O Almotacé
um peddy paper em Évora
Contexto histórico| O almotacé é um peddy paper de exploração da
cidade de Évora intramuros, que segue os passos do almotacé,
magistrado local que na Idade Média, segundo Angela Beirante (1995),
tinha como funções assegurar o abastecimento e policiamento do
mercado urbano e controlar as relações de produção. Segundo a autora,
o almotacé estava investido de capacidade jurisdicional e até legislativa o
que lhe permitia punir infractores ou participar na elaboração de posturas.
No Regimento da Cidade de Évora surgem citadas as funções dos
almotacés: vigiar a actividade das padeiras, candeeiras, regateiras,
carniceiros e de todos os outros mesteres, e assegurar o abastecimento
do mercado; estar na praça nos dias em que o pescado chegava para
tabelar o seu preço e no açougue até à hora de terça para garantirem
o bom peso e repartirem a carne por ricos e pobres; zelar pela limpeza
urbana, mandando remover esterqueiras e proibindo o lançamento de
sujidade na via pública; obstar a que as culturas fossem danificadas;
julgar em processos sumários as infracções sobre as matérias da sua
competência.
Objectivos| Proporcionar ao público propostas de itinerários de fruição
do património edificado, ao explorar alguns aspectos da cidade na Idade
Média. O guião deste peddy paper visa descodificar pequenos aspectos
desta complexa realidade urbana e fornecer pistas que ajudem os
visitantes a realizar os itinerários.
Ideia e concepção| O almotacé resulta de uma colaboração do Núcleo
Museológico de Metrologia|Casa da Balança e das professoras do Grupo
de História da Escola Secundária Severim de Faria: Cesaltina Simas,
Antonieta... e Graça... que decorreu em 2001.
Publico alvo| O almotacé foi concebido para o público escolar do 3º
Ciclo do Ensino Básico.
Peddy paper| O almotacé propõe como partida as Portas da Rua do
Raimundo, na freguesia de Santo Antão e chegada o Largo do Chão das
Covas na freguesia de São Mamede, onde se localiza a CB. Divide-se
em quatro itinerários:
A| Da Gafaria à Praça Grande
B| Da Praça Grande aos Açougues do Peixe
C| Dos do Peixe aos da Carne
D| Da Corredoura à Mouraria
Sugere-se que os grupos, com o máximo de 6 pessoas, partam com
intervalos de 10 minutos entre si. A duração média estima-se em cerca
de 2 horas.
Materiais| O guião dos itinerários do peddy paper, textos e imagens de
apoio e um mapa da cidade de Évora.
REGIMENTO DA CIDADE DEVORA FEITO POR JOÃO MENDES NO
TEMPO DE D.JOÃO I
T. DOS ALMOTACEES
(...)
“it. os amotacees sejam bem avisados que ao
primeiro ou ataa o segundo dia como entrarem a mais
tardar mandem logo apregoar que os carniceiros e
paadeiras e regateiras e almocreves e alfayates e
sapateiros e todolos outros mesteiraaes usem cada
hum de seus mesteres e dem os mantymentos aavondo
guardando as vereações e posturas do concelho e
outros y todos os que teem medidas de pam e vynho e
azeite que as mostrem pera as veerem se som
direitas sô a pena que lhe he posta na postura do
concelho.”
(...).
“it. como entraem dem pésa aas padeiras e aas
tendeeiras e depois saibam se vedem per essa pésa
que lhes foy dada e se acharem menos por a
prismeira vez paguem xxx rs. e per segunda L. e per
terceira seja posta na picota. E se antes quiser
pagar quinhentos brancos por a picota sejalhe
relevada a pena da picota. E esta medês pena aja a
candeeira se menos fezer as candeas de peso que lhe
dado for, e o carniceiro se pesar mal a carne e a
regateira que nom guardar a almotaçaria que lhe for
posta e os que mal pesarem ou medirem.
E se o carniceiro pesar per peso falso, ou a
medideira ou medidor medir per falsa medida sejam
presos e façam delles direito e justiça.”
“it. nom consintam a carniceiro nem a sua molher
que vendam carne a enxerca e toda a carne que
vender seja per peso.”
(...)
“os almotacces sejam bem avisados e diligentes em
seos oficios e aos dias que o pescado vier cheguem
logo aa praça e ponham em ell almotaçaria segundo
seu costume poendo o mayor e meãao e mais pequeno
segundo sua valia poendo as mostras em logar onde
as vejam os que o comprarem. E se o pescado for
pouco estem hi anbos ou hum delles que o repartam
per os mayores e menores cada hum como o merecer
segundo o pescado for em tal guisa que os rycos e
pobres ajam todos mantymento e nom se partam dhy
ataa que seja dado e repartido como dito he.
(...)”
“it. pera saberem se os carniceiros pesam bem a
carne ponhasse a balança e os pesos do concelho em
que se pese e veja se he bem pesada e os pesos
direitos e pesador estee hi sempre resydente sô
pena de vinte rs. cada dia que hi nom estever.”
(...)
In, PEREIRA, Gabriel – Documentos Históricos da Cidade de Évora. 1ª
parte, reedição Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1998, pp.174-177.
T.º DOS PESOS DA CARNE
“it. Pera cada hum aver seu direito mandou e
ordenou que se posesse o peso do concelho no logar
em que he acostumado onde se soya a pesar a carne
estee hi emquanto hi estever a carne no açougue e o
rendeiro ou almotacé pequeno que o peso hi nom
poser e a carne nom pesar por cada vez pague pera o
concelho xx. rs. (...)”
“it. contra as posturas e costumes antigos husam
ora na cidade dÉvora que nom se contentam de tomar
a carne e pescado quando lhe he dada e repartida e
saltam dentro nos talhos e sem mandado e contra a
voontade dos almotacees e carniceiros e pescadeiras
tomam as carnes e pescados, e por se tirar tal huso
e os homeens nom vyrem a arroydo mandou com acordo
dos ditos oficiaaes e homens boons hordenou que
qualquer que tal cousa feser seja preso tres dias e
pague ao Concelho por cada vez xxx. rs.”
In, PEREIRA, Gabriel – Documentos Históricos da Cidade de Évora. 1ª
parte, reedição Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1998, pp.196.
T.º DOS PESOS E DAS MEDIDAS DO PAM E DO VINHO
“it. a mais razoada e iguall cousa que os sabedores
acharom pera cada um aver seu direito do que
compravam e vediam asy foy a ballança com os pesos
e a medida e porque em balde seria o regimento da
almotaçaria posto que se cada hum pesasse ou
medisse per medida e peso que lhe prouvese e os que
comprassem senpre poderiam receber engano o que já
per muytas veses foy e he a meude achado por nom
teerem os pesos e medidas direitas nem serem vistos
e afillados per os oficiaaes nem postos nos lugares
que per os antigos pera esto foram deputados, por
todo vyr a boom regimento com acordo dos suso ditos
ordenou e mandou que todos os que daqui endeante
ouverem de vender pam ou vinho ou azeite ou sall ou
legumes ajam as medidas afilladas asynaadas e
certas direitas per a marca do concelho e nom per
outras nem hua. E asy as allas e varas de medyr
panos de coor e de burel e de linho. (...)”
(...)
“it. mandou que os pesos do concelho fossem postos
na casa do concelho e qualquer que comprar ou
vender per peso vaa pesar per os ditos pesos essa
mercadoria que asy ouver de comprar ou vender ou
trocar ou em pagamento dar comtanto que seja hua
arova e dhi acima a cousa que se ouver de pesar. E
dhi a fundo possamna pesar onde lhe aprouguer
comtanto que sejam os pesos direitos afillados e
marcados per a marca do concelho. E o que aos ditos
pesos nom veer como dito he pague ao concelho por
cada vez cada hum asy o que a mercadoria e cousa de
comer vender como o que a receba – L - rs.”
“it. o que per outro peso medir que nom seja
marcado e afillado per o afillador e marca do
concelho posto que direito seja e das cousas que
nom cheguem a arouva que podem ser pesadas fora da
casa e peso do concelho como dito he pague por cada
vez pera o concelho – xx- rs.”
(...)
“it. o que tever a renda dos pesos do concelho leve
por as cousas que se em esse peso pesarem de cada
arova pera o concelho – II. rs de tres libras.”
“it o rendeiro ou afillador que der as medidas
aaquelles que per ellas am de medir pam e vynho e
azeite leve dellas o terço aalem do que lhe
custarom e se mais levar torneo em dobro a seu dono
e pague de cooyma pera o concelho xx. rs.”
“it. se se algum levar alqueire ou meio alqueire ou
quarta que seja seu pera lhe afillar e asynar leve
de cada hum – I real.
“It de afillar e asynar vara ou alla leve meo
reall.”
(...)
In, PEREIRA, Gabriel – Documentos Históricos da Cidade de Évora. 1ª
parte, reedição Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1998, pp.196-197.
Da Gafaria à Praça Grande
Itinerário a
Texto de apoio1
Pista
Vai da Tâmara ao Barão….
Pista
Sobe a rua, onde os “Grilos” cantam à direita e a “Tâmara”
espreita à esquerda…
Texto de apoio2
Pista
E na Tâmara, Diogo Pires, deves descobrir.
Desafios
Em que século aqui morou este humanista?
E em que antiga zona da cidade te encontras?
1
“…Fora dos seus muros, mas à vista deles, ficava a Gafaria, que se achava à saída
da Porta do Raimundo.” p.48
“… Este crescimento acelerado da urbe modificou a sua estrutura física e tornou
inevitável, no séc. XIV, a construção de uma nova cerca, onde se abriram as portas
que ainda conhecemos: Avis, Lagoa, Alconchel, Raimundo, Rossio, Mesquita,
Mendo Estevens e Machede. … As portas são também pólos vitais da nova cidade,
com destaque para a antiga Porta de Alconchel, onde se realizava a feira. Foi lá que
surgiu a grande Praça, hoje dita do Geraldo, e que na Idade Média tardia, era já o
centro incontestável da urbe. Para a sua beleza arquitectónica contribuiu a decisão
régia de mandar construir as casas dos arcos sobre o terreno da alcárcova da cerca
velha, então já despojada do seu valor defensivo. …” p.45, BEIRANTE, Angela –
Évora na Idade Média, in, Évora história e imaginação, Ataegina, 1997.
Desafio
Descobre a sinagoga. Diz-nos quem ali orava.
2
“… A Judiaria ocupava (no séc. XIV) dois arruamentos paralelos que corriam … da
actual Praça do Geraldo, em direcção à muralha, a chamada Rua do Tinhoso ou da
Moeda … e a Rua Direita ou dos Mercadores, a partir da Praça dos Mercadores.
Distribuía-se igualmente pelas travessas entre uma e outra. … Desde meados da
centúria de trezentos que este bairro tinha as suas portas que se abriam ao nascer
do sol e se fechavam ao toque das Avé Marias, limitando assim a convivência
religiosa com a maioria cristã, … .No entretanto, durante o dia, os judeus podiam ir
vender e trabalhar nas suas tendas e lojas na cristandade, assim como os cristãos
podiam frequentar as casas e tendas da judiaria, … . Os edifícios públicos
localizavam-se na parte mais antiga da judiaria ou judiaria velha, … .Por isso
encontramos referências à sinagoga velha pequena e à sinagoga grande com seus
claustros e que deviam ter-se situado próximo uma da outra, na Rua da Sinagoga
hoje, Travessa do Barão. …” p.96-97, TAVARES, Maria José Ferro – Évora e os
judeus. in, Évora história e imaginação, Ataegina, 1997.
Texto de apoio 3
Pista
Para avançar e conquistar, pela moeda passarás.
Pista
E, entre tantas, uma janela Manuelina encontrarás …
Desafio
Descreve-a aqui.
Desafio
E aí deves perguntar que casa foi cenário do filme “Cristóvão
Colombo ” para no teu mapa a assinalar.
3
Desafio
E até ao cimo encontrarás umas quantas portas a que ainda
chamam góticas (em forma de arco ogival) que mapa no
assinalarás.
“…As casas da judiaria eborense eram, na sua generalidade casas térreas ou com um
piso superior. A mais vulgarizada era a casa dianteira, compartimento único onde se
cozinhava, se recebia as visitas e se dormia. A chaminé e a cantareira eram frequentes.
… Os pátios interiores eram frequentes, o que nos faz pensar numa casa virada para o
interior e para as traseiras, pois a comunicação para o exterior, era na generalidade feita
exclusivamente pela porta, onde se abria um postigo por onde entrava o ar e
escassamente a luz. …. No séc. XV, Évora possuía a segunda maior comunidade judaica
do reino, imediatamente a seguir a Lisboa. …. .” p.97, TAVARES, Maria José Ferro –
Évora e os judeus. in, Évora história e imaginação, Ataegina, 1997.
Pista
No cimo da rua o nome confirmarás, na toponímia o nome
encontrarás e os errados riscarás.
Desafio
Por que outro nome eram conhecidos os cristãos-novos ?
Azeiteiros | Tinhosos | Aleivosos | Marranos | Carraçosos | Jeitosos .
Pista
E à Grande Praça chegarás. E numa das ruas muito junto a ela
o peso encontrarás.
Texto de apoio 4
Desafio
Com que instrumentos trabalhava o almotacé na casa de ver-opeso ?
Para tal um tombo deves ler.
4
“… Em 1508, situava-se a Casa do Peso nesta rua, em casas que haviam
pertencido ao Hospital dos Lázaros, e que a Câmara escambou (trocou) por umas
olarias, situadas à Porta de Alconchel. Estas casas ficavam do lado direito da rua
quando se desce… . Na Casa do Peso eram taxados todos os artigos que eram
vendidos na Cidade, com excepção daqueles que os almotacéis tabelavam nos
respectivos açougues. No séc. XVII a Casa do Peso tinha entrada pela Rua dos
Mercadores e era fachada que tinha pedras esculpidas, em pedra, as armas da
Cidade, ao lado das armas reais. …” CARVALHO, Afonso de – A Rua do Raimundo,
Toponímia Eborense, in «Diário do Sul», 22 Abr.1997, p.2.
CAZA DO PESO
“E logo no dito dia mes e anno atras escripto em
esta Cidade de Euora na Rua do Reimundo della e
caza do pezo onde foi o dito Juis de Fora comigo
taballião escriuão deste tombo e com o procurador e
sindico da Camera e medidores para effeitos de
medir esta caza com a rua dos Mercadores da banda
do Norte e do Sul com a rua do Reimondo, e do
Nascente com cazas forreiras á mizericordia que
possuhe Manoel João e do poente com cazas forreiras
á misericordia que possue Jorge Pinheiro da porta
nua e tem a dita caza de fronte da porta hum pedaço
de chão que antigamente foi arquo e medindo a dita
caza desde a porta athe a parede que entesta na rua
dos mercadores tem de comprimento sete uaras e hum
palmo e de largura no vão mais largo do arco seis
varas bem medidas e tem a dita caza no meyo hum
arquo de pedraria e no summo delle está hum gancho
de ferro, em que se punhão as balanças e defronte
da porta por onde entesta, e na parede da rua dos
mercadores tem as armas da Cidade esculpidas em
pedra marmor com as Armas de El-Rei nosso senhor e
está a dita caza quazi toda sercada de piais de
pedra e cal seruia caza do pezo onde se pezauão as
mercadorias que uinhão a esta Cidade para se
pagarem os direitos delas e depois da felice
Acclamação de sua Magestade se mudarão os pezos
della para a prassa de pexe com occasião dos reais
dagoa que se impos no pescado, e no mesmo pezo em
elle se peza se pezão tambem as fazendas de outros
generos, (...).”
in, Tombo Municipal de 1651.
Desafio
Na vidraça espreitarás e o passado encontrarás. E do que viste
falarás ?
Da Praça Grande aos Açougues do Peixe
Itinerário b
Texto de apoio 6
Texto de apoio 5
Pista
Da velha Selaria em direcção a Oeste seguirás e a Cerca Velha
contornarás.
Pista
Antes de Sertório era Peixe
E antes de Travessa era Beco
Desafio
Nesta Praça, que hoje chamamos do Sertório, e em tempos se
chamou do Peixe, localizavam-se os Açougues do Peixe, há
muito já desaparecidos. Estes estavam divididos em duas
partes. Diz quais eram.
5
A Rua da Selaria (1363), hoje conhecida como Rua 5 de Outubro, era o arruamento
dos fabricantes ou vendedores de selas. Aqui viveram, também, alguns pintores
livreiros e outros artistas. in, MONTE, Gil do–Dicionário da Toponímia Eborense,
Évora, 1982.
“… O surto demográfico que atravessou todo o século XIII e parte do XIV traduziu-se
em ondas migratórias em direcção às cidades reconquistadas. As garantias de
segurança e a fama da sua prosperidade atraíram a Évora levas sucessivas de
povoadores. A cidade cresceu e transformou-se. … Este crescimento acelerado da
urbe modificou a sua estrutura física e tornou inevitável, no século XIV, a construção
de uma nova cerca, … .” p.45 BEIRANTE, Angela – Évora na Idade Média, in, Évora
história e imaginação, Ataegina, 1997.
Pista
E um tombo pode ajudar-te.
6
A actual Travessa do Sertório e a Praça do Sertório foram em tempos conhecidas
como Beco da Praça do Peixe (1662) e Praça do Peixe (1539). in, MONTE, Gil do
– Dicionário da Toponímia Eborense, Évora, 1982.
ASOUGUES DO PESCADO
“E logo no dia, mez, e anno atras escripto
(Novembro de 1651 em Évora) Em esta Cidade de Euora
na prassa do pexe della onde foi o dito Juis de
Fora Juis deste tombo comigo tabalião e escriuão
delle e com os medidores, e procurador o sindico da
Camera para effeito de medir e demarcar as cazas
dos Asougues do pescado, que são da Cidade, para a
qual medição e demarcação forão citadas as partes
com cujas cazas partem, e estão estas cazas na
prassa do pexe e partem com o pateo das cazas dos
frades de nossa senhora do Carmo desta Cidade e do
Sul com bequo a que chamão da prassa do pexe, e do
Nascente com o terreiro da prassa do pexe, e do
poente com com cazas e telhados das cazas de Luis
Gago Sirgueiro e Sizisnando Rodrigues borracheiro,
e estes afsougues estão repartidos em duas partes,
hum afsougue da Cidade, e outro para o pouo e cada
hum delles tem a sua caza pequena em que se mete
algum pescado, e tudo he de telha vãa, e tem hum
alpenfre que se sutenta em tres pilares de tejolo
tambem de telha vãa, e comessando a medir a caza do
afsougue da Cidade, tem uma porta de grades de
ferro com sua fechadura, e quatro grades também de
ferro para a rua com quatro ferros cada hum e outro
em Crux com seus portais de pedra, e esta caza tem
de comprido fete varas e meya e de largura pello
meyo da caza tres varas mal medidas, e desta caza
se uai para huma caza pequena á entrada dá porta á
mão direita que tem hua porta com sua fechadura,
que fica da banda do Norte a qual tem tres varas e
meya de comprido e de largo huma vara e duas
terças, e medindo a caza do afsougue do pouo que
tem humma porta de páo de baxo do mesmo alpendre e
duas grades de ferro para a Rua com seus portais de
pedraria, tem esta caza de afsougue do pouo quatro
varas de comprido e tres de largo, e desta caza vai
huma porta para outracaza da banda do Sul a qual
tem de comprimento tres varas e palmo e meyo de
comprimento e pello mais largo duas varas e he
esconsa com seus cantos, e medindo o alpendre desde
o canto da porta da caza da Cidade athe o fim das
cazas que tem por esta banda de comprimento doze
varas menos hum palmo, e da ponta do alpendre, athe
a porta das cazas dos frades de Nossa senhora do
Carmo tem tres varas e meya, e tem de largura o
dito alpendre tres varas menos hum palmo, e por
esta maneira ouue o dito Juis de Fora Juis deste
tombo estas cazas do pescado por medidas e
confrontadas com o procurador sindico da Camera e
medidores sendo tudo prezentes por testemunhas
Crispim Barboza meyrinho do estanque do tabaco em
esta Cidade de Euora, e Jorge Cordeiro Inqueredor
do Juizo geral desta mesma que todos aqui afsinarão
com o dito Juis de Fora e eu Sebastião Rodriguez
Feyo taballião escriuão deste tombo o escreui //
Abreu // João Velho // Simão Souto //João de
Almeida // Crispim Barboza // Jorge Cordeiro //.”
In, Tombo Municipal, 1651.
Texto de apoio 7
Dos do Peixe aos da Carne
Itinerário c
Pista
Vai de S. Tiago a Herculano e com Vasco da Gama navega até
a um velho Outeiro conhecido como o da Sé.
Desafio
E os Açougues da Carne num templo vais encontrar. Com
velhas medidas a sua base poderás medir e a equivalência
estabelecer.
1 vara=110 cm
1 palmo=22,0 cm
1 terça= 30,3 cm
Desafio
E o templo, em que período foi construído ?
Informação
O Museu de Évora conserva o brazão mais antigo da cidade de
Évora, mas como está de momento encerrado para renovação
das instalações, de volta a Santiago o poderás encontrar.
7
“… Situada numa encruzilhada de caminhos terrestres, Évora foi desde sempre uma
cidade comercial. A dupla necessidade de escoar os seus produtos agro-pecuários e
de sustentar uma numerosa população reforçou durante a idade média a sua
vocação mercantil. O abastecimento tinha lugar nos açougues, que no fim do século
XIII foram transferidos … para o templo romano, coexistindo mais tarde com os
novos açougues da Praça. O comércio de alimentos, com excepção da carne do
talho, era tarefa …. feminina.” p.47 BEIRANTE, Angela – Évora na Idade Média, in,
Évora história e imaginação, Ataegina, 1997.
Pista
E por Resende deves seguir, os nomes descobrir até às Portas
de Avis chegar.
Da Corredoura à Mouraria
Itinerário d
Texto de apoio9
Pista
Das Casas Pintadas a Isabel, uma Porta alcançarás.
Desafios
1. Recolhe um nome de rua que assinale a presença de um
antigo morador.
2. Recolhe três nomes de ruas que se relacionem com ofícios
medievais.
Desafio
Ao passares a Porta dois vestígios da época romana
encontrarás. Escreve aqui quais são?
Texto de apoio 8
Pista
Pela rua do gado correrás e na mouraria entrarás. Ruas
tortuosas encontrarás e no tempo recuarás.
8
Rua da Corredoura (1553) rua larga, apropriada para corridas, ou desviada de gado
de alguma povoação para a passagem de gado.
Rua da Mouraria (1511) após a reconquista de Évora aos mouros em 1165,
estabeleceram-se nos arrabaldes do bairro do farrobo, e mais tarde no que se
denominou por Mouraria. in, MONTE, Gil do – Dicionário da Toponímia Eborense,
Évora, 1982.
3. E descobre em que casa habitou o Mestre André de
Resende ? Pergunta na mercearia ou a um vizinho e regista
aqui o número da porta.
9
Mestre André de Resende foi um célebre humanista eborense do século XIV.
Nasceu em 1506 e morreu em 1573. A partir de 1555 fixou-se em Évora onde criou
uma aula de humanidades, numa casa que mandou construir na rua que tem o seu
nome, e onde a tradição diz ter também nascido. Ali guardava lápides latinas que ia
adquirindo, o que foi considerado como o primeiro museu de Évora. Após a criação
em Évora da Universidade pelo cardeal D. Henrique em 1559 foram proibidas todas
as aulas particulares, porém foi aberta uma excepção para o mestre André de
Resende. in, MONTE, Gil do – Dicionário da Toponímia Eborense, Évora, 1982.
Pista
Enfim, em Avis um Convento encontrarás e o seu Santo
descobrirás.
S. Mamede
S. Pedro
S. Francisco
S.to Antão
S. José
S. Tiago
S. Joãozinho
S. Vicente
S. Domingos
S. Paulo
S. Miguel do Castelo
S. João Evangelista
S. Brás
S. Bartolomeu
S. Sebastião
S. Manços
S. Jordão
S. Marcos da Abóbada
S. Brissos
S. Bento do Mato
S. Bento de Pomares
S. Bento de Cástris
S. Miguel de Machede
S.to António da Piedade
S. Matias
S. Romão
S. Vicente do Pigeiro
Pista
E ali por detrás, o final atingirás. E sobre uma cova de ter-pão
uma resposta darás.
Textos de apoio 10
Desafio
Advinha o que guardavam estas covas.
Pista
E subindo o Cano este itinerário terminarás. E se quiseres um
outro iniciarás.
10
Largo do Chão das Covas (1358) em meados do século XIV era natural a
depressão de terrenos junto às muralhas. Nestes espaços vazios foram criados
chãos de covas que serviam de silos para armazenar cereais. In, MONTE, Gil do –
Dicionário da Toponímia Eborense, Évora, 1982.
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O Almotacé, peddy-paper, 2001