Universidade Federal do Rio de Janeiro
ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
João Victor Charles Leopoldo
Dre: 107409230
Curso: Engenharia Civil
E-mail: [email protected]
Defesa: 12/03/2015
RIO DE JANEIRO
2015
i
ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
João Victor Charles Leopoldo
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessária à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Março, 2015
ii
ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
João Victor Charles Leopoldo
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
__________________________________________________
Prof. Jorge dos Santos, D Sc.
__________________________________________________
Prof.ª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D Sc.
__________________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva, D Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
MARÇO DE 2015
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida.
Ao meu orientador, Professor Jorge dos Santos, pela dedicação, conselhos e
auxílio, sem os quais não conseguiria realizar este trabalho de final de curso.
A minha família, que sempre foram a base para tudo na minha vida, me apoiando e
querendo sempre o meu melhor; Luis Fábio, Mariza, Rafael e Lucas, sem vocês, eu
não estaria aonde estou.
A minha noiva, Albana, que me apoiou durante toda a faculdade e teve papel
importantíssimo nesse momento da minha vida.
Aos meus amigos de infância e adolescência que fazem parte da minha história
antes da UFRJ e as grandes amizades feitas durante esse tempo de graduação.
A todos os meus professores do colégio IESA e EME, e aos professores do curso
de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Aos profissionais da Método Engenharia, que me ajudaram no estudo de caso,
sendo sempre muito solícitos a ajudar.
iv
Leopoldo, João Victor Charles
Estudo dos processos produtivos na construção
civil objetivando ganhos de produtividade e
qualidade/ João Victor Charles Leopoldo. – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola
Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2015.
Referências Bibliográficas: p86.
1. Introdução. 2. Panorama da produtividade e da
qualidade na construção civil. 3. Panorama das técnicas
construtivas correntes mais usadas na construção civil. 4.
Levantamento
de
técnicas
construtivas
que
geram
melhorias de produtividade e qualidade. 5. Estudo de
caso. 6. Conclusões I. Santos, Jorge dos II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Civil. III. Título.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
Estudo dos processos produtivos na construção civil objetivando ganhos de produtividade e
qualidade
João Victor Charles Leopoldo
Março, 2015
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
Este trabalho tem como objetivo fundamentar o conceito de produtividade e qualidade
na construção civil, desenvolvendo uma visão crítica do que esta sendo feito em obras pelo
Brasil.
Serão apresentados conceitos de produtividade e qualidade, fazendo toda uma
fundamentação teórica que posteriormente será avaliada nas mais frequentes formas
empregadas atualmente na construção civil.
Além disso, o trabalho irá apresentar características de novas técnicas construtivas.
Todo o processo necessário para a obtenção da produtividade e qualidade desejada.
Também será apresentado um estudo de caso, que tem o objetivo de fundamentar as
ideias apresentadas anteriormente através de visitas constantes e análise de documento.
Palavras-chave: Produtividade, Qualidade.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
Study of production processes in construction aiming productivity and quality gains
João Victor Charles Leopoldo
March, 2015
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Civil Engineering
This paper aims to support the concept of productivity and quality in construction, developing
a critical view of what is being done on civil construction in Brazil.
Will be presented concepts of productivity and quality, making an entire theoretical
foundation that will later be evaluated in the most common forms currently used in
construction.
In addition, the paper will exhibit characteristics of new construction techniques. The entire
process necessary for obtaining the productivity and quality desired.
Also featured will be a case study, which aims to support the ideas presented above through
constant visits and document analysis.
Keywords: Productivity, Quality.
vii
Sumário
1.0 Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1 A importância do Tema ................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ........................................................................................................................ 1
1.3 Justificativa da Escolha do Tema................................................................................... 2
1.4 Metodologia Adotada no Desenvolvimento do Trabalho .............................................. 2
1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 2
2.0 Panorama da produtividade e qualidade na construção civil ......................................... 4
2.1 Conceituação geral ......................................................................................................... 4
2.2 Conceituação na construção civil .................................................................................. 5
2.3 Cenário atual da construção civil ................................................................................... 8
2.4 Indicadores de produtividade ....................................................................................... 10
2.5 Indicadores de qualidade ............................................................................................. 13
2.5.1 Número de não conformidades em auditorias .......................................................... 14
2.5.2 Índice de não conformidades na entrega do imóvel ................................................. 15
2.6.1 ISO 9000 ................................................................................................................... 15
2.6.2 PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat .............. 21
2.6.3 Outros programas de qualidade e produtividade ...................................................... 24
3.0 Panorama das técnicas construtivas correntes mais usadas na construção civil .......... 27
3.1 Fundações .................................................................................................................... 27
3.1.1 Rasas ......................................................................................................................... 27
3.1.2 Profundas .................................................................................................................. 29
3.2 Fôrmas para concreto armado ...................................................................................... 30
3.2.1 Fôrma de pilares........................................................................................................ 33
3.2.2 Fôrma de vigas .......................................................................................................... 35
3.2.3 Fôrma de lajes ........................................................................................................... 37
3.3 Alvenaria...................................................................................................................... 39
3.4 Instalações prediais ...................................................................................................... 42
3.4.1 Instalações hidráulicas e esgoto ................................................................................ 43
3.4.2 Instalações elétricas .................................................................................................. 44
3.5 Esquadrias .................................................................................................................... 45
viii
3.6 Revestimento de paredes ............................................................................................. 48
3.7 Revestimento de piso ................................................................................................... 49
4.0 Técnicas que geram melhorias de produtividade e qualidade ..................................... 52
4.1 Contextualização .......................................................................................................... 52
4.2 Contrapiso autonivelante ............................................................................................. 54
4.2.1 Processo construtivo ................................................................................................. 55
4.2.2 Resultados ................................................................................................................. 57
4.3 Alvenaria moldada ....................................................................................................... 58
4.4 Concreto PVC .............................................................................................................. 60
4.5 Instalação de Drywall .................................................................................................. 63
4.6 Banheiros prontos ........................................................................................................ 63
4.7 Protótipos físicos.......................................................................................................... 65
5.0 Estudo de caso ............................................................................................................. 68
5.1 Apresentação da obra ................................................................................................... 68
5.2 Metodologia adotada.................................................................................................... 69
5.2.1 Fundação ................................................................................................................... 69
5.2.2 Superestrutura ........................................................................................................... 69
5.2.3 Vedações ................................................................................................................... 74
5.2.4 Fachada ..................................................................................................................... 78
5.3 BIM e Laser Scanner ................................................................................................... 80
5.4 Considerações finais do Estudo de Caso ..................................................................... 82
6.0 Conclusões ................................................................................................................... 86
7.0 Referências bibliográficas............................................................................................ 88
ix
Lista de gráficos:
Gráfico 1: evolução da carteira assinada .......................................................................... 6
Gráfico 2: avaliação de qualidade de estrutura moldada in loco .................................... 83
Gráfico 3: prazo, escopo e percentual comprometido .................................................... 84
x
Lista de figuras:
Figura 1: modelo de abordagem por processos da ISO .................................................. 20
Figura 2: estrutura geral do PBQP-H ............................................................................. 21
Figura 3: modelo de selo de certificação PBQP-H, nível A ........................................... 22
Figura 4: classificação de fundações profundas ............................................................. 30
Figura 5: esquema geral de fôrmas em edificações ........................................................ 32
Figura 6: detalhe de fôrma de pilar................................................................................. 35
Figura 7: detalhe de fôrma de vigas ............................................................................... 37
Figura 8: detalhe de fôrma de lajes................................................................................. 39
Figura 9: chapisco no contato alvenaria e estrutura ....................................................... 41
Figura 10: posicionamento de bloco............................................................................... 41
Figura 11: vergas e contravergas .................................................................................... 42
Figura 12: tubulação de passagem de água fria e quente ............................................... 44
Figura 13: sequência de instalações elétricas em uma obra ........................................... 45
Figura 14: esquadria de madeira ..................................................................................... 46
Figura 15: esquadria de alumínio ................................................................................... 47
Figura 16: esquadria de aço ............................................................................................ 47
Figura 17: esquadria em PVC ......................................................................................... 47
Figura 18: camadas de revestimento de argamassa ........................................................ 49
Figura 19: revestimento de piso...................................................................................... 51
Figura 20: contrapiso autonivelante ............................................................................... 54
Figura 21: transferência de nível .................................................................................... 55
Figura 22: niveleta instalada ........................................................................................... 56
Figura 23: lançamento de argamassa .............................................................................. 56
Figura 24: resultado final................................................................................................ 57
Figura 25: juntas pré-moldadas ...................................................................................... 59
Figura 26: casa em concreto PVC .................................................................................. 61
Figura 27: software BIM ................................................................................................ 66
Figura 28: modelos de impressão 3D ............................................................................. 67
Figura 29: MPC .............................................................................................................. 68
xi
Figura 30: fundação MPC............................................................................................... 69
Figura 31: estrutura MPC ............................................................................................... 70
Figura 32: laje em deck ligth .......................................................................................... 73
Figura 33: atual situação da obra .................................................................................... 74
Figura 34: ficha de verificação de serviço ...................................................................... 74
Figura 35: marcação de primeira fiada ........................................................................... 76
Figura 36: parede em bloco de concreto......................................................................... 76
Figura 37: instalação de drywall..................................................................................... 77
Figura 38:instalações hidráulicas em drywall ................................................................ 78
Figura 39: aranha para subida de quadros ...................................................................... 79
Figura 40: equipamento para subida de quadros ............................................................ 79
Figura 41: atual situação da fachada............................................................................... 80
Figura 42: laser scanner .................................................................................................. 82
xii
Lista de tabelas:
Tabela 1: produtividade do trabalho, capital e PTF........................................................ 11
Tabela 2: sistema de indicadores de qualidade ............................................................... 14
Tabela 3: tipo de fôrmas ................................................................................................. 31
Tabela 4: composição do traço ....................................................................................... 55
Tabela 5: atividades, tempo e recurso de mão de obra para contrapiso autonívelante ... 57
Tabela 6: comparativo concrto PVC x alvenaria ............................................................ 61
Tabela 7: prazos de entrega ............................................................................................ 71
Tabela 8: ciclo de concretagem ...................................................................................... 72
Tabela 9: avaliação de estrutura moldada in loco........................................................... 83
xiii
Lista de siglas
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ONU: Organização das Nações Unidas
CBIC: Câmara Brasileira da Indústria da Construção
PPP: Parceria Público Privada
PAC: Programa de Aceleração do Crescimento
PTF: Produtividade Total dos Fatores
RUP: Razão Unitária de Produção
SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas
OCC: Organismo Certificador Credenciado
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
PBQP: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
PBQP-H: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat
MDIC: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
PDCA: Plan, Do, Check and Action
CDHU: Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
QUALIOP: Programa de Qualidade de Obras Públicas do Estado da Bahia
QUALIPAV: Programa Municipal de Qualidade em Obras de Pavimentação, Obras de
Arte Especiais e Obras de Drenagem Urbana do Município do Rio de Janeiro
QUALIHAB: Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São
Paulo
PMQP-H: Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat
UEPG: Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFJF: Universidade Federal de Juiz de Fora
PUC: Pontifícia Universidade Católica
PIT: Programa de Inovação Tecnológica
SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
BIM: Building Information Modeling
PUC: Pavimento de Uso Comum
MPC: Main Press Center
FVS: Ficha de Verificação de Serviço
xiv
1.0 Introdução
1.1 A importância do Tema
A construção civil tem viabilizado as pretensões de o país alcançar níveis mais elevados
em várias áreas, uma vez que edifica obras que sustentam o progresso, cria emprego e
renda para a população e aprimoram recursos tecnológicos inovadores. Além disso, o
setor apresenta forte relacionamento com setores industriais na medida em que demanda
vários insumos em seu processo produtivo, absorvendo direta ou indiretamente uma
parcela significativa da mão de obra com menor qualificação. Esta característica da
cadeia da construção civil trazem grande complexidade, uma vez que ela movimenta
amplo conjunto de atividades, que têm impactos em outras cadeias produtivas (FILHA
et al., 2010).
O atual crescimento do setor da construção civil aqueceu a competitividade entre as
empresas, forçando o desenvolvimento de novas formas de racionalização da
organização construtiva, objetivando assim ganhos de qualidade, produtividade e
desempenho.
Os processos produtivos praticados no Brasil ainda possuem um produto final
questionável, devido serem conduzidos por planos informais elaborados pelos
executores da obra. Desta forma, as inovações que estão sendo criadas devem ser
estudadas com a finalidade de objetivar ganhos na qualidade e produtividade do produto
final tendo um custo viável.
1.2 Objetivos
Esta monografia tem por objetivo o estudo dos processos produtivos constantemente
adotados por empresas atuantes na construção civil, que objetivam ganhos na qualidade
e produtividade. A idéia central é ilustrar o atual cenário da construção civil entendendo
1
os mecanismos por trás dos principais processos produtivos, tendo como referência as
novas tecnologias, a atual tendência de industrialização, podendo assim aprimorar os
processos e, consequentemente obter ganhos de qualidade e produtividade.
1.3 Justificativa da Escolha do Tema
O presente trabalho se justifica na atualidade no tema, que vem se tornando palco de
muitas pesquisas e discussões visto que os ganhos em qualidade e produtividade geram
um futuro ganho em custos.
O crescimento da competitividade na construção civil, forçou empresas a buscar por
novas tecnologias para obter um produto final mais adequado ao atual mercado. Assim,
o tema foi escolhido para tratar de um atual problema na construção civil, já que o setor
engatinha na busca de sistemas e processos construtivos mais modernos.
1.4 Metodologia Adotada no Desenvolvimento do Trabalho
O trabalho foi elaborado a partir de pesquisas em livros, revistas específicas do setor,
apostilas, manuais técnicos, artigos publicados por professores e pesquisadores de
diversas universidades e monografias que abordam o tema, com a utilização da internet.
A monografia ainda conta com um estudo de caso, realizado em uma obra olímpica,
onde será fundamentado e analisado todo o conceito discutido no trabalho.
1.5 Estrutura do Trabalho
O trabalho foi dividido em 6 capítulos. No primeiro é apresentado o tema, descritos os
objetivos do estudo e a justificativa da escolha do tema, assim como a metodologia de
trabalho e sua estrutura.
No segundo capítulo é feita uma abordagem sintética sobre a atual situação da qualidade
e produtividade na construção civil, apresentando resultados de índices apurados,
indicadores de qualidade e produtividade.
2
O terceiro capítulo descreve as técnicas construtivas convencionais utilizadas na
execução de obras, apresentando a evolução dos processos produtivos convencionais,
dificuldades construtivas geradas pelo uso desses processos e o uso de técnicas
empíricas e artesanais.
No quarto capítulo são apresentados técnicas executivas que quando aplicadas podem
gerar melhorias de produtividade e qualidade.
O quinto capítulo descreve a metodologia adotada para o desenvolvimento de uma obra.
As técnicas construtivas utilizadas e os resultados obtidos em termos de produtividade e
qualidade são explicitados. Finalizando com resultados comparativos e considerações
finais do estudo de caso.
Por fim, o sexto capítulo é destinado a conclusão do trabalho, assim como sugestões
para trabalhos futuro.
3
2.0 Panorama da produtividade e qualidade na construção
civil
2.1 Conceituação geral
O conceito de produtividade é definido genericamente como uma relação entre os bens
produzidos e os fatores utilizados na sua produção, tempo, trabalho, matérias-primas, e
significando a quantidade de produto, enquanto resultado do processo de produção, que
é gerada por uma unidade de fator produtivo, isto é, a relação entre o que se obtém por
unidade econômica (fator, organização, região, país) e os recursos que essa produção
consumiu (CAPUL; GARNIER,1996).
A atual necessidade do aumento da produtividade, tornou-se fundamental para
sobrevivência das empresas num cenário altamente competitivo. As empresas passaram
a buscar novas tecnologias que visam aumento da produtividade sem afetar nos custos
do produto final.
O estabelecimento de medidas de produtividade vem sendo um excelente começo para
determinar os níveis de eficiência de uma organização. Uma organização com acrescido
resultados na produtividade é mais eficiente, com melhor utilização dos seus recursos e
que atinge melhores resultados, tendo assim maior chance de prosperar (SALLES,
2011).
A qualidade é o atendimento as exigências dos usuários e hoje é uma das principais
estratégias competitivas nas diversas empresas e diversos setores. A qualidade está
diretamente ligada a produtividade, a melhoria de resultados, ao aumento de lucros,
através de redução de perdas e do desperdício (ESTRELA, 2008).
Segundo John Oakland (1994), existem possíveis definições para qualidade:
4
a) Adequação à finalidade ou uso;
b) A totalidade dos aspectos e características de um produto ou serviço,
importantes para que ele possa satisfazer as necessidades exigidas ou implícitas;
c) A qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuários, presentes ou
futuras;
d) O total das características de um produto e de um serviço referentes a marketing,
engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando
em uso, atenderá as expectativas do cliente;
e) Conformidade com as exigências;
A percepção dos indivíduos é diferente para o mesmo tipo de produto ou serviço,
confirmando o conceito da qualidade como uma avaliação individual de cada indivíduo.
2.2 Conceituação na construção civil
A produtividade é o elemento básico do crescimento ao longo do tempo. O debate em
torno da produtividade na construção civil brasileira se intensificou nos anos recentes,
em que o setor ingressou em um ciclo virtuoso de atividade. Com obtenção de taxas
expressivas de crescimento, as empresas passaram a encontrar maiores dificuldades na
contratação de mão de obra qualificada ou, em menor grau, na aquisição de
determinados bens de aquisição. Tornou-se consenso que para sustentar o ciclo atual o
setor precisa elevar sua produtividade, ou seja, utilizar de maneira mais eficiente os
recursos disponíveis (SIMÃO, 2014).
Um conceito mais amplo para produtividade é a obtenção de uma produção maior com a
mesma quantidade de recursos empregados ou, de outra maneira, quando se emprega
menos recursos para obter uma mesma produção.
O crescimento da construção civil nos últimos anos, fez com que as empresas
buscassem produzir mais em um menor tempo e com uma qualidade desejada. Para isso,
5
novas tecnologias foram empregadas com finalidade de obter um aperfeiçoamento do
sistema produtivo.
Gráfico 1: evolução da carteira assinada na construção civil
Fonte: sistemas de contas nacionais (IBGE).
O sistema produtivo da construção civil tem como base três elementos, que são eles:
a) Mão de obra;
b) Equipamentos;
c) Materiais;
Em qualquer processo produtivo esses elementos interagem entre si, dando resultado a
um produto final desejado. Os materiais e os equipamentos tiveram uma elevação nos
custos de aquisição, fazendo com que as construtoras busquem um processo construtivo
mais racionalizado e que gerem menos desperdício de materiais. A mão de obra possui
um cenário mais alarmante. As condições de trabalho da construção civil atraem cada
vez menos trabalhadores para o setor (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO, 2014).
Para medir a produtividade, devemos ter um planejamento da construção bem definido.
Devemos tomar cuidado com o nível de detalhamento do processo e não deixar
importantes tomadas de decisão a cargo da equipe de obra. Assim, é necessário que se
tenha um processo de execução, desenvolvido dentro de uma metodologia de trabalho,
6
para que se possa monitorar a produtividade da mão de obra e acumular os seguintes
dados:
a) Número de funcionários envolvidos no serviço;
b) Tempo de execução do serviço;
c) Tempo de transporte do material;
d) Fatores externos;
e) Definição do material usado;
f) Definição e uso de equipamentos empregados;
Esses dados são calculados em função da mão de obra, que é o fator mais importante
dentro do sistema produtivo.
Na atual conjuntura, devido à globalização e ao crescimento econômico pelo qual passa
o país, as organizações veem-se numa situação em que não basta, apenas, fornecer seus
produtos e serviços à população. É necessário, num ambiente de competição tão
acirrada, provar que seu produto ou serviço fará a diferença se comparado ao de seu
concorrente. É preciso informar e garantir que a qualidade de seu produto é superior aos
demais, agregará maior valor e satisfará às necessidades e expectativas de seu cliente.
Uma das formas de provar a diferenciação diante do mercado e garantir um alto padrão
de qualidade de seus produtos e serviços é possuindo um sistema de gestão focado no
planejamento, atendimento aos requisitos especificados e, sobretudo, na melhoria
contínua dos processos produtivos, tornando os negócios da empresa, além de rentáveis,
sustentáveis (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
A implantação de um sistema de gestão de qualidade proporciona além da possibilidade
de ampliar mercados, uma série de vantagens para as empresas: aumenta o nível de
organização interna, o controle da administração e a produtividade. Além desses
7
benefícios, também leva a redução de custos e do número de erros e melhora a
credibilidade junto a seus clientes.
2.3 Cenário atual da construção civil
A construção civil é um dos setores mais relevantes da economia brasileira, com cerca
de 172.703 empresas atuantes no mercado, a construção civil passa por uma fase de
grande crescimento (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO,
2014).
Fruto desse desenvolvimento, a maior demanda por atividades do setor tem trazido
alguns desafios para o ramo, que tenta se adaptar, já no caminho, às exigências do
mercado atual.
Uma das principais questões, nesse sentido, é a escassez de mão de obra qualificada.
Além de não haver profissionais suficientes no mercado para suprir as necessidades do
setor, ainda se revela a questão da baixa quantidade de mulheres entre a mão de obra
normalmente empregada na construção civil.
Outro desafio do ramo no país é a inadequação às exigências de sustentabilidade,
crescentes não só no Brasil como no mundo. A construção civil é uma das grandes
responsáveis por emissão de carbono e gases estufa na atmosfera, fato já enfatizado até
mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Dessa forma, adequar-se ao
contexto de desenvolvimento sustentável é imprescindível para o sucesso futuro do
setor (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) está envolvida em projetos de
incentivo tanto da formação de profissionais quanto do investimento na prática da
construção sustentável.
8
A parcela emergente da classe C fez com que um aquecimento constante tomasse as
rédeas do mercado imobiliário nacional, fazendo com que o setor de Construção Civil
fique cada vez mais requisitado. Em 2011, o nível de emprego no setor teve uma alta de
7,4%, o equivalente a mais de 200 mil contratações em todo o Brasil (CÂMARA
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
A política desenvolvida pelo governo federal, através de projetos como o Minha Casa
Minha Vida, foi uma das responsáveis por tal aquecimento, e a presença de grandes
eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos fazem surgir uma grande
oportunidade para que o poder público e a iniciativa privada invistam (e lucrem) ainda
mais com a Construção Civil no Brasil.
A construção civil passou por grande crescimento até 2013, com o desenvolvimento de
novas tecnologias construtivas, aumento do mercado imobiliário e investimentos do
governo por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e incentivo às
obras para a copa do mundo, além de parcerias entre o setor público e privado (PPP)
para implementação de novos projetos e empreendimentos. O CBIC (Câmara Brasileira
da Indústria da Construção) revela que em 2011 o setor da construção civil registrou
crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. No estado de Pernambuco, no mesmo
ano, a indústria cresceu 5,0% no quarto trimestre tendo como principal impulsionador a
Construção Civil, com aumento de 10,5% em relação ao ano anterior (Agência
Condepe/Fidem, 2013). O avanço repentino e acelerado tem preocupado especialistas
no setor, uma vez que se observa no mercado dificuldade de mão de obra especializada,
cronogramas cada vez mais apertados e deficiência de fornecimento de matéria prima.
Nesse sentido, tem-se discutido a necessidade de modificações na indústria da
construção civil, eliminando-se o estigma de permanência entre os setores mais
9
atrasados na economia, com atividades artesanais e sem controle tecnológico, para
comparação com os demais segmentos industriais, dotados de gestão e controle de todo
o processo produtivo, buscando a qualidade e produtividade como meio de
competitividade e sobrevivência. Com essa visão, empresas construtoras já vêm
adotando políticas de planejamento dos processos, direcionadas a elaboração de
orçamento detalhado versus tempo, adoção de métodos construtivos inovadores com
equipamentos sofisticados, e qualidade para atender requisitos de norma e satisfação do
cliente de obras muito mais complexas. Entretanto, todas essas motivações incorporam
incertezas associadas ou riscos do cumprimento dos requisitos, afetando os resultados
esperados, os quais podem gerar perdas ou ganhos (econômicos, ambientais, de
segurança, imagem de mercado, entre outros).
Porém, no ano de 2014, a construção civil sofreu uma forte desaceleração. O término
das obras da Copa do Mundo e a meta alcançada pelo programa Minha Casa Minha
Vida 2 influenciou diretamente na queda do setor.
2.4 Indicadores de produtividade
Construção brasileira retomou nos anos recentes o seu importante papel na receita do
desenvolvimento. Após décadas de baixo investimento em infraestrutura e em
habitação, o país reencontrou sua rota de progresso e, para isso, não poderia prescindir
do nosso setor para a formação de capital e para a promoção de qualidade de vida da
nossa população.
Nesse novo cenário, evidenciam-se grandes desafios. O principal deles, na trajetória de
crescimento continuado, é o da produtividade. Em poucas palavras, a busca por
produtividade significa atingir o objetivo de produzir mais e melhor a partir de uma
combinação factível de recursos. O desafio se resume então em promover condições de
10
viabilidade para investimentos em máquinas, processos produtivos e qualificação da
mão de obra (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
Ainda segundo a CBIC (2014, a produtividade total dos fatores (PTF) é definida na
relação entre produtividade do trabalho e produtividade do capital. A PTF é um
indicador importante porque expressa e torna comparáveis diversas combinações de
trabalho e capital, de forma a identificar a mais eficiente (CÂMARA BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
Os dados são retirados de uma parceria entre a Fundação Getúlio Vargas e a Câmara
Brasileira da Indústria da Construção. Essa pesquisa foi realizada durante os anos de
2003 a 2009, considerando dois subperíodos de análise: 2003-2005, caracterizado por
uma série de aprimoramentos institucionais decisivos para o setor; e 2006-2009, em que
se deu a retomada das atividades da construção.
A produtividade tem influencia dos seguintes fatores:
a) Crescimento econômico;
b) Formalização das empresas e da mão de obra do setor;
c) Qualificação dos trabalhadores;
d) Expansão dos investimentos;
Tabela 1: produtividade do trabalho, capital e PTF
Fonte: Paic, 2013
A decomposição da produtividade mostra que, de 2003 a 2009, a produtividade da mão
de obra (valor adicionado/trabalhador) cresceu 5,8% ao ano, enquanto a produtividade
11
do capital (valor adicionado/unidade de capital) foi negativa, com queda de – 3,5% ao
ano. O crescimento da produtividade da mão de obra indica que o crescimento da renda
gerada pelas empresas foi superior ao aumento do emprego. Por outro lado, o
crescimento expressivo do estoque de capital – de 9,6% ao ano – foi superior ao
crescimento do valor adicionado, o que levou a uma queda na produtividade do capital.
Os números do período revelam algumas tendências importantes como o crescimento
expressivo do investimento e a substituição de mão de obra por capital. Nos seis anos de
analise, o investimento por trabalhador aumentou 61% em termos reais. Assim, o
investimento maior realizado pelas empresas – em maquinas e equipamentos e terrenos
– contribuiu para aumentar a produtividade do trabalho e diminuir a do capital. Apenas
nos últimos três anos da serie, entre 2006 a 2009, que a PTF passa a ser positiva,
crescendo 3,1% ao ano ou 9,7% no período. Houve, nesses últimos anos, uma mudança
importante na composição do resultado, com a redução da produtividade da mão-deobra. Isso se deveu ao processo de intensa contratação e de formalização do setor, com
mais empregos com carteira assinada. A pressão no mercado de trabalho repercute nos
custos setoriais (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO,
2014).
Nesse período, os salários registram crescimento real de 4,7% ao ano, superando o
aumento da produtividade do trabalho, que registra crescimento de 4,4% ao ano, o que
representa também uma mudança em relação ao período anterior, em que o aumento da
produtividade da mão de obra e superior a elevação real dos salários. Nesse ultimo
período, a produtividade do capital torna-se positiva e registra incremento de 1,6% ao
ano (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014).
A forma mais direta de se medir a produtividade diz respeito à quantificação da mão de
obra necessária (expressa em homens-hora demandados) para se produzir uma unidade
12
da saída em estudo (por exemplo, 1 metro quadrado de revestimento de argamassa de
fachada). O indicador utilizado, denominado razão unitária de produção (RUP) por este
autor, é, pois, calculado através da seguinte expressão: RUP = Entradas/Saídas.
Para que se consiga uma uniformização no cálculo da RUP há que se definir, portanto,
as regras para mensuração tanto de entradas quanto de saídas. Mais que isto, há que
definir o período de tempo a que se refere o levantamento feito. No que se refere às
entradas, o cálculo do número de homens-hora demandados é, genericamente, fruto da
multiplicação do número de homens envolvidos pelo período de tempo de dedicação ao
serviço. As saídas podem ser consideradas de maneira bruta ou líquida. No que diz
respeito ao período de estudo, pode-se estar lidando com a produtividade detectada para
um determinado dia, assim como seu valor pode representar um estudo de longa
duração. Faz-se, a seguir, uma exemplificação de diferentes posturas que podem ser
adotadas quanto a estes 4 aspectos (equipe considerada; tempo de dedicação ao serviço;
mensuração das saídas; e período de estudo da produtividade) e que podem levar ao
cálculo de valores completamente diferentes de produtividade para uma mesma
situação.
2.5 Indicadores de qualidade
Nos últimos 30 anos, o mercado da construção civil se tornou mais dinâmico, mudando
suas características de acordo com as novas tecnologias e tendências. Assim, surgiu a
necessidade de um monitoramento constante de todas as etapas da obra, do projeto à
execução, de modo a garantir a qualidade necessária e o custo estimado. Além da
possibilidade de melhorar a produtividade da empresa, com o monitoramento constante
é possível conhecer os pontos fracos e fortes, identificar e corrigir as falhas de
planejamento, execução e acabamento. Para auxiliar neste trabalho de medição do
desempenho, ao longo dos anos foram desenvolvidas ferramentas e programas de
13
gestão. Alguns deles tão importantes que passaram a ser exigidos por órgãos públicos,
entidades do setor e agências de financiamento.
O Sistema de Indicadores de Desempenho é o conjunto dos indicadores estabelecidos,
os quais deverão estar baseados nos objetivos, metas e estratégias da empresa. Deste
modo, os indicadores devem estar relacionados a fatores essenciais e críticos do
processo a ser avaliado, além de alinhados com o processo do negócio.
Estes indicadores poderão ser aplicados pelo empresário por obra e/ou para a empresa,
assim permite-se o desenvolvimento de estratégias de forma específica (por tipo de
empreendimento) e geral (desempenho organizacional). O indicador de qualidade está
relacionado à eficácia da empresa em atender as necessidades do cliente (SEBRAE,
2014).
Nesse sistema, o indicador qualidade é apresentado para medição da seguinte maneira:
Tabela 2: sistema de indicadores de qualidade
Fonte: SEBRAE, 2014.
2.5.1 Número de não conformidades em auditorias
Tem por objetivo avaliar, por meio do número de não conformidades das auditorias
externas e internas e suas causas, se a empresa atende às disposições planejadas no
Sistema de Gestão da Qualidade adotado.
a) Auditoria interna: a empresa deverá definir um auditor, sendo que este não deve
estar inserido no processo a ser auditado.
14
b) Auditoria externa: deverá ser realizada pelo Organismo Certificador
Credenciado (OCC).
Os dados coletados deverão ser analisados pelo Comitê de Qualidade e pela diretoria da
empresa. Após, as informações deverão ser repassadas para todos os colaboradores
envolvidos no processo.
2.5.2 Índice de não conformidades na entrega do imóvel
Tem por objetivo analisar a conformidade na entrega do produto para o cliente,
identificado também as causas da não conformidade. Para realizar a coleta dos dados
desse indicador deverá ser aplicada uma matriz de avaliação dos serviços e ambientes
que traduzem a conformidade da obra entregue. Os resultados dessa coleta devem ser
analisados pela gerência da obra e pela diretoria da empresa. Posteriormente as
informações deverão ser repassadas aos empreiteiros e mestre de obras, de modo a
serem utilizadas como lições aprendidas (SEBRAE, 2014).
2.6 Programas de produtividade e qualidade
2.6.1 ISO 9000
A Norma ISO 9000, lançada em 1987 e revisada pela primeira vez em 1994, e que
sofreu posterior atualização em 2000, sendo a última revisão em 2008, foi criada por um
comitê técnico da Organização Internacional de Normalização (International
Organization for Standardization) a fim de elaborar normas voltadas aos sistemas da
qualidade, uniformizando conceitos, padronizando os modelos para a garantia da
qualidade e fornecendo “diretrizes para a implantação da Gestão da Qualidade nas
organizações” (MEKBEKIAN, 1997, apud COSTA, 2001).
Ela foi um instrumento para regular as relações contratuais entre fornecedores e clientes
15
quanto à garantia da qualidade, num momento em que a Comunidade Européia iniciava
um complexo processo de integração econômica (AMORIM, 1998). Desde a sua edição,
ela vem se disseminando, tanto geograficamente, como pelos mais diversos setores da
economia impondo-se como uma ferramenta básica para a competitividade industrial.
Segundo Amorim (1998), enquanto nos setores industriais voltados à produção seriada a
série de normas ISO 9000 se disseminou expressivamente, nos setores que não se
baseiam na produção em série, como o caso da construção civil, “a certificação é
incipiente, se comparada ao contexto global”.
O Brasil adota a ISO 9000, denominando-a NBR ISO 9000, publicada pela ABNT,
como uma norma sistêmica voltada ao estabelecimento de um sistema de gestão e
garantia da qualidade.
Na aplicação das normas, a garantia da qualidade consiste em realizar quatro condições
básicas (COSTA, 2001):
a) Saber fazer consiste no domínio da tecnologia necessária para a execução do
serviço ou produto;
b) Descrever o que faz através de procedimentos, registrando os resultados;
c) Fazer o que descreve: executar em conformidade com os procedimentos;
d) Registrar ou provar através de documentação e registros que é capaz de executar
os dois itens precedentes.
Albuquerque Neto e Cardoso (1998) questionam o verdadeiro papel da norma que
garante o sistema de qualidade e qual a garantia o cliente de uma empresa que tem um
sistema de qualidade possui. Segundo esses autores, a característica marcante no
sistema da garantia da qualidade ISO 9000 é o forte controle e inspeção do processo e a
exigência de se documentar estas ações. Sendo assim essas normas proporcionam à
16
empresa “o conhecimento, o controle e finalmente a avaliação dos resultados do
processo de produção”, não atuando, entretanto, na melhoria contínua do processo.
Amorim (1998) também enfatiza essa característica citando a documentação adequada
de processos e das atividades da produção, de modo a garantir a rastreabilidade dos
produtos e a conformidade, ou seja, fixação dos requisitos de desempenho, como
“pilares desse sistema de garantia”.
Diante da constatação de que a característica marcante desse sistema de gestão é o forte
controle e inspeção do processo e a exigência da documentação dessas ações, não se
encontrando evidências quanto à melhoria contínua dos processos e quanto à qualidade
do sistema de gestão, a Organização Internacional de Organização realizou uma nova
revisão na norma, sendo denominada ISO 9001, versão 2008 (ISO 9001:2008). A nova
revisão dirigiu seu foco para apresentar maior compatibilidade com a família da ISO
14000, e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as
suas traduções e consequentemente um melhor entendimento e interpretação de seu
texto. A ISO 9001:2008 não inclui mudanças consideráveis quando comparada com a
ISO 9001:2000, o que se nota é que os requisitos foram reescritos de uma maneira mais
clara, alguns foram reforçados com notas explicativas e outros foram simplificados. Por
outro lado foi aumentada a compatibilidade com o Sistema de Gestão Ambiental .
Porém, o grande avanço na ISO 9001 ocorreu na versão 2000.
Entre as melhorias advindas da versão 2000, segundo Ohashi e Melhado (2004), está o
maior enfoque na melhoria contínua, a abordagem por processos e a abordagem
sistêmica. Dentre as principais mudanças, um item foi criado e refere-se à medição e
monitoramento de clientes, produtos, processos e do próprio sistema de qualidade.
A partir da revisão da norma em 2000, passou-se a considerar a medição de
desempenho como parte integrante do sistema de gestão da qualidade. E, a partir do
17
monitoramento de processos, produtos e serviços e da satisfação dos consumidores é
que se pode buscar a melhoria contínua do sistema (OHASHI e MELHADO, 2004).
Desta forma, o sistema de gestão da qualidade proposto pela ISO 9001:2000 busca
melhorar continuamente a eficácia da gestão da qualidade das organizações através da
tomada de ações corretivas e preventivas sobre os aspectos considerados relevantes e
obtidos da análise de dados gerados durante as medições e monitoramento dos
processos, nas auditorias de sistema, nas reuniões de análise crítica e na análise do grau
de satisfação dos clientes (DEGANI, MELHADO e CARDOSO, 2002).
A melhoria contínua, para Bessant et al. (1994) pode ser definida como um processo de
inovação incremental, focada e contínua, envolvendo toda a organização. Seus
pequenos passos, alta frequência e pequenos ciclos de mudanças vistos separadamente
têm pequenos impactos, mas somados podem trazer uma contribuição significativa para
o desempenho da empresa.
A ISO 9001 : 2000 baseou-se no modelo de processos conforme a Figura 1, tomando
como base oito princípios de gestão da qualidade (MELLO et al, 2002, apud OHASHI e
MELHADO, 2004):
1. Foco no cliente: atender as necessidades atuais e futuras do cliente, a seus
requisitos e procurar exceder suas expectativas;
2. Liderança: estabelece a unidade de propósitos, e é necessária para manter as
pessoas envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização;
3. Envolvimento das pessoas: é a essência da organização e seu envolvimento. É
primordial para o sucesso da organização;
4. Abordagem de processo: o resultado é alcançado mais eficientemente quando
atividades e recursos são gerenciados como um processo;
18
5. Abordagem sistêmica: identificar, compreender e gerenciar os processos interrelacionados como sistema para eficiência e eficácia a fim de atingir os objetivos
da organização;
6. Melhoria contínua: a melhoria contínua do desempenho global da organização
deveria ser um objetivo permanente;
7. Abordagem baseada em fatos: decisões eficazes são baseadas em dados e
informações;
8. Benefícios mútuos com fornecedores: a organização e os fornecedores são
interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de
ambos em agregar valor.
Uma representação esquemática da estrutura conceitual da ISO 9001 é mostrada na
Figura 01. Nota-se que a norma está estruturada em quatro grandes conjuntos de
requisitos. No conjunto “Responsabilidade da Administração” são traçados os objetivos
do sistema de gestão da qualidade, os indicadores de desempenho do sistema e é
definida a política da qualidade da empresa, bem como a sua forma de implementação e
manutenção (SEBRAE, 2014).
A “Gestão de Recursos” refere-se, de maneira simplificada, ao planejamento e alocação
de recursos para tornar viável a implementação e operação do sistema de gestão da
qualidade. Nesse conjunto de requisitos, a qualificação e o treinamento dos agentes
envolvidos como o sistema ganha especial importância.
O conjunto de requisitos “Realização do Produto” é, de certa forma, o núcleo do
sistema. Aqui são definidos os requisitos básicos associados à captação das
necessidades e requisitos dos clientes, planejamento do processo de projeto do produto,
bem como desenvolvimento do produto e sua execução. Incluem-se aspectos essenciais
de um sistema de gestão da qualidade, como análise de entradas e saídas de projeto,
19
execução, análise crítica e validação dos projetos, aquisição de materiais, controle dos
processos, implementação de ações preventivas e corretivas, etc (SEBRAE, 2014).
Outro grupo de requisitos define ações para medição dos resultados do sistema, análise
e melhoria. Essas ações permitem a implementação de uma “estrutura” de melhoria
contínua na empresa, ações essas que dependerão, eventualmente, de definições
estratégicas por parte da Direção da empresa.
Como indicado na figura, as entradas do sistema de produção são requisitos definidos
pelo cliente, entendendo o “cliente” em sentido amplo: consumidores, a comunidade
afetada pelos produtos e/ou serviços da empresa, etc. Da mesma forma, os resultados
dos processo produtivos devem ser confrontados com as expectativas dos clientes,
previamente definidas.
Figura 1: modelo de abordagem por processos da ISO
Fonte: ISO, 2000.
20
2.6.2 PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) teve origem em 1991 e foi
criado com o objetivo de difundir os novos conceitos de qualidade, gestão e organização
da produção que estão revolucionando a economia mundial, indispensáveis à
modernização e competitividade das empresas brasileiras. Em 1998, foi instituído o
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional (PBQPH), delimitado apenas à área da construção habitacional. No ano de 2000, determinou-se
a necessidade de evolução de seu escopo e o projeto passou a ser denominado de
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), que desde
então passou a englobar as áreas de saneamento e infraestrutura urbana. Por fim, cabe
destacar que a proposta do Ministério das Cidades é de que o PBQP- Habitat esteja
sempre integrado ao PBQP, reforçando essa articulação institucional entre o MDIC,
Min. das Cidades e o setor privado. O PBQP-Habitat está inserido na estrutura do
Ministério das Cidades, mais especificamente na Secretaria Nacional de Habitação,
como mostra o esquema a seguir exposto:
Figura 2: estrutura geral do PBQP-H
Fonte: PBQP
O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) é um
instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos firmados pelo
Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996); e
21
tem como finalidade organizar o setor da construção civil, essencialmente em dois
pontos, a saber: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. A busca
por esses objetivos envolve uma série de ações, dentre as quais se podem destacar:
avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da qualidade de
materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização técnica, avaliação de
tecnologias inovadoras, informação ao consumidor e promoção da comunicação entre
os setores envolvidos.
Figura 3: modelo de selo de certificação PBQP-H, nível A
Fonte: PBQP
A adoção das medidas ora expostas objetivou o aumento da competitividade no setor, a
melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso
dos recursos públicos; e tem por finalidade a criação de um ambiente de
competitividade equivalente entre as empresas do ramo em face às soluções mais
baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país. Vale
ressaltar, ainda, que é notória a importância da implantação do PBQP-H em face à
exigência de sua certificação para a possibilidade de participação em licitações públicas
(o Estado responde por cerca de 35% do faturamento das construtoras), dentre outros
fatores (CAMPOS, 2009).
O PBQP-H foi inspirado nos requisitos da ISO 9001 e teve por base a adoção de um
sistema evolutivo de Qualidade, o Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e
22
Obras válido para empresas construtoras, também inicialmente conhecido como SiQConstrutoras. Atualmente esse sistema chama-se Sistema de Avaliação de
Conformidades de Empresas e Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC, que tem
por objetivo fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e
mecanismos de melhoria da qualidade de projetos e obras (CAMPOS, 2009).
O SiAC adota a abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e
melhoria da eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade da empresa construtora, que
objetiva aumentar a satisfação dos clientes quanto ao atendimento de suas exigências.
Um dos pontos marcantes da abordagem de processo é o da implementação do ciclo de
Deming ou da metodologia conhecida como PDCA (do inglês Plan, Do, Check e Act).
Sendo assim, a abordagem de processo visa à identificação, à organização e ao
gerenciamento das atividades acima expostas, considerando as condições iniciais dessas
e os recursos necessários para levá-las adiante, bem como os elementos que dela
resultam e as interações entre atividades. Tal abordagem considera o fato de que o
resultado de um processo é quase sempre a “entrada” do processo subsequente; as
interações ocorrem nas interfaces entre dois processos.
Ademais, tem-se por objetivos do PBQP-H:
a) Promover a melhoria da qualidade e o aumento da produtividade no setor da
construção civil, buscando aumentar a competitividade dos bens e serviços
produzidos.
b) Estimular o inter-relacionamento entre agentes do setor;
c) Coletar e disponibilizar informações do setor e do PBQP-H;
d) Fomentar a garantia de qualidade de materiais, componentes e sistemas
construtivos;
23
e) Fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e mecanismos de
garantia de qualidade de projetos e obras;
f) Estruturar e animar a criação de programas específicos visando à formação e à
requalificação de mão de obra em todos os níveis;
g) Promover o aperfeiçoamento da estrutura de elaboração e difusão de normas
técnicas, códigos de práticas e códigos de edificações;
h) Combater a não conformidade intencional de materiais, componentes e sistemas
construtivos;
i) Apoiar a introdução de inovações tecnológicas;
j) Promover a melhoria da Qualidade de gestão nas diversas formas de projetos e
obras habitacionais.
O SiAC possui caráter evolutivo, estabelecendo níveis de qualificação progressivos,
representados por dois letras (B, A), segundo os quais os Sistemas de Gestão da
Qualidade das empresas construtoras são avaliados e classificados. De maneira
evolutiva, conforme vai mudando de nível, mais requisitos são atendidos até o nível
“A”, o mais completo, que demonstra que todos os itens da norma foram atendidos.
2.6.3 Outros programas de qualidade e produtividade
A preocupação do Governo Federal em promover a qualidade, aumentar a
competitividade e melhorar a produtividade do setor de construção civil, promoveu a
criação do Programas de Qualificação Evolutivos que se baseia na implantação
gradativa do Sistema de Gestão da Qualidade, conforme os requisitos da Norma ABNT
NBR ISO 9001, permitindo que as organizações deste setor incorporem de maneira
gradual, os requisitos sistêmicos.
24
Os benefícios dessa incorporação são a redução do desperdício, acarretando menores
custos e incremento da qualidade dos produtos e serviços, além de padronizar as
operações que envolvem o setor.
Seguindo a orientação do Governo Federal, alguns Estados e Municípios criaram
Programas de Qualidade, como por exemplo:
 QUALIOP – Programa de Qualidade de Obras Públicas do Governo do Estado
da Bahia que tem por objetivo aumentar a qualidade das obras estaduais, através
do melhoramento dos materiais, componentes, sistemas construtivos, projetos e
obras. Seguindo as orientações do PBQP-H, no Qualiop estão previstos ainda
acordos setoriais com os segmentos da construção civil, a implantação de
processos de qualificação, homologação e certificação de produtos e serviços;
 QUALIPAV – Rio – Programa Municipal da Qualidade em Obras de
Pavimentação, Obras de Arte Especiais e Obras de Drenagem Urbana do
Município do Rio de Janeiro lançado em novembro de 1999 pela Secretaria de
Obras da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de melhorar
continuamente o processo de contratação e implantação de obras, além de
assegurar a sua qualidade;
 QUALIHAB - Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de
São Paulo que é um sistema de Gestão da Qualidade que incentiva a elaboração,
análise e revisão de normas da ABNT referentes à construção civil,
desenvolvimento de programas de treinamento da mão de obra e da qualificação
de seus sistemas e produtos utilizados em todo o processo de construção através
de Organismos Certificadores, para garantir a melhoria na qualidade de
habitações construídas pelo Estado por meio da CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano);
25
 PARÁ OBRAS - Programa Qualidade e Produtividade em Obras Públicas do
Estado do Pará têm como objetivo a melhoria da qualidade dos processos
internos, bem como a motivação das equipes de trabalho. É realizado em
parceria com a iniciativa privada e visa a modernização tecnológica,
organizacional e gerencial da cadeia da construção civil por meio da
implementação de sistema da qualidade com base na norma ISO 9000.
 PMQP-H (Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat) que foi
desenvolvido, em 2003, pelo governo de Minas Gerais O objetivo do programa é
promover o desenvolvimento econômico e social através da melhoria da
qualidade das obras contratadas pelo Governo de Minas Gerais.
26
3.0 Panorama das técnicas construtivas correntes mais usadas
na construção civil
A construção civil, assim como a maioria das indústrias, evoluiu bastante ao longo do
tempo e hoje existem muitas técnicas construtivas que utilizam tecnologia de ponta
aliada a uma boa gestão de recursos. Porém, ainda nos dias de hoje é possível encontrar
muitas obras utilizando processos construtivos defasados, de produção altamente
artesanal e improvisados. (SANTIAGO, 2008)
Neste capítulo, iremos mostrar as técnicas construtivas mais comuns da construção civil
e os problemas inerentes a esses processos.
3.1 Fundações
3.1.1 Rasas
São fundações em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente pela pressão
distribuída sob a base da fundação e em que a profundidade de assentamento em relação
ao terreno adjacente é inferior a 2 vezes a menor dimensão da fundação; compreende as
sapatas, os blocos, as sapatas associadas, os radier e as vigas de fundação (COIMBRA
2009).
As fundações superficiais que também são chamadas de rasas ou diretas são as
fundações mais baratas e de simples execução que existem na construção civil. Isso se
deve pela facilidade da construção dos elementos de fundação que dispensam
equipamentos sofisticados, tanto na sua execução quanto na locação dos elementos no
canteiro, e pelo fato de elas serem bem na superfície do terreno o que se dá o nome a
elas.
Dos tipos de fundações superficiais entende-se que:
27
Os blocos - são elementos de fundação superficial de concreto, geralmente
dimensionado de modo que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas
pelo concreto, sem necessidade de armadura. Pode ter as faces verticais, inclinadas ou
escalonadas e apresentar planta de seção quadrada, retangular, triangular ou mesmo
poligonal. Usualmente são fabricados com concreto simples ou ciclópico e com grande
altura para lhes conferir sua rigidez.
As sapatas - são elementos de fundação de concreto armado, dimensionado de modo
que as tensões de tração nele produzidas não podem ser resistidas pelo concreto, de que
resulta o emprego de armadura. Pode ter espessura constante ou variável e sua base em
planta é normalmente quadrada, retangular ou trapezoidal.
Sapata corrida - é o elemento de fundação que absorve as cargas da estrutura
linearmente em toda a sua extensão, são usadas quando as cargas não são muito grandes
e o solo é regularmente resistente.
Radiers - são elementos de fundações que reúnem num só elemento de transmissão de
carga um conjunto de pilares, podem ser flexível, quando são formados apenas por uma
laje, ou semiflexível quando são formados por laje e viga.
Os radiers são produzidos geralmente em solos de baixa resistência onde se utiliza uma
grande área de apoio para contrabalancear a baixa resistência do terreno. São de custo
geralmente elevado se comparado com os outros tipos de fundações rasas, e dependendo
das características do solo a fundação pode não acompanhar por igual os recalques do
solo o que acabará em danos a estrutura.
Sapata associada - é uma sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, não
estejam situados em um mesmo alinhamento.
28
Viga de fundação - é uma fundação comum a vários pilares, cujos centros, em planta,
estejam situados no mesmo alinhamento ou para carga linear.
3.1.2 Profundas
Segundo Moraes (1976, p. 29) “fundação direta é caracterizada como profunda quando
está assentada a uma profundidade considerada apreciável em relação a sua maior
dimensão (além de 6,00 m).”
O principal método semi-empírico, utilizado para determinação de capacidade de carga
de estacas no Brasil, surgiu em 1975 e foi proposto por Aoki e Velloso. Desde então,
vários outros autores propuseram novos métodos (Decourt e Quaresma, 1978;
Cabral,1986; Antunes e Cabral, 1996).
Para se distribuir as cargas provenientes da estrutura às estacas, há a necessidade de se
criar um bloco de coroamento. Ao conjunto de estacas assim solidarizadas pelo bloco de
coroamento denominam-se estaqueamento, podendo o mesmo ser constituído por
estacas verticais, estacas inclinadas ou por ambas. (Alonso 1998, p. 30).
A capacidade de carga de fundações profundas pode ser determinada por métodos
estáticos, por provas de carga e por métodos dinâmicos. Em projetos corriqueiros, é
pratica comum a utilização de métodos estáticos e semi-empíricos (Cabral,1986; Aoki e
Velloso, 1975). A capacidade de carga é definida como a soma das cargas máximas que
podem ser suportadas pelo atrito lateral e resistência de ponta. A transferência das
cargas nas fundações profundas se dá por esses efeitos de atrito lateral e de ponta, e o
mecanismo de ruptura do solo não atinge a superfície do terreno. As estacas podem ser
classificadas de diversas maneiras. Velloso; Lopes: in Hachich et al (1998) apresentam
uma classificação dos tipos mais comuns (Figura 4) enfatizando o método executivo, no
que diz respeito ao seu efeito no solo.
29
Figura 4: classificação de fundações profundas
Fonte: Alonso, 1998.
3.2 Fôrmas para concreto armado
São as estruturas provisórias, geralmente de madeira, destinadas a dar forma e suporte
aos elementos de concreto até a sua solidificação. Além da madeira, que pode ser
reutilizada várias vezes, tem sido difundido, ultimamente, o uso de fôrmas metálicas e
mistas, combinando elementos de madeira com peças metálicas, plásticos, papelão e
pré-moldados (UEPG, 2014).
Atualmente, com o alto custo da madeira, a necessidade de maior qualidade (controle
tecnológico dos materiais), a redução das perdas (materiais e produtividade da mão de
obra), redução de prazos de entrega (competitividade), é imperioso que o engenheiro dê
a devida importância ao dimensionamento das fôrmas e escoramentos provisórios
considerando os planos de montagem e desmontagem e o reaproveitamento na mesma
obra.
Em geral as fôrmas são classificadas de acordo com o material e pela maneira como são
utilizadas, levando em conta o tipo de obra. Na tabela 3 são mostradas as possibilidades
do uso das fôrmas.
30
Tipos de fôrmas
Convencional
Material
Madeira
Indicação (tipo de obra)
Pequenas
particulares
específicos
e
obras
detalhes
Moduladas
Madeira e mistas
Trepantes
Madeira, metálicas e
mistas
Torres, barragens e silos
Deslizantes verticais
Madeira, metálicas e
mistas
Torres e pilares altos de
grande seção
Metálicas
Barreiras, defensas e guias
Deslizantes horizontais
Obras
repetitivas
edifícios altos
Tabela 3: tipo de fôrmas
Fonte: UEPG, 2014.
Muitas são as razões para as fôrmas de madeira ter seu uso mais difundido na
construção civil. Entre elas estão: a utilização de mão de obra de treinamento
relativamente fácil (carpinteiro); o uso de equipamentos e complementos pouco
complexos e relativamente baratos (serras manuais e mecânicas, furadeiras, martelos);
boa resistência a impactos e ao manuseio (transporte e armazenagem); ser de material
reciclável e possível de ser reutilizado e por apresentar características físicas e químicas
condizentes com o uso (mínima variação dimensional devido à temperatura, não tóxica).
As restrições ao uso de madeira como elemento de sustentação e de molde para concreto
armado se referem ao tipo de obra e condições de uso, como por exemplo: pouca
durabilidade; pouca resistência nas ligações e emendas; grandes deformações quando
submetida a variações bruscas de umidade; e ser inflamável.
As fôrmas metálicas possuem diversas espessuras dependendo das dimensões dos
elementos a concretar e dos esforços que deverão resistir. Os painéis metálicos são
indicados para a fabricação de elementos de concreto pré-moldados, com as fôrmas
permanecendo fixas durante as fases de armação, lançamento, adensamento e cura. Em
31
e
geral possuem vibradores acoplados nas próprias fôrmas. Nas obras os elementos
metálicos mais usados são as escoras e travamentos. Embora exijam maiores
investimentos, as vantagens do uso de fôrmas metálicas dizem respeito a sua
durabilidade.
Geralmente, as fôrmas são compostas de painéis de madeira com travamentos e
escoramentos metálicos. As partes metálicas têm durabilidade quase que infinita (se
bem cuidadas) e as peças de madeira tem sua durabilidade restrita a uma obra em
particular ou com algum aproveitamento para outras obras.
guia
longarina
garfo
Painel da
laje
gravata
cunha
tensor
Mão-francesa
prumo
escora
tirante
Sarrafo
nivelamento
cunha
gastalho
Fonte: Madeirit
Figura 5: esquema geral de fôrmas em edificações
Fonte: Madeirit, 2011.
Para a execução de fôrmas na obra alguns cuidados devem ser levados em conta
previamente a elaboração das fôrmas, como por exemplo: o recebimento e estocagem
das peças brutas de madeira e dos compensados; a existência do projeto estrutural
completo com a indicação das prumadas e embutidos das instalações prediais (água,
esgoto, elétrica, telefone) e do projeto de fôrmas; e, preferencialmente, a existência de
uma carpintaria (central de fôrmas) com todos os equipamentos e bancadas necessários.
Além disso, devem-se seguir as seguintes condições:
32
a) Obedecer criteriosamente à planta de fôrmas do projeto estrutural;
b) Ser dimensionadas para resistir aos esforços (peso próprio das formas,
armaduras, concreto, operários, equipamentos e vibrações devido ao
adensamento);
c) As fôrmas devem ser estanques, não permitindo a passagem de argamassa
pelas frestas das tábuas;
d) Devem ser executadas de modo a possibilitar o maior número possível de
reutilizações, proporcionando economia no material e mão de obra.
3.2.1 Fôrma de pilares
Os cuidados iniciais na execução de fôrmas para os pilares dizem respeito necessidade
de maior atenção na transferência dos eixos do piso anterior (no caso de edificação com
pavimento tipo) para a laje em execução e do nível de referência, de forma a garantir a
geometria da obra (prumos e níveis) exatamente como está prevista no projeto. Em geral
a sequência de procedimentos na execução de pilares é:
a) eixos e nível transferidos para a laje (conferidos e liberados com trena
metálica);
b) marcar e fixar os gastalhos nos tacos (colocados na concretagem) a partir dos
eixos sem se preocupar com o nível;
c) apicoar o concreto na base interna do gastalho a fim de remover a nata de
cimento;
d) fixar um pontalete guia, travando no gastalho e aprumando de acordo com os
eixos (2 escoras em mão-francesa);
e) colocar as formas (3 faces) do pilar, cuidando para que fiquem solidarizadas
no gastalho e aprumadas no pontalete guia;
f) verificar o nível do conjunto marcando no pontalete guia a altura do pilar;
33
g) a cada operação conferir prumo, nível e ortogonalidade do conjunto (usando
esquadro metálico);
h) passar desmoldante nas faces internas das fôrmas (caso já tenha sido usada);
i) conferir e liberar para colocação e montagem da armadura;
j) depois de colocada a armadura e todos os embutidos (prumadas, caixas)
posicionar as galgas e espaçadores a fim de garantir as dimensões internas e
o recobrimento da armadura;
k) prever janela de inspeção e limpeza em pilares com mais de 2,5 m de altura;
l) executar o travejamento da fôrma por meio de gravatas, tirantes, tensores,
encunhamentos, de acordo com as dimensões dos painéis e da carga de
lançamento a suportar;
m) conferir todo o conjunto e partes e liberar para concretagem, verificando
principalmente: prumo, nível, imobilidade, travejamento, estanqueidade,
armaduras, espaçadores, esquadro e limpeza do fundo.
34
Figura 6: detalhe de fôrma de pilar
Fonte: UEPG, 2014.
3.2.2 Fôrma de vigas
As fôrmas das vigas podem ser lançadas após a concretagem dos pilares ou no conjunto
de fôrmas pilares, vigas e lajes para serem concretadas ao mesmo tempo. O usual é
lançar as fôrmas de vigas a partir das cabeças dos pilares com apoios intermediários em
garfos ou escoras. Em geral os procedimentos para execução de fôrmas de vigas são os
seguintes:
a) depois de limpos os painéis das vigas, deve-se passar desmoldante com rolo
ou broxa (providenciar a limpeza logo após a desmoldagem dos elementos
de concreto, armazenando os painéis de forma adequada para impedir
empenamento);
35
b) lançar os painéis de fundo de vigas sobre a cabeça dos pilares ou sobre a
borda das fôrmas dos pilares, providenciando apoios intermediários com
garfos (espaçamento mínimo de 80 cm);
c) fixar os encontros dos painéis de fundo das vigas nos pilares cuidando pra
que não ocorram folgas (verificar prumo e nível);
d) nivelar os painéis de fundo com cunhas aplicadas nas bases dos garfos e
fixando o nível com sarrafos pregados nos garfos (repetir nos outros garfos
até que todo o conjunto fique nivelado);
e) lançar e fixar os painéis laterais;
n) conferir e liberar para colocação e montagem da armadura;
o) depois de colocada a armadura e todos os embutidos (prumadas, caixas)
posicionar as galgas e espaçadores a fim de garantir as dimensões internas e
o recobrimento da armadura;
p) dependendo do tipo de viga (intermediária ou periférica) executar o
travejamento da fôrma por meio de escoras inclinadas, chapuzes, tirantes,
tensores, encunhamentos, de acordo com as dimensões dos painéis e da carga
de lançamento a suportar;
f) conferir todo o conjunto e partes e liberar para concretagem, verificando
principalmente:
alinhamento
lateral,
prumo,
nível,
imobilidade,
travejamento, estanqueidade, armaduras, espaçadores, esquadro e limpeza do
fundo.
36
Painel
da laje
Nível da laje
...
...
...
Chapuz
1”x4”
Painel
lateral
1”x9”, 1”x12”
Painel
de fundo
1”x9”, 1”x12”
..
...
...
...
..
Gravata
1”x2”, 1”x3”
Tala
1”x3”
Escora
1”x3”
..
...
..
Travessa
1”x2”, 1”x3”
..
..
Escora
1”x3”
Pontalete
3”x3”
Fôrma p/ viga intermediária
Fôrma p/ viga periférica
Figura 7: detalhe de fôrma de vigas
Fonte: UEPG, 2014.
3.2.3 Fôrma de lajes
Os procedimentos para lançamento das fôrmas das lajes dependem do tipo de laje que
vai ser executada e geralmente fazem parte do conjunto de atividades da execução das
fôrmas de vigas e pilares. A exceção de lajes pré-moldadas que são lançadas posterior a
concretagem das vigas é usual, nos demais casos, (pré-fabricadas, moldadas in loco,
celulares) providenciar a execução dos moldes em conjunto com as vigas, para serem
solidarizadas na concretagem. Os procedimentos usuais para lajes maciças são os
seguintes:
a) lançar e fixar as longarinas apoiadas em sarrafos guias pregados nos garfos
das vigas;
b) providenciar o escoramento mínimo para as longarinas por meio de escoras
de madeira ou metálicas (1 a cada 2 metros);
37
c) lançar o assoalho (chapas compensadas ou tábuas de madeira) sobre as
longarinas;
d) conferir o nível dos painéis do assoalho fazendo os ajustes por meio cunhas
nas escoras ou ajustes nos telescópios;
e) fixar os elementos laterais a fim de reduzir e eliminar as folgas e pregar o
assoalho nas longarinas;
f) verificar a contra-flecha e se for o caso de laje-zero, nivelar usando um
aparelho de nível (laser) a fim de garantir a exatidão no nivelamento;
g) travar o conjunto todo;
h) limpar e passar desmoldante;
i) conferir nos projetos das instalações os pontos de passagens, prumadas,
caixas, embutidos;
j) liberar para execução da armadura;
k) conferir todo o conjunto e partes antes de liberar para concretagem,
verificando principalmente: nivelamento, contra-flecha, alinhamento lateral,
imobilidade, travejamento, estanqueidade, armaduras, espaçadores, esquadro
e limpeza do fundo.
38
Pa inel da la je
tá bua s de 1”x12”
Tra vessões
2”x3”, 3”x3”, 3’x4”
ta la s
Guia
3”x4”
Guia c/ tá bua
1”x6”, 1”x9”
< 1,00 m
0,80
Ponta letes
ou pés-direitos
Figura 8: detalhe de fôrma de lajes
Fonte: UEPG, 2014.
3.3 Alvenaria
A alvenaria é um sistema construtivo formado de um conjunto coeso e rígido de tijolos
ou blocos (elementos de alvenaria), unidos entre si, com ou sem argamassa de ligação,
em fiadas horizontais que se sobrepõem uma sobre as outras (UFSC, 2015).
A alvenaria tem como principal função adequar e estabelecer a separação entre
ambientes e suas propriedades são:
a) Resistência à umidade e aos movimentos térmicos;
b) Resistência à pressão do vento;
c) Isolamento térmico e acústico;
d) Resistência a infiltrações de água pluvial;
e) Controle da migração de vapor de água e regulagem da condensação;
f) Base ou substrato para revestimento em geral;
g) Segurança para usuários e ocupantes;
39
Nas alvenarias antigas, as unidades de alvenaria eram, vulgarmente, a pedra ou o tijolo
cerâmico, eventualmente reforçadas com estrutura interna de madeira. As alvenarias de
pedra tem uma diversificada constituição interna, dependente da época, dos costumes e
do local de construção. São caracterizadas por uma grande irregularidade geométrica e
falta de homogeneidade material, resultado da diversidade de características (físicas,
mecânicas e geométricas) dos materiais utilizados. A presença de cavidades ou vazios
interiores é uma característica destas alvenarias que aparecem, em maiores ou menores
percentagens.
Os tijolos cerâmicos, elaborados a partir de uma pasta de material argiloso, mais ou
menos homogenia, geralmente com formas paralelepípedo, eram cozidos, por exposição
ao sol – tijolos de adobe – ou em fornos de lenha, têm características mais regulares do
que as unidades de pedra natural. Como consequência, o uso de unidades de tijolo
cerâmico, traduz se, também, numa maior regularidade e homogeneidade das suas
alvenarias.
As estruturas de alvenaria resultaram, por processos empíricos de aprendizagem
(tentativa e erro), numa associação de elementos resistentes através dos quais a
transmissão das cargas se faz por “trajetórias” de tensões de compressão. Apesar da
aparente falta de ligação entre os elementos o fato é que, muitas destas estruturas, deram
provas da sua eficácia e mantiveram a sua forma durante séculos. Aliás, o sistema
construtivo das alvenarias, baseado na justaposição de unidades com uma fraca ligação
entre si, permite o seu fácil desmonte, o que se traduz numa maior facilidade de
manutenção (VALLE, 2008).
A sequência construtiva de alvenaria de vedação é bem simples. Deve-se realizar o
preparo da estrutura que ficará em contato com a alvenaria, através da aplicação do
chapisco nas faces de pilares e nos fundos de vigas e lajes.
40
Figura 9: chapisco no contato alvenaria e estrutura
Fonte: Bloco Santa Terezinha, 2009.
Na locação da 1ª fiada da alvenaria devem servir como referência os eixos
materializados e a posição dos elementos estruturais. Para tanto, é necessário avaliar os
vãos deixados pela estrutura executada. Definir a referência de nível através do nível de
mangueira ou do aparelho de nível.
Os primeiros blocos a serem assentados devem ser aqueles que definem totalmente a
posição da parede, quais sejam: ao lado dos pilares, no cruzamento de paredes e nas
laterais das portas. Deve-se locar o bloco na posição segundo o projeto, nivelá-lo em
relação à referência de nível, aprumá-lo e mantê-lo no alinhamento da futura parede.
Figura 10: posicionamento de bloco
Fonte: Bloco Santa Terezinha, 2009.
41
Para o assentamento da segunda fiada de alvenaria e das demais, recomenda-se a
utilização dos escantilhões. Ao atingir a sétima fiada, deve-se montar o andaime e
prosseguir com o assentamento.
Figura 11: vergas e contravergas
Fonte: Selecta blocos, 2009.
Executar a fixação da alvenaria à viga ou à laje de concreto conforme as especificações
estabelecidas no projeto para produção da alvenaria. Nas estruturas mais deformáveis,
deve-se deixar um espaço entre 2 e 3 cm para a fixação da alvenaria com uma
argamassa de elevada plasticidade.
As etapas do serviço de execução devem ser respeitadas e concluídas para que as novas
sejam iniciadas, evitando interferências e obstáculos na execução da alvenaria de
vedação. O ambiente de trabalho deve permanecer constantemente limpo e organizado,
propiciando um local de fácil acesso, livre circulação, seguro e produtivo.
3.4 Instalações prediais
A instalação predial são sistemas físicos, integrado a um edifício, e que têm por
finalidade dar suporte às atividades dos usuários, suprindo-os com os insumos prediais
42
necessários e propiciando os serviços requeridos (FERREIRA, 2010). A instalação
predial conta com os seguintes serviços:
a) Energia: sistema de energia elétrica e gás;
b) Água: sistemas de suprimento de água e coleta de esgoto;
c) Segurança: sistema de proteção contra incêndio e segurança patrimonial;
d) Conforto: sistema de condicionamento de ar e de iluminação;
e) Transporte: sistema de transporte mecanizado;
f) Comunicações: sistema de comunicação interna e telecomunicação;
g) Automação: automação de escritórios e predial;
3.4.1 Instalações hidráulicas e esgoto
Etapas executadas após a alvenaria, as instalações hidráulicas e as de esgoto sanitário
são entregues a um bombeiro (encanador) que as executará com base em projeto (UFJF,
2013).
Serviços de instalação hidráulica:
a) Ligação provisória de água e esgoto para a obra - requerimento à empresa
pública de fornecimento de água tratada e coleta de esgoto (ou abertura de poço,
se houver essa possibilidade, e execução de fossa);
b) Execução de reservatórios inferior e superior de água para abastecimento da
edificação, feitos de concreto armado de acordo com projeto estrutural ou
simplesmente instalação de caixas d'água de fibrocimento;
c) Execução das tubulações e conexões embutidas nas paredes e no solo ou
aparentes;
d) Instalação de metais e peças sanitárias.
43
Figura 12: tubulação de passagem de água fria e quente
Fonte: UFJF, 2013.
3.4.2 Instalações elétricas
Etapa de instalação de eletrodutos, condutores, chaves, caixas, luminárias e demais
meios necessários ao suprimento de energia elétrica no interior das edificações, todos
dimensionados e especificados em projeto por engenheiro eletricista. É uma etapa da
edificação que se inicia com a ligação provisória de energia para o canteiro de obras,
passa pela instalação de tubos e caixas embutidas durante as concretagens, continua
após a alvenaria com trechos embutidos nas paredes e termina com a passagem dos fios
pelos eletrodutos e suas ligações em tomadas e interruptores (Kopschitz, 2013).
44
Figura 13: sequência de instalações elétricas em uma obra
Fonte: UFJF, 2013.
3.5 Esquadrias
As esquadrias são elementos de vedação vertical utilizado no fechamento de aberturas,
com função de controle de passagem de agentes (PUC, 2013).
As esquadrias tem como principais requisitos de desempenho:
a) Facilidade no uso;
b) Segurança no funcionamento;
c) Segurança na limpeza;
d) Manutenção periódica;
e) Manutenção de conserto;
f) Controle de iluminação e ventilação;
45
g) Estanqueidade ao ar e água;
h) Isolamento acústico;
i) Estabilidade estrutural;
j) Segurança contra intrusão;
k) Estética.
As esquadrias devem atender as especificações e detalhes estabelecidos em normas
técnicas, as exigências do usuário, adequadas a composição arquitetônica quanto a sua
utilização, dimensão, forma, textura, cor e desempenho (PORTAL EDUCAÇÃO,
2013).
São vários os tipos de materiais utilizados para a composição de esquadrias, tais como:
madeira, aço, alumínio e PVC.
Esquadrias de madeira: de aspecto nobre e aconchegante, exigem manutenção
permanente com pintura ou verniz.
Figura 14: esquadria de madeira
Fonte: PUC, 2013.
Esquadrias de alumínio: fabricadas por serralheiro, são de alta durabilidade e não
exigem manutenção. São, porém, de preço elevado.
46
Figura 15: esquadria de alumínio
Fonte: PUC, 2013.
Esquadrias de aço: feitas também por serralheiro, são de aspecto popular e exigem
manutenção com pintura para evitar corrosão.
Figura 16: esquadria de aço
Fonte: Sasazaki, 2015.
Esquadrias de PVC: são as mais novas no mercado e oferecem perfis prontos para uso
de diferentes cores e boa durabilidade.
Figura 17: esquadria em PVC
Fonte: Tigre, 2015.
47
3.6 Revestimento de paredes
Etapa da obra cuja principal finalidade é regularizar as superfícies de paredes - e
também de tetos, muros e fachadas - resguardando-as das intempéries e do desgaste de
maneira geral. Como qualidades essenciais de um revestimento podem ser citadas a
resistência ao choque e a esforços de abrasão, a durabilidade e a impermeabilidade,
quando necessária (UFJF, 2013).
A argamassa é um tipo de revestimento executado em mais de uma camada (chapisco,
emboço e reboco). Em casos especiais, onde temos paredes fora de prumo ou alvenaria
de pedras irregulares, executamos enchimentos a fim de sanar os problemas. Se for
necessário espessuras maiores que 3 cm, no enchimento, devemos utilizar cascalhos de
tijolo ou pedras. A camada de acabamento deve ser bem áspera, e se for necessário mais
que uma camada, devemos esperar que a anterior esteja totalmente endurecida.
O chapisco (1ª camada) é uma camada finíssima de argamassa forte de cimento e areia
grossa lavada 1:4 (volume), para aumentar a aderência da camada posterior (emboço) na
parede. Aplicada com colher de pedreiro (através de uma peneira ou não), lançando a
argamassa de forma a ficar bem espalhada (UFJF, 2013).
O emboço (2ª camada) tem espessura de 1 a 2,5 cm e acabamento áspero. Ele é aplicado
somente após o endurecimento total do chapisco e com as tubulações de instalações, já
embutidas nas paredes. A aplicação é feita com o espalhamento da argamassa com
colher e regularização com régua e desempenadeira, seguindo faixas-guias de
argamassa que definem um plano (Kopschitz, 2013).
O reboco (3ª camada) possui menor espessura (0,5 cm) e é aplicada após o
endurecimento do emboço, possui acabamento mais liso, proporcionado pelos grãos
finos de areia utilizada na argamassa. Esta etapa é executada após a instalação de
peitoris e guarnições de portas e janelas, mas antes da instalação de rodapés e alisares.
48
O reboco é aplicado espalhando-se argamassa fresca com o auxílio de taliscas e, no
momento adequado, faz-se o acerto da superfície com uma régua de alumínio. Em
seguida, caso desejado, o acabamento é feito com uma desempenadeira, para obtenção
de superfície mais bem acabada, para um acabamento mais liso usa-se uma camurça.
Figura 18: camadas de revestimento de argamassa
Fonte: UFJF, 2013.
3.7 Revestimento de piso
A indústria da construção civil utiliza, nas edificações, os mais variados tipos de
revestimentos para pisos cumprindo varias funções como proteção, impermeabilização,
higiene, acabamento estético, entre outros. A especificação adequada desses materiais é
fundamental para se ter o resultado esperado (SILVA, 2015).
Para a escolha adequada do tipo de revestimento de piso das edificações deve ser
considerada a finalidade do cômodo ou da área onde vai ser aplicado. As características
essenciais são:
a) Ser resistente ao desgaste;
b) Provocar o mínimo de ruído com o movimento das pessoas;
49
c) Apresentar um mínimo de aderência que proporcione segurança no movimento
das pessoas, evitando acidentes;
d) Exigir pequena ou nenhuma despesa de manutenção;
e) Ser de fácil limpeza, para ser mantido em boas condições de higiene;
f) Proporcionar aspecto agradável.
O revestimento de piso é constituído por várias camadas. O lastro é uma camada de
concreto executada diretamente sobre o solo com as finalidades de formar uma base
resistente e apropriada à execução de outras camadas de acabamento.
É constituído, na maioria dos casos, de concreto simples sem armação. A espessura e o
tipo (composição do concreto) de lastro dependem, no entanto, da sobrecarga prevista
para o piso e da qualidade do solo sobre o qual se executa o serviço. Em indústrias,
oficinas, armazéns e lugares que serão submetidos a cargas pesadas, inclusive por
aglomeração de pessoas, o lastro pode ser de concreto armado (KOPSCHITZ, 2013).
O contrapiso é uma camada de argamassa de cimento e areia de aproximadamente 2 a 3
cm, lançada sobre os lastros e/ou lajes. Pode ser a camada anterior ao revestimento
definitivo do piso (cerâmica, por exemplo) e é chamada, neste caso, de contrapiso, ou
pode ser o revestimento final – cimentado (KOPSCHITZ, 2013).
O assentamento de piso cerâmico é um serviço executado depois do revestimento de
tetos e paredes, é feito com peças dos mais variados tamanhos e cores oferecidas pelo
mercado de materiais de construção. Existem basicamente duas técnicas de
assentamento de peças cerâmicas para execução de revestimento de pisos: com
argamassa fresca fabricada na obra, espalhada sobre lastro ou sobre laje; com argamassa
industrializada, espalhada em pequena espessura para assentamento da cerâmica sobre
contrapiso seco (UFJF, 2013).
50
Figura 19: revestimento de piso
Fonte: Eliane, 2010.
A execução de assentamento ou fixação são específicos para cada tipo de material. Um
dos grandes problemas deste tipo de revestimento é o correto armazenamento e
transporte do material, pois a cerâmica e o mármore, por exemplo, têm um alto custo e
não podem ser danificados ou furtados (como ocorre frequentemente) durante o
processo. Deve existir um controle rigoroso sobre esse tipo de material, que deve
permanecer em local seguro e somente transportado para o pavimento na hora da
aplicação. O projeto de paginação é sempre recomendado para a economia de material e
otimização da produtividade. As juntas entre as peças devem ser feitas com argamassa
específica, com espessuras de acordo com o tipo e dimensão do material empregado,
para absorver as tensões entre as peças e compor de forma homogênea toda a superfície
da parede (CALÇADA, 2014).
51
4.0 Técnicas que geram melhorias de produtividade e
qualidade
4.1 Contextualização
Nos últimos anos, o setor da construção civil vem passando por transformações e
crescimento. As empresas estão sendo induzidas ao desenvolvimento de inovações ou à
incorporação de inovações para manter a competitividade. Neste contexto, as empresas
precisam adotar modelos para a gestão estratégica da inovação, que pode ser entendida
como um processo estruturado apoiado em seis dimensões: método, ambiente, pessoas,
estratégia, liderança e resultados (CBIC, 2014).
Com o fim do ciclo inflacionário brasileiro em 1994, algumas construtoras perceberam
que teriam duas formas de substituir os ganhos então obtidos na “ciranda financeira”:
avançar rumo à informalidade ou investir em uma nova forma de construir: racional,
eficiente e de custo mais baixo. As empresas que apostaram no desenvolvimento
tecnológico e gerencial já têm muita história para contar. Ainda que não tenha
proporcionado todos os efeitos desejados, não seria justo menosprezar, por exemplo, o
esforço de milhares de construtoras brasileiras para obter a certificação ISO 9000. A
introdução de novas tecnologias e sistemas construtivos nos canteiros de obras a partir
de 1995 também constitui fato inegável (FARIA, 2006).
O emprego de produtos, métodos e sistemas construtivos inovadores acabam esbarrando
na falta de interesse dos próprios empresários da construção civil no Brasil em investir
em infraestrutura e treinamento da mão de obra e conhecer a fundo as potencialidades
apresentadas por essas novidades (CALÇADA, 2014).
Ainda segundo CALÇADA (2014), as inovações acabam sendo inseridas a partir de
tecnologias anteriormente já utilizadas e testadas por projetistas e construtores. Não há
52
uma mudança drástica nos processos, caracterizando-se por conseguinte em inovações
incrementais.
Com o crescimento da construção, várias empresas do setor têm buscado inovar em seus
canteiros de obras, com o objetivo de alcançar maior produtividade. Nova técnicas
construtivas, novos materiais, equipamentos, gestão dos processos e industrialização,
são alguns dos recursos utilizados pelo segmento para alcançar a excelência.
Essas alterações impactam diretamente na mão de obra, que, necessariamente, passa a
ter que ser mais qualificada. Deve-se considerar que esses processos tornam o setor bem
mais eficiente. A autonomia proporcionada pela utilização dessas novas técnicas gera
maior controle e maior qualidade aos seus produtos, dinamizando o tempo e os recurso
aplicados. Aos poucos, o setor está modificando o paradigma da construção artesanal e
grande absorção de mão de obra não qualificada.
Acelerar o processo de inovação tecnológica, expandindo seu conhecimento e utilização
para todas as empresas, é um dos desafios prementes do segmento. Nesse contexto,
ressalta-se o Programa de Inovação Técnológica (PIT), uma iniciativa da CBIC que tem
o objetivo de estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento de inovações
tecnológicas na construção civil nacional.
O PIT prevê a implementação de nove projetos que vão garantir o desenvolvimento de
tecnologias que permitam a evolução do setor e visa a inserção do tema no
planejamento de negócios das empresas. A ideia é mostrar que o investimento na área
podem se tornar um diferencial competitivo, aumentando a produtividade e a
sustentabilidade dos negócios.
53
4.2 Contrapiso autonivelante
O contrapiso auto-nivelante, também conhecido como autoadensável, ou até mesmo
autoescoante, é um material relativamente novo no Brasil, e que começou a ser estudado
por empresas de construção civil e pesquisadores no início de 2008. A principal
característica do contrapiso autonivelante é possuir uma elevada fluidez, em
comparação as argamassas convencionais (CBIC, 2014).
Os dados são fornecidos pela CBIC e baseados em uma obra em Salvador, o Biarritz
Maison Patamares, que é composto por duas torres de 15 pavimentos cada, sendo duas
unidades por andar.
Todos os apartamentos possuem 149,70 m² de área privativa, quatro suítes, com um
total de 164,66 m² por pavimento e têm como um dos destaques o uso de poucas vigas
na parte central das unidades, fator que possibilita quatro opções de personalização do
apartamento. Visando acelerar o cronograma da obra e aperfeiçoar o processo de
execução do contrapiso, a Concreta optou por contratar empresa executora de contrapiso
autonivelante (CBIC, 2014).
Figura 20: contrapiso autonivelante
Fonte: Concreta, 2014.
54
4.2.1 Processo construtivo
Ao chegar à obra, à argamassa é transportada em caminhão betoneira, e é adicionado 3
litros de aditivo a cada m³ de material e permanece em processo de mistura por 10
minutos (CONCRETA, 2014).
Tabela 4: composição do traço
Fonte: Concreta, 2014.
As etapas do processo construtivo são:
a) Limpeza: o local deve estar limpo, isento de sobras de argamassas, concretos,
pontas de prego ou aço e qualquer outro tipo de material que possa interferir na
qualidade do serviço, para este serviço foram utilizados 3 serventes.
b) Transferência de nível: um segundo passo consiste em transferir os níveis do
contrapiso para cada cômodo, a partir do ponto de origem (nível de referência),
utilizando nível alemão, aparelho de nível a laser ou mangueira de nível,
orientando-se pelo projeto de contrapiso, quando houver. Caso utilize o nível a
laser, basta tirar um ponto de origem e mapear o restante. A execução deste
serviço foi realizada por um pedreiro e um servente.
Figura 21: transferência de nível
Fonte: Concreta, 2014.
55
c) Assentamento das niveletas: devem ser instaladas niveletas (conhecidas como
aranha) feitas em aço, niveladas a laser em substituição às mestras tradicionais,
conforme. Os executores deste serviço são pedreiro e servente convencional.
Figura 22: niveleta instalada
Fonte: Concreta, 2014.
d) Lançamento da argamassa: Para o lançamento da argamassa sobre a base, é
necessário o bombeamento a partir do térreo direto da betoneira para a bomba.
Na área a ser executada tem que ser feito o serviço de adensamento com um
vibrador manual, apropriado após o término do espalhamento. O executor deste
serviço é o pedreiro.
Figura 23: lançamento de argamassa
Fonte: Concreta, 2014.
e) Cura da argamassa: para a cura da argamassa o local deverá ser mantido úmido
durante 72 horas após endurecimento. A execução deste serviço foi realizada por
um servente comum.
56
Figura 24: resultado final
Fonte: Concreta, 2014.
4.2.2 Resultados
Na obra em estudo, a atividade de contrapiso foi planejada para ser realizada da forma
convencional, o que seria realizado em torno de 24h (3 dias trabalhados) para cada
pavimento. Com a adoção da solução de contrapiso auto nivelante, foi possível acelerar
o cronograma. A tabela abaixo refere-se a uma área de 164,66 m².
Tabela 5: atividades, tempo e recurso de mão de obra para contrapiso autonívelante
Fonte: Concreta, 2014.
O tempo previsto para a execução do pavimento era de 24 horas trabalhadas e o tempo
realizado foi de 12.83 horas, tendo uma redução de tempo de 11,18 horas (CBIC, 2014).
Algumas vantagens foram observadas no contrapiso autonivelante em relação ao
sistema convencional:
57
a) O transporte vertical da obra não foi utilizado em função da tecnologia
construtiva adotada, pois o processo é através de bombeamento. No caso do
contrapiso convencional a obra teria que dispor de transporte vertical e
horizontal até o local;
b) Foi possível minimizar estoque de agregados no canteiro tornando o mesmo
mais funcional;
c) Identificou-se ganhos de produtividade de mão de obra, pois se mantém a
produção com uma equipe reduzida;
d) Percebeu-se ganho no planejamento físico da obra, reduzindo a parcela de tempo
para a etapa deste serviço e podendo acelerar as atividades sucessoras;
e) É uma solução econômica e fácil de usar;
f) Possui baixa retração;
g) É durável;
h) É compatível com a maioria das argamassas colantes do mercado.
4.3 Alvenaria moldada
A técnica consiste basicamente na inclusão de tijolos, ao invés de concreto puro, nas
fôrmas para paredes de concreto moldadas in loco. Para que os tijolos permaneçam
organizados dentro da fôrma, mesmo antes da inserção do concreto/ argamassa, são
usadas as juntas pré moldadas de entijolamento, que são como a argamassa das juntas
de assentamento (entre os tijolos) atuais, ou seja, a argamassa aplicada com a colher de
pedreiro para assentamento dos tijolos, porém estas são pré-fabricadas (CBIC, 2014).
58
Figura 25: juntas pré-moldadas
Fonte: SHC, 2013.
Além de manter os tijolos devidamente organizados dentro da fôrma, as juntas pré
moldadas de entilojamento têm ainda a função de fechar os furos destes tijolos (que
estarão na vertical) para que não entre concreto no interior dos mesmos. As mesmas
possuem ainda, espaçadores incorporados, que mantêm um distanciamento da fôrma,
deixando livre um espaço que no enchimento será ocupado pelo reboco. Além disso,
como as juntas também são feitas de concreto, dentro da parede não haverá nenhum
corpo estranho, apenas tijolos e cimento, como numa parede de alvenaria comum. As
juntas também podem ter outros formatos, como abas longitudinais de cercamento dos
tijolos, em vez de dentes, por exemplo. Ao ser inserido o concreto (ou argamassa) de
alta fluidez vai preenchendo todos os espaços vazios, envolvendo todos os tijolos e
moldando, ao mesmo tempo, o reboco. Ao serem retiradas as formas, tem-se paredes
alinhadas, lisas e com todas as características da parede artesanal, gastando-se pouco
concreto (CBIC, 2014).
De acordo com a SHC, os resultados quantitativos e qualitativos são:
a) Produto final similar à alvenaria tradicional;
b) Permite industrialização do processo, dispensando o enquadramento manual dos
tijolos (prumo);
59
c) Melhor qualidade termoacústica relação à parede de concreto, o tijolo é
excelente isolante acústico;
d) 80% de redução do uso de cimento em relação à parede de concreto;
e) 20% de redução do custo total da obra em relação à parede de concreto;
f) Dispensa mão de obra especializada;
g) Possibilidade de modificações futuras;
h) Rapidez na execução: casa popular, paredes prontas em apenas um dia no ponto
de pintura;
i) Amplamente aplicável: edificações residenciais, comerciais, industriais, muros,
etc;
j) O sistema permite a moldagem de uma casa popular inteira, in loco. O que evita
os custos com montagem e transporte.
4.4 Concreto PVC
O sistema construtivo em concreto PVC possui uma metodologia inovadora de
construção. O sistema é composto por perfis modulares de PVC que são combinados e
preenchidos com concreto, produzindo paredes e divisórias resistentes para construção
de edificações e tem como característica principal reduções significativas no
cronograma de execução da obra com custo competitivo. Depois de montados os painéis
de PVC, as paredes são travadas para assegurar o prumo e em seguida o concreto é
aplicado utilizando uma bomba de argamassa adequada para brita 0 com mangote de
1½”, despejando concreto dentro da parede, evitando desperdícios (CBIC, 2014).
60
Figura 26: casa em concreto PVC
Fonte: Global Housing, 2013.
Ainda segundo a CBIC (2014), as paredes são preenchidas com concreto com no
mínimo Fck 20Mpa e com slump de 23 cm com aditivo plastificante, garantindo a alta
fluidez do concreto, eliminando a possibilidade de espaços vazios sem a necessidade do
uso de vibrador. Para facilitar a passagem de fiação de tomadas e interruptores estão
previstos nos painéis um módulo canaleta, substituindo assim a necessidade de
conduítes e caixas para tomadas as paredes, que deverá ser instalado antes da
concretagem. A laje de concreto é o principal apoio para as paredes de PVC. Na laje
deverão ser empregados elementos estruturais em aço de construção, conforme cálculo
estrutural. As tubulações de água e esgoto devem ser instaladas antes da montagem da
malha de aço obedecendo as dimensões indicadas no projeto.
Tabela 6: comparativo concrto PVC x alvenaria
Fonte: Global Housing, 2013.
61
A maior vantagem do sistema construtivo concreto PVC é a significativa redução de
homem/hora por m² de obra pronta.
De acordo com a Global Housing, outras vantagens do Sistema Construtivo em
Concreto PVC são:
a) O sistema de Concreto de PVC apresenta índice global de 2,41Hh/m², enquanto
que o sistema convencional tem índice em torno de 12,31 Hh/m² construído;
b) Ganho de até 27% com economia de materiais de construção;
c) Redução em até 80% do desperdício com materiais;
d) Economia de 75% de consumo de água e energia durante a obra;
e) Ganho de até 7% na área útil devido a menor espessura das paredes;
f) 70% menor o valor de contribuição para efeito de cálculo do INSS da
construção, por se tratar de um sistema pré-fabricado;
g) Os perfis são cortados no tamanho exato para o projeto, evitando desperdício;
h) Facilidade de construção e possibilidade de ampliação após a entrega do projeto;
i) Bloqueio contra umidade;
j) Conforto térmico;
k) Baixa manutenção;
l) Facilidade com a limpeza das paredes;
m) Conforto acústico;
n) Permite aplicação de revestimentos; cerâmico, texturas, reboco, massa corrida ou
pintura;
o) Resistente a ação de fungos, e a maioria dos agentes químicos.
62
4.5 Instalação de Drywall
Drywall é um sistema construtivo para vedação de edificações que combina estruturas
de aço galvanizado entre duas chapas de gesso de alta resistência. O material é todo
industrializado, sendo transportado para a obra e montado conforme cronograma. As
instalações ficam escondidas entre as placas de gesso e não existe quebra de material e
consequentemente não há desperdício como na alvenaria convencional. O desempenho
termo acústico é garantida pela aplicação de lã de vidro. A superfície é lisa e já está
pronta para o acabamento, sem necessidade de revestimentos como reboco e emboço
(CALÇADA, 2014).
O Drywall necessita de mão de obra especializada e uma logística de transporte de
materiais adequada para garantir o aumento de produtividade e qualidade na execução
das vedações. Outra restrição em relação a alvenaria convencional é a sua resistência
mecânica reduzida e sensibilidade a umidade, além da barreira cultural que existe no
Brasil quanto a novas tecnologias construtivas (BRAGA et al.,2008).
4.6 Banheiros prontos
A constante busca por processos inovadores, que contribuem para a melhoria da
qualidade e eficiência no processo de construções de edifícios, trouxe soluções muito
importantes na industrialização da construção civil, tanto para esse setor quanto para a
sociedade (LOPES, 2005). Dentro desse conceito, uma solução que vêm sendo utilizada
na construção são os banheiros pré-fabricados, conhecidos como “banheiro pronto”.
O banheiro pronto é um sistema pré-fabricado de solução para Construção Civil, onde
os banheiros são fabricados em linha de produção industrial e chegam prontos à obra,
bastando posicioná-los na área planejada e conectá-lo às redes de água, esgoto e
energia. Desta forma, todas as etapas de controle de materiais, acabamentos, execução
de instalações e controle de qualidade são realizados na fábrica.
63
Os banheiros prontos podem ser executados em concreto armado ou em drywall, de
acordo com a necessidade de cada obra. No sistema em concreto armado, a peça é
confeccionada em concreto de alto desempenho, armado com telas nervuradas de aço
(CA 60 com malha de 10 cm x 10 cm) e reforçados por vergalhões (CA 60 com bitolas
de 10 mm). As paredes e o teto têm espessuras mínimas de 4 cm e os pisos, de 5 cm.
Esse modelo é particularmente indicado para banheiros de dimensões menores a serem
instalados em lajes que suportem a sua carga distribuída (TECHNE, 2014).
Já no sistema em drywall, o piso também é executado em concreto armado, mas as
paredes e o teto são estruturados com perfis especiais de aço galvanizado e recebem
placas de gesso acartonado hidrofugante, tipo drywall RU (resistentes à umidade). É
indicado para obras que exigem menor peso dos módulos, minimizando o impacto das
unidades instaladas sobre a estrutura do edifício (TECHNE, 2014).
Com as definições de metragem e dos materiais a serem utilizados, inicia- se a produção
dos banheiros. O primeiro passo é a concretagem dos pisos, que seguem para as
plataformas de montagem, onde serão executadas as paredes e o teto.
Com a estrutura dos módulos finalizada, é realizada a instalação dos eletrodutos nas
paredes, para as caixas elétricas internas e externas, além de eletrodutos para passagem
de fiação elétrica e colocação de reforços para bancadas. As entradas de água fria e
quente são executadas com sistema de tubulações flexíveis de polietileno reticulado
(PEX).
Já as instalações de esgoto são feitas com tubos de PVC até o ponto de saída para as
conexões, onde as tubulações são direcionadas ao shaft. Vale lembrar que o sistema
apresenta soluções para vasos sanitários com saídas vertical e horizontal, incluindo a
caixa de descarga embutida que substitui a caixa acoplada convencional.
64
Finalizando essa etapa, são executadas as instalações elétricas, similares às de um
banheiro convencional. O cabeamento é conduzido por meio do eletroduto do tipo
corrugado e flexível já instalado na parede, em circuitos independentes direcionados a
uma caixa de passagem de PVC.
Se necessário, também é possível embutir em sua estrutura as caixas elétricas de outros
ambientes com os quais faz divisa, como dormitório e corredor. O sistema de exaustão é
entregue conforme a solicitação do projeto.
Todos os módulos recebem impermeabilização na área do piso, rodapés e nas paredes
da área do boxe. Após a instalação de todos os acessórios, a fase de acabamento interno
é finalizada com a aplicação de silicone em todos os encontros de piso, paredes e teto e,
posteriormente, com a limpeza final da parte interna das unidades.
A alta produtividade conferida pelo sistema pode reduzir significativamente os prazos
de entrega da obra. Dependendo da necessidade e da velocidade de construção do
edifício, é possível instalar até 25 banheiros por dia. Porém, vale lembrar que a
produtividade pode ser comprometida caso a sequência de lajes, bem como o
fechamento das fachadas, não for mantida na mesma velocidade da entrega dos
banheiros (TECHNE, 2014).
4.7 Protótipos físicos
Utilizando a tecnologia mais rápida e moderna no mercado com diversas vantagens
sobre os métodos convencionais, a Impressora 3D permite aos arquitetos, engenheiros e
projetistas a confecção de protótipos a partir de seus arquivos 3D, garantindo maior
precisão e rapidez. A impressão do protótipo físico também é conhecida como
Prototipagem Rápida, e consiste em usar tecnologia para fabricar objetos diretamente
criados por programas de modelagem 3D. O processo de impressão é feito em
65
plataforma móvel a partir do lançamento de aglutinantes sobre camadas de um
composto em pó. Através de um cabeçote de impressão é depositado seletivamente o
aglutinante sobre as camadas finíssimas de pó nas áreas desejadas. A parte não
aglutinada do pó permanece na plataforma e fornece suporte ao protótipo durante o
processo de modelagem, permitindo seu reaproveitamento em novas impressões. Em
seguida a peça é removida para acabamento final (SENAI, 2012).
Ainda segundo o SENAI (2012), o serviço envolve uma metodologia composta por
quatro fases. Para iniciar é necessária a confecção da modelagem 3D (tridimensional) da
geometria, para tal se utiliza um software BIM- Building Information Modeling. A
segunda fase, ainda no ambiente 3D, consiste em converter o arquivo para o formato de
entrada do software que realiza a preparação para a impressão, geralmente arquivo tem
extensão STL (Stereolithography Tesselation Language). Na terceira fase, o modelo 3D
STL é verificado, posicionado, orientado e enviado para fabricação. Na quarta e última
fase, iniciada após a impressão do modelo, este passa por um processo de finalização,
no qual é dado o acabamento final utilizando resinas específicas que conferem à peça
características como resistência mecânica. Os modelos construídos a partir de arquivos
com extensão STL podem ser customizados para atender às especificações do cliente e
até mesmo pintados.
Figura 27: software BIM
Fonte: Autodesk.
66
O investimento neste serviço diferenciado leva em consideração, além do valor
agregado do recurso, o tamanho do protótipo, sua finalidade, bem como o nível de
detalhamento e acabamento solicitado pelo cliente, por isso os valores e o tempo para
execução do protótipo podem variar (CBIC, 2014).
Segundo a CBIC (2014), os resultados deste serviço são:
a) Redução do tempo/custo para comunicar novas ideias;
b) Visualização do modelo edificado em escala reduzida como grande colaboradora
da compreensão espacial pelo cliente;
c) Fácil duplicação das maquetes a custo reduzido;
d) Cópias podem ser feitas em várias escalas;
e) A construção da maquete deixa de ser ponto impactante no cronograma do
projeto;
f) Compatibilização dos processos de produção dos edifícios minimizando os
problemas de engenharia como encaixes, montagens e interferências.
Figura 28: modelos de impressão 3D
Fonte: SENAI, 2012.
67
5.0 Estudo de caso
O objetivo do presente capítulo é realizar um estudo de caso sobre a obra “Y” com foco
nos ganhos de produtividade e qualidade.
5.1 Apresentação da obra
Empreendimento localizado na cidade do Rio de Janeiro, na Avenida Abelardo Bueno,
100 – Barra da Tijuca. A obra “Y” que será composta por um embasamento, contendo
2° e 1° subsolos, Térreo, Mezanino, Garagem 1, PUC(Pavimento de uso comum) e uma
torre de 17 pavimentos, totalizando 78.449,68m² e possuindo Certificação Leed Silver.
Este edifício será ocupado pelo Centro de Mídia durante os Jogos Olímpicos e
posteriormente lançado como Empreendimento Corporativo de salas comerciais.
Figura 29: MPC
Fonte: Construtora “X”.
68
5.2 Metodologia adotada
5.2.1 Fundação
A fundação foi realizada pelo cliente e o método utilizado foi a estaca escavada em
conjunto com a estaca barrete. Neste período, já havia acompanhamento do corpo
técnico da construtora “X”.
Figura 30: fundação MPC
Fonte: Construtora “X”.
5.2.2 Superestrutura
A estrutura da obra “Y” é formada por pilares, vigas e lajes maciças em concreto
armado moldado in-loco do 1º Subsolo ao Mezanino, Casa de Máquinas e Cobertura.
Do 1º Pavimento ao 17º Pavimento consideramos a estrutura com Armação protendida,
com taxa de 12,00 Kg/m³.
69
Figura 31: estrutura MPC
Fonte: o autor, 2015.
Foram utilizados os seguintes traços de concreto:
fck 40Mpa nas estruturas até 3º Pavimento e fck 35Mpa nas estruturas a partir do 4º
Pavimento, o fator água/cimento será 0,45 para fck 40 Mpa e 0,50 para fck 35 Mpa.
Foram utilizados os seguintes aços:
CA50 - Em barras, maiores ou iguais a 6,3mm, e obrigatoriamente com alta aderência.
CP190RB - Fios e cordoalhas para protensão. O sistema utilizado é o de cordoalhas
aderentes na maioria dos casos.
Considerada Taxa de protensão no MPC de 12 kg/m³, nas lajes do 1º Pavimento a Laje
do Barrilete.
Conforme pode ser visto na
tabela nº 7, para finalização da estrutura até o 17º
pavimento temos como data marco abril/2015.
NOME DA TAREFA
Término da Estrutura -Térreo Setor A - Torre
Término da Mobilização de
Instalações
DATAS
ESCOPO (REFERENCIA EAP)
setembro-14
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
novembro-14
Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E
dados; Item 15 - Instalações Hidráulica,
Incêndio e Gás; Item 17 Instalações
Especiais; Item 18 - Ar Condicionado
Ventilação e Exaustão
70
Término Estrutura 4º Pav.
dezembro-14
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
Término Estrutura 7º Pav.
janeiro-15
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
fevereiro-15
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
Término Estrutura 13º Pav.
março-15
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
Término Estrutura 17º Pav.
abril-15
Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto
Término - Pele de Vidro -5º Pav.
maio-15
Subitem - 11.01 - Esquadrias de Alumínio;
Subitem - 13.01 Vidro Laminado
Término da Esquadria - 1º Pav.
junho-15
Item 12 - Esquadrias de Madeira / Marcenaria
Término da Alvenaria da Torre
julho-15
Item 5 da EAP - Vedações, Exceto item 5.03 Parede em Gesso Acartonado (Drywall)
Término da Estrutura do
Embasamento
Término das Instalações
Mecânicas
Término - Instalações de
Infraestrutura/Tubulação Elétrica / Automação / VAC /
Hidráulica
Término - Pele de Vidro - Ático
Término do Comissionamento
dos Sistemas
Entrega definitiva MPC
agosto-15
Item 16 - Instalações Mecânicas
setembro-15
Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E
dados; Item 15 - Instalações Hidráulica,
Incêndio e Gás; Item 17 Instalações
Especiais; Item 18 - Ar Condicionado
Ventilação e Exaustão
outubro-15
Subitem - 11.01 - Esquadrias de Alumínio;
Subitem - 13.01 Vidro Laminado
novembro-15
Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E
dados; Item 15 - Instalações Hidráulica,
Incêndio e Gás; Item 16 - Instalações
Mecânicas; Item 17 Instalações Especiais;
Item 18 - Ar Condicionado Ventilação e
Exaustão
dezembro-15
Tabela 7: prazos de entrega
Fonte: Construtora “X”.
Com o intuito de cumprimento do prazo, foi estabelecido um ciclo de 7 dias para
concretagem da laje da Torre Sul, que é a única frente de estruturas no momento. A laje
é concretada em 2 etapas. O setor 1 necessita de um volume de 354 m³ de concreto e o
setor 2 um volume de 263 m³ de concreto. A seguir tem-se o ciclo do setor 1 que vêm
sendo cumprido pelos empreiteiros.
71
ATIVIDADES
1º dia
D0
DIA
Carregamento e Separação de armadura dos pilares
Separação de Forma dos Pilares
Separação de deck light e cimbramento
Instalação de Linha de Vida
Marcação dos eixos
Montagem de andaimes para armação P8, P9, P13 E P15
Liberação da Segurança para trabalhos
Armação de Pilares (todos)
armação dos Pilares (P08 e P09)
Montagem de forma dos pilares (P01 AO P14)
Montagem de plataforma para pilares de periferia
Montagem do cimbramento e formas das vigas de borda
(V821,V803,V802,V801,V835 e V834)
transporte de deck light para LAJE de momento
Marcação de saida do deck light
7º dia
6º dia
5º dia
4º dia
3º dia
2º dia
Recebimento do aço de pilares/vigas/LAJEs (LAJE superior)
Recebimento de cordoalhas (LAJE superior)
Montagem de forma dos pilares (P8, P9)
Montagem de forma de pilares (P14 A P37)
Instalação de rede de proteção (SLQA)
armação dos Pilares (P13 e P15)
Montagem do cimbramento e forma das vigas de borda
(V818,V831, V816, V823, V805, V806, V822 e V833)
Montagem do Deck light (até P13)
Inicio da desforma/Preparação de área para protender (LAJE
INFERIOR)
Forma dos Pilares (P13 e P15)
Arremates do Deck Light nas vigas
(V821,V803,V802,V801,V835 e V834)
Montagem de deck ligth (P13 ao P37)
Instalação de rede de proteção (SLQA)
Montagem de guarda-corpo de periferia - Metroform (LAJE
INFERIOR)
Locação das caixas para shaft
Liberação da Segurança para trabalhos
montagem da plataforma de trabalho
(V821,V803,V802,V801,V835 e V834)
Resultado da resistência do concreto (LAJE INFERIOR)
Envio de resultado de resistencia do concreto (e-mail)
Arremates do Deck Light nas vigas (V818,V831, V816, V823,
V805, V806, V822 e V833)
montagem da plataforma de trabalho (V818,V831, V816,
V823, V805, V806, V822 e V833)
Colocação da armação das vigas
(V821,V803,V802,V801,V835 e V834)
Armação positiva das LAJEs (Área entre P1 e P15)
Liberação da Segurança para trabalhos
Forma das vigas (V826, V830, V825, V829, V807, V827,
V808, V812, V813, V815, V832)
Marcação de saída de cabos de protensão
protensão dos cabos - C71, C76 ao C82, C1 ao C7, C35 ao C40,
C8 ao C20 (LAJE INFERIOR)
Colocação da armação das vigas (V818,V831, V816, V823,
V805, V806, V822 e V833)
Colocação da armação das vigas (V826, V830, V825, V829,
V807, V827, V808, V812, V813, V815, V832)
Armação positiva das LAJEs (Área entre P15 e P33)
lançamento de cordoalhas (C71, C1 ao C21, C83 ao C93)
protensão dos cabos - C21 ao C34, C72 ao C75, C83 ao
C93(LAJE INFERIOR)
Confecção de relatório de protensão (LAJE INFERIOR)
Envio de relatório de protensão ao Projetista (LAJE INFERIOR)
lançamento de cordoalhas (C22 ao C40, C72 ao C82)
armação negativa e reforços
Aprovação do projetista - protensão (LAJE INFERIOR)
Concretagem da LAJE
Tabela 8: ciclo de concretagem
Fonte: o autor, 2015.
72
Este ciclo reduziu em 2 dias o tempo de finalização de um setor para concretagem.
Antes um setor estava sendo feito com 9 ou 10 dias de trabalho.
Outro fator que influenciou bastante na redução de dias do ciclo de concretagem, foi a
substituição de assoalhos por peças de fôrma industrializadas (deck ligth). O deck ligth
influenciou positivamente na produtividade e qualidade do produto final. O deck ligth
influenciou positivamente na produtividade e qualidade do produto final, reduzindo de
1,2 Hh/m² para 0,3 Hh/m² a execução de fôrmas.
Figura 32: laje em deck ligth
Fonte: o autor, 2015.
Atualmente a Torre Sul do MPC, está com os dois setores do 12º pavimento concretado.
Tendo previsão de término, até a laje do 17º pavimento, em 10/04/2015.
73
Figura 33: atual situação da obra
Fonte: o autor, 2015.
O setor de qualidade acompanha toda a execução da obra com fichas de verificação de
serviço, estas são utilizadas anteriormente, durante e posteriormente a qualquer
atividade. A FVS ajuda a garantir os padrões de qualidade, avaliando as condições de
início do serviço, os parâmetros de controle durante a execução e entrega. Abaixo segue
a ficha de verificação de serviço aplicada para cabos de protensão com aderência.
Figura 34: ficha de verificação de serviço
Fonte: Construtora “X”.
5.2.3 Vedações
Na obra em estudo, são utilizados basicamente dois tipos de vedações: alvenaria e
drywall.
74
A alvenaria é executada de maneira artesanal e, consequentemente, lenta. Por isso,
durante a confecção dos projetos o consórcio optou por ter a maior parte da vedação em
drywall (75%).
Os andares tipo possuem apenas 310 m² de alvenaria, e a maioria está localizado em
escadas com especificação de blocos corta-fogo. Temos aproximadamente 2100 m² de
drywall nos andares tipo. Essa diferença reflete no curto prazo para execução da obra, o
drywall é uma técnica muito mais rápida quando comparado à alvenaria. O drywall
também diminui a carga sobre a fundação, possibilita eventuais mudanças de layout
com maior facilidade, temos uma obra mais seca e com menos resíduos.
A alvenaria segue o processo construtivo padrão:
a) Marcação de alvenaria;
b) Execução de primeira fiada;
c) Subida de fiadas da extremidade;
d) Assentamento de blocos;
e) Montagem de andaimes;
f) Subida de fiadas da extremidade.
75
Figura 35: marcação de primeira fiada
Fonte: o autor, 2015.
A alvenaria está com cinco frentes de trabalho (PUC, 2º, 3º, 4º e 5º pavimento). As
equipes estão dividas em 4 pessoas (2 pedreiros e 2 serventes) para cada andar e o prazo
para término é de 7 dias trabalhados. Para atingir o prazo necessitamos de 0,4 Hh/m², e
hoje estamos tendo uma produtividade 0,6 Hh/m². Com o objetivo de atingir o prazo foi
disponibilizado mais 2 colaboradores (1 pedreiro e 1 ajudante) para cada andar.
Figura 36: parede em bloco de concreto
Fonte: o autor, 2015.
76
A gerência da obra optou por fazer um andar modelo, com o intuito de se antecipar
frente a possíveis problema. O 3º pavimento foi escolhido para ser o modelo.
Atualmente, este é o único local que está sendo instalado drywall, que tem início efetivo
previsto para a primeira quinzena de abril. A instalação de drywall também segue o
procedimento padrão, listado abaixo:
a) Marcação das paredes;
b) Instalações das guias de piso, parede e teto;
c) Instalação de montantes;
d) Confecção das aberturas;
e) Instalação das chapas de drywall em um dos lados da parede;
f) Passagem de instalações elétricas, hidráulicas e outras;
g) Colocação do isolamento acústico;
h) Instalação da outra placa de drywall;
i) Rejunte de chapas e cantos;
Figura 37: instalação de drywall
Fonte: o autor, 2015.
77
Figura 38:instalações hidráulicas em drywall
Fonte: o autor, 2015.
5.2.4 Fachada
A fachada é considerado um item crítico na obra. Devido a problemas de fabricação, o
prazo para o término da primeira etapa está cada vez mais apertado. Estão sendo
utilizados inserts reguláveis em dois sentidos com o objetivo de sanar problemas de
prumo de fachada, estes inserts tem variação de 5 cm. Durante a instalação de inserts, os
quadros estão sendo produzidos na fábrica e só será entregue na obra quando for
instalado. Para obter ganhos de produtividade foi instalado uma mini grua para
armazenar os quadros em diversos andares, esta mini grua trabalha simultaneamente
com a aranha.
78
Figura 39: aranha para subida de quadros
Fonte: UNIC, 2015.
Figura 40: equipamento para subida de quadros
Fonte: o autor, 2015.
A gerência montou um plano de ataque onde é imprescindível o controle de fabricação e
entregas dos materiais necessários para instalação dos quadros. Com isso, estão
previstos a instalação de 35 quadros por dia, com uma equipe de dez pessoas na obra.
Atingindo essa produtividade estaremos adequados ao prazo, já que o total são de
aproximadamente 5000 quadros.
A fachada vem sendo acompanhada também pela equipe de qualidade, que possui um
funcionário diariamente na fábrica, acompanhando todo o processo de fabricação. A
ficha de verificação de serviço também é aplicada neste serviço, o que diminui a
probabilidade de erros.
79
Figura 41: atual situação da fachada
Fonte: o autor, 2015.
5.3 BIM e Laser Scanner
Laser Scanners, integrados ao BIM, permitem verificar desvios de execução em relação
ao projeto através de escaneamento 3D das construções. Diferente das ferramentas
tradicionais como teodolito e estação total, que registram apenas pontos isolados,
o scanner 3D a laser é capaz de cobrir superfícies. Através de um processamento muito
mais rápido e preciso, milhões de pontos são coletados e unidos instantaneamente,
formando um modelo tridimensional as built que, através da tecnologia CAD, pode ser
comparado com o projeto desenvolvido em BIM para identificar eventuais diferenças de
posicionamento dos elementos executados (MÉTODO ENGENHARIA, 2015).
A obra do Parque Olímpico (MPC) está sendo a primeira obra da Método no Rio de
Janeiro a utilizar esta tecnologia. O sistema começou a ser implantado no início de
janeiro, e foi executado o mapeamento da área em 10/02/2015. Os resultados estão
previstos para o fim do mês de março.
80
Ainda segundo a MÉTODO ENGENHARIA (2015), tendo-se um projeto modelado em
BIM, diversas informações de uma obra podem ser obtidas com a utilização do scanner
3D. Ao longo da execução do edifício, com esse equipamento, pode-se ter
documentadas as informações sobre problemas construtivos, A ferramenta pode ser
utilizada para diversas aplicações, entre elas:
a) Desenvolvimento de projetos as built;
b) Mapeamento detalhado de estruturas de edifícios, identificando a necessidade de
reparos e desvios além da tolerância especificada;
c) Controle de qualidade: quantificação de não conformidades, facilitando a
visualização e garantindo a qualidade das informações;
d) Levantamento total, e não amostral;
e) Diagnóstico de um edifício para um projeto de Retrofit;
f)
Monitoramento de deformações;
g) Inspeção minuciosa de elementos estruturais de geometria complexa;
h) Acompanhamento do progresso da construção para fins de documentação;
i)
Simulação estrutural das capacidades de carga real de lajes, vigas e pilares;
j)
Controle de volume e dimensões de escavações.
Este sistema apresenta ainda diversas vantagens para construção civil:
a) Levantamento fiel e integrado à tecnologia BIM do ambiente as-built;
b) Identificação simples, rápida e precisa de desvio de projeto;
c) Incorporação desses desvios, aumentando a confiabilidade do modelo e da
documentação gerada;
81
d) Antecipação de riscos e rapidez na definição de planos de ação frente a não
conformidades;
e) Aumento da supervisão em campo;
f) Racionalização do processo, redução da possibilidade de conflito de informações
e consequentemente economia de escala de tempo e custo.
Figura 42: laser scanner
Fonte: Construtora “X”.
5.4 Considerações finais do Estudo de Caso
Devido a mudanças de métodos executivos a obra tem alcançado as metas de
produtividade e qualidade.
Os indicadores de qualidade tem o objetivo de identificar os principais problemas de
qualidade da obra, que possuem influência no produto final. Os problemas identificados
são apresentados em relatório, bem como propostas de ações para a sua resolução. São
considerados na análise os materiais empregados; a forma de inspeção (lotes
amostragem); as ações de correção e/ou melhoria; o correto preenchimento dos
formulários de controle (FT); se há registro das não conformidades verificadas em
campo nos formulários de controle e por fim a análise do produto em campo e se não
são existem danos nos serviços já executados.
82
Tabela 9: avaliação de estrutura moldada in loco
Fonte: Construtora “X”.
Gráfico 2: avaliação de qualidade de estrutura moldada in loco
Fonte: Construtora “X”.
Analisando a tabela 9 e o gráfico 2, percebemos que a avaliação de estruturas moldadas
in loco encontra-se acima da nota de corte. De agosto a dezembro a nota foi mantida
acima de 8,0, e por fim teve uma média de 8,9. As atualizações e controles de FVS
foram intensificadas com o objetivo de alcançar notas maiores, para isso foi criado o
programa Juntos pela Qualidade. Neste programa, os colaboradores identificam e
solucionam não conformidades, e ao fim de cada mês temos uma equipe vencedora que
é premiada pela construtora.
83
O indicador de produtividade atua como o parâmetro que medirá a diferença entre a
situação desejada e a situação atual, ou seja, ele indicará um problema. O indicador
permite quantificar um processo. Um exemplo de indicador de produtividade é a
redução 1,2 Hh/m² para aplicação de fôrma em chapa de madeira compensada para 0,3
Hh/m² para aplicação de fôrma industrializada. Na obra em estudo o indicador de
produtividade está dentro do desejado, como mostra o gráfico 3:
Gráfico 3: prazo, escopo e percentual comprometido
Fonte: Construtora “X”.
Apenas o indicador de prazo, que no mês de dezembro, não ficou entre o intervalo
desejado. As medidas aplicadas com o objetivo de atingir os prazos foram a troca da
fôrma em compensado por fôrma industrializada, a substituição de alvenaria por drywall
84
e a instalação de equipamentos para execução de pele de vidro. Assim, a obra está com
as principais atividades dentro do prazo estipulado pelo cliente.
85
6.0 Conclusões
Na última década, o setor da Construção Civil vem passando por uma grande
transformação, saindo de um longo marasmo, com poucos investimentos, para um
período com grandes obras em andamento e fortes investimentos imobiliários. Nos
últimos anos, esta mudança foi intensificada, graças à retomada de investimentos
públicos, criação de diversas leis que facilitam a retomada de imóveis em caso de
inadimplência, captação de recursos em bolsas e esforços do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade no Habitat, que disseminou os conceitos de gestão de
qualidade. Isto se refletiu na adoção de novos modelos de organização e inovações
tecnológicas em diversas empresas, criando um núcleo de empresas dinâmico e
moderno dentro do setor, comparável a empresas europeias e norte-americanas do
mesmo segmento. A presença de algumas empresas brasileiras no exterior é a prova
mais evidente da capacidade técnica e financeira destes grupos empresariais modernos.
Entretanto, a maioria das empresas enfrenta dificuldades para atender a estas novas
demandas e o quadro geral de desempenho, expresso pelas médias estatísticas é bastante
aquém do desejável para responder adequadamente aos anseios da sociedade brasileira.
Hoje, o setor passa por problemas de falta de mão de obra especializada que possa fazer
frente às necessidades de crescimento do setor. No entanto, ainda persistem problemas
de qualidade e produtividade que impedem o pleno desenvolvimento setorial. Os
aspectos de não conformidade, baixa qualidade e informalidade da mão de obra não
foram, ainda, devidamente enfrentados e resolvidos.
86
Como sugestão para trabalhos futuros, a construção civil insiste em novas tecnologias
aplicadas a antigas técnicas de construção, o que gera pequenos ganhos em
produtividade e qualidade. O investimento em técnicas inovadoras objetivam ganhos
maiores, reduzindo custos e prazos. Outro fator que deve ser estudado é a rejeição
cultural da sociedade a novas técnicas de construção, a população se encontra engessada
quando falamos em construção civil. A mão de obra também é um ponto importante de
estudo, o alto índice de não qualificação influencia diretamente no resultado final de
obras civis. A implantação de um projeto governamental para a qualificação de
operários da construção civil poderia trazer ganhos ao setor.
87
7.0 Referências bibliográficas
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90
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estudo dos processos produtivos na construção