A GESTÃO DEMOCRÁTICA COMO PRESSUPOSTO DA CIDADANIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS. Prof. Luciano Matos Nobre1 autor Universidade Tiradentes [email protected] Profª. Marisa Marchi Uchôa Espindola2 co-autora Universidade Tiradentes [email protected] Profª. Marilene Batista da Cruz Nascimento3 co-autora Universidade Tiradentes [email protected] Eixo Temático: Gestão Sócioeducacional 1 Sociólogo pela UFS, Especialista em Pedagogia Empresarial pela Faculdade Atlântico/SE. Professor da UNIT/SE. Integrante do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Gestão Sócioeducacional e Formação de Professor, (GPGFOP/UNIT/CNPq). 2 Pedagoga pela UNIPLI, Especialista em Violência Doméstica pela USP. Professora da UNIT/SE. Integrante do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Gestão Sócioeducacional e Formação de Professor, (GPGFOP/UNIT/CNPq). 3 Pedagoga e Mestranda em Educação/UNIT. Professora da UNIT/SE. Integrante do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Gestão Sócio-educacional e Formação de Professor, (GPGFOP/UNIT/CNPq). 2 RESUMO Quando falamos em gestão escolar, necessariamente, associamos a gestão, ao fator do poder democrático, que fundamenta a conceituação do termo gestão democrática. Ela envolve a participação dos colegiados, conselhos ou comitês comunitários que, entre outras funções, escolhe a direção escolar, envolve nos aspectos administrativo, pedagógico e financeiro. Entretanto, como estamos especificando uma gestão voltada para elementos da cidadania é importante ressaltar seu envolvimento nas questões da melhoria das condições de trabalho, no desenvolvimento do projeto político pedagógico da escola, na elaboração do currículo escolar, enfatizando, a eliminação de índices de evasão e reprovação. É indispensável frisar que sua contribuição se faz também, na discussão e reformulação das escolas municipais, incentivando a formação de professores. PALAVRAS-CHAVE: Gestão Escolar. Democracia. Cidadania. RESUMEN Cuando hablamos de gestión de la escuela necesariamente asociados con la gestión, el factor de poder democrático, que subyace en la definición de la gestión democrática plazo. Se trata de la participación de los comités, consejos o comités de comunidad que, entre otras tareas, elige la junta escolar, que participan en los aspectos administrativos, educativos y financieros. Sin embargo, como se especifica una serie de elementos orientados a la gestión de la ciudadanía es importante destacar su participación en las cuestiones de la mejora de las condiciones de trabajo en el desarrollo de proyectos educativos de la escuela política, en el desarrollo del plan de estudios, haciendo hincapié en la eliminación de las tasas de deserción escolar y desaprobación. Es fundamental hacer hincapié en que su contribución también a la discusión y formulación de las escuelas públicas mediante el fomento de la formación de profesores. PALABRAS-LLAVE: Gestión Escuelar. Democracia. Ciudadanía. 3 1-INTRODUÇÃO A democracia supõe a diversidade dos interesses, proporcionando o surgimento de idéias e respeito à diversidade. Significa dizer que na democracia é necessário valorizar o direito das minorias e permitir a expressão das idéias e proteger a diversidade de opiniões. A construção da democracia se caracteriza diretamente com um sistema político complexo, nos sentido de que sobrevivem elementos como as pluralidades, concorrências e antagonismos, permanecendo como comunidade. O desenvolvimento das complexas relações políticas, econômicas e sociais, nutre os avanços da individualidade. Esta se afirma nos direitos dos homens (cidadãos), e adquire a liberdade. MORIN (2001) estabelece que a definição do termo democracia evidentemente necessita do consenso da maioria dos cidadãos e do respeito às regras inseridas no processo democrático, necessitando de que a maioria dos cidadãos acredite na democracia, mas do mesmo modo que o consenso, a democracia necessita de diversidades e antagonismos. A gestão democrática parte do reconhecimento dos direitos e deveres encontrados na categoria teórico-prático da cidadania, em que a instituição social escola, assume uma função diferenciada, não esperando que a sociedade construa a democracia, mas que aconteça o contrário, o espaço educacional possibilite o contato direto com a comunidade, com o exercício da democracia, desenvolvendo etapas inseridas na democratização. A democracia supõe a convivência e a relação dialógica, entre pessoas que possuem uma forma diferenciada de pensamentos e querem outros objetivos. O essencial nesse fator político é a existência de uma nova forma de gerir e administrar, em que todos os elementos participam na construção de uma educação, conhecida como participativa e social, ocorrendo a cidadania, qualidade da educação básica e a formação docente. Entretanto, falar em democracia é falar do papel do cidadão enquanto agente transformador e fiscalizador de todos os processos sociais que o envolvem. Processos que visam proporcionar o equilíbrio entre as forças geradoras, embora “plurais”, das condições teóricas e muitas vezes utópicas dos discursos falidos, daqueles que procuram manter o autoritarismo social. É bem verdade que a prática efetiva do exposto se dá quando o cidadão busca exemplos práticos, efetivos, da aplicação dos discursos das classes “sociais” no poder. 4 Nesse ponto, exemplos práticos questionados e refletidos pelos estudiosos da educação, tomam força quando se busca a qualidade da educação básica e a formação dos docentes que, mesmo sendo protegidos por vários dispositivos legais, encontram barreiras para sua aplicabilidade, em virtude de alguns poderes constituídos, sejam eles políticos, gestores e, muitas vezes, falsos educadores e mercadores do ensino. Dos grupos dominantes não se pode esperar nenhuma iniciativa de transformação em favor das camadas dominadas sem pressão por parte dos interessados, PARO (2001). Ainda afirma o referido autor que, para romper com o autoritarismo necessário se faz estimular todos os setores da escola: educadores, alunos, funcionários e pais nas decisões sobre os objetivos e rumos da instituição, pressionando, assim, os escalões superiores a dotar a escola de mais recursos e autonomia. 2-CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA O desenvolvimento da evolução democrática tem uma relação direta com a transformação social e, consequentemente, na superação das categorias encontradas na estrutura formadora de classes sociais. PARO (2001:82), afirma que: No atual contexto da sociedade capitalista em que vivemos, a transformação social precisa ser entendida num sentido que extrapole o âmbito das meras “reformas”, de iniciativa da classe que detêm o poder, e que visam tãosomente a acomodar a seus interesses os antagonismos emergentes na sociedade. Em seu sentido radical, a transformação social deve estar comprometida com a própria superação da maneira como se encontra a sociedade organizada. Não, portanto, a mera atenuação ou escamoteação dos antagonismos, mas a eliminação de suas causas, ou seja, a superação das classes sociais. Quando analisamos a quantidade e a qualidade da educação, PARO (1945), expõe a questão de que a preocupação básica da escola pública tem relação com a universalização do saber, qualquer inovação ocorrida no sistema educacional, deve passar por uma verificação, com sua capacidade de contribuir com a realidade de objetivos, incluindo a formação entre docentes e discentes. 5 Na perspectiva de uma participação dos diversos grupos na gestão da escola, parece que não se trata de ignorar ou minimizar a importância desses conflitos, mas de levar em conta sua experiência, bem como suas causas e suas implicações na busca da democratização da gestão escolar, como condição necessária para a luta por objetivos coletivos de mais longo alcance como o efetivo oferecimento de ensino de boa qualidade para a população, PARO (2001, p. 87). Quando se evidencia as especificidades dos objetivos relacionados ao termo trabalho desenvolvido na escola, PARO apud SCAFF (2006), alerta que no âmbito da administração escolar, esses aspectos não são levados em consideração, ocorrendo uma transposição dos métodos de administração da empresa capitalista para dentro da escola. Com esse contexto, irradiam-se para a escola as regras que são desenvolvidas na empresa capitalista, levando a predominância dos mecanismos gerenciais na administração escolar, à burocratização das instituições escolares, por meio do excesso de normas e regulamentos e à desqualificação do professor, não só pela divisão do trabalho como fator de desqualificação, mas sim pela desatenção na degradação de seu produto. SCAFF (2006:35), afirma que Marx pressupõe o trabalho numa forma que pertence exclusivamente ao homem: Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém –se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo [...]. (Marx,1988,v.1:142). Nessa perspectiva SCAFF (2006), quando se refere a Marx diz que, não se trata de um esforço fisiológico, mas sim de uma vontade orientada com um determinado fim, sendo entendido o conceito de trabalho concreto, como o meio que se chega a um determinado fim, que são os objetivos estabelecidos pelo homem para atender as suas necessidades. A definição de trabalho segundo MARX (1988:146). Atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre homem e natureza, condição natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as formas sociais. Ao analisarmos essas definições, direcionadas para o campo educativo, vamos centralizar em uma característica de força de trabalho. MARX (2010:211): 6 Define a força de trabalho como o próprio trabalho. O comprador da força de trabalho consome-a, fazendo o vendedor trabalhar. Este ao trabalhar, tornase realmente no que antes era apenas potencialmente força de trabalho em ação, trabalhador. Para o trabalho reaparecer em mercadorias, tem de ser empregado em valores de uso, em coisas que sirvam para satisfazer necessidades de qualquer natureza. DALBERIO (2009) afirma que a democracia participativa se constitui como uma expressão ampla, que se refere às formas de democracia, em que os cidadãos têm uma maior participação na tomada de decisões políticas do que lhes outorga a democracia representativa, sendo um modelo político que facilita aos cidadãos, as capacidades de associações e organizações, podendo exercer influência direta nas decisões públicas. Na concepção de SILVA (2006) para pensarmos em democratização no processo da nossa sociedade capitalista é necessário considerações na organização desse modo de produção. É necessário a premissa fundamental da investida de que a compressão das relações ocorrem no âmbito da superestrutura, sendo a educação um dos componentes dessa esfera, não ocorrendo a partir da mesma. Ao definir as relações, SILVA (2006) refere-se a Marx, possuem raízes nas próprias relações materiais da vida. Essas relações podem ser compreendidas a partir das relações jurídicas, das formas de Estado e do desenvolvimento do espírito humano, afirmando Marx a oposição de que a leitura dessas formas são formas ideológicas de consciência do homem sobre si e são produzidas na relação da tensão entre forças produtivas e as relações de produção. Ao analisar a educação nessa perspectiva, a mesma não se dá isoladamente, mas em relação aos elementos que condicionam envolvendo o tempo inserindo a sensibilidade às mudanças produzidas por ela. É necessário lembrar que a democracia, apesar de ser um tema recorrente, está envolta em significados diversos e divergentes. SILVA (2006, p.24), conceitua que “capitalismo e democracia não se opõem, mas antes são complementares. A concepção da defesa de complementação entre esses elementos e encontram na doutrina liberal”. Diferenciando liberalismo e democracia a autora relaciona Bobbio, afirmando que na acepção mais comum dos dois termos o chamado liberalismo é uma concepção de Estado atribuindo com poderes e funções limitadas, se contrapondo ao Estado absoluto e social, no 7 momento em que a democracia é uma das formas de governo em que o poder não está nas mãos de um só ou de poucos, mas sim uma administração com o poder de todos. A democracia é uma forma em que o governo diz respeito a uma prática social, sendo a democratização, uma participação efetiva dos membros da coletividade, no usufruto dos bens materiais, culturais, artísticos e educacionais no sistema de produção. SILVA (2006), ao citar Gramsci, define que em um sistema hegemônico existe uma democracia entre o grupo dirigente e os grupos dirigidos na medida em que o desenvolvimento da economia e a legislação, favorecem a passagem molecular dos grupos dirigidos para o grupo dirigente. Segundo MORIN (2001), a democracia não pode ser relacionada a um modelo simples. A soberania do povo cidadão comporta ao mesmo tempo, a autolimitação do soberano obedecendo as leis. A democracia necessita de um consenso da maioria dos cidadãos e do respeito às normas inseridas no texto democrático. Assim, é necessário que os cidadãos acreditem na proposta democrática, dentro do contexto do antagonismo. É necessário frisar que a compreensão desse processo deve se dar sob a ótica da ética propriamente humana, caracterizada como antropo-ética, considerada como a ética da cadeia de três termos, indivíduo, sociedade, espécie, espaço em que emerge nossa consciência e nosso espírito propriamente humano. Na concepção de MORIN (2001), a antropo-ética impõe a instrução de assumir a missão antropológica do milênio, trabalhando para humanização da humanidade, alcançando a unidade planetária na diversidade, respeitar o outro com suas diferenças, desenvolvendo a ética relacionada a solidariedade. Nesses termos, MORIN (2001, p.107) afirma que “[...] a democracia fundamentase no controle da máquina do poder pelos controlados e desse modo reduz a servidão (que determina o poder que não sofre a retroação daquele que submete)”. Nesse sentido, a democracia é mais do que um regime político, é a regeneração contínua de uma cadeia complexa e retroativa, ou seja, os cidadãos produzem a democracia que produz cidadãos. Enfatiza que nas sociedades conceituadas democráticas, essas exercem o seu funcionamento graças às liberdades individuais e à responsabilização dos indivíduos, caracterizando-se como pessoa jurídica, exprimindo seus desejos e interesse, sendo solidário com a cidadania. Entre as características da democracia, encontramos a dialógica democrática, que une de modo complementar termos antagônicos: consenso/conflito, liberdade/igualdade/ fraternidade, comunidade nacional/antagonismos sociais e ideológicos. A democracia 8 depende das condições que dependem de seu exercício: espírito cívico, aceitação da regra do jogo democrático. Nesse sentido, a primeira tentativa para solucionar os problemas da nossa educação brasileira, é a democratização da própria escola, estando ligada à sociedade, a escola não pode esperar que a sociedade realize esse processo de mudança, é necessário acontecer possibilidades diferenciadas. PILETTI, PILETTI (1997), afirmam que na medida em que acontecem as modificações estruturais internas, estas possibilitam a todos os membros a participação ativa no planejamento e avaliação, possibilitando assim, a escola exercitar a democratização da sociedade. A democratização da escola pode ser analisada quantitativa e qualitativamente. Quando observamos o aspecto quantitativo, verificamos a possibilita do acesso de todas as crianças, entre sete e quatorze anos. Entretanto, quando observamos sobre a ótica qualitativa, reconhecemos que não adianta colocar, simplesmente as pessoas na escola, mas sim modificar estruturas internas que viabilizem uma educação de qualidade. Assim, a proposta da democracia qualitativa compreende o respeito mútuo, entre todas as pessoas, inseridas no trabalho escolar e a participação de todos na busca dos objetivos comuns. O envolvimento do diálogo e o trabalho cooperativo, evitando a repressão e a competição, evita o individualismo e o educar democrático estabelece valores absolutos para a gestão democrática, cidadã e política. Quando analisamos as contradições no processo social, HARVEY (2004), afirma que o moderno e o pós-moderno são mundos incongruentes, o convencional e o submundo estranho, violento, louco de drogas, demência e perversão sexual. A transformação políticoeconômica do capitalismo do final do século xx, o autor mostra as grandes transformações ocorridas no processo de trabalho e todos os atores que envolvem nesse processo. A espacialidade tradicional do capitalismo é aquela das concentrações espaciais do capital e do trabalho, dos desequilíbrios regionais das migrações desterritorializantes, da degradação socioambiental, das periferias das cidades, do urbanismo. Nessa visão a educação aparece como um aspecto importante, no processo em que a gestão democrática, possibilita uma nova forma de organização social, tentando equilibrar as desigualdades sociais com uma nova forma de inclusão social. O desenvolvimento da gestão escolar, na visão democrática, possui características próprias e, para que sejam efetivadas, é necessário a promoção e o envolvimento de todos que estão ligados a instituição. É importante salientar que os processos de gestão escolar vão além da gestão administrativa. Exemplifica o exposto acima, a Lei de Diretrizes e Bases da 9 Educação Nacional, nº. 9.394/96, no art. 1º, “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Entretanto, não se pode esquecer que uma educação de qualidade, dentro do processo de gestão escolar, deve partir do princípio de que, qualquer participação efetiva e consciente dos indivíduos floresce por meio dos estímulos empregados na articulação dos aspectos financeiros, pedagógico e administrativo. Alerta BEZERRA (2007:29), que: Na prática, a amplitude da gestão democrática têm-se limitado às questões dos colegiados escolares (conselhos ou comitês comunitários), à forma de escolha de dirigentes escolares e à relativa autonomia administrativa, pedagógica e financeira da escola, com ênfase metodológicas diferenciadas. Outras dimensões ainda não são alcançadas como sua relação com a democratização da relação professor-aluno em sala de aula (espaço fundamental para a democratização substantiva da escola pública), a garantia das condições de trabalho a educadores-educandos, o projeto políticopedagógico da escola, o currículo escolar e a aprendizagem inclusive com a necessidade de superação dos elevados índices de reprovação e evasão). O exposto acima resume concepções indispensáveis ao estudo de gestão democrática, já que por esses meios pode-se viabilizar uma qualidade educacional, nas escolas públicas. Um ponto interessante para caracterização da experiência da Aracaju como processo democrático (1989-1992), é a confirmação da participação dos diversos segmentos em todos os momentos, iniciado desde a concepção até a concretização da proposta curricular, valorizando a participação efetiva dos envolvidos, nos momentos dessa construção democrática. Na concepção de BEZERRA (2007), a construção de uma proposta curricular no ensino público, constituiu-se em uma “aventura democrática”, sendo protagonizada, por representantes dos vários segmentos, envolvendo repercussões nos planos pessoal, profissional e político, despertando a consciência, de responsabilidade individual e coletiva, em momentos da democratização de uma educação, voltada para o poder público. LIMA (2007), afirma que, o modo democrático de gestão abrange o exercício do poder, incluindo os processos de planejamento, a tomada de decisões e a avaliação dos 10 resultados alcançados. Trata-se, portanto, de fortalecer procedimentos de participação das comunidades escolar e local no governo da escola, descentralizando os processos de decisão e dividindo responsabilidades. Dessa forma, a gestão democrática do ensino público, procura assegurar igualdade de condições, permitindo o acesso ao pluralismo de idéias, conforme é estabelecido na CF/1988, inciso III; “pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas”, e um alto padrão de qualidade nas escolas, possibilitando a efetiva educação cidadã, pois seu objetivo é desenvolver todos os segmentos interessados na construção de propostas coletivas da educação. Nesse sentido, também, não é desconhecido, por todos que lutam por uma educação de qualidade, que é na própria escola que encontramos a materialização da diversidade e conflitos de interesses, principalmente quando, ao refletir sobre o conceito de gestão democrática exposto por LIMA (2007), que amplia, assim como BEZERRA (2007), a gestão político-pedagógica e administrativa sob a participação, em conjunto com a escola e as comunidades local. Salienta-se também que, os princípios orientadores de uma gestão democrática, encontram estabelecidos na Constituição Brasileira, art. 206, inciso VI – “Gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, tendo sua regulamentação concretizada pela Lei nº. 9.394/96. É importante contribuir na discussão e reformulação de políticas públicas que contemplem as escolas municipais, especialmente quanto ao componente da formação de professores, também como gestores, caracterizando a visão democrática no processo administrativo escolar a partir das representações dos três segmentos da comunidade escolar, identificando as concepções docentes sobre a relação escola e cidadania, inclusive por parte dos gestores, analisar possíveis contribuições e limites da gestão democrática diante da relação escola e comunidade, identificando as demandas de formação para os gestores em exercício na perspectiva da gestão democrática. Entretanto, é fundamental ressaltar, no conceito de GRAMSCHI (apud BASTOS, 2002, p. 7): “Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas „originais‟; significa também,e sobretudo, difundir criticamente verdades já descobertas, „socializá-las‟ por assim dizer; transformá-las, portanto, em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral”. 11 3-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, João Baptista (org). Gestão democrática. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 2002, 3ª edição. 144 p. BEZERRA, Ada Augusta Celestino. Gestão democrática da construção de uma proposta curricular no ensino público: a experiência de Aracaju. Maceió: EDUFAL, 2007. 240 p. BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Brasília: Editora do Senado, 1988. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Editora do Brasil S/A. 1996. DALBERIO, Maria Célia Borges. 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História da Educação. 7ª edição, São Paulo: Editora Ática. 1997. __________ A teoria do valor em Marx e a educação. São Paulo:Editora Cortez, 2006. PILETTI, Claudino; PILETTI Nelson. História da Educação. 7ª edição, São Paulo: Editora Ática. 1997. 12 SILVA, Antonia Almeida. Democracia e democratização da educação: primeiras aproximações a partir da teoria do valor. In: PARO, Vitor Henrique (org). A teoria do valor em Marx e a educação. São Paulo:Editora Cortez, 2006. SCAFF, Elisângela Alves da Silva. Diretrizes do Banco Mundial para a inserção da lógica capitalista nas escolas brasileiras. In: PARO, Vitor Henrique (org). A teoria do valor em Marx e a educação. São Paulo:Editora Cortez, 2006.