Universidade de Aveiro Departamento de Geociências 2007 Rui Manuel do Amaral Branco de Oliveira Quartau A plataforma submarina do Faial: Evolução morfológica e sedimentar The insular shelf of Faial: Morphological and sedimentary evolution Universidade de Aveiro Departamento de Geociências 2007 Rui Manuel do Amaral Branco de Oliveira Quartau A plataforma submarina do Faial: Evolução morfológica e sedimentar The insular shelf of Faial: Morphological and sedimentary evolution tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Geociências, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Luís Menezes, Professor Associado do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, com coorientação científica do Dr. José Hipólito Monteiro, Investigador Coordenador aposentado do Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação, I.P. O trabalho desenvolvido no decorrer desta tese foi suportado pelos projectos INGMAR (PLE/4/98), com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Bolsa de Doutoramento da FCT SFRH/BD/11746/2003. This work was supported by the INGMAR (PLE/4/98) project, financed by the Portuguese Foundation for Science and Technology (FCT) and by the FCT fellowship SFRH/BD/11746/2003. o júri presidente Professora Doutora Celeste de Oliveira Alves Coelho Professora Catedrática do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro Professor Doutor Luís Filipe Fuentefria de Menezes Pinheiro Professor Associado do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro Dr. José Hipólito Monteiro Investigador Coordenador aposentado do Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação Professor Doutor Óscar Manuel Fernandes Cerveira Ferreira Professor Associado da Faculdade de Ciências do Mar e Ambiente da Universidade do Algarve Professor Doutor Rui Pires de Matos Taborda Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Professor Doutor Fernando Joaquim Fernandes Tavares Rocha Professor Catedrático do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro Professora Doutora Cristina Maria de Almeida Bernardes Professora Associada do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro agradecimentos Esta tese de Doutoramento não teria sido possível sem a colaboração de muitas pessoas e instituições às quais gostaria de exprimir os meus agradecimentos: Ao Professor Luís Menezes Pinheiro por ter aceite orientar esta tese e pelo seu espírito crítico que contribuíram significativamente para a qualidade deste trabalho. Ao Dr. Hipólito Monteiro por me ter incentivado e acreditado em mim e me ter ensinado coisas como “Difficulties are things to overcome” ou “Now, here, you see, it takes all the running you can do, to keep you in the same place. If you want to get somewhere else, you must run at least twice as fast as that!". Ao Departamento de Geologia Marinha do Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação, I.P. (DGM-INETI), anterior Instituto Geológico e Mineiro onde desenvolvi a maior parte deste trabalho. Aqui cresci cientificamente e aprendi a trabalhar em equipa, mas também usufruí do excelente ambiente de companheirismo. Um grande agradecimento ao Professor Pedro Gancedo Terrinha que me trouxe para este ambiente ímpar. Ao Dr. Hipólito Monteiro, à Dra. Fátima Abrantes e ao Professor Luís Menezes Pinheiro, directores do departamento durante este período e ao seu trabalho incansável na realização do projecto INGMAR, sem o qual não teria sido possível realizar este trabalho. À Margarida Henriques por todo o apoio administrativo que me deu. Um agradecimento especial aos meus colegas do DGM-INETI: Francisco Curado Teixeira pela amizade e realização das campanhas geofísicas, Henrique Duarte e Cristina Roque pela amizade, apoio e valiosas discussões científicas, Pedro Brito, Tiago Cunha, Serguei Bouriak, Carlos Pinto, Célia Pata e Joana Gafeira, pela ajuda nos trabalhos de campo, Susana Muiños, pela ajuda nos trabalhos de laboratório. À Secretaria Regional do Ambiente dos Açores que financiou o projecto GEMAS – Avaliação, Gestão e Monitorização de Areias Submersas do Faial, Pico e São Miguel, cujos dados permitiram a realização deste trabalho. Um especial agradecimento ao Dr. Neil Mitchell da Universidade de Manchester pelas importantes discussões científicas que aumentaram consideravelmente a qualidade deste trabalho. agradecimentos Ao Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores pela amável disponibilidade com que sempre me receberam e ao seu director Dr. Ricardo Serrão Santos. Um especial agradecimento ao apoio incansável do Frederico Cardigos. Agradeço também ao Fernando Tempera que embarcou comigo nesta aventura de decifrar os mistérios da parte submarina do Faial. Agradeço também ao Dr. Igor Bashmachnikov pelas discussões sobre a Oceanografia dos Açores e ao Rogério Ferraz e Ana Meirinho pelo apoio prestado. Um agradecimento às equipas da Lancha Águas Vivas e Navio Arquipélago que tornaram sempre agradáveis e divertidas as campanhas no mar. Agradeço também à Professora Isabel Âmbar, Professor Joaquim Henrique Dias e Professor José Teixeira da Silva do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa tudo aquilo que me ensinaram sobre Oceanografia. Um especial agradecimento ao Professor Joaquim Henrique Dias que teve sempre uma paciência enorme para me explicar os fundamentos matemáticos da Oceanografia. Agradeço ao José Sampaio do Departamento de Hidrogeologia do INETI, as discussões sobre a hidrogeologia das ilhas dos Açores. Agradeço ao Sérgio Diogo Caetano da Arena (Agência Regional da Energia da Região Autónoma dos Açores) o apoio dado na aquisição de dados e bibliografia. Agradeço ao Dr. Sérgio Ávila do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores as discussões sobre as variações do nível do mar. Agradeço à Dra. Maria Emília Novo do Núcleo de Águas Subterrâneas do Departamento de Hidráulica e Ambiente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil as discussões sobre a hidrogeologia das ilhas dos Açores e o empréstimo de bibliografia. Agradeço à Professora Zilda França, Investigador José Manuel Rodrigues Pacheco, Professor João Carlos Nunes do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, pela disponibilização das suas teses de Doutoramento. Um especial agradecimento a todos meus amigos que me apoiaram nas horas difíceis. E por fim, mas não os menos importantes agradeço aos meus pais e à Joaninha o grande apoio que me deram. palavras-chave Ilhas vulcânicas, plataforma insular do Faial, evolução da plataforma, dinâmica sedimentar actual, avaliação de inertes. resumo Este trabalho pretende compreender a origem e evolução das plataformas insulares de ilhas vulcânicas, particularmente a ilha do Faial, assim como a sua dinâmica sedimentar actual. Dados batimétricos e perfis sísmicos de alta resolução (Boomer e Chirp) foram usados para caracterizar geologicamente a plataforma insular do Faial. A amostragem de sedimentos na plataforma foi utilizada para descrever a distribuição granulométrica dos sedimentos e também para a criação de um modelo da sedimentação actual na plataforma insular do Faial. A caracterização geológica, assim como a variação granulométrica dos sedimentos na plataforma contribuíram para entender quais os processos responsáveis pela geomorfologia da plataforma actual. Verificou-se que a plataforma actual resulta essencialmente da interacção entre a erosão provocada pela ondulação e a progradação vulcânica da parte subaérea. A plataforma é composta normalmente por blocos de dimensão métrica, entre a linha de costa e os 30 a 50 metros de profundidade. Estes depósitos resultam da erosão de escoadas lávicas, que nalguns casos se encontram bem preservadas, podendo ser discriminadas dos blocos através dos perfis sísmicos Chirp. Junto à costa estes depósitos grosseiros podem resultar também da erosão de arribas. Mais afastados da costa encontram-se os depósitos de areia e cascalho, que foram cartografados até ao bordo da plataforma. Foi encontrada uma relação linear entre a largura da plataforma e a idade do respectivo sector subaéreo, assim como uma relação entre a eficiência erosiva da ondulação e largura da plataforma. As fontes sedimentares dos depósitos de areia e cascalho provêm essencialmente da erosão das arribas costeiras e da erosão das bacias hidrográficas. Os mecanismos de transporte e deposição na plataforma foram também âmbito de estudo e parecem estar relacionados com correntes de retorno em direcção ao largo que se formam durante as tempestades. Formulações matemáticas simples de transporte de sedimentos foram utilizadas para definir a partir de que profundidade o transporte perpendicular à linha de costa se torna insignificante. O transporte longilitoral foi calculado para os sectores da plataforma com sedimentos finos junto à costa. Estes cálculos foram usados para definir zonas de protecção da linha de costa, de modo a impedir que a extracção de inertes nestas zonas possa pô-la em risco. As propriedades das areias e cascalhos foram avaliadas para a sua utilização como inertes. Estes sedimentos têm uma percentagem insignificante de finos (em média menos de 1% de silte a argila). De acordo com a sua distribuição granulométrica a utilização ideal é na confecção de cimento. Acknowledgements This PhD thesis would not have been possible without the help and support of many people and institutions to whom I would like to express my gratefulness. I am grateful to Professor Luís Menezes Pinheiro for accepting me as a PhD student and for his critical reviews that greatly improved this thesis. I am also grateful to Dr. Hipólito Monteiro for his encouragement, personal belief and for teaching me attitudes such as “Difficulties are things to overcome” or “Now, here, you see, it takes all the running you can do, to keep you in the same place. If you want to get somewhere else, you must run at least twice as fast as that!". I am also indebted to the Marine Geology Department of the National Institute of Engineering, Technology and Innovation, I.P. (DGM-INETI), former Geological and Mining Institute. Here, I’ve learnt how to do science and team work, but I’ve also profited from a healthy work environment. A special acknowledgment to Professor Pedro Gancedo Terrinha who introduce me to this unique environment. To Dr. Hipólito Monteiro, Dra. Fátima Abrantes and Professor Luís Menezes Pinheiro, who have been Heads of the department during this period and to their unfatigable dedication to the project INGMAR, without which it would not be possible to accomplish this work. To Margarida Henriques for the administrative support. A special acknowledgment to my DGM-INETI colleagues: Francisco Curado Teixeira for his friendship and for the technical supervision of the geophysical surveys, Henrique Duarte e Cristina Roque for their friendship, support and constructive scientific discussions, Pedro Brito, Tiago Cunha, Serguei Bouriak, Carlos Pinto, Célia Pata e Joana Gafeira, for their help in the field work, Susana Muiños, for her help in the laboratory work. To Secretaria Regional do Ambiente who financially supported the GEMAS project – Evaluation, management and monitoring of the submarine sands of Faial, Pico and São Miguel Islands, whose data allowed the accomplishment of this work. A special acknowledgment to Dr. Neil Mitchell of the Manchester University for the invaluable scientific discussions that greatly improved the quality of this work. Acknowledgements To the Department of Oceanography and Fisheries of the Azores University for its friendly welcome and to his Head, Dr. Ricardo Serrão Santos. A special acknowledgment to the unfatigable support of Frederico Cardigos. I am also thankful to Fernando Tempera who has initiated with me this adventure of finding the secrets of the depths of the Faial Island. Thanks also to Dr. Igor Bashmachnikov for the discussions over the Azores Oceanography and to Rogério Ferraz and Ana Meirinho for their support. Thanks to the crews of the R/L Águas Vivas and R/V Arquipélago who turn the sea surveys always pleasant and funny. I am grateful to Professor Isabel Âmbar, Professor Joaquim Henrique Dias and Professor José Teixeira da Silva of the Oceanography Centre of the Science Faculty of the Lisbon University for everything that they taught me about Oceanography. A special acknowledgment to Professor Joaquim Henrique Dias that was unfatigable explaining me the mathematical fundaments of Oceanography. I am grateful to José Sampaio from the Hydrogeology Department of INETI, for the discussions about the Azores hydrogeology. I am grateful to Sérgio Diogo Caetano from the Arena (Regional Agency of Energy of the Azores Autonomous Region) for the support given in the acquisition of data and references. I am grateful to Dr. Sérgio Ávila from the Biology Department of the Azores University for the discussions about sea-level oscillations. I am grateful to Dra. Maria Emília Novo from the Groundwater Nucleus of the Hydraulic Department of the National Laboratory of Civil Engineering for the discussions about the Azores hydrogeology and for the references that she lent me. To Professor Zilda França, Researcher José Manuel Pacheco, Professor João Carlos Nunes from the Geosciences Department of the Azores University, for making available their PhD thesis. A special acknowledgment to all my friends that were there to support me during the difficult times. And last but not the least to my parents and to Joaninha for all their huge support. keywords Volcanic islands, Faial island shelf, shelf evolution, present-day sedimentary dynamics, aggregates evaluation. abstract This work focuses on the origin and development of volcanic island shelves, particularly the Faial Island shelf and also on its present day sedimentary dynamics. Bathymetric data and high-resolution seismic profiles (Boomer and Chirp data) were used to characterize the geology of the Faial Island shelf. Sediment samplings were also used to map the grain-size distribution in the shelf and contributed to develop a model of the present day shelf sedimentation. The geological characterization and the sample data were also used to infer the processes responsible for the geomorphologic variability of the shelf. It was found that the main processes molding it in the past and also in the present are wave erosion and volcanic progradation. The shelf is normally composed by boulder deposits between the shore and 30 to 50 meters water depth. These deposits normally result form the erosion of lava flows, which in some cases are still well preserved and can be discriminated from the boulders in the Chirp records. Nearshore, these coarse deposits may also be the result of the erosion of cliffs. Further offshore the sandy and gravely deposits dominate and can be mapped till the shelf break. A linear relationship between the width of the shelf sectors and respective age was found as well as a relationship between wave effectiveness and shelf width for the shelf sectors of the same age. The sources of the sand and gravel deposits are discussed and appear to be mainly related to cliff erosion and erosion of the hydrographic basins. The mechanisms of transport and deposition of these sedimentary deposits are also discussed and can be assigned to downwelling returning currents that occur during storms. Simple mathematical formulations are used to define the shelf depth at which cross-shore transport is insignificant. Longshore transport rates are also estimated for the shelf sectors were sand and gravel sediments dominate nearshore. These calculations are used to define nearshore protection buffer zones for the extraction of aggregates, which are needed for coastal protection purposes. The sand and gravel sediment proprieties were also discussed for their use as aggregates. These sediments have a very insignificant percentage of finer material (normally less than 1% of silt and clay). Their grain-size distribution shows that they are suitable for the production of mortar.