AVALIAÇÃO DA TENSÃO INTERFACIAL DE PS E PMMA EM PBT PELO MÉTODO DE RETRAÇÃO DE GOTAS. Edson N. Ito1, Rosario E.S. Bretas2, Elias Hage Jr.2* 1 Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFSCar – PPG-CEM, 2*Depto. de Engenharia de Materiais da UFSCar - DEMa, Caixa Postal 676, 13560-905 São Carlos/SP. 1 [email protected]; 2 [email protected]; 2* [email protected] Interfacial tension evaluation of PS and PMMA in PBT systems by ellipsoidal drops retraction method. Measurement of interfacial tension of PS and PMMA in PBT was done using ellipsoidal drops retraction method. The evaluation was done for three different PBT grades. The interfacial tension showed an increase as the PBT molecular weight was higher. The measured values were similar to those calculated by harmonic average procedure. . Introdução Os principais métodos de medida de tensão interfacial entre polímeros são: termodinâmicos (estáticos), dinâmicos e oscilatórios de baixa amplitude; este último, porém, é muito pouco utilizado em polímeros [1]. Os métodos termodinâmicos requerem um longo tempo de experimento por causa da alta viscosidade dos polímeros, o que implica em riscos de degradação térmica dos mesmos. Os métodos dinâmicos têm a vantagem de serem mais rápidos e compensam fatores como perturbação térmica [1]. Os principais métodos dinâmicos são o de ruptura de filamentos (“breaking thread”) e de retração de gotas; porém, o método “breaking thread” é mais complexo do ponto de vista experimental e em sistemas onde a razão de viscosidade é maior que a unidade, este pode não produzir resultados coerentes.[1]. No estado de deformação tridimensional de uma gota pode ser descrito por um tensor de segunda ordem S positivo cujo autovalor representa o quadrado do semi-eixo de uma elipsóide. A evolução deste tensor resulta da ação da tensão interfacial e do arraste hidrodinâmico exercido pelo movimento e pode ser descrito por um modelo de evolução como o proposto por Maffettone e colaboradores [2], dado como: f dS − Ω ⋅ S + S ⋅ Ω = − 1 [S − g (S )I ] + f 2 (E ⋅ S + S ⋅ E ) τ dt é determinada a do elipsóide. A tensão interfacial partir da Equação (2). Neste trabalho, foi determinado esta tensão interfacial no sistema composto de poli(tereftalato de butileno), PBT e polímeros poliestireno, PS, e poli(metacrilato de metila), PMMA, utilizando o método da retração de gotas desenvolvido por Mo e colaboradores [1] e o resultado comparado com valores teóricos. Experimental Foram utilizados 3 tipos de PBT, chamados neste trabalho de PBT 195, 325 e 315, respectivamente, conhecido pelo nome comercial de Valox 195, 325F e 315, fornecidos pela GE Plastics South America, um PS conhecido comercialmente como Polystyrol 168N da Basf e um PMMA produzido Resarbrás e utilizado para moldagem por injeção. As amostras de PBT foram preparadas na forma de filmes por prensagem a quente, na temperatura de 240°C, a partir de grânulos secos em estufa a vácuo durante 12 h a 60°C. Os filamentos de PS e PMMA foram preparados a partir dos grânulos na temperatura de 240°C e estirados para produzir filamentos na espessura de aproximadamente 80-120 m de diâmetro. Estes filamentos foram colocados entre os filmes de PBT O sanduíche foi depositado entre lamínulas de vidro e o conjunto aquecido até a temperatura de 240°C numa placa quente THMS 600 da Linkan. A região de aquecimento foi envolta em atmosfera de nitrogênio para minimizar a degradação térmica dos polímeros. A ruptura do filamento e retração da gota foi acompanhada num microscópio de luz transmitida e as imagens adquiridas por um programa de aquisição de imagens Image-Pro Plus, com posterior cálculo da razão de aspecto da gota. A viscosidade a taxa zero ( 0) foi obtida por reometria rotacional em placas paralelas na temperatura de 240°C num reômetro rotacional ARES da Rheometrics em atmosfera de nitrogênio. Os valores de 0 foram obtidos nos tempos (1) onde: E é o tensor taxa de deformação e o tensor vorticidade .Se E e são iguais a zero a Equação (1) pode ser simplificada para: (λ1 − λ2 ) = (λ1 − λ2 )0 exp⎛⎜ − f1 t ⎞⎟ = (λ1 − λ2 )0 × τ⎠ (2) ⎝ ⎡ σ ⎤ 40( p + 1) exp ⎢− t⎥ ( η 2 3)(19 p + 16) ⎦ R p + ⎣ m 0 onde: m é a viscosidade da matriz, R0 o raio da gota no equilíbrio, a tensão interfacial , p a razão de viscosidades ( d/ m), 1 = L2 , 2 = B2, L e B são respectivamente os valores de semi-eixo maior e menor 1268 equivalentes aos tempos de ensaio de ruptura e retração das gotas. Resultados e Discussão A Tabela 1 mostra os valores de viscosidade dos polímeros utilizados neste estudo obtidos em taxas de cisalhamento zero determinada pelo modelo de Carreau após diferentes tempos de permanência na temperatura de ensaio em reômetro de placas paralelas a 240oC. Aplicando estes valores e da razão de viscosidade p na Equação 2 é possível obter os valores da tensão interfacial , conforme apresentado na Tabela 3. Tabela 2– Razão de viscosidade no tempo de medidas de tensão interfacial. Tabela 1– Valores de viscosidade a taxa de cisalhamento zero dos materiais utilizados obtidos a 240oC. Tabela 3– Resultados experimentais e teóricos de tensão interfacial. Observa-se uma queda de viscosidade ao longo do tempo para os polímeros PS, PMMA e PBT 315. Esta redução pode ser resultado do processo de degradação térmica, mesmo em atmosfera não oxidante. O PBT 195 mostra um aumento na viscosidade ao longo do tempo. Deve ser mencionado que este tipo de PBT possui massa molar relativamente baixa, como observado pela sua baixa viscosidade. O tratamento térmico deste PBT em atmosfera livre de água pode provocar reações de pós-condensação proporcionando aumento na sua massa molar. A Tabela 2 apresenta as respectivas razões de viscosidade (p) entre as amostras analisadas. O comportamento de instabilidade e quebra das fibrilas de PS e de PMMA em uma matriz de PBT é mostrado na Figura 1. Os valores de obtidos experimentalmente mostram um aumento com o aumento da viscosidade da matriz de PBT. Cálculos teóricos efetuados a partir de procedimento mostrado na literatura [3, 4], utilizando média harmônica mostram valores próximos aos experimentais para amostras de PBT com baixa massa molar. A similaridade de valores é coerente pois os cálculos teóricos são baseados em unidades monoméricas. Conclusões Foi possível medir valores de tensão interfacial para sistemas poliméricos constituídos de PS e PMMA em PBT. Esses valores aumentam com o aumento da massa molar de PBT. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pelas agências CAPES, FAPESP e PRONEX/FINEP/CNPq. Aproveitamos esta oportunidade para agradecer as empresas GE Plastics South América, BASF e Resarbrás pela doação dos materiais. Referências Bibliográficas 1. H. Mo, C. Zhou e W. Yu;, J. Non-Newtonian Fluid Mechanics, vol. 91, p. 221-232, 2000. 2 P. L. Maffettone e M. Minale; J. Non-Newtonian Fluid Mechanics, vol. 78, p. 227-241, 1998. 3 J. Brandrup e E. H. Immergut, Polymer Handbook, cap. VI, 3a. ed., John Wiley & Sons, New York 1989. 4 D. W. van Krevelen, Properties of Polymers, Cap. 7 e 8, 3a. ed., Elsevier, Holanda, 1990. 5 Wu S., Polymer Interface and Adhesion, Marcel Dekker, Inc., New York, 1982. 6 Ito, E.N.; Ueki, M.M.; Bretas, R.E.S.; Hage Jr., E. in Polymer Processing Society 20th Annual Meeting, Akron-Ohio, 2004. Figura 1– Sequência de ruptura e retração das fibrilas para os diferentes sistemas utilizados. Após 15 ou 30 minutos de exposição das fibrilas a 240oC ocorre à ruptura e o conseqüente fenômeno de retração das gotas. O acompanhamento da retração das gotas de formato elipsoidal, através das medidas do semi-eixo L e B, proporciona o cálculo de i. Anais do 8o Congresso Brasileiro de Polímeros 1269