XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL LEVANTAMENTOS DE PORTUNÍDEOS (Decapoda, Brachyura) NO SAQUINHO DE ITAPIRAPUÃ, ANGRA DOS REIS, RJ. Cinthia Caroline Silva, Azenaide C. C. Silva, Caio Henrique S. Santos, Edivaldo Inácio Oliveira Jr,, Emmanuel Brollo Jr., Fernanda N. Sabino, Juliana M. Costa, Kelly A. Reis, Laura Cristina A. Moura, Luciane Aparecida G. B. Souza, Patrícia D. Machado, Shayene Cristine O. Santos, Carlos Alberto S. Souza. Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Campus Barra Mansa, Barra Mansa, RJ. [email protected]. INTRODUÇÃO Em geral, manguezais e estuários representam importantes ecossistemas para manutenção da diversidade de portunídeos, sendo a salinidade, a profundidade e o tipo de substrato fatores que influenciam na distribuição espacial de indivíduos e espécies. Nos últimos anos, apesar da publicação de diversos estudos com espécies de caranguejos para a Baía de Ilha Grande e áreas vizinhas (Oshiro et al., 1998, Oshiro, 1999, Catiglione et al., 2006, Castiglione e Negreiros-Fransozo, 2006, Lima e Oshiro, 2006, Benetti, 2007, Lavradas, 2012), poucos esforços têm sido empregados para conhecer a diversidade e/ou a dinâmica das populações de Portunidae (siris), o que torna a conservação do táxon preocupante, até por que boa parte das áreas de vida no complexo de baías da Baía de Ilha Grande encontram-se sobre pressão antrópica constante. OBJETIVO Levantar as espécies de siris da Praia do Saquinho de Itapirapuã na Enseada do Pontal (Angra dos Reis-RJ), como forma de estabelecer em caráter preliminar um check list dos espécimes amostrados. MATERIAL E MÉTODOS O Saquinho do Itapirapuã faz parte da Enseada do Pontal (Baía de Ilha Grande, Angra dos Reis-RJ) possuindo praias com águas calmas e pequenos bosques de manguezal circundados por condomínios ou outras propriedades suntuosas. Incursões a campo foram realizadas em fevereiro de 2014 e de 2015 compondo um esforço efetivo 8h. Os espécimes foram coletados em período noturno (18h às 22h00) com uso de puçás iscados. Os puçás foram lançados próximos as formações rochosas e da faixa praial em duas faixas de profundidade (0,5 e 1,2m), equidistantes a 25m um do outro, sendo monitorados em intervalo de 15 minutos aproximadamente. Os espécimes coletados foram acondicionados, registrados (quanto à maturidade e o sexo), congelados e encaminhados ao laboratório para a identificação (Melo, 1996). Frequências relativas foram calculadas para todas as espécies e morfo-espécies amostradas a partir de classes de dominância das morfoespécies segundo Palissa et al. (1979). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados 24 espécimes portunídeos pertencentes a 3 gêneros e 5 espécies, juntamente com 3 morfoespécies. 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL A intensidade de coleta foi de 8,0 ind./gêneros, enquanto a relação da abundância de indivíduos por esforço registrada foi 3,0 ind./hora. Callinectes foi o gênero mais representativo em termos de riqueza de espécies (C. danae, C. sapidus e C. bocourti) e abundância de indivíduos (n = 21 ind., 87,5%), sendo as espécies C. danae e C. sapidus consideradas eudominantes no estudo, enquanto Portunus spinimanus foi dominante, Charybdis hellerii e Callinectes bocourti foram subdominantes. Entre os espécimes amostrados, um total de 75,0% foram machos, 20,8% foram fêmeas e em 4,1% não foi possível identificar o sexo do indivíduo, ao passo que 62,5% dos espécimes amostrados foram coletados a 0,5m e 37,5% foram coletados a 1,2m de profundidade. Melo (2008) estudando a diversidade de braquiúros na Baía de Ilha Grande registrou a presença de oito espécies de portunídeos. Até o momento, este ainda é o mais completo estudo sobre a composição de famílias e diversidade de espécies de braquiúros para a Baía de Ilha Grande, principalmente para o município de Angra dos Reis. Apenas 3 espécies coletadas do total amostrado por este estudo constam na listagem de Melo (2008). Assim, o estudo realizado ampliou o número de espécies de portunídeos distribuídos na Baía de Ilha Grande. CONCLUSÃO Apesar do curto tempo de amostragem, os resultados obtidos foram considerados relevantes, já que algumas espécies de portunídeos encontrados, antes deste estudo, não foram descritas em termos de distribuição para o município de Angra dos Reis. Por outro lado, sugere-se que sejam ampliados os esforços para melhor entendimento diversidade e/ou a dinâmica das populações em áreas ainda não amostradas na Baía da Ilha Grande a fim de estabelecer comparações mais refinadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Benetti, A.S. 2007. Biologia reprodutiva em espécies do gênero Uca (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae) em manguezais tropicais. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Botucatu (SP), 157p. Castiglioni, D.S.; Negreiros-Fransozo, M.L. 2006. Ciclo reprodutivo do caranguejo violinista Uca rapax (Smith) (Crustácea, Brachyura, Ocypodidae) habitante de um estuário degradado em Paraty, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(2):331-339. Castiglioni, D.S.; Negreiros-Fransozo, M.L.; Mortari, R.C. 2006. Biologia populacional do caranguejo violinista Uca rapax (Smith 1870) (Crustacea, Ocypodidae), proveniente de uma área de manguezal degradado em Paraty, RJ, Brasil. Rio Grande, Atlântica, 28(2):73-86. Lavradas, R.T. 2012. Determinação de metais (Cu, Fe, Zn, Pb, Cd e Ni) em tecidos de organismos marinhos da Baía de Ilha Grande, RJ, Brasil. Dissertação de Mestrado. Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC). Rio de Janeiro (RJ). 142p. Lima, G.V.; Oshiro, L.M.Y. 2006. Maturidade sexual do caranguejo Armases rubripes (Rathbun) (Crustácea, Brachyura, Sesarmidae) na Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23(4):10781086. Melo, G.A.S. 1996. Manual de identificação dos Brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo: Editora Plêiade/FAPESP. Melo, G.A.S. 2008. The Brachyura (Decapoda) of Ilha Grande Bay, Rio de Janeiro, Brazil. Nauplius, 16(1):1-22. Oshiro, L.M.Y. 1999. Aspectos reprodutivos do caranguejo guaia, Menippe nodifrons stimpson (Crustácea, Decapoda, Xanthidae) da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil. Revta Bras Zool. 16(3):827-834. 2 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL Oshiro, L.M.Y.; Silva, R.; Silva, Z.S. 1998. Composição da fauna de braquiúros (Crustacea, Decapoda) dos manguezais da Baía de Sepetiba-RJ. Rio Grande, Nauplius, 6:31-40. Palissa, A.E.; Wiedenroth, M.; Klimt, K. 1979. Anleitung zum ökologischen Geländepraktikum. Potsdam: Wissenschaftliches Zentrum der Pädagogischen Hochschule Potsdam. 186p. 3