UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA Regina Carla Pinto da Silva PADRÃO DA ATIVIDADE ELÉTRICADE MÚSCULOS DE MEMBROS INFERIORESNA DINÂMICA DA PEDALADA EM CICLOERGÔMETRO INSTRUMENTADO. São Paulo 2014 ii REGINA CARLA PINTO DA SILVA PADRÃO DA ATIVIDADE ELÉTRICA DE MÚSCULOS DE MEMBROS INFERIORES NA DINÂMICA DA PEDALADA EM CICLOERGÔMETRO INSTRUMENTADO. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. César Ferreira Amorim, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre. São Paulo 2014 iii REGINA CARLA PINTO DA SILVA PADRÃO DA ATIVIDADE ELÉTRICA DE MÚSCULOS DE MEMBROS INFERIORES NA DINÂMICA DA PEDALADA EM CICLOERGÔMETRO INSTRUMENTADO. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. César Ferreira Amorim, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Avaliação e Prevenção em Fisioterapia Data da defesa: 24/02/2014 Resultado: _______________ Banca examinadora: Prof. Dr. César Ferreira Amorim Universidade Cidade São Paulo Profa. DraSandra Maria Sbeghen Ferreira de Freitas Universidade Cidade São Paulo Prof. Dr. Runer Augusto Marson Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército - IPCFEX São Paulo 2014 iv SUMÁRIO RESUMO vi ABSTRACT vii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS viii LISTA DE TABELAS ix LISTA DE FIGURAS x 1 INTRODUÇÃO 1 2 OBJETIVOS 5 2.1 Geral 5 2.2 Específicos 5 3 PERGUNTA DO TRABALHO 6 4 HIPÓTESES 6 5 METODOLOGIA 7 5.1 Tipo de estudo 7 5.2 Local 7 5.3 Amostra 7 5.3.1 Critérios de inclusão 7 5.3.2 Critérios de exclusão 7 5.3.3 Desenho do estudo 8 5.5. Procedimentos 5.5.1. Colocação dos eletrodos de superfície 9 10 v 5.5.2. Avaliação da contração voluntária máxima. 15 5.5.3. Exercício incremental. 15 Monitorização da pesquisa 17 5.6. 5.6.1. Medidas para a proteção ou minimização de quaisquer riscos 17 5.6.2. Medidas de previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos da pesquisa18 5.7. Análise estatística 18 6 RESULTADOS 19 7. DISCUSSÃO 23 8. CONCLUSÃO 25 9. PUBLICAÇÕES OBTIDAS 26 REFERÊNCIAS ANEXO I32 ANEXO II33 ANEXO III36 ANEXO IV37 ANEXO V39 Erro! Indicador não definido. vi RESUMO Introdução: A atividade muscular no gesto motor da pedalada pode ser mensurada por meio da eletromiografia de superfície. A eletromiografia de superfície tem sido um efetivo e aprimorado método para se estudar a ação muscular, determinando com objetividade os diferentes potenciais de ação dos músculos empenhados em movimentos específicos. Objetivo: Identificar o padrão da atividade muscular do reto femoral e vasto medialindivíduos saudáveis na dinâmica da pedalada em diferentes cargas no ciclo ergômetro instrumentado. Metodologia: Foram avaliados 20 adultos saudáveis, onde foi realizada análise eletromiográfica no domínio do tempo dos músculos reto femoral e vasto medial durante a realização do exercício incremental no ciclo ergômetro de membros inferiores.Resultados: A intensidade do sinal EMG do músculo Vasto Medial (valor RMS normalizado) em cada quadrante do ciclo da pedalada. apresentou diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes I, II e IV, e diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes III e IV. Para o músculo RF (reto femoral), pode-se observar diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes I, II e IV, e diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes I, II e III. Conclusão: Foi evidenciado um aumento na amplitude do sinal eletromiográfico proporcional ao incremento da carga. Foi possível identificar o padrão da ativação dos músculos em relação ao ciclo da pedalada nos quadrantes estudados, independente do nível da carga imposta. Palavras-chave: Eletromiografia de Superfície, Cicloergômetro, Reto Femoral, Vasto Medial vii ABSTRACT Introduction: Muscle activity in the gesture pedal stroke can be measured by surface electromyography. Surface electromyography has been an effective and improved method for studying muscle action, determining objectively the different action potentials of muscles involved in specific movements. Objective: To identify the pattern of muscle activity of the rectus femoris, vastus dynamics in healthy subjects pedaling at different loads on a cycle ergometer instrumented. Methods: 20 healthy adults, where electromyographic analysis was performed in the time domain of the rectus femoris and vastus medialis muscles during the incremental cycle ergometer exercise in the lower limbs were evaluated. Results: The EMG signal from the vastus medialis muscle (normalized RMS value) in each quadrant of the pedaling cycle showed a significant difference (p≥0.05) compared to quadrants I, II and IV, and a significant difference for p ≥ 05 in relation to quadrants III and IV. For RF (rectus femoris) muscle, showed a significant difference p ≥0.05 compared to the quadrants I, II and IV, and significant for p≥ 0.05 in relation to quadrant I, II and III. Conclusion : An increase in the amplitude of the electromyographic signal proportional to the load increment was noted. It was possible to identify the pattern of activation of muscles in relation to the cycle in the studied quadrants, independent of load level. Keywords: Electromyography, Cycle Ergometer, Rectus Femoris, Vastus Medial. viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Uv – Microvolt. ACSM – American College of Sports Medicine. Ag – Prata Ag Cl – Cloreto de prata Bpm – Batimentos por minuto CVM – Contração voluntária máxima dB – Decibéis DP – Desvio padrão EMG - Eletromiografia FC – Frequência cardíaca FR- Frequência respiratória H0 – Hipótese nula H1 – Hipótese alternativa Hz – Hertz IMC – Índice de massa corporal ISEK – International Society of Eletrophysiology and Kinesiology PAR-Q – Physical Activity Readiness Questionnarie RMS – Root mean square Rpm – Rotações por minute sEMG – Eletromiografia de superfície SpO2 – Saturação de oxigênio W - Watts ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 –Características e variáveis demográficas dos participantes 19 Tabela 2 - Sinais clínicos durante o teste 20 Tabela 3 - Atividade do VM durante os quatro quadrantes da pedalada em diferentes cargasErro! Indicador não definido. Tabela 4–Atividade do RF durante os quatro quadrantes da pedalada em diferentes cargas Erro! Indicador não definido. x LISTA DE FIGURAS Figura 1–Fases e quadrantes da pedalada (Brocker&Gregor, 1996). 2 Figura2– Digrama de fluxo do estudo 8 Figura 3– Eletrodos descartáveis 11 Figura 4 – Eletrodo de referência 11 Figura 5– Módulo de aquisição dos dados de 16 canais 13 Figura 6– Esquema do procedimento para aquisição dos dados 13 Figura 7a – Tela de aquisição dos dados 14 Figura 7b – Tela de aquisição dos dados 14 Figura 8– Cicloergômetro instrumentado de membros inferiores 16 Figura 9– Atividade elétrica dos músculos Vasto medial e reto femoral durante os quatro quadrantes. 22 Figura 10–Média RMS dos múculos VM e RF (normalizadas) durante o ciclo da pedalada (0-360°). 22 1 1 INTRODUÇÃO A evidência científica indica que atividade física regular, exercícios físicos são fatores determinantes de saúde. Dose adequada de atividade física regular e participação em atividades desportivas proporcionam benefícios para saúde física e mental, bem como para as relações sociaispara homens e mulheres de todas as idades, incluindo pessoas com deficiências diversas. A atividade física é indicada para a prevenção de doenças, melhoria da saúde e bem-estar, e também promove a integração e interação social (1). A aptidão física é definida como a capacidade de executar atividades ocupacionais e recreativas do dia a dia, sem fadiga indevida (2). A aptidão cardiorrespiratória está relacionada com a capacidade de desempenho de grandes músculos dinâmicos, com intensidade de exercício moderada por períodos prolongados. O desempenho do exercício físico depende do estado funcional do sistema respiratório, cardiovascular e músculo-esquelético (2,3). Quantificar a atividade física na vida diária é de grande valor, especialmente em populações sedentárias, e o tempo gasto ativamente na vida diária, juntamente com a intensidade e freqüência, são questões chave na análise do nível de atividade física habitual de uma população (6,7). Com base nos benefícios comprovados de exercício aeróbio, o American College of Sports Medicine (ACSM) e a American Heart Association (AHA) recomendam pelo menos trinta minutos de atividade física moderada, cinco dias por semana ou vinte minutos de atividade vigorosa, trêsdias por semana. No entanto, na maioria dos países desenvolvidos, aproximadamente 70% da população adulta não segue estas recomendações (4,5). Pedalar é uma atividade que requer movimentos sincronizados de múltiplas articulações com o objetivo de gerar propulsão, ao transferir para o pedal a força produzida pelos membros inferiores durante o ciclo da pedalada. A bicicleta ergométrica é comumente utilizada como uma forma de exercício aeróbico para a perda de peso, reabilitação cardíaca, e pode ser utilizada como uma forma de teste de esforço (8) Para avaliação biomecânica, um termo muito utilizado é o ciclo da pedalada, o qual compreende a trajetória do pé-de-vela desde o ponto morto superior (0°) até o ponto morto inferior (180°), chamada de fase de propulsão, e a trajetória do ponto morto inferior até o ponto morto superior, chama-se de fase de recuperação, onde a soma destes corresponde a uma revolução completa do pé-de-vela, que serve como referencial para a descrição do movimento(9). 2 Para entender melhor a cinemática do ciclismo, devemos dividir o ciclo da pedalada em graus. A Figura 1 representa cinco instantes, em graus, de um ciclo de pedalada, assim como as suas fases (propulsão e recuperação). A fase de propulsão, onde o ciclista aplica a maior força no pedal, se dá de 0° a 180°, já de 180° a 360° se dá a fase de recuperação da rotação do pé-de-vela, ou seja, quando o pedal esquerdo está na fase propulsiva, o pedal direito está na fase de recuperação (9). 360° Figura 1: Fases e quadrantes da pedalada (Brocker&Gregor, 1996). A qualidade da pedalada depende dos diferentes ajustes da bicicleta (altura do selim, tamanho do pé-de-vela, tamanho do quadro, etc.), da posição adotada pelo ciclista, da relação de marchas e da técnica da pedalada. A carga de trabalho e a cadência da pedalada também exercem influência direta na atividade muscular (20). Um fator que influencia diretamente na cinemática do ciclismo e, conseqüentemente, no rendimento do atleta é a cadência ou freqüência de pedalada. Cadência ou freqüência média é o número de vezes que um ciclo de pedalada se repete, ou seja, é o ritmo da pedalada, um movimento cíclico e repetitivo identificado pela pedalada, que consiste na manutenção de um ritmo ao executar mais de uma rotação completa do eixo do pedal em torno do eixo central da bicicleta (10-12). Acredita-se que a cadência de movimento preferida pelos atletas é sempre superior à cadência mais adequada que minimizaria o consumo energético, acreditando-se assim que a escolha de uma determinada cadência está mais associada com a capacidade de transformar o 3 esforço muscular em eficiência mecânica do que ao consumo de oxigênio em uma determinada cadência (14-16). Ciclistas de elite experientes apresentam uma eficiência mecânica muito próxima do padrão mecânico ideal, podendo selecionar uma cadência adequada de pedalada para minimizar o estresse muscular e o gasto energético(13). Além da cadência, outros fatores irão influenciar significativamente na cinemática do ciclismo. São eles: a variação angular do quadril, joelho, e tornozelo, assim como a relação entre a variação angular do pé-de-vela e do pedal. A variação angular no plano sagital da articulação do joelho é que apresenta a maior contribuição para o gesto motor da pedalada. A contribuição da variação angular do tornozelo permanece a mesma nas diferentes cadências, enquanto a contribuição da variação angular do quadril diminui na medida em que a velocidade de pedalada aumenta(17). Durante o ciclo inteiro da pedalada (0-360°), os músculos, principalmente os extensores de quadril e joelhos conjuntamente com os flexores plantares, atuam na fase de propulsão do pedal, enquanto músculos como os flexores do quadril e flexores dorsais do tornozelo realizam a fase de recuperação, reposicionando o membro inferior no ponto neutro superior, contribuindo para a tarefa que está sendo primordialmente desempenhada pela outra perna (19). No ciclismo, os músculos bi-articulares são responsáveis principalmente por controlar a direção da força produzida e sua transferência aos segmentos adjacentes durante o movimento articular, enquanto os músculos uni-articulares são essencialmente responsáveis pela contribuição na produção de força (18). O padrão de atividade muscular tem demonstrado que a maior atividade muscular ocorre durante a fase de propulsão, quando toda a energia necessária para pedalar é transferida para o pé-de-vela (19). Grande parte das pesquisas na área refere-se às funções de músculos bi articulares e mono articulares como flexores e extensores das articulações envolvidas no gesto da pedalada e referem que os músculos bi articulares apresentam maior variabilidade de ativação do que os músculos mono articulares (19). Durante o movimento da pedalada, os músculos glúteo máximo e bíceps femoral apresentam uma importante função no torque extensor do quadril, desenvolvido entre 0° e 180° do ciclo da pedalada; o reto femoral e os vastos medial e lateral apresentam uma importante função no torque extensor o joelho, desenvolvido entre 0° e 75° do ciclo da pedalada, e o semimembranoso, o bíceps femoral e o gastrocnêmio parecem desempenhar uma importante função no torque flexor do joelho(21). 4 A atividade muscular no gesto motor da pedalada pode ser mensurada pela eletromiografia de superfície (sEMG) . A sEMG tem sido um método efetivo e aprimorado para se estudar a ação muscular, determinando com objetividade os diferentes potenciais de ação dos músculos empenhados em movimentos específicos (22-24). Com a utilização da eletromiografia de superfície (sEMG) é possível avaliar a atividade muscular no domínio temporal da frequência e da amplitude dos músculos durante a realização de um movimento, tornando-se uma ferramenta valiosa no ensino e aprendizado de processos como controle do movimento através de biofeedback, no treinamento relaxamento e no gerenciamento do estresse muscular de (25,26) . A eletromiografia de superfície (sEMG) é uma técnica importante para o estudo dos disparos das unidades motoras, para o entendimento do trabalho musculatura, identificar o instante da ativacao dos músculos e investigar o processo da fadiga muscular (27-33). 5 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Identificar o padrão da atividade de músculos de MMII de indivíduos saudáveis na dinâmica da pedalada em diferentes cargas no ciclo ergômetro instrumentado. 2.2 Específicos Identificar o padrao da atividade de músculo Reto Femoral e Vasto Medialem relação às diferentes cargas. Idenficar o padrao da atividade elétrica de músculos Reto Femoral e Vasto Medial com os quadrantes da pedalada. 6 3 PERGUNTA DO TRABALHO Existe diferenca no padrao do sinal sEMG de músculos de MMII, de acordo com a dinâmica da pedalada em diferentes cargas? 4 HIPÓTESES H0- Não existe diferenca no padrao do sinal sEMG de músculos de MMII, de acordo com a dinâmica da pedalada em diferentes cargas H1- Existe diferenca no padrao do sinal sEMG de músculos de MMII, de acordo com a dinâmica da pedalada em diferentes cargas 7 5 METODOLOGIA 5.1 Tipo de estudo Para alcançar os objetivos deste estudo, foi realizado um estudo observacional transversal. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID em 16/05/2012 de acordo com o protocolo 13657056 (anexo 1). 5.2 Local O presente estudo foi realizado no Laboratório de análise de movimento da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. 5.3 Amostra 5.3.1 Critérios de inclusão Foram incluídos nesse estudo 20 adultos saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 36 anos, sem história prévia de qualquer distúrbio musculoesquelético. 5.3.2 Critérios de exclusão Foram excluídos sujeitos com qualquer diagnóstico de afecção musculoesquelética, como fraturas, luxações, distenções ou qualquer outra que pudesse interferir na avaliação eletromiográfica, sujeitos que apresentem alguma alteração cognitiva que impeça a compreensão dos procedimentos, sujeitos com comorbidades importantes e aqueles que por algum motivo estejam incapacitados de realizar o exercício incremental no cicloergômetro de membros inferiores. 8 5.3.3 Desenho do estudo O recrutamento e inclusão dos participantes foi realizado em 2012. Foram avaliados 24 participantes dos quais 4 foram excluídos, 1 por não estar apto a realizar exercício físico de acordo com o Questionário Par-Q, Par Q, e outros 3 por não terem a mesma classificação, sobre nível de atividade física, no Questionário Baecke de atividade física habitual e no conceito do ACSM. O diagrama de fluxo detalhado do processo de recrutamento, exclusão e avalição estão apresentados na figura 2. Figura2- Digrama de fluxo do estudo Os indivíduos elegíveis para pesquisa, pesquisa identificados com base nos critérios de inclusão e exclusão foram convidados a participar da pesquisa. Depois deste momento, por meio de um vídeo explicativo foram apresentadas informações sobre a pesquisa (objetivos, riscos, benefícios, e procedimentos aos aos quais foram submetidos). O vídeo foi utilizado com o objetivo de padronizar a explicação dos procedimentos. Confirmado o desejo de participar voluntariamente da pesquisa, foi entregue uma cópia do termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO II),, e só então, com a assinatura do termo foi formalizada a participação do indivíduo na pesquisa. 9 A variável analisada foi o domínio temporal da amplitude do sinal da Eletromiografia de superfície durante teste incremental em cicloergômetro de membros inferioresrelacionados com os quadrantes da pedalada. 5.5. Procedimentos Todos os sujeitos foram submetidos à avaliação física, à análise eletromiográfica do músculo reto femoral e vasto medial e realizaram o exercício incremental no cicloergômetro de membros inferiores. Foi solicitado a todos os sujeitos envolvidos na pesquisa que utilizassem roupas confortáveis e calçado adequado, para que fosse possível a colocação dos eletrodos da eletromiografia de superfície; e a realização do exercício incremental. Inicialmente foi preenchida uma ficha de anamnese (ANEXOIII) contendo informações pessoais, dados demográficos, informações sobre tabagismo e comorbidades. Todos os sujeitos da pesquisa foram submetidos ao exame físico para aferição de sinais vitais. Essa avaliação inicial nos deu suporte para saber se naquele momento o indivíduo não apresentava nenhuma alteração e se o mesmo poderia realizar o exercício incremental no cicloergômetro de membros inferiores. Os sujeitos envolvidos no estudo responderam ao Physical Activity Readiness Questionnaire (Par-Q)(45) (ANEXO IV) que tem como objetivo avaliar a prontidão para atividade física. Dentre as sete questões do questionário, se apenas uma resposta fosse positiva o sujeito necessitaria de avaliação clínica e liberação médica para participar do estudo, se por algum motivo o sujeito não conseguisse essa liberação o mesmo seria excluído do estudo a fim de se precaver de quaisquer riscos. Em seguida, todos os sujeitos responderam ao Questionário Baecke de atividade física habitual (46-48) (ANEXO V), que é composto por 16 questões que envolvem atividades físicas ocupacionais, exercícios físicos no lazer e atividades físicas de lazer e locomoção. O objetivo desse questionário foi classificar o indivíduo como fisicamente ativoou sedentário. Além disso, foi adotado o conceito estabelecido pelo ACSM sobre estilo de vida sedentária, definido como a não participação em pelo menos 30 minutos de atividade física de intensidade moderada em pelo menos 3 dias por semana, a pelo menos 3 meses(49). Para ser 10 enquadrado nos grupos do estudo o indivíduo deveria ser classificado pelos dois métodos de avaliação e os resultados deveriam ser os mesmos. 5.5.1. Colocação dos eletrodos de superfície Estudos atuais demonstraram que uma variação na distância entre os eletrodos interfere na morfologia do sinal, não somente no domínio da frequência, mas também da amplitude, comprometendo a interpretação dos mecanismos de graduação da força muscular(50). Nesses casos, a International Society of Electrophysiology and Kinesiology (ISEK) sugere que a distância inter-eletrodos não ultrapasse 20mm centro a centro, de forma a não se perder grande parte da informação contida no sinal pelo movimento dos sensores sobre o músculo. Esta distância entre os eletrodos, sugerida pela ISEK, indica uma redução do efeito de crosstalk (captação do sinal elétrico de músculos adjacentes), dado que distâncias maiores aumentam a probabilidade do sinal de sEMG ser contaminado pela atividade de músculos vizinhos, funcionando como fator influenciador na captação deste sinal(50). Além disso, a escolha do tipo de eletrodo, bem como do seu tamanho, também interferirão na captação deste sinal, pois para músculos pequenos, a literatura recomenda a colocação de eletrodos menores. Assim, características individuais como a impedancia da pele e do tecido subcutâneo, oleosidade, presença de pelos, redução do fluxo sanguíneo, também são grandes influenciadores da captação do sinal elétrico, de forma que a presença destes funcionará como fatores que prejudicam a captação do sinal elétrico(50). Baseando-se nessas considerações, na coleta do sinal da sEMG do músculo reto femoral e vasto medial, foram utilizados eletrodos de superfície autoadesivos circulares de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl) descartáveis, com diâmetro de 20 mm (Medi Trace Kendall), e distância inter-eletrodos centro a centro de 20 mm. TM / 11 Figura 3 - Eletrodos descartáveis (Medi Trace TM / Kendall) Além dos eletrodos registradores, deve-se ser aplicado um eletrodo de referência (também conhecido como eletrodo “terra”). Para evitar o efeito de interferência do ruído elétrico externo, como o ruído causado por lâmpadas fluorescentes, instrumentos de radiodifusão, outros aparelhos elétricos, o sistema de aquisição de sinais EMG1600 foi alimentado com bateria evitando assim que o sistema seja conectado a rede elétrica (50). Como eletrodo de referência, nesse estudo, foi utilizado um eletrodo retangular de metal que foi fixado no punho direito dos voluntários. Figura 4 - Eletrodo de referência Para determinar a localização do eletrodo de referencia foi utilizado como referência, proeminências ósseas anatômicas. As marcações para colocação dos eletrodos foi feita com lápis dermatográfico e através de antropometria com fita métrica, após a limpeza prévia do local com algodão e álcool para reduzir a impedância da pele. Se fosse necessário era realizada tricotomia do local 12 para a colocação dos eletrodos da eletromiografia de superfície com o objetivo de impedir possível interferência na coleta dos dados por conta do excesso de pelos na região. Foram seguidas todas as recomendações conforme sugestão da International Society of Electrophysiology and Kinesiology (2010) e De LUCA. The Use of Surface Electromyography in Biomechanics (1997) (51,52,53,54). Para o músculo reto femoral os eletrodos foram posicionados a 50% da linha entre a espinha ilíaca antero-superior e a parte superior da patela. Para o músculo vasto medial, os eletrodos foram posicionados a 80% da linha entre a espinha ilíaca ântero-superior e do espaço articular na frente da borda anterior do ligamento medial. A colocação dos eletrodos foi feita conforme orientação e descrição presentes na literatura (19) . A obtenção de um sinal eletromiográfico livre de contaminação por outras fontes, é necessária para uma apropriada interpretação e aplicação do sinal. Foi utilizado o sistema da marca EMG System do Brasil modelo EMG1600C comunicação USB alimentado por bateria interna imune a interferências da rede elétrica, composto por conversor analógico digital com 16 bits de resolução, condicionador de sinais integrado com ganho de amplificação de 2000 vezes, filtro passa-banda tipo Butterworth de 20 a 500 Hz e eletrodos bipolares com pré-amplificação para os canais de EMG. Para os canais de sensores tais como força, sensor de velocidade, cadência do pedal foi selecionado filtro passa-banda tipo Butterworth de 0-100 Hz. A impedância do sistema foi de 109 ohms, taxa de ruído de sinal < 3µV RMS, módulo de rejeição comum > 100 dB. Foi utilizado programa de aquisição e processamento de sinais EMGLab V1.1 da marca EMG System do Brasil versão 2010 com frequência de amostragem por canal de 2kHz e tempo de coleta de 24 minutos máximo(55). 13 Figura 5– Módulo de aquisição dos dados de 16 canais (EMG (EMG System do Brasil, Brasil fonte www.emgsystem.com.br) O sistema EMG foi acoplado ao computador, computador, e durante o tempo de realização do exercício incremental, foi possível acompanhar o traçado referente à carga do cicloergômetro para que fosse possível realizar os incrementos na carga com precisão. Figura 6– Esquema do procedimento para aquisição dos dos dados Foi utilizada tilizada a análise em telas contínuas durante todo o exercício incremental no cicloergômetro de membros inferiores. 14 Figura 7a – Tela de aquisição dos dados Figura 7 b– Tela de aquisição dos dados Os dados gravados através da instrumentação utilizada nessa pesquisa, foram inicialmente analisados no software EMGLab ( EMG System do Brasil) fornecendo todas as informações relacionados a amplitude do sinal inclusive a média RMS (Root Mean Square). Os dados, registrados simultaneamente, foram analisados pelo método quantitativo no domínio da amplitude. Os valores das atividades elétricas dos músculos (µV RMS) foram normalizados individualmente pela contração voluntária máxima (CVM). 15 Para obter as médias RMS dos músculos avaliados foram utilizadas janelas móveis a cada 200ms, nas cargas estudadas. Os resultados foram expressos em média e desvio padrão. 5.5.2. Avaliação da contração voluntária máxima. Pela conhecida variabilidade do sinal não somente entre sujeitos, como também entre tentativas, técnicas diferentes de normatização têm sido desenvolvidas para reduzir essa variabilidade, sendo a contração voluntária máxima(CVM), uma das formas conhecidas, que usa o maior valor encontrado em uma contração voluntária máxima, para os músculos em questão(50). 5.5.3. Exercício incremental. Ocicloergômetro e aesteira são as modalidades para teste de exercício clínico mais comumente utilizado. O teste na esteira fornece uma forma mais comum de estresse fisiológico, como caminhar, em que os sujeitos estão mais propensos a atingir um consumo de oxigênio e um pico de frequência cardíaca, ligeiramente maiores do que durante o teste no cicloergômetro. Porém os cicloergômetros são mais baratos, requerem menos espaço, e fazem menos barulho do que as esteiras. Freldenreich e Rohan (1995) e Macera e Prat (2000) preferem o uso do cicloergômetro, mencionando aspectos de segurança na performance do teste, facilidade para medição de sinais vitais, além de quantificar precisamente a taxa de trabalho durante o teste(56). 16 Figura 8– Cicloergômetro instrumentado de membros inferiores (EMG System do Brasil – www.emgsystem.com.br) O protocolo aplicado durante o teste de exercício deve considerar o propósito da avaliação, os específicos resultados esperados, e as características do indivíduo que está sendo avaliado, como por exemplo, idade e sintomatologia(57). Protocolos com maiores incrementos, como o de Bruce, Billat e Ellestad, são mais adequados para pesquisas com indivíduos jovens e/ou fisicamente ativos(57). Após a avaliação da contração voluntária máxima, o sujeito já posicionado na bicicleta ergométrica, previamente ajustada, com os eletrodos posicionados, realizou o exercício incremental seguindo o Protocolo de Billat (2001). A escolha deste protocolo foi baseada no estudo realizado por Azevedo (2010) que preconiza que os estágios que compõem o teste incremental devem ser suficientemente longos para que ocorra estabilização das concentrações de lactato sanguíneo após cada novo incremento de carga, ou seja, o equilíbrio dinâmico entre o lactato sanguíneo e muscular. Tem sido sugerido que cada estágio tenha duração entre 3 e 10 minutos(57). Os autores indicam as seguintes cargas e tempos de incremento: 10 Watts (W) e duração de 2 minutos cada estágio; 20 W a cada 3 minutos; 30 W a cada 4 minutos; 40 W a cada 4 minutos e 45 segundos; 50 W a cada 5 minutos(57). Baseando-se nessa literatura a escolha do protocolo de Billat mostrou-se mais adequada em relação a outros protocolos incrementais, pois realiza os incrementos de 25 W 17 na carga do cicloergômetro, a cada 3 minutos, mantendo uma velocidade constante, em média 22,5 Km/h, até a fadiga subjetiva relatada pelo indivíduo que estava sendo avaliado. Levando-se em consideração que o Protocolo de Billat é realizado até a fadiga subjetiva, para a classificação da percepção subjetiva do esforço, 30 segundos antes do incremento na carga do cicloergômetro de membros inferiores, o indivíduo respondeu à Escala de Borg (ANEXO III)(58,59). Juntamente com o questionamento da Escala de Borg, com a utilização de um oxímetro de pulso, oxigenação periférica e frequência cardíaca também foram aferidas. Para garantir a integridade dos participantes foram adotados os seguintes sintomas para a interrupção do teste conforme American College Sports Medicine (2007): Início de angina ou sintomas anginosos; Dificuldade para respirar, dispnéia, sibilos ou câimbras; Sinais de má perfusão: tontura, confusão, ataxia, palidez, cianose, náuseas ou pele fria e úmida; Solicitação da interrupção do teste pelo indivíduo; Manifestações físicas ou verbais de fadiga severa; Falha no equipamento de teste. Após a realização do protocolo incremental, os sinais vitais: frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio e pressão arterial foram aferidos e registrados novamente somente como feedback da situação fisica do voluntario.. 5.6. Monitorização da pesquisa 5.6.1. Medidas para a proteção ou minimização de quaisquer riscos As perguntas contidas nos questionários foram apresentadas de forma clara e objetiva, com linguagem simples, evitando constrangimentos, ou seja, risco moral, para o pesquisado. Foram tomadas às medidas necessárias para minimizar os riscos previsíveis (considerando as dimensões físicas, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, conforme item 18 II.8, da Res. CNS 196/96), bem como, foi asseguradoque os potenciais sujeitos receberam uma adequada e acurada descrição e informação dos riscos, desconfortos ou benefícios que podiam ser antecipados. A confidencialidade dos sujeitos da pesquisa foi mantida. Em nenhum momento ou por quaisquer meios, existiu a possibilidade de divulgação pública dos resultados que permitisse identificar os dados do sujeito da pesquisa. Apenas os pesquisadores tiveram acesso aos dados dos sujeitos. 5.6.2. Medidas de previsão de ressarcimento de gastos aos sujeitos da pesquisa Não houve despesas pessoais para o participante em qualquer momento do estudo. Também não houve compensação financeira relacionada à sua participação. 5.7. Análise estatística As variáveis contínuas estão expressas em médias e desvio-padrão (DP), RMS (Root Mean Squar). Através da análise de variância ANOVA (one-way), foi possível observar que o Músculo VM (vasto medial) apresenta diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes I, II e IV. Apresentando também diferença significativa para p≥0,05 em relação aos quadrantes III e IV (Tabela 3). Para o músculo RF (reto femoral), pode-se observar diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes I, II e IV. Apresentando também diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes I, II e III (Tabela 4). 19 6 RESULTADOS Foram avaliados no total 20 indivíduos que foram divididos igualmente nos 2 grupos de estudo, fisicamente ativos e sedentários. A estrategia dos grupos e monitorar sinais clinicos durante o teste (tabela 2) foram adotadas para ter um feedback do condicionamento físico dos voluntarios com o intuito de observar se iria afetar o padrão da ativação dos músculos estudados em relação qoas quadrantes do ciclo da pedalada. As caracteríticas e variáveis demográficas dos sujeitos estão descritas na tabela 1. A média de idade dos participantes nos dois grupos foi bem parecida, sendo 25,70 (5,29) anos para os participantes fisicamente ativos e 23,10 (4,23) anos para os participantes sedentários. Tabela 1 –Características e variáveis demográficas dos participantes Grupo Fisicamente Ativos Grupo Sedentários Feminino 5 (50) 5 (50) Masculino 5 (50) 5 (50) Idade (anos) 25,7 (5,29) 23,1 (4,23) Altura (metros) 1,73 (0,1) 1,7 (0,09) Peso (kilos) 74,75 (13,03) 75,78 (21,77) IMC 25,08 (3,65) 25,99 (6,63) Sim 1 (10) 1 (10) Não 9 (90) 9 (90) Apto 10 (100) 0 (0) 10 (100) 0 (0) 9,9 (0,71) 7,37 (0,81) Variáveis Gênero Fumante Par-Q Inapto Baecke 20 A pressão arterial dos participantes pré exercício incremental ficou entre 100x60 mmHg e 120x80 mmHg e após a realização do teste manteve-se entre 90x60 mmHg e 140x90 mmHg. Os demais sinais vitais avaliados pré e pós exercício incremental estão descritos na tabela 2. Tabela 2 - Sinais clínicos durante o teste Grupo Fisicamente Ativos Grupo Sedentários FC inicial (bpm) 76,8 (7,35) 75 (11,42) FR inicial (rpm) 16,3 (2,95) 17,3 (2,75) SpO2 inicial (%) 96,4 (0,7) 96,5 (1,08) FC final (bpm) 143,3 (20,97) 137,6 (20,94) FR final (rpm) 23,3 (3,59) 24,8 (3,68) SpO2 96,2 (0,79) 96,4 (1,17) Variáveis final (%) Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP), FC (Frequência Cardíaca); FR (Frequência Respiratória) SpO2(Saturação de Oxigênio). Com relação aos valores obtidos pela Escala de Borg durante o exercício incremental os números variaram de 0 a 10 sendo que na carga total a média para o grupo fisicamente ativo foi 6,5 (2,51) e para o grupo sedentário 5,7 (1,77). Na tabela 3, estão espressos os valores do padrão de ativação do músculo vasto medial nos quatro quadrantes da pedalada em quatro incrementos de carga. Podemos observar que houve uma maior ativação deste músculo durante o primeiro quadrante da pedalada nos quatro incrementos de carga. 21 Tabela 3 - Atividade do VM durante os quatro quadrantes da pedalada em diferentes cargas. Quadrante VM1C (µV) VM2C (µV) VM3C (µV) VM4C (µV) I$ 113.78 ± 9,04 122.87 ± 9,82 147.04 ± 11,76 147.09 ± 11,76 II 79.69 ± 6,37 100.90 ± 8,07 103.26 ± 8,26 67.82 ± 5,42 III& 5.96 ± 0,47 5.89 ± 0,47 6.44 ± 0,51 6.99 ± 0,55 IV 49.83 ± 3,98 56.33 ± 4,50 56.52 ± 29,11 63.95 ± 5,11 Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP),RMS (Root Mean Square)VM (vasto medial). &: diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes I, II e IV. $diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes III e IV. Na tabela 4, estão espressos os valores do padrão de ativação do músculo reto femoral nos quatro quadrantes da pedalada em quatro incrementos de carga. Podemos observar que houve uma maior ativação deste músculo durante o quarto quadrante da pedalada nos quatro incrementos de carga. Tabela 4–Atividade do RF durante os quatro quadrantes da pedalada em diferentes cargas. Quadrante RF1C (µV) RF2C (µV) RF3C (µV) RF4C (µV) I 19.96 ± 1,59 15.57± 1,24 24.40 ± 1,94 26.95 ± 2,15 II 11.33 ± 0,90 14.53 ± 1,16 18.86 ± 1,50 17.75 ± 1,42 III# 4.68 ± 0,37 4.41 ± 0,35 4.67 ± 0,37 5.21 ± 0,41 IV@ 22.20 ± 1,77 27.28 ± 2,18 37.35 ± 2,98 46.00 ± 3,68 Variáveis contínuas estão expressas em média e desvio-padrão (DP),RMS (Root Mean Square),RF (reto femoral).#: diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes I, II e IV. @: diferença significativa para p≥0,05em relação aos quadrantes I, II e III A Figura 9 mostra o comportamentos dos músculos vasto medial e reto femoral nos quatro quadrantes da pedalada em todas as cargas. 22 Figura 9:Atividade elétrica dos músculos Vasto medial e reto femoral durante os quatro quadrantes. A Figura 10 mostra o comportamento dos músculos vasto medial e reto femoral durante o ciclo completo da pedalada. Figura 10:Média RMS dos músculos VM e RF (normalizadas) durante o ciclo da pedalada (0-360°). 23 7. DISCUSSÃO Esse estudo analisou o padrão do sinal eletromiográfico dos músculos reto femoral e vasto medial em jovens saudáveis, nas diferentes cargas do exercício incremental realizado no cicloergômetro de membros inferiores. A utilização da eletromiografia de superfície no domínio do tempo permitiu monitorar a ativação muscular do reto femoral e vasto medial durante o ciclo da pedalada. Entendendo que cada músculo possui uma importante função no movimento da pedalada, atuando em uma fase distinta da mesma, optou-se por analisar a magnitude do sinal EMG (valor RMS normalizado) em cada quadrante do ciclo da pedalada. No estudo de Hug e Dorel (60) , na comparação entre grupos, evidenciou diferenças significativas para a magnitude de sinal EMG (valor RMS normalizado), quando comparados por quadrantes da pedalada. Este dado, também pôde ser observado em nosso estudo, uma vez que o músculo vasto medial teve uma maior atividade no primeiro quadrante e o reto femoral, teve uma maior atividade no quarto quadrante da pedalada. No estudo de Candotti, 2003, no primeiro quadrante, o valor RMS entre os grupos foi diferente significativamente para os músculos RF e VL na cadência de 90 rpm. No terceiro quadrante, não foi evidenciada diferença significativa entre os grupos de músculos. Em nosso estudo também não houve diferença significativa no terceiro quadrante(61). De acordo com Gregor (2000), a atividade dos músculos monoarticulares é muito mais consistente quando comparada a atividade dos músculos biarticulares, no sentido da quantidade de ativação muscular. Pode-se observar que o RF, músculo de função biarticular que atua tanto no quadril como no joelho, apresentou maior atividade na fase de propulsão, atuando como um extensor do joelho, juntamente com o VL, nessa mesma fase do ciclo. Entretanto, o RF também apresentou um certo grau de ativação na fase de recuperação da pedalada, atuando como um flexor de quadril(10). Pode-se observar na Tabela 4 que o reto femoral apresentou uma maior atividade na fase de recuperação, juntamente com uma menor ativação do vasto medial (Tabela 3). Porém, houve uma ativação desse músculo na fase de recuperação, mais especificamente durante o quarto quadrante do ciclo da pedalada (Figura 9). Com isso, pode-se dizer que o RF (reto femoral) apresenta uma importante função no torque extensor do joelho, desenvolvido na fase de propulsão do ciclo da pedalada. 24 Os músculos VM e VL são cruciais para a geração de forças no pedal. O vasto medial, produz 55% do total de potencia durante a fase de propulsão (62). Pontos fortes e limitações do estudo Visando uma coleta de dados fidedigna, nosso estudo realizou uma instrumentação de qualidade, onde o cicloergômetro de membros inferiores possuía um transdutor de força para que sincronizado ao módulo de aquisição e ao computador, pudesse fazer ajustes perfeitos para o incremento da carga. Em nossa pesquisa nós também tivemos a preocupação de controlar a velocidade e a cadência da pedalada com dispositivo eletrônico para esse fim. Além disso, para reduzir os riscos de um exercício físico, nós tomamos todas as medidas para saber se os sujeitos envolvidos na pesquisa estavam realmente aptos a realizar o tipo de esforço proposto. Em contrapartida, durante as coletas foi possível perceber que outros músculos como vasto lateral, bíceps femoral, gastrocnêmio e tibial anterior tem um papel importante na pedalada, tendo papel importante para o estudo deste tipo de atividade. Sugestões para novos estudos Os resultados desse estudo nos mostraram que a possibilidade de pesquisas futuras com praticantes de ciclismo permitirá uma análise mais intensa sobre o padrão dessas musculaturas durante o ciclo da pedalada, bem como identificar melhor estratégia de treinamento e de reabilitação de profissionais desta modalidade. Levando-se em consideração novos estudos que avaliaram mais músculos e encontraram resultados significativos com relação ao seu papel e sua ativação frente a exercícios físicos, seria muito interessante realizar um estudo com o mesmo tipo de instrumentação que foi realizada em nossa pesquisa, porém, incluindo a avaliação eletromiográfica de mais músculos de MMII, como o vasto lateral, bíceps femoral, gastrocnêmio e tibial anterior. 25 8. CONCLUSÃO Esse estudo permitiu identificar o padrão de ativação dos músculos vasto medial e reto femoralindependente da condição física do voluntário,evidenciando um aumento na amplitude do sinal eletromiográficoproporcional ao incremento da carga. Foi possível identificar o padrão da ativação dos músculos em relação ao ciclo da pedalada, independente do nível da carga imposta. Esses achados estão de acordo com a literatura e podem ser utilizados como parâmetro para treinamento, fortalecimento muscular e reabilitação com uso de cicloergômetros. 26 9. PUBLICAÇÕES OBTIDAS 1. Regina Carla Pinto da Silva,Priscilla Anjos de Sousa, Wellington Bueno Vieira, Caroline Galatti MouraCoelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de Carvalho, Lucas Nery, Luciana Chiavegato, Cesar Ferreira Amorim.Padrão de ativação muscular do reto femoralna dinâmica da pedalada.Revista Terapia Manual. 2013. 2. Priscilla Anjos de Sousa, Wellington Bueno Vieira, Regina Carla Pinto da Silva, Caroline Galatti MouraCoelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de Carvalho, Lucas Nery, Luciana Chiavegato, Cesar Ferreira Amorim.Sinal eletromiográfico de músculo respiratórioacessório frente a um exercício incremental.Revista Terapia Manual. 2013. 3. Wellington Bueno Vieira,Priscilla Anjos de Sousa, Regina Carla Pinto da Silva, Caroline Galatti MouraCoelho, Sedenir Batista Filho, Maryanne Martins Gomes de Carvalho, Lucas Nery, Luciana Chiavegato, Cesar Ferreira Amorim.Sinal eletromiográfico do músculo trapéziosuperior em cicloergômetro instrumentado: Análise wavelet.Revista Terapia Manual. 2013. 4. Carlos A Kelencz, Priscilla A de Sousa, Wellington B Vieira3 Flávia F Manfredi de Freitas, Lucas Nery, Regina Carla P Silva, Luciana Chiavegato and Cesar F Amorim.Behavior of Electromyographic Signal in Different Angles during Knee Flexion. 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Para tanto, esse estudo tem como objetivo estudar o comportamento dos músculos de membros inferiores e avaliar o seu desempenho diante de um exercício na bicicleta ergométrica. Acreditamos que essa avaliação possa nos dar informações importantes sobre como a atividade física influencia a condição dessa musculatura e dessa maneira reforçar a sua prática para auxiliar pessoas no momento necessário. Como será o estudo? O estudo será inteiramente realizado em apenas uma visita. Etapa 1: Inicialmente será realizada coleta dos dados pessoais; sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, oxigenação periférica de oxigênio; e medição de peso e altura. Será realizado o 34 QuestinárioPar-Q de prontidão para atividade física, sendo que se uma das respostas desse questionário for sim, você precisará da liberação de um médico para realizar o nosso estudo. Em seguida será preenchido o questionário Baecke de atividade física habitual, para saber em que grupo você se enquadra (sedentário ou ativo). Etapa 2: Em seguida, o Sr. (a) conhecerá os equipamentos dos testes que realizaremos: o eletromiógrafo que mede a atividade elétrica dos seus músculos e a bicicleta ergométrica onde será realizado o exercício. Além disso, nós iremos ajustar a bicicleta ergométrica de acordo com a sua altura. Etapa 3: Após a limpeza com algodão e álcool, da região do membro inferior, nós colocaremos os eletrodos da eletromiografia. Para cada músculo que iremos avaliar nós iremos posicionar o Sr (a) e pediremos para que faça força contra a resistência que iremos fazer manualmente e então realizaremos as primeiras medidas com o eletromiógrafo. Durante as medições o Sr. (a) não sentirá absolutamente nada. Etapa 4: Na bicicleta já ajustada o Sr (a) irá iniciar o exercício em níveis leve, moderado e intenso. É importante que o Sr (a) mantenha o mesmo rítmo. A cada 3 minutos, será realizado um incremento (aumento)na carga do cicloergômetro, até a fadiga subjetiva relatada pelo Sr (a). Você estará sendo acompanhado por profissionais da saúde especializados e treinados, durante todos os testes. Todos estes testes serão realizados no Laboratório de Análise do movimento da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID (Rua Cesário Galeno, 448/475 – Tatuapé São Paulo – SP). Quais os riscos? A eletromiografia de superfície e o exercício incremental de membros inferiores na bicicleta ergométrica não oferecem risco a jovens saudáveis, como você. Se por algum motivo você apresentar algum sinal que apresente risco para realização do estudo você não será incluído na pesquisa. Entretanto, pelo menos teoricamente, qualquer teste que envolve esforço pode ter algum risco potencial: desconforto, tonturas, dor e pressão alta. Todavia, os seus testes serão acompanhados por uma equipe previamente treinada. Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável, Professor César Ferreira Amorim e/ou Regina Carla Pinto da Silva, que pode ser encontrado Rua Cesário Galeno, 448/475 e no telefone (11)98790-9380. 35 O Sr (a). terá garantia de sigilo de todas as informações coletadas e poderá retirar seu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício. Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada). Data: ___ /___ /___ _____________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ______________________________________________ Pesquisador responsável / orientador ______________________________________________ Pesquisador responsável Nós, Professor César Ferreira Amorim e Regina Carla Pinto da Silva, responsáveis pela pesquisa Comportamento da atividade elétrica dos músculos de membros inferiores envolvidos na dinâmica da pedalada em ciclo ergômetro instrumentado,declaramos que obtivemos espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa (ou de seu representante legal) para realizar este estudo. Data: ___ /___ /___ __________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável / Orientador __________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável 36 ANEXO III Modelo da ficha de coleta de dados pessoais. Nome:_______________________________________________________________________ Data de Nascimento:__________________________ Idade: ____________________________ Data da Coleta:_______________________________ Hora: ____________________________ Sexo:_______________________________________ Peso: ____________________________ Altura: _____________________________________ IMC: ____________________________ FC:_____________ FR: _____________ Sato2: _____________ PA: _____________________ Fumante:________________________ Anos/maço: ___________________________________ Antecedentes pessoais: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ ________________________________________________________ Doenças musculoesqueléticas: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ ________________________________________________________ 37 ANEXO IV Modelo do Questionário Par-Q de prontidão para atividade física. Este questionário tem objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica antes do início da atividade física. Caso você marque mais de um sim, é aconselhável a realização da avaliação clínica. Contudo, qualquer pessoa pode participar de uma atividade física de esforço moderado, respeitando as restrições médicas. Por favor, assinale “sim” ou “não” as seguintes perguntas: 1) Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema de coração e recomendou que você só praticasse atividade física sob prescrição médica? sim não 2) Você sente dor no peito causada pela prática de atividade física? sim não 3) Você sentiu dor no peito no último mês? sim não 4) Você tende a perder a consciência ou cair como resultado do treinamento? sim não 5) Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a prática de atividades físicas? sim não 6) Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle de sua pressão arterial ou condição cardiovascular? sim não 7) Você tem consciência, através de sua própria experiência e/ou de aconselhamento médico, de alguma outra razão física que impeça a realização de atividades físicas ? sim não Gostaria de comentar algum outro problema de saúde seja de ordem física ou psicológica que impeça a sua participação na atividade proposta? 38 __________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Declaração de Responsabilidade Estou ciente das propostas desse projeto, evento/ atividade: __________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e afirmo estar liberado pelo meu médico para participação na atividade a ser realizada. Nome do participante:___________________________________________________________ ______________ Data _____________________________________ Assinatura 39 ANEXO V Modelo do Questionário Baecke de atividade física habitual.