EXPOSIÇÃO EXHIBITION YTO BARRADA SALON MAROCAIN 10 JUN — 20 SET SEP 2015 Yto Barrada, Reprendre Casa. Carrières centrales, Casablanca, 2013. Prova cromogénea Chromogenic print. 60 x 60 cm. ©Yto Barrada. Encomenda Commission: Canadian Centre for Architecture, Montreal. Cortesia Courtesy: Sfeir-Semler Gallery, Beirut / Hamburg Português English YTO BARRADA SALON MAROCAIN ”Yto Barrada: Salon Marocain” é a primeira exposição em Portugal do trabalho da artista marroquina Yto Barrada (Paris, 1971). Prosseguindo a sua reflexão sobre a identidade marroquina e a questão das origens, Barrada transforma a Casa de Serralves num museu de história moderna e natural. Apresentado nas elegantes vitrinas e salas de mármore da Casa, o seu trabalho evoca com engenho histórias interrelacionadas do colonialismo, as raízes etnográficas do modernismo do século XX e legados de expropriação e falsa acumulação informados pelas exigências da economia contemporânea. As figuras do contrabandista, do botânico, do falsificador e do artesão talentoso e autodidata são uma presença constante no trabalho de Barrada, como o são os léxicos culturais da pesquisa e da recolha. Vistos através dos olhos de administradores, colecionadores, turistas, romancistas e aventureiros, Marrocos e a sua história são o pano de fundo de uma subtil e incisiva reflexão sobre as esferas individual e coletiva da identidade e da pertença. Em exposição na Casa de Serralves estão duas novas séries fotográficas: um conjunto de fotografias a cores de brinquedos africanos das coleções do Musée du quai Branly, em Paris, e um grupo de fotografias a preto e branco de Plumber’s Assemblages, Tangier [Assemblagens de canalizador, Tânger] (2014). São ainda exibidos o mais recente filme de Barrada, Faux départ [Falsa partida] (2015), sobre a produção de fósseis falsos, e um conjunto de esculturas e objetos manufaturados nas montanhas marroquinas do Atlas para alimentar o florescente mercado do artesanato de fósseis. Uma seleção de fotografias da série Reprendre Casa. Carrièrres centrales, Casablanca [Reaver Casa. Carrièrres centrales, Casablanca] (2013), aqui apresentado pela primeira vez, aprofunda o interesse de Barrada pela gramática de formas improvisadas que caracteriza a sociedade marroquina dos nossos dias. Modelos de fósseis falsos e um conjunto de três tapetes manufaturados por membros de La Maison des femmes Darna, uma associação sem fins lucrativos de apoio a mulheres sediada em Tânger, com um desenho inspirado nas imagens abstratas da pintora, escultora e bailarina suíça Sophie Taeuber-Arp (1889—1943), revelam uma arqueologia de formas visuais, da pré-história à abstração do século XX. Interessam particularmente a Barrada o léxico visual e arquitetónico do modernismo, a inspiração que este encontrou na cultura norte-africana — de Matisse a Le Corbusier — e a sua reimportação sob a forma de desenvolvimento colonial e pós-colonial. As fotografias, os filmes e os objetos compostos de Yto Barrada celebram pessoas e atividades que, por um lado, resistem aos ditames dos poderes político, económico e social e, por outro, se apropriam da realidade marroquina de hoje. O seu filme Faux départ [Falsa partida] e as peças reunidas sob o nome de Lying Stones [Pedras enganadoras] (2015) abordam a produção de fósseis falsos, no contexto do crescimento acelerado da procura e do tráfico de fósseis africanos ocorrido no século XX. O filme chama a atenção para os processos de acumulação de elementos culturais falsificados, a que a cultura marroquina é associada, motivados pelas exigências da economia contemporânea ligada à indústria do turismo cultural e a um imaginário cultural construído desde as expedições coloniais e arqueológicas do séc. XIX. A série fotográfica Plumber’s Assemblages, Tangier [Assemblagens de canalizador, Tânger] documenta estruturas improvisadas feitas a partir de canos, anilhas e torneiras reciclados que lembram as esculturas de inspiração surrealista de Pablo Picasso ou Julio González dos anos 1930. Os objetos fotografados têm, contudo, uma função muito diversa, feitas que são por canalizadores sem trabalho, que as mostram aos transeuntes na praça Grand Socco, na Medina de Tânger. Como uma palmeira em néon na entrada de uma sala de cinema, ou os cigarros vendidos à unidade em cima de caixas de cartão nas ruas da cidade, estas construções tornam-se sinais de um estilo de vida urbano, mas em certa medida anacrónico. As histórias interrelacionadas do colonialismo, a apropriação cultural e as raízes etnográficas do modernismo do século XX subjazem também a 1930s North African Toys of the quai Branly Museum [Brinquedos norte-africanos dos anos 1930 do Musée du quai Branly] (2014), uma série de fotografias de brinquedos berberes das coleções de missões etnográficas guardados no Musée du quai Branly, em Paris. Entre estes fundos, encontra-se o da etnógrafa francesa Thérèse Rivière (1901-1970), responsável por um departamento criado em 1933 no então Museu Etnográfico do Trocadero, em Paris, intitulado “A África Branca e o Levante”. Rivière parte para a Argélia em 1934, numa missão que, para além da constituição de uma coleção destinada a um departamento museológico, visava um aprofundamento do conhecimento sobre os usos, técnicas e costumes locais que tornasse mais eficazes os métodos de colonização e exploração das riquezas naturais da região. Colecionadora de desenhos e brinquedos de crianças, Barrada revela nesta série o seu interesse pela relação entre a fotografia enquanto artefacto e a invenção improvisada destes objetos lúdicos construídos com materiais pobres. Fotografados sem sombras e apresentados contra um fundo azul ou amarelo, a sua simplicidade formal e quase abstrata ressalta, neutralizando as associações orientalistas que habitualmente influenciam o modo como são apreendidos num contexto etnográfico. A modernização das cidades e o modo como ela afeta a sociedade e a vivência do espaço público são objeto de um conjunto de fotografias encomendado em 2013 pelo Centre Canadien d’Architecture (CCA), intitulado Reprendre Casa. Carrièrres centrales, Casablanca [Reaver Casa. Carrièrres centrales, Casablanca]. Este conjunto de fotografias, aqui apresentado pela primeira vez, mostra como um bairro modernista construído no centro de Casablanca em meados do séc. XX foi apropriado pelos seus moradores. O autor do projeto deste complexo urbano, o arquiteto francês Michel Écochard, a quem Yto Barrada foi buscar a expressão “reaver (a) Casa”, tinha defendido um modernismo que, sendo universalista, não excluía a sua aplicação às circunstâncias específicas da população e da cultura locais, marcadas pela carência de habitação decorrente do êxodo de migrantes rurais que chegavam então a Casablanca à procura de trabalho e aí se instalaram em bairros de barracas. Com o tempo, o racionalismo dos bairros conhecidos como Cité horizontale (Cidade Horizontal) e Cité verticale (Cidade Vertical) foi ainda mais matizado pelos jardins e as hortas construídos nas traseiras dos edifícios, a roupa estendida e as decorações variadas que refletem o gosto dos seus habitantes, assim como pelas construções informais que aumentaram a cota do bairro da Cité horizontale de forma a dar resposta às necessidades dos seus habitantes. A exposição inaugura um novo programa anual na Casa de Serralves, no âmbito do qual artistas são convidados a apresentar o seu trabalho em resposta ao contexto da casa art déco e ao envolvente Parque de Serralves. YTO BARRADA SALON MAROCAIN ‘Salon Marocain’ is the first exhibition in Portugal of the work of the Moroccan artist Yto Barrada (Paris, 1971). Continuing with her exploration of Moroccan identity and the question of origins, Barrada transforms the Serralves Villa into a museum of modern and natural history. Presented in the marble-lined rooms and elegant vitrines of the Villa, Barrada’s work deftly points to intertwined histories of colonialism, the ethnographic roots of twentieth-century modernism, and legacies of dispossession and ersatz accumulation informed by contemporary economic necessity. The figures of the smuggler, the botanist and the forger alongside the bricollaged craft of self-taught talents loom large in Barrada’s works, as do the cultural lexicons of research and collecting. At their core, Morocco and its history, as seen through the eyes of administrators, collectors, tourists, novelists and adventurers, provide the fabric for a subtly pointed reflection on individual and collective spheres of identity and belonging. The works presented throughout the Villa include two new photographic series: a set of colour photographs of African toys from the collections of the Musée du quai Branly, in Paris, and a group of black and white photographs of Plumber’s Assemblages, Tangier (2014). Also shown are Barrada’s recent film Faux départ [False Start] (2015), on the production of fake fossils, and a set of sculptures and crafted objects produced as part of the burgeoning market for fossil craft and their production in the Atlas Mountains of Morocco. A selection of previously unseen photographs from her series Reprendre Casa. Carrières centrales, Casablanca [Regaining Casa. Carrières centrales, Casablanca] (2013) further elaborates Barrada’s interest in the grammar of improvised forms that marks contemporary Morocco. Fake dinosaur models and a set of handmade carpets by members of the not-for-profit women’s support association La Maison des femmes Darna (Tangier), featuring a design inspired by the abstract images of the Swiss painter, sculptor and dancer, Sophie Taeuber-Arp (1889—1943), point to an archaeology of visual forms, from the prehistoric to twentieth-century abstraction. Barrada is especially interested in the visual and architectural lexicon of modernism, its inspiration in North African culture — from Matisse to Le Corbusier — and its re-importation under the guise of colonial and post-colonial development. Barrada’s photographs, films and assembled objects celebrate people and activities that both resist the pressure of political, economic and social pressures and adapt to the realities of present-day Morocco. Her film Faux départ [False Start] and the objects that constitute Lying Stones (2015) address the production of fake fossils in the context of the accelerated increase in demand for African fossils in the twentieth century. The film draws attention to the process of accumulation of fake cultural artefacts brought about by the demands of contemporary economy linked to the industry of cultural tourism and the cultural imaginary in the wake of the colonial and archaeological expeditions of the nineteenth century. In the photographic series Plumber’s Assemblages, Tangier Barrada documents improvised assemblages of recycled water pipes, rings and taps that call to mind the surrealist-inspired sculptures of Pablo Picasso or Julio Gonzalez in the 1930s. The objects reproduced here, however, possess an altogether different function, being made by out-of-work plumbers who show off their skills to passers-by at Grand Socco Square, within Tangier’s medina. Like a neon palm tree at the entrance to a movie theatre, or the ‘loosies’ sold on top of cardboard boxes in the city’s streets, these constructions are the signs of an urban, although somewhat anachronistic, lifestyle. The intertwining histories of colonialism, cultural appropriation and the ethnographic roots of twentieth-century modernism also underlie 1930 North African Toys (Collection Quai Branly Museum) (2014), a series of photographs of Berber toys from the collections assembled in the context of missionary expeditions and kept in the Musée du quai Branly, in Paris. These collections include that of French ethnographer Thérèse Rivière (1901—1970), responsible for a department created in 1933 at the then Ethnographic Museum of the Trocadero, in Paris, titled ‘White Africa and the Levant’. Rivière left for Algeria in 1934, in a mission that aside from preparing a collection for a museum department, aimed at acquiring a better knowledge of local uses, techniques and customs in order to render more efficient the methods of colonization and exploitation of the region’s natural resources. A collector of children’s drawings and toys, Barrada reveals in this series her interest in the relation between photography as artefact and the improvised invention of these objects of play made from the poorest of materials. Photographed without shadow and presented against a background of blue or yellow, their formal and almost abstract simplicity is highlighted at the expense of any orientalising associations that might normally influence how they are perceived in an ethnographic context. The modernizing of cities and the way it affects society and the experience of public space are addressed in a set of photographs commissioned by the Canadian Centre for Architecture (CCA) in 2013, Reprendre Casa. Carrières centrales, Casablanca [Regaining Casa. Carrières centrales, Casablanca]. This series of photographs, shown here for the first time, illustrates how a modernist housing district built in central Casablanca in the mid-twentieth century was taken over by its residents. The author of the housing project, French architect Michel Écochard, whose expression regaining Casa Barrada has reclaimed, had defended a modernism whose universalism did not preclude its application to the specific circumstances of the local population and culture, marked by the lack of housing as a result of the exodus of rural migrants who arrived in Casablanca in search of work and settled there in impromptu slums. With time, the rationalism of the districts known as Cité horizontale (Horizontal City) and Cité verticale (Vertical City) grew ever more complex, with gardens and vegetable patches appearing in the backyards of buildings, laundry hanging out to dry and the various decorations reflecting the taste of their residents, as well as with the informal constructions that increased the height of the Cité horizontale in order to address the needs of its dwellers. ‘Salon Marocain’ inaugurates a new annual programme at the Serralves Villa in which artists are invited to present their work in response to the context of the art deco Villa and its location within the grounds of Serralves Park. VISITAS GUIADAS GUIDED TOURS Casa de Serralves Serralves Villa Todos os fins de semana o Serviço Educativo do Museu de Serralves disponibiliza um programa de visitas guiadas às exposições patentes no Museu nos seguintes horários: Every weekend the Serralves Museum Education Service offers a programme of guided tours to the exhibitions on view at the Museum: Sáb Sat: 16h00—17h00 (em inglês in English) Sáb Sat: 17h00—18h00 (em português in Portuguese) Dom Sun: 12h00—13h00 (em português in Portuguese) Estas visitas são realizadas por Educadores do Serviço Educativo do Museu de Serralves ou por convidados. These visits are carried out by Educational Service Educators of the Serralves Museum or by guests. 13 JUN (Sáb Sat), 17h00—18h00 Por By Rita Roque, Serviço Educativo do Museu de Serralves Education team of the Serralves Museum 08 JUL (Qui Thu), 19h30—20h30 Exclusiva para Amigos de Serralves Exclusive for Members Por By Suzanne Cotter, Diretora do Museu de Serralves Director of the Serralves Museum 12 JUL (Dom Sun), 12h00—13h00 Pelo artista By artist André Sousa 20 SET SEP (Dom Sun), 12h00—13h00 Por By Jürgen Bock, Curador e Diretor da Maumaus, Lisboa Curator and Director of Maumaus School of Visual Arts, Lisbon 09 AGO AUG (Sun), 12h00—13h00 Por By Rita Roque, Serviço Educativo do Museu de Serralves Education team of the Serralves Museum 05 SEP SEP (Sáb Sat), 15h00—16h30 Oficina-visita para famílias Workshop-tour for families Por By Rita Roque, Serviço Educativo do Museu de Serralves Education team of the Serralves Museum CICLO DE CINEMA AO AR LIVRE OUTDOORS CINEMA CYCLE Esplanada do restaurante Restaurant terrace A CINEMATECA DE TÂNGER NO PORTO CINÉMATHÈQUE DE TANGER IN PORTO 01—29 JUL (Qua Wed), 22h00 Para além do seu trabalho como artista, Yto Barrada fundou com um grupo de artistas e cineastas a Cinémathèque de Tanger. A Cinémathèque é um arquivo e uma sala de cinema independente, que funciona no Cinema Rif, um antigo cinema popular datado de 1938, situado no bairro do antigo mercado central de Tânger e batizado com o nome das montanhas marroquinas que povoam o imaginário de resistência aos processos de colonização em Marrocos. A exposição “Yto Barrada: Salon Marocain” é por isso acompanhada por um programa de cinema a decorrer às quartas-feiras durante o mês de julho e que conta com filmes de realizadores, artistas e documentaristas marroquinos, franceses, alemães, mexicanos, libaneses e norte-americanos, abrangendo temas que vão do pós-colonialismo às ricas tradições orais e históricas de Marrocos, passando pela elegia poética da vida quotidiana. Alongside her work as an artist, Yto Barrada founded the Cinémathèque de Tanger together with a group of artists and filmmakers. The Cinémathèque is both an archive and an independent movie theatre located in Cinéma Rif, an old movie theatre from 1938, situated in the old Tangier central market and named after the Moroccan mountains that haunt the imagination with images of the resistance to the colonization of Morocco. The exhibition ‘Salon Marocain’ is, therefore, accompanied by a film programme taking place on Wednesdays throughout the month of July, featuring works by filmmakers, artists and documentarymakers from Morocco, France, Germany, Mexico, Lebanon and the US, that cover themes from post-colonialism to the rich oral and historical tradition of Morocco and to the poetic elegy of daily life. 01 JUL Balcon Atlantico, 2003 Dir. Hicham Falah e and Chrif Tribak Marrocos Morocco, 20’ Árabe com legendas em inglês Arabic with English subtitles 29 JUL VÍDEOS DE ARTISTAS ARTIST VIDEOS The Tangier 8, 2009 Dir. Ivan Boccara, Carla Faesler, Akram Zaatari, Liliane Giraudon, Natalia Almada, Peter Gizzi, Jem Cohen e and Luc Sante EUA/França/Líbano/México/Marrocos USA/France/Lebanon/Mexico/Morocco, 41’ Inglês, francês, árabe, espanhol com legendas em inglês English, French, Arabic, Spanish with English subtitles TV is an Angel, 2011 Dir. Omar Mahfoudi Vídeo Video, 8’ 08 JUL Mirage, 1979 Dir. Ahmed Bouanani Marrocos Morocco, 100’ Árabe com legendas em inglês Arabic with English subtitles 15 JUL Al Halqa, 2013 Dir. Thomas Ladenburger Alemanha/Marrocos Germany/Morocco, 93’ Árabe com legendas em inglês Arabic with English subtitles 22 JUL C’est eux les chiens (They Are the Dogs), 2013 Dir. Hicham Lasri Marrocos Morocco, 98’ Árabe com legendas em inglês Arabic with English subtitles 29 JUL Traitors, 2011 Dir. Sean Gullette Marrocos/EUA Morocco/USA, 31’ Árabe com legendas em inglês Arabic with English subtitles Navegantes, 2008 Dir. Omar Mahfoudi Vídeo Video, 10’ Un Cirque sans chapiteau, 2012 Dir. Abdelmohcine Nakari Vídeo Video, 12’ Mais informação em Additional information at www.serralves.pt YTO BARRADA Faux départ Falsa partida, 2015 Filme de 16 mm e vídeo digital (cor, som, 23‘) Cortesia Pace Gallery, London Dentes falsos Passo em falso Posta falsa Falsos amigos Publicidade fraudulenta Guia falso Falso profeta F de falso Falsa partida… As definições de autenticidade são tão mutantes como a composição das famosas pedras enganadoras do século XVIII1. A hoje árida região entre as Montanhas do Atlas e o Deserto do Sahara, outrora o fundo de um oceano pré-histórico, tornouse recentemente num El Dorado para a descoberta e a exploração comercial de fósseis — desde dinossauros até trilobites. Com a sua forma evocativa de uma nave espacial e datando de 250 a 500 milhões de anos, as trilobites são talvez os fósseis mais colecionados do mundo. Esta corrida ao ouro deu azo a uma indústria em pirâmide de profissionais motivados, desde o caçador de fósseis autodidata, que vasculha os rochedos de uma encosta, até aos preparadores, que trazem à luz do dia antigos espécimenes com a ajuda de instrumentos odontológicos, e aos gerentes de lojas de pedras, grossistas, leiloeiras, decoradores e paleontólogos formados no estrangeiro. Os preparadores praticam um espetro de savoir-faire desenfreadamente criativa, que inclui desde a extração das rochas de espécimenes intactos e o posterior embelezando destes à reconstituição de criaturas em cacos. Entre os mais talentosos incluem-se aqueles que, não evitando a ideia de falso, reúnem espécies diferentes numa nova criatura híbrida ou simplesmente produzem séries limitadas de duplicados usando os originais da natureza e princípios de produção 1. Série de enigmáticas peças em calcário esculpidas em forma de lagartos, sapos, aranhas e letras hebraicas, descobertas em 1725 pelo professor Beringer. Posteriormente, os supostos fósseis foram denunciados como um embuste orquestrado por dois dos colegas de Beringer. YTO BARRADA Faux départ False Start, 2015 16 mm film and digital video (colour, sound, 23‘) Courtesy Pace Gallery, London False teeth Faux pas Faux filet Faux amis False advertising Faux guide False prophet F is for fake False start… Once the floor of a prehistoric ocean, the now-arid region between the Atlas Mountains and the Sahara Desert has lately become an El Dorado for new fossil discoveries and exploitation — from major dinosaurs to trilobites. The remains of the spaceship-shaped trilobite, 250 to 500 million years old, are perhaps the world’s most collected fossils. The preparators practice a spectrum of wildly creative savoir-faire that spans from unearthing and embellishing intact specimens from the rock to the grafting of broken creatures together. The most talented include those who don’t shy away from the notion of fake: they assemble different species into a hybrid new creature, or simply create limited-edition duplicates, using nature’s originals and mold-making principles, modern hardware store compounds, and techniques of their own invention. This gold rush gave birth to a pyramid-shaped industry of motivated professionals, from the autodidact fossil hunter parsing the rocks on a mountainside; to the preparators who bring the ancient specimens to light, starting out with dental tools; to the rock-shop operators, wholesalers, auction houses, decorators and internationallytrained palaeontologists. 1. A series of enigmatic limestone pieces carved into the shape of lizards, frogs, spiders and Hebrew letters, discovered in 1725 by a Professor Beringer. Later, the so-called fossils were revealed as a hoax orchestrated by two of Beringer’s colleagues. Definitions of authenticity shift like the composition of the famed eighteenthcentury lying stones.1 A exposição ‘Yto Barrada: Salon Marocain’ é comissariada por Suzanne Cotter, Diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. O ciclo de cinema é programado por Malika Chaghal, Cinémathèque de Tanger. ‘Yto Barrada: Salon Marocain’ is curated by Suzanne Cotter, Director of the Serralves Museum of Contemporary Art. The cinema programme is selected by Malika Chaghal, Cinémathèque de Tanger. Cordenação da exposição Exhibition coordinator: Paula Fernandes Registrar: Inês Venade Equipa de montagem Installation team: João Brites, Adelino Pontes, Lázaro Silva Vídeo Video: Carla Pinto Som Sound: Nuno Aragão Serviço Educativo Educational Service: Liliana Coutinho (coordenadora coordinator), Diana Cruz, Cristina Lapa Artes Performativas e Cinema Performing Arts and Cinema: Cristina Grande (coordenadora coordinator), Pedro Rocha, Ana Conde Apoio institucional Institutional support Em associação com In association with Seguradora Oficial Offiial Insurance Provider: Fidelidade — Companhia de Seguros, S.A. Fundação de Serralves / Rua D. João de Castro, 210 . 4150-417 Porto / www.serralves.pt / [email protected] / Informações Information line: 808 200 543 PARQUE PARKING Entrada Entrance by Largo D. João III (junto da next to the École Française)