matéria é levada ao estado de equilíbrio termomecânico (pressão e temperatura) e químico (potencial químico) com o ambiente. A energia termomecânica ou física é o potencial existente entre o estado em que se encontra na região do espaço a P e T até o equilíbrio termomecânico (P0, T0) com o ambiente. 70 A variação de exergia térmica pode ser calculada pelo modelo da máquina térmica de Carnot. O fluxo de energia com entalpia H1 e entropia S1 na máquina reversível onde as variações térmicas e/ou químicas irão acontecer resultando em nas entalpias H2 e entropia S2.Portanto, também nos altos-fornos comparando-o a uma máquina térmica devemos levar em consideração as contribuições físicas e químicas de entalpia e entropia do processo de produção de ferro gusa. O máximo trabalho que deveria ser obtido da máquina é obtido pela variação de exergia dos fluxos de entrada e saída do reator. Portanto pelo balanço de energia temos que: BTé)*+ B,-í)*. ΔBé)* H+ H. Q3 (11) E pelos critérios de reversibilidade, 5 S. S+ 76 0 6 (12) Assim temos que, BTé)*+ B,-í)*. ΔBé)* H+ H. T3 9:+ :. ; (13) Para efeitos de cálculo da exergia química do agente redutor carvão vegetal idealiza-se as principais reações como sendo a reação de combustão e a reação de Boudoard a fim de se conhecer o trabalho máximo obtido nas respectivas reações químicas. A exergia química padrão dos produtos e matérias primas utilizadas no alto-forno pode ser calculada por expressões aproximadas pela equação a seguir. 71 3 % <5=í>"# <?=í>"# @& ∑B AB CB (14) Onde, DB = número de moles dos elementos contidos no ferro gusa CB = Coeficiente de exergia química padrão dos constituintes do ferro gusa Para as matérias primas (minério de ferro, pelotas, dolomita, quartzito e granito enfornadas a exergia química pode ser expressa como sendo: 3 <5=í>"# ∑ A C (15) D = Número de moles da matéria prima i C = coeficiente levando em consideração os componentes químicos contidos na matéria prima i As principais saídas do alto-forno como já apresentado em outros capítulos são o Ferro gusa, escória de alto-forno, gás de alto-forno e poeiras (pó e lama de altoforno). 72 4 - ANÁLISE DA EXERGIA EM ALTOS FORNOS A figura 23 apresenta a definição da fronteira de interesse para o estudo proposto bem como a representação dos fluxos de entrada e de saída do alto-forno. O processo industrial para produção de ferro gusa tem um consumo de exergia importante; este constitui cerca de 40% do consumo total de exergia na indústria do ferro e do aço (Szargut, 1988). A eficiência exergética do alto-forno é relativamente alta quando a contabilização abrange o ferro gusa líquido e a exergia química do gás de alto-forno utilizado. Figura 23 - Fluxos de elementos no alto-forno 73 Um exemplo dos balanços de energia e exergia de processos industriais para fabricação de ferro gusa foi apresentado por Szargut (1988). A entalpia química no balanço de energia foi calculada pelos princípios da enthalpy of devaluation. O balanço de exergia para processos industriais é mostrado na figura 7.4. 4.1 Critérios e Dados Operacionais Aplicados A característica do alto-forno apresentada pode ser detalhadamente visualizada no anexo I. O forno tem volume útil de 139 m3 e uma produção nominal de 280 tgusa/dia. Para realização deste estudo buscou-se identificar dois dias críticos na produção da empresa em relação principalmente a qualidade das matérias primas, principalmente do carvão vegetal enfornado. Este critério foi utilizado para enriquecimento do trabalho procurando buscar identificar pontualmente o efeito do principal material utilizado no comportamento termodinâmico do alto-forno. Os principais dados operacionais utilizados para efeito de estudo são coletados dos diversos relatórios de supervisão e operação gerados na produção de um alto-forno. O enfornamento de carvão é controlado por balanças de pesagem calibradas podendo ser recuperado do relatório boletim de cargas como exemplo mostrado no anexo II. Toda a carga enfornada é pesada e o registro é feito pelo operador de guincho. Procedimentos internos de amostragem determinam uma metodologia para análise da umidade de carvão vegetal que está sendo enfornado. As tabelas XV, XVI e XVII apresentam as composições químicas dos carvões utilizados. 74 Tabela XV – Análise química do carvão vegetal – imediata Análise Química do Carvão Vegetal Carbono Fixo Matérias voláteis Cinzas Umidade 69,93 21,70 4% 5,40 Tabela XVI – Composição química das cinzas do carvão vegetal Análise química das cinzas do carvão vegetal (4%) S Fe Al2O3 SiO2 MgO CaO Fe2O3 0,0255 1,64 3,2 17,43 9,04 35 10 Tabela XVII – Análise elementar do carvão vegetal Química Elementar do carvão vegetal C H2 N2 O2 H2O 44 5,7 0,3 41 20 O consumo de minério de ferro e fundentes, bem como de outros insumos também são controlados e pesados em toda a carga. Ao final de 24 horas têm-se os resultados de um dia de consumo de todas as matérias primas enfornadas. A qualidade das matérias primas é controlada pelo Laboratório de Controle de Qualidade onde se procedem as análises químicas via úmida com equipamentos calibrados. Ressaltam-se que a empresa tem implementado um secador de minério de ferro objetivando melhor qualidade das matérias primas enfornadas. Este secador determina uma temperatura média acima dos outros insumos de entrada. A tabela XVIII apresenta a análise química do minério de ferro. 75 Tabela XVIII – Análise química do minério de ferro enfornado Análises químicas do minério de ferro Fe Mn P Al2O3 SiO2 CaO 67,66 0,05 0,01 0,77 2,26 0,040 A empresa adota enfornamento de pelotas dependendo da oferta deste produto no mercado. Sua análise química é enviada pelo fornecedor correspondendo os valores apresentados na tabela XIX. Tabela XIX – Análise química das pelotas enfornadas Análises químicas das pelotas Fe Mn P Al2O3 SiO2 CaO 65,54 0,1 0,032 2,70 2,76 2,80 Todos os pesos de matérias primas são determinados através de balanços de massa e cálculos de leito de fusão que variam com a qualidade das matérias primas, composição do ferro gusa desejado e características da escória de alto-forno. A tabela XX apresenta estes dados. Tabela XX – Matérias primas e insumos enfornados Input unidade Quantidade Carvão vegetal (cinza) kg/tgusa 669,148 Minério de ferro kg/tgusa 1110,141 Pelotas kg/tgusa 277,535 Granito t/tgusa 18,396 Dolomita t/tgusa 59,786 Nm3/tgusa 1.122,46 kg/tgusa 183,958 Energia Elétrica kWh/tgusa 0,064 Água Resfriam. m3/tgusa 15,000 Ar Sucatinha de ferro 76 Como já foi explanado em capítulos anteriores, os fundentes são utilizados para conferir propriedades específicas a escória do alto-forno objetivando uma operação mais estável possível. As análises químicas destes fundentes são apresentadas na tabela XXI. A umidade média dos fundentes é considerada igual a 4%. Tabela XXI – Composição química dos fundentes Análise química do granito SiO2 Al2O3 90 0,4 Análise química da dolomita CaO MgO 37,45 13,50 A siderurgia enforna sucatas de ferro gusa selecionada e peneirada visando mitigação das perdas. A tabela XXII a seguir apresenta composição química da sucatinha gerada com composição aproximada do ferro gusa produzido pela própria empresa. Tabela XXII – Composição química da sucatinha Sucatinha de ferro gusa Fe Mn Si P S C 95,16 0,07 0,2 0,05 0,02 4,50 Já os produtos, subprodutos e resíduos são pesados em balança rodoviária. O ferro gusa é lingotado em formas dispostas em lingoteiras, tamboreado para classificação de tamanhos e limpeza do lingote e descarregados em caçambas que são transportadas por caminhão bruck até o pátio de estocagem. No início de uma corrida, isto é, abertura do canal de corrida que é realizada de duas em duas horas, 77 é realizado um procedimento de amostragem para análise da composição obtida na produção. Esta análise também é realizada no “Laboratório de Controle de Qualidade por via úmida que libera as caçambas para descarga da corrida na pilha correta. A tabela XXIII abaixo apresenta os fluxos de saída do alto-forno analisado. Tabela XXIII – Produtos e subprodutos do alto-forno Output unidade quantidade kg 1000 Escória kg/tgusa 100 Pó de balão kg/tgusa 50 Ferro Gusa 3 Gás de alto-forno Nm /tgusa 1780 Sucatas do lingotamento kg/tgusa 20,000 Sucatas do tamboreador kg/tgusa 30 A tabela XXIV a seguir apresenta a composição química dos fluxos de saída do altoforno. Tabela XXIV - Composição química do ferro gusa Teores dos elementos no ferro gusa Si Mn P C S Fe 0,25 0,07 0,05 4,50 0,02 95,11 A escória de alto-forno exerce função importante para a operação do alto-forno e qualidade do ferro gusa a ser produzido. A sua composição química é determinada nos balanços de massa e leito de fusão em função das cargas que estão sendo enfornadas correspondendo a valores apresentados na tabela XXV. A empresa visa a operação com volume de escória em torno de 100kg/tgusa. Durante a corrida de ferro gusa são realizados amostragens da escória e estas são analisadas objetivando confirmar os cálculos de leito de fusão e garantir a estabilidade operacional melhor possível. 78 Tabela XXV - Composição química da escória Teores dos elementos da escória do alto-forno (%) Al2O3 SiO2 MgO CaO MnO FeO 15,87 45 4,3 32,06 0,36 2,41 A geração de pó de alto-forno ocorre pelo arraste de material particulado que saí do interior do reator juntamente com o gás do alto-forno para tubulações que destinam estes para o sistema de limpeza de gás de alto-forno. Este sistema de limpeza recolhe a maior fração de particulados a seco e a úmido gerando estes dois resíduos siderúrgicos. As frações químicas do pó de balão são apresentadas na tabela XXVI. Tabela XXVI – Composição química do pó de balão Teor dos elementos constituintes do pó e lama do AF Mn P C Fe Al2O3 SiO2 CaO 0,45 0,05 27,5 59,84 2,15 8,01 2 Como subprodutos do alto-forno são geradas sucatas que estão presentes junto a escória, nos canais de corrida, no lingotamento do alto-forno e no tamboreamento do alto-forno. Estas sucatas têm a mesma composição química do ferro gusa apresentado acima e representam perdas de processo. A composição química do gás de alto-forno é obtida após análise no aparelho Orsat e tem características importantes na avaliação de aspectos operacionais no interior de aproveitamento dos gases redutores durante o processo de produção do ferro gusa. Os componentes do gás de alto-forno são apresentados na tabela XXVII. 79 Tabela XXVII– Componentes do gás do alto-forno Composição do gás de alto-forno CO H2 H2O CH4 N2 CO2 22,15 5,46 9,88 1,02 46,73 14,76 4.2 - Discussão dos Parâmetros Operacionais Coletados Os parâmetros operacionais referente a insuflação de ar pelas ventaneiras do altoforno bem como temperatura são monitoradas por termopar localizado na região acima da coroa e por manômetros. Estes equipamentos também são calibrados segundo normas internas da empresa. Os registros de medição são coletados de hora em hora e são registrados no relatório de supervisão do alto-forno. O número de cargas enfornadas por hora é uma variável importante para efeitos de analise da estabilidade operacional do forno. Quando ocorrências de normalidades como falhas na distribuição das matérias primas no forno ou ainda, alta umidade do carvão vegetal, marcha fria, qualidade das matérias primas, engaiolamentos, etc. levam a uma instabilidade operacional e falhas de produtividade. A figura 24 apresenta o número de cargas hora/dia como resultado operacional dos dias 11/01/2009 e 28/08/2008. 80 16 Número de cargas 14 12 10 11.01.2009 28.08.2009 8 6 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 4 Figura 24 - Marcha operacional do alto-forno dia 1 e 2 O peso do carvão vegetal enfornado esta intimamente ligada ao teor de umidade e principalmente pela densidade do carvão vegetal. Como a empresa trabalha com um mix de carvão vegetal a curva fica bem instável como pode ser verificada nas figuras 25 e 26. 11.000 Peso enfornado (kg) 10.000 9.000 8.000 28.08.2009 7.000 11.01.1009 6.000 5.000 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 4.000 Figura 25 - Marcha operacional do alto-forno dias 11/01/2009 e 28/08/2008 45,00 40,00 35,00 30,00 28.082.009 11.01.2009 25,00 20,00 15,00 HORA 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 Vlolume de carvão enfornado (m3/h) 81 Figura 26 - Volume de carvão vegetal enfornado (m3) 4.3 - Balanços térmicos no alto-forno Nas tabelas XXVIII e XXIX a seguir são apresentados os balanços de energia do alto-forno para os dois dias de operação. Apesar de que é possível notar alguma diferença nas variáveis operacionais entre estes dois dias, destacam-se as diferenças entre a qualidade das matérias primas, principalmente as referentes ao carvão vegetal enfornado. Calores positivos 21.373,71 12.625,83 2.343,21 2.287.269,61 44.394,84 2.648.863,88 TOTAL 274.059,73 6.796,95 Valor(kcal/tgusa) Calores negativos 1)Calor de vaporização da umidade da carga(T=373K) 1.1)Vaporização da umidade do carvão vegetal 1.2)Vaporização da umidade do minério de ferro 1.3)Vaporização da umidade do ar insuflado 1.4)Vaporização da umidade da dolomita 2)Entalpia do gusa(T=1300K) 2.1)ΔH(Fe) 2.2)ΔH(Si) 2.3)ΔH(Mn) 2.4)ΔH(P) 2.5)ΔH(C) 2.6)ΔH(S) 2.7)ΔHDissolução(P) 2.8)ΔHDissolução(Si) 2.9)ΔHDissolução(C) 3)Entalpia da escória(T=1623K) 4)Entalpia da reação de Boudouard(T=298K) 5. Perdas TOTAL Eficiência energética Balanço Energético em um alto-forno RESULTADOS 2)Calores de formação do CO, CO2 e CH4 do gás de alto-forno(T=460K) 2.1)CO 2.2)CO2 2.3)CH4 3)Entalpia da combustão do carbono do carvão vegetal 4)Entalpia da redução da hematita 1)Calor sensível do ar úmido (T=1053K): 1.1)Ar seco 1.2)Umidade do ar (8g/Nm3) DATA: 11.01.2009 205549,79 726,07 83,89 181,51 23349,93 43,28 -0,47 -2,75 19,35 54,16 1.002.748,73 1.338.993,39 2.648.863,87 0,49 72267,99 0,00 4849,01 0,00 Valor (kcal/tgusa) 82 Tabela XXVIII – Balanço térmico dia 1 Calores positivos 21.373,71 12.625,83 2.343,21 1.989.815,72 34.688,23 2.295.279,20 TOTAL 228.759,06 5.673,44 Valor(kcal/tgusa) Calores negativos 1)Calor de vaporização da umidade da carga(T=373K) 1.1)Vaporização da umidade do carvão vegetal 1.2)Vaporização da umidade do minério de ferro 1.3)Vaporização da umidade do ar insuflado 1.4)Vaporização da umidade da dolomita 2)Entalpia do gusa(T=1300K) 2.1)ΔH(Fe) 2.2)ΔH(Si) 2.3)ΔH(Mn) 2.4)ΔH(P) 2.5)ΔH(C) 2.6)ΔH(S) 2.7)ΔHDissolução(P) 2.8)ΔHDissolução(Si) 2.9)ΔHDissolução(C) 3)Entalpia da escória(T=1623K) 4)Entalpia da reação de Boudouard(T=298K) 5. Perdas TOTAL Eficiência energética Balanço Energético em um alto-forno RESULTADOS 2)Calores de formação do CO, CO2 e CH4 do gás de alto-forno(T=460K) 2.1)CO 2.2)CO2 2.3)CH4 3)Entalpia da combustão do carbono do carvão vegetal 4)Entalpia da redução da hematita 1)Calor sensível do ar úmido (T=1053K): 1.1)Ar seco 1.2)Umidade do ar (8g/Nm3) DATA:28/08/2008 205549,79 726,07 83,89 181,51 23349,93 43,28 -0,47 -2,75 19,35 54,16 872.343,68 1.118.923,50 2.295.279,20 0,51 62869,71 6044,45 4047,50 1045,60 Valor (kcal/tgusa) 83 Tabela XXIX - Tabela Balanço térmico dia 2 84 4.4 - Balanço Exergético O desenvolvimento dos trabalhos foi realizado a partir dos dados coletados e disponibilizados pela empresa. Assim, através das pesquisas bibliográficas foram identificados todos os dados necessários para o cumprimento do objetivo final do trabalho. Os principais dados coletados foram mostrados em tabelas anteriores e complementados nos anexos. As propriedades termodinâmicas complementares foram tomadas dos valores padrões apresentados por Carvalho et al (1977). Os valores das constantes e das exergias padrão foram retirados de Zargut (1988). A partir destes dados foram criadas planilhas contendo dados de entrada e de saídas disponibilizando assim uma ferramenta de simulação para quaisquer tipos de entrada de dados operacionais. Todos os cálculos realizados em planilha também foram realizados de forma descritiva buscando melhor confiabilidade dos resultados alcançados. As tabelas XXX e XXXI a seguir apresentam os resultados alcançados de exergia dos fluxos de entrada e saída do alto-forno para os dois dias de produção analisados respectivamente. Tabela XXX – Balanços de exergia no dia 1 RESULTADOS DATA: 11.01.2009 Balanço de Exergia em um alto-forno ENTRADAS/ INPUTS Carvão Vegetal Minério Pelotas Ar Granito Dolomita Exergia em MJ/tgusa 24.016,88 72,88 29,94 SAÍDAS/OUTPUT Exergia em MJ/tgusa Gusa 8.380,45 Escória 1.283,85 Pó de alto-forno 294,43 Gás de alto278,47 forno 10.731,21 0,52 Resíduo 12.309,50 2,76 Perda 3.711,51 85 Os dados de produço são equivalentes à produção de dois dias típicos de 24 horas de operação do alto-forno. Preferiu-se assim, pois como pode ser observado nos gráficos acima, as variações e instabilidades de processos são muitas. Tabela XXXI – Balanços de exergia no dia 2 RESULTADOS DATA: 28.08.2008 Balanço de Exergia em um alto-forno ENTRADAS/ INPUTS Exergia em MJ/tgusa 20893,54 Carvão Vegetal 60,78 Minério 41,33 Pelotas 232,05 Ar 0,46 Granito 2,33 Dolomita SAÍDAS/OUTPUT Exergia em MJ/tgusa Gusa 7074,04 Escória 1284,62 Pó de alto-forno 294,43 Gás de alto-forno 10731,21 Resíduos 12310,26 Perda 1846,18 Os gráficos das figuras 27 e 28 a seguir mostram as relações existentes 86 Dolomita Granito Dia 28.08.08 Ar Pelotas Minério Carvão Vegetal ENTRADAS/ INPUTS Dolomita Granito Dia 11.01.09 Ar Pelotas Minério Carvão Vegetal 0,00 5000,00 10000,00 15000,00 20000,00 25000,00 30000,00 Figura 27 - Inputs de exergia no alto-forno Gás de alto-forno EXERGIA OUTIPUT (MJ/TGUSA) Pó de alto-forno Dia 28.08.08 Escória Gusa Gás de alto-forno Pó de alto-forno Dia 11.01.09 Escória Gusa 0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 Figura 28 - Outputs de exergia (MJ/tgusa) Pode-se observar que, como a empresa trabalha com um produto de composições químicas invariantes, isto é, as variações de composição química do gusa no canal de corrida são invariantes. A composição química final será conferida ao gusa 87 produzido pela metalurgia da panela feita imediatamente após a tamponagem do alto-forno. As irreversibilidades em ambos os dias de produção aqui analisados estão diretamente relacionadas com as perdas térmicas devido às variáveis operacionais do alto-forno bem como devido à geração de entropia das diversas reações químicas que ocorrem no interior do reator. Pode-se observar que exergia total do dia 11 supera o dia 28. A entrada de exergia relativa ao carvão vegetal foi extremamente impactante sendo que as entradas de exergia dos insumos variaram muito pouco entre os dois dias analisados. 4.5 - Eficiências Exergética A eficiência exergética, Є, no alto-forno, assim como para qualquer equipamento, pode ser entendida como o grau de imperfeição termodinâmica pelo modelo de Szargut (1988) O maior valor da eficiência de segunda lei calculada expressa melhor aproveitamento dos aportes de energia no alto-forno. Tem-se, portanto que: ∑M GH&IJ# # K#íL# ЄF@ ∑ N &H&IJ# # &!I#L# (33) A partir destes cálculos pode-se mensurar a irreversibilidade interna do alto-forno ou avaliar a perda total do sistema mais conhecido com a eficiência exergética. 88 As conclusões dos cálculos se consolidam, pois podem-se observar no dia 2 as necessidades de inputs de energia e exergia. Conseqüentemente a perda de exergia foi também maior que no dia 1 quando os indicadores de consumo específico de carvão vegetal e produtividade do alto-forno estiveram comprometidos. 4.5 - Avaliações das Emissões de Gases de Efeito Estufa no Alto-Forno A avaliação das emissões de gases de efeito estufa é dado pela emissão do gás carbônico equivalente. Para efeito dos cálculos de emissões considerou-se a metodologia proposta pela UNFCCC para quantificação de emissões reduzidas para créditos de carbono para uso de agentes redutores de biomassa de plantios renováveis em substituição a carvão mineral de origem fóssil. Como esta metodologia prevê outras emissões a montante da planta industrial do alto-forno para melhor apresentar um cenário de emissões reduzidas na troca do agente redutor coque por carvão vegetal renovável, o que não é objetivo deste estudo, utilizou-se somente a parcela de emissões no processo de redução de minério de ferro. A ferramenta do GHG Brasil permite efetuar estes cálculos com aplicação direta de dados de consumo de agente redutor. 4.6 - Exergia e Emissões de Gases de Efeito Estufa. Como já mencionado anteriormente a aplicação do conceito de exergia está relacionado a questões de irreversibilidades e que, estando presentes, aumentam a 89 questão da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera quando o agente redutor utilizado no processo de redução de minério de ferro em altos-fornos é de origem não renovável. Para se conhecer precisamente as emissões de processos deve-se proceder um trabalho criterioso o que, na maioria dos casos, fica impossível ter uma situação real por não ter um quadro exato da situação exata, muitas das vezes aplicados a siderurgia não integrada a carvão vegetal (COSTA, 2002). No entanto, muitos dados e características de empreendimentos deste porte são conhecidos e um nível de incerteza para um estudo como este pode estar inerente. Normalmente, segundo Cang at al (2002), as estratégias de mitigação de emissões de gases de efeito estufa na siderurgia podem estar relacionadas as seguintes ações: 1. Reduzir a quantidade de gás CO2 produzido. 2. Remover e utilizar o CO2 dos processos. 3. Fixar o CO2 gerado em algum local do meio ambiente. De fato, na siderurgia, o consumo do agente redutor está diretamente ligado ao consumo do insumo no alto-forno. E, portanto, para cada tonelada de ferro gusa produzido, quanto menor o consumo do carvão vegetal, menor o volume de gás carbônico gerado do sistema. Ferreira (2005) ressalta que para o eucalipto continuar a exercer sumidouro importante de CO2 fatores políticos, econômico e sociais deverão ser considerados e discutidos para viabilizar fontes de financiamento já que o coque metalúrgico apresenta melhores atrativos econômicos em detrimento ao carvão vegetal. 90 Para o cálculo das emissões realizados nos dois dias de produção foi considerado o modelo de cálculo proposto pela Union National Framework Climate Change C – UNFCCC segundo a metodologia aprovada sob o código AM0082. 91 5 - ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1 Influências dos Parâmetros Operacionais As variações dos parâmetros de processo do alto-forno podem levar a perdas de produtividade e conseqüente aumento do consumo de carvão vegetal (SOUSA, 2009). Contudo, as características do agente redutor são consideradas fundamentais para determinação da quantidade de emissão de gases originados na produção de ferro gusa. Torna-se possível identificar relações diretas para identificação e quantificação de emissões de CO2 as quais seriam importantes para determinação de metas de redução e preservação. Por outro lado, as perdas térmicas no reator expressam um maior consumo de agente redutor e, por conseguinte o aumento das emissões. Para os cálculos efetuados nesta dissertação, não são considerados a recuperação do gás de altoforno para aquecimento do ar insuflado nos glendons. Também não foram consideradas perdas de calor pelas paredes refratárias do alto-forno. A queima de gás de alto-forno nos glendons aumenta significativamente à eficiência energética do sistema. A importância de melhorias das eficiências energéticas em processos industriais por sua vez está diretamente relacionada a redução de emissões de gases de efeito estufa. O progresso tecnológico vem apresentando ao mercado produtos cada vez mais automatizados e de baixo consumo de energia elétrica. Por outro lado, necessidades de práticas sustentáveis e intervenção nas mudanças no clima vêm 92 sendo fato motivador para evolução nas linhas de produção industriais bem como nas características dos produtos (POOLE; HOLLANDA E TOLMASQUIM; 1998).. Diversos fatores operacionais e aqueles relacionados a qualidade das matérias primas podem ser avaliados de forma a reduzir as perdas térmicas. Braga (1979) destaca que o teor de carbono fixo afeta diretamente o consumo específico de redutor e, portanto a produção. Embora quantificado as perdas térmicas durante um dia de vinte quatro horas de operação, deve-se buscar uma confirmação da existência das perdas térmicas e simular um cenário o qual possa ser comparável a outras análises práticas e teóricas utilizando as diversas variáveis de controle de processos de redução de minério de ferro em altos-fornos. Akiyama (1993) propôs um sistema para reduzir as perdas de exergia no processo de produção de ferro gusa em alto-forno pela injeção de gás natural utilizando um modelamento matemático com base em balanços térmicos e balanços de massa. Em conjunto, um sistema de modificação química do gás de alto-forno também foi proposto pelo autor o qual obteve um grau de redução da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Para conhecimento dos efeitos de algumas variáveis operacionais nas perdas de exergia no sistema de produção de gusa foram analisados parâmetros para dois dias de produção do alto-forno estudado. As figuras a seguir apresentam uma série de curvas de variação de parâmetros operacionais em função da perda de exergia no alto-forno analisado. Pode-se observar na figura 29 que, quanto maior a temperatura do gusa na bica menor a perda exergética. Perda de exergia (MJ/tgusa) 93 4900 4850 4800 4750 4700 4650 1573 1623 1673 1723 1773 Temperatura do gusa Figura 29 – Gráfico temperatura do gusa em graus Kelvin versus perda exergética A temperatura do gusa é uma variável que está diretamente afetada pelo teor de silício visado no ferro gusa. Quanto maior o teor de silício do gusa na bica, maior a temperatura do gusa. A figura 30 a seguir apresenta a relação do consumo específico do carvão vegetal no alto-forno e os impactos sobre as perdas de exergia. Pode-se observar que quanto menor o consumo específico menor as perdas de exergia. O consumo específico de carvão é uma variável de controle operacional também interrelacionada com a temperatura de trabalho do gusa/forno. Observa-se que para o consumo de 582,13 kg de carvão/tgusa, a perda de exergia se aproximou de 1.730MJ/tgusa. Para este dia de operação do forno, as condições de estabilidade operacional bem como de produtividade foram consideradas dentro da meta de produção da empresa. O consumo de carvão no alto-forno é proporcional ao consumo de carbono por tonelada de gusa produzida, que depende do aproveitamento térmico e redutor dos gases gerados durante as reações os quais operam em fluxo ascendente, bem como dos fenômenos fluidodinâmico devido características da carga enfornada e do tempo 94 de residência desta. Outra variável importante, em relação à carga e suas características, está relacionada com a distribuição do fluxo gasoso. 6000 5000 4000 3000 2000 Perda (MJ/tgusa) 1000 0 Consumo Específico (kg/tgusa) Figura 30 – Consumo específico de carvão vegetal versus perda de exergia A figura 31 apresenta a variação das perdas de exergia com a temperatura do ar insuflado pelas ventaneiras do alto-forno. As condições de temperatura do ar insuflado estão diretamente relacionada com as condições operacionais e de conservação dos glendons e regulagem de tiragem do ar. Pode-se observar que pelas condições operacionais a partir dos dados coletados que quanto maior a temperatura do ar insuflado maiores serão as perdas de exergia no sistema. A temperatura do ar insuflado representa a temperatura do ar na coroa do alto-forno e os valores registrados nos dias analisados estão nas faixas normais de trabalho. Temperaturas maiores que 850º C só é possível com a utilização de regeneradores tipo cowpers. 95 Perda de exergia (MJ/tgusa) 4900,00 4880,00 4860,00 4840,00 4820,00 4800,00 4780,00 4760,00 650 700 750 780 800 850 Temperatura do Ar (K) Figura 31 – Temperatura do ar insuflado nas ventaneiras (K) versus perda de exergia A figura 32 fornece a avaliação da perda de exergia quando o alto-forno não é equipado com um aquecedor de minério de ferro. Quanto maior a temperatura do minério maiores as perdas de exergia na produção de gusa. Porém, seria importante avaliar a contribuição da umidade do minério e as condições de permeabilidade do forno quando a indústria não disponibiliza o secador de minério. 1 Perdas Perdas 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Figura 32 - Comparação das perdas exergéticas 96 A figura 33 apresenta o gráfico comparativo entre as perdas de exergia nos dias analisados. O dia 1 está representado gráfico pela cor escura e o dia 2 pela cor mais clara. Os cálculos de emissões de gases de efeito estufa normalmente se processam por diferentes fórmulas apresentadas por diversas instituições onde o assunto de interesse seja mudanças do clima. De uma maneira geral para cálculo das emissões de gases de efeito estufa está diretamente relacionada aos fatores de emissão podendo ser aplicado a seguinte fórmula: EP AD S EFY (34) Onde: Ey – emissões totais do GEE AD – parâmetro que define o grau de atividade da instalação e a que se refere ao fator de emissão correspondente EFy = Fator de emissão do GEE avaliado O fator de emissão dos gases de efeito estufa é um valor determinado por uma instituição designada e competente para cada atividade por unidade específica do produto a que se refere. Seja por exemplo para aplicação em cálculos de emissões originadas de processos de combustão, o fator de emissão será específico para cada tipo de combustível utilizado. Sendo assim pode sempre ser expresso por unidade de massa do combustível ou ainda pelo conteúdo de carbono do combustível por unidade de massa. 97 Uma metodologia proposta para quantificação das emissões no sistema de redução de minério de ferro para produção uma tonelada de ferro gusa é disponibilizada como etapa para determinação das emissões reduzidas de gases de efeito estufa para um novo sistema de reduções em substituição ao uso de coque. Para os cálculos de emissões reduzidas e em alguns casos de inventários de emissão de gases de efeito estufa é adotado como prática a realização dos cálculos com referencia anual. Para certos inventários principalmente os que representam a quantidade de emissões em determinados eventos, podem ser realizados em períodos menores de tempo. Ressalta-se que as emissões no estudo apresentado foram calculadas com dados diários de produção selecionados por um critério definido de escolha. Isto é, os dois dias aqui analisados representam dois cenários diferentes onde os resultados de produção alcançados foram diferentes para condições similares de operação. A fórmula utilizada para o cálculo das emissões reduzidas em projetos de MDL para o uso de agente redutor na produção de gusa pode ser vista abaixo. aa IREPJ,P ZPPJ,P S EF,PJ,P \ 9PPJ,P S CcHM,PJ,P S +.; (35) Onde: IREPJ,P = Emissões de processo no sistema de redução de minério de ferro na indústria no ano y (tCO2e) PPJ,P= Produção de ferro gusa líquido no ano y (expectativa de produção do novo sistema de redução de minério de ferro) EF,PJ,P=Fator de emissão da produção de uma tonelada de ferro gusa líquido no sistema de redução de minério de ferro (tgusa líquido) 98 CcHM,PJ,P = Teor de carbono por tonelada de ferro gusa líquido no ano y(tC/tgusa líquido) aa +. =Fator de conversão do carbono para CO2e O fator de emissão utilizado pelo uso do carvão vegetal como combustível é referenciada pelo IPCC como sendo 3, 01621 tCO2/t. A tabela XXXII a seguir apresenta os cálculos de emissões para os dois dias avaliados em função da produção. Tabela XXXII – Emissões de gases de efeito estufa Consumo (kg C/tgusa) Emissão (tCO2/tgusa) Produção (tgusa) Dia 11 468,40 1.412,793 256, 580 Dia 28 407,49 1.229,075 307,390 A figura 33 apresenta uma correlação dos resultados obtidos de emissão de gases de efeito estufa e a perda de exergia no alto-forno em relação ao consumo de agente redutor. 6000 5000 4000 3000 2000 Perda (MJ/tgusa) 1000 Emissão (TCO2) 0 Consumo Específico (kg/tgusa) Figura 33 – Correlação entre perda de exergia e as emissões de GEE 99 5.2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS O menor consumo de carbono no alto-forno quando operado com o redutor bioenergético de origem florestal dedicado é resultado de um modelo sustentável e de emissões de gases de efeito estufa em uma prática mais perfeita de produção de ferro gusa. A operação com carvão vegetal ofertado bloqueia a tomada de ações de redução de emissão e compromete as análises de otimização de processo pela instabilidade das qualidades. A análise de exergia em altos-fornos é ferramenta importante para tomadas de decisões em curto prazo e de menor custo para estudos de reduções de emissões de gases de efeito estufa. Um estudo bem completo incluindo a termo-economia seria capaz de ser indicador decisório nas tomadas de ações de redução, que implicam em investimentos em tecnologias de custos maiores, podendo ser também importante para análise de adicionalidade para projetos de créditos de carbono. As usinas não integradas operam com carvão vegetal e se destinam a produção de ferro gusa para aciarias e fundições para exportação e mercado interno brasileiro. Esta alternativa é considerada vantajosa do ponto de vista ambiental pela sua capacidade de utilização do carvão vegetal de madeira, combustível totalmente renovável. Este cenário pode ser realidade nos países em desenvolvimento dotados de grandes áreas como uma oportunidade de redução de emissões globais de gases de efeito estufa. Todo CO2 equivalente emitido durante o processo de fabricação de ferro gusa, se diferencia do processo via coque pela sua capacidade produtiva e pelo combustível utilizado, apresentando balanço positivo de emissões de gases do efeito estufa. O carvão vegetal, neste caso, pode ser considerado como 100 fonte neutra, ou seja, todo o carbono emitido no processo é absorvido pelas árvores em crescimento, que seqüestram o CO2 da atmosfera e anexam o carbono em sua estrutura, e posteriormente são destinadas à produção desta commodity. De fato, desde o surgimento dos primeiros fornos a carvão vegetal, evidenciam-se a sua decrescente contribuição no mercado mundial em detrimento ao aumento da demanda do aço e um pequeno aumento de áreas de plantio florestal. No Brasil, a falta de investimentos no passado para o plantio de florestas energéticas, fragilizouse principalmente na região sudeste o espaço do setor com o surgimento da exploração de terras para plantio de madeira para outros seguimentos da indústria o que impactou negativamente a cadeia sustentável. Isto talvez pela carência de políticas ambientais mais agressivas e uma restrição de visão quanto às questões futuras relacionadas ao cenário de mudanças do clima o qual é vivenciado na atualidade. A operação dos altos-fornos a carvão vegetal tem por principal característica desde seu surgimento, a utilização técnicas de controle baseadas no empirismo dos operadores. Tais técnicas são possíveis mediante conhecimento prático baseado na experiência dos profissionais na observação dos processos bem como do enfornamento de matérias primas e aspectos do ferro gusa e escória durante a corrida. Entretanto, neste estudo pode-se observar que alguns dados operacionais importantes para uma análise exergética não são confiáveis não sendo possível uma avaliação precisa, pois, alguns parâmetros de controle não são regulamente medidos e monitorados tais como: Análise do gás de alto-forno, pressão de sopro, volume de ar, temperatura de sopro, temperatura do gusa, composição do ferro gusa no canal de corrida, análise de escória, análise do pó de balão, etc. 101 Os resultados apresentaram maior demanda de exergia para o dia de menor produção e conseqüentemente este dia ficou agravado devido à maior emissão de gases de efeito estufa pelo maior consumo de carvão. A análise permite avaliar as oportunidades de melhorias no processo e estabelecer um modelo adequado de inputs de exergia versus emissões de gases de efeito estufa. Foi realizada uma análise termodinâmica do processo de fabricação de ferro gusa em um alto-forno a carvão vegetal em duas diferentes condições de operação caracterizada através da coleta de dados de dois dias de produção da empresa. Como de esperado, o critério adotado permite analisar a variação das perdas de exergia nos dois dias de produção em função das flutuações operacionais dos principais parâmetros de produção sendo possível identificar oportunidades de redução de emissão de gases de efeito estufa principalmente pela variação no consumo de agentes redutores pelo emprego dos conceitos de 2ª Lei da termodinâmica. As maiores fontes de irreversibilidades do sistema e as oportunidades de otimização energética podem ser identificadas. As referências bibliográficas sobre exergia são ricas em diversos campos da ciência, porém escassos quando aplicados no setor siderúrgico embora podem-se contar com uma metodologia bem completa descrita por Szargut. As poucas referências que estudam o processo de redução de minério de ferro não disponibilizam claramente a metodogia utilizada nem as principais premissas técnicas operacionais. Contudo, ela nos permite identificação das principais variáveis termodinâmicas do sistema para uma realização eficaz do levantamento de dados de produção e parâmetros de operação em campo para realização dos cálculos pertinentes. Como critério de aplicação as etapas de execução dos balanços de massa foram realizados objetivando maior confiabilidade dos cálculos subseqüentes e 102 transparência termodinâmica. A partir deles pode-se comprovar que alguns fluxos de saída do alto-forno não passam pelos sistemas internos de medição e monitoramento, mas, são contabilizados como ajustes inerentes ao sistema de produção. Uma análise importante é da influência dos parâmetros de projeto e construtivos da instalação do alto-forno na eficiência exergética, uma vez que boas partes das irreversibilidades do sistema também podem estar relacionadas a fenômenos de transferência de calor nas paredes refratárias das diferentes superfícies do reator. O tamanho destas superfícies refratárias está intimamente relacionado à eficácia com que se transfere o calor e à demanda de potência para movimentação dos fluidos dentro do sistema o que determina os custos de investimentos e de operação das instalações. Por isso é recomendável incluir no modelo os fenômenos de transporte, deixando o modelo mais fidedigno com a operação real da instalação. 103 6. CONCLUSÕES As variáveis operacionais na redução de minério de ferro em altos-fornos são conhecidas. Contudo é importante relacioná-las às emissões de gases de efeito estufa buscando quantificá-las objetivando promover uma operação mas eficaz em relação ao consumo de carbono e emissões. Com o presente trabalho foi possível concluir que: - Aumentos da eficiência exergética da ordem de 5% podem reduzir o consumo de carbono em 30% nos altos-fornos; - Um aumento de 5% no consumo de carvão, nas condições apresentadas, aumenta a perda de exergia em aproximadamente 1000MJ (85%), reduzindo a eficiência exergética e provocando uma elevação de emissões de CO2. - O aumento do teor de silício do gusa constatado entre os dois dias de operação do alto-forno está relacionado ao aumento do consumo específico de carvão vegetal. As perdas de exergia no dia 11 bem como as emissões de GEE foram maiores. - Quanto maior as irreversibilidades de um sistema constituído pelo alto-forno maior a emissão de gases de efeito estufa. 104 BIBLIOGRAFIA AKIYAMA, Tomohiro; YAGI, Jun-ichiro. Methodology to evaluate reduction limit of carbon dioxide emission and minimum exergy consuption for ironmaking. ISIJ International, v.38, n.9, p.896-903, 1998. ANDRADE, José Oscar Costa de. Combustão no alto-forno: Parte 1 – Funcionamento do alto-forno: balanço térmico. Associação Brasileira de Metais. São Paulo, 1977. ARAUJO, Luiz Antônio de. Manual de Siderurgia: Produção. Vol.1. São Paulo: Arte&Ciencia, 1997. p.195-257 ASSIS, Paulo Santos. Injeção de Materiais Pulverizados em Altos-fornos. Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais: São Paulo, 1996. BANDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: Efeito Estufa e a convenção sobre mudança do clima, 1999. Disponível em: www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/.../clima.pdf BRAGA, Raimundo Nonato Batista. Os parâmetros de qualidade do carvão e seus reflexos na produção de gusa. Instituto de pesquisas e estudos florestais: 1979. 15 p. Belo Horizonte, 1979. (ISSN 0100-3453). BRITO, José Otávio. Carvão vegetal no Brasil: Gestões Econômicas e Ambientais. São Paulo Energia, São Paulo, no 64, 1990. CARVALHO, José Luiz R.; Assis, Paulo Santos; Figueira, Renato Minelli; Camilo, Ronaldo Darwich; Campos, Vicente Falconi. Dados Termodinâmicos para Metalurgistas. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1977 CORNELISSEN; R. L. Bibliography on exergy analysis and related technique. University of Twente.1994 Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Ministério de Minas e Energia, MME. Balanço Energético Nacional 2008: ano base 2007. Empresa de Pesquisa Energética. Rio de Janeiro: EPE 2008. 105 FERREIRA, Omar Campos (1986). “Emissão de Gases de Efeito Estufa na Produção e No uso do Carvão Vegetal na Siderurgia”. Disponível em HTTP://ecem/eee20/emiscar2.htm acessado em 16/03/2009 FILHO, Luiz Gylvan Meira. Simpósio internacional sobre mudança do clima & oportunidades de negócio com créditos de carbono: Evolução do regime internacional sobre mudança do clima à luz das decisões de Bali. Florianópolis. 2008. GOLDEMBERG, José. International Conference for Renewable Energies: The Case for Renewable Energies. Bonn, february, 2004 GOLDEMBERG, José. Mudanças climáticas Avançados: vol.14. no39. São Paulo, 2000. e desenvolvimento. Estudos IBS. Siderurgia Brasileira: Relatório de Sustentabilidade 2008, São Paulo, 2008 IEA – Sectorial Approaches To Greenhouse Gas Mitigation: Exploring Issues Fors Heavy Industry – Policy Overview and Key Statistics For Cement, Aluminium, Iron and Steel. Paris, 2007. LARSON, Mikael; DAHL, Jan. Reduction of the specific energy use in na integrated steel plant – The effect of na optimisation model. ISIJ International. V.43. no10.p.1664-1673, 2003. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2ª ed. São Paulo, 1990. MATSUI, Yoshiyuki; SHIBATA, Koichiro; ONO, Reiji. The principe of blast furnace operational tecnology and centralized gas flow by center coke charging. Japan: Kobelco Tecnology Review, no.26, 9 p., Japan, 2005. MIGUEZ, José Domingos Gonzales. "O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: a proposta e as perspectivas brasileiras”. MCT, 2002. MILANEZ, Bruno; PORTO, Marcelo Firpo de Souza. A Ferro e Fogo: Impactos da Siderurgia para o Ambiente e a Sociedade Após Reestruturação dos anos 1990. Brasília, 2008. 106 MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Primeiro Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa: Emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais e por uso de solventes. Brasília: MCT, 2006. 95 p. Relatórios de Referência. NOGAMI, Hiroshi; YAGI, Jun-ichiro; SAMPAIO, Ronaldo Santos. Exergy Analysis of charcoal charging operation of blast furnace. ISIJ International. V.44. no10. p.1646-1652, 2004 OSTROVSKI, Oleg; Zhang, Guangging. Energy and Exergy Analysis of Direct Ironsmelting processes. Scholl of Materials Science ad Enginnering. The University of New South Wales. Australia, 2004. PENA, José Calazans. Físico Química Metalúrgica. Associação Brasileira de Metais. São Paulo, 1980. PEREIRA, José Fernando Brandão. ILAFA: Modelo de Micro Usinas Brasileiras a Carvão Vegetal, 1982. POOLE, Alan Douglas; HOLLANDA, Jaime Buarque de; TOLMASQUIM, Maurício Tionmo. SAMPAIO, Ronaldo Sampaio. Uso do carvão vegetal em mini altos-fornos situação atual com tendências 2025: estudo prospectivo do setor siderúrgica: estudo prospectivo. Belo Horizonte, 2008. SAMPAIO, Ronaldo Santos. Agente Redutor na Produção de Metais – Exemplo do Eucalipto na Produção de Ferro Gusa. Biomassa & Energia. V.1, n.2, p.145155, 2004. SILVEIRA, Isis Laponez da. Emissões de gases de efeito estufa na siderurgia brasileira e de Minas Gerais. Belo Horizonte. Sem data. Disponivel em: HTTP://ecem/eee20/emiscar.htm acessado em 16/03/2009 Sindicato das Indústrias do Ferro. Produção de Ferro gusa no Brasil. Disponível em: http://www.sindfer.com.br. Acesso em 03/05/2009. SZARGUT, Jan; Morris, R. David; Stewart, Frank R. “Exergy Analysis of Thermal, Chemical, and Metallurgical Processes”. Hemisphere Publishing Corporation, 1988. 107 TORRES, Ednildo Andrade. “Análise Exergética”. Universidade Federal da Bahia.. p.3-32. agosto, 2001. UHLIG, Alexandre; GOLDEMBERG, José; COELHO, Suani Teixeira. O uso do Carvão Vegetal na Indústria Siderúrgica Brasileira e o Impacto nas Mudanças Climáticas. Revista Brasileira de Energia, São Paulo, v.14, No.2, p.67-85, 2o.sem. 2008. VALERO, A.; MUNOZ M. e LOZANO, M.A. A general theory of exergy saving on the thermoeconomic cost. The American Society of Mechanical Engineers. USA. Sem data. WALL, Goran. Bibliography on www.exergy.se/ftp/exindproc.pdf exergy. Suécia. 1992. Disponível em: WALL, Goran. Exergy Flows in Industrial Processes. Gotemburgo, Suécia 1986. Disponível em: www.exergy.se/ftp/exindproc.pdf WANG, Chuan. Possibilities of CO2 emission reduction: Process integration analysis and carbon trading schemes. 2007. 215f. Tese (Departament of applied phisics and mechanic engineering: division of energy engeneering, Lulea University of Thecnology, Sweden, 2007. WORD BANK GROUP – WBG. Pollution Prevention and Abatement Handbook: Iron and steel manufacturing, 1998. Disponível em: www.ifc.org. WORD BUSINESS CONCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, WBCSD; WORD RESOURCES INSTITUTE, WRI. The GHG for project accounting. Disponível em: www.ghgprotocol.org/ YAGI, Juhn-ishiro. Recent progress in fundamental and applied researches in blast furnace ironmaking in Japan. Japan: ISIJ International. V.31.p.387-394. Japan, 1991. 108 Anexo 1 – Dados operacionais 109 110 Anexo 2 Controle de carvão vegetal enfornado dia 1 – 11/01/09 HORA 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 CARGA 13 9 8 10 8 9 8 9 10 8 9 12 12 9 10 9 11 7 11 10 11 13 10 10 Kg/h 9.360 6.480 5.760 7.200 5.920 6.525 5.800 6.840 7.500 6.000 6.570 8.760 8.760 6.525 7.450 6.480 7.920 5.040 7.920 7.200 7.920 9.360 7.200 7.200 kg acum x 15.840 21.600 28.800 34.720 41.245 47.045 53.885 61.385 67.385 73.955 82.715 91.475 98.000 105.450 111.930 119.850 124.890 132.810 140.010 147.930 157.290 164.490 171.690 conf 9.360 15.840 21.600 28.800 34.720 41.245 47.045 53.885 61.385 67.385 73.955 82.715 91.475 98.000 105.450 111.930 119.850 124.890 132.810 140.010 147.930 157.290 164.490 171.690 m3/h 29,17 32,05 18,83 29,98 17,44 21,60 24,26 26,79 31,68 22,59 28,66 38,07 37,96 29,92 33,29 30,34 35,22 22,94 36,39 28,80 35,36 41,40 28,84 29,60 m3/acum x 61,22 80,05 110,03 127,47 149,07 173,33 200,12 231,80 254,39 283,05 321,12 359,08 389,00 422,29 452,63 487,85 510,79 547,18 575,98 611,34 652,74 681,58 711,18 conf 29,17 61,22 80,05 110,03 127,47 149,07 173,33 200,12 231,80 254,39 283,05 321,12 359,08 389,00 422,29 452,63 487,85 510,79 547,18 575,98 611,34 652,74 681,58 711,18 m3 2,244 3,562 2,354 2,998 2,180 2,401 3,032 2,977 3,168 2,824 3,185 3,172 3,164 3,325 3,329 3,371 3,202 3,278 33,080 28,800 32,140 31,850 28,840 29,600 kg/m3 320,85 202,13 305,86 240,16 339,44 302,08 239,07 255,31 236,74 265,60 229,23 230,10 230,76 218,08 223,79 213,57 224,88 219,64 217,65 250,00 224,08 226,05 249,65 243,24 111 Anexo 3 Controle de carvão vegetal enfornado dia 2 – 28/08/09 HORA 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 CARGA 11 11 10 11 11 10 14 12 10 11 9 9 10 10 11 9 9 10 12 10 10 10 8 10 Kg/h 7.920 7.920 7.200 7.920 7.920 7.200 10.080 8.640 7.200 7.920 6.570 6.570 7.300 7.300 7.920 6.480 6.480 7.200 8.640 7.200 7.200 7.200 5.760 7.200 kg acum x 15.840 23.040 30.960 38.880 46.080 56.160 64.800 72.000 79.920 86.490 93.060 100.360 107.660 115.580 122.060 128.540 135.740 144.380 151.580 158.780 165.980 171.740 178.940 conf 7.920 15.840 23.040 30.960 38.880 46.080 56.160 64.800 72.000 79.920 86.490 93.060 100.360 107.660 115.580 122.060 128.540 135.740 144.380 151.580 158.780 165.980 171.740 178.940 m3/h 32,50 29,00 27,13 30,26 32,54 28,86 30,73 29,08 26,02 30,34 24,71 23,07 26,11 27,21 30,68 25,44 22,35 21,23 30,72 25,39 27,46 30,81 21,12 25,94 m3/acum x 61,50 88,63 118,89 151,43 180,29 211,02 240,10 266,12 296,46 321,17 344,24 370,35 397,56 428,24 453,68 476,03 497,26 527,98 553,37 580,83 611,64 632,76 658,70 conf 32,50 61,50 88,63 118,89 151,43 180,29 211,02 240,10 266,12 296,46 321,17 344,24 370,35 397,56 428,24 453,68 476,03 497,26 527,98 553,37 580,83 611,64 632,76 658,70 m3 2,954 2,636 2,713 2,751 2,958 2,886 2,195 2,424 2,602 2,759 2,746 2,564 2,611 2,721 2,789 2,827 2,484 2,123 2,560 2,539 2,746 3,081 2,640 2,594 kg/m3 243,69 273,10 265,38 261,73 243,39 249,48 328,01 297,11 276,71 261,04 265,88 284,78 279,58 268,23 258,12 254,64 289,83 339,01 281,20 283,54 262,10 233,69 272,72 277,56 112 Anexo 4 Dados operacionais: controle de corridas do alto-forno dia 1 DATA: 11.01.2009 Controle de Corridas do Alto-forno Hora 01:20 03:15 05:20 07:30 09:30 11:30 13:20 15:15 17:30 19:15 21:15 23:30 Peso 24.630 11.340 15.770 29.570 22.690 14.250 17.620 25.000 29.080 24.580 20.670 21.380 Acumulado 24.630 35.970 51.740 81.310 104.000 118.250 135.870 160.870 189.950 214.530 235.200 256.580 113 Anexo 5 Dados operacionais: controle de corridas do alto-forno dia 02 DATA: 28.8.2009 Controle de Corridas do Alto-forno Hora 01:25 03:20 05:20 07:30 09:30 11:30 13:30 15:20 17:20 19:20 21:20 23:30 Peso 19.000 26.710 33.750 27.200 27.280 29.180 22.170 16.490 23.910 27.090 24.630 29.980 Acumulado 19.000 45.710 79.460 106.660 133.940 163.120 185.290 201.780 225.690 252.780 277.410 307.390 114 Anexo 6 Demonstração dos balanços de massa dia 1 Entradas de ferro Ferro que entra = ferro que sai Ferro que entra minério de ferro Ferro que entra pelotas Ferro que entra sucatas Ferro que entra nas CZ do Carvão Saídas de ferro Totais Ferro que sai no gusa Ferro que sai no pó de balão Ferro que sai na forma de FeO Escória Ferro que sai na sucata do lingotamento Ferro que sai na sucata do tamboreador Perdas kg/tgusa % 605,8783 59,45438 251,1453 24,6447 161,2262 15,82101 0,814322 0,079909 0 1019,064 100 mol/tgusa 10848,312 4496,783 2886,772 14,581 0,000 18246,448 951,1 17,952 1,874444 19,032 28,548 0,558 1019,064 17029,543 321,432 33,562 340,770 511,155 9,991 18246,454 93,3307 1,761616 0,183938 1,867595 2,801393 0,054756 100 BALANÇO DO MANGANÊS 11.01.2009 Saídas de manganês Entradas de manganês Manganês que entra = manganês que sai Manganês que entra minério Manganês que entra nas pelotas Manganês que entra sucatinha Perdas Totais Manganês que sai gusa Manganês que sai como MnO na escória Manganês que sai no pó de balão Manganês que sai sucata do lingotamento Manganês que sai na sucata do tamboreador Perdas Totais kg/tgusa 0,5551 0,2775 0,1288 0,2774 1,2388 0,7000 0,2788 0,1350 0,0140 0,0210 0,0900 1,2388 % mol/tgusa 44,80796 10,1032 22,40398 5,0516 10,39499 2,3438 22,39306 5,0491 100 22,55 56,50818 22,50307 10,89801 1,130164 1,695245 7,265337 100 12,7412 5,0739 2,4572 0,2548 0,3822 1,6382 22,55 115 BALANÇO DO FÓSFORO 11.01.2009 Entradas de fósforo Fósforo que entra minério de ferro Fósforo que entra na sucatinha Fósforo que entra na cinza do carvão Fósforo que entra nas pelotas Perdas Totais Entradas de fósforo Fóforo que entra = fósforo que sai Fósforo que sai gusa Fósforo que sai no pó de balão Fósforo que sai na sucata do lingotamento Fósforo que sai na sucata do tamboreador Perdas Totais kg/tgusa 0,1110 0,0736 0,2920 0,0888 0,0000 0,5654 % 19,63489 13,01456 51,64263 15,70791 0 100 0,5000 0,015 0,0100 0,0150 0,0154 0,5554 90,02521 2,700756 1,800504 2,700756 2,772776 100 BALANÇO DO CARBONO 11.01.2009 Saídas de carbono Entradas de carbono Carbono entra = carbono sai Entrada de carbono do carvão Entrada de carbono na sucatinha Perdas Totais Carbono que sai no gusa Carbono que sai no pó de balão Carbono que sai na sucata do lingotamento Carbono que sai na sucata do tamboreador Carbono que sai no gás de AF sob CO Carbono que sai no gás de AF sob CO2 Carbono que sai no gás de AF sob CH4 Perdas Totais kg/tgusa % 467,9352 98,26168 8,2781 1,738322 0 476,2133 100 45,0000 8,2500 0,9000 1,3500 223,8890 94,9403 18,0425 83,8414 476,2133 9,449547 1,732417 0,188991 0,283486 47,01444 19,93652 3,788749 17,60585 100 kmol/tgusa 38962,133 689,269 39651,402 3746,878 686,928 74,938 112,406 18641,885 7905,108 1502,292 6980,966 39651,399 116 BALANÇO DO ENXOFRE 11.01.2009 Entradas de Enxofre Enxofre que entra na cinza do carvão vegetal Enxofre que entra na sucatinha Perdas Totais Saídas de Enxofre Enxofre que entra = enxofre que sai Enxofre que sai no gusa Enxofre que sai na sucata do lingotamento Enxofre que sai na sucata do tamboreador Perdas Totais kg/tgusa % 0,1706 81,20693 0,0368 17,50975 0,0027 1,283317 0,2101 100 mol/tgusa 5,3206 1,1472 0,0841 6,5519 0,2000 95,1837 0,0040 1,903674 0,0060 2,855511 0,0001 0,05711 0,2101 100 6,2364 0,1247 0,1871 0,0037 6,5519 BALANÇO DO SILÍCIO 11.01.2009 Siício que entra = silício que sai Silício que entra como SiO2 na CZ do carvão vegetal Silício que entra como SiO2 no minério Silício que entra como SiO2 nas pelotas Silício que entra como SiO2 no granito Silício que entra na sucatinha Perdas Totais kg/tgusa 2,1813 11,7306 3,5815 7,7409 0,3679 0,0000 25,6021 % 8,519914 45,81864 13,98888 30,23551 1,437054 0 100 mol/tgusa 77,653 417,606 127,499 275,576 13,098 0,000 911,432 Silício que sai no gusa Silício que sai na escória Silício que sai na forma de SiO2 pó do balão Silício que sai na sucata do lingotamento Silicio que sai na sucata do tamboreador Perdas Totais 2,5000 21,0399 1,1235 0,0400 0,0600 0,8386 25,6021 9,764837 82,18061 4,388444 0,156237 0,234356 3,275517 100 89,000 749,019 39,998 1,424 2,136 29,854 911,430 117 BALANÇO DO ALUMÍNIO 11.01.2009 Alumínio que entra = alumínio que sai Alumínio que entra carvão vegetal Alumínio que entra no minério Alumínio que entra nas pelotas Alumínio que entra no granito Totais Alumínio que sai escória Alumínio que sai no pó do balão Perdas Totais kg/tgusa 0,4534 4,5255 3,9671 0,0390 8,9850 % 5,046713 50,36691 44,15281 0,433566 100 8,4018 93,50946 0,3415 3,800479 0,2417 2,690058 8,9849 100 BALANÇO DO CALCIO 11.01.2009 Saída de Cálcio Entradas de Cálcio Cálcio que entra = Cálcio que sai Cálcio que entra como CaO no minério de ferro Cálcio que entra como CaO nas pelotas Cálcio que entra como CaO na dolomita Cálcio que entra nas cinzas do carvão vegetal Totais Cálcio que sai como CaO na escória Cálcio que sai como CaO no pó de balão Perdas Totais kg/tgusa 0,3174 5,5547 16,0043 6,6963 28,5726 % mol/tgusa 1,110887 7,915 19,44053 138,520 56,01266 399,109 23,43592 166,989 100 712,534 21,8727 76,5514 0,4289 1,501008 6,2710 21,9476 28,5726 100 545,455 10,695 156,384 712,534 118 Demonstração do balanço de massa do ferro dia 1 Entradas de ferro Ferro que entra minério de ferro Ferro que entra pelotas Ferro que entra sucatas Ferro que entra nas CZ do Carvão Perdas Totais Saídas de ferro Ferro que entra = ferro que sai Ferro que sai no gusa Ferro que sai no pó de balão Ferro que sai na forma de FeO Escória Ferro que sai na sucata do lingotamento Ferro que sai na sucata do tamboreador Perdas kg/tgusa % 751,1215 71,09578 181,8966 17,21703 122,5382 11,59859 0,936053 0,0886 0 1056,492 100 951,1 17,952 1,874444 19,032 28,548 37,986 1056,492 90,02431 1,699208 0,177421 1,801433 2,702149 3,595482 100 mol/tgusa 13448,907 3256,878 2194,060 16,760 0,000 18916,605 17029,543 321,432 33,562 340,770 511,155 680,143 18916,606 BALANÇO DO MAGNÉRIO 11.01.2009 Magnésio que entra = Magnésio que sai Entradas de Magnésio Saída de Magnésio kg/tgusa % mol/tgusa 0,1673 2,577326 6,8839 4,8667 74,95274 200,1947 1,4590 22,46993 60,0160 6,4931 100 267,0946 Magnésio que entra como MgO nas pelotas Magnésio que entra como MgO na dolomita Magnésio que entra como MgO na CZ do carvão Totais Magnésio que sai como MgO na escória 6,4880 99,92253 0,0050 0,077467 266,8877 0,2069 Totais 6,4931 267,0946 100 119 Anexo 7 Exergias padrão – espécies de referência (adaptado de ZARGUT, 1988) Espécie de referência Componente da litosfera Elemento químico Al (s) Si (s) Ca(s) Mn(s) Mg(s) fração em Fórmula massa Al2O3 0,152 SiO2 0,591 CaO 5,1x10-2 MnO 1,18x10-3 MgO 3,45 x 10-2 Fórmula Al2SiO3 SiO2 (s) MnO2 CaCO3.MgO Fração molar Bq padrão padrão xm (kj/mol) 2 x 10-3 15,4 0,472 1,9 2 x 10-4 21,1 2,3 x 10-3 15,1 Bq padrão (kcal/mol) 3,681 0,454 5,043 3,609 Exergia química padrão do elemento (kj/mol) 888,4 854,6 482,3 633,8 Exergia química padrão do elemento (kcal/mol) 212,328 204,249 115,270 151,478 120 Anexo 8 Coeficientes da equação aproximada que expressa a exergia química padrão do ferro gusa coeficiente tk MJ/kg Composição Minério de ferro Pelotas Dolomita e granito FeO 1463 3138 Fe2O3 103 103 103 FeS2 11908 FeS 1073 CaO -353 1965 18 MgO -83 1869 292 SiO2 31 -1062 31 Al2O3 133 1843 133 MnO 1304 2229 1304 CO2 470 0 SO3 332 45 H2O 50 50 121 Anexo 9 Exergia padrão de espécies de referência Espécie de referência Componente da Elemento químico Fe (s) BQFe2O3 Fórmu fração em la massa Fe2O3 3,1x10-2 57,33 kJ Fórmula Fe2O3 Fração Bq padrão molar composto padrão xm (kj/mol) 1,3 x 10-3 16,5 Bq padrão (kcal/mol) - Exergia química padrão do elemento (kj/mol) 376,4 Exergia química padrão do elemento (kcal/mol) - 122 Anexo 10 Coeficientes da equação aproximada que expressa a exergia química padrão do ferro gusa coeficiente tk MJ/kg Componente bch Fe C 27,42 Si 23,69 Mn 2,04 Si 12,27 P 21,43 Fe 6,74 123 Anexo 11 Planilha de execução de cálculos de exergia Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo