Publicação bimestral de Bio-Manguinhos/Fiocruz • Nº51 • aGO-SET/2012 EMPRESA PÚBLICA Proposta de projeto de lei é a principal pauta da 2ª Plenária Extraordinária [6a8] NOVA VACINA CÂMARA TÉCNICA ASSESSORA Tetravalente viral será produzida na unidade Redação de PL e melhorias incrementais em pauta [ editorial ] [ sumário ] A vançamos. Mas ainda precisamos percorrer um longo caminho até a implantação da empresa pública federal controlada pela Fiocruz para Bio-Manguinhos. Um processo que demandará alguns meses e muito trabalho. Precisaremos do esforço de cada colaborador da unidade e, em especial, dos nossos gestores. A decisão favorável na 1ª Plenária Extraordinária do VI Congresso Interno, em maio, sinalizou que estamos caminhando na direção certa. O processo, no entanto, não é simples. Pelo contrário. É um marco na história da Fiocruz. Aprovar a proposta do projeto de lei, na qual nos debruçamos com afinco nos últimos dois meses para poder apresentá-la na 2ª Plenária, representará um novo e importante avanço. Em Brasília, outras etapas se sucederão, nos poderes Executivo e Legislativo. Nesse próximo encontro do Congresso, também é preciso discutir as mudanças incrementais propostas para o atual modelo da Fundação. Paralelamente, novos desafios surgirão no nosso dia a dia. Estes nos farão crescer enquanto profissionais e enquanto unidade da Fiocruz, e fortalecerão a rede pública de saúde. A inclusão de mais um produto — a vacina tetravalente viral — em nosso portfólio e no calendário infantil de vacinação, em 2013, garante à população acesso a mais um imunizante de qualidade e nos estimula a seguir em frente, com a expectativa de poder fazer ainda mais e melhor. 3 PARCERIA 4 CTA 6 CAPA proposta de projeto de lei Bio assina contrato para fornecer vacina varicela O importante papel dos membros da Câmara Técnica Assessora Texto será deliberado na próxima plenária 10 11 passo a passo Tramitação do PL: do Congresso Interno à Brasília DOSES Saiba como participar da nova página de Bio no Facebook Artur Roberto Couto Diretor de Bio-Manguinhos Presidente da Fiocruz Paulo Ernani Gadelha vieira Diretor de Bio-Manguinhos Artur ROBERTO Couto Vice-diretora de Gestão e Mercado Cristiane Frensch pereira Vice-diretora de Qualidade Maria da Luz F. Leal Vice-diretor de Desenvol- Publicação bimestral do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/ Fiocruz), impressa em papel suzano gloss 150g/m². vimento Tecnológico Marcos da silva Freire Vice-diretor de Produção Antonio de páduA Barbosa Chefe de Gabinete Isabella LIRA Figueiredo Assessoria de Comunicação de Bio-Manguinhos | Coordenação Renata Ribeiro gómez de sousa Edição elisandra galvão, rodrigo pereira e Renata Ribeiro Redação e reportagem carolina marques, Elisandra Galvão, Lívia maldonado e Rodrigo Pereira conselho Editorial Akira Homma, Beatriz Fialho, ELAINE TELES, ELAINE VASCONCELOS, Gisele Chads, Gustavo Furtado, Isabella Figueiredo, LORENA DRUMOND, Luiz Antonio de Assis, MONIQUE COLLAÇO, Av. Brasil, 4.365 Manguinhos - Pavilhão Rocha Lima (CTV) Rio de Janeiro • CEP 21040-900 SAC: 08000 210 310 • Fax: (21) 3882-7176 [email protected] • www.bio.fiocruz.br REinaldo de Menezes, Renata Ribeiro E SIMONE BORGES diagramação DANIELLE GUEDES Colaboração Alessandra Lopes, Bernardo Portella, Danielle dos Santos, Denise Nascimento e talita wodtke FotoS Banco de imagens de Bio-Manguinhos, guido Marcondes, Flickr e peter ilicciev Distribuição Setor de Apoio Tiragem 2.000 exemplares 2 BioNotícias 51 • ago-set/2012 Elisandra Galvão I Rodrigo Pereira Parceria que faz saúde bem à Novo acordo permitirá ao Instituto produzir a vacina varicela que, combinada à tríplice, resultará na tetravalente viral N o dia 4 de agosto, Bio-Manguinhos deu mais um importante passo para fortalecer e ampliar o calendário básico de vacinação da rede pública. Foi assinado um contrato de transferência de tecnologia com a empresa GlaxoSmithKline (GSK) — com quem o Instituto mantém uma parceria exitosa de mais de duas décadas — que permitirá a produção da vacina tetravalente. Por meio de um aditivo no acordo assinado em 2003, a unidade passará a disponibilizar a vacina varicela ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Este imunizante será combinado à tríplice viral (TVV), que, sendo assim, passará a ser uma vacina tetraviral, prevenindo contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela – doença mais conhecida no Brasil como catapora. Na cerimônia de assinatura do acordo, as presenças do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (MS), Carlos Augusto Gadelha, sinalizaram o grau de importância da parceria para a saúde pública brasileira. “Com apenas uma picada, o Brasil vai poder proteger suas crianças contra quatro tipos de doenças. Hoje, quase 11 mil pessoas são internadas por ano pela varicela e temos mais de 160 óbitos. Além disso, há uma economia no trabalho dos profissionais de saúde, pois usa-se apenas uma agulha, uma seringa e um único local de conservação”, declarou o ministro. Segundo Padilha, as internações causadas pela varicela custam cerca de R$ 7 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, além de capacitar os profissionais e criar plataformas para o desenvolvimento de outras vacinas, esse tipo de acordo barateia significativamente o preço das doses. “O preço da vacina tetravalente viral custará R$ 28 por unidade para o governo. No mercado privado, essa vacina custa R$ 150. Só podemos ter um programa que distribui gratuitamente vacinas para todo o País porque temos a competência nacional para produzi-las”. Bio-Manguinhos disponibilizará a vacina para o PNI a partir de 2013, quando poderá ser encontrada gratuitamente nos postos de saúde. “Esta é mais uma valiosa parceria estabelecida com a GSK, pois permitirá o acesso gratuito a um imunizante que reduzirá o número de casos da doença e os custos para o SUS”, afirmou o diretor do Instituto, Artur Couto. Estudos clínicos confirmaram que a tetravalente viral possui o mesmo nível de segurança e eficácia das vacinas TVV e varicela, quando comparadas separadamente. Para as crianças isso se traduz em menos injeções; e para os pais, em um menor número de visitas às clínicas. Como resultado, o aumento da cobertura vacinal e a diminuição do número de casos das quatro doenças no país. Ao produzirmos novas vacinas, ficamos imunes às oscilações do dólar e à crise econômica internacional, além de podermos distribuir para milhões de pessoas” Alexandre Padilha, ministro da Saúde Parcerias como esta são fundamentais para a saúde pública, não só nacional como global” Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz A cerimônia de assinatura do contrato trouxe o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, à Fundação. Ao seu lado, os presidentes da GSK, Christophe Weber, e da Fiocruz, Paulo Gadelha, além do diretor de Bio, Artur Couto BioNotícias BioNotícias 51 51 •• ago-set/2012 ago-set/2012 3 Elisandra Galvão A atuação da Câmara Técnica Assessora do Conselho Deliberativo da Fiocruz Delegados das unidades elaboram proposta de PL para criação da empresa pública Bio-Manguinhos, contribuem para o novo Código de CT&I, além de analisar as melhorias incrementais para a Fiocruz A Fiocruz conta com estruturas assessoras que atuam fazendo apreciações técnicas voltadas para governança da instituição. São as câmaras técnicas. A mais nova, a Câmara Técnica Assessora (CTA), foi constituída em maio de 2012 pela Plenária Extraordinária do VI Congresso Interno. O grupo é composto por 27 delegados do Congresso, representantes de todas as unidades da Fiocruz. Sua função é assessorar o Conselho Deliberativo (CD-Fiocruz) da instituição. Cada membro foi indicado pelo CD da sua respectiva unidade e a necessidade de compor uma comissão mista foi apontada durante a plenária, o que revela uma tentativa de coalização de forças. A CTA também elaborou seu regimento interno com especificações sobre finalidade, competências, composição e organização. O trabalho da CTA é bastante específico: elaborar uma proposta de projeto de lei (PL) para transformação de Bio-Manguinhos em empresa pública federal controlada pela Fiocruz e discutir as melhorias incrementais, principalmente as do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) – tema que fez parte do segundo eixo do Documento de Referência discutido na última plenária do VI Congresso Interno que, embora tenha sido apreciado, não foi votado. As melhorias propostas serão votadas na 2ª Plenária Extraordinária, de 19 a 21 de setembro, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Todos os documentos de base para a nova fase de discussões estão publicados no site do VI Congresso Interno (www.fiocruz.br/ congressointerno). A CTA desempenhou sua tarefa de elaboração da minuta de PL e exposição de motivos 100% referenciada pelas salvaguardas aprovadas na última plenária do Congresso Interno” Mário Moreira, membro da CTA e vice-diretor Institucional do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) O funcionamento da CTA continuará durante todas as fases de tramitação do PL no Congresso Nacional. “Trabalhamos muito e com bom encadeamento focando em duas propostas: a do projeto de lei de criação da empresa pública e a do CNCTI, conforme o Congresso Interno nos encomendou. Começamos a elaboração do PL identificando as salvaguardas colocadas para a criação da empresa publica. Identificadas, as mesmas foram discutidas com a CTA e com a consultora Lenir Santos, advogada e especialista em direito sanitário. Somente a partir daí começamos a construir o conteúdo do PL”, explica a delegada do VI Congresso Interno e representante de BioManguinhos na CTA, Simone Borges. Grupos de trabalho A Câmara contou, nesta etapa, com dois grupos de trabalho (GTs). O GT Minuta do PL trabalhou para elaborar o documento com o apoio da consultora jurídica. O segundo, GT Melhorias (Código de CT&I), trata da revisão das melhorias e das propostas da Fiocruz para o projeto do novo Código, em debate no Senado. “Uma vez que as melhorias jurídico-administrativas e gerenciais foram discutidas pelos grupos, mas ainda não foram deliberadas pelo Congresso, elaboramos as teses sobre o CNCTI que não existiam no documento da plenária anterior. Consolidamos as contribuições ao código já analisadas e discutidas por profissionais do Sistema Gestec-NIT, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e de Bio-Manguinhos. Este trabalho foi feito por integrantes do GT Melhorias, e depois por toda a CTA. Após 4 BioNotícias 51 • ago-set/2012 A primeira reunião da Câmara, na Residência Oficial, teve a presença do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha a apreciação na plenária do congresso, a análise propositiva sobre o CNCTI passa a ser uma diretriz para o posicionamento da Fiocruz em qualquer tipo de contribuição nesta área e no possível substitutivo para o novo Código”, informa Simone. Para Mário Moreira, delegado que representa o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) na CTA, a Câmara desempenhou sua tarefa de elaboração da minuta de PL e exposição de motivos 100% referenciada pelas salvaguardas aprovadas na última plenária. “Foi um exercício político importante, que contou com o excelente suporte jurídico de Lenir, para que pudéssemos construir um modelo de empresa que reflita integralmente os princípios institucionais e cláusulas pétreas da Fiocruz. Considerando o que poderia ser matéria de um PL, o desafio colocado foi o de incluir o máximo possível dessas salvaguardas na minuta. O que não foi possível incluir será matéria do estatuto da empresa, objeto de decreto especifico”. A CTA finalizou a documentação da segunda plenária no dia 24 de julho. A proposta de PL foi apresentada ao CD-Fiocruz na primeira semana de agosto. Com a aprovação nesta instância, foi encaminhada às unidades para que pudessem realizar suas apreciações. Segundo Simone, haverá etapas distintas e importantes depois das articulações com o Poder Executivo, nas casas congressuais em Brasília. Para o PL ser aprovado há distintas etapas que envolvem não apenas a Fiocruz, mas também instâncias federais. Haverá uma complexa tramitação da Fundação ao Congresso Nacional (leia mais nas páginas 10 e 11). O GT PL trabalhou pontos fundamentais da minuta para a transformação de Bio em empresa pública com caráter social, e manutenção da essência da sua missão. Entre as diretrizes discutidas e elaboradas, destacam-se: Pressupostos institucionais: caráter público e estatal; integralidade institucional em relação à Fiocruz, ou seja, a não fracionalidade da Fundação; gestão democrática; fortalecimento da cadeia de inovação e saúde; atuação estratégica na área produtiva da saúde protegendo o Sistema Único de Saúde (SUS); e consonância com os planos plurianuais da Fiocruz, a política nacional de saúde e de ciência, tecnologia e inovação. Estrutura de governança: Conselho de Administração, como órgão superior de deliberação; Diretoria Executiva; Conselho Fiscal; Conselho Social; e Assembleia de Trabalhadores. Pessoal: regime CLT; ingresso via concurso público; cessão de pessoal estatutário de Bio-Manguinhos para a empresa; e cessão de pessoal da administração pública federal em geral. Licitação: de acordo com a lei 8.666, mediante regulamento próprio; controle interno e externo (Fiocruz e Tribunal de Contas). Receitas: auferidas na prestação de serviços ao poder público; direitos patrimoniais; acordos, contratos, convênios; dotações, doações, subvenções; e rendas provenientes de outras fontes. Investimentos: caráter social; superávit reinvestido na empresa; datações públicas; doações; e subvenções. BioNotícias 51 • ago-set/2012 5 A advogada e consultora da CTA, Lenir Santos, apresenta a proposta de projeto de lei da empresa pública para Bio-Manguinhos, em encontro organizado pela Presidência da Fiocruz Projeto Rodrigo Pereira Segunda Plenária Extraordinária vai avaliar proposta de projeto de lei para a criação da empresa pública para Bio-Manguinhos A futuro deliberação da Plenária Extraordinária do VI Congresso Interno, na manhã do dia 11 de maio, decidiu pela transformação de Bio-Manguinhos em uma empresa pública federal controlada pela Fiocruz. Como consequência, naquele momento começou uma segunda etapa: a elaboração de uma proposta de projeto de lei (PL) para a constituição da nova organização, com base nas salvaguardas deliberadas pelo mesmo Congresso. O texto será apreciado pelo conjunto de delegados da Fiocruz em plenária que será realizada de 19 a 21 de setembro, no auditório térreo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). 6 BioNotícias 51 • ago-set/2012 para um novo Já os grupos de trabalho se reunirão nas salas da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Instituída por decisão do VI Congresso Interno, e cujos membros são delegados indicados pelos Conselhos Deliberativos de suas respectivas unidades, a Câmara Técnica Assessora (CTA) do CD-Fiocruz se organizou em dois grupos de trabalho (GTs), para dar agilidade às atividades. A especialista em direito sanitário, Lenir Santos — que recebeu previamente um documento sobre as salvaguardas do VI Congresso Interno à empresa pública — apoiou o GT responsável pela minuta do PL. (Leia mais sobre a atuação da CTA nas páginas 4 e 5). Acima, o coordenador do grupo de trabalho do anteprojeto do Código de Ciência e Tecnologia, Breno Rosa, fala durante o primeiro seminário promovido pela Presidência; ao lado, o outro convidado desse encontro, o coordenador-geral de Inovação Tecnológica do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), Reinaldo Danna; abaixo, o secretário-executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias, apresenta as iniciativas do governo na área de inovação Presidência promove seminários Para ampliar o conhecimento e aproximar os funcionários da instituição das pautas de discussão, a Presidência da Fiocruz promoveu três seminários em julho. O primeiro, Inovações na gestão pública em C&T: o Código Nacional de Ciência e Tecnologia, aconteceu no dia 7. Os convidados foram o coordenador-geral de Inovação Tecnológica do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), Reinaldo Danna, e o coordenador do grupo de trabalho do anteprojeto do novo Código, Breno Bezerra Rosa. O presidente Paulo Gadelha, na ocasião, destacou a colaboração das unidades ao Código e o papel da CTA na consolidação dessas contribuições, que subsidiarão os debates da segunda plenária. O CNTCI é considerado por muitos como uma solução para dar agilidade às atividades desenvolvidas no país no campo da ciência, tecnologia e inovação. O segundo encontro, Ciência, Tecnologia e Inovação: desafios e perspectivas, no dia 13, trouxe à Fiocruz o secretário-executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias. Ele apresentou um amplo panorama das ações do governo, informações sobre a posição atual do Brasil no cenário internacional e destacou a importância do setor de saúde nas políticas de Estado para o desenvolvimento do país. Também citou a importante parceria do MCTI com o Ministério da Saúde e com a Fundação. “A relação direta com estas instituições tem sido de grande valia para alcançarmos os resultados almejados”, disse. Elias acrescentou que o novo Código não deve ser visto apenas como um marco legal ou uma mudança na legislação, mas também como um conjunto de iniciativas que o governo deseja fortalecer em sua agenda daqui para frente. No dia 18, a consultora Lenir Santos apresentou a minuta do projeto de lei de criação da empresa pública federal para Bio-Manguinhos, também no auditório da ENSP/Fiocruz. Ao lado do presidente da Fundação e do vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Paulo Gadelha e Pedro Barbosa, respectivamente, a advogada explicou as características do novo modelo, como a estrutura de governança, as competências da futura organização, a gestão de receitas e investimentos, dentre outros. Lenir deixou claro que a proposta respeitou o caráter público e estatal, a preservação da integralidade em relação à Fiocruz, a gestão democrática, a atuação BioNotícias 51 • ago-set/2012 7 Poucos acreditavam que a minuta do PL sairia com o tempo que nós tínhamos. Mas conseguimos” Simone Borges, Delegada e representante de Bio-Manguinhos na CTA estratégica na área produtiva da saúde em prol do Sistema Único de Saúde, dentre outros. “Fiquei entusiasmada com esse projeto. A Fiocruz aponta para a modernização na administração pública, com uma lógica democrática”. A especialista esclareceu diversas questões e explicou como será o ingresso na empresa pública, um dos pontos que mais suscitam dúvidas. “A contratação será por concurso público no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Será possível a cessão do pessoal estatutário de Bio-Manguinhos e da administração pública federal em geral”, explicou. Segundo ela, o patrimônio será público, com regime de penhora especial que não atinge os bens insubstituíveis. No fim da apresentação, a advogada citou outros aspectos relevantes incluídos na minuta, como a contratação de pessoal temporário e de profissionais especializados por tempo determinado. Quanto à isenção tributária, ela acredita que a empresa pública poderá, por lei, ser dispensada do pagamento de impostos federais e poderá conseguir estender a isenção estadual e municipal devido à sua finalidade. Ainda de acordo com a primeira proposta do PL, está previsto o investimento do superávit na própria empresa e na Fiocruz. 8 BioNotícias 51 • ago-set/2012 Após a apresentação, o momento foi de amplo debate. Pontos como o trâmite da minuta no Congresso Nacional, respeito à integralidade, além da solicitação de notas explicativas sobre os artigos que compõem o PL foram levantados. O presidente Gadelha destacou a atuação da CTA e procurou tranquilizar o público presente. Segundo ele, o trabalho vem sendo feito de forma constante e bem planejada. “A realização dos seminários mostra a nossa preocupação em esclarecer temas que serão objetos de deliberação conjunta”. Apresentação em Bio Bio-Manguinhos, foco do PL, que será pauta da próxima plenária, também expôs a proposta de projeto de lei internamente. A delegada Simone Borges, representante do Instituto na CTA, apresentou os avanços conquistados pelos membros da Câmara e como o trabalho foi conduzido. Ela detalhou a metodologia para a construção da minuta de PL, como os grupos se organizaram e atuaram, e mostrou os avanços conquistados na redação do texto, que contém as salvaguardas acordadas durante o VI Congresso Interno e respeita os aspectos jurídicos e legais. “Poucos acreditavam que a minuta do PL sairia com o tempo que nós tínhamos. Mas conseguimos”, destacou Simone. Após sua finalização, o documento foi discutido pelo CD-Fiocruz e encaminhado às unidades para contribuições. O texto final que será deliberado na 2ª Plenária Extraordinária contou, portanto, com a participação de toda a comunidade da Fundação. Na estrutura democrática em que a Fiocruz se sustenta, abre-se, como de praxe, as portas para o debate. Foram 19 salvaguardas deliberadas pela plenária. Entende-se por salvaguarda todas as “proteções, garantias e condições definidas pelo VI Congresso Interno para a transformação de Bio-Manguinhos em empresa pública federal controlada pela Fiocruz que deverão constar no seu PL e também no seu estatuto social, visando preservar as cláusulas pétreas da Fiocruz e os princípios da Reforma Sanitária”. Das 19 salvaguardas, 12 estão nos artigos da minuta do PL da empresa pública controlada pela Fiocruz. Um caminho viável Rodrigo Pereira Estudo de viabilidade econômica da empresa pública para Bio-Manguinhos é apresentado em seminário da Presidência à comunidade da Fiocruz A convite da Presidência, Bio-Manguinhos apresentou, no último seminário preparatório para a segunda Plenária Extraordinária, o Estudo de Viabilidade Econômica e Financeira da empresa pública federal controlada pela Fiocruz, dia 13 de setembro. Feita pelo diretor da unidade, Artur Couto, em evento aberto na Tenda da Ciência, a apresentação deixou claro que a futura organização terá condições não só de manter o atual compromisso social com a saúde pública, como de ampliar a gama de produtos e serviços oferecidos. A pedido do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN), o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública, Alex Molinaro, compôs a mesa para apresentar o contraditório. Mediado pelo vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Pedro Barbosa, o debate foi enriquecido pelo alto número de inscritos. Mais de 20 pessoas colocaram questões e esclareceram dúvidas acerca do estudo, após as explanações dos convidados, Artur e Molinaro. Antes, porém, o presidente Paulo Gadelha, que participou da abertura, elogiou o encontro, ressaltando a importância de tornar o estudo público (resguardadas as informações sigilosas), principalmente para os delegados do VI Congresso Interno que irão discutir o projeto de lei da empresa pública de 19 a 21 de setembro. Na sua apresentação, o diretor de Bio mostrou números e gráficos relativos ao período 2010-2019, resultantes de um tra- balho desenvolvido desde 2009 com a consultoria da Fundação Getúlio Vargas, e garantiu. “A empresa é viável economicamente nos dois cenários que analisamos: com o pagamento ou não de impostos. E com viés de crescimento”, explicou Artur. Atualizados pela equipe de estudos econômicos de Bio-Manguinhos, os dados passaram a contemplar os anos de 2012 a 2021, considerando o mapa de investimentos; os produtos, atuais e os que serão incorporados à carteira nos próximos anos; impactos na cadeia produtiva; e receita, histórica e projetada. A viabilidade da nova empresa trará benefícios também para o governo federal. “Como Bio-Manguinhos tem uma importância estratégica para o Estado, a tendência é diminuir a dependência de produtos importados à medida que incorporamos novas vacinas, reativos e biofármacos, gerando economia de recursos para o governo”, afirmou Artur. Em seguida, Alex Molinaro apresentou a visão do contraditório e dúvidas acerca do modelo de empresa pública. Antes de passar para a plateia, Pedro Barbosa reafirmou que a decisão de criar a nova organização ocorreu na última plenária, em maio, com aprovação da maioria. O debate aberto ao público, com três rodadas de perguntas e respostas (ao todo 22 pessoas fizeram colocações), confirma que o encontro cumpriu o seu papel: demonstrar para a comunidade da Fiocruz a viabilidade da empresa pública Bio-Manguinhos do ponto de vista econômico. Teremos uma pressão entre 2013 e 2015 em decorrência dos altos investimentos, mas nos dois casos, com o pagamento de impostos ou não, a empresa é viável economicamente” Artur Couto, diretor de Bio-Manguinhos “É preciso deixar claro que a plenária anterior (de maio) superou uma decisão importante: a autorização para a elaboração de um PL para a criação da empresa pública está dada” Pedro Barbosa,, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional BioNotícias 51 • ago-set/2012 9 Tramitação Da Fiocruz ao Congresso Nacional Elisandra Galvão do projeto de lei + A ntes da minuta do projeto de lei (PL), que transforma Bio-Manguinhos em empresa pública federal da Fiocruz, chegar ao Congresso Nacional, muito foi discutido e pensado na Fundação. A elaboração ficou sob a responsabilidade da Câmara Técnica Assessora (CTA) do Conselho Deliberativo (CD) da instituição, que começou a funcionar em junho deste ano e realizou reuniões para conceber o texto da proposta de PL, cuja primeira versão foi enviada ao CD-Fiocruz. Após a redação do documento, a apresentação oficial dos aspectos gerais da minuta para a comunidade da Fiocruz se deu no terceiro seminário promovido pela Presidência da Fiocruz, no dia 18 de julho, com a presença da consultora jurídica Lenir Santos (veja nas páginas 6, 7 e 8). Na semana seguinte, a CTA novamente se reuniu para concluir a versão preliminar do PL e o texto foi novamente para o CD-Fiocruz no final de julho. No Congresso Nacional Com a aprovação dos delegados do Congresso Interno, a previsão é que o PL seja analisado pelo Poder Executivo e Legislativo federal – a ambos cabem a administração pública e a elaboração de leis, respectivamente. Depois de passar pelo primeiro será encaminhado ao Legislativo, que agrega Câmara dos Deputados e Senado. Estas etapas estão previstas para o segundo semestre deste ano e início de 2013. Ainda não é possível precisar o período de conclusão desse processo. Na hipótese da exposição de motivos necessitar de avaliação interministerial, o PL será apreciado inicialmente pelos ministérios da Saúde e do Planejamento e Gestão, depois pela Casa Civil e no Congresso Nacional. Para valer como lei, as proposições são enviadas à sanção da Presidência da República ou podem ser promulgadas pelo Congresso. O presidente poderá vetar o projeto, total ou parcialmente, o que faz com que a matéria volte para o Congresso. O veto é o instrumento através do qual o presidente manifesta sua discordância em relação ao projeto de lei, impedindo, pelo menos num primeiro momento, a sua entrada em vigor. Estas são etapas possíveis, mas tudo depende da forma como o processo será conduzido nestas instâncias. Ao ser aprovado em todas as etapas em Brasília, o PL volta para apreciação da Plenária do Congresso Interno. Se a Fiocruz estiver de acordo, finalmente, o documento se torna lei e fica autorizada a criação da empresa pelo Poder Executivo. Mas o processo não termina aí. É preciso um decreto da presidente da República que aprove o estatuto/contrato social da empresa, que definirá toda sua estrutura de funcionamen- 10 BioNotícias 51 • ago-set/2012 Conselho Deliberativo Fiocruz Câmara Técnica Assessora elaboração de proposta de projeto de lei (PL) em 90 dias (setembro/2012) VO TO retorna para ajustes aprovação da proposta do PL pelo Congresso Interno Sim 2º semestre/2012 Não análise pelo Poder Executivo federal e posterior encaminhamento ao Poder Legislativo 1º semestre/2013 Sim alterações significativas Não aprovação pelo Poder Legislativo: Câmara dos Deputados e Senado to e governança, tais como natureza, finalidade, sede, administração, organização interna e de pessoal, capital e recursos. A elaboração dessa documentação é outra etapa e deverá envolver novamente o CD-Fiocruz e os membros da CTA. O estatuto conterá também as salvaguardas previstas no PL e será remetido à Plenária do Congresso Interno para apreciação e aprovação dos delegados. Outro momento Com a autorização do Congresso e a Fiocruz estando de acordo, algumas proposições do documento serão implantadas de imediato. Outras mudanças serão gradativas. O processo é estimado em quatro anos a partir da aprovação da lei. A finalidade do projeto é transformar Bio-Manguinhos numa empresa pública para que tenha maior autonomia, maior efetividade e alcance social na saúde pública brasileira. Ao se tornar uma empresa pública, o Instituto precisará rever todo o seu funcionamento, o que implica readequar a sua estrutura organizacional, seus processos e controles internos e externos. A cultura organizacional também passará por mudanças, consideradas necessárias. Na prática, o trabalho será grandioso e precisará da colaboração de todos. retorna ao Congresso Nacional para apreciação do veto projeto de lei é enviado ao presidente da República para sanção ou veto parcial/total vetado Não arquivo Sim promulgação (publicar oficialmente e tornar aplicável à lei) ordenamento jurídico Sim mantido o veto projeto retorna ao presidente da República para promulgação e publicação Não BioNotícias 51 • ago-set/2012 11 [ doses ] Assessor de Obama visita a unidade Bio-Manguinhos recebeu no dia 24 de julho a visita de Bruce Alberts, assessor de Ciência e Tecnologia do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Recebido primeiramente no Castelo pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, Alberts também é o autor do renomado livro de biologia celular Molecular Biology of the Cell. Segundo Gadelha, a visita vai contribuir para firmar futuras parcerias entre a Fundação e instituições norte-americanas. Em seguida, Alberts veio a Bio-Manguinhos, onde conheceu o Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos para Diagnóstico (CIPBR), em fase final de construção, o Centro de Processamento Final (CPFI), além do projeto do novo CPFI. “O Brasil tem uma reputação muito boa na área da ciência e se tornou um modelo para muitos países. E a Fiocruz reúne conhecimento em ciência e saúde de uma forma impressionante”, afirmou ele. Eventos 6° Enifarmed A Vice-presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Farmanguinhos e Bio participaram com estande no evento. Na Sessão Temática: Inovação na área de diagnóstico, moderada por Antônio Gomes Pinto (Bio-Manguinhos), falaram Patrícia Alvarez (Gerente do Projeto NAT), Marco Krieger, (IBMP e ICC/Fiocruz-PR) e Marco Collovate (Orange Life/BR) | 28 e 29 de agosto | Centro de Convenções Rebouças - São Paulo (SP) | www.ipd-farma.org.br IV Simpósio Internacional de Vacinas Prof. Calil Farhat Simpósio que reuniu cerca de 150 pediatras para debater os aspectos atuais e relevantes da vacinologia. No segundo dia do evento, o consultor científico de Bio, Reinaldo Martins, ministrou a palestra A experiência brasileira com o uso da vacina febre amarela. I 30 de agosto a 1º de setembro I São Paulo (SP) Vaccinology Meeting 2012 O presidente do Conselho Político e Estratégico de Bio, Akira Homma, no dia 4/9, ministrou a palestra Parcerias público-privadas: a experiência de Bio-Manguinhos. | 3 a 6 de setembro | Hotel Windsor Barra – Rio de Janeiro (RJ) Semana Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Sipat) Promovida anualmente, a Sipat apresenta palestras e atividades voltadas para a segurança no ambiente de trabalho. | 11 a 13 de setembro | campus Fiocruz 48º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Medtrop) Com o tema Doenças Tropicais Negligenciadas, o encontro reunirá palestrantes de mais de 35 países. Bio-Manguinhos participará do evento no estande da Fiocruz. | 23 a 27 de setembro | Hotel Royal Tulip – Rio de Janeiro (RJ) | http://ictmm2012.ioc.fiocruz.br 12 Bio está no Facebook O Facebook possui mais de 900 milhões de usuários em todo o mundo, sendo 50 milhões no Brasil. Os números alcançados pela página de BioManguinhos, recémlançada, dão a dimensão do poder de alcance da rede social. Em menos de dois meses, houve quase dez mil visualizações, com cliques que vieram de países dos cinco continentes; mais de 220 pessoas já curtiram a página, cujas guias mais visualizadas foram a linha do tempo (1.069) e os álbuns de fotos (439). Com a sua colaboração, esses números vão crescer ainda mais. Essa história está apenas começando. Visite a página: www.facebok.com/BioFiocruz 10º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrasco) VI Congresso Interno é adiado para setembro O tema do encontro é Saúde é Desenvolvimento: Ciência para a Cidadania, o evento irá propiciar a interação entre os participantes no debate sobre as perspectivas da saúde coletiva no país. | 14 a 18 de novembro | Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre | www.saudecoletiva2012.com.br A 2ª Plenária Extraordinária tem nova data: 19 a 21 de setembro, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz). As atividades podem se estender até o dia 22. BioNotícias 51 • ago-set/2012