NELSON TABOADA SOUZA, Benemérito da Indústria 1 2 UBALDO MARQUES PORTO FILHO NELSON TABOADA SOUZA, Benemérito da Indústria SALVADOR 2010 3 Copyright © 2010 by Casa de Cultura Carolina Taboada Autor Ubaldo Marques Porto Filho Rua Tupinambás 82, Rio Vermelho 41940-090 – Salvador – Bahia E-mail: [email protected] COORDENAÇÃO EDITORIAL Marques Porto Comunicação PESQUISA E PROCESSAMENTO DE DADOS Ubaldo Marques Porto Neto CRIAÇÃO DAS CAPAS Gibson Júnior DIAGRAMAÇÃO Gibson Júnior http:gibsondesigner.carbonmade.com PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Artemapas www.artemapas.com.br IMPRESSÃO E ACABAMENTO Press Color www.prescolor.com.br P839 Porto Filho, Ubaldo Marques. Nelson Taboada Souza: benemérito da indústria / Ubaldo Marques Porto Filho. Salvador: Casa de Cultura Carolina Taboada, 2010. 152p il ISBN 978-85-910034-2-6 1. Souza, Nelson Taboada – Dados biográficos. 2. Empresários – Bahia. 3. Souza, Nelson Taboada – Genealogia. 4. Souza Nelson Taboada – Homenagem I. Título. CDU 929 NTS 929.5 T Ficha Catalográfica elaborada por Maria Augusta Mascarenhas Cardozo Bibliotecária do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia 4 Nascido no Rio Vermelho Educado para a vida empresarial Liderança carismática Sobressaiu-se no comércio Ocupou-se da indústria Trabalhador exemplar Administrador vitorioso Bem-aventurado galego-baiano Obreiro do ideal rotário Artífice de causas nobres Dirigente máximo da Fieb Abnegado cônsul da Bolívia Somatório de virtuoses Orquestrador de empreendimentos União das forças industriais da Bahia Zelador do progresso sócio-econômico Abençoado por Senhora Sant’Ana Notabilizou-se na lide classista 5 6 SOBRE NELSON TABOADA SOUZA Norberto Odebrecht Nelson Taboada Souza herdou a vocação comercial de seu pai José Taboada Vidal, próspero comerciante de molhados e tecidos no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, na primeira metade do século XX, que o identificou como seu legítimo sucessor na condução e liderança dos negócios. Coube a ele a expansão de suas atividades para além do seu bairro, conquistando, a partir da sociedade com a conceituada firma José Taboada & Cia, uma expressiva participação em vários setores da economia baiana. Criou a empresa Irmãos Taboada & Cia em 1940, para representação de medicamentos e equipamentos cirúrgicos, marca que ficou registrada na história econômica da Bahia como vitoriosa e idônea. Embora não tivéssemos muita convivência, ingressamos no Rotary Club da Bahia no mesmo ano de 1953, o que representava, à época, grande prestígio na sociedade local. Sua trajetória empresarial foi brilhante, diversificada e expressiva no cenário da economia baiana. Disciplinado e honrado, foi eleito presidente do Rotary em 1960, sendo um dos fundadores da Escola Rotary para crianças carentes. Destacou-se nos ramos imobiliário, de corretagens, de representações e industrial. Fundou a Água Mineral Dias D’Ávila, dando origem para que o local da fonte fosse transformado em estância hidromineral, a Cerâmica Santa Maria, então maior fabricante de blocos e telhas do Estado e a Indústria Bahiana de Lajes, pioneira na produção de peças pré-moldadas para a construção civil na Bahia. Eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia – Fieb em 1971 e reeleito em 1974, com mandato até 1977, comandou o Sistema Fieb/Sesi/Senai/IEL com probidade e grandes realizações. Seu mandato coincidiu com a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari e, ao instituir a Medalha de Mérito Industrial Luiz Tarquínio, honrou-me com a primeira láurea, juntamente com Orlando Moscozo Barreto de Araújo, em 1976. 7 Exemplo de disciplina, dedicação ao trabalho e pureza de sentimentos, Nelson Taboada Souza deixou sua marca de idoneidade, moral e liderança empresarial, investindo no progresso da Bahia com dignidade, determinação e altruísmo, ao longo dos seus setenta e um anos de vida. ( TEXTO EXTRAÍDO DA PÁGINA 199 DO LIVRO ‘FAMÍLIA TABOADA NA BAHIA’ ) Arquivo Fieb Norberto Odebrecht e Nelson Taboada em 1976, no Dia da Indústria. 8 MEU PAI, NELSON TABOADA SOUZA Nelson AlmeidaTaboada Presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada Depois das palavras do Dr. Norberto Odebrecht, fica difícil falar qualquer coisa da vida profissional do meu pai. Por isso, vou-me ater somente ao campo das relações familiares e dos ensinamentos que dele recebi. Meu pai foi um homem muito religioso, católico praticante, que tinha um carinho especial pelo bairro onde havia nascido. Muito colaborou, juntamente com seu pai, o irmão Affonso e a irmã Nilza, para que o sonho da construção na nova Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana fosse transformado em realidade, consumada em 26 de julho de 1967, quando a nova casa da padroeira do Rio Vermelho foi solenemente inaugurada. Embora fosse um homem rígido na disciplina e exigente no cumprimento dos deveres, era uma pessoa doce e afável. Nunca o vi perder a calma e nem o cavalheirismo. Nunca o presenciei gritar com quem quer que fosse. Jamais se exasperou comigo, mesmo quando me flagrava praticando alguma travessura de criança. Sabia impor o respeito sem altear a voz. Do seu vocabulário não constavam palavrões ou xingamentos. O que também muito me impressionava, e fui dar bastante valor a isso na fase da minha vida adulta, era a sua maneira de tratar a esposa. Sempre se dirigia a ela com muita delicadeza, como se estivesse na fase inicial do namoro, quando os jovens são mutuamente muito carinhosos. Meu pai e minha mãe viveram numa eterna lua-de-mel. Nunca vi meu pai brigando ou em desentendimento com minha mãe, e vice-versa. Os dois se entendiam de forma maravilhosamente harmoniosa. Até poucos dias da sua morte, ele cultivou o hábito de escrever versos amorosos que eram enviados à amada em cartões acompanhados por buquês de rosas. Ubaldo Marques Porto Filho, biógrafo da família Taboada, que conheceu muito bem meu pai e minha mãe, e vários de seus amigos, soube transportar para este livro o perfil de um 9 Studio Enzo homem que foi muito bem sucedido em todas as áreas de sua atuação, quer no seio empresarial como no familiar. Este livro é uma radiografia completa de Nelson Taboada Souza, meu pai. Carolina Soussa Taboada, única neta de Nelson Taboada Souza, entre os pais: Patrícia Soussa Taboada e Nelson Almeida Taboada, no dia que completou oito anos, em 25 de março de 2009. 10 NELSON TABOADA SOUZA, UM GALEGO-BAIANO Santiago Coelho Rodríguez Campo Presidente da Associação Cultural Caballeros de Santiago Antes de entrar nas considerações sobre o principal personagem deste livro, o saudoso industrial Nelson Taboada Souza, parabenizo seu filho, Nelson Almeida Taboada, pelo extraordinário trabalho que vem realizando na presidência da Casa de Cultura Carolina Taboada, instituição incentivadora e patrocinadora de obras que estão resgatando a memória do Rio Vermelho e a história de uma família que se tornou um dos símbolos desse bairro famoso, descoberto em 1509 por um galego, Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru. FAMÍLIA TABOADA NA BAHIA, obra inaugural da Casa de Cultura Carolina Taboada, narra a epopéia dos três ramos que floresceram na Bahia de uma família oriunda da Galícia. O Rio Vermelho, onde se estabeleceu o pioneiro dos Taboada, ocupa uma posição de destaque na obra publicada em 2008. Foi a primeira que se escreveu sobre uma família galego-baiana e que passou a se constituir numa referência bibliográfica para a colônia espanhola em todo o Brasil. Passou inclusive a ser um exemplo para que outras famílias espanholas perpetuem suas histórias em livros. JOSÉ TABOADA VIDAL, BENEMÉRITO DO RIO VERMELHO, publicado em 2009, foi a primeira biografia de um galego na Bahia. Além de narrar toda a vida desse imigrante, que se transformou numa das personalidades de grande destaque na história do bairro de Caramuru, o livro mostra a importância de José Taboada Vidal na valorização da colônia galega em Salvador. Tive a honra de ser o prefaciador dessa obra, cujo lançamento ocorreu na sede da Associação Cultural Caballeros de Santiago, no dia em que comemoramos o 49º aniversário da sua fundação. NELSON TABOADA SOUZA, BENEMÉRITO DA INDÚSTRIA, publicado agora, mostra a brilhante trajetória de um filho de galegos que nasceu no bairro do Rio Vermelho. Registra também o sucesso do industrial como dirigente classista, que alcançou renome nacional e teve a oportunidade de representar 11 Studio Enzo o Brasil em eventos internacionais. A trilogia dos livros sobre a família Taboada, todos escritos por Ubaldo Marques Porto Filho, além de enriquecer o acervo bibliográfico das instituições culturais, enchem de orgulho toda a colônia galega no Brasil. O livro sobre a vida e obra de Nelson Taboada Souza está saindo num ano muito especial para os galegos e seus descendentes baianos. Neste 2010, estão sendo celebrados os 50 anos de existência da Associação Cultural Caballeros de Santiago, sendo os últimos 21 vividos intensamente no Rio Vermelho, antigo santuário da colônia galega em Salvador, onde o biografado nasceu e, seguindo o exemplo do pai, José Taboada Vidal, transformou-se numa liderança das mais queridas e respeitadas, tendo inclusive uma participação muito grande na construção da atual Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana. Para finalizar, ressalto a importância do bairro do Rio Vermelho, terra natal de Nelson Taboada Souza, pelos seguintes fatos: foi descoberto por um galego, constituiu-se numa importante colônia de galegos, foi onde a família Taboada alcançou projeção e é onde se encontra a sede da Associação Cultural Caballeros de Santiago, difusora na Bahia da cultura hispânica, especialmente a galega. Santiago Rodríguez Campo e Nelson Almeida Taboada, no dia do lançamento do livro ‘Família Taboada na Bahia’, em 1º de novembro de 2008, no Yacht Clube da Bahia. 12 SUMÁRIO 15. ESTUDOS & TRABALHO 16. SÓCIO NA EMPRESA DO PAI 19. RUMO AO SUCESSO EMPRESARIAL 20. ROTARY CLUB DA BAHIA 20. ÁGUA MINERAL DIAS D’ÁVILA 22. CERÂMICA SANTA MARIA 22. CÔNSUL DA BOLÍVIA 23. INDÚSTRIA BAHIANA DE LAJES 24. SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE CERÂMICA 24. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA 30. RECONDUÇÃO À PRESIDÊNCIA DA FIEB 36. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA 37. CENTRO INTEGRADO NELSON TABOADA SOUZA 41. ORDEM DO MÉRITO & MEDALHA DO MÉRITO 41. LEGIONÁRIO DO BEM 42. O DOM DE ESCREVER 68. UM LÍDER CONCILIADOR 70. FALECIMENTO 73. NA GALERIA DOS IMORTAIS DO RIO VERMELHO 75. CRONOLOGIA 77. DIAGRAMAS GENEALÓGICOS 79. ICONOGRAFIA ADENDO: A ESPOSA 114. DIAGRAMA GENEALÓGICO 115. APRESENTAÇÃO 117. A FAMÍLIA 118. UMA JOVEM CARISMÁTICA 120. PRESENÇA MARCANTE 121. EPISÓDIO COM JK 122. CASAMENTO DE 43 ANOS 123. LONGEVIDADE 124. ICONOGRAFIA PARTE FINAL 139. PÓSFÁCIO 142. REFERÊNCIAS 143. ÍNDICE ONOMÁSTICO 149. CRÉDITOS 151. SOBRE O AUTOR 13 14 Nelson com colegas do Colégio Antônio Vieira: é o terceiro, a partir da esquerda, na última fila, no alto, indicado pela seta. Arquivo Família ESTUDOS & TRABALHO Nelson Taboada Souza, quarto filho de José Taboada Vidal e Amália Souza Taboada, nasceu em Salvador, em 13 de setembro de 1911, dia de São João Crisóstomo, na Rua do Raphael 18, em Salvador. Foi batizado na Igreja de Sant’Ana do Rio Vermelho, em 17 de março de 1912, tendo como padrinhos os tios Leonardo e Leonor Taboada Vidal. O soteropolitano do Rio Vermelho, um balneário freqüentado pela elite da capital baiana, aprendeu a ler e escrever com a educadora Alice Ferreira Vieira dos Santos, muito conceituada no arrabalde, onde mantinha uma pequena escola, na própria residência, à Rua do Raphael (atual João Gomes), mesmo logradouro da morada dos Taboada. Ao completar oito anos, idade em que José Taboada colocava os filhos para trabalhar, o menino freqüentava a escolinha da professora Alice num turno e no outro ia cumprir tarefas num dos dois estabelecimentos comerciais do pai: Armazém Rio Vermelho e Confeitaria Oceânica, ambos localizados no Largo de Santana. O primeiro era especializado em tecidos, calçados, perfumes, brinquedos, louças, vidros, livros, presentes, miudezas e um café, o Café Taboada. A Confeitaria trabalhava com doces, queijos, sorvetes, frutas, conservas e um grande sortimento de bebidas nacionais e importadas. Colégio Antônio Vieira No dia 15 de março de 1911, após 152 anos da expulsão dos jesuítas do Brasil, pelo Marquês de Pombal, a Companhia de Jesus recomeçou com as atividades pedagógicas em Salvador. O início foi tímido, com apenas sete alunos no imóvel de número 43 da Rua do Sodré, famoso por ter sido o solar em que o poeta Castro Alves viveu os últimos dias e faleceu, em 6 de junho de 1871. O ano letivo de 1913 começou em outro endereço, na Rua Coqueiros da Piedade 7, com 347 alunos nos cursos primário e ginasial, muitos em regime de internato, pois provinham de outras cidades. Iniciava-se aí uma trajetória que, rapidamente, fez do Colégio Antônio Vieira um dos melhores educandários da Bahia, muito procurado pelas famílias de prestígio social, econômico ou político, que disputavam as vagas para seus filhos. 15 Em 1922, na administração do quarto diretor, padre Antônio Arriano, foi instituída uma premiação anual para colocação dos nomes dos melhores alunos no Quadro de Honra do conceituado estabelecimento. Isso transformava os laureados em celebridades e enchiam seus familiares de orgulho. Em fevereiro de 1922, aos dez anos, Nelson foi estudar no famoso Colégio Antônio Vieira. A convivência com os colegas, nesse colégio de escol, criou laços de amizade que perdurariam e seriam proveitosos no futuro, contribuindo na abertura de portas que facilitariam seu ingresso na conservadora e fechada sociedade baiana. No Antônio Vieira ele fez parte de um grupo que teria participação relevante nos rumos do estado e no cenário nacional, como foram os casos de Antônio Balbino (governador da Bahia e ministro da República), Tarcilo Vieira de Mello (deputado federal e líder do presidente Juscelino na Câmara) e Jorge Amado, o escritor consagrado, membro da Academia Brasileira de Letras. O escritor Paulo Tavares, autor do dicionário ‘Criaturas de Jorge Amado’, preparou depois, a pedido da Fundação Cultural do Estado da Bahia, um segundo trabalho, denominado ‘O Baiano Jorge Amado e sua Obra‘, onde, na página 26, entre os colegas do escritor que tiveram projeção na vida profissional, cita Nelson Taboada. Tavares também relaciona outros nomes, da turma do Colégio Antônio Vieira, que se destacaram como políticos, desembargadores, intelectuais e noutras áreas do saber: José Rolemberg Leite, Henrique da Rocha Almeida, Renato Rolemberg da Cruz Mesquita, Maximiano da Mata Teixeira, Cândido Colombo Cerqueira, Mirabeau Sampaio, Hélio Simões, Antônio Vieira de Mello, Paulo Peltier de Queiroz e Giovanni Guimarães. Um outro colega foi Tarquínio de Oliveira Gonzaga, que também residia no Rio Vermelho, num palacete da Rua do Raphael. SÓCIO NA EMPRESA DO PAI Nelson poderia ter ingressado numa faculdade e obtido o prestigioso ‘anel de doutor‘. Pelo talento que carregava, sem dúvida alguma, seria um advogado de renome. Mas não era esse o seu desejo. Trazia no sangue, como forte herança, 16 a vocação comercial. Alimentava ambições de tornar-se um grande empresário, ser um ‘doutor em negócios‘. Porém, esse anel não se obtinha em nenhum curso superior. Para transformar o sonho em realidade o caminho, necessariamente, passava por um outro tipo de aprendizado, fora das lides acadêmicas. O percurso obrigava embrenhar-se pela ‘faculdade livre do trabalho‘. E seu pai possuía duas bem montadas unidades no campus do Rio Vermelho: um armazém e uma confeitaria. Começou então a ‘estudar‘ em tempo integral, tendo a colação de grau ocorrido em 9 de agosto de 1933, dia em que foi admitido como sócio na firma José Taboada & Cia. Estava prestes a completar 22 anos quando se transformou no primeiro e único dos herdeiros de José Taboada a conquistar essa distinção, um privilégio que o colocava, embora fosse o quarto no segmento dos nascimentos, na condição de líder entre os irmãos. Pouco depois, quando o pai comprou a Pastelaria Globo e o colocou na gerência, chegou o momento do teste definitivo. Nelson teria que demonstrar competência longe da influência paterna, distante do professor que, no Rio Vermelho, acompanhava o desempenho do aluno bem de perto, interferindo inclusive no dia-a-dia. Na Baixa dos Sapateiros seria diferente, todas as decisões deveriam ser tomadas diretamente pelo gerente. Nelson deu à Pastelaria Globo um sopro de renovação e dinamismo, conseguindo atrair novos clientes. O bar da pastelaria se transformou logo numa atração especial e passou a ser freqüentado por gente importante. Os elegantes boêmios da época, dentre eles Enéas Guedes, o conhecido Guedão, muito contribuíram para consolidar a Globo como ponto de referência na Baixa dos Sapateiros, que se constituía num dos locais chiques da cidade. Humberto Porto e Tarquínio Gonzaga, amigos de Nelson, desde a infância no Rio Vermelho, tornaram-se freqüentadores assíduos. Humberto, exímio no piano e no violão, havia formado com Dorival Caymmi o Bando da Lua, conjunto musical de sucesso em Salvador. Todos os seus integrantes também podiam ser vistos na pastelaria. Tarquínio, bacharel em direito e filho do famoso advogado Ubaldino Gonzaga, reescreveu, em 1993, aos 82 anos, o depoimento que havia cedido para o livro ‘Rio 17 Vermelho‘, publicado em 1991. Ei-lo na versão ampliada: Na Baixa dos Sapateiros Foi numa mesa da Pastelaria Globo que Humberto Porto, inspirado numa belíssima morena, compôs “Na Baixa dos Sapateiros”. Dedilhando o seu inseparável violão, Humberto passou a cantarolar a letra toda vez que ia à pastelaria. De tanto ouví-la, o Nelson Taboada chegou um dia a pedir-lhe, em tom de brincadeira: “Dê um merecido descanso à morena da Baixa dos Sapateiros. Por favor, cante outras músicas!” Quando foi tentar a sorte musical no Rio de Janeiro, o compositor levou na bagagem dezenas de composições, a maioria inspirada no Rio Vermelho e na Baixa dos Sapateiros. Tornou-se conhecido quando a marcha “A Jardineira”, que fez em parceria com Benedito Lacerda, estourou no carnaval de 1939. Um ano antes, Carmem Miranda havia lançado um sucesso chamado “Na Baixa do Sapateiro”, com autoria creditada a Ary Barroso, compositor nascido em Ubá, Minas Gerais. Nas minhas idas ao Rio encontrava-me com o Humberto, sempre em bares e no meio dos amigos cariocas. Achava que ele estava levando uma vida cada vez mais desorganizada e tumultuada. Num dos encontros, um de seus amigos disse-me que o Brigadeiro (apelido adquirido no Rio por causa dos casos que criava) vendia músicas nos momentos dos apertos financeiros. As crises aconteciam toda vez que ele gastava a mesada antes da chegada da próxima, que o pai enviava mensalmente. Humberto dizia que compositor não ganhava dinheiro. Na última vez que estive com o querido amigo do Rio Vermelho convidei-o para almoçar comigo, sem a presença de terceiros. Pelo andamento da conversa, percebi que alguma coisa o atormentava profundamente. Talvez fosse a eterna crise financeira, com certeza agravada com o falecimento do pai, pois interrompeu a remessa das mesadas salvadoras. Em dado momento, começamos a ouvir pelo rádio do restaurante a música “Na Baixa do Sapateiro”, na voz de Sílvio Caldas. Aproveitei a oportunidade para perguntar-lhe, de chofre: O que aconteceu com a música “Na Baixa dos Sapateiros”, que você gostava de cantar na pastelaria do Nelson Taboada? Eis a resposta: “Vendi ao Ary Barroso, num dia em que precisava de dinheiro, pois estava sem um tostão no bolso! Mas ele fez alterações, colocou a Baixa dos Sapateiros no singular e acrescentou algumas frases!”. Poucos meses depois, já em Salvador, recebi a notícia do trágico falecimento de Humberto Porto, cognominado “o 18 poeta da saudade”, pois em quase todas as letras inseria a palavra saudade. Suicidara-se no Rio de Janeiro, na tarde de 25 de setembro de 1943, aos 35 anos de idade, com uma dose de veneno, ingerida na Praia da Urca. Salvador, setembro de 1993. Tarquínio de Oliveira Gonzaga RUMO AO SUCESSO EMPRESARIAL Em 1º de abril de 1939, ao adquirir as cotas de Joanny Garde, Nelson entrou como sócio da Vieira Lemos & Cia., com escritório na Rua Portugal 17, 1º andar, Comércio. A empresa atuava na representação de guloseimas, tendo como carrochefe o afamado Chocolate Pan. E nessa época ele já estava de casamento marcado com Maria Antonieta Cardoso de Almeida, que morava no Rio Vermelho. O matrimônio foi na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em 13 de setembro, dia em que o noivo completava 28 anos. O casal foi residir numa casa alugada, na Rua Luiz Anselmo 11, Matatu de Brotas, pertencente a um parente, José Ramón Taboada Dominguez. Embora fosse uma empresa modesta, de pequeno porte, a Vieira Lemos foi a janela pela qual Nelson enxergou o mundo das representações. Vislumbrou que esse campo proporcionava boas oportunidades fora dos tradicionais balcões das lojas, armazéns, confeitarias, pastelarias e bares. Enfim, convicto de que a nova atividade poderia mudar o curso da sua vida, e também dos irmãos Adelino e Affonso, chamou-os para que entrassem na sociedade. Em agosto de 1940, as quotas do sócio principal, José Vieira Lemos, foram então adquiridas e a empresa transformada na Irmãos Taboada & Cia., com os seguintes cotistas: 1. Nelson Taboada Souza (40%); 2. Maria Antonieta Almeida Taboada (20%); 3. Adelino Taboada Souza (20%); 4. Affonso José Taboada Souza (20%). Com essa razão social foram conquistadas novas representadas e a empresa ingressou no segmento dos produtos farmacêuticos e de instrumentos cirúrgicos, que iriam se transformar no filé da sua existência. Em maio de 1941, com Irmãos Taboada colhendo os primeiros êxitos comerciais, nasceu Nelsinho, ensejando uma grande alegria para Nelson e Antonieta. Porém, cinco meses depois, sobreveio a primeira 19 tristeza na família, com o falecimento da matriarca, Amália Souza Taboada. Em agosto de 1946 outra morte abala os Taboada: O irmão Adelino teve um infarto fulminante dentro de um restaurante na cidade de Aracaju. Com um ritmo cada vez mais evolutivo na representação dos medicamentos e equipamentos cirúrgicos, a empresa ganhou vasta credibilidade no mercado e consolidou-se como empresa líder no setor. Com o nome já firmado e conceituado, Nelson inicia, em 1954, um novo ciclo na sua vida profissional com a abertura, em sociedade com Lafayete Coutinho, da Empresa Imobiliária e Construtora Senhor do Bonfim. No ano seguinte constitui a Corretagens Castor. ROTARY CLUB DA BAHIA O 3 de agosto de 1953 teve um significado muito especial para o empresário. Esse dia marcou seu ingresso no Rotary Club da Bahia, um clube de serviço de origem americana que funcionava como verdadeiro termômetro de prestígio, formado por lideres de vários setores da comunidade. Por isso, ser admitido no Rotary valia como passaporte para o ingresso no fechado círculo da elite social e econômica. E Nelson saberia aproveitar a oportunidade do privilégio que lhe fora concedido. Muito inteligente, comunicativo, cativante, carismático e dinâmico, conquistou assento na alta sociedade da capital baiana. No Rotary Club da Bahia sua atuação era de destaque, tanto que, antes de completar sete anos de admitido, foi eleito presidente em 30 de junho de 1960. Exerceu o mandato de um ano com proficiência exemplar, valorizando o companheirismo rotário, disseminando a fraternidade e o dever da solidariedade com as comunidades sofridas. Foi um dos fundadores da Escola Rotary, construída para prestar assistência educacional às crianças carentes. ÁGUA MINERAL DIAS D’ÁVILA Foi um cientista jesuíta, padre Camilo Torrend, quem descobriu as propriedades especiais das águas de uma fonte 20 no distrito de Dias D’Ávila, município de Camaçari. Mais tarde, para sua exploração empresarial, foi criada, em 31 de maio de 1957, a Água Mineral Dias D’Ávila Ltda., registrada na Junta Comercial do Estado da Bahia em 14 de junho de 1957, com cinco cotistas: Marcelo Gedeon, Nelson Taboada Souza, Carlos Guedes Gagliano, Giovanni Tambone e Justiniano Antônio Luiz dos Santos Granjo. Para que pudesse ser comercializada, havia necessidade da licença federal, que teve uma tramitação rápida graças a interveniência do deputado federal Tarcilo Vieira de Mello, líder do governo JK na Câmara e fraternal amigo de Nelson desde os tempos em que foram colegas no Colégio Antônio Vieira. A autorização foi concedida em 7 de dezembro de 1957, tendo saído em nome do sócio que era cacauicultor e dono das terras onde ficava a água classificada como “mineral fluoretada hipotermal na fonte”. Eis o primeiro artigo do Decreto 42.767, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek e pelo ministro da Agricultura, Mário Meneghetti: Art. 1º - Fica autorizado o cidadão brasileiro Marcelo Gedeon a lavrar água mineral hipotermal, em terreno de sua propriedade, no lugar denominado Dias D’Ávila, distrito de Dias D’Ávila, município de Camaçari, Estado da Bahia, em duas áreas distintas, perfazendo o total de 6,40 hectares, na Avenida João Alfredo. A vila de Dias D’Ávila, elevada à condição de distrito em 30 de dezembro de 1953, constituía-se numa florescente estação de veraneio para importantes famílias da capital baiana, que chegavam atraídas pela excelência climática e pelas águas do Rio Imbassay, consideradas terapêuticas. A charmosa localidade, a 11 km da sede municipal, também atraía visitantes por causa dos ‘banhos na lama medicinal‘ desse rio. Além da via rodoviária, chegava-se a Dias D’Ávila pelos trilhos da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, no tronco da linha Salvador-Alagoinhas. Nelson Taboada foi um dos que construiu residência para veraneio no local e contribuiu de forma decisiva para que, através da Lei 1625, sancionada pelo governador Juracy Magalhães, em 22 de fevereiro de 1962, o distrito fosse transformado na Estância Hidromineral de Dias D’Ávila. Por último, foi um dos 21 incentivadores da implantação da primeira unidade hoteleira turística na região, o Hotel Balneário Dias D’Ávila, idealizado e implantado pela Solar Comércio e Imóveis, empresa que também comandava. Tudo isso, evidentemente, deveu-se ao sucesso da água envasada na forma natural e gaseificada. Classificada como ‘a mais leve do Brasil‘, a empresa transformou essa qualificação privilegiada num slogan de sucesso, que muito contribuiu para expandir a fama da estância localizada a 54 km de Salvador. Nelson permaneceu durante treze anos como dirigente da Água Mineral Dias D’Ávila, cujo crescimento determinou sua transformação numa sociedade anônima. Em 1970, o industrial vendeu sua participação acionária para poder concentrar vultosos investimentos na Indústria Bahiana de Lajes S.A. CERÂMICA SANTA MARIA O espírito empreendedor de Nelson não pára, pois cria em 1958 a empresa Representações de Máquinas e Peças (Remap), que seria gerenciada pelo filho de apenas 17 anos, mas já demonstrando uma excepcional visão empresarial. Em janeiro de 1959 Nelson liderou a constituição de outro empreendimento, a Cerâmica Santa Maria, em sociedade com o irmão Affonso. Depois, o filho Nelson Almeida Taboada entrou com um sócio e passou a comandar a empresa. Localizada em Camaçari, a 4 km da sede municipal, a Santa Maria viria a se constituir na maior fabricante de blocos e telhas da Bahia, com o conceito de oferecer produtos tecnicamente perfeitos. Por isso, tornou-se a fornecedora preferida pelos construtores que exigiam material de primeiríssima qualidade. A procura era tanta que os grandes pedidos tinham de ser feitos e pagos antecipadamente, para entregas programadas, sempre religiosamente cumpridas nos prazos acordados. CÔNSUL DA BOLÍVIA Estreitamente unidos pelos laços do amor, Nelson e Antonieta formavam um casal perfeito e muito querido na sociedade. Elegantes e bem relacionados, os dois se destacavam 22 pela fidalguia e como anfitriões de escol. A combinação desses fatores foi decisiva no momento que o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia analisou o perfil das personalidades indicadas para a escolha de quem seria o cônsul honorário da Bolívia em Salvador. A preferência recaiu em Nelson Taboada Souza, tendo a nomeação sido assinada em 14 de março de 1965. Em 11 de setembro de 1971, Nelson encaminhou à Embaixada da Bolívia no Brasil o pedido de exoneração da função de cônsul. Alegou que, em função de ter sido eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, não teria mais tempo disponível para continuar cuidando dos interesses do país andino. Na verdade, ele não quis manter um título, que muito lhe honrava, não quis continuar gozando dos privilégios de pertencer ao corpo consular, não quis continuar fazendo uso de um automóvel com placa especial e nem continuar usufruindo dos passaportes diplomáticos, para si e à esposa, sem poder oferecer a devida contrapartida em serviços. Desprendido de vaidades, agiu eticamente de forma muito correta. Dois anos após ter deixado o cargo, a colônia boliviana – reconhecendo o bom trabalho desenvolvido por Nelson nos seis anos e meio em que foi cônsul –, prestou-lhe significativa homenagem no dia 6 de agosto de 1973. Outorgou-lhe um diploma como forma de agradecimento pelos “relevantes serviços e extraordinária contribuição prestados aos bolivianos residentes no Estado da Bahia”. INDÚSTRIA BAHIANA DE LAJES Em 19 de abril de 1966, Nelson liderou, com a participação executiva do filho economista, a fundação da Indústria Bahiana de Lajes (IBL), com a seguinte composição societária: 1. Nelson Taboada Souza (33,4%); 2. Nelson Almeida Taboada (33,3%); 3. Affonso José Taboada Souza (33,3%). A IBL provocou uma revolução nos métodos da construção civil na Bahia. Com uma fábrica instalada em Camaçari, iniciou a produção de peças pré-moldadas, oferecendo com isso opção para os construtores encurtarem o tempo de suas obras e 23 reduzirem os custos. Com o desenvolvimento do sistema financeiro da habitação, comandada pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), a utilização dos pré-moldados cresceu vertiginosamente, levando a IBL a ficar conhecida como uma das grandes empresas nesse setor, a maior no Norte-Nordeste do país. Inicialmente a indústria baiana fez uso de uma marca franqueada, a Lajes Volterrana, de renome no Sul. Depois passou a comercializar a sua própria marca, IBL, produzida com a mesma fidelidade e garantia, numa fábrica localizada no Parque Rural Ascensão, em Pau da Lima, subúrbio de Salvador, onde empregava em torno de 300 operários. Posteriormente, foi transferida para uma área maior, com 120 mil metros quadrados no Centro Industrial de Aratu, e ampliou para 500 o quadro de operários. SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE CERÂMICA Identificado com os ideais do associativismo, acreditando no poder da política classista e na eficácia das ações conjuntas, Nelson tratou de colocar em prática essas convicções. Reuniu os industriais baianos que se encontravam dispersos, sem voz e sem poder representativo, e com eles criou a Associação das Indústrias de Cerâmica no Estado da Bahia, sendo o seu primeiro presidente. A iniciativa constituiu-se no passo inicial para a aglutinação das forças setoriais que desejavam a fundação, ocorrida em 4 de maio de 1966, do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção de Olaria, de Ladrilhos Hidráulicos e de Produtos de Cimento, Mármores e Granitos da Bahia, que Nelson presidiu e filiou à Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Como delegado do Sindicato das Indústrias de Cerâmica, no Conselho de Representantes da Fieb, Nelson Taboada Souza teve o caminho aberto para fazer parte da chapa encabeçada por Ulisses Barbosa Filho, que disputou e venceu as eleições na Fieb em 14 de setembro de 1966. Seu cargo na Diretoria era de 24 2° vice-presidente. Em 20 de setembro de 1968, concorrendo em chapa única, Ulisses Barbosa Filho foi reeleito presidente, que agora passava a ter mandato trienal. Nelson continuou fazendo parte da Diretoria, como 1° vice-presidente. Nos dois mandatos de Ulisses, Nelson Taboada teve destacada atuação, sempre presente às reuniões, sempre trabalhando em prol do engrandecimento da entidade e sempre atuante na defesa dos interesses da classe industrial. Por duas vezes, durante as viagens do titular, assumiu a presidência da Fieb. Por ter sido um vice-presidente dinâmico, disseminador da concórdia, aglutinador de forças e com trânsito livre em todos os grupos, foi o nome de consenso para suceder Ulisses na composição de uma nova chapa única, eleita em 6 de outubro de 1971. Dirigentes da Fieb (Triênio 1971-1974) Diretoria Presidente: Nelson Taboada Souza 1° Vice-Presidente: Miguel José Vita 2° Vice-Presidente: Rubens Lins Ferreira de Araújo 3° Vice-Presidente: Othelo Priori 4° Vice-Presidente: Ulisses de Carvalho Graça 1° Secretário: Manuel Portugal dos Santos Neto 2° Secretário: Adalberto de Souza Coelho. 1° Tesoureiro: José do Patrocínio Coelho de Araújo 2° Tesoureiro: Albertino Manso Dias 3° Tesoureiro: Edvaldo Rodrigues Paim Suplentes: Guilhermino de Freitas Jatobá, Filemon Santos Silva, Hans Tosta Schaeppi, Fernando Costa d’Almeida, Carlos Anthero Sá Jardim, Albertino Araújo Pitiá, Oleone Andrade Pereira, Gerardo Dias Macedo, Luiz Antônio da Silva Sá e Ricardo Vieira Pereira. Conselho Fiscal Efetivos: José Vieira Nascimento, Mário Amerino da Silva Portugal e Antônio Carballido Presa. Suplentes: Geraldo Meyer Suerdieck, Humberto Hermida Rodrigues e Luciano de Arruda Cabral. Delegados junto à CNI Efetivos: Nelson Taboada Souza e Ulisses Barbosa Filho. Suplentes: Rubens Lins Ferreira de Araújo e Renato Augusto Novis. 25 Em 11 de setembro de 1971, Nelson Taboada assumiu a presidência da Fieb e, por extensão, tornou-se presidente do Conselho Regional do Serviço Nacional da Indústria (Senai/ Bahia), diretor regional do Serviço Social da Indústria (Sesi/ Bahia) e diretor regional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/Bahia). Em suma, enfeixou o comando de um sistema formado por siglas importantes: Fieb, Senai, Sesi e IEL. No dia 13 de outubro, na primeira reunião com os diretores da Fieb, fez o seguinte pronunciamento: Sendo hoje a primeira reunião da Diretoria recémeleita, gostaria de conversar com vocês antes de entrarmos na apreciação do expediente do dia. Estamos perfeitamente conscientes das responsabilidades inerentes ao cargo que acabamos de assumir, por imposição de uma maioria, sem que para isto tivéssemos pleiteado ou disputado. Mas, já que o aceitamos, sabemos que para corresponder a confiança que nos depositaram, teremos, muitas vezes, que sacrificar horas de nossas atividades particulares. É o tributo do cargo. Muita gente julga que somos bem remunerados ou que devemos gozar de tranqüila situação financeira. É evidente que se enganam. Se nós não tivéssemos, através dos anos, adquirido o espírito de servir, não estaríamos hoje aqui para nos preocuparmos em dar a melhor solução aos problemas da indústria baiana. O pagamento que vamos aceitar é a compreensão dos companheiros industriais, para que no fim do nosso mandato estejamos credenciados a receber, como moeda, a gratidão de todos. Iremos companheiros, iniciar nossos trabalhos hoje mesmo, no calor da estima e do respeito mútuo, aceitando as decisões da maioria após o diálogo livre, sem constrangimentos ou atitudes que possam transparecer. Estaremos discutindo e decidindo em conjunto os assuntos do interesse geral da indústria. Nossa preocupação constante deverá ser no sentido de verificarmos e personalizarmos nossa Federação, para que possamos merecer sempre a admiração e o apreço dos nossos companheiros industriais. Da parte desta presidência, estejam certos, não serão poupados esforços para conduzir os trabalhos da nossa Fieb no melhor clima de harmonia e acatamento das decisões da Diretoria. 26 Estejam certos que não será pela coincidência de nos encontrarmos na presidência da Fieb que modificaremos nossas atitudes de comportamento. Sabemos até onde chegam as responsabilidades do cargo. O mandato de Nelson coincidiu com a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari – o segundo que se instalava no país, uma conquista do Governo do Estado e da classe empresarial –, que colocava a Bahia em posição de destaque no cenário da economia nordestina, com repercussão nacional. E Nelson passou a ter a responsabilidade de liderar a representação da indústria baiana no processo de consolidação do complexo petroquímico. Porém, sua participação não se restringiu aos empreendimentos de grande porte. Paralelamente, trabalhou pela valorização das médias e pequenas indústrias e, fundamentalmente, em favor da formação de uma mão-deobra especializada e também em benefício dos trabalhadores e suas famílias. Numa retrospectiva da gestão de Nelson como presidente do Sistema Fieb, pode-se, de maneira condensada, destacar as iniciativas a seguir enumeradas. 1. Estudos, Pesquisas e Assistência Técnica: Com o objetivo de assistir às pequenas e médias empresas, no âmbito da estruturação de projetos, captação de recursos e programas operacionais, foi criado o Centro de Assistência à Média e Pequena Indústria (Campi). 2. Treinamentos: Foram ministrados dezenas de cursos, voltados ao aprimoramento da mão-de-obra, para as indústrias localizadas na Região Metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Serrinha e Itabuna. 3. Convênios: Visando ampliar a capacidade de atendimento em diversos segmentos, foram firmados convênios com a Ufba, Secretaria Estadual de Educação, Secretaria Estadual de Saúde, Campanha Nacional de Alimentação Escolar, Instituto Nacional do Seguro Social, Instituto Brasileiro de Investigação do Tórax e Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho. 4.Valorização do Industriário: Por meio de uma base triangular, formada pelo Senai, Sesi e IEL, a Fieb desenvolveu e aprimorou dezenas de programas nos setores da formação 27 profissionalizante, capacitação funcional, pesquisa tecnológica, intercâmbio técnico, segurança no trabalho, higiene industrial, serviço médico e odontológico, assistência escolar, promoção humana, difusão cultural e artística, entretenimentos diversos, campanhas sócio-educativas e competições esportivas. O time de vôlei do Sesi, formado por operários, ganhou diversos títulos disputados em outros estados. 5. Promoção Industrial: O ‘Cadastro Industrial da Bahia‘, elaborado desde 1966, sofreu uma completa reformulação, tendo a edição de 1973 sido lançada com 5.306 indústrias localizadas na Bahia. A publicação ‘100 Grandes Empresas Baianas‘, também foi revista e atualizada, passando a reunir o perfil sumário das ‘200 Maiores Empresas Baianas‘. Visando prestar informações, identificar oportunidades de negócios e assessorar exportações, foi editado o trabalho ‘Bahia, Produtos de Exportação‘, que teve repercussão internacional. 6. Jubileu de Prata: Pelo transcurso dos 25 anos de fundação da Fieb e do Sesi/Bahia, estiveram reunidos em Salvador, de 25 a 29 de novembro de 1973, os membros do Conselho de Representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O encontro fez convergir à Bahia as atenções das mais importantes lideranças industriais do país. Também como parte da efeméride, realizou-se em Salvador, com êxito total, a I Olimpíada Operária Baiana, com disputas nas seguintes modalidades esportivas: futebol de campo, futebol de salão, basquete, vôlei, natação, atletismo, corrida rústica, tênis de mesa e dama. 7. Reformas e Ampliações: No Estádio Presidente Dutra, na Avenida Luiz Tarquínio, em Salvador, foram construídas arquibancadas cobertas para 2 mil pessoas e colocada a iluminação para jogos noturnos; no Clube do Trabalhador, em Salvador, foi construído um parque aquático; o Centro Social João Marinho Falcão, em Feira de Santana, recebeu uma reforma geral; e o Auditório do Sesi, em Salvador, também foi contemplado com reforma completa. 8. Construções: Foram construídos os Pavilhões de Artes Gráficas e Mecânica de Autos, no Centro Profissional Luiz Tarquínio, em Salvador. 9. Artesanato: Objetivando a valorização do artesanato 28 baiano, procurando preservar a autenticidade e as características que o tornaram famoso e, sobretudo, visando transformá-lo numa fonte de receitas para o fortalecimento da renda familiar do trabalhador, foram criados o Centro de Estudos e Pesquisas Artesanais e o Centro de Formação Artesanal. Os dois núcleos foram instalados num solar no Caminho de Areia, em Salvador, tendo como anexo um prédio construído para os cursos de formação dos artesãos e o desenvolvimento das atividades de produção. Diário de Notícias, 25.03.1972 (Salvador, página 6) Pignatari agradece O industrial Francisco “Baby” Pignatari, presidente da Caraíba Metais, sensibilizado com as manifestações de incentivo da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, enviou o seguinte telegrama ao presidente da Fieb, Nelson Taboada: “Manifestações patrióticas como as retratadas no telegrama da ilustre diretoria da Federação das Indústrias da Bahia, representada pelo seu dinâmico presidente, são o penhor de que assim, estimulados por tão significativa solidariedade, nossos esforços, na implantação do projeto Caraíba Metais, serão redobrados, buscando a solução do cobre baiano e nacional. Obséquio aceitar, e transmitir ilustres pares, nosso profundo agradecimento. Francisco Pignatari” Revista O Cruzeiro, 30.11.1973 (Rio de Janeiro, página 87) Bahia Descendente de espanhol de boa cepa, cedo se impôs à Bahia, pelo seu trabalho sério, por sua sobriedade e por sua isenção. O empresariado foi buscá-lo na modéstia em que se esconde, para fazê-lo seu líder, escolhendo, numa eleição em que a unanimidade foi consagradora, para a presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Falo de Nelson Taboada. É necessário ver-se a obra que realiza. Agora, nos vinte e cinco anos de vida da Fieb, ele entrega à Bahia, e ao seu operariado, um Centro de Formação Artesanal que nos coloca na vanguarda, por suas instalações e 29 por seu equipamento. Taboada está certo. As elites dirigentes devem entender que, cuidando do homem e dando-lhe ampla assistência social, trabalha-se pela preservação da ordem, da tranqüilidade e assegura-se a produção que faz a prosperidade. Aqui, o patrão entendeu isso e dá ao obreiro educação, habitação, assistência médico-hospitalar e até recreativa, pois nem só de pão vive o homem, como dizia nosso filósofo José da Silva. Há, certamente, patrões recalcitrantes. Mas o trabalho de um Nelson Taboada redime os maus. Clodomir Leite Diretor da Sucursal Leste RECONDUÇÃO À PRESIDÊNCIA DA FIEB O sucesso da administração Nelson Taboada fez surgir, no Conselho de Representantes da Fieb, um movimento para reconduzí-lo à presidência da entidade. Uma notícia, num informativo de circulação dirigida, foi a senha de que o desejo da classe industrial era por mais um mandato para Nelson. Informe do Empresário, 22.07.1974 (Salvador, página 2) Eleições em outubro na Fieb Aproximam-se as eleições na Federação das Indústrias do Estado da Bahia, atualmente dirigida pelo industrial Nelson Taboada Souza, cuja administração vem se destacando por grandes realizações em benefício da classe industrial baiana. Sobressaem-se ainda as gestões que a Fieb vem fazendo junto ao Governo do Estado, oferecendo valiosos subsídios no que dizem respeito aos problemas dos sistemas fiscais e de incentivos. Acredita-se que, diante desse trabalho sério, venha o senhor Nelson Taboada a ser reconduzido à presidência da Fieb, o que poderá refletir a confiança do industrial baiano nesse líder empresarial, que bem soube colocar a entidade representativa da indústria na Bahia numa posição de efetiva participação no processo de desenvolvimento do Estado. Com o título ‘Industriais querem Nelson Taboada reeleito na Fieb‘, o Diário de Notícias informou que o industrial havia recebido uma carta, assinada por todos os representantes dos sindicatos patronais que compunham o colégio eleitoral da Fieb, 30 formalizando seu nome para um novo mandato presidencial. Diário de Notícias, 30.08.1974 (Página 3) A Carta Senhor Nelson Taboada, Por volta de 1962, foi iniciado na Bahia um movimento de grande significado para as suas classes empresariais, objetivando uma renovação completa na nossa Federação das Indústrias. Com a maior satisfação constatamos, decorridos 14 anos, que os sacrifícios, então realizados, foram amplamente recompensados, em razão mesmo da imagem de que desfruta a nossa entidade de classe como legítima representante de uma nova mentalidade industrial neste Estado. Temos a convicção de que o êxito, inconteste, obtido deve-se à fidelidade constante que os condutores desse processo de renovação sempre mantiveram para com os princípios e ideais que deram origem ao próprio movimento. Nunca devemos nos afastar desses princípios, sob pena de trairmos o que neles há de mais autêntico. Se o fizermos, comprometeremos suas bases morais, e, como conseqüência lógica, destruiremos, com as nossas próprias mãos, toda uma imagem de idealismo edificada com seriedade, persistência, dedicação e sincera confiança na causa defendida. Entre esses princípios, destaca-se o da necessidade da periódica renovação dos homens que dirigem as entidades de classe. Nada mais correto. A dinâmica administrativa está sempre a exigir constantes modificações e reformas. E a estagnação é o primeiro passo a ser dado em direção ao retrocesso. Temos plena consciência dessa verdade. A nossa Fieb muito sofreu, no passado, com as conseqüências de um injustificado continuísmo. A ele não mais retornaremos. Interpretando o pensamento dos legítimos participantes desse processo de renovação da nossa Fieb, ao lançar seu honrado nome como candidato à reeleição para Presidente da entidade, tornava-se indispensável uma retrospectiva da marcha do nosso movimento, para salientar a necessidade da sua permanência, por mais um período, à frente dos destinos da Fieb. Quando julgamos necessário a sua permanência, por mais um mandato, como representante de um movimento de renovação, é porque sentimos que sua presença, ao invés de refletir um esboço de continuísmo, há de se entender como mais um esforço no sentido da defesa dos próprios ideais de renovação. 31 A obra que está sendo realizada pelo ilustre companheiro, principalmente nos setores do Sesi e do Senai, não deve sofrer solução de continuidade e é justo que seja concluída na sua administração. Suas qualidades pessoais, que o têm distinguido como industrial honesto e operoso, nos asseguram que teremos, no seu novo mandato, o prosseguimento dessa política de renovação. Assim, temos a certeza de que será assegurado à nossa Fieb o papel de destaque como organismo básico e central do Sistema Fieb/Sesi/Senai/IEL. Confiamos que a nossa Federação receba, cada vez com maior entusiasmo, o tratamento consentâneo com a sua importância. Até mesmo porque as metas políticas, definidas pelo movimento de renovação, devem ser altamente prioritárias. E é através da Fieb que se desenvolve essa atuação. Além disso, o crescente desenvolvimento industrial do nosso Estado faz com que a Fieb continue a ampliar, de modo cada vez mais acentuado, o seu campo de atuação, para o que se torna indispensável o constante reaparelhamento de sua estrutura técnico-administrativa. Para isso, fique certo o ilustre companheiro que não faltará, à futura Diretoria da Fieb, o decidido apoio dos industriais da nossa terra. Estamos inteiramente à vontade para lhe delegar essa nova missão. Conhecemos e admiramos a sua honestidade de propósitos, que servir sempre foi o lema que orientou os seus passos como empresário e homem público. Muito confiamos na sua nova e renovadora missão. Assinado: Representantes dos 17 Sindicatos filiados à Fieb. Em 27 de setembro de 1974, Nelson foi reeleito pela unanimidade dos delegados. A solenidade de posse ocorreu no dia 11 do mês seguinte, no auditório do Sesi, que ficou pequeno para receber o grande número de industriais e pessoas de destaque na comunidade empresarial baiana e nacional, além de diversas autoridades civis e militares, dentre elas o ex-governador Luiz Viana Filho, o governador Antônio Carlos Magalhães e o prefeito Clériston Andrade. Dirigentes da Fieb (Triênio 1974-1977) Diretoria Presidente: Nelson Taboada Souza 1° Vice-Presidente: Adalberto de Souza Coelho 2° Vice-Presidente: Manoel Augusto Leone 32 3° Vice-Preidente: Othelo Priori 4° Vice-Presidente: Fernando Costa d’Almeida 1° Secretário: Ulisses de Carvalho Graça 2° Secretário: Ricardo Vieira Pereira 1° Tesoureiro: Albertino Manso Dias 2° Tesoureiro: Edvaldo Rodrigues Paim 3° Tesoureiro: Antônio Walter dos Santos Pinheiro Suplentes: Geraldo Meyer Suerdieck, Sérgio Eduardo Lemos Heeger, Raimundo Dória de Vasconcellos, Antônio José de Carvalho Silva, Albertino Araújo Pitiá, Dímpino da Purificação Carvalho, Renato João Pellegrino, Rubem Segundo da Cunha Passos, Arnaldo do Faro Franco e Jobel dos Passos Prazeres. Conselho Fiscal Efetivos: José Vieira Nascimento, Mário Amerino da Silva Portugal e Antônio Carballido Presa. Suplentes: Fernando José Sá Jardim, Gerardo Dias Macedo e Luiz Antônio da Silva Sá. Delegados junto à CNI Efetivos: Nelson Taboada Souza e Ulisses Barbosa Filho. Suplentes: Manoel Augusto Leone e José da Costa Falcão. Considerado como dirigente de altos desígnios, voltados ao desenvolvimento industrial e ao bem-estar social dos trabalhadores, com ações nos campos da educação, saúde e lazer, Nelson Taboada também consolidou a Fieb como entidade de classe integrada ao esforço do progresso da Bahia. Ampliando o raio de atuação, a Fieb participava ativamente das discussões de ordem socioeconômica nos fóruns regionais e nacionais. Fazia-se presente em reuniões, mesas-redondas, seminários e congressos, diligenciava por apoios creditícios à produção e por incentivos às exportações baianas. No segundo mandato, Nelson incrementou as relações do projeto Universidade-Indústria, tendo como canal o IEL, que intermediava a seleção e colocação de estagiários universitários à disposição das empresas. A grande importância desse programa residia nas oportunidades que oferecia às partes: à indústria, em dispor de mão-de-obra treinada a custo baixo; e aos recémformados, de serem contratados como profissionais de nível superior. No âmbito interno, foi implantado em Salvador o Centro Diesel do Nordeste Roberto Simonsen, com capacidade instalada para 642 treinandos, nas áreas da mecânica geral de automóveis e mecânica de motores diesel. Criou-se também o 33 Centro Móvel de Treinamento do Senai (Cemot), destinado à oferta de cursos volantes em mecânica para autos. Com o objetivo de homenagear personalidades que tivessem contribuído para o engrandecimento da Bahia, Nelson instituiu a Medalha do Mérito Industrial Luiz Tarquínio, que passou a ser a maior honraria concedida pela Fieb. Os primeiros laureados, numa solenidade realizada em 25 de maio de 1976, Dia da Indústria, foram os empresários Orlando Moscozo Barreto de Araújo e Norberto Odebrecht. A medalha e o mérito O conceituado jornalista Adroaldo Ribeiro Costa mantinha, há anos, uma coluna no jornal A Tarde. Na edição do dia 6 de junho de 1976, ele discorreu sobre a instituição da Medalha do Mérito Industrial Luiz Tarquínio. Um neto do homenageado, Luiz Eugênio Tarquínio, também jornalista, remeteu uma carta a Adroaldo, que a publicou na íntegra, no artigo desse dia. Eis um trecho: Meu caro Adroaldo: Luiz Tarquínio morreu há 73 anos e, portanto, nada pode oferecer, além do que já deu. A família que deixou, e os membros que ainda vivem, não têm condições de proporcionar quaisquer benefícios, a quem quer que seja. Não há políticos entre nós e, portanto, não há favores a conceder. Não há empregos a distribuir. A homenagem prestada pela Fieb a Luiz Tarquínio é pura, porque não visa, nem pode visar, recíprocas. Leve esta bola até Nelson Taboada e diga-lhe que um neto de Luiz Tarquínio comoveu-se ao saber que ainda existem homens com tanta pureza em suas decisões. Luiz Eugênio No tocante ao setor patrimonial, no segundo triênio comandado por Nelson Taboada foram concluídos e inaugurados diversos empreendimentos, com destaque para os seguintes: 1. Clube de Praia Augusto Viana Ribeiro dos Santos, no subúrbio de Coutos, município de Salvador, numa zona residencial operária próxima ao Centro Industrial de Aratu. 2. Ginásio Coberto Morvan Dias de Figueiredo, no Centro Social Reitor Miguel Calmon, no Largo do Retiro, em Salvador, que também ganhou um grupo escolar de primeiro grau. 34 3. Centro de Medicina Social Gilberto Mendes de Azevedo, junto ao Clube do Trabalhador e do Centro de Formação Artesanal, no bairro de Itapagipe, em Salvador. 4. Praça de Esportes e Parque Aquático, no Centro Social João Marinho Falcão, em Feira de Santana. 5. Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho, em Simões Filho, a maior obra do Sesi-Senai na Bahia. Moção de louvor Na sua última reunião, sob a presidência de Nelson Taboada, a Diretoria da Fieb aprovou a seguinte moção de louvor: É grato aos diretores da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, do triênio 1974/1977, manifestar ao amigo e companheiro Nelson Taboada Souza, o apreço e a admiração pela maneira com que se houve na Presidência, enaltecendo a Entidade, através de uma administração eficiente, correta e digna, atendendo sempre aos superiores interesses da indústria baiana e pugnando pelas suas legítimas reivindicações. Fez-se credor, assim, do nosso reconhecimento e da homenagem de todos quanto lutam pelo desenvolvimento sócio-econômico do nosso Estado. A despedida dos funcionários Ao término do segundo mandato, os funcionários dos órgãos integrantes do Sistema Fieb prepararam uma grande festividade no Ginásio Morvan Dias de Figueiredo, no Largo do Retiro. Bonita e comovente, a homenagem foi a prova inconteste do quanto Nelson Taboada era querido. Houve um desfile de diversas equipes esportivas e exibições artísticas, culminando com um espetáculo de dança moderna, encenado por um grupo de filhas de operários da indústria. No final, sob o aceno de centenas de lenços brancos, a platéia entoou uma música muito popular para o presidente que deixava o comando do sistema formado pela Fieb, Sesi, Senai e IEL. Muito emocionado, Nelson deixou o recinto ouvindo “Quem parte / Leva saudades / De alguém / Que fica chorando de dor”, primeiro verso da composição ‘Está Chegando a Hora’, versão de uma valsa mexicana (Cielito Lindo), feita em ritmo de marcha-samba por Rubens Campos e Henricão. Sucesso no carnaval de 1942, na voz de Carmen Costa, a música se transformou num ícone imorredouro na boca do povo, que a eternizou como símbolo de despedidas. 35 Nelson Taboada, um idealista Um idealista que sabia impor idéias sem ser arrogante. Era um homem de elevada estatura moral e respeitado em todos os segmentos sociais e econômicos. Um idealista voltado aos legítimos interesses da Bahia, da classe industrial e da família industriária. Um idealista que dirigiu a Fieb com visão progressista e que deixou como exemplo uma administração pautada por uma lisura irretocável. Geraldo Meyer Suerdieck Ex-presidente do Grupo Suerdieck Ex-presidente do Sindicato da Indústria do Fumo CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA Na CNI, Nelson Taboada foi delegado da Fieb durante nove anos (1971-1980). Integrou o Conselho Fiscal (1974-1977) e como vice-presidente participou da Diretoria no triênio 19771980. Representou o Brasil em dois eventos internacionais: na Suíça, como um dos conselheiros técnicos do Brasil, esteve na 60ª Reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizada no Palácio das Nações, em Genebra, de 4 a 26 de junho de 1975, que reuniu 140 países. Fez parte do grupo da Comissão de Resoluções, que apreciou 23 propostas encaminhadas por países membros da OIT, num trabalho de 22 dias consecutivos, nos quais as delegações analisaram problemas internacionais e questões visando o aprimoramento das relações de trabalho entre empregadores e empregados. De 14 a 17 de maio de 1978, Nelson chefiou a delegação brasileira que foi ao Chile participar do XVI Congresso das Indústrias Latino-Americanas, na cidade de Viña del Mar, quando foram debatidos temas da maior importância para a América Latina. Por duas vezes, em janeiro e março de 1978, por motivo de viagens do presidente Domício Velloso da Silveira, Nelson respondeu pela titularidade do órgão de representação máxima da indústria brasileira. Na segunda ocasião coube-lhe receber o príncipe Charles no dia 9 de março, para um almoço na sede da CNI, no Rio de Janeiro. Na presença de dirigentes da entidade, vários empresários importantes e diversas personalidades, o herdeiro da coroa britânica foi agraciado com a Medalha do Mérito Industrial. Ao entregá-la, Nelson fez o seguinte registro: 36 A Confederação Nacional da Indústria tem a insigne honra de conferir a Sua Alteza Real, o Príncipe de Gales, a Medalha do Mérito Industrial, em seu mais alto grau, e que, pela primeira vez, é concedida a uma personalidade de país estrangeiro. A distinção enobrece esta Casa, pois a Inglaterra, na tradição secular, é, por todos, considerada o berço da civilização industrial. Em resposta à saudação do presidente da CNI, o príncipe Charles declarou: Apraz-me receber esta Medalha do Mérito Industrial, que reflete as excelentes relações comerciais e industriais entre a Grã-Bretanha e o Brasil. Fico-lhe imensamente grato, Senhor Taboada, pela gentileza em oferecer-me este almoço hoje e espero que minha presença aqui não tenha causado excessivas interrupções na movimentada programação dos industriais. Acho que deve ser sempre muito difícil para uma organização como a Confederação Nacional da Indústria saber o que fazer com um visitante como eu, que não representa um negócio em particular e com quem é impossível ter, como dizem, discussões comerciais frutíferas. Entretanto, o negócio que represento existe há bastante tempo e trata hoje de coisas de interesse humano e não de natureza particularmente comercial ou política. Estou aqui como um representante da Grã-Bretanha e espero que talvez me seja possível contribuir com algo para o maior fortalecimento dos antigos laços de respeito mútuo que existem entre nossos dois países desde o início do século XIX. CENTRO INTEGRADO NELSON TABOADA SOUZA Num terreno em área nobre do município de Camaçari, com 500 mil metros quadrados, adquirido no segundo triênio da presidência de Nelson Taboada, o Sesi e o Senai construíram dois complexos para atender empresas e empregados do Pólo Petroquímico e áreas adjacentes. Projetado na gestão de Nelson, o Centro Integrado SesiSenai de Camaçari foi concebido para ser um empreendimento gigantesco, dividido em dois blocos: o Parque Poliesportivo do Sesi, com ginásio coberto, quadras, piscinas e um campo de futebol, para recreação dos trabalhadores e suas famílias: 37 e a Escola Profissionalizante do Senai, para formação e treinamento da mão-de-obra industrial. Em edição especial, o Boletim Industrial (Nº 313, 1983), editado pela Fieb, publicou as seguintes notícias: Sesi e Senai inauguram mais um Centro Integrado Por resolução dos conselhos regionais do Sesi e Senai, o Centro Integrado localizado em Camaçari foi denominado “Nelson Taboada Souza”. Nada mais justa esta homenagem que essas entidades prestam a um dos mais dinâmicos administradores do Sistema Fieb-Sesi-Senai-IEL, que, com a sua capacidade de trabalho desenvolveu, em duas gestões, uma atividade voltada para o crescimento das entidades da indústria na Bahia. Durante seis anos, de profícua administração, o industrial Nelson Taboada Souza, desenvolveu ações, juntamente com a sua equipe de trabalho, no sentido de aparelhar as instalações do Sesi e Senai, a fim de propiciar aos usuários e familiares condições compatíveis no campo da saúde, da educação, do lazer e da formação e aperfeiçoamento da mão-deobra. Assim é que, consciente desta realidade, executou um programa de descentralização das atividades do Sesi e do Senai, atingindo a área da Grande Salvador e dos principais pólos industriais do Estado, a exemplo de Simões Filho, Camaçari e Feira de Santana , além de deixar programada a implantação de unidades do Sesi e do Senai em outras localidades. No momento que se inaugura o Centro Integrado Nelson Taboada Souza, o Sesi e o Senai, representando o reconhecimento do trabalhador baiano, perpetuam o nome do ilustre industrial, que ficará para sempre na memória da classe operária da Bahia como exemplo digno de devoção à causa dos que trabalham pelo engrandecimento da Bahia. Moção do Presidente da Fieb Com obstinação, perseverança e esforço inusitados para sua sempre modesta e serena personalidade, Nelson Taboada Souza realizou, como dirigente máximo da classe industrial baiana, uma obra notável, construindo, incorporando, ampliando e instalando unidades do Sesi e do Senai. Ao assumir a presidência, em 1971, o patrimônio do Sesi constava de 43.864 metros quadrados de terrenos e de 9.625 metros quadrados de áreas construídas. Ao encerrar sua profícua gestão, o patrimônio atingia a 671.108 me38 tros quadrados de terrenos e 20.592 metros quadrados de construções, em forma de centros de atividades e unidades escolares de formação de mão-de-obra para a indústria. Nelson Taboada implantou a maior unidade Sesi-Senai do Estado, o Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho; a sede da Divisão do Serviço Social; o Centro de Formação Artesanal; o Centro de Medicina Social; e o Clube de Praia do Trabalhador, para citar apenas alguns dos mais importantes. Seu modesto temperamento, sua honradez, seu espírito humanista e sua vontade firme de realizar marcaram sempre suas decisões na presidência da Fieb, com exemplar atuação tanto local, como a nível nacional. Por mais de uma vez assumiu o exercício da presidência da Confederação Nacional da Indústria, tendo chefiado, também, a delegação brasileira em reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Zurique, na Suíça. Por sua dedicação à causa da indústria e da promoção social do trabalhador brasileiro – que provou e comprovou durante sua gestão na Fieb – propomos o nome do eminente cidadão e empresário para denominar o Centro Integrado Sesi-Senai em Camaçari, cujo terreno, com área de 500 mil metros quadrados, foi adquirido em sua gestão, quando também foi elaborado o projeto arquitetônico original de sua futura sede. Fernando Costa d’Almeida A inauguração do Centro Integrado Nelson Taboada Souza ocorreu no dia 4 de março de 1983, na presença do homenageado e das mais destacadas personalidades dos setores empresarial, político e social da Bahia, além de diversas autoridades do cenário nacional. Registro do Presidente do CNI É altamente significativa para o Sistema CNI-Sesi-Senai-IEL, a inauguração desse Centro Integrado. De um lado, estamos homenageando um companheiro que, pelo seu esforço, pela sua inteligência, pela sua capacidade de trabalho e, sobretudo, pela força extraordinária do seu bom senso, muito tem honrado a classe industrial brasileira. Nelson Taboada não é apenas um nome que se inscreve entre os industriais da Bahia. Transpôs as fronteiras do seu Estado, ocupando a vice-presidência da CNI, cuja presidência teve o ensejo de assumir por mais de uma vez, tendo, inclusive, na sua interinidade, recebido, na Confederação, Sua Alteza Real, o Príncipe Charles da Inglaterra. Se a sua atuação como líder industrial, tanto o distinguiu, com o seu trabalho, como homem de empresa, é um exemplo vivo de tenacidade, de luta 39 e de confiança nos destinos do homem e da terra brasileira. Albano Franco Testemunho do Governador É uma honra presidir esta solenidade, onde o grande homenageado é o nosso querido Nelson Taboada Souza, que sempre honrou a indústria baiana, sempre foi um artífice da solidariedade humana, sempre foi um partícipe dos acontecimentos baianos, desde o seu querido Rio Vermelho. Em toda parte onde ele esteve só fez amigos. Poderia dizer que, na sua tabuada só existe a soma, pois só fez somar. Por isso, aqui estamos todos, para, antes de tudo, homenageá-lo e, acima de tudo, dignificá-lo e marcar para sempre a sua presença como homem da indústria e homem público. Antônio Carlos Magalhães Bênção da Igreja Antes do ato da bênção das instalações do Centro Integrado Nelson Taboada Souza, o monsenhor Gaspar Sadoc fez uma saudação ao homenageado, proferindo as seguintes palavras: “Esta casa está com o nome de Nelson Taboada. Fiz questão, impus a mim mesmo a alegria de estar aqui. Meus compromissos, que não eram poucos, foram todos cortados. Eu queria estar aqui e, Deus seja louvado, aqui estou, aqui estou para ver como é que pode o homem fazer ao homem, não depois que morre. A gente deve fazer homenagens aos vivos, precisamos reconhecer agora. É por isso que aqui me enlevo de alegria vendo Nelson Taboada sendo reconhecido pelos seus trabalhos. Trabalho de homem generoso e bondoso, cristão sincero, aquele que não mistura as coisas e não se compromete com a mentira. Agradeço a Deus pela vida de Nelson Taboada, não só pelo que ele fez aqui no Sesi e Senai, mas pelo que ele fez para o grande mundo da comunidade, principalmente nas comunidades dos bairros do Rio Vermelho, Barra e Vitória, onde ele é um ponto de referência para a verdadeira edificação dos outros. É um homem que constrói, o grande construtor. Este prédio, por qualquer motivo, pode desaparecer, por circunstâncias das mais variadas. Nelson Taboada não desaparecerá. O nosso Governador, com a sua eloqüência e com a sua inspiração, disse que a tabuada de Nelson só faz somar. Poderia acrescentar que tem também o multiplicar e o dividir. Ninguém como Nelson sabe dividir as coisas que tem e o coração que possui.” 40 ORDEM DO MÉRITO & MEDALHA DO MÉRITO No decurso de sua vida Nelson foi alvo de uma série de homenagens. Uma das mais importantes foi-lhe concedida pelo Governo da Bahia. Em solenidade realizada no Palácio da Aclamação, no dia 15 de março de 1975, recebeu das mãos do governador Antônio Carlos Magalhães a Ordem do Mérito da Bahia, no grau de Comendador, conforme decreto de 17 de fevereiro de 1975, publicado no Diário Oficial do Estado, no dia 21 deste mesmo mês. Em 3 de setembro de 1976 recebeu a Medalha do Mérito Industrial Roberto Simonsen, concedida pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria. A outorga foi em reconhecimento ao trabalho desenvolvido no Sesi/Bahia, onde Nelson incrementou as atividades voltadas à prestação de serviços aos industriários e seus dependentes. Nos agradecimentos, Nelson fez a declaração abaixo. Este é um momento raro, muito especial para os meus sentimentos de homem simples, que sabe valorizar as atenções de que é alvo e as benesses com que é premiado. Este é um momento precioso da minha vida profissional e privada, no qual ouço clara e sonoramente aquela frase magistral de Ruy Barbosa: “Bendita seja, Senhor, a mão que sobre mim tantas bênçãos tem derramado!” LEGIONÁRIO DO BEM Em 12 de janeiro de 1977, na inauguração do Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho, que Nelson construiu em Simões Filho, o monsenhor Gaspar Sadoc da Natividade foi quem ministrou a bênção das instalações. Ao iniciar a celebração, Padre Sadoc, como é chamado o melhor orador sacro da Bahia, referiu-se ao presidente da Fieb como ‘Legionário do Bem‘. Eis uma parte do que disse: Este homem, Nelson Taboada, aqui presente, é o que a Bahia tem de melhor. Para ele, neste instante, eu dou a bênção especial de Jesus, porque não é de hoje, nem de ontem, que 41 o conheço e que sigo sua trajetória, trazendo sempre a alegria do Cristo pelo que ele tem feito pela comunidade. Chamarei este homem, Nelson Taboada Souza, em nome de quem vim benzer esta casa, em nome do qual Cristo abençoa este povo, de ‘Legionário do Bem‘. O DOM DE ESCREVER Nelson era conhecido pela exuberância da caligrafia, inconfundível, com letras grandes e bem legíveis, que obedeciam técnicas dos tempos em que a arte de escrever à mão fazia parte de uma disciplina do currículo escolar primário. Como também possuía o dom de escrever com facilidade, exercitava-o com intensidade, em correspondências profissionais e cartas para amigos e familiares. Com sólida formação católica, gostava de escrever poesias religiosas. Para o Natal elaborava primorosas mensagens, onde pregava os sentimentos de fraternidade, compreensão, amor e paz. Também escrevia versos amorosos, dedicados à esposa Antonieta, que os recebia pelo menos uma vez na semana. Junto ao afetuoso cartão, sempre com inéditas declarações de amor, seguia um buquê de flores, geralmente rosas. Nelson cultivava esse romantismo desde o aparecimento em Salvador da primeira floricultura especializada em presentes. Quando se tornou empresário importante, os jornalistas ficavam impressionados quando o procuravam para entrevistas. Encontravam um homem cordial, atencioso e dotado de vasta cultura humanística, rica em conhecimentos gerais, em assuntos econômicos, em gestão empresarial e ciente dos acontecimentos nacionais e internacionais. Os jornalistas saiam do seu gabinete de trabalho com uma certeza: Nelson Taboada era muito inteligente, bem informado e bastante preparado. Na presidência da Fieb passou a ser frequentemente solicitado para escrever artigos técnicos. Produziu dezenas, que foram publicados em jornais e revistas de vários estados. Por força do cargo, quando passou a ter necessidade de discursar publicamente, ele mesmo escrevia seus pronunciamentos. Fazia-os em casa, levando os manuscritos para a secretária datilografar, a fim de que pudesse ler nas ocasiões especiais, em que o tema não lhe permitia falar de improviso. A seguir, 42 encontra-se uma coletânea de 13 discursos, selecionados entre os muitos que proferiu a partir da assunção à presidência da Fieb. Posse na Fieb Salvador, 11.10.1971 Quiseram vocês que nos coubesse a honra de sermos investidos no cargo de Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia e, por extensão, Presidente do Conselho Regional do Senai, Diretor Regional do Sesi e Diretor Regional do Instituto Euvaldo Lodi, para o triênio l971/1974. O júbilo natural, legítimo, que a lembrança do nosso nome nos incute, será, afianço-lhes, com a ajuda de Deus, o estímulo forte na disposição em que nos achamos, de manter bem alto, ao nível dos magníficos exemplos legados pelos nossos antecessores, o prestígio e a tradição da nossa Federação. Recebo, sensibilizado, de suas mãos, meu caro companheiro Ulisses Barbosa Filho, a presidência desta entidade, exercida por você com tanto zelo, probidade e inteligência, no período 1966/1971. Durante este tempo, permanecemos harmonizados em torno de princípios de conduta, sinceridade, bom-senso e respeito mútuo. Foi isso, estou certo, que motivou, da sua parte, a indicação do meu nome para substituí-lo. Meu caro Ulisses,você foi um presidente da melhor estirpe. Sua habilidade de se fazer admirado e respeitado, o brilho de sua inteligência, a inconteste capacidade de liderança e o invejável empresário que você é, permitiram-lhe fazer uma administração que ficará marcada para sempre, como exemplo dos mais dignificantes. Pela sua magnífica administração, você se credenciou ao nosso permanente reconhecimento, admiração e apreço. Aceite, pois, as nossas homenagens, confiante em que não o decepcionaremos e, sempre que preciso fôr, na continuidade ou não do seu trabalho na Fieb, o convocaremos para, com sua experiência, ser o nosso conselheiro. Companheiros da Diretoria: Quando se reveza a guarda que zela pelos destinos da nossa Fieb, não é demais uma palavra de fé e de estímulo, de união e de confiança. Cônscios de nossas responsabilidades, continuaremos sempre a marcha da Fieb na conquista dos seus mais elevados objetivos, e, em clima permanente de união e entendimento, onde não medram tendências dissolventes, empregaremos todos os nossos esforços, no sentido de vivificarmos e personalizarmos a Federação das Indústrias 43 do Estado da Bahia, propiciando maior aproximação dos industriais, através da nossa constante vigilância em torno dos seus interesses. Possuídos do espírito de servir à nossa classe e à coletividade da nossa querida Bahia, procuraremos corresponder plenamente à confiança que nos depositam e, embora reconheçamos nossas limitações, face a todos os seus problemas, contamos que elas serão compensadas pelo nosso espírito associativo, pela nossa crença na filosofia rotária do “Dar de si antes de pensar em si” Meus Senhores: Embora os atos de transmissão de cargo tragam consigo um caráter de rotina, desejamos neste momento aproveitar essa oportunidade para, na qualidade de presidente de uma Diretoria recém-eleita, transmitir aos senhores a certeza de que nos achamos perfeitamente cônscios das responsabilidades inerentes a tão importante cargo. À frente dos destinos da Fieb, quer na sua coordenação, quer na defesa, proteção e representação legal dos industriais, quer, ainda, colaborando com os poderes públicos e demais entidades, no sentido da solidariedade social e da sua subordinação ao interesse nacional, eu lhes asseguro, que os nossos esforços não serão poupados. Seguramente, para o fortalecimento desta representação, iremos necessitar da conscientização efetiva dos sindicatos filiados, de modo a podermos ajudar a Bahia no seu extraordinário processo de industrialização, mantendo-o em liderança, e, assim, correspondendo aos apelos dos nossos governantes que tiveram a feliz idéia de criar o grande centro industrial baiano – o CIA. Senhores Industriais: De acordo com o I Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para 1972/1974, o elenco das realizações nacionais para o período oferece “visão global do que a Nação ditou a si própria como tarefa básica” e, dentre elas, será meticulosamente delineada a Estratégia Industrial, que visa: fortalecer o poder de competição da indústria nacional; fortalecer a empresa privada nacional; e acentuar o papel da indústria como instrumento de transformação tecnológica dos demais setores. Na execução da política industrial, sabemos que é preocupação do Presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, que o progresso industrial seja promovido assegurando, “pari passu”, o bem-estar do trabalhador, oferecendo-lhe melhores condições de vida e maiores facilidades na produtividade. Os trabalhadores representam papel preponderante no processo do nosso desenvolvimento econômico. 44 É bom de ver-se, pois, o papel relevante que os industriais de todo o país irão desempenhar nesta hora histórica da vida nacional, em que a Bahia se fará presente com toda a pujança do seu desenvolvimento econômico. Aliás, as metas da política industrial da “Grande Salvador” já foram divulgadas pelo nosso Governador Antônio Carlos Magalhães, quando em recente pronunciamento definiu-as no desenvolvimento do parque petroquímico – classificando-o de um processo irreversível – e na construção de novos distritos industriais nas cidades de Feira de Santana, Juazeiro, Jequié, Vitória da Conquista e Itabuna. Senhor Governador: Nossa palavra de comando é de apoio total à política de integração econômica e social do governo de Vossa Excelência, inteiramente dedicado aos altos objetivos da emancipação econômica da nossa querida Bahia, de modo a por um fim aos desníveis ainda existentes. Meus Senhores: Não é este o momento de apresentar um plano de trabalho, ou uma plataforma de metas a atingir no período do mandato. Todavia, ao Senai e ao Sesi, a par de nossa palavra de estímulo e de confiança, nos dirigimos com certeza plena de que, na nossa gestão, cumprirão com a maior dedicação as tarefas que lhes competem dentro dos seus elevados objetivos. O Senai, como entidade da indústria, tem que acompanhar as mutações do mercado de trabalho, procurando preparar mão-de-obra adequada às necessidades imediatas e às reposições inevitáveis. Assim, através de pesquisas que diagnosticaram tais necessidades, e com projeções para os três próximos anos, já dimensionamos nossas áreas prioritárias de ação durante o nosso mandato. Quanto ao plano de obras civis, o Centro de Formação Profissional Luiz Tarquínio será complementado com a construção de dois novos pavilhões, de Eletricidade e Construção Civil, e a ampliação do de Mecânica, para proporcionar maior número de vagas e melhor atender à demanda cada vez maior de mão-de-obra especializada. Projetamos também construir um novo pavilhão para o Cedine, pois o atual já não atende às necessidades mais elementares, bem como construir uma nova subestação, para atender a demanda de energia elétrica das novas oficinas. Também pretendemos construir um centro de formação profissional no Centro Industrial de Aratu, onde já dispomos de um terreno com 10 mil metros quadrados. No Centro de Formação Profissional de Feira de Santana iremos complementar as obras de urbanização. 45 Na programação de cursos, pretendemos intensificar a interiorização do Senai, levando carros volantes às diversas regiões do Estado e trazendo bolsistas aos de formação existentes. A integração Empresa/Senai, através dos centros de treinamentos criados nas empresas pelo Senai, também será intensificada. A conjugação de esforços no projeto Empresa/ Senai é realmente a solução para que o trabalho do Senai seja aprimorado e seus cursos ampliados. Assim, nos próximos três anos, esperamos atingir todas as indústrias com mais de 200 operários, criando nas mesmas um centro de treinamento. No que se refere à aprendizagem de menores, o Senai continuará atuando nessa área, procurando integrar-se mais ainda no plano educacional, obedecendo a reforma estabelecida na Lei de Diretrizes e Bases. Ao Sesi, dedicaremos particular atenção. A realidade baiana, até bem pouco tempo, não justificava uma expansão das áreas atendidas pelo Sesi, já que a maior concentração industrial se localizava no município de Salvador. Com o advento do processo da industrialização, resultante da política de incentivos fiscais adotada pelo Governo, através da Sudene, começaram a surgir outros pólos de desenvolvimento industrial, que já reclamam uma participação maior do Sesi no interior do Estado, especialmente nos municípios de Simões Filho (área do CIA), Camaçari, Lauro de Freitas e Feira de Santana. Consciente da responsabilidade desta participação, o Departamento Regional do Sesi planeja os meios de adequar seus préstimos à realidade baiana, estabelecendo como seus principais objetivos: 1. A conscientização dos usuários para sua importância como membros importantes da sociedade, a fim de que participem, de maneira mais coordenada, do processo de conquista do bem-estar social e econômico; 2. A incrementação das atividades existentes nas áreas de ensino e de educação fundamental, com ênfase especial à formação para o artesanato; 3. A intensificação das atividades de medicina e odontologia preventivas, especialmente nos campos da Medicina Ocupacional, Higiene Industrial, Educação Sanitária, Higiene Dentária Infantil e Segurança do Trabalho; 4. A expansão das atividades esportivas e recreativas, que possibilitem a melhoria, cada vez mais acentuada, do desenvolvimento físico e associativo dos usuários. Tais objetivos deverão ser atingidos através da aplicação de recursos materiais e humanos existentes, com a reformulação dos critérios até então adotados, visando o ajustamento da política traçada pelas Diretrizes Gerais de Ação. Assim, aos vários departamentos do Sesi, cada um na sua esfera de ativi46 dade, dedicarei toda atenção. Eis, Senhores, o que me cabia lhes dizer neste momento tão importante e tão desvanecedor para mim, que me vejo alçado às culminâncias desta presidência. Agradeço a presença honrosa de quantos aqui vieram abrilhantar a solenidade, muito especialmente ao Senhor Governador e demais autoridades presentes ou representadas. Às Senhoras: Rendo com ternura as expressões das minhas homenagens, pelo brilho que suas amáveis presenças emprestaram a este ato, e, ao fazê-lo, reverencio-me com todo respeito às vossas delicadezas e sentimentos, porque através da simpatia, graça e beleza, podeis transformar desejos da humanidade em força universal. Recorrendo à encantadora bondade das senhoras, convido-as à associarem-se à minha esposa, Antonieta Taboada, na homenagem muito especial que tributamos à senhora Ulisses Barbosa Filho, ao oferecer-lhe uma singela lembrança em flores, como alta significação da amizade que lhe dedicamos. Muito obrigado. Missão Espanhola Salvador, 12.04.1972 Os fatos se encarregaram de demonstrar, sobejamente, na era que vivemos, que cada vez mais se faz necessária a integração dos diversos sistemas econômicos que constituem as nações, no sentido de se alcançar, como objetivo comum, maiores taxas de desenvolvimento. Em nível internacional, a conjugação de esforços, a troca de experiências e o intercâmbio de capitais, tendem, cada vez mais, a se constituírem em variáveis da maior importância no processo de crescimento econômico. Os mais diversos sistemas de cooperação internacional se tornam dia-a-dia mais importantes e mais eficientes em todos os quadrantes. Estas constatações se fazem necessárias no momento em que, em nome dos industriais baianos, damos as boas-vindas à Missão Econômica integrada por tão destacadas personalidades dos meios empresariais espanhóis e, sobretudo, quando toda a nação brasileira se acha empenhada no gigantesco esforço para o desenvolvimento nacional. Para nós baianos é um prazer muito grande recebê-los em nossa terra. Já conhecemos muito bem o valor e a amizade do povo espanhol, que na Bahia se acha representado por uma expressiva colônia galega, na qual me incluo, uma vez que meus pais nasceram na província de Pontevedra. As atividades dos primeiros comerciantes de origem ga47 lega, que se estabeleceram na Bahia, foram responsáveis por uma série de transformações na economia do Estado, principalmente na sua capital. A introdução de novas práticas de comércio e, particularmente, de uma alta dose de dinamismo e senso prático, trouxeram grandes e inestimáveis benefícios à comunidade baiana. Atualmente, importantes setores do nosso comércio, e da indústria, se constituem numa resultante direta da contribuição recebida dos espanhóis da Galícia e seus descendentes. Porém, a maior contribuição do povo espanhol, para com a nossa terra, não tem se resumido apenas no campo especificamente comercial. Cultural e socialmente sua colaboração tem sido também importante, atingindo inclusive o setor da saúde, através do Hospital Espanhol, um dos mais completos de Salvador, mantido pela Real Sociedade Espanhola de Beneficência. A visita que nos fazem diversos dirigentes de algumas das mais importantes empresas e entidades ligadas aos meios empresariais da Espanha, é, sem dúvida alguma, uma excelente oportunidade para que esses vínculos se aprofundem ainda mais. E disto temos certeza. Aliás, o próprio empenho do Banco do Nordeste do Brasil e, no caso da Bahia, do Governo do Estado, através da Secretaria da Indústria e Comércio, visando o mais completo êxito desse programa, falam por si só. Na qualidade de Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, não poderia também deixar de me referir à importante cooperação espanhola no campo da formação e treinamento da mão-de-obra para a indústria baiana. Hoje, no Senai, existem quase duas dezenas de máquinas operatrizes doadas, através de convênio, pelo Governo Espanhol. Elas integram o Centro de Mecânica Avançada do Senai. Finalizando, formulamos à tão ilustre comitiva que nos visita, votos de uma estada feliz, ao tempo em que esperamos sejam proveitosos os entendimentos diretos que serão mantidos com empresários locais, em benefício dos interesses comuns. Treinamento de Universitários Salvador, 18.12.1972 Estamos hoje, neste findar de ano, encerrando mais um curso, dentro do nosso Programa de Treinamento de Universitários. Esse programa visa complementar os ensinamentos pelas universidades, contribuindo assim para a formação de uma mão-de-obra melhor qualificada. Ainda nos seus primeiros passos no campo da integração Universidade/Indústria, o Instituto Euvaldo Lodi vem buscando a contribuição por parte de outras entidades, a fim de 48 melhor desenvolver seus programas de ação. Assim é que, para a realização do Programa de Treinamento de Universitários, unimos nossos esforços ao Senai e à Setrabes. Com o Senai, entidade também da indústria, como o IEL, realizamos 17 cursos diversos, com a participação de 276 universitários. Com a Setrabes, órgão do governo estadual, implementamos este ano um programa de dois cursos sobre Segurança e Higiene do Trabalho, um sobre Sistemas Construtivos Empregados na Arquitetura Tradicional Brasileira e este que hoje encerramos, sobre Leitura de Plantas. Tivemos, nesses quatro cursos, a participação de 170 alunos. Contamos ainda com a colaboração do Ministério da Marinha, que nos proporcionou um curso sobre Cartografia, para 35 universitários, no Instituto de Geociências da Ufba. Enfim, o Programa de Treinamento de Universitários fecha 1972 com um total de 22 cursos e 481 participantes. Queremos, nesta oportunidade, agradecer a colaboração dos professores, instrutores, ao Diretor do Departamento de Mão-deObra da Setrabes, Edgar Viana, e ao Secretário do Trabalho e Bem-Estar Social do Estado, doutor Bernardo Spector, pela valiosa contribuição que propiciou ao êxito do programa. O entusiasmo com que os universitários procuram o IEL, em busca de cursos para complementação dos ensinamentos acadêmicos, nos anima a continuar com o Programa de Treinamento. A esses jovens, rendemos também nossas homenagens. A fim de abrilhantarmos o encerramento das nossas atividades deste ano, no campo do treinamento de universitários, convidamos o comandante Alberto de Oliveira para nos privilegiar com uma aula sobre Poluição das Águas, tema do mais vivo interesse para o nosso Estado, onde a indústria se desenvolve em ritmo acelerado. Temos certeza de que, com seu profundo conhecimento do assunto, o conferencista irá proporcionar, aos industriais e universitários aqui presentes, ensinamentos valiosos. Muito obrigado a todos. I Olimpíada Operária do Sesi Salvador, 25.11.1973 Há vinte e cinco anos, homens de muita visão e profundo espírito público, após instalarem a Federação das Indústrias do Estado da Bahia, implantavam em nossa cidade o Serviço Social da Indústria, ou simplesmente Sesi, como é nacionalmente conhecido. Os trabalhadores baianos passaram a gozar dos benefícios da entidade que já funcionava no Sul. Daí para cá, o Departamento Regional do Sesi tem expandido seus serviços, já tendo chegado a Feira de Santana, se49 gundo pólo industrial da Bahia. Nesse processo de crescimento, a entidade esteve sempre fiel aos seus objetivos primordiais, quais sejam: Educação, Saúde e Lazer aos trabalhadores da indústria e seus familiares. Na verdade, esses três objetivos podem ser sintetizados numa única atividade: o Esporte, que aproximando as pessoas e os povos proporciona, ao lado de amplos ensinamentos sobre o comportamento humano, a manutenção da boa forma física e saudável entretenimento, divertindo não só aqueles que o praticam, nas diversas modalidades, mas também aos que assistem o desenrolar das competições, torcendo, vibrando e incentivando os atletas, no mais completo e integrado dos espetáculos. Consciente desses fatos e coerente com a sua filosofia de ação, o Departamento Regional do Sesi não poderia deixar de incluir o Esporte nas comemorações do seu Jubileu de Prata e aqui está a I Olimpíada Operária. Primeira porque, embora diretamente ligada a um evento que para nós é muito importante, ou seja, os 25 anos de existência do Sesi na Bahia, a Olimpíada se repetirá todos os anos, promovendo o mesmo congraçamento entre os participantes da festa que iremos assistir, tendo como estrelas os atletas e os espectadores, todos envolvidos num espírito olímpico. Prazerosamente, na condição de empresário, identificamos 14 das nossas indústrias atendendo ao convite para a I Olimpíada Operária do Sesi. Se pequeno parece o número, longe de desalentar encontra-se. Tranqüiliza-nos a informação histórica de que também foi pequena a primeira Olimpíada Grega, realizada em 776 a.C., em um único dia, com apenas uma modalidade esportiva. Porém, na análise insuspeita dos historiadores, o evento tornou-se o congraçamento humano mais regular e duradouro. Prezados Atletas: O Serviço Social da Indústria, através do seu Departamento Regional, manifesta nesta promoção, de indiscutíveis resultados sociais, sua participação na política de bem-estar do Governo Federal, que redescobre no esporte o instrumento promotor da paz social, sem a qual não se fará o desenvolvimento de um povo. Ao lado dessa contribuição, que se configura também como objetivo do Sesi, o Departamento Regional da Bahia vos promete, como já disse, não somente repetir esse evento anualmente, mas, sobretudo, dar um incentivo substancial às programações esportivas, estimulando-as ininterruptamente. Para tanto, esta administração vem se empenhando de maneira decisiva. Este estádio é uma prova: foram construídas as arquibancadas e encontra-se em fase de instalação a iluminação para jogos noturnos. Quero ainda, nesta oportunidade, quando mais se 50 acentua a importância desta promoção, tão bem aceita pelos trabalhadores e, agora, já definitivamente incorporada ao calendário esportivo da Bahia, dizer da minha inabalável confiança no operariado baiano, externando ainda os melhores votos de que as competições atinjam suas reais finalidades e que se realizem com o mais absoluto êxito, em clima de congraçamento, beleza e respeito, norteados pelo lema das Olimpíadas Modernas: “O essencial não é vencer, mas competir com lealdade, cavalheirismo e valor”. Com estas palavras, declaro aberta a I Olimpíada Operária do Sesi/Bahia. Encontro Regional da Indústria Fortaleza, 11.02.1974 Cumprindo a grata satisfação de falar em nome dos companheiros industriais, dos assessores e de todo o pessoal de apoio presente ao Encontro Regional da Indústria Nordestina, impõe-se, inicialmente, expressar os aplausos dos industriais ao Governador César Cals, não só pela maneira fidalga de sua acolhida, mas, sobretudo, pelo ensejo que nos proporcionou de conhecer sua opinião em torno da problemática nordestina de desenvolvimento econômico e social. Em verdade, esse Encontro foi orientado pela filosofia de identificação dos pontos de estrangulamento da economia do Nordeste, ao tempo em que eram apontadas sugestões e esquemas visando a correção das distorções existentes no sistema. O Governador César Cals, ao apontar distorções de ordem setorial, como a lentidão na expansão do setor agrícola e a migração desordenada de mão-de-obra ociosa ou subaproveitada, nada mais fez, Sua Excelência, senão antecipar os resultados aqui detalhados sob múltiplos aspectos. Ao Governador, portanto, além dos agradecimentos pela acolhida, o testemunho do empresário nordestino de marchar ao lado do poder público na busca de melhor nível de bem-estar social para a população. Em nome dos companheiros industriais, aqui irmanados e por um dever de reconhecimento, levamos ao nosso ilustre Presidente da Confederação Nacional da Indústria, engenheiro Thomas Pompeu de Souza Brasil Netto, que conosco aqui esteve reunido, não só o agradecimento pela oportuníssima iniciativa de tais encontros regionais, mas o imprescindível apoio ao empresário do Nordeste em toda sua luta pela emancipação econômica da região. Todos aqui presentes podem dar testemunho da receptividade e do empenho pessoal do Presidente da CNI às 51 questões ligadas ao desenvolvimento do Nordeste. Em razão desse empenho, fica aqui a solicitação do empresariado nordestino, para que sejam reproduzidas reuniões como esta, periodicamente, buscando o debate dos problemas de interesse de toda a indústria, e a apresentação de reivindicações oportunas aos poderes federais, estaduais e municipais, além do que, criase a oportunidade de crescente congraçamento entre os industriais e governantes do Nordeste. Ao nosso companheiro Francisco José de Andrade Silveira, digno Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, externamos nosso apreço e afirmamos: haveremos de transformar este dinâmico Estado, como todo o Nordeste, numa região onde o homem da cidade e do campo possam igualmente desfrutar deste nosso imenso país. Esteja o companheiro certo de que os resultados saídos deste moderno e bem equipado Centro Social do Sesi, através de debates leais e objetivos, serão por todos nós, líderes e empresários, defendidos e apoiados. Ao companheiro Francisco Silveira o obrigado de seus colegas. Meus Senhores e Minhas Senhoras: Na oportunidade em que nos cumprimentamos com um “até logo”, permito-me, em nome pessoal, dirigir-lhes um apelo no sentido de que as federações das indústrias de todo o Nordeste cerrem fileiras, não apenas em volta das diretrizes delineadas neste Encontro, mas também em favor das federações co-irmãs do Norte, cuja região apresenta conotações, em seu processo de desenvolvimento, em muitos aspectos semelhantes às nossas. Evidentemente que os companheiros sabem da importância de um bloco maciço de pensamento e reivindicações, principalmente se atentarmos para a área dos incentivos fiscais. Encareço, pois, o empenho de cada presidente junto às federações do Norte, no sentido de buscarmos um tão necessário consenso sobre os problemas comuns. Acredito que não seria fora de propósito nos congratularmos mutuamente pela realização deste Encontro, o qual jamais chegaria aos excelentes resultados se não fossem o interesse, o entusiasmo e a inteligência dos companheiros, bem como a inspiração desta belíssima e encantadora cidade de Fortaleza. Resta-nos agora manifestar a confiança no Governo Federal, no sentido de que as proposições consubstanciadas no documento final deste Encontro possam obter a acolhida por todos nós almejada, em favor do engrandecimento do futuro do nosso Nordeste. Muito obrigado a todos. 52 Dia da Indústria Feira de Santana, 25.05.1974 Mesmo nas ocasiões menos formais, há instantes que se tornam solenes e protocolares. Deliberadamente, contra isso desejamos nos insurgir agora. Vamos transformar esta homenagem ao Dia da Indústria num ato verdadeiramente informal e esportivo, como os nossos próprios trajes sugerem. Desse modo, ao contrário do protocolar discurso à sobremesa, desejamos dirigir-lhes cordiais palavras, às quais esperamos que sejam secundadas por pronunciamentos de alguns dos presentes. Não cairíamos em lugar comum se enfatizássemos que o Dia da Indústria são todos os dias, pois a dinâmica dessa atividade não permite tréguas. Todavia, o dia que lhe é consagrado não foi instituído obedecendo a uma mera convenção. O 25 de maio foi escolhido por ser a data do falecimento, ocorrido em 1948, de um dos brasileiros de maior visão em seu tempo: Roberto Cochrane Simonsen, criador do Sesi e do Senai, instituições cujos serviços, dedicados à causa do progresso nacional nas últimas décadas, são de profundo e imensurável valor. Portanto, a escolha do 25 de maio, para simbolizar o Dia da Indústria Nacional, foi a forma encontrada para a gratidão eterna ao empresário paulista responsável pela materialização de ações que contribuíram de forma incomensurável para o desenvolvimento industrial do país, com inestimáveis reflexos sociais na comunidade operária. Em suma, as comemorações do dia de hoje, em que nos confraternizamos, são também um tributo à memória do notável industrial que foi Roberto Simonsen. E a escolha desta cidade – Feira de Santana – para que festejássemos este dia tão importante, para industriais e industriários, também tem o seu significado. O município de Feira de Santana desponta como um dos mais atuantes na luta pelo progresso do Estado. A ele cabe expressiva parcela de responsabilidade no processo de desenvolvimento da Bahia. Aqui se consolida, dia-a-dia, um pólo industrial que se afirma, que se projeta e impressiona pelo seu rápido e ascendente crescimento, proporcionando uma série de benefícios à população feirense. Devemos assinalar que o Sesi e o Senai, através de suas unidades instaladas em Feira de Santana, participam ativamente desta realidade sócio-econômica, prestando assistência às indústrias e trabalhadores, mediante o treinamento e aperfeiçoamento da mão-de-obra disponível, bem como por meio dos serviços assistenciais nos campos da saúde, educação e lazer. Após termos presidido há pouco, no Centro Social João Marinho Falcão, a posse dos novos representantes dos Sindicatos da Indústria nos Conselhos Regionais do Sesi e Senai, e de 53 realizarmos uma visita ao Centro de Formação Profissional do Senai, nesta progressista cidade, viemos aqui para este encontro despido de atos protocolares. Este almoço é, precisamente, dentro de uma série de comemorações, o ato que se reveste de maior calor humano. Imbuídos pois, desse espírito, esperamos que o uso da palavra venha a se constituir em mais um motivo para enfatizar o clima de cordialidade que ora desfrutamos. Está franqueada a palavra. Rotary Club da Bahia Salvador, 15.05.1975 Pediu-me o companheiro Jorge Novis, que hoje o substituísse na incumbência recebida do nosso Presidente Newton Pinto, para, em cinco minutos, transmitir aos companheiros mais novos deste Club os pontos considerados como “Objetivos do Rotary”. O nosso saudoso e sempre lembrado Augusto Alexandre Machado, certa feita, ao dirigir-nos sua eloqüente palavra disse: “O Rotary Club é, praticamente, o fortalecimento da solidariedade que fez desaparecer, entre elementos das classes produtoras ou dos intelectuais, aqueles interesses inconciliáveis que fazem nascer o desprezo e gera as inimizades. É preciso que a ânsia de conquistar a prosperidade econômica não faça esquecer aquele sublime dever do homem justo e bom: fazer algo de bem ao próximo”. Meus Jovens Companheiros: Em Rotary temos como lema: “Ideal de Servir”. Mas se beneficia quem “melhor serve e dá de si antes de pensar em si”. Nesses tempos tumultuosos, quando parece já não existir poder capaz de vencer o egoísmo, a vaidade e o orgulho, cujos reflexos resultam em constantes apreensões para todos os povos, eis que paira sobre o estado de tensão geral, como a luz fulgurante da esperança, esta força que ameniza os ânimos nos conflitos e se faz sentir sem as explosões dos sentimentos exaltados: a ação do Rotary Internacional. Singela por princípios, construtiva pelo mérito dos seus objetivos, e poderosa porque se torna parte de uma cadeia de clubes, que circunda o mundo, unindo comunidades nas quais o sócio dá de si a expressão do desejo de Servir, porém sutil, senão invisível por questão de regra. As regras do Rotary, na prática do “Ideal de Servir” e a forma como penetra para alcançar a harmonia social e, ainda mais, a fraternidade universal, são parte incontestável da inteligência humana a serviço do sentimento do bem, para vencer 54 o sentimento do mal. Em Rotary as expressões “Ideal de Servir”, “Mais se Beneficia quem Melhor Serve” e “Dar de Si antes de Pensar em Si”, são lemas, ou melhor, são faróis que orientam a nossa organização, contribuindo para o bem comum e protegendo a sociedade no mar revolto das lutas continuadas. São, antes de mais nada, o trinômio de divisas que traçam as perspectivas filantrópicas do Rotary Internacional e, se tomadas no sentido religioso, harmonizam-se profundamente com as sentenças do Divino Redentor. Eis a nossa prece: Fazei Senhor, Com que estejamos sempre ligados ao pensamento universal da esperança e do amor. Ajudai-nos a trabalhar em benefício dos outros, distribuindo bens que nos concedestes, em gestos de bondade e palavras de carinho, e a manter sempre acesa a chama da nossa fé, em Rotary. Empregado & Empregador Salvador, 27.11.1975 Palestra proferida no Rotary Club da Bahia Se lançarmos o pensamento ao passado mais remoto e analisarmos o papel do trabalho e do trabalhador na comunidade, verificamos que este esforço do homem é a fonte única e fundamental de todo o progresso humano, verdadeira matériaprima sobre a qual repousa a vida que nos rodeia. Assim – em que pesem os choques de alguns conceitos das modernas teorias econômicas – em nenhuma delas se relega o papel preponderante do trabalhador, considerado o esteio do equilíbrio no relacionamento entre o capital e o trabalho. E falar de empregado e empregador é abordar um apaixonado tema sobre o qual se debruça o mundo moderno. No momento em que se estabeleciam as primeiras manifestações de trabalho surgiram, por assim dizer, as figuras do empregado e do empregador, ainda que se confundissem pela falta de uma consciência de seus respectivos papéis, já que as primeiras oficinas de trabalho – onde prevaleciam as habilidades artesanais – eram um prolongamento do próprio ambiente familiar. O relacionamento entre empregado e empregador baseava-se, então, em normas e preceitos de mera tradição, sem nenhuma eficácia jurídica ou social. Somente muito mais tarde, com a Revolução Industrial – iniciada na Inglaterra, no século XVIII, que gerou profundas e decisivas modificações na humanidade – surgiram os moldes dos conceitos jurídicos e sociais para o relacionamento do capi55 tal e do trabalho, do empregado e do empregador, nascendo uma nova concepção política e social no mundo. Entretanto, a projeção desse mundo somente se efetivaria após angustiantes etapas, em decorrência das sucessivas conquistas no terreno social, econômico, científico e tecnológico, frutos de naturais especulações dos seres humanos que, assim, buscavam libertar-se de fórmulas místicas e arcaicas. E a empresa foi pouco a pouco se firmando no contexto econômico-social dos países em desenvolvimento, e, tanto o industrial como o trabalhador, que antes se colocavam numa posição de inexpressividade na escala social, assumiram, notadamente após a Primeira Guerra Mundial, a responsabilidade de instrumentalizar a ação dos governos em torno do fortalecimento da economia. O tema tem sido objeto de debates por parte de especialistas e entidades, entre as quais a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), que, recentemente, instalou sua filial na Bahia, onde pretende realizar um congresso sobre o assunto, no próximo ano, reunindo representantes de todo o país. Em recente encontro em São Paulo, a ADCE firmou ponto de vista sobre o processo “acelerado e insano que tem levado o homem à competição desenfreada no qual cabe aos empresários, fundamentalmente, a reconstrução do mundo em termos mais humanos”. Nesse trabalho, a ADCE estuda diversos itens da Doutrina Social Cristã, baseada nas encíclicas papais, citando, inclusive, os direitos e deveres do homem na sociedade atual. Atualmente, a coexistência, no âmbito da empresa, entre empregado e empregador, rege-se por normas técnicofuncionais que permitem consideráveis reflexos na vida e prosperidade empresariais. É evidente, ressalte-se, que em todos os sistemas se devem observar as peculiaridades que lhes são inerentes. Contudo, métodos e normas de trabalho vêm sendo preconizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que desde 1919 trabalha no sentido de se universalizar uma série de medidas e conceitos pertinentes às condições laboriosas e de relacionamento entre empregado e empregador, atendendo, sem dúvida alguma, aos imperativos de uma realidade profundamente marcada por sofisticadas técnicas de produção. Nesse sentido, cumpre aqui fazer sobressair a posição adotada pelos empregadores brasileiros na 60ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Genebra, Suíça, no mês de junho passado, à qual comparecemos, a convite do Presidente da Confederação Nacional da Indústria, Thomas Pompeu de Souza Brasil Netto. Fomos como Assessor Técnico da representação classista dos empregadores. Em Genebra ficou documentada a atuação dos empregadores brasileiros em benefício da coletividade trabalhado56 ra, visando, dentro de suas prioridades, o relacionamento entre as duas forças vivas do progresso. E esta atuação se vem concretizando, no Brasil, através das entidades da indústria (Senai e Sesi) e do comércio (Senac e Sesc). Essas entidades, segundo considerações de Diego Gonzalez Blanco, Delegado dos Empregadores naquela importante conferência internacional, “têm contribuído, decisivamente, para a melhoria das condições de trabalho no seu ambiente, propiciando ainda ao trabalhador, com a eliminação das distorções que todos conhecemos, mais justas e mais humanas condições de vida”. A propósito, aqui na Bahia, vimos realizando, por meios dos departamentos regionais do Sesi e Senac, este trabalho a que se referiu o ilustre engenheiro Diego Blanco, objetivando contribuir para o bem-estar do trabalhador e de sua família. E as ações do Sesi e do Senai se desenvolvem nas áreas da educação familiar, da educação de base, da educação para a economia da educação para a saúde (física, mental e emocional), da formação e aprimoramento profissionais, tendo como metas a valorização da pessoa do trabalhador, o desenvolvimento do espírito de solidariedade e vivência comunitária, conscientizando-o, destarte, para a real missão no quadro da empresa a que pertence. Tais estímulos, evidentemente, vêm resultando num salutar relacionamento entre empregador e empregado, com ambos trabalhando para o engrandecimento da empresa. Desse modo, a empresa não é vista apenas como meio de sobrevivência, mas acima de tudo como patrimônio para garantir futuras aspirações dos dois lados. A Participação do Estado na Economia Salvador, 12.08.1976 Palestra proferida no Rotary Club da Bahia O prometido é devido e aqui estou para pagar a promessa de falar-lhes do “Seminário Sobre a Participação do Estado na Economia”, patrocinado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), pelo Centro das Indústrias da Bahia (Ceiba) e pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), levado a efeito no auditório da Fieb e cuja fase final – a das conclusões e redação de um documento oficial sobre a matéria debatida – ainda está se realizando e terá seu término no fim deste mês. Para não me alongar e cumprir o tempo a mim concedido, farei, obviamente, apenas uma síntese da síntese do conclave, mas prometo que este relato dará aos companheiros uma idéia bastante clara do que foi o simpósio. Em primeiro lugar, devo esclarecer a razão do porque 57 de sua realização, entre nós. Os companheiros não ignoram que o tema estatização vem tomando vulto no Brasil, servindo de debates acirrados em todo o território nacional e de declarações dos líderes do governo e das classes empresariais, tornando-se alvo de apaixonadas e até exaltadas tomadas de posição. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) formou um grupo de trabalho para estudar o assunto e tomou uma posição, enviando ao Ministro Reis Veloso, em maio deste ano, o relatório “Estudo Sobre Desestatização da Economia Brasileira”. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), através do seu Presidente, Thomas Pompeu de Souza Brasil Netto, fez um importante pronunciamento no almoço comemorativo do Dia da Indústria, sobre o mesmo assunto, tendo o próprio governo procurado pesquisar o ponto de vista nacional, para um posicionamento no que se refere à política econômica do país. E a Bahia? Qual a posição do seu empresariado e dos seus técnicos? Até que ponto estávamos atualizados com o assunto? Por quê a Bahia não tomava uma posição? Estávamos na hora de verificarmos a posição de um Estado que,em fase acelerada de crescimento, necessitava assumir uma posição e esposar um ponto de vista. A sua condição de líder de uma região não apenas lhe conferia este direito, mas o obrigava a essa responsabilidade. A Bahia não poderia deixar de assumir também um posicionamento. Mas era preciso antes encontrar um consenso, achar um denominador comum entre seus líderes. Estava da hora de se realizar um seminário para decidir a questão, sendo iniciado no dia 26 de julho, constituindo-se de três fases: a básica, a conjuntural e a fase da aplicação. A metodologia utilizada foi a da Adesg e provavelmente muitos dos companheiros estão familiarizados com ela. As conferências, realizadas diariamente, sempre à noite, foram divididas em duas partes de 45 minutos cada: uma para a explanação do tema e outra para o seu debate, entre conferencistas e participantes. A Primeira Fase – Básica: Constituiu-se de aspectos doutrinários da Escola Superior de Guerra, os quais envolvem a política e a segurança nacionais, a formulação da política nacional e do planejamento governamental, bem como os aspectos genéricos do desenvolvimento nacional. Foram conferencistas dessa fase três membros permanentes do corpo de professores da Escola Superior de Guerra: coronel Amauri Vercillo, procurador Diogo Figueiredo Neto e o economista José Ferreira Amaro. Com tão qualificados conferencistas, que tão bem sou58 beram explanar e discutir os temas, esta fase pretendeu e certamente o conseguiu, com êxito, fornecer o instrumental de análise que permitisse uma avaliação da conjuntura sócio-econômica nacional. A Segunda Fase – Conjuntural: Foi dedicada aos aspectos pragmáticos da problemática da nossa economia, começando por um comentário abrangente de todas as variáveis macro-econômicas, tais como as diferentes formas de intervenção do Estado, através de fatores adversos e benéficos, com destaque especial para a questão da inflação versus economia de mercado, feita pelo professor Carlos Langoni, diretor dos cursos de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas que, como os companheiros não ignoram, é a entidade autora dos índices de correção monetária e do custo de vida que orientam o governo em suas medidas político-econômicas. Foi destaque ainda dessa palestra o fenômeno da alocação de recursos públicos e privados, bem como a destinação da poupança gerada pelos sistemas PIS, FGTS e Pasep. A fase Conjuntural continuou com a palestra do nosso companheiro professor Sylvio Santos Faria, presidente do Desenbanco, que discorreu e discutiu o papel da Empresa Estatal, analisado sobre três aspectos: Jurídico, destacando dispositivos constitucionais que legitimam a intervenção do Estado na economia; Econômico, que recomenda a dita intervenção em setores estratégicos, em serviços comunitários e outros onde a iniciativa privada não se motivou; Social, quando a intervenção estatal se justifica segundo critérios políticos e conveniências conjunturais. Na continuidade da fase Conjuntural, o nosso companheiro Orlando Moscozo abordou o papel histórico da empresa privada no desenvolvimento nacional, atribuindo-lhe a maior parte desse processo. Autêntico líder empresarial, ex-militante político, com ampla visão da problemática abordada, o conferencista, que é um industrial bem sucedido, expôs e discutiu o tema de maneira muito prática e realística. Finalizando a fase Conjuntural, o economista Dorival Teixeira Vieira – assessor da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, professor da Universidade Federal de São Paulo e autor de vários livros – dissertou sobre as multinacionais, afirmando categoricamente que elas se encontram sob controle governamental e que, na realidade, não ofereciam grande perigo para a economia brasileira. Fez também um paralelo entre a empresa privada nacional, a empresa estatal e a empresa estrangeira, demonstrando estatisticamente que a maior parcela do produto industrial é gerado pela iniciativa privada nacional e não pelas de origem estrangeira, como se vem propalando. Como numa espécie de apoteose da fase Conjuntural do 59 seminário, houve um painel de debates em que três conferencistas – Sylvio Faria, Orlando Moscozo e Dorival Vieira – sintetizaram seus pensamentos e os debateram entre eles, assistidos pelos participantes, iniciativa da qual surgiu alguma identidade de pensamento entre os mesmos. Este painel objetivou proporcionar, a cada um dos 50 empresários participantes do seminário, uma visão analítica sobre os temas debatidos. Fase da Aplicação: Nesta terceira fase do seminário, que está sendo realizada, os participantes foram divididos em quatro grupos de trabalho, que estão elaborando relatórios que deverão ser entregues até o próximo dia 16. Em data a ser marcada, os coordenadores dos quatro grupos se reunirão para discutir a fusão das propostas contidas nos relatórios e redigir o documento final, com o ponto de vista do empresariado baiano sobre a estatização, a ser homologado pela Assembléia dos 50 participantes do “Seminário Sobre a Participação do Estado na Economia” Epílogo: Todos nós, da Fieb, Ceiba e Adesg, confiamos que, com a realização deste seminário, estaremos prestando uma valiosa colaboração ao país, levando a posição da Bahia ao Ministério do Planejamento, que se encontra sob o comando do Ministro João Paulo dos Reis Veloso. Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho Simões Filho, 12.01.1977 Aqui está o Centro Integrado Sesi-Senai Ulisses Barbosa Filho, também como marco comemorativo do 10º aniversário do Centro Industrial de Aratu, dando um testemunho de que os empresários desta terra, não apenas acreditam neste empreendimento vitorioso, como dele participam, quer implantando suas fábricas, quer demonstrando o quanto representa o CIA para o desenvolvimento do Estado. O Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho encontra-se capacitado a oferecer um elenco de serviços indispensáveis à indústria e aos industriários, extensivos às suas famílias. Vejamos os principais. Na Preparação da Mão-de-Obra: Neste campo o Centro passa a oferecer cursos de formação, de treinamento e de aperfeiçoamento nas áreas de mecânica geral, eletrônica, solda, eletricidade, hidráulica e pneumática, desenho técnico e administração. No setor de eletrônica industrial, o Centro está equipado com instrumentos doados pelo Institut Ingebohl, da Suíça, e 60 pelo governo da República Federal da Alemanha, aos quais muito agradecemos. No Campo da Educação: O Centro atuará na área da formação artesanal, ministrando cursos diversos, a exemplo de renda de bilro, bordados à mão e à máquina, aproveitamento de retalhos, corte e costura, confecção de objetos em couro, além da formação de recursos humanos, por meio de cursos de liderança e chefia, TWI e outros. No Campo do Lazer: Atenderá não apenas a um núcleo operário existente na área, como às populações circunvizinhas, colocando-lhes à disposição um cine-teatro com capacidade para 360 pessoas sentadas. Também disponibilizamos um ginásio para prática de diversas modalidades esportivas, duas piscinas, campos de futebol de dimensões oficiais, cinco quadras externas, salão de jogos, salão para festas, biblioteca, salas para cursos de artesanato, nutricionismo, arte culinária, formação doméstica e formação social, bar e lanchonete, restaurante com refeições a preço de custo. Em seus cursos de formação artesanal, o Centro Integrado poderá atender 250 alunos. No setor da iniciação e continuidade esportiva, a capacidade de atendimento vai a 2.600 alunos, os quais terão assistência médico-odontológica, além de um gabinete de seleção. No Campo da Saúde: Manterá unidades móveis de odontologia e de abreugrafia, doadas pelo Conselho Nacional do Sesi, para executar exames pré-admissionais e periódicos de saúde. Desenvolverá, ainda, campanhas de vacinação e censo bucal, acompanhado do tratamento subseqüente. No Campo do Serviço Social: Ao lado da assistência judiciária ao trabalhador, o Centro desenvolverá ações visando o aperfeiçoamento das relações entre empregados e empregadores, conscientizando-os do papel que cada um exerce como membro da comunidade. Perfil do Empreendimento: Permitam-me os senhores que tracemos o perfil da obra que agora inauguramos: Abrangendo uma área total de 214.250 metros quadrados, dos quais 198.250 se destinam ao Sesi e 16 mil ao Senai, o complexo do Centro Integrado Ulisses Barbosa Filho foi projetado pelo escritório dos renomados arquitetos Jader Tavares, Otton Gomes e Fernando Frank, sendo edificado pela Construtora Soares Leone. Conta com 12.250 metros quadrados de área construída, assim dividida: 10 mil destinados às atividades do Sesi e 5.250 ao Senai. A funcionalidade foi a tônica orientadora do projeto, pois se evitou o supérfluo. 61 Minhas Senhoras, Meus Senhores: A nossa satisfação, neste momento, é compartilhada com os senhores conselheiros: Adhemar Martinelli Braga, Albertino Manso Dias, Almir Mendes de Carvalho Júnior, André Reinaldo Bastos, Antônio Carballido Presa, Carlos Anthero Jardim, Fernando d’Almeida, Guilhermino Jatobá, Hélio Amado, Ivanilson Trindade, José Coelho, Júlio Botelho, Luiz Antônio da Silva Sá, Manuel Portugal, Maurício Alves de Brito, Othelo Priori, Raymunda Eulália Nascimento Dantas e Raimundo Dória de Vasconcellos. Muito colaboraram para que a idéia da construção deste Centro Integrado se transformasse em realidade. Muito obrigado. Recepção à Missão da Hungria Rio de Janeiro, 07.03.1978 Uma missão comercial húngara, chefiada pelo diretorgeral do Ministério do Comércio Exterior da Hungria, Lajos Mramuracz, foi recebida, na sede da Confederação Nacional da Indústria, por um grupo de industriais brasileiros. Na oportunidade, o presidente em exercício da CNI, Nelson Taboada, saudou os visitantes com o seguinte discurso: Através da exposição e debates que acabamos de realizar, tiveram os senhores uma visão rápida, mas segura, do atual estágio da economia brasileira. Não é por falso otimismo, porque a linguagem irretorquível dos números fala bem mais alto que as próprias perspectivas que vimos projetando, que se torna lícito afirmar que o Brasil é um país em franca ascensão. Uma análise do comportamento da nossa economia dá a medida exata da realidade em que nos encontramos, dentro de um processo de desenvolvimento que continua com toda a sua validez e no qual podemos depositar fundamentada confiança, tanto nos resultados já alcançados, como nos que iremos alcançar a curto, médio e longo prazos. Mas há um aspecto que gostaríamos de salientar, pois constitui um dos sinais mais positivos da psicologia do povo brasileiro. Construímos, nesta parte do continente, uma civilização que se caracteriza, sobretudo, pelo sentido universalista que é um traço tradicional e nítido da nossa gente. Somos, por vocação e formação histórica, um povo cordial, acolhedor e sempre disposto a colaborar e construir. E é dentro desse espírito que fomentamos uma economia aberta, sensível à reciprocidade da experiência e da cultura. Estamos dispostos a receber quantos nos procuram com o propósito de trabalhar, e, ao mesmo tempo, lhes dar a contraprestação da nossa solidariedade e da nossa ajuda. Não é intenção nossa ressaltar a potencialidade dos nos62 sos recursos naturais. Seria, no entanto, inexplicável deixar de frisar que, entre os recursos naturais que demandam exploração, muitos se inscrevem na faixa de interesse direto das indústrias química, farmacêutica e de metais não-ferrosos, que motivaram a honrosa visita da Missão do Ministério do Comércio Exterior da Hungria. Somos todos homens de negócios, tanto do lado empresarial brasileiro como húngaro, e estamos agora discutindo termos de intercâmbio, idéias e interesses recíprocos. Tivemos, assim, um encontro objetivo, mas que não impede de lhes dizer que somos igualmente um povo sentimental e amigo. E é com esse sentido de amizade que a Indústria Brasileira recebe e saúda os ilustres componentes da Missão da Hungria, na certeza de que, ao contato com a nossa realidade, os senhores levem do Brasil a imagem de um país que se projeta arrojadamente para o futuro. Saudação ao Príncipe Charles Rio de Janeiro, 09.03.1978 Ainda na condição de presidente interino da Confederação Nacional da Indústria, Nelson Taboada foi o anfitrião de um almoço oferecido ao herdeiro do trono inglês, na sede da CNI. Eis a saudação proferida em nome da classe industrial brasileira: A augusta presença nesta casa, de Sua Alteza Real, o Príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, não se distingue somente pela honra insigne que concede à indústria brasileira. Representa eloqüente demonstração do espírito que anima e preside toda a civilização contemporânea. A própria formação educacional de Sua Alteza se caracteriza pela busca de uma conciliação entre o tradicionalismo milenar do Reino Unido e as perspectivas do mundo atual, dominado, nas relações do trabalho e no processo da criação da riqueza, por uma filosofia pragmática e objetiva. Ao estudo da Arqueologia e Antropologia, ao bacharelado da História, e ao culto quase religioso das Artes, o que representa um autêntico mergulho nas raízes do homem e do seu povo, adicionou Sua Alteza, sensível ao desenvolvimento multiforme que caracteriza a hora presente, a pilotagem de aviões a jato, o pára-quedismo, além de uma invencível curiosidade pela máquina e por uma sintética, mas segura, visão universal da evolução da Ciência e da Técnica. Na sua visita ao Brasil, ao contato direto com os homens do Governo e do empresariado da iniciativa privada, poderá, sem a menor dúvida, Sua Alteza Real sentir que não existem conflitos ou incompatibilidade entre a tradição e o futuro que 63 se desenha para a humanidade. É que o presente, me perdoem o truísmo, é o somatório das experiências, das conquistas e até dos equívocos e omissões, que nos legou o passado. Há cerca de meio século, recebeu o Brasil a visita do então Príncipe de Gales, mais tarde Sua Majestade Real Eduardo VIII. E nesses cinqüenta anos o nosso país tem se assinalado por um esforço constante e fecundo no sentido de recuperar o tempo perdido. Aquela ufania temerária da nossa vastidão territorial, com seus oito milhões de quilômetros quadrados e com a potencialidade dos recursos naturais inteiramente desconhecida, se converteu, com efeito, num desafio à capacidade criadora da nação inteira. E operou-se, a partir de então, a demarragem para o desenvolvimento econômico que hoje se estende, em maior ou menor densidade, por todo o território nacional. E não deixa, igualmente, de constituir uma coincidência positiva que Sua Majestade, a Rainha Elisabeth II, tenha, na visita de que o Brasil ainda guarda memorável lembrança, visto Brasília em seu nascedouro e, agora, Sua Alteza Real irá encontrar uma cidade que é o símbolo da capacidade técnica e da criatividade da arquitetura brasileira e uma síntese da confiança que depositamos no trabalho construtivo. Não é menos verdadeiro que continuamos a crescer em ritmo constante. Recentemente, o Senhor Presidente da República, na sua última mensagem anual dirigida ao Congresso, destacou uma série de números que dão a medida precisa da posição em que se encontra o nosso país. De uma população superior a 110 milhões de habitantes – com quase metade de jovens de 20 anos – temos 37 milhões e 500 mil pessoas economicamente ativas, sem que se registre desemprego em nível de preocupação. A população escolar soma 24 milhões, excetuados 4 milhões cobertos pelo Movimento de Alfabetização de Adultos (Mobral). Por outro lado, mais de 60 milhões de brasileiros são usuários da Previdência Social e a taxa de alfabetização chega a 84%, quase igual à taxa de analfabetos de 50 anos atrás, calculada em 80%. Apesar da chamada “crise do petróleo”, com seus reflexos diretos ou indiretos na vida econômica de todos os povos, o Brasil logrou, ao final de 1977, uma elevação de cerca de 5% no Produto Interno Bruto, o que representa, em face da conjuntura, uma taxa positivamente animadora. E no contexto desse quadro, não menos animador tem sido o comportamento da indústria com um crescimento calculado em 4,2 % nesse mesmo ano. Alteza: Tradicionais são as relações de amizade e o intercâmbio comercial entre o Reino Unido e o Brasil. Mais do que isso, é 64 uma página viva da nossa história essa aproximação, que vimos mantendo e cultivando. Consoante os dados de 1976, o Brasil exportou para a Inglaterra 697,40 milhões de dólares, tendo importado 310,6 milhões, colocando-se o Reino Unido no 8º lugar nas exportações e em 11º nas importações brasileiras. Mas, desejo destacar, principalmente, a posição dos investimentos do Reino Unido em nosso país – 6º lugar – com um montante de 420,6 milhões de dólares, também em dezembro de 1976. Esses números constituem um depoimento, aos quais não se podem eximir os homens de negócios. No entanto, não devem os números invalidar a parte sentimental, que é uma constante na psicologia coletiva do homem brasileiro, vocacionalmente cordial e aberto ao entendimento e à amizade. Esperam os industriais que a visita de Sua Alteza Real se converta em mais um estímulo para que se fortaleçam as relações entre as nossas duas pátrias: a milenar e sempre gloriosa Inglaterra e o jovem Brasil que está sendo convertido numa nova civilização, dentro da paz, da ordem, da segurança e, sobretudo, dentro do espírito da fraternidade universal de todos os povos. Último Discurso Camaçari, 04.03.1983 No dia da inauguração do Centro Integrado batizado com seu nome, os empresários e as autoridades viram um Nelson Taboada bem disposto e de bem com a vida. É verdade que muitos sabiam da sua luta contra o câncer. Os sinais eram visíveis, ele estava mais envelhecido e mais magro. Mas ninguém podia imaginar que o desfecho do combate estivesse bem próximo: Nelson faleceu 122 dias depois, em 30 de julho de 1983, aos 71 anos. No dia em que recebeu a maior homenagem, na presença de milhares de pessoas, de todos os extratos sociais, do governador ao mais humilde operário do Pólo Petroquímico de Camaçari, Nelson fez aquele que seria seu último pronunciamento público, nos termos abaixo: Momentos há na vida, tais como este, em que buscamos palavras para expressar um agradecimento e não as encontramos. Enfim, acabamos por dizer, simplesmente, “muito obrigado”. Quando dito com a sinceridade e a emoção de que sou tomado, creio estar expressando toda a gratidão que vem da alma. Não tenho, pois, outras palavras que não “muito obrigado” para dizer ao companheiro e amigo Fernando Costa d’Almeida, Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, a nossa Fieb. Muito obrigado também à sua Diretoria e aos Conselheiros do Sesi e do Senai, pela generosidade que demonstraram 65 ao dar o meu nome a este Centro Integrado de Camaçari, em que pese, todavia, minha relutância, vencida pelos argumentos e obstinação dos proponentes desta homenagem. Porém, se o denodo e a capacidade empreendedora de Fernando d’Almeida tornaram possível a construção deste Centro do Sesi-Senai, um gesto magnânimo de um outro homem propiciou as condições necessárias para tanto. Aliás, gesto que se seguiu a outro de igual valor e importância, que veio consolidar, ainda mais, o apreço e o prestígio que esse homem dedica às entidades da indústria, na Bahia. Refiro-me ao Excelentíssimo Senhor Governador, Antônio Carlos Magalhães, que, em 1973, aos nos ceder 214 mil metros quadrados de terras no município de Simões Filho, pelo valor simbólico de três cruzeiros, permitiu que lá fosse erguido o segundo Centro Integrado Sesi-Senai do país e que desde janeiro de 1977 se encontra a serviço dos trabalhadores do Centro Industrial de Aratu. Pouco tempo depois, em 12 de março de 1975, o Governador Antônio Carlos Magalhães voltou a praticar um gesto de suma relevância em favor da classe dos trabalhadores no Pólo Petroquímico: transferiu 500 mil metros quadrados de terras em Camaçari, pelo valor simbólico de 50 centavos o metro quadrado, onde hoje se inaugura este Centro Integrado, que a nímia gentileza dos amigos fez com que levasse meu nome. Desta forma, permitam os companheiros da Federação que, no meu “muito obrigado” inclua, por dever de justiça, o nome de Antônio Carlos Magalhães. Aos diletos amigos que me honram com a presença neste ato de marcante significado para mim, sobretudo àqueles procedentes de outros estados, peço permissão para também dizer que, na verdade, o grande homenageado é o trabalhador baiano, para quem esta grande obra se destina. A gama de serviços que a Fieb, o Senai, o Sesi e o IEL prestam aos trabalhadores da indústria e seus familiares – nos campos da educação, da saúde, do lazer, da formação e orientação profissionais e, de modo especial, na defesa dos legítimos interesses da classe –, infunde em seus dirigentes a satisfação de servir e a consciência do dever cívico de cada cidadão. Esta satisfação, ao lado do dever, anima Fernando d’Almeida e seus companheiros de Diretoria, constituindo-se este Centro Integrado numa prova eloqüente do quanto pode e deve ser feito em favor do operário da indústria, neste Estado. Realizações como esta, dão prova da coesão e da unidade de propósitos que sempre nortearam a Federação das Indústrias, cujos propósitos prevaleceram e hão de prevalecer, acima de quaisquer interesses e sob a liderança de homens da estirpe moral e da competência de Fernando Costa d’Almeida e 66 de seus dignos pares de Diretoria. Eu, minha esposa Antonieta, meu filho Nelson, meus irmãos e toda a família Taboada, estamos sinceramente gratos por tudo isto. Estejam os companheiros certos de que pediremos ao bom Deus por todos os senhores. Aliás, sob a inspiração e com as bênçãos d’Ele – o Grande Arquiteto do Universo, inaugura-se este Centro Integrado, do mesmo modo como foram inauguradas outras obras do Sesi e do Senai, entregues aos usuários através das palavras sábias e cheias de esperança do meu amigo e irmão Monsenhor Gaspar Sadoc. Vejo, ao fim de vários anos de militância na atividade sindical, o coroamento de um trabalho que não foi em vão. Rendo as mais justas homenagens aos companheiros presidentes de sindicatos patronais da indústria, com os quais convivi e de cuja união resultou uma Federação forte e atuante, que vem sendo e que jamais se afastará dos sadios propósitos de pugnar pela industrialização desta terra e pela valorização do trabalhador. Quando vejo – daqui e de outros estados – amigos, empresários, presidentes e representantes de federações da indústria, dirigentes da CNI, do Senai e do Sesi nacionais, autoridades civis, militares e eclesiásticas e o Governador da Bahia, todos unidos na construção de um Brasil grande, a despeito das adversidades da atual conjuntura, não posso deixar de registrar, ao final, minhas palavras de fé e de confiança no futuro da Pátria. Faço-o, pois, evocando o grande mestre Ruy Barbosa: “A Pátria não é ninguém, são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo, é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não delatam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas se esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são benignos e residem originariamente no amor”. 67 Carta ao Amigo ACM 14.03.1983 Prezado Antônio Carlos Magalhães, Passada a emoção de que fui tomado, quando das homenagens que os companheiros da Federação das Indústrias do Estado da Bahia me prestaram, ao darem o meu nome ao Centro Integrado Sesi-Senai de Camaçari, sinto-me na obrigação de agradecer, não apenas a honrosa presença do ilustre amigo como, principalmente, suas generosas palavras a meu respeito e à toda família Taboada. É confortador saber, já no inverno da minha vida, que os amigos, como o meu querido e sempre admirado e respeitável Governador, de público, refere-se a este modesto homem, cuja vida, desde os oito anos de idade, foi dedicada ao trabalho e que, dentro das naturais limitações, procurou servir à Bahia, terra em que nasci e me criei. Com os meus mais fraternais abraços, também de Antonieta e de toda família Taboada, extensivos à sua gentil e digna esposa, Dona Arlete, e filhos. Do seu amigo e admirador de sempre, Nelson Taboada UM LÍDER CONCILIADOR Nelson era um homem gentil, acolhedor e de espírito verdadeiramente construtivo. Ao tempo em que mostrava a face vigorosa, era bondoso e acessível a todos. (Anna Amélia Vieira Nascimento) In: Memória da Federação das Indústrias do Estado da Bahia Nelson Taboada fez o sucessor numa eleição de chapa única, que conduziu o médico e industrial têxtil Fernando Costa d’Almeida à presidência no dia 9 de setembro de 1977. Conforme a praxe reservada aos ex-presidentes, ele passou a ser delegado da Fieb junto ao CNI pelo triênio 1977/1980. Em 11 de setembro de 1980 foi empossada a nova Diretoria da Fieb, com Fernando d’Almeida reeleito presidente e Nelson figurando na condição de membro efetivo do Conselho Fiscal, ao lado de Orlando Moscozo Barreto de Araújo e Fauze Midlej. No início de 1983, o nome de Orlando Moscozo foi lançado à sucessão de Fernando d’Almeida. Tratava-se de um candidato poderoso, que comandava um conglomerado empresarial 68 muito importante e que havia sido um político de destaque. Depois de um mandato de deputado estadual, foi duas vezes consecutivas vice-governador da Bahia, antes da Revolução de 1964, na época em que o povo votava separadamente, para governador e vice. O Orlando conseguiu a proeza de se eleger em 1958 e 1962, sem que seus companheiros na cabeça da chapa, respectivamente José Pedreira de Freitas e Waldir Pires, também conseguissem a vitória. Inquestionavelmente, Orlando Moscozo era bom de voto popular, mas o mesmo não se podia dizer de sua participação em eleições classistas. Em 1954, através de chapa única, chegou à presidência da Federação do Comércio do Estado da Bahia. Dois anos depois, ao tentar a reeleição, na condição de franco favorito, foi derrotado por um voto de diferença para um surpreendente novato chamado Deraldo Motta. Em 1966, quando pela primeira vez houve disputa direta na Fieb, o grupo liderado por Orlando, que queria na presidência o irmão, Plínio Moscozo Barreto de Araújo, perdeu a eleição, também por um voto, para a chapa encabeçada por Ulisses Barbosa Filho, que cumpriu dois mandatos consecutivos no comando da Fieb. Agora era o próprio Orlando quem pleiteava o cargo. Mas algumas seqüelas do racha de 1966 ainda perduravam e alguns industriais começaram a se manifestar contra a sua candidatura. Temendo uma nova divisão de forças, o presidente Fernando d’Almeida chamou o postulante, que era o seu candidato, e o alertou para o perigo de uma cisão na classe, o que poderia colocar sua eleição em risco. E mostrou-lhe o caminho das pedras: Vá falar com o Nelson, ele é o único que tem condições de contornar as discordâncias e evitar a formação de uma chapa de oposição a você! Como gato escaldado, Orlando obedeceu às recomendações e dirigiu-se imediatamente à casa de Nelson, para pedir seu apoio e sua intervenção no processo sucessório. O ex-presidente já estava decidido a não se intrometer no pleito. Afinal, encontrava-se doente e afastado de qualquer articulação nos bastidores. No entanto, em face dos apelos do ex-adversário (Nelson fez parte da chapa que derrotou Plínio em 1966) não 69 pode se esquivar em colaborar. E muito ajudou, pois conseguiu remover os obstáculos à formação de uma chapa única. Em junho a chapa do consenso foi registrada na Fieb, sem a inclusão do nome de Nelson, como todos desejavam, num reconhecimento ao seu trabalho de preservação da unidade da classe industrial. Alegando questões de saúde, não quis participar da composição que garantiu a Orlando Moscozo Barreto de Araújo a realização do seu sonho de presidir a Fieb. Por aclamação dos representantes dos 19 sindicatos votantes, o industrial foi eleito em 15 de agosto, 16 dias após o falecimento de Nelson Taboada, articulador e avalista da aceitação unânime ao nome de Orlando. FALECIMENTO No início do segundo semestre de 1982, Nelson começou a sentir incômodos no estômago e, repentinamente, ocorreu um aumento no volume do abdômen. Após diversos exames, a equipe de médicos do Hospital Português decidiu por uma intervenção exploratória. Porém, antes disso, ele se comunicou com o filho, que se encontrava na Itália, em Veneza, pedindo-o que retornasse imediatamente ao Brasil, pois antes de qualquer decisão importante sempre consultava o filho. E dizia isso aos interlocutores: “Primeiro vou conversar com o doutor Nelsinho”. Nelson chamou o amigo Fernando Filgueiras, considerado um dos melhores cirurgiões da Bahia, que o operou em 27 de julho, no mesmo dia da inauguração, no Rio Vermelho, do Centro de Formação Artesanal II do Sesi, que ele havia idealizado quando presidiu o Sistema Fieb. A cirurgia foi de curta duração. Nada pode ser feito, pois o doutor Filgueiras preferiu encerrar a intervenção assim que constatou uma descoberta terrível: câncer já em estágio avançado. Para que Nelson pudesse ter uma sobrevida maior, foi-lhe ministrado um tratamento quimioterápico, procedimento desconfortável e até traumatizante. O paciente suportou-o sem se queixar absolutamente de nada. Se sofria dores manteve-as guardadas dentro de si, escondendo-as até da esposa. No inexorável caminho da contagem regressiva, Nelson 70 foi emagrecendo e envelhecendo mais rapidamente, mas não parou de trabalhar. Mesmo sabendo que o seu tempo estava se esgotando, manteve-se altivo e continuou ativo no escritório que possuía em Irmãos Taboada. Recebia as pessoas como se nada de grave estivesse acontecendo. Cumpria até compromissos externos. Esteve presente na inauguração do Centro Integrado de Camaçari, que foi batizado com seu nome. Em junho viajou com o filho para São Paulo, para ser submetido a exames numa clínica especializada, considerada a melhor do Brasil, recomendada pelo doutor José Fisher, médico do Hospital Albert Einstein e amigo pessoal de Nelson. Os resultados demonstraram o rápido avanço da insidiosa moléstia. No dia 6 de julho faleceu o irmão Manoel, também vitimado por um câncer de estômago, deixando-o muito abatido. Mesmo assim, compareceu ao enterro e continuou freqüentando o escritório até que, no dia 22, o seu estado de saúde piorou, levando-o a prostar-se na cama. Não quis ser internado no hospital onde há um ano fora operado. Preferiu permanecer no apartamento em que residia, no bairro da Graça. No dia 30, um sábado, dona Antonieta mandou chamar o filho para dizer-lhe que o pai estava morrendo. Ele não saiu mais do lado do pai, que faleceu à tarde, nos braços de Nelsinho e na presença da esposa, dos médicos Augusto Mascarenhas e Ulpiano Cavalcanti, minutos após ter recebido o sacramento da unção dos enfermos, ministrado por um grande amigo, monsenhor Gaspar Sadoc da Natividade. A notícia do falecimento consternou os meios empresariais e a sociedade baiana. Ele era também muito querido pelos industriários, que compareceram em grande número ao Cemitério do Campo Santo. Além das autoridades, como o governador Antônio Carlos Magalhães, diversos deputados federais e estaduais, bem como inúmeros outros políticos, estiveram presentes ao sepultamento todos os diretores da Fieb, os presidentes da Associação Comercial da Bahia e da Federação do Comércio do Estado da Bahia e inúmeros industriais baianos e de outros estados. Também desembarcaram em Salvador vários diretores e o presidente da CNI, além do motorista e da secretária que o serviram na época em que fora vicepresidente dessa entidade. Esses dois vieram do Rio de Janeiro 71 com passagens pagas do próprio bolso, numa demonstração inequívoca do quanto o Nelson era querido. A Tarde, 31.07.1983 (Página 3) Estado perde o empresário Nelson Taboada As classes produtoras e a sociedade baiana receberam, consternadas, a notícia do falecimento, ontem à tarde, do industrial Nelson Taboada Souza, figura de relevo nos meios empresariais do Estado. Nelson foi presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, diretor regional do Sesi e do IEL (Instituto Euvaldo Lodi), presidente do Conselho Regional do Senai e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, tendo por várias vezes ocupado a presidência. Nascido em 13 de setembro de 1911, Nelson Taboada ia completar 72 anos. Deixou viúva a senhora Antonieta Taboada e um único filho, o industrial Nelson Almeida Taboada. Seu sepultamento será hoje, às 16 horas, no Campo Santo, onde o corpo está exposto em velório. Correio da Bahia, 01.08.1983 (Página 5) Nelson Taboada foi sepultado no Campo Santo Foi sepultado ontem, às 16 horas, no Campo Santo, o industrial Nelson Taboada Souza, que faleceu anteontem. Empresários, industriais, políticos, amigos e familiares acompanharam o seu sepultamento, bastante concorrido. Nelson foi figura de destaque nos meios empresariais do Estado da Bahia, tendo presidido a Federação das Indústrias. Era presidente da empresa Irmãos Taboada e da Indústria Bahiana de Lajes. A notícia do seu falecimento deixou consternadas as classes produtoras e a sociedade baiana. Deixou também uma grande lacuna nos meios empresariais e industriais da Bahia, aos quais pertenceu como uma das figuras de grande importância. Informe do Empresário, 02.08.1983 (Salvador, página 25) Difícil falar dos amigos que morrem, porque há tanto que dizer! O desaparecimento de Nelson Taboada Souza, que aconteceu no último sábado, deixou luto na sociedade baiana, 72 ao lado da dor de uma grande saudade para sua Antonieta, seu filho Nelsinho, seus familiares e seus amigos. Uma enfermidade cruel o afastou de nós, em pequeno espaço de tempo. Dor que persistirá enquanto todos viverem, porque é a única que resiste ao tempo e a tudo. Em todos, ficará a lembrança consoladora dos momentos alegres, felizes e da família unida que viveu em torno dele e sente a sua falta, mas que o tem para sempre no coração. Como uma dívida que temos de pagar, não há se não que nos contentar com a certeza de que nossos mortos queridos podem estar mais perto do que pensamos. Luiz Vasconcelos Editor Saudade do irmão Belo Horizonte, 30.07.84 “Saudade...sombra fantasma Coisa que bem não se explica Algo de nós que alguém leva, Algo de alguém que nos fica.” (Soares da Cunha) Antonieta, Hoje é um dia de recordações. Faz precisamente um ano que o Nelson nos deixou. Ele levou em seu espírito a nossa lembrança e deixou conosco a sua saudade. Admirava-o pela sua inteligência, dinamismo, bondade, abnegação e sinceridade. Era um idealista. As suas realizações vão ficar gravadas na memória da comunidade obreira dessa terra que o viu nascer. Sua vida foi a síntese de um poema. Era bom, generoso e amigo. Por isso, a tristeza se instalou no meu coração e de todos os que tiveram a ventura de conhecê-lo. Receba, Antonieta querida, nesta hora tão cheia de recordações e saudades, o meu fraternal abraço. Ramon Taboada Souza NA GALERIA DOS IMORTAIS DO RIO VERMELHO Dentre os objetivos da Academia dos Imortais do Rio Vermelho (Acirv), previstos no Artigo 3º do Estatuto Social, encontra-se: 73 Fomentar a implantação da Galeria dos Imortais, composta por personalidades, vivas ou falecidas, que alcançaram projeção em suas atividades profissionais e integram os anais da história do Rio Vermelho, onde residiram ou residem. Nelson Taboada Souza, nascido no Rio Vermelho, na casa de número 95 da Rua João Gomes ( antiga Rua do Raphael 18), que, coincidentemente, serviu de local para a fundação da Acirv, em 9 de agosto de 2003, foi um dos primeiros nomes inseridos na Galeria dos Imortais do Rio Vermelho. Além de ter sido muito bem sucedido na vida profissional, seu nome faz parte da história do bairro por uma série de ações e atos de benemerências. Porém, o mais importante de todos, para a sua comunidade paroquiana, está associado à construção da nova Igreja Matriz de Sant’Ana, inaugurada em 26 de julho de 1967. A edificação da nova Igreja do Rio Vermelho teve na família Taboada quatro grandes pilares de sustentação: o patriarca José Taboada Vidal e seus filhos Nelson, Nilza e Affonso. Nelson, dentre outras contribuições, foi uma espécie de avalista financeiro na aquisição dos materiais necessários às obras, sendo que todos os blocos e telhas foram doados pela Cerâmica Santa Maria S.A., empresa presidida por Nelson Taboada. 74 CRONOLOGIA 13.09.1911: Nasce Nelson Taboada Souza, em Salvador, no bairro do Rio Vermelho. 1919: Começa a trabalhar com o pai, na José Taboada & Cia. 02.1922: Ingressa no Colégio Antônio Vieira. 09.08.1933: Entra como sócio na José Taboada & Cia. 10.04.1939: Entra como sócio na Vieira Lemos & Cia. 13.09.1939: Casa-se com Maria Antonieta Cardoso de Almeida. 10.08.1940: Transforma a Vieira Lemos na Irmãos Taboada & Cia. 17.05.1941: Nasce o filho Nelson Almeida Taboada. 23.10.1941: Falecimento da mãe, Amália Souza Taboada, aos 64 anos, de diabetes. 12.08.1946: Falecimento do irmão Adelino Taboada Souza, aos 40 anos, de infarto do miocárdio. 03.10.1953: Ingressa no Rotary Club da Bahia. 12.08.1954: Cria a Empresa Imobiliária e Construtora Senhor do Bonfim Ltda. 03.02.1955: Constitui a Corretagens Castor Ltda. 14.06.1957: Registra a ata de fundação da Água Mineral Dias D’Ávila Ltda. 10.08.1958: Cria a Representações de Máquinas e Peças Ltda. (Remap). 13.01.1959: Registra a ata de fundação da Cerâmica Santa Maria Ltda. 30.06.1960: Torna-se presidente do Rotary Club da Bahia. 05.1963: Toma posse como membro da Comissão de Contas da Associação Comercial da Bahia, onde permanece por sete biênios consecutivos, até 1977. 14.04.1965: Nomeado cônsul honorário da Bolívia em Salvador. 19.04.1966: Funda a Indústria Bahiana de Lajes S.A. (IBL). 04.05.1966: Funda e preside o Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção de Olaria, de Ladrilhos Hidráulicos e Produtos de Cimento, Mármores e Granitos da Bahia (atual Sindicato das Indústrias de Cerâmica do Estado da Bahia). 14.09.1966: Eleito 2° vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). 22.10.1966: Participa da fundação da Radiodifusão Educadora da Bahia Ltda., que deu origem à segunda emissora de televisão na Bahia, a TV Aratu, Canal 4. 02.05.1967: Falecimento do pai, José Taboada Vidal, aos 89 anos, de repentinas complicações decorrentes da velhice. 26.07.1967: Participa da inauguração da nova Igreja Matriz de Sant’Ana do Rio Vermelho, cuja construção muito ajudou. 17.11.1967: Participa da criação da Solar Comércio, Imóveis e Representações Ltda. 20.09.1968: Eleito 1° vice-presidente da Fieb. 17.11.1970: Cria a Serviços e Assistência Técnica Ltda.(Selta). 21.12.1970: Funda a Sociedade Industrial de Pedras e Areia Ltda. (Sipa). 75 16.05.1971: Falecimento do irmão Aníbal Taboada Souza, aos 57 anos, de câncer. 06.10.1971: Eleito presidente da Fieb. 11.10.1971: Renuncia ao cargo de cônsul honorário da Bolívia em Salvador. 06.08.1973: Recebe diploma oferecido pela Colônia da Bolívia na Bahia, por serviços prestados em favor da comunidade boliviana. 21.09.1973: Desembarca em Salvador, após uma viagem por diversos países da Europa, tendo inclusive visitado a sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Suíça. 27.09.1974: Reeleito presidente da Fieb, novamente em chapa única. 27.12.1974: Funda a Agropecuária Vale Verde S.A. 15.03.1975: Recebe a Ordem do Mérito da Bahia, no grau de Comendador. 06.1975: Participa em Genebra, na Suíça, como conselheiro técnico indicado pela CNI, da 60ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, promovida pela OIT. 26.08.1976: Recebe diploma da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg). 03.09.1976: Recebe a Medalha do Mérito Industrial Roberto Simonsen, conferida pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria. 23.12.1977: Recebe, no Rio de Janeiro, o diploma de Grande Oficial da Legião do Mérito Presidente Antônio Carlos, outorgado pelo Instituto Internacional de Heráldica e Genealogia. 24.01.1978: Assume interinamente, por quinze dias, a presidência da CNI. 09.03.1978: Recepciona, como presidente em exercício da CNI, o Príncipe Charles, da Inglaterra, com um almoço na sede da Confederação, no Rio de Janeiro. 05.1978: Chefia a delegação brasileira no XIV Congresso das Indústrias Latino-Americanas, em Viña del Mar, Chile. 28.11.1978: Funda a Administração, Serviços e Participação Ltda. (Adserpa). 09.09.1980: Eleito membro efetivo do Conselho Fiscal da Fieb. 27.07.1982: É operado em Salvador, no Hospital Português, ficando constatado que era portador de câncer no estômago. 04.03.1983: Participa da inauguração do Centro Integrado Nelson Taboada Souza, gigantesco complexo construído pelo Sesi-Senai, em Camaçari. 06.07.1983: Falecimento do irmão Manoel Taboada Souza, aos 74 anos, de câncer. 30.07.1983: Vencido pelo câncer, falece em Salvador, aos 71 anos, sendo sepultado no mausoléu da família, no Cemitério do Campo Santo, onde já se encontravam os pais e os irmãos Adelino, Aníbal e Manoel. 76 DIAGRAMAS GENEALÓGICOS 77 DESCENDÊNCIA 78 79 Sobrado dos Taboada, na esquina da Rua do Raphael (atual João Gomes) com Largo de Santana, onde Nelson morou dos 11 aos 27 anos. No Armazém Rio Vermelho (térreo), começou a trabalhar aos oito anos, no turno oposto ao das aulas. Arquivo Kátia Bouzan 80 Confeitaria Oceânica, outro estabelecimento pertencente ao pai, na esquina do Largo de Santana com Travessa Santana (atual Rua José Taboada Vidal) onde Nelson, ainda criança, também trabalhou, no início do aprendizado comercial. Foto Boreal 81 Praia de Santana, onde Nelson aprendeu a nadar e viu, em 1924, aos 12 anos, a saída do primeiro presente que os pescadores do Rio Vermelho ofereceram à Yemanjá, que teve a colaboração do seu pai, José Taboada Vidal. A foto é do dia 2 de fevereiro de 1930, no momento da partida dos barcos para a entrega do VII Presente. Hoje, a Festa de Yemanjá é a mais grandiosa e bela das que são realizadas no mundo. José Carneiro de Campos 82 O cavaleiro Nelson, aos 23 anos, na Rua Conselheiro Pedro Luiz, tendo à direita a casa (ainda existente) na esquina com a atual Rua José Taboada Vidal, e à esquerda o monumental pórtico de entrada do antigo Hipódromo do Rio Vermelho. Arquivo Família Arquivo Família Casamento de Nelson com Maria Antonieta, em 13 de setembro de 1939, na Igreja de Nossa Senhora da Vitória. 83 Arquivo Família O casal em lua-de-mel, no Rio de Janeiro, com Magdalena (à esquerda), irmã de Antonieta. 84 85 Nelson e Antonieta em abril de 1948, diante do mais famoso monumento do Uruguai, La Carreta, do escultor José Belloni. Foi erguido em 1934, no Parque Batlle y Ordoñes, em Montevidéu. Arquivo Família 86 Reunião da família Taboada, em janeiro de 1950. A partir da esquerda: Nelson, Wilma, Manoel, Constança, Affonso e Aníbal; Antonieta, Stella, Nilza, Karla e Pilar; Nelsinho, José Júlio, o patriarca José Taboada Vidal (com a neta Amália no colo), José Carlos, Manoel Filho e Affonso Filho. Arquivo Família 87 A família: Nelson, Nelsinho e Antonieta, em 1950. Arquivo Família 88 Festa pelos 80 anos do pai de Nelson, José Taboada Vidal, em 26 de novembro de 1957. A partir da esquerda: Aníbal Taboada, Stella de Sá Taboada, Manoel Taboada, Ramon Taboada, Pilar Guillén Taboada e Affonso Taboada. No primeiro plano: Nelson, Antonieta, o aniversariante e Nilza Taboada. Leão Rozemberg 89 A partir da esquerda: Karl Conrad, Edite Lima, Antonieta, Ulpiano Cavalcanti e Nelson, na Alemanha, em 1964. Arquivo Família Arquivo Fieb Nelson em 11 de setembro de 1971, dia da posse na presidência da Fieb, sendo cumprimentado pelo antecessor no cargo, Ulisses Barbosa Filho. 90 91 Nelson Taboada Souza, presidente da Fieb, Luiz Sande, secretário da Fazenda do Estado da Bahia, e Nelson Almeida Taboada, presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica. Arquivo Família 92 Nelson recebendo o abraço do governador Antônio Carlos Magalhães pela inauguração, em 25 de novembro de 1973, do Centro de Formação Artesanal do Sesi na Avenida Tiradentes, Cidade Baixa. Arquivo Fieb 93 Nelson sendo condecorado pelo governador Antônio Carlos Magalhães com a Ordem do Mérito da Bahia, no grau de Comendador, no Palácio da Aclamação, em 15 de março de 1975. Arquivo Fieb 94 Os presidentes de três importantes entidades representativas das classes produtoras baianas, logo após terem recebido a comenda da Ordem do Mérito da Bahia: Deraldo Motta, da Federação do Comércio do Estado da Bahia; Nelson Taboada, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia; e João Sá, da Associação Comercial da Bahia. Arquivo Fieb 95 Nelson presidindo a solenidade de entrega da Medalha do Mérito Industrial Luiz Tarquínio, ladeado pelo governador Roberto Santos (à direita) e pelo empresário Norberto Odebrecht, em 25 de maio de 1976. Arquivo Fieb 96 Nelson Taboada com Alfeu Pedreira, presidente da Associação Comercial da Bahia. Arquivo Fieb 97 Nelson entre os industriais Orlando Moscozo Barreto de Araújo e Norberto Odebrecht. Arquivo Fieb 98 Nelson com o vice-governador da Bahia, Edvaldo Brandão Correia. Arquivo Fieb 99 Antonieta afixando na lapela do paletó de Nelson a Medalha do Mérito Industrial Roberto Simonsen, em solenidade realizada no dia 3 de setembro de 1976. Arquivo Fieb 100 Nelson recebendo do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Gilberto Mendes de Azevedo, o certificado da Medalha do Mérito Industrial Roberto Simonsen. Arquivo Fieb 101 Solenidade da inauguração, em 13 de julho de 1977, do Centro Diesel do Nordeste Roberto Simonsen. A partir da esquerda: Arnaldo Prieto, ministro do Trabalho; Nelson Taboada, presidente da Fieb; Roberto Santos, governador da Bahia; Edvaldo Correia, vice-governador da Bahia; e Fernando Wilson Magalhães, prefeito de Salvador. Arquivo Fieb 102 Nelson fez um vasto círculo de amizades importantes, que iam do presidente Ernesto Geisel ao bilionário empresário americano Daniel Ludwig, idealizador do Projeto Jari, na Amazônia. Na foto Nelson é visto com executivos do ambicioso programa agro-industrial do Jari. Arquivo Família 103 Nelson com o vice-presidente do Unibanco, Carmo Tuffy. Arquivo Fieb Arquivo Fieb Nelson examinando um relatório. 104 105 Nelson na recepção que a Confederação Nacional da Indústria ofereceu ao Príncipe Charles, no Rio de Janeiro, em 9 de março de 1978. Arquivo CNI 106 Nelson lendo, como presidente da CNI, o discurso de saudação ao herdeiro do trono inglês. Arquivo CNI 107 O Príncipe Charles retribuindo a saudação que lhe fez o presidente do CNI. Arquivo CNI 108 Nelson junto ao governador Antônio Carlos Magalhães, na inauguração do Centro Integrado Nelson Taboada Souza, em Camaçari, no dia 4 de março de 1983. Arquivo Fieb 109 Centro de Formação Artesanal do Sesi no Rio Vermelho, inaugurado em 27 de julho de 1982, no palacete da Rua Borges dos Reis 9, adquirido na gestão de Nelson Taboada e que atualmente abriga o Teatro Sesi Rio Vermelho. Arquivo Fieb 110 Atual Igreja Matriz de Sant’Ana do Rio Vermelho, que Nelson muito ajudou na construção, no local onde existiu a única fortaleza (demolida em 1953) de defesa de Salvador fora dos limites da Baía de Todos os Santos. A foto é do dia da inauguração do novo templo, em 26 de julho de 1967, vendo-se a casinha dos pescadores ( Casa do Peso) e parte da Praia de Santana. Arquivo Fiamília Raimundo Sampaio 1 2 3 4 A imagem de Senhora Sant’Ana sendo transladada, por paroquianos do Rio Vermelho, para a nova Igreja Matriz, em 26 de julho de 1967. Aparecem Dante Correia da Silva (1), antigo juiz de futebol profissional, o deputado estadual Osório Villas-Boas (2) e os irmãos Affonso (3) e Nelson Taboada (4). 111 Arquivo Família Última foto de Nelson com Antonieta. 112 MARIA ANTONIETA ALMEIDA TABOADA 113 DIAGRAMA GENEALÓGICO 114 APRESENTAÇÃO Marlene Almeida da Silva Albuquerque Cavalcanti É difícil por em palavras tudo que minha tia, Maria Antonieta, representou em minha vida, pois, depois da minha mãe, Maria Magdalena, ela foi a figura feminina que mais influenciou e permeou a minha existência. Vou deixar aqui alguns registros sobre essa mulher muito especial, carismática e de liderança indiscutível. Ela e minha mãe eram muito unidas. Ambas possuíam personalidade forte. Mas a minha mãe consultava muito minha tia e quase sempre fazia tudo que ela aconselhava. Até o meu nome foi escolhido por Antonieta. A ligação entre as duas era tão profunda que não conseguiam permanecer longe uma da outra. Por ocasião do casamento da minha tia, a minha família (papai, mamãe e eu) havia se mudado para o Rio de Janeiro, onde meu pai, Virgílio Pereira da Silva Júnior, que era médico e dentista, foi trabalhar. Ela programou passar a lua-de-mel no Rio com a intenção de persuadir minha mãe a voltar à Bahia. Tanto fez que conseguiu, apesar de meu pai já estar com consultório montado. Voltamos todos para Salvador. No pré-namoro com Nelson Taboada, eu servi de pombo correio com apenas dois anos. Ela me mandava com a babá passear e receber bilhetinhos na Confeitaria Oceânica, do pai dele e onde ele trabalhava. Como o meu futuro tio demonstrava gostar de crianças, eu fui o pretexto para que os dois pudessem se comunicar. E assim começou o namoro deles, no Rio Vermelho, onde morávamos. A minha tia era muito prendada: costurava, bordava, cozinhava e era uma doceira de mão cheia. Confeitava e fazia bolos lindos. Foi ela quem fez o do meu casamento com o médico Ulpiano Albuquerque Cavalcanti. Tinha bom gosto, um predicado que ela e minha mãe herdaram do meu avô Alfredo Ferreira de Almeida. Mamãe dizia que ele era muito elegante e requintado. Trabalhava como corretor de imóveis para as famílias abastadas de Salvador, como os Martins Catharino e os Joaquim de Carvalho. Suas filhas estudaram nas Mercês, um colégio da elite soteropolitana. Todos os filhos usavam roupas, sapatos e chapéus vindos da Europa, de onde chegavam outras encomendas de uso pessoal e objetos para a casa. 115 Era tudo farto também na mesa. E isso foi outra das coisas que minha mãe e minha tia puxaram do pai. As festas na casa da tia Antonieta eram memoráveis. Para promover o São João, ela passava meses preparando as “sortes”, com brindes dentro. Era realmente tudo muito lindo e todas nós ajudávamos nos trabalhos com grande entusiasmo. Acho que ela adorava os preparativos das festas. Assim era também no Natal e no Ano Novo, que nossas famílias comemoravam juntas. Ademais, não posso me esquecer dos almoços aos domingos, à beira da piscina na casa da Barra, quando meus tios reuniam os amigos e familiares. O catolicismo era uma outra marca registrada da tia Antonieta. Cultivava uma fé inabalável em Nossa Senhora de Fátima, em Senhora Sant’Ana, no Jesus Menino de Praga, no Senhor do Bonfim e em Santo Antônio, do qual não se desgrudava, pois andava permanentemente com um crucifixo contendo uma pequenina imagem do santo, confeccionada em madeira. Possuía em casa um oratório com os santos prediletos, para fazer orações diárias, com muita devoção. Porém, no dia da Festa de Yemanjá, 2 de fevereiro, ela cumpria a ritual de colocar presentes na Casa do Peso, no Rio Vermelho. Também não deixava de dar o Caruru de São Cosme e São Damião, onde o sincretismo da religiosidade afro-baiana se fazia presente. Oferecia o caruru numa festança maravilhosa, no dia do aniversário do tio Nelson. Minha tia era muito otimista. Para ela tudo se resolvia, tudo tinha uma solução. Eu acho que isso se devia à sua grande fé religiosa. Também tinha os defeitos comuns a todos os humanos, mas suas boas qualidades eram infinitamente superiores. Enfim, tia Antonieta era uma pessoa generosa, bondosa e envolvente. Ajudava a todos nas pequenas e grandes necessidades. Se alguém estivesse triste, ela logo queria saber o motivo para ver se podia resolver o problema. Com isso, ajudou muita gente, parentes e não-parentes, não só financeiramente, mas também com sua amizade, seus favores e sua notável influência na sociedade, especialmente junto às autoridades. Ela passava segurança e proteção a todos que a rodeavam. À minha família, tia Antonieta deu muito carinho e nós a amávamos muitíssimo. Para meus filhos, Maurício e Andréia, foi uma verdadeira avó e meu tio Nelson o avô. 116 A FAMÍLIA Alfredo Ferreira de Almeida nasceu em Portugal, na região do Porto. Nenhum registro se tem atestando o local exato do seu nascimento, nem de referências familiares. Sabe-se apenas que desembarcou no Rio de Janeiro na companhia de um irmão padre e uma irmã freira. Os religiosos foram para o Arraial do Curral Del Rei, futura Cidade de Belo Horizonte, fundada em 12 de dezembro de 1897. Ele optou por se estabelecer em Salvador, onde se tornou um conceituado corretor de imóveis, que prestava serviços para importantes famílias baianas. Alfredo casou-se com Amélia Cardoso Guimarães, nascida em Salvador. Tiveram nove filhos, sete mulheres e dois homens. As meninas receberam uma esmerada educação religiosa no Colégio Nossa Senhora das Mercês, da ordem das irmãs Ursulinas. No final da década de 1920, uma tragédia se abateu sobre a família Almeida, dizimando seis de seus nove componentes. Foi provocada por uma moléstia contagiosa, de difícil cura na época, que o povo chamava de “peste branca”. Morreram dona Amélia e seis filhos: Maria Maristela, Maria Margarida, Maria Conceição, Maria Alice, Maria Guiomar e Joaquim. A bacteria mortífera Um empregado doméstico, que ninguém desconfiou que fosse portador do Bacilo de Koch, a bactéria da tuberculose, uma doença altamente contagiosa, acabou infectando dona Amélia e seus filhos. Ela foi levada para Itiúba, um povoado com menos de mil habitantes, a 374 metros de altitude, no contraforte da serra que lhe deu o nome, no nordeste baiano. Pertencia ao município de Queimadas e era servido pelos trilhos da Compagnie des Chemins de Fer Fédéraux de L’Est Brésilien. Ficava a 43 km da sede municipal, a 53 km de Senhor do Bonfim e a 473 km de Salvador. Itiúba possuía fama pela salubridade do seu clima, seco e saudável, tido como de excepcionais propriedades terapêuticas e indicado para ‘quem sofria do pulmão’. Assim chamavam os portadores da tuberculose, cujo tratamento dependia de muito repouso e da natureza, onde o ar puro e o sol encontrados em áreas especiais eram fundamentais. Porém, mesmo indo para um local recomendado pelos tisiologistas, Amélia não conseguiu se curar da doença que matava pela destruição pulmonar. Faleceu no dia 23 de janeiro de 1929, aos 51 anos. 117 Alfredo casou-se em segundas núpcias com Maria Lúcia Machado, mas não tiveram filhos. Depois de ter morado no Rio Vermelho, o casal foi residir na Soledade, no Largo da Lapinha 14. Tempos depois, no sítio que possuía em São Gonçalo dos Campos, atacado por um carneiro, Alfredo sofreu uma queda e teve de ser internado no Hospital Português de Salvador, do qual era associado e onde permaneceu por 14 dias. No dia 15 de março de 1944, quando se vestia para deixar o hospital, sentiuse mal e faleceu imediatamente, aos 79 anos. No atestado de óbito, assinado pelo médico Mathias Bittencourt, constou que fora acometido de uma hemorragia cerebral. UMA JOVEM CARISMÁTICA Maria Antonieta Cardoso de Almeida, chamada pelos familiares de Antonieta, ou simplesmente de Tiêta, nasceu no bairro do Canela, em Salvador, a 19 de fevereiro de 1913, dia de São Bonifácio. Após o falecimento da mãe, o pai alugou uma casa no Rio Vermelho, na Rua Guedes Cabral 12 (Casa do Azulejo), defronte à Praia de Santana e da Casa do Peso, bem próximo do sobrado da família Taboada. Depois, seu pai passou para um outro endereço no Rio Vermelho: Rua da Paciência 32, uma casa com duas estatuetas, uma de cada lado do portão de entrada, ambas simbolizando um cão. Desde cedo deu provas de que seria uma adulta voluntariosa, decidida e com visão progressista. Simpática e comunicativa, era dotada de uma enorme capacidade de liderança, que começou a exercitar na Paróquia de Sant’Ana do Rio Vermelho, cuja Igreja Matriz freqüentava com assiduidade. Mesmo antes do casamento, em 13 de setembro de 1939, Antonieta já demonstrava possuir saudável influência sobre o noivo, Nelson Taboada Souza. Foi quem o incentivou a trocar o balcão da Pastelaria Globo por outro ramo comercial, que pudesse abrir portas para novos horizontes e negócios mais promissores. No Rio Vermelho, além da militância religiosa, Antonieta ficou conhecida pela bondade e disposição para ajudar os mais humildes nas horas das dificuldades. Na subida da Rua Visconde de Cachoeira, antiga Ladeira do Papagaio (final da atual Av. 118 Cardeal da Silva), ficava a delegacia de polícia, chefiada por um jovem nascido e criado no bairro, Osório Cardoso Villas-Boas, que ali trancafiava os desordeiros e brigões. Vez por outra, atendendo aos apelos dos familiares dos detidos, Antonieta aparecia para pedir à autoridade policial, com quem possuía laços de parentesco (pelo ramo dos Cardoso), que soltasse fulano, sicrano ou beltrano. Osório sempre atendia, mas ao proceder a soltura avisava: Você está saindo porque teve uma madrinha forte. Vá agradecer à dona Antonieta Taboada. Mas fique sabendo de uma coisa, se voltar a ser preso, ela não vai lhe soltar pela segunda vez! Dona de um coração grande e caridoso, Antonieta não podia ver ninguém sofrendo por doença. Providenciava médicos, remédios e até internamentos para os casos de intervenções cirúrgicas. Constantemente havia gente batendo à porta de sua residência, em busca da providencial caridade. Graças ao prestígio de Antonieta, que somado ao da cunhada Nilza Taboada, outra grande liderança dentro da comunidade católica do Rio Vermelho, Osório Villas-Boas obteve uma votação maciça no bairro quando se elegeu vereador, logo na primeira tentativa, em 1950. Foi reeleito em 1954 e 1958, nessa última já um destacado presidente do Esporte Clube Bahia. No pleito de 1954, a família Taboada também muito colaborou para que Cruz Rios, que morava no Largo de Santana, fosse eleito deputado estadual. Muito dinâmica e querendo resolver seus afazeres sem depender de terceiros, aprendeu logo a dirigir, passando a fazer parte do reduzido grupo de mulheres que podiam ser vistas em Salvador ao volante de um carro. No Rio Vermelho foi, seguramente, a primeira a ter o seu próprio automóvel. Em 1955, Nelson e Antonieta deixaram o Rio Vermelho e foram morar na Barra Avenida, numa casa mais ampla e com piscina, com frente voltada à Rua Doutor Praguer Fróes e fundo para a Alameda Antunes. Nessa época, já faziam parte de um dos círculos da alta sociedade soteropolitana. 119 PRESENÇA MARCANTE Na casa da Barra, começou um novo ciclo na vida do casal. Foi quando Nelson tornou-se industrial e se firmou definitivamente nos meios econômicos da Bahia. Existe um dito popular que afirma: “Por trás do sucesso de um homem há sempre uma grande mulher”. Nunca essa afirmativa foi tão verdadeira como no caso de Nelson. A parceria que ele formava com Antonieta não se resumia às obrigações matrimoniais. Ela era uma ativa conselheira e esteio na parte social. No comando da casa da Barra, Antonieta transformou-a num point da sociedade. Não da sociedade fútil, mas de uma sociedade produtiva e culta, integrada por industriais, empresários de outros segmentos, profissionais liberais, jornalistas, escritores e artistas plásticos, dentre outros. Enfim, na casa da Barra nasceu um novo núcleo da alta sociedade, liderado pelo casal Taboada. A casa ficou famosa pelos almoços aos sábados e domingos, onde a excelência das iguarias muito contribuiu para a consagração do bem-receber do casal, verdadeiro pólo aglutinador e cultivador de amizades. O dia 13 de setembro, aniversário de Nelson, entrou para o calendário da sociedade como o “Dia do Caruru de Antonieta e Nelson Taboada”. No livro ‘Bahia de Todos os Santos’, Jorge Amado o incluiu entre os três mais famosos da Bahia, citando-o como “... de farta, rica e saborosa comida de azeite-de-dendê”. Nos dias normais, passavam pela casa personalidades que iam de João Calmon, deputado federal e depois senador, aos colegas de Nelson no Colégio Antônio Vieira, dentre eles Mirabeau Sampaio e Jorge Amado, que compareciam acompanhados de suas esposas, Norma e Zélia Gattai. Nelson e Antonieta foram inclusive padrinhos no casamento de Paloma, filha de Zélia e Jorge. Gersina e Odorico Tavares também se tornaram freqüentadores habituais. E foi pelas mãos de Odorico, diretor dos Associados na Bahia, que o jornalista Assis Chateaubriand, dono dos Associados, esteve na casa da Barra. Gostou da cozinha. Quando programava viajar à Bahia, mandava avisar que queria degustar as iguarias preparadas pela cozinheira Dudu, 120 que trabalhou com Antonieta por 26 anos, até aposentar-se. Era uma negra de um metro e noventa, de porte elegante e que falava nagô e francês. Assim era a casa da Barra, sempre cheia, onde se misturavam famosos e não-famosos, parentes e não-parentes. Uma festa semanal, que durou até o final da década de 1970. Premido pelo progresso e pela violência urbana, que transformou as casas em alvos fáceis, o casal foi residir num apartamento na Avenida Princesa Leopoldina, bairro da Graça, onde Nelson faleceu. EPISÓDIO COM JK Numa visita a Salvador, o presidente Juscelino Kubitschek foi recebido no Palácio da Aclamação com uma recepção oferecida pelo governador Antônio Balbino. Na fila dos cumprimentos estavam Nelson e Antonieta Taboada. Quando o chefe da Nação se aproximou, Antonieta quebrou o protocolo e disse-lhe: “Sou cunhada de Ramon Taboada!”. O presidente respondeu: “É um grande amigo que tenho em Belo Horizonte!”. Ela replicou: “Então, atenda-o no pedido que se encontra dentro desse envelope. Não vá decepcioná-lo!” E rapidamente enfiou-o no bolso de baixo do paletó de JK, que sorrindo voltou para junto da fila e continuou nos cumprimentos formais às personalidades da sociedade baiana. No envelope estava um pedido para Ulpiano Albuquerque Cavalcanti, um jovem médico casado com sua sobrinha Marlene. Antonieta também colocou um currículo resumido de Ulpiano e informou o cargo pretendido, que se encontrava vago, numa repartição federal na Bahia. Mas não levava fé no sucesso da empreitada. Raciocinava que, por receber centenas de solicitações de tal natureza, encaminhadas por senadores, deputados, prefeitos e chefes políticos de todo o país, JK não daria a mínima importância a um pedido desprovido de apadrinhamento político. Ademais, avaliava que uma solicitação usando o nome de Ramon, que não era político, não teria nenhuma chance de êxito. Em suma, fez o pedido ciente de não obter qualquer resposta. 121 Ledo engano, poucos dias depois, chegou a notícia da nomeação de Ulpiano, publicada no Diário Oficial da União. Mas a surpresa maior foi para os deputados federais baianos, que brigavam pelo preenchimento do cargo. Ficaram atônitos, sem saber de onde tinha saído o pistolão poderoso. CASAMENTO DE 43 ANOS Na sessão de 4 de agosto de 1983, quando o Rotary Club da Bahia prestou significativo tributo póstumo a seu expresidente, coube ao rotariano Guilhermino de Freitas Jatobá relembrar a figura do amigo Nelson Taboada. Depois de traçar os perfis das diversas facetas do homenageado, como empresário, dirigente classista e rotariano, Guilhermino desvendou a faceta de um Nelson romântico, revelando publicamente o que os familiares já sabiam: Nelson Taboada foi um homem que existiu para o trabalho, a filantropia e o catolicismo. Era um poeta e autor de orações religiosas, que fazia sem qualquer objetivo de publicá-las. Era para consumo dos parentes, amigos e assessores. Com muita humildade, com muita probidade e com muito entusiasmo, ele exerceu a sua vida profissional. Mas o que nos toca mais é a personalidade de Nelson Taboada. Hoje, que vivemos num mundo brutal, num mundo onde as ligações são quase sempre efêmeras, Nelson tinha um amor sem limites para com a sua querida Antonieta. Até dias antes do seu desaparecimento, depois de 43 anos de casamento, em que nem uma vez só levantou o tom de voz para sua mulher, ele mandava buquês de flores para sua Antonieta, ao tempo em que lhe fazia bilhetes amorosos. Mesmo enfrentando estoicamente uma doença brutal, que o levou a um sofrimento incessante, ele dividia o afeto com sua mulher, ele continuava com o mesmo amor, paixão e romantismo intermináveis para com sua Antonieta. 122 LONGEVIDADE Maria Antonieta Almeida Taboada sobreviveu ao marido por 19 anos. A longevidade garantiu-lhe conhecer a única neta, Carolina Soussa Taboada, sua última grande alegria. Dois anos depois, no dia 19 de maio de 2003, Antonieta faleceu aos 90 anos, no Instituto Cárdio Pulmonar, localizado na divisa do Rio Vermelho com a Federação. Locais em que Antonieta e Nelson residiram Arquivo Família 1. Rua Luiz Anselmo 11, Matatu de Brotas. 2. Rua João Gomes 1, Rio Vermelho. 3. Rua Conselheiro Pedro Luiz 30, Rio Vermelho. 4. Rua Dr. Praguer Fróes 14, Barra Avenida. 5. Avenida Princesa Leopoldina 124, Apto. 1301, Graça. Com o falecimento da esposa, Amália Souza Taboada, em 23 de outubro de 1941, José Taboada Vidal pediu ao filho e à nora que deixassem a casa de Brotas e fossem com o netinho morar com ele, no Rio Vermelho, no primeiro andar do seu sobrado (foto), na esquina da Rua João Gomes com o Largo de Santana. E nesse endereço, Nelson, Antonieta e Nelsinho ficaram durante dois anos. Em 1944, os três mudaram-se para uma casa localizada bem próxima, na Rua Conselheiro Pedro Luiz. 123 Arquivo Família Alfredo e Amélia, pais de Maria Antonieta. 124 Arquivo Família Arquivo Família Três das seis irmãs de Maria Antonieta: Maria Conceição, Maria Magdalena e Maria Alice. Francisco Cardoso de Almeida, irmão de Maria Antonieta. 125 Arquivo Família Antonieta com Nelson. 126 127 Antonieta e Nelson. Arquivo Família 128 Nelson e Antonieta. Arquivo Família Arquivo Família Antonieta com Nelsinho. 129 Arquivo Família Antonieta com as amigas Lourdes Santos Pereira e Valdete Machado. 130 131 Antonieta entre Edite Lima e Lourdes Santos Pereira. Arquivo Família 132 Os recém-casados Ulpiano Albuquerque Cavalcanti e Marlene Almeida da Silva, ladeados pelos pais da noiva, Virgílio Pereira da Silva Júnior e Maria Magdalena Almeida Silva. Nelson e Antonieta, que ofereceram sua residência, na Barra, para a recepção aos convidados, aparecem nas extremidades, com a dama de honra, Amália Maria Taboada, de braço dado com o tio. Arquivo Família Arquivo Família Nelson e Antonieta na missa em ação de graças pelos 25 anos do casamento, realizada na Igreja da Vitória, em 13 de setembro de 1964. Atrás do casal o filho Nelson Almeida Taboada. 133 Arquivo Família A partir da direita: Maria Magdalena, Antonieta, Nelson e Marlene com os filhos, Maurício e Andréia. 134 Arquivo Família Antonieta com a sobrinha-neta Andréia. 135 Arquivo Família Andréia entre a tia-avó Antonieta e a avó Maria Magdalena. 136 137 Antonieta aos 87anos. Arquivo Família 138 Antonieta aos 89 anos, em 25 de março de 2002, dia da festa do primeiro aniversário da única neta, Carolina, entres os pais, Patrícia e Nelson. Arquivo Família Studio Enzo POSFÁCIO Ubaldo Marques Porto Filho Em 1958, com 13 anos de idade, cheguei ao Rio Vermelho, rincão descoberto em 1509 por Diogo Álvares Corrêa, o legendário Caramuru. Encontrei um bairro muito semelhante às cidades do interior onde eu havia morado: Cantagalo (RJ), Jequié (BA) e Ubá (MG). O traço de união eram as atividades no entorno de seus principais símbolos: igreja matriz, correios, cinema, mercado municipal, escolas públicas, ginásio estadual, maternidade, posto de saúde, posto de puericultura, serviço médico de urgência, delegacia de polícia, escritório da companhia de energia elétrica, posto de abastecimento de gêneros alimentícios e coletoria estadual. A única diferença marcante, entre as cidades por onde passei e a ‘cidadezinha’ encravada no litoral norte de Salvador, numa espécie de ‘república’, residia no fato do Rio Vermelho possuir praias e pescadores profissionais. No verão transformava-se num imenso palco de eventos: festa da padroeira, procissão, festas de largo, concurso da rainha, banho de mar à fantasia, gritos de carnaval, noite dos ternos e ranchos, segunda-feira gorda, lavagem da igreja, bando anunciador e presente da Mãe d’Água, dentre outras atrações. No bairro existiam também os chamados ‘médicos de família’, que nos casos de emergência atendiam a domicílio, em qualquer hora do dia ou da noite. Pelas portas das residências, com predominância total de casas e sobrados, passavam mercadores diversos, dentre eles o verdureiro, leiteiro, sorveteiro, baleiro, vassoureiro, os homens do acaçá, dos pães, da carne de porco, do quebra-queixo, das tabocas e o amolador de facas e tesouras. Nos armazéns, bares, padarias e açougues, a moeda predominante chamava-se ‘caderneta‘, um sistema de compra a crédito consagrada pela confiança mútua. Para se deslocar ao centro de Salvador, qualquer pessoa dizia simplesmente ‘vou à cidade’, numa atitude de indiscutível separação geográfica. Portanto, Salvador era a ‘urbis’, enquanto o Rio Vermelho era a ‘vila’ do município de Salvador. Comunicavam-se por meio de 139 duas linhas de bondes (Rio Vermelho de Cima e Rio Vermelho de Baixo) e por duas linhas de ônibus, com todos os terminais situados no Largo da Mariquita, dotado de um abrigo para os passageiros. Esse foi o Rio Vermelho que conheci, onde ainda reinavam as famílias tradicionais, muito respeitadas pelo povo, sendo geralmente numerosas, autênticos clãs, algumas servidas por criadagem numerosa: cozinheiras, lavadeiras, engomadeiras, arrumadeiras, copeiras, babás, jardineiros, motoristas e outros ajudantes. Ocupavam casarões e sobradões, verdadeiros palacetes, remanescentes do período áureo (1880-1930) do arrabalde como centro de veraneio das famílias mais abastadas do centro de Salvador. O Rio Vermelho tinha sido, na verdade, o primeiro balneário turístico da Bahia, com hotéis, restaurantes, hipódromo, clube de tênis e um campo de futebol, onde o campeonato baiano foi disputado durante dois períodos: de 1907 a 1912 e de 1916 a 1920. Dentre as famílias importantes na comunidade, três usufruíam de especial destaque. Seus patriarcas, todos espanhóis da Galícia, ficaram imortalizados pelos empreendimentos realizados no bairro: José Cassiano Lorenzo Rajo, Manoel Sobrinho Gonçalves e José Taboada Vidal. Não conheci os dois primeiros, falecidos em 1951 e 1957, respectivamente. Deixaram dois filhos médicos renomados, o ortopedista Henrique Correia Rajo e o radiologista José Sobrinho Gonçalves, este último mais conhecido como Doutor Zico, antigo ídolo do basquete, campeão baiano pelo Esporte Clube Vitória. O senhor José Taboada conheci logo na chegada ao bairro, pois se tratava de uma personalidade venerada pelos moradores. Residia no coração do Rio Vermelho, na esquina da Rua João Gomes com o Largo de Santana. Não era a esquina atual, que foi alterada em 1974, com a demolição do seu sobrado, cuja derrubada iria possibilitar, anos depois, a ampliação do largo, na área atrás da igrejinha. José Taboada, faleceu aos 89 anos, em 2 de maio de 1967. Não viu nenhum de seus sete filhos obter diploma de curso superior, mas assistiu seu quarto filho tornar-se um empresário bem sucedido. Quando conheci Nelson Taboada Souza, na casa de seu irmão Affonso, também localizada no Largo de Santana, ele era o líder da empresa Irmãos Taboada e um dos donos da Água Mineral Dias D’Ávila e de uma construtora. Considerado gênio nos negócios, possuía grande projeção profissional e social. Era o que se ouvia sair da boca de seus parentes e amigos no Rio Vermelho. Os anos subseqüentes demonstrariam que Nelson era realmente um empreendedor dinâmico, uma pessoa muito bem relacionada e voltada às necessidades da coletividade empresarial. Ao chegar à presidência da Federação das Indústrias do Estado da 140 Arquivo Fieb Bahia, além de enfeixar a liderança da classe industrial baiana tornouse uma voz muito respeitada por todos os segmentos da economia baiana. Acompanhei sua brilhante trajetória nos seus últimos 25 anos de vida. Também conheci sua esposa, Antonieta. Como o marido, tinha um temperamento forte e marcante. Descontraída, dominava as conversas em qualquer que fosse o ambiente. Educada e bem-falante, impunha-se pelo carisma que, em alguns momentos, transmitia a imagem de ser uma pessoa dominadora. Essa impressão decorria do fato de externar seus argumentos com bastante segurança e total conhecimento do que abordava. E pelo fato de seus pontos de vista serem sempre acatados, em algumas pessoas foi moldada a imagem de uma Antonieta mandona. Autoritária ou não, duas coisas nunca foram contestadas: o coração aberto e a ajuda desinteressada que dava aos necessitados. Por isso, Antonieta foi muito respeitada, querida e até mesmo reverenciada pela grandeza da bondade de suas ações. Além disso, era dotada de outras virtudes que, juntas com as de Nelson, resultaram na formação de um casal perfeito. Antonieta e Nelson. 141 REFERÊNCIAS Livros AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos: guia de ruas e mistérios. 33 ed. Rio de Janeiro: Record, 1982. ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. Rio de Janeiro: IBGE, 1958. Itiúba, v.20. NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Memória da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Salvador: Fieb, 1997. PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Rio Vermelho. Salvador: Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho, 1991. PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Família Taboada na Bahia. Salvador: Academia dos Imortais do Rio Vermelho, 2008. PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Dois de Fevereiro no Rio Vermelho. Salvador: Academia dos Imortais do Rio Vermelho, 2009. PORTO FILHO, Ubaldo Marques. José Taboada Vidal, Benemérito do Rio Vermelho. Salvador: Academia dos Imortais do Rio Vermelho, 2009. PORTO FILHO, Ubaldo Marques. Rio Vermelho, de Caramuru a Jorge Amado. Salvador: Casa de Cultura Carolina Taboada, 2009. TAVARES, Paulo. O baiano Jorge Amado e sua obra. Rio de Janeiro: Record, 1980. Jornais e revistas A TARDE. Salvador. 13 jan.1962, 06 jun. 1976, 31 jul. 1983, 21 set. 2003 e 30 set. 2003. BOLETIM INDUSTRIAL DA FIEB. Salvador. Diversos números do período 1971-1983. CORREIO DA BAHIA. Salvador. 01 ago.1983. DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Salvador. 19 mar.1964, 25 mar. 1972 e 30 ago.1974. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Rio de Janeiro. 10 dez. 1957. DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO. Salvador, 21 fev. 1975. INFORME DO EMPRESÁRIO. Salvador, 22 jul.1974 e 02 ago.1983. REVISTA COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA, 90 anos a serviço da educação. Salvador: Colégio Antônio Vieira, 2002. REVISTA INDÚSTRIA & PRODUTIVIDADE. Rio de Janeiro, mar. 1978. REVISTA O CRUZEIRO. Rio de Janeiro, 30 nov. 1973. TRIBUNA DA BAHIA. Salvador. 26 set. 2003. Documentos não-publicados ARQUIVO da Confederação Nacional da Indústria. ARQUIVO de Maria Antonieta Almeida Taboada. ARQUIVO de Nelson Almeida Taboada ARQUIVO de Nelson Taboada Souza. ARQUIVO do Autor Locais pesquisados Arquivo Público do Estado da Bahia. Biblioteca da Associação Comercial da Bahia. Biblioteca da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Biblioteca Estadual Juracy Magalhães Júnior (Rio Vermelho). Biblioteca Pública do Estado da Bahia. Biblioteca Ruy Barbosa (Instituto Geográfico e Histórico da Bahia). Junta Comercial do Estado da Bahia. Paróquia de Sant’Ana do Rio Vermelho. Sites consultados http://www.acbahia.com.br http://www.acirv.org http://www.casataboada.com.br 142 ÍNDICE ONOMÁSTICO A Adalberto de Souza Coelho: 25, 32 Adelino Taboada Souza: 19, 20, 75-77, 2ª capa Adhemar Martinellli Braga: 62 Adroaldo Ribeiro Costa: 34 Affonso José Taboada Filho: 86 Affonso José Taboada Souza: 19, 22, 23, 74, 77, 86, 88, 111, 140, 2ª capa Albano Franco (Albano do Prado Franco): 40 Albertino Araújo Pitiá: 25, 33 Albertino Manso Dias: 25, 33, 62 Alberto de Oliveira: 49 Aldemir Martins: 7ª capa Alfredo Ferreira de Almeida: 114, 115, 117, 118, 124 Alfredo Mesquita de Almeida: 114 Alfreu Pedreira (Alfeu Simões Pedreira): 96 Alice Ferreira Vieira dos Santos: 15 Almir Mendes de Carvalho Júnior: 62 Amália Maria Taboada: 86, 132 Amália Souza Martinez (Amália Souza Taboada): 15, 20, 75, 77, 123, 2ª capa Amauri Vercillo: 58 Amélia Cardoso Guimarães (Amélia Cardoso de Almeida): 114, 117, 124 André Reinaldo Bastos: 62 Andréia Almeida Silva Albuquerque Cavalcanti: 116, 134, 135, 136 Aníbal Taboada Souza: 76, 77, 86, 88, 2ª capa Anna Amélia Vieira Nascimento: 68, 142 Antônio Arriano: 16 Antônio Balbino (Antônio Balbino de Carvalho Filho): 16, 121 Antônio Carballido Presa: 25, 33, 62 Antônio Carlos Magalhães (ACM/Antônio Carlos Peixoto de Magalhães): 32, 40, 41, 45, 66, 68, 71, 92, 93, 108 Antônio Imbassahy (Antônio José Imbassahy da Silva): 151 Antônio José de Carvalho Silva: 33 Antônio Vieira de Mello:16 Antônio Walter dos Santos Pinheiro: 33 Arlete Magalhães (Arlete Maron de Magalhães): 68 Arnaldo do Faro Franco: 33 Arnaldo Prieto (Arnaldo da Costa Prieto): 101 Ary Barroso (Ary Evangelista de Rezende Barroso): 18 Assis Chateaubriand (Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo/Chatô): 120 Augusto Alexandre Machado: 54 Augusto Mascarenhas (Augusto da Silveira Mascarenhas): 71 B Benedito Lacerda: 18 Bernardo Spector: 49 C Camilo Torrend (Padre Torrend): 20 Cândido Colombo Cerqueira: 16 Carlos Anthero Sá Jardim: 25, 62 Carlos Guedes Gagliano: 21 Carlos Langoni (Carlos Geraldo Langoni): 59 Carmem Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha): 18 Carmen Costa (Carmelita Madriage): 35 Carmo Tuffy: 103 143 Carolina Soussa Taboada: 10, 78, 123, 138, 3ª capa Castro Alves (Antônio de Castro Alves): 15 César Cals de Oliveira Filho: 51 Cláudio Pinheiro Taboada: 150, 151 Clélio Pereira de Almeida: 114 Clériston Andrade: 32 Clodomir Leite: 30 Clóvis Cavalcanti Bezerril: 74, 150 Constança Amália de Sá Taboada: 86 Cruz Rios (Joaquim Alves da Cruz Rios): 119 D Daiana Silva Marques Porto: 151 Daniel Ludwig (Daniel Keith Ludwig): 102 Dante Correia da Silva: 111 Deraldo Motta: 69, 94, 152 Diego Gonzalez Blanco: 57 Dímpino da Purificação Carvalho: 33 Dinha do Acarajé (Lindinalva de Assis): 152, 3ª capa Diogo Álvares Corrêa (Caramuru): 11, 139, 152, 3 capa Diogo Figueiredo Neto: 58 Domício Velloso da Silveira: 36 Dorival Caymmi: 17 Dorival Teixeira Vieira: 59, 60 Dudu (cozinheira): 120 E Edgar Viana: 49 Edite Lima: 89, 131 Eduardo Ávila de Oliveira: 150 Eduardo VIII: 64 Edvaldo Brandão Correia: 98, 101 Edvaldo Rodrigues Paim: 25, 33 Elizabeth II: 64 Ella Karla Conrad (Ella Karla Taboada): 77, 86 Emanuel Macedo Nuno de Souza: 150 Emílio Garrastazu Médici: 44 Enéas Augusto Guedes (Guedão): 17 Ernesto Geisel: 102 F Fauze Midlej: 68 Fernando Costa d’Almeida: 25, 33, 39, 62, 65, 66, 68, 69 Fernando Filgueiras (Fernando Ribeiro Filgueiras): 70 Fernando Frank: 61 Fernando José Sá Jardim: 33 Fernando Wilson Magalhães (Fernando Wilson Araújo Magalhães): 101 Filemon Santos Silva: 25 Flávio Damásio de Paula: 150 Francilda Mesquita de Almeida: 114 Francisco Cardoso de Almeida: 114, 125 Francisco José de Andrade Silveira: 52 Francisco Mesquita de Almeida: 114 Francisco Pignatari (Baby Pignatari): 29 G Gaspar Sadoc da Natividade (Padre Sadoc): 40, 41, 67, 71 George Pereira de Almeida: 114 Georgina Pereira: 114 Geraldo Meyer Suerdieck: 25, 33, 36 Gerardo Dias Macedo: 25, 33 144 Gersina Tavares (Gersina de Vasconcelos Tavares): 120 Getúlio Vargas (Getúlio Dornelles Vargas): 152 Gibson Junior (Gibson Alves Villa Nova Junior): 4 Gilberto Mendes de Azevedo: 100 Gildásio Vieira de Freitas: 150 Giovanni Guimarães: 16 Giovanni Tambone: 21 Guilhermino de Freitas Jatobá: 25, 62, 122 H Hans Tosta Schaeppi: 25 Hélio Amado: 62 Hélio José Bastos Carneiro de Campos: 150 Hélio Simões: 16 Henricão (Henrique Felipe da Costa): 35 Henrique Correia Rajo: 140 Henrique da Rocha Almeida: 16 Hilda Mesquita: 114 Humberto Hermida Rodrigues: 25 Humberto Porto (Humberto Carlos Porto/Brigadeiro): 17, 18 I Ivanilson Soares Trindade: 62 J Jader Tavares (Jader de Vasconcelos Tavares): 61 Jaguaraci Xavier Araújo: 150 Joanny Garde: 19 João Calmon (João de Medeiros Calmon): 120 João Sá (João José de Carvalho Sá): 94 João Durval Carneiro: 151 Joaquim Cardoso de Almeida: 114, 117 Jobel dos Passos Prazeres: 33 Jorge Amado: 16, 120, 142, 152, 3ª capa Jorge Novis: 54 José Belloni: 85 José Carlos Taboada: 86 José Carneiro de Campos: 81 José Cassiano Lorenzo Rajo: 140 José Coelho: 62 José da Costa Falcão: 33 José da Silva: 30 José do Patrocínio Coelho de Araújo: 25 José Ferreira Amaro: 58 José Fisher: 71 José Guido Grimaldi: 150 José Júlio de Sá Taboada: 86 José Pedreira de Freitas: 69 José Ramón Taboada Dominguez: 19 José Rolemberg Leite: 16 José Sobrinho Gonçalves (Doutor Zico): 140 José Taboada Vidal: 7, 11, 12, 15, 17, 74, 75, 77, 81, 86, 123, 140, 142, 152, capas (2ª, 3ª, 5ª, 6ª) José Vieira Lemos: 19 José Vieira Nascimento: 25, 33 Júlio Botelho: 62 Juracy Magalhães (Juracy Montenegro Magalhães): 21 Juscelino Kubitschek (JK/Juscelino Kubitschek de Oliveira): 13, 16, 21, 121 Justiniano Antônio Luiz dos Santos Granjo: 21 145 K Karl Conrad: 89 Kátia Silva Bouzan: 79 L Lafayete Coutinho de Albuquerque Cavalcante: 20 Lajos Mramuracz: 62 Leão Rozemberg: 88 Leonardo Taboada Vidal: 15, 2ª capa Leonor Taboada Vidal: 15, 2ª capa Lourdes Santos Pereira (Maria de Lourdes Santos Pereira): 130, 131 Luciano de Arruda Cabral: 25 Luciano José Costa Figueiredo: 150 Luiz Antônio da Silva Sá: 25, 33, 62 Luiz Clóvis Santos Pereira: 150 Luiz Eugênio Tarquínio: 34 Luiz Sande (Luiz Antônio Sande e Oliveira): 91 Luiz Tarquínio: 34 Luiz Vasconcelos: 73 Luiz Viana Filho: 32 M Manoel Ângelo Taboada Filho (Nelito): 86 Manoel Augusto Leone: 32, 33 Manoel Sobrinho Gonçalves: 140 Manoel Taboada Souza: 71, 76, 77, 86, 88, 2ª capa Manuel Portugal dos Santos Neto: 25, 62 Marcelo Gedeon: 21 Márcio Santos Souza: 150, 151 Maria Alice Cardoso de Almeida: 114, 117, 125 Maria Antonieta Cardoso de Almeida (Maria Antonieta Almeida Taboada/Antonieta Taboada/Antonieta/Tiêta): 19, 20, 22, 42, 67, 68, 71-73, 75, 77, 78, 83-89, 99, 112-116, 118-138, 141, 142, capas (4ª, 7ª) Maria Augusta Mascarenhas Cardozo: 4 Maria Conceição Cardoso de Almeida: 114, 117, 125 Maria de Vasconcelos Tavares: 78 Maria del Pilar Inocência Guillén Ortiz (Pilar Guillén Taboada): 77, 88 Maria Flávia Pinheiro Taboada: 150 Maria Guiomar Cardoso de Almeida: 114, 117 Maria José Silva Marques Porto: 151 Maria Lúcia Machado: 118 Maria Magdalena Cardoso de Almeida (Maria Magdalena Almeida Silva): 84, 114, 115, 125, 132, 134, 136 Maria Margarida Cardoso de Almeida: 114, 117 Maria Maristela Cardoso de Almeida: 114, 117 Maria Pilar Martinez (Pilar Martinez Taboada): 77, 86 Mário Amerino da Silva Portugal: 25, 33 Mário Meneghetti (Mário David Meneghetti): 21 Marlene Almeida Silva (Marlene Almeida Silva Albuquerque Cavalcanti): 114, 115, 121, 132, 134 Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo): 15 Mathias Bittencourt: 118 Maurício Almeida Silva Albuquerque Cavalcanti: 116, 134 Maurício Alves de Brito: 62 Maximiano da Mata Teixeira: 16 Miguel José Vita: 25 Mirabeau Sampaio (José Mirabeau Sampaio): 16, 120 Mônica Silva Marques Porto: 151 146 N Nelson Almeida Taboada: 9-12, 22, 23, 67, 70-73, 75, 78, 86, 87, 91, 123, 129, 133, 138, 142, 150, 152, capas (3ª, 4ª, 7ª) Nelson Hanaque Esquivel: 150 Nelson Mesquita de Almeida: 114 Nelson Taboada Souza: 3-5, 7-27, 29-42, 62, 63, 65, 68-112, 114-116, 119-123, 126-128, 132-134, 140-142, 152, capas (1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 7ª, 8ª) Newton Pinto: 54 Nilza Taboada Souza: 74, 77, 86, 88, 119, 2ª capa Norberto Odebrecht: 7-9, 34. 95, 97 Norma Guimarães Sampaio: 120 O Odorico Tavares (Odorico Montenegro Tavares da Silva): 120 Oleone Andrade Pereira: 25 Orlando Moscozo Barreto de Araújo: 7, 34, 59, 60, 68-70, 97 Osório Villas-Boas (Osório Cardoso Villas-Boas): 111, 119 Othelo Priori: 25, 33, 62 Otton Gomes: 61 P Paloma Amado: 120 Patrícia Torres Soussa (Patrícia Soussa Taboada): 10, 78, 138 Paulo Peltier de Queiroz: 16 Paulo Souto (Paulo Ganem Souto): 151 Paulo Tavares: 16, 142 Plínio Moscozo Barreto de Araújo: 69 Príncipe Charles (Príncipe de Gales): 36, 37, 39, 63, 64, 76, 105-107, 8ª capa R Raimundo Dória de Vasconcellos: 33, 62 Raimundo Sampaio: 111 Ramon Taboada Souza: 73, 77, 78, 88, 121, 2ª capa Raymunda Eulália Nascimento Dantas: 62 Reis Veloso (João Paulo dos Reis Veloso): 58, 60 Renato Augusto Novis: 25 Renato João Pellegrino: 33 Renato Rolemberg da Cruz Mesquita: 16 Ricardo Vieira Pereira: 25, 33 Roberto Cochrane Simonsen: 53 Roberto Falcão de Almeida Souza: 150 Roberto Farias de Menezes: 150 Roberto Pinheiro Taboada: 150 Roberto Santos (Roberto Figueira Santos): 95, 101, 151 Rubem Segundo da Cunha Passos: 33 Rubens Campos: 35 Rubens Lins Ferreira de Araújo: 25 Ruy Barbosa: 41, 67 S Santiago Coelho Rodríguez Campo: 11, 12 Sérgio Eduardo Lemos Heeger: 33 Sílvio Caldas (Sílvio Narciso de Figueiredo Caldas): 18 Soares da Cunha (Oswaldo Soares da Cunha): 73 Sônia Pereira de Almeida: 114 Stella dos Santos Sá (Stella de Sá Taboada): 77, 86, 88 Sylvio Faria (Sylvio Santos Faria): 59, 60 147 T Tarcilo Vieira de Mello: 16, 21 Tarquínio de Oliveira Gonzaga: 16, 17, 19 Thomas Pompeu de Souza Brasil Netto: 51, 56, 58 U Ubaldino Gonzaga: 17 Ubaldo Marques Porto Filho: 3, 4, 9, 12, 111, 139, 142, 150-152, 1ª capa Ubaldo Marques Porto Neto: 4, 151 Ulisses Barbosa Filho: 24, 25, 33, 43, 69, 90 Ulisses de Carvalho Graça: 25, 33 Ulpiano Albuquerque Cavalcanti: 71, 89, 115, 121, 122, 132 V Valdete Machado: 130 Virgílio Pereira da Silva Júnior: 114, 115, 132 W Waldir Pires (Francisco Waldir Pires de Souza): 69 Wilma Stella de Sá Taboada: 86 Z Zélia Gattai (Zélia Gattai Amado): 120 Próximo livro da família: biografia do filho de Nelson Taboada Souza 148 149 www.casataboada.com.br [email protected] DIRETORIA Presidente Nelson Almeida Taboada Vice-Presidente Cláudio Pinheiro Taboada Diretor Administrativo-Financeiro Jaguaraci Xavier Araújo Diretor Cultural Ubaldo Marques Porto Filho CONSELHO FISCAL Efetivos José Guido Grimaldi Luiz Clóvis Santos Pereira Maria Flávia Pinheiro Taboada Suplentes Emanuel Macedo Nuno de Souza Roberto Farias de Menezes Roberto Pinheiro Taboada www.acirv.org – [email protected] DIRETORIA Presidente Ubaldo Marques Porto Filho Vice-Presidente Luciano José Costa Figueiredo Diretor Administrativo-Financeiro Roberto Farias de Menezes Diretor Cultural Clóvis Cavalcanti Bezerril Diretor Social Nelson Hanaque Esquivel CONSELHO FISCAL Efetivos Márcio Santos Souza Flávio Damásio de Paula Hélio José Bastos Carneiro de Campos Suplentes Eduardo Ávila de Oliveira Roberto Falcão de Almeida Souza Gildásio Vieira de Freitas 150 151 LIVROS DE UBALDO MARQUES PORTO FILHO Publicados: 1. Turismo, Realidade Baiana e Nacional Trabalho técnico. 496 páginas, 1976. 2. Rio Vermelho História de uma fase do bairro que foi o primeiro balneário turístico da Bahia. 273 páginas, 1991. 3. Deraldo Motta, Realizador de Sonhos Biografia de uma das personalidades mais marcantes que a Bahia teve no século XX. 208 páginas, 2005. 4. Bahia, Terra da Felicidade História do turismo na Bahia e da Bahiatursa. 264 páginas, 2006. 5. Família Taboada na Bahia Saga de um clã familiar com grande relevância na história do Rio Vermelho e da Bahia. 412 páginas, 2008. 6. Cartilha dos Logradouros do Rio Vermelho Histórico e relação de todos os logradouros do bairro. 28 páginas, 2008. 7. Dois de Fevereiro no Rio Vermelho História da mais monumental Festa de Yemanjá que se realiza no mundo. 96 páginas, 2009. 8. Diogo Álvares, o Caramuru História do descobridor do Rio Vermelho, co-fundador de Salvador e patriarca da Bahia. 80 páginas, 2009. 9. Dinha do Acarajé Biografia de Lindinalva de Assis, a Rainha do Acarajé. 96 páginas, 2009. 10. José Taboada Vidal, Benemérito do Rio Vermelho Biografia do patriarca da Família Taboada na Bahia. 112 páginas, 2009. 11. Rio Vermelho, de Caramuru a Jorge Amado Registro histórico. 96 páginas, 2009. 12. Notáveis do Rio Vermelho Relação de moradores ao longo dos 500 anos do bairro. 80 páginas, 2010. 13. Nelson Taboada Souza, Benemérito da Indústria Biografia do industrial que nasceu no Rio Vermelho e presidiu a Fieb. 152 páginas, 2010. Aguardando publicação: 1. Nelson Almeida Taboada, Benemérito da Cultura Biografia do presidente da Casa de Cultura Carolina Taboada. 2. Rio Vermelho Cronológico, 1509-2009 História dos 500 anos do bairro descoberto por Caramuru. 3. Personalidades do Rio Vermelho Perfis biográficos de antigos e destacados moradores. 4. Suerdieck, Epopéia do Gigante História da família e da empresa (1892-1999) que foi a maior produtora mundial de charutos artesanais. 5. U-507 Retrospectiva do Governo Vargas (1930-1945) e a ação do submarino alemão que mudou o curso da história no Brasil. Este livro foi artefinalizado na Artemapas, no formato 17x24cm e composto na fonte Humnst777 Bt, sendo impresso em março de 2010, nas oficinas da Press Color Gráficos Especializados Ltda., utilizando papel Couchê Fosco LD 150g/m² (miolo) e Supremo Duo Design LD 250g/m² (capas). Salvador – Bahia – Brasil 152