JOAO AUGUSTO LÀRÀNJO — O PICO 47 estabelecef-se na ilha do P i c o com as suas familias, o s . s e u s escravos e os seus haveres. Este facto está absolutamente provado, assim corno provado está que foi com b r a c o s africanos que se pode realizar na ilha do P i c o o traballio verdaderamente titánico de partir a lava, quebrar as rochas, furar o solo pedregoso, fazer caminhos e construir essa teia interminável de abrigos em que se consumiram muitos milhoes de toneladas de pedra vulcànica. ' M a s tanto as ilhas dos A c o r e s , c o m o o Brasil, eram colonias de Portugal. N e s s e s tempos, que chamamos ominosos, havia plena liber- dade de mudanca de colonia para colonia, sem entraves de qualquer natureza, sem peias e impecilhos burocráticos, sem selos, e, s e a liberdade consiste na plena e x e c u ? á o dos n o s s o s desejos, logo que nao atinjamos a a c c á o alheia, ou se eia consiste no absoluto respeito à lei, vemos que naqueles tempos, talvez os escravos negros tivessem mais liberdade do que nos felizes dias que estáo gozando actualmente o s homens livres, no régimen de Liberdade que atravessamos. Também por èsse tempo comecou no Faial e na baia da Horfa um movimento marítimo que devia mais tarde dar áquela ilha um grande desenvolvimento. O s navios que faziam a viagem para a India, viam-se muitas vezes forcados, impelidos pelos ventos de Leste, a arribar aos A c o r e s . O único porto de seguranca bem abrigado e com excelente ancoradoiro era a baia da Horta. È s s e movimento foi cres- cendo com o aumento da navegacào e tinha-se muitas vezes. que fazer reparacóes, tanto nos navios, como no aparelho e veíame. balhos empregavam um pessoal considerável. E s s e s tra- Estabeleceram-se c a s a s nacionais e estrangeiras para reparagóes e fornecimento do material, construíram-se arsenais próvidos dos a c e s s ó r i o s para navegacào e fizeram-se muitos navios de alto bordo, tanto em S a n t a C r u z c o m o no P ò r t o do Pinho, hoje por c o r r u c á o , conhecido por P ó r f o - P i m . S e tratamos um pouco do Faial nesta simples monografia da ilha do P i c o , é porque toda a vida e progresso desta foi o b r a e fomento do Faial. ¿ Q u a n t o s anos decorreram do c o m é c o das plantacoes até ao aparecimenío do oidium ? Em todo o c a s o o afundamento do Faial e P i c o data da é p o c a funesta da introducáo daquele fungo nos prósperos vinhedos da ilha do P i c o . N o Faial a queda foi dupla: perda do vinho do P i c o e aparecimento da navegacào a vapor que foi reduzindo progressivamente o s lucros da baia. Faial atingiu o máximo da sua opulencia. Ai por 1 8 2 0 a 1 8 4 0 , o O P i c o tinha sido pertenca