JOAO AUGUSTO LÀRÀNJO — O PICO
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estabelecef-se na ilha do P i c o com as suas familias, o s . s e u s escravos
e os seus haveres.
Este facto está absolutamente provado, assim corno
provado está que foi com b r a c o s africanos que se pode realizar na ilha
do P i c o o traballio verdaderamente titánico de partir a lava, quebrar
as rochas, furar o solo pedregoso, fazer caminhos e construir essa teia
interminável de abrigos em que se consumiram muitos milhoes de toneladas de pedra vulcànica.
'
M a s tanto as ilhas dos A c o r e s , c o m o o Brasil, eram colonias de
Portugal.
N e s s e s tempos, que chamamos ominosos,
havia plena liber-
dade de mudanca de colonia para colonia, sem entraves de qualquer
natureza, sem peias e impecilhos burocráticos, sem selos, e, s e a liberdade consiste na plena e x e c u ? á o dos n o s s o s desejos, logo que nao
atinjamos a a c c á o alheia, ou se eia consiste no absoluto respeito à lei,
vemos que naqueles tempos, talvez os escravos negros tivessem mais
liberdade do que nos felizes
dias que estáo gozando actualmente o s
homens livres, no régimen de Liberdade
que atravessamos.
Também por èsse tempo comecou no Faial e na baia da Horfa
um movimento marítimo que devia mais tarde dar áquela ilha um
grande desenvolvimento.
O s navios que faziam a viagem para a India,
viam-se muitas vezes forcados, impelidos pelos ventos de Leste, a arribar aos A c o r e s .
O único porto de seguranca bem abrigado e com
excelente ancoradoiro era a baia da Horta.
È s s e movimento foi cres-
cendo com o aumento da navegacào e tinha-se muitas vezes. que fazer
reparacóes, tanto nos navios, como no aparelho e veíame.
balhos empregavam um pessoal considerável.
E s s e s tra-
Estabeleceram-se c a s a s
nacionais e estrangeiras para reparagóes e fornecimento do material,
construíram-se
arsenais próvidos
dos
a c e s s ó r i o s para
navegacào
e
fizeram-se muitos navios de alto bordo, tanto em S a n t a C r u z c o m o
no P ò r t o
do Pinho, hoje por c o r r u c á o , conhecido por P ó r f o - P i m .
S e tratamos um pouco do Faial nesta simples monografia da ilha
do P i c o , é porque toda a vida e progresso desta foi o b r a e fomento
do Faial.
¿ Q u a n t o s anos decorreram do c o m é c o das plantacoes até
ao aparecimenío do oidium ? Em todo o c a s o o afundamento do Faial
e P i c o data da é p o c a funesta da introducáo daquele fungo nos prósperos vinhedos da ilha do P i c o .
N o Faial a queda foi dupla:
perda
do vinho do P i c o e aparecimento da navegacào a vapor que foi reduzindo progressivamente o s lucros da baia.
Faial atingiu o máximo da sua opulencia.
Ai por 1 8 2 0 a 1 8 4 0 , o
O P i c o tinha sido pertenca
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