INOVAÇÃO
Gerente da Agência Unesp de Inovação vem
a Assis para divulgar empreendedorismo
Mayara Crispim
A inovação e o empreendedorismo estiveram em foco no
dia 16 de maio, com a presença
do gerente da Agência Unesp
de Inovação (Auin), Paulo
Roberto de Carvalho, na Faculdade de Ciências e Letras
de Assis (FCL-Assis). Durante
o dia ele esclareceu dúvidas de
estudantes, professores e pesquisadores sobre os caminhos
para o registro de propriedades
intelectuais na palestra ‘PI na
Estrada’. À noite abordou o
tema ‘Inovação dentro da Universidade’, evento que fez parte
do I Ciclo de empreendedorismo e Inovação da unidade, e
teve como objetivo esclarecer
a comunidade acadêmica acerca do tema e, assim, produzir
reflexões sobre o papel da universidade como subsídio para
ajudar no processo de criação
do seu próprio negócio.
Ambos os eventos foram
promovidos pelo ProInova,
programa desenvolvido na
Unesp de Assis, cujo objetivo é
auxiliar projetos inovadores de
base tecnológica, transformando ideias em oportunidades de
negócios, mediante a coordenação da pesquisa acadêmica
com o mercado real.
De acordo com o palestrante, os eventos foram direcionados à universidade
como um todo, já que não são
apenas os pesquisadores que
produzem conhecimento, mas
também os alunos da graduação inovam, seja na Iniciação
Científica, seja nos estágios.
“Todos precisam entender a
propriedade intelectual de
modo a reconhecer quais são
os trâmites para conseguir o
registro de uma patente, ter
noção da importância disso,
e saber o que está por trás da
concessão de uma patente.
Muita gente tem condições de
obter uma patente, mas por
desconhecer os mecanismos
acaba perdendo a concessão”,
lamenta.
De acordo com Paulo Roberto, quanto mais cedo forem
aproveitadas as oportunidades,
tanto melhor: “Quanto mais
cedo se entende, por mais
tempo se fica no controle daquilo que se está produzindo”,
resume. “Antes da publicação
de qualquer pesquisa seria interessante se os autores se preocupassem em primeiramente
garantir a titularidade, sendo
ela viável, porque depois que
acontece a publicação já não
existe mais esta possibilidade,
o conteúdo já caiu em domínio
público”, acrescenta.
O Jornal Nosso Câmpus esteve presente e conversou com
o especialista em transferência
de tecnologia Paulo Roberto
de Carvalho:
JNC- Professor Carvalho,
em primeiro lugar, o que é a
Agência Unesp de Inovação?
Como ela trabalha? Qual é
sua função?
Paulo R. – A Agência Unesp
de Inovação é um instituto de
inovação tecnológica que foi
criado pela Lei de Inovação
Brasileira, do ano de 2004,
que prevê a existência, dentro
de toda universidade, de toda
ICT (Instituição de Ciência e
Tecnologia), de uma instituição que seja responsável por
definir e gerir as leis relacionadas à propriedade intelectual
e proteger o conhecimento
produzido e, em um segundo momento, licenciar os
produtos que foram gerados,
promovendo, assim, o desenvolvimento.
A Agência de Inovação é
o órgão não só garantidor da
proteção do conhecimento
que é gerado dentro da universidade, e mantenedor da
titularidade dos direitos dos
pesquisadores, mas também
promotor da comercialização
dessa produção para que ela
possa render, em forma de um
produto ou de uma inovação,
um benefício à sociedade.
Para isso a Agência possui
mecanismos. Ela tem ferramentas ligadas para a proteção daquela ideia, seja ela em
forma de uma patente, de um
desenho industrial, de um software, de uma marca.
Ela é o órgão institucional
que faz a interação entre ciência e mercado, entre pesquisa
e desenvolvimento para gerar
inovação.
JNC – Professor, de forma
resumida, como o senhor
define a Propriedade Intelectual? Quais são os passos para
o registro de uma P.I.?
Paulo R. – Para a obtenção
de uma patente (tipo de propriedade intelectual; propriedade industrial), são necessários três requisitos básicos: o
primeiro deles tem a ver com
inovação; precisa ser uma coisa nova, que ainda não foi inventada, diferenciada. O outro
requisito é ser uma atividade
inventiva: algo que não seja óbvio. Por fim, é necessário que a
propriedade seja de aplicação
industrial, já que a patente é
um instrumento concedido
pelo Estado que dá direito à
exploração de certo produto
por um período de tempo.
Em contrapartida, o criador
precisa revelar a sua descoberta, sua invenção, por isso
o nome patente, que também
significa manifesto, evidente.
Após a elaboração de um
produto, de uma marca, o
detentor pode usufruir dos
direitos sobre o produto por
um período de tempo.
JNC – De maneira geral,
qual foi o objetivo principal
destas palestras?
Paulo R. – O intuito principal foi divulgar os conceitos
que estão por trás de uma
patente, qual o panorama
deste universo e qual a função da Agência, como órgão
Foto: Mayara Crispim
A propriedade intelectual e inovação dentro da universidade foram debatidas
em dois eventos distintos na Faculdade de Ciências e Letras de Assis
Carvalho: “A inovação não é algo tão complexo como se imagina”
institucional que cuida destes
processos internamente.
JNC – No evento sobre
inovação dentro da universidade o senhor falou um pouco sobre empreendedorismo,
palavra que está na moda,
ultimamente. Diante dessa
tendência responda: como
o universitário pode ser um
empreendedor?
Paulo R. – Pelas oportunidades que surgem para
ele e pela necessidade que o
indivíduo tem de estar pronto
para estas oportunidades. E
esse ‘estar pronto’ é ter uma
bagagem científica e tecnológica grande que a universidade
propicia através das pesquisas,
é ter também um olhar voltado
para o futuro, entendendo o
panorama de patentes e como
isso funciona para traçar estratégias de utilização desses
recursos para uma interação
com o mercado.
As pessoas costumar achar
que, quando se fala em ‘inovação’, estão lidando com um
‘bicho de sete cabeças’, que
uma ideia inovadora deve ser
Segundo
definição do
Dicionário Houaiss,
uma das concepções
do termo
empreender é:
‘pôr em execução’;
‘realizar’
algo fantástico, no entanto, as
oportunidades de inovação
estão ao seu lado, basta apenas
compreendê-las. Muitas boas
ideias são desperdiçadas pela
falta de atenção quanto a isso.
Ter uma boa formação
sólida, consolidada por meio
do conhecimento transmitido pela universidade não
é importante, porém não o
bastante. Além disso tudo,
é preciso que a pessoa compreenda aquilo que se requer
para criar uma oportunidade.
Essas são as características necessárias para que alguém seja
um inovador, desde que tenha
aptidão empreendedora .
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Nosso Câmpus
maio/2012
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