O “Passo-a-Passo” do Design de Ilustrações que Representam o Movimento do Modo Passo-a-Passo: O Caso do Swing de Golfe A Step-by-Step Design of Procedural Illustrations that Rrepresent Action-Related Movement in a Stepped Manner: The Golf Swing Case Serraglio, Rodrigo; Graduando; Universidade Federal do Paraná [email protected] Souza, José de; PhD; The University of Reading (UK) [email protected] Resumo Este texto adotará uma narrativa metalingüística das decisões tomadas durante o design de ilustrações que representam de modo passo-a-passo as dimensões do movimento em operações dinâmicas. Foi escolhida a operação do swing de golfe, ou seja, o balanço do corpo para o arremesso da bola com o taco, que é suficientemente complexa para permitir a representação de vários aspectos de seu movimento, e, portanto, pode ser usado em futuros artigos que discutem a eficácia de instruções estáticas e animadas. Palavras Chave: instruções; ilustrações; aprendizagem procedimental. Abstract This article is a metalinguistic narrative of the design process of procedural illustrations. In other words, it is a stepped description of decisions made during the design of illustrations of action-related movements, which in its turn will be used to depict the same movement in a step-by-step manner. The golf swing movement was chosen because is complex enough to allow the representation of various aspects of movement and, therefore, can be used in future articles about the effectiveness of static and animated instructions. Keywords: instructions; illustration; procedural learning. O “passo-a-passo” do design de um conjunto de ilustrações que representam o movimento de modo passo-apasso: O caso do golfe swing Introdução Apesar do grande número de manuais que utilizam recursos gráficos para ilustrar operações altamente dinâmicas, há pouca pesquisa empírica que comprove a eficácia comunicacional destas imagens. Este trabalho é um relato parcial de uma pesquisa sobre a eficácia das representações gráficas de informação operacional, ou seja, ilustrações e animações que demonstram como as pessoas devem agir para realizar certas tarefas. Este artigo se restringirá à descrição do passo-a-passo do desenvolvimento de ilustrações instrucionais para uma ação dinâmica, buscando demonstrar quais são as considerações e decisões envolvidas neste particular processo de design. 1º Passo - Definindo o Problema e Conteúdo do Design da Ilustração As ilustrações serão usadas em artigos científicos sobre o assunto e atividades didáticas desenvolvidas na graduação e pós-graduação do Departamento de Design da UFPR. Em termos práticos, as imagens devem permitir impressão em preto e branco, e garantir visibilidade em tamanhos reduzidos. A bibliografia básica para se definir o conteúdo a ser ilustrado se baseia no levantamento bibliográfico desenvolvido por Souza (2008) em seu trabalho “An illustrated review of how motion is represented in static instructional graphics”. 2° Passo - Criação de Série de Imagens de um Mesmo Tema de Instrução: Swing de Golfe Para tornar o trabalho mais consistente e potencialmente mais didático, optou-se por um tema único para o conjunto de ilustrações: o swing de golfe, que consiste no balanço do corpo para que o jogador realize a tacada da bola. Apesar de rápido (1.8 a 3.2 segundos), sua execução exige que um conjunto de ações seja realizado harmonicamente para que o movimento aconteça com sucesso, proporcionando a complexidade adequada para o estudo a ser conduzido. Além disso, há uma grande tradição no desenvolvimento de instruções pictóricas relacionadas ao swing de golfe, as quais foram usadas como referência para este trabalho. Segundo Souza (2008), os instantes do movimento devem conter todas as informações necessárias para que a instrução seja compreendida, porém sem tornar a representação confusa e ambígua. De acordo com literatura especializada, o swing de golfe tem a seguintes etapas: backswing, downswing forward e downswing follow thorugh. Backswing: o taco é levado atrás da nuca de forma a ficar perpendicular à cabeça, havendo uma leve rotação do quadril e flexão dos joelhos, para tornar a posição mais confortável. Downswing forward: os ombros, quadril, braços e munheca são conjuntamente rotacionados em direção ao alvo para potencializar ao máximo a força do movimento e a perna esquerda se flexiona para dar mais sustentação ao movimento. Downswing follow through: o movimento dos braços continua circular levando o taco em direção às costas e a perna direita é flexionada, formando um grande arco com o corpo. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design O “passo-a-passo” do design de um conjunto de ilustrações que representam o movimento de modo passo-apasso: O caso do swing de golfe 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 Figura 1: backswing; downswing forward e downswing follow-through respectivamente. (1.1; 1.4; 1.7: Alliss, 1989; 1.2; 1.5; 1.8: Holmes, 2005; 1.3; 1.6; 1.9: Cochran & Stobbs, 1976) Nas instruções acima (figura 1) são utilizados de 4 a 6 instantes na representação do backswing, de 3 a 6 no downswing forward e de 3 a 6 no follow through, totalizando de 9 a 18 imagens. Neste trabalho foi reduzido este número, mantendo a quantidade de informações relevantes para o correto entendimento da instrução. A ilustração desenvolvida (figura 4) apresenta o swing de golfe dividido em sete imagens, das quais 3 formam o backswing, 3 o downswing forward (2 em comum com as outras etapas), e 3 o follow through. backswing downswing foward downswing follow through Figura 2: ilustração desenvolvida do swing de golfe contendo 7 momentos classificados em 3 etapas básicas. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design O “passo-a-passo” do design de um conjunto de ilustrações que representam o movimento de modo passo-apasso: O caso do golfe swing 3º. Passo - A Análise da Escolha do Modo de Representação do Agente da Ação: Pictórico ou Esquemático? Durante o levantamento sobre as representações gráficas utilizadas na literatura técnica sobre golfe foi verificado que há uma grande variedade nos modos de representação do agente da ação, o qual varia do extremamente pictórico (fotografias e ilustrações realistas) ao esquemático (ilustrações tipo “homem-palito”). No modo pictórico (Figura 5.1, 5.2 e 5.3) preserva-se um alto nível de detalhes de modo a garantir verossimilhança, que, em nosso caso, pode levar a um excesso de informação visual, podendo prejudicar a visibilidade dos elementos que formam a imagem. Por outro lado, no modo de representação tendendo ao esquemático (Figura 5.4 e 5.5), detalhes são representados de modo simplificado e é dada prioridade as informações visuais mais relevantes e distintas, tornando-as mais fáceis de serem percebidas. No presente estudo foi adotado um modo de representação intermediário entre o pictórico e o esquemático. 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 Figura 3: modos de representação da imagem; (3.1: Ballingall, 1995; 3.2 Aultman, 1971; 3.3: Alliss, 1989; 3.4: Holmes, 2005; 3.5: Cochran & Stobbs, 1976) Durante o processo de design das ilustrações, o estudo das representações esquemáticas foi inspirado no sistema de representação gráfico “ISOTYPE - International System of Typographic Picture Education”, que, semelhante ao que estaremos propondo, é um estilo de ilustração dos mais simplificados e que deverá permitir a visibilidade dos subcomponentes gráficos, mesmo quando reduzidos. 4º. Passo - O Design dos Componentes Gráficos do Agente da Ação Apesar de tender à simplificação gráfica, mantiveram-se algumas informações visuais para facilitar a identificação de pontos cruciais na posição do agente da ação em cada momento: Face: o boné, juntamente com o nariz, informa a direção do olhar do personagem; Figura 4: posição da face entre os momentos Ombros: a divisão da manga da camiseta permite saber a posição da parte superior do corpo e facilita no reconhecimento do lado direito e esquerdo do agente da ação; 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design O “passo-a-passo” do design de um conjunto de ilustrações que representam o movimento de modo passo-apasso: O caso do swing de golfe Figura 5: posição do tronco entre os momentos Mãos: o polegar e a silhueta da mão dão pistas suficientes para entender a posição correta de manuseio do taco, que se modifica em cada momento; Figura 6: posição da mão entre os momentos Cintura: o cinto e a fivela auxiliam na visualização do centro do corpo; Figura 7: posição da cintura entre os momentos Pernas: as dobras da calça são pontos de tensão que indicam a flexão das pernas e para que lado estão posicionadas; Figura 8: posição das pernas entre os momentos Pés: os sapatos, que foram baseados nos calçados especializados do esporte, informam a maneira de como os pés devem ficar em contato com o chão; Figura 9: posição dos pés entre os momentos Conclusão Este artigo é parte de um trabalho maior que está sendo desenvolvido pelos autores sobre representação instrucional de informações operacionais, cuja próxima etapa consiste em verificar a legibilidade das ilustrações de forma a ser compatível com formato de artigo científico e analisar sua aplicação na representação de sete dimensões do movimento (direção, deslocamento, trajetória, tempo, força, velocidade e aceleração). Também está prevista a produção de um banco de imagens que será usado como recurso didático no ensino de instruções visuais, inclusive design de animações instrucionais. Além disso, acredita-se que a abordagem passo-a-passo apresentada neste artigo poderá ser usada no design de instruções que envolvam operações tão complexas quanto o golfe, sejam elas esportivas (futebol, capoeira, etc.) ou rotineiras (montagem de equipamento, origami, etc.). Referências Diagram Visual Information Ltd. Futebol: regras e táticas. Rio de Janeiro: Editoral Tecnoprint Ltda., 1979. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design O “passo-a-passo” do design de um conjunto de ilustrações que representam o movimento de modo passo-apasso: O caso do golfe swing GERD Arntz web archive. Amsterdam, 2008. Disponível em: <http://gerdarntz.org/ >. Acesso em: 2 abril 2010. HOLMES, Nigel. Pictograms: a view from the drawing board or, what I have learned from Otto Neurath and Gerd Arntz (and jazz). 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