XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO Desenvolvimento de uma plataforma oscilatória e simulação do movimento respiratório para aplicação em radioterapia Léo Fogaça Santos1, Sérgio O. B. Silva1 e Juliana F. Pavoni1 1 Departamento de Física, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil. Resumo: Este trabalho tem como objetivo construir uma plataforma oscilatória capaz de reproduzir o movimento provocado pela respiração na região do tórax. A plataforma foi construída de material acrílico, é suportada por hastes metálicas que possibilitam seu movimento e com um sistema de amortecimento para máxima estabilidade e homogeneidade na oscilação gerada por um motor DC com redução. O número de oscilações por minuto da plataforma em função da voltagem aplicada ao motor apresentou uma relação linear e foi possível reproduzir a faixa de oscilações do ciclo respiratório, ou seja, um intervalo de 12 a 18 oscilações por minuto. Palavras-chave: radioterapia, câncer de mama, movimento respiratório, plataforma oscilatória Abstract: This paper aims to build an oscillatory platform which is able to reproduce the movement induced by respiration in the thoracic region. The device was built using acrylic material, and it’s supported by metallic rods which enables its movement, it also has a damping system to maximize the stability and homogeneity on the oscillation generated by a DC motor with reduction. The number of oscillations per minute of the platform as a function of the voltage applied to the motor, resulted in a linear relation and it was possible to reproduce the oscillation range of the respiratory cycle, in other words, between 12 to 18 oscillations per minute. Keywords: radiotherapy, breast cancer, respiratory movement, oscillatory platform Introdução: Pacientes com câncer de mama em estadiamento inicial são geralmente tratados com uma combinação cirúrgica conservadora e radioterapia pós-operatória. A radioterapia é feita pela irradiação da mama toda e é essencial que a distribuição de dose entregue seja homogênea, pois as regiões que recebem dose acima do prescrito podem sofrer com efeitos colaterais. [1] No entanto, um questionamento muito pertinente sobre esses tratamentos é o efeito da movimentação respiratória, principalmente em técnicas de radioterapia de intensidade modulada (IMRT). No IMRT um alto grau de conformidade da distribuição de dose no volume alvo é alcançado, poupando os órgãos de risco ao redor[2], ele se baseia no uso de intensidades de feixes otimizados e não uniformes incidentes no paciente para uma grande modulação da intensidade do feixe de acordo com o volume irradiado, sendo assim mais susceptível a desvios na distribuição de dose entregue na presença do movimento respiratório [3]. Estudos anatômicos e fisiológicos [4] demonstram que, em média, a taxa respiratória para um adulto em repouso está entre 12 a 18 respirações por minuto e o movimento em órgãos induzido pela respiração pode introduzir erros significativos em vários passos no planejamento de tratamento por radiação e no tratamento em si [5]. Esses erros são difíceis de serem previstos e quantificados devido a não-sincronia entre os feixes de radiação e os movimentos dos tecidos alvos. Estudos comprovam que [6] a heterogeneidade da dose pode aumentar conforme o movimento causado pela respiração. As doses entregues aos órgãos de risco também podem aumentar com o movimento. E devido à ação recíproca entre movimento respiratório e o movimento do colimador acredita-se que durante o tratamento de IMRT, a distribuição de dose planejada e dose esperada podem diferir em função do movimento do tórax provocado pela respiração. Neste estudo pretende-se construir uma plataforma oscilatória que será utilizada para simular a respiração da paciente para futuramente se investigar o efeito do movimento respiratório na distribuição tridimensional de dose para os tratamentos com técnicas conformacional, field-in-field, e principalmente nos tratamentos de IMRT através de uma técnica de dosimetria tridimensional com géis poliméricos. Esta plataforma deve possibilitar a realização de movimentos oscilatórios de amplitude pré-determinada simulando a movimentação respiratória que, como já foi dito, varia de 10 a 20mm com uma frequência de 12 a 18 oscilações por minuto. XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA 17 A 20 DE AGOSTO DE 2014 GOIÂNIA – GO Método: Foi construída uma plataforma móvel de material acrílico, suportada por hastes metálicas que possibilitam seu movimento e com um sistema de amortecimento para máxima estabilidade e homogeneidade na oscilação, gerada por um motor DC 12V com redução. O motor está acoplado a um disco metálico sob a plataforma, no qual orifícios em posições pré-determinadas foram feitos para possibilitar amplitudes de oscilação diferentes, variando de 0,5 a 3 cm. A plataforma teve seu movimento caracterizado por um estudo do número de oscilação por minuto para diferentes valores de voltagem aplicada ao motor do equipamento. Para isso, o motor DC foi ligado a uma fonte de tensão Instrutherm FA-3003 30V e um voltímetro foi usado para fornecer os valores exatos de voltagem aplicados, para cada tensão aplicada foi avaliada o número de oscilações por minuto realizadas pelo motor. Todas as medidas foram feitas usando o orifício que possibilita oscilações de 0,5 cm e com um phantoma, semelhante ao que será usado nas medidas dosimétricas, sobre a plataforma, de forma a contabilizar seu peso durante a resposta do dispositivo. Resultados: Os resultados da caracterização do número de oscilações por minuto da plataforma em função da voltagem aplicada ao motor são apresentados na figura 1, na qual pode-se observar que uma relação linear entre esses parâmetros foi obtida. Para o objetivo ao qual a plataforma está sendo desenvolvida, é necessário que ela reproduza a faixa de oscilações do ciclo respiratório, ou seja, um intervalo de 12 a 18 oscilações por minuto, o que foi perfeitamente possível com a plataforma desenvolvida. Discussão e Conclusões: A plataforma desenvolvida é capaz de Figura 1 – Curva de Calibração reproduzir os movimentos respiratórios esperados, possibilitando assim a aplicação da mesma no estudo dos efeitos causados pela respiração em tratamentos radioterapêuticos citados nesse trabalho. Agradecimentos: Ao professor Antonio Adilton O. Carneiro pelas discussões iniciais sobre o arranjo idealizado. Referências: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Yarnold J, Bentzen SM, Coles C et al. 2011. Hypofractionated whole breast radiotherapy for women with early breast cancer: myths and realities. Int J Radiat Oncol Biol Phys (79):1–9. Boyer, AL; Butler, EB; DiPetrillo, TA; et al. “Intensity-modulated radiotherapy: Current status and issues of interest” INTERNATIONAL JOURNAL OF RADIATION ONCOLOGY BIOLOGY PHYSICS Volume 51 Issue 4 Pages: 880-914 Published: NOV 15 2001. Menon G, Pudney D, Smith W. 2011. Dosimetric evaluation of breast radiotherapy in a dynamic phantom. Phys Med Biol 56(23):7405-18. G J Tortora & N P Anagnostakos, “Principles of Anatomy and Physiology”, 6th edition, New York: Harper-Collins, 1990, ISBN 0-06-046669-3, p. 707. P. Pemler, J. Besserer, N. Lombriser, R. Pescia, and U. Schneider, ‘‘Influence of respiration-induced organ motion on dose distributions in treatments using enhanced dynamic wedges’’ Med. Phys. 28, 2234 –2240 (2001). George, R; Keall, PJ; Kini, VR; et al. “Quantifying the effect of intrafraction motion during breast IMRT planning and dose delivery” Med. Phys. 30, 552-562 (2003).