ESTADO FUNCIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS EM UNIDADES DE ATENÇÃO
BÁSICA
Cleane Rosa da Silva – UFPB1
Anna Mikaelly de Sousa Tavares Assis – UFPB2
Francisca Vilena da Silva – UFPB3
Lourdes de Farias Pontes – UFPB4
Renata Maia de Medeiros – UFPB5
RESUMO: Pesquisa de natureza quantitativa, observacional, do tipo transversal, que propõe-se
a investigar o estado funcional de idosos. Participaram do estudo 100 idosos cadastrados em
Unidades Saúde da Família do município de João Pessoa-PB. Para a coleta de dados utilizou-se
roteiro estruturado para obtenção de informações sociodemográficas, escala de Lawton e escala
de Katz. A análise dos dados foi por meio da estatística descritiva. Observou-se quanto ao
desempenho das ABVD, 88% dos idosos eram independentes, 11% apresentou dependência
parcial e 1% dependência completa. Em relação AIVD, 52% dos idosos mostraram-se
parcialmente dependentes, 45% independentes e 3% completamente dependentes.
Palavras-chave: Envelhecimento, Estado Funcional, Saúde do Idoso.
ABSTRACT: Quantitative research, observational, cross-sectional, it is proposed to investigate
the functional status of elderly people. The study included 100 elderly enrolled in the Family
Health Units in the city of João Pessoa. To collect data using a script structured to obtain
demographic information, scale of Lawton and Katz scale. Data analysis was by descriptive
statistics. Observed regarding the performance of ABVD, 88% of the elderly were independent,
11% had partial dependency and 1% complete dependence. Regarding IADL, 52% of the
elderly showed partially dependent, 45% and 3% dependent completely dependent.
Key words: Aging, Functional status, Aging health.
1- Introdução
A expectativa de vida do ser humano tem aumentado consideravelmente dentro de um
curto espaço de tempo. O processo de envelhecimento populacional é hoje um fenômeno
universal, característico tanto dos países desenvolvidos como, de modo crescente, dos países em
desenvolvimento (WONG; CARVALHO, 2006). Segundo estimativa da Organização das
Nações Unidas (ONU), divulgada em fevereiro de 2002, uma em cada dez pessoas no mundo
tem 60 anos ou mais, o que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza a
população idosa. Atualmente, os idosos são a parcela populacional que mais cresce no mundo.
No Brasil, o crescimento da população idosa se dá de forma radical e bastante acelerada, com
base no censo realizado em 2000, 8,1% da população brasileira é constituída por idosos
(PEREIRA; COTTA; FRANCESCHINI, 2006). As projeções mais conservadoras indicam que,
1
Discente do 6º período da graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. E-mail:
[email protected].
2
Discente do 6º período da graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
3
Discente do 4º período da graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
4
Professora Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba.
5
Discente do 6º período da graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba.
508
em 2020, já seremos o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior
a 30 milhões de pessoas, com o grupo etário de maior crescimento o de 75 anos ou mais,
revelando 49,3% (CARVALHO; GARCIA, 2003). O envelhecimento é um fenômeno complexo
e heterogêneo, que acarreta mudanças em todas as esferas dos indivíduos: alterações físicas,
psicológicas, sociais, naturais e gradativas (PEREIRA; COTTA; FRANCESCHINI, 2006).
Segundo Moraes (2008) a saúde do idoso está estritamente relacionada com o seu estado
funcional, este é definido como a capacidade do individuo em desempenhar independentemente
as atividades ou tarefas do cotidiano, identificadas como essenciais para a manutenção do seu
bem-estar. O estado funcional do idoso é avaliada por meio da análise das atividades de vida
diária (AVDs). As AVDs mais simples são denominadas atividades básicas de vida diária
(ABVDs), que refletem a capacidade para o autocuidado, as mais complexas são as atividades
instrumentais da vida diária (AIVDs), que estão relacionadas com a capacidade de cuidar da sua
própria vida ou de viver sozinho na comunidade (PEREIRA; COTTA; FRANCESCHINI, 2006;
MORAES, 2008; GORDILHO et al, 2000). A qualidade de vida do idoso está diretamente
relacionada à execução adequada dessas atividades, sendo, portanto, os principais determinantes
da sua autonomia e independência. A autonomia e independência podem ser definidas
respectivamente como capacidade de decisão, de comando e capacidade de realizar algo com
seus próprios meios (MORAES, 2008). Existe, portanto, uma correlação de saúde e bem estar
com independência, e, sobretudo com autonomia. Para o idoso, a saúde não pode ser
dicotomizada em saudável e não saudável, pois a presença de doenças crônicas não significa
que ele não possa viver de forma independente e autônoma, uma vez que elas podem ser
prevenidas e controladas. Apesar de parte dos indivíduos idosos apresentarem diminuição de
desempenho na realização de atividades de vida diária, outra parcela mantém a autonomia e
independência para gerenciar sua vida (GARDILHO et al, 2000).
2- Metodologia
A referida pesquisa trata-se de um estudo de natureza quantitativa, observacional, do
tipo transversal, onde a população estudada é compreendida por idosos atendidos nas Unidades
de Saúde da Família (USF) Bancários e Santa Clara, localizadas no município de João PessoaPB. Participaram do estudo 100 idosos, de ambos os sexos, com condições cognitivas para
responder os instrumentos, sendo 50 cadastrados na Unidade de Saúde da Família (USF)
Bancários e os outros 50 na Unidade de Saúde da Família (USF) Santa Clara. Os mesmos
aceitaram participar do estudo voluntariamente segundo atendimento da Resolução
196/1996/MS/Conselho Nacional de Saúde/ Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e as
Diretrizes e Normas que regem pesquisa envolvendo seres humanos. Os dados foram coletados,
no domicílio do idoso, utilizando-se roteiro estruturado para obtenção de informações
sociodemográficas, escala de Lawton para mensurar a capacidade de execução das atividades
instrumentais da vida diária (AIVD) e escala de Katz para investigar a capacidade de realização
das atividades básicas da vida diária (ABVDs). A análise dos dados foi por meio da estatística
descritiva. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de
Ciências da Saúde da UFPB (CEP/CCS/UFPB) com parecer nº 138.228 e CAAE
03469912.3.0000.5188.
3- Resultados
Observou-se predomínio de idosos do sexo feminino (66%), faixa etária de 60 a 64 anos
(26 %), casados (72%), morando com filhos e cônjuge (27%), 4 a 8 anos de estudo (33%) e
509
renda mensal familiar de 1 a 3 salários mínimos (33%). Quanto ao desempenho de ABVD, 88%
dos idosos eram independentes, 11% apresentou dependência parcial e 1% dependência
completa. Em relação AIVD, 52% dos idosos mostraram-se parcialmente dependentes, 45%
independentes e 3% completamente dependentes.
4- Conclusão
Devido ao fato de os idosos apresentarem características específicas, a atenção à saúde
desses requer dos profissionais de saúde uma avaliação cuidadosa, além da realização de
estudos epidemiológicos voltados para analisar as características sociodemográficas e o estado
funcional dessa faixa etária, pois estes auxiliam na identificação de problemas subjacentes à
queixa, que envolve o cuidado de uma maneira integral, além permitir desenvolver estratégias
de intervenção apropriadas, que objetivem a manutenção e reabilitação da autonomia e da
independência, melhorando a qualidade de vida dessa população.
5- Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética e
pesquisa – CONEP. Resolução n° 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Brasília, DF: 1996.
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FLORENTINO, A. M. Influência dos fatores econômicos, sociais e psicológicos no estado
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2002, p. 3-11.
GORDILHO, A.; et al. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na
atenção integral ao idoso. Rio de Janeiro: UNATI; 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico
2000.
Disponível
em
URL:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/default_censo_2000.shtm. Acessado em: 10 maio 2013.
MORAES, E. N. Princípios Básicos de Geriatria e Gerontologia, Belo Horizonte: Coopmed;
2008.
PASCHOAL, S. M. P.; FRANCO, R. P.; SALLES, R. F. N. Epidemiologia do
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PEREIRA, R. J; COTTA, R. M. M; FRANCESCHINI, S. C. C.; et al. Contribuição dos
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