Universidade Federal do Rio de Janeiro ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE João Victor Charles Leopoldo Dre: 107409230 Curso: Engenharia Civil E-mail: [email protected] Defesa: 12/03/2015 RIO DE JANEIRO 2015 i ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE João Victor Charles Leopoldo Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessária à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Março, 2015 ii ESTUDO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL OBJETIVANDO GANHOS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE João Victor Charles Leopoldo PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinada por: __________________________________________________ Prof. Jorge dos Santos, D Sc. __________________________________________________ Prof.ª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D Sc. __________________________________________________ Prof. Wilson Wanderley da Silva, D Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2015 iii AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida. Ao meu orientador, Professor Jorge dos Santos, pela dedicação, conselhos e auxílio, sem os quais não conseguiria realizar este trabalho de final de curso. A minha família, que sempre foram a base para tudo na minha vida, me apoiando e querendo sempre o meu melhor; Luis Fábio, Mariza, Rafael e Lucas, sem vocês, eu não estaria aonde estou. A minha noiva, Albana, que me apoiou durante toda a faculdade e teve papel importantíssimo nesse momento da minha vida. Aos meus amigos de infância e adolescência que fazem parte da minha história antes da UFRJ e as grandes amizades feitas durante esse tempo de graduação. A todos os meus professores do colégio IESA e EME, e aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Aos profissionais da Método Engenharia, que me ajudaram no estudo de caso, sendo sempre muito solícitos a ajudar. iv Leopoldo, João Victor Charles Estudo dos processos produtivos na construção civil objetivando ganhos de produtividade e qualidade/ João Victor Charles Leopoldo. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015. Orientador: Jorge dos Santos Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2015. Referências Bibliográficas: p86. 1. Introdução. 2. Panorama da produtividade e da qualidade na construção civil. 3. Panorama das técnicas construtivas correntes mais usadas na construção civil. 4. Levantamento de técnicas construtivas que geram melhorias de produtividade e qualidade. 5. Estudo de caso. 6. Conclusões I. Santos, Jorge dos II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título. v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil Estudo dos processos produtivos na construção civil objetivando ganhos de produtividade e qualidade João Victor Charles Leopoldo Março, 2015 Orientador: Jorge dos Santos Curso: Engenharia Civil Este trabalho tem como objetivo fundamentar o conceito de produtividade e qualidade na construção civil, desenvolvendo uma visão crítica do que esta sendo feito em obras pelo Brasil. Serão apresentados conceitos de produtividade e qualidade, fazendo toda uma fundamentação teórica que posteriormente será avaliada nas mais frequentes formas empregadas atualmente na construção civil. Além disso, o trabalho irá apresentar características de novas técnicas construtivas. Todo o processo necessário para a obtenção da produtividade e qualidade desejada. Também será apresentado um estudo de caso, que tem o objetivo de fundamentar as ideias apresentadas anteriormente através de visitas constantes e análise de documento. Palavras-chave: Produtividade, Qualidade. vi Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer Study of production processes in construction aiming productivity and quality gains João Victor Charles Leopoldo March, 2015 Advisor: Jorge dos Santos Course: Civil Engineering This paper aims to support the concept of productivity and quality in construction, developing a critical view of what is being done on civil construction in Brazil. Will be presented concepts of productivity and quality, making an entire theoretical foundation that will later be evaluated in the most common forms currently used in construction. In addition, the paper will exhibit characteristics of new construction techniques. The entire process necessary for obtaining the productivity and quality desired. Also featured will be a case study, which aims to support the ideas presented above through constant visits and document analysis. Keywords: Productivity, Quality. vii Sumário 1.0 Introdução ...................................................................................................................... 1 1.1 A importância do Tema ................................................................................................. 1 1.2 Objetivos ........................................................................................................................ 1 1.3 Justificativa da Escolha do Tema................................................................................... 2 1.4 Metodologia Adotada no Desenvolvimento do Trabalho .............................................. 2 1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 2 2.0 Panorama da produtividade e qualidade na construção civil ......................................... 4 2.1 Conceituação geral ......................................................................................................... 4 2.2 Conceituação na construção civil .................................................................................. 5 2.3 Cenário atual da construção civil ................................................................................... 8 2.4 Indicadores de produtividade ....................................................................................... 10 2.5 Indicadores de qualidade ............................................................................................. 13 2.5.1 Número de não conformidades em auditorias .......................................................... 14 2.5.2 Índice de não conformidades na entrega do imóvel ................................................. 15 2.6.1 ISO 9000 ................................................................................................................... 15 2.6.2 PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat .............. 21 2.6.3 Outros programas de qualidade e produtividade ...................................................... 24 3.0 Panorama das técnicas construtivas correntes mais usadas na construção civil .......... 27 3.1 Fundações .................................................................................................................... 27 3.1.1 Rasas ......................................................................................................................... 27 3.1.2 Profundas .................................................................................................................. 29 3.2 Fôrmas para concreto armado ...................................................................................... 30 3.2.1 Fôrma de pilares........................................................................................................ 33 3.2.2 Fôrma de vigas .......................................................................................................... 35 3.2.3 Fôrma de lajes ........................................................................................................... 37 3.3 Alvenaria...................................................................................................................... 39 3.4 Instalações prediais ...................................................................................................... 42 3.4.1 Instalações hidráulicas e esgoto ................................................................................ 43 3.4.2 Instalações elétricas .................................................................................................. 44 3.5 Esquadrias .................................................................................................................... 45 viii 3.6 Revestimento de paredes ............................................................................................. 48 3.7 Revestimento de piso ................................................................................................... 49 4.0 Técnicas que geram melhorias de produtividade e qualidade ..................................... 52 4.1 Contextualização .......................................................................................................... 52 4.2 Contrapiso autonivelante ............................................................................................. 54 4.2.1 Processo construtivo ................................................................................................. 55 4.2.2 Resultados ................................................................................................................. 57 4.3 Alvenaria moldada ....................................................................................................... 58 4.4 Concreto PVC .............................................................................................................. 60 4.5 Instalação de Drywall .................................................................................................. 63 4.6 Banheiros prontos ........................................................................................................ 63 4.7 Protótipos físicos.......................................................................................................... 65 5.0 Estudo de caso ............................................................................................................. 68 5.1 Apresentação da obra ................................................................................................... 68 5.2 Metodologia adotada.................................................................................................... 69 5.2.1 Fundação ................................................................................................................... 69 5.2.2 Superestrutura ........................................................................................................... 69 5.2.3 Vedações ................................................................................................................... 74 5.2.4 Fachada ..................................................................................................................... 78 5.3 BIM e Laser Scanner ................................................................................................... 80 5.4 Considerações finais do Estudo de Caso ..................................................................... 82 6.0 Conclusões ................................................................................................................... 86 7.0 Referências bibliográficas............................................................................................ 88 ix Lista de gráficos: Gráfico 1: evolução da carteira assinada .......................................................................... 6 Gráfico 2: avaliação de qualidade de estrutura moldada in loco .................................... 83 Gráfico 3: prazo, escopo e percentual comprometido .................................................... 84 x Lista de figuras: Figura 1: modelo de abordagem por processos da ISO .................................................. 20 Figura 2: estrutura geral do PBQP-H ............................................................................. 21 Figura 3: modelo de selo de certificação PBQP-H, nível A ........................................... 22 Figura 4: classificação de fundações profundas ............................................................. 30 Figura 5: esquema geral de fôrmas em edificações ........................................................ 32 Figura 6: detalhe de fôrma de pilar................................................................................. 35 Figura 7: detalhe de fôrma de vigas ............................................................................... 37 Figura 8: detalhe de fôrma de lajes................................................................................. 39 Figura 9: chapisco no contato alvenaria e estrutura ....................................................... 41 Figura 10: posicionamento de bloco............................................................................... 41 Figura 11: vergas e contravergas .................................................................................... 42 Figura 12: tubulação de passagem de água fria e quente ............................................... 44 Figura 13: sequência de instalações elétricas em uma obra ........................................... 45 Figura 14: esquadria de madeira ..................................................................................... 46 Figura 15: esquadria de alumínio ................................................................................... 47 Figura 16: esquadria de aço ............................................................................................ 47 Figura 17: esquadria em PVC ......................................................................................... 47 Figura 18: camadas de revestimento de argamassa ........................................................ 49 Figura 19: revestimento de piso...................................................................................... 51 Figura 20: contrapiso autonivelante ............................................................................... 54 Figura 21: transferência de nível .................................................................................... 55 Figura 22: niveleta instalada ........................................................................................... 56 Figura 23: lançamento de argamassa .............................................................................. 56 Figura 24: resultado final................................................................................................ 57 Figura 25: juntas pré-moldadas ...................................................................................... 59 Figura 26: casa em concreto PVC .................................................................................. 61 Figura 27: software BIM ................................................................................................ 66 Figura 28: modelos de impressão 3D ............................................................................. 67 Figura 29: MPC .............................................................................................................. 68 xi Figura 30: fundação MPC............................................................................................... 69 Figura 31: estrutura MPC ............................................................................................... 70 Figura 32: laje em deck ligth .......................................................................................... 73 Figura 33: atual situação da obra .................................................................................... 74 Figura 34: ficha de verificação de serviço ...................................................................... 74 Figura 35: marcação de primeira fiada ........................................................................... 76 Figura 36: parede em bloco de concreto......................................................................... 76 Figura 37: instalação de drywall..................................................................................... 77 Figura 38:instalações hidráulicas em drywall ................................................................ 78 Figura 39: aranha para subida de quadros ...................................................................... 79 Figura 40: equipamento para subida de quadros ............................................................ 79 Figura 41: atual situação da fachada............................................................................... 80 Figura 42: laser scanner .................................................................................................. 82 xii Lista de tabelas: Tabela 1: produtividade do trabalho, capital e PTF........................................................ 11 Tabela 2: sistema de indicadores de qualidade ............................................................... 14 Tabela 3: tipo de fôrmas ................................................................................................. 31 Tabela 4: composição do traço ....................................................................................... 55 Tabela 5: atividades, tempo e recurso de mão de obra para contrapiso autonívelante ... 57 Tabela 6: comparativo concrto PVC x alvenaria ............................................................ 61 Tabela 7: prazos de entrega ............................................................................................ 71 Tabela 8: ciclo de concretagem ...................................................................................... 72 Tabela 9: avaliação de estrutura moldada in loco........................................................... 83 xiii Lista de siglas IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ONU: Organização das Nações Unidas CBIC: Câmara Brasileira da Indústria da Construção PPP: Parceria Público Privada PAC: Programa de Aceleração do Crescimento PTF: Produtividade Total dos Fatores RUP: Razão Unitária de Produção SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas OCC: Organismo Certificador Credenciado ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas PBQP: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade PBQP-H: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat MDIC: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior PDCA: Plan, Do, Check and Action CDHU: Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano QUALIOP: Programa de Qualidade de Obras Públicas do Estado da Bahia QUALIPAV: Programa Municipal de Qualidade em Obras de Pavimentação, Obras de Arte Especiais e Obras de Drenagem Urbana do Município do Rio de Janeiro QUALIHAB: Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo PMQP-H: Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat UEPG: Universidade Estadual de Ponta Grossa UFJF: Universidade Federal de Juiz de Fora PUC: Pontifícia Universidade Católica PIT: Programa de Inovação Tecnológica SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial BIM: Building Information Modeling PUC: Pavimento de Uso Comum MPC: Main Press Center FVS: Ficha de Verificação de Serviço xiv 1.0 Introdução 1.1 A importância do Tema A construção civil tem viabilizado as pretensões de o país alcançar níveis mais elevados em várias áreas, uma vez que edifica obras que sustentam o progresso, cria emprego e renda para a população e aprimoram recursos tecnológicos inovadores. Além disso, o setor apresenta forte relacionamento com setores industriais na medida em que demanda vários insumos em seu processo produtivo, absorvendo direta ou indiretamente uma parcela significativa da mão de obra com menor qualificação. Esta característica da cadeia da construção civil trazem grande complexidade, uma vez que ela movimenta amplo conjunto de atividades, que têm impactos em outras cadeias produtivas (FILHA et al., 2010). O atual crescimento do setor da construção civil aqueceu a competitividade entre as empresas, forçando o desenvolvimento de novas formas de racionalização da organização construtiva, objetivando assim ganhos de qualidade, produtividade e desempenho. Os processos produtivos praticados no Brasil ainda possuem um produto final questionável, devido serem conduzidos por planos informais elaborados pelos executores da obra. Desta forma, as inovações que estão sendo criadas devem ser estudadas com a finalidade de objetivar ganhos na qualidade e produtividade do produto final tendo um custo viável. 1.2 Objetivos Esta monografia tem por objetivo o estudo dos processos produtivos constantemente adotados por empresas atuantes na construção civil, que objetivam ganhos na qualidade e produtividade. A idéia central é ilustrar o atual cenário da construção civil entendendo 1 os mecanismos por trás dos principais processos produtivos, tendo como referência as novas tecnologias, a atual tendência de industrialização, podendo assim aprimorar os processos e, consequentemente obter ganhos de qualidade e produtividade. 1.3 Justificativa da Escolha do Tema O presente trabalho se justifica na atualidade no tema, que vem se tornando palco de muitas pesquisas e discussões visto que os ganhos em qualidade e produtividade geram um futuro ganho em custos. O crescimento da competitividade na construção civil, forçou empresas a buscar por novas tecnologias para obter um produto final mais adequado ao atual mercado. Assim, o tema foi escolhido para tratar de um atual problema na construção civil, já que o setor engatinha na busca de sistemas e processos construtivos mais modernos. 1.4 Metodologia Adotada no Desenvolvimento do Trabalho O trabalho foi elaborado a partir de pesquisas em livros, revistas específicas do setor, apostilas, manuais técnicos, artigos publicados por professores e pesquisadores de diversas universidades e monografias que abordam o tema, com a utilização da internet. A monografia ainda conta com um estudo de caso, realizado em uma obra olímpica, onde será fundamentado e analisado todo o conceito discutido no trabalho. 1.5 Estrutura do Trabalho O trabalho foi dividido em 6 capítulos. No primeiro é apresentado o tema, descritos os objetivos do estudo e a justificativa da escolha do tema, assim como a metodologia de trabalho e sua estrutura. No segundo capítulo é feita uma abordagem sintética sobre a atual situação da qualidade e produtividade na construção civil, apresentando resultados de índices apurados, indicadores de qualidade e produtividade. 2 O terceiro capítulo descreve as técnicas construtivas convencionais utilizadas na execução de obras, apresentando a evolução dos processos produtivos convencionais, dificuldades construtivas geradas pelo uso desses processos e o uso de técnicas empíricas e artesanais. No quarto capítulo são apresentados técnicas executivas que quando aplicadas podem gerar melhorias de produtividade e qualidade. O quinto capítulo descreve a metodologia adotada para o desenvolvimento de uma obra. As técnicas construtivas utilizadas e os resultados obtidos em termos de produtividade e qualidade são explicitados. Finalizando com resultados comparativos e considerações finais do estudo de caso. Por fim, o sexto capítulo é destinado a conclusão do trabalho, assim como sugestões para trabalhos futuro. 3 2.0 Panorama da produtividade e qualidade na construção civil 2.1 Conceituação geral O conceito de produtividade é definido genericamente como uma relação entre os bens produzidos e os fatores utilizados na sua produção, tempo, trabalho, matérias-primas, e significando a quantidade de produto, enquanto resultado do processo de produção, que é gerada por uma unidade de fator produtivo, isto é, a relação entre o que se obtém por unidade econômica (fator, organização, região, país) e os recursos que essa produção consumiu (CAPUL; GARNIER,1996). A atual necessidade do aumento da produtividade, tornou-se fundamental para sobrevivência das empresas num cenário altamente competitivo. As empresas passaram a buscar novas tecnologias que visam aumento da produtividade sem afetar nos custos do produto final. O estabelecimento de medidas de produtividade vem sendo um excelente começo para determinar os níveis de eficiência de uma organização. Uma organização com acrescido resultados na produtividade é mais eficiente, com melhor utilização dos seus recursos e que atinge melhores resultados, tendo assim maior chance de prosperar (SALLES, 2011). A qualidade é o atendimento as exigências dos usuários e hoje é uma das principais estratégias competitivas nas diversas empresas e diversos setores. A qualidade está diretamente ligada a produtividade, a melhoria de resultados, ao aumento de lucros, através de redução de perdas e do desperdício (ESTRELA, 2008). Segundo John Oakland (1994), existem possíveis definições para qualidade: 4 a) Adequação à finalidade ou uso; b) A totalidade dos aspectos e características de um produto ou serviço, importantes para que ele possa satisfazer as necessidades exigidas ou implícitas; c) A qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuários, presentes ou futuras; d) O total das características de um produto e de um serviço referentes a marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso, atenderá as expectativas do cliente; e) Conformidade com as exigências; A percepção dos indivíduos é diferente para o mesmo tipo de produto ou serviço, confirmando o conceito da qualidade como uma avaliação individual de cada indivíduo. 2.2 Conceituação na construção civil A produtividade é o elemento básico do crescimento ao longo do tempo. O debate em torno da produtividade na construção civil brasileira se intensificou nos anos recentes, em que o setor ingressou em um ciclo virtuoso de atividade. Com obtenção de taxas expressivas de crescimento, as empresas passaram a encontrar maiores dificuldades na contratação de mão de obra qualificada ou, em menor grau, na aquisição de determinados bens de aquisição. Tornou-se consenso que para sustentar o ciclo atual o setor precisa elevar sua produtividade, ou seja, utilizar de maneira mais eficiente os recursos disponíveis (SIMÃO, 2014). Um conceito mais amplo para produtividade é a obtenção de uma produção maior com a mesma quantidade de recursos empregados ou, de outra maneira, quando se emprega menos recursos para obter uma mesma produção. O crescimento da construção civil nos últimos anos, fez com que as empresas buscassem produzir mais em um menor tempo e com uma qualidade desejada. Para isso, 5 novas tecnologias foram empregadas com finalidade de obter um aperfeiçoamento do sistema produtivo. Gráfico 1: evolução da carteira assinada na construção civil Fonte: sistemas de contas nacionais (IBGE). O sistema produtivo da construção civil tem como base três elementos, que são eles: a) Mão de obra; b) Equipamentos; c) Materiais; Em qualquer processo produtivo esses elementos interagem entre si, dando resultado a um produto final desejado. Os materiais e os equipamentos tiveram uma elevação nos custos de aquisição, fazendo com que as construtoras busquem um processo construtivo mais racionalizado e que gerem menos desperdício de materiais. A mão de obra possui um cenário mais alarmante. As condições de trabalho da construção civil atraem cada vez menos trabalhadores para o setor (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). Para medir a produtividade, devemos ter um planejamento da construção bem definido. Devemos tomar cuidado com o nível de detalhamento do processo e não deixar importantes tomadas de decisão a cargo da equipe de obra. Assim, é necessário que se tenha um processo de execução, desenvolvido dentro de uma metodologia de trabalho, 6 para que se possa monitorar a produtividade da mão de obra e acumular os seguintes dados: a) Número de funcionários envolvidos no serviço; b) Tempo de execução do serviço; c) Tempo de transporte do material; d) Fatores externos; e) Definição do material usado; f) Definição e uso de equipamentos empregados; Esses dados são calculados em função da mão de obra, que é o fator mais importante dentro do sistema produtivo. Na atual conjuntura, devido à globalização e ao crescimento econômico pelo qual passa o país, as organizações veem-se numa situação em que não basta, apenas, fornecer seus produtos e serviços à população. É necessário, num ambiente de competição tão acirrada, provar que seu produto ou serviço fará a diferença se comparado ao de seu concorrente. É preciso informar e garantir que a qualidade de seu produto é superior aos demais, agregará maior valor e satisfará às necessidades e expectativas de seu cliente. Uma das formas de provar a diferenciação diante do mercado e garantir um alto padrão de qualidade de seus produtos e serviços é possuindo um sistema de gestão focado no planejamento, atendimento aos requisitos especificados e, sobretudo, na melhoria contínua dos processos produtivos, tornando os negócios da empresa, além de rentáveis, sustentáveis (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). A implantação de um sistema de gestão de qualidade proporciona além da possibilidade de ampliar mercados, uma série de vantagens para as empresas: aumenta o nível de organização interna, o controle da administração e a produtividade. Além desses 7 benefícios, também leva a redução de custos e do número de erros e melhora a credibilidade junto a seus clientes. 2.3 Cenário atual da construção civil A construção civil é um dos setores mais relevantes da economia brasileira, com cerca de 172.703 empresas atuantes no mercado, a construção civil passa por uma fase de grande crescimento (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). Fruto desse desenvolvimento, a maior demanda por atividades do setor tem trazido alguns desafios para o ramo, que tenta se adaptar, já no caminho, às exigências do mercado atual. Uma das principais questões, nesse sentido, é a escassez de mão de obra qualificada. Além de não haver profissionais suficientes no mercado para suprir as necessidades do setor, ainda se revela a questão da baixa quantidade de mulheres entre a mão de obra normalmente empregada na construção civil. Outro desafio do ramo no país é a inadequação às exigências de sustentabilidade, crescentes não só no Brasil como no mundo. A construção civil é uma das grandes responsáveis por emissão de carbono e gases estufa na atmosfera, fato já enfatizado até mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Dessa forma, adequar-se ao contexto de desenvolvimento sustentável é imprescindível para o sucesso futuro do setor (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) está envolvida em projetos de incentivo tanto da formação de profissionais quanto do investimento na prática da construção sustentável. 8 A parcela emergente da classe C fez com que um aquecimento constante tomasse as rédeas do mercado imobiliário nacional, fazendo com que o setor de Construção Civil fique cada vez mais requisitado. Em 2011, o nível de emprego no setor teve uma alta de 7,4%, o equivalente a mais de 200 mil contratações em todo o Brasil (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). A política desenvolvida pelo governo federal, através de projetos como o Minha Casa Minha Vida, foi uma das responsáveis por tal aquecimento, e a presença de grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos fazem surgir uma grande oportunidade para que o poder público e a iniciativa privada invistam (e lucrem) ainda mais com a Construção Civil no Brasil. A construção civil passou por grande crescimento até 2013, com o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, aumento do mercado imobiliário e investimentos do governo por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e incentivo às obras para a copa do mundo, além de parcerias entre o setor público e privado (PPP) para implementação de novos projetos e empreendimentos. O CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) revela que em 2011 o setor da construção civil registrou crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. No estado de Pernambuco, no mesmo ano, a indústria cresceu 5,0% no quarto trimestre tendo como principal impulsionador a Construção Civil, com aumento de 10,5% em relação ao ano anterior (Agência Condepe/Fidem, 2013). O avanço repentino e acelerado tem preocupado especialistas no setor, uma vez que se observa no mercado dificuldade de mão de obra especializada, cronogramas cada vez mais apertados e deficiência de fornecimento de matéria prima. Nesse sentido, tem-se discutido a necessidade de modificações na indústria da construção civil, eliminando-se o estigma de permanência entre os setores mais 9 atrasados na economia, com atividades artesanais e sem controle tecnológico, para comparação com os demais segmentos industriais, dotados de gestão e controle de todo o processo produtivo, buscando a qualidade e produtividade como meio de competitividade e sobrevivência. Com essa visão, empresas construtoras já vêm adotando políticas de planejamento dos processos, direcionadas a elaboração de orçamento detalhado versus tempo, adoção de métodos construtivos inovadores com equipamentos sofisticados, e qualidade para atender requisitos de norma e satisfação do cliente de obras muito mais complexas. Entretanto, todas essas motivações incorporam incertezas associadas ou riscos do cumprimento dos requisitos, afetando os resultados esperados, os quais podem gerar perdas ou ganhos (econômicos, ambientais, de segurança, imagem de mercado, entre outros). Porém, no ano de 2014, a construção civil sofreu uma forte desaceleração. O término das obras da Copa do Mundo e a meta alcançada pelo programa Minha Casa Minha Vida 2 influenciou diretamente na queda do setor. 2.4 Indicadores de produtividade Construção brasileira retomou nos anos recentes o seu importante papel na receita do desenvolvimento. Após décadas de baixo investimento em infraestrutura e em habitação, o país reencontrou sua rota de progresso e, para isso, não poderia prescindir do nosso setor para a formação de capital e para a promoção de qualidade de vida da nossa população. Nesse novo cenário, evidenciam-se grandes desafios. O principal deles, na trajetória de crescimento continuado, é o da produtividade. Em poucas palavras, a busca por produtividade significa atingir o objetivo de produzir mais e melhor a partir de uma combinação factível de recursos. O desafio se resume então em promover condições de 10 viabilidade para investimentos em máquinas, processos produtivos e qualificação da mão de obra (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). Ainda segundo a CBIC (2014, a produtividade total dos fatores (PTF) é definida na relação entre produtividade do trabalho e produtividade do capital. A PTF é um indicador importante porque expressa e torna comparáveis diversas combinações de trabalho e capital, de forma a identificar a mais eficiente (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). Os dados são retirados de uma parceria entre a Fundação Getúlio Vargas e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Essa pesquisa foi realizada durante os anos de 2003 a 2009, considerando dois subperíodos de análise: 2003-2005, caracterizado por uma série de aprimoramentos institucionais decisivos para o setor; e 2006-2009, em que se deu a retomada das atividades da construção. A produtividade tem influencia dos seguintes fatores: a) Crescimento econômico; b) Formalização das empresas e da mão de obra do setor; c) Qualificação dos trabalhadores; d) Expansão dos investimentos; Tabela 1: produtividade do trabalho, capital e PTF Fonte: Paic, 2013 A decomposição da produtividade mostra que, de 2003 a 2009, a produtividade da mão de obra (valor adicionado/trabalhador) cresceu 5,8% ao ano, enquanto a produtividade 11 do capital (valor adicionado/unidade de capital) foi negativa, com queda de – 3,5% ao ano. O crescimento da produtividade da mão de obra indica que o crescimento da renda gerada pelas empresas foi superior ao aumento do emprego. Por outro lado, o crescimento expressivo do estoque de capital – de 9,6% ao ano – foi superior ao crescimento do valor adicionado, o que levou a uma queda na produtividade do capital. Os números do período revelam algumas tendências importantes como o crescimento expressivo do investimento e a substituição de mão de obra por capital. Nos seis anos de analise, o investimento por trabalhador aumentou 61% em termos reais. Assim, o investimento maior realizado pelas empresas – em maquinas e equipamentos e terrenos – contribuiu para aumentar a produtividade do trabalho e diminuir a do capital. Apenas nos últimos três anos da serie, entre 2006 a 2009, que a PTF passa a ser positiva, crescendo 3,1% ao ano ou 9,7% no período. Houve, nesses últimos anos, uma mudança importante na composição do resultado, com a redução da produtividade da mão-deobra. Isso se deveu ao processo de intensa contratação e de formalização do setor, com mais empregos com carteira assinada. A pressão no mercado de trabalho repercute nos custos setoriais (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). Nesse período, os salários registram crescimento real de 4,7% ao ano, superando o aumento da produtividade do trabalho, que registra crescimento de 4,4% ao ano, o que representa também uma mudança em relação ao período anterior, em que o aumento da produtividade da mão de obra e superior a elevação real dos salários. Nesse ultimo período, a produtividade do capital torna-se positiva e registra incremento de 1,6% ao ano (CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2014). A forma mais direta de se medir a produtividade diz respeito à quantificação da mão de obra necessária (expressa em homens-hora demandados) para se produzir uma unidade 12 da saída em estudo (por exemplo, 1 metro quadrado de revestimento de argamassa de fachada). O indicador utilizado, denominado razão unitária de produção (RUP) por este autor, é, pois, calculado através da seguinte expressão: RUP = Entradas/Saídas. Para que se consiga uma uniformização no cálculo da RUP há que se definir, portanto, as regras para mensuração tanto de entradas quanto de saídas. Mais que isto, há que definir o período de tempo a que se refere o levantamento feito. No que se refere às entradas, o cálculo do número de homens-hora demandados é, genericamente, fruto da multiplicação do número de homens envolvidos pelo período de tempo de dedicação ao serviço. As saídas podem ser consideradas de maneira bruta ou líquida. No que diz respeito ao período de estudo, pode-se estar lidando com a produtividade detectada para um determinado dia, assim como seu valor pode representar um estudo de longa duração. Faz-se, a seguir, uma exemplificação de diferentes posturas que podem ser adotadas quanto a estes 4 aspectos (equipe considerada; tempo de dedicação ao serviço; mensuração das saídas; e período de estudo da produtividade) e que podem levar ao cálculo de valores completamente diferentes de produtividade para uma mesma situação. 2.5 Indicadores de qualidade Nos últimos 30 anos, o mercado da construção civil se tornou mais dinâmico, mudando suas características de acordo com as novas tecnologias e tendências. Assim, surgiu a necessidade de um monitoramento constante de todas as etapas da obra, do projeto à execução, de modo a garantir a qualidade necessária e o custo estimado. Além da possibilidade de melhorar a produtividade da empresa, com o monitoramento constante é possível conhecer os pontos fracos e fortes, identificar e corrigir as falhas de planejamento, execução e acabamento. Para auxiliar neste trabalho de medição do desempenho, ao longo dos anos foram desenvolvidas ferramentas e programas de 13 gestão. Alguns deles tão importantes que passaram a ser exigidos por órgãos públicos, entidades do setor e agências de financiamento. O Sistema de Indicadores de Desempenho é o conjunto dos indicadores estabelecidos, os quais deverão estar baseados nos objetivos, metas e estratégias da empresa. Deste modo, os indicadores devem estar relacionados a fatores essenciais e críticos do processo a ser avaliado, além de alinhados com o processo do negócio. Estes indicadores poderão ser aplicados pelo empresário por obra e/ou para a empresa, assim permite-se o desenvolvimento de estratégias de forma específica (por tipo de empreendimento) e geral (desempenho organizacional). O indicador de qualidade está relacionado à eficácia da empresa em atender as necessidades do cliente (SEBRAE, 2014). Nesse sistema, o indicador qualidade é apresentado para medição da seguinte maneira: Tabela 2: sistema de indicadores de qualidade Fonte: SEBRAE, 2014. 2.5.1 Número de não conformidades em auditorias Tem por objetivo avaliar, por meio do número de não conformidades das auditorias externas e internas e suas causas, se a empresa atende às disposições planejadas no Sistema de Gestão da Qualidade adotado. a) Auditoria interna: a empresa deverá definir um auditor, sendo que este não deve estar inserido no processo a ser auditado. 14 b) Auditoria externa: deverá ser realizada pelo Organismo Certificador Credenciado (OCC). Os dados coletados deverão ser analisados pelo Comitê de Qualidade e pela diretoria da empresa. Após, as informações deverão ser repassadas para todos os colaboradores envolvidos no processo. 2.5.2 Índice de não conformidades na entrega do imóvel Tem por objetivo analisar a conformidade na entrega do produto para o cliente, identificado também as causas da não conformidade. Para realizar a coleta dos dados desse indicador deverá ser aplicada uma matriz de avaliação dos serviços e ambientes que traduzem a conformidade da obra entregue. Os resultados dessa coleta devem ser analisados pela gerência da obra e pela diretoria da empresa. Posteriormente as informações deverão ser repassadas aos empreiteiros e mestre de obras, de modo a serem utilizadas como lições aprendidas (SEBRAE, 2014). 2.6 Programas de produtividade e qualidade 2.6.1 ISO 9000 A Norma ISO 9000, lançada em 1987 e revisada pela primeira vez em 1994, e que sofreu posterior atualização em 2000, sendo a última revisão em 2008, foi criada por um comitê técnico da Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization) a fim de elaborar normas voltadas aos sistemas da qualidade, uniformizando conceitos, padronizando os modelos para a garantia da qualidade e fornecendo “diretrizes para a implantação da Gestão da Qualidade nas organizações” (MEKBEKIAN, 1997, apud COSTA, 2001). Ela foi um instrumento para regular as relações contratuais entre fornecedores e clientes 15 quanto à garantia da qualidade, num momento em que a Comunidade Européia iniciava um complexo processo de integração econômica (AMORIM, 1998). Desde a sua edição, ela vem se disseminando, tanto geograficamente, como pelos mais diversos setores da economia impondo-se como uma ferramenta básica para a competitividade industrial. Segundo Amorim (1998), enquanto nos setores industriais voltados à produção seriada a série de normas ISO 9000 se disseminou expressivamente, nos setores que não se baseiam na produção em série, como o caso da construção civil, “a certificação é incipiente, se comparada ao contexto global”. O Brasil adota a ISO 9000, denominando-a NBR ISO 9000, publicada pela ABNT, como uma norma sistêmica voltada ao estabelecimento de um sistema de gestão e garantia da qualidade. Na aplicação das normas, a garantia da qualidade consiste em realizar quatro condições básicas (COSTA, 2001): a) Saber fazer consiste no domínio da tecnologia necessária para a execução do serviço ou produto; b) Descrever o que faz através de procedimentos, registrando os resultados; c) Fazer o que descreve: executar em conformidade com os procedimentos; d) Registrar ou provar através de documentação e registros que é capaz de executar os dois itens precedentes. Albuquerque Neto e Cardoso (1998) questionam o verdadeiro papel da norma que garante o sistema de qualidade e qual a garantia o cliente de uma empresa que tem um sistema de qualidade possui. Segundo esses autores, a característica marcante no sistema da garantia da qualidade ISO 9000 é o forte controle e inspeção do processo e a exigência de se documentar estas ações. Sendo assim essas normas proporcionam à 16 empresa “o conhecimento, o controle e finalmente a avaliação dos resultados do processo de produção”, não atuando, entretanto, na melhoria contínua do processo. Amorim (1998) também enfatiza essa característica citando a documentação adequada de processos e das atividades da produção, de modo a garantir a rastreabilidade dos produtos e a conformidade, ou seja, fixação dos requisitos de desempenho, como “pilares desse sistema de garantia”. Diante da constatação de que a característica marcante desse sistema de gestão é o forte controle e inspeção do processo e a exigência da documentação dessas ações, não se encontrando evidências quanto à melhoria contínua dos processos e quanto à qualidade do sistema de gestão, a Organização Internacional de Organização realizou uma nova revisão na norma, sendo denominada ISO 9001, versão 2008 (ISO 9001:2008). A nova revisão dirigiu seu foco para apresentar maior compatibilidade com a família da ISO 14000, e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e consequentemente um melhor entendimento e interpretação de seu texto. A ISO 9001:2008 não inclui mudanças consideráveis quando comparada com a ISO 9001:2000, o que se nota é que os requisitos foram reescritos de uma maneira mais clara, alguns foram reforçados com notas explicativas e outros foram simplificados. Por outro lado foi aumentada a compatibilidade com o Sistema de Gestão Ambiental . Porém, o grande avanço na ISO 9001 ocorreu na versão 2000. Entre as melhorias advindas da versão 2000, segundo Ohashi e Melhado (2004), está o maior enfoque na melhoria contínua, a abordagem por processos e a abordagem sistêmica. Dentre as principais mudanças, um item foi criado e refere-se à medição e monitoramento de clientes, produtos, processos e do próprio sistema de qualidade. A partir da revisão da norma em 2000, passou-se a considerar a medição de desempenho como parte integrante do sistema de gestão da qualidade. E, a partir do 17 monitoramento de processos, produtos e serviços e da satisfação dos consumidores é que se pode buscar a melhoria contínua do sistema (OHASHI e MELHADO, 2004). Desta forma, o sistema de gestão da qualidade proposto pela ISO 9001:2000 busca melhorar continuamente a eficácia da gestão da qualidade das organizações através da tomada de ações corretivas e preventivas sobre os aspectos considerados relevantes e obtidos da análise de dados gerados durante as medições e monitoramento dos processos, nas auditorias de sistema, nas reuniões de análise crítica e na análise do grau de satisfação dos clientes (DEGANI, MELHADO e CARDOSO, 2002). A melhoria contínua, para Bessant et al. (1994) pode ser definida como um processo de inovação incremental, focada e contínua, envolvendo toda a organização. Seus pequenos passos, alta frequência e pequenos ciclos de mudanças vistos separadamente têm pequenos impactos, mas somados podem trazer uma contribuição significativa para o desempenho da empresa. A ISO 9001 : 2000 baseou-se no modelo de processos conforme a Figura 1, tomando como base oito princípios de gestão da qualidade (MELLO et al, 2002, apud OHASHI e MELHADO, 2004): 1. Foco no cliente: atender as necessidades atuais e futuras do cliente, a seus requisitos e procurar exceder suas expectativas; 2. Liderança: estabelece a unidade de propósitos, e é necessária para manter as pessoas envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização; 3. Envolvimento das pessoas: é a essência da organização e seu envolvimento. É primordial para o sucesso da organização; 4. Abordagem de processo: o resultado é alcançado mais eficientemente quando atividades e recursos são gerenciados como um processo; 18 5. Abordagem sistêmica: identificar, compreender e gerenciar os processos interrelacionados como sistema para eficiência e eficácia a fim de atingir os objetivos da organização; 6. Melhoria contínua: a melhoria contínua do desempenho global da organização deveria ser um objetivo permanente; 7. Abordagem baseada em fatos: decisões eficazes são baseadas em dados e informações; 8. Benefícios mútuos com fornecedores: a organização e os fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em agregar valor. Uma representação esquemática da estrutura conceitual da ISO 9001 é mostrada na Figura 01. Nota-se que a norma está estruturada em quatro grandes conjuntos de requisitos. No conjunto “Responsabilidade da Administração” são traçados os objetivos do sistema de gestão da qualidade, os indicadores de desempenho do sistema e é definida a política da qualidade da empresa, bem como a sua forma de implementação e manutenção (SEBRAE, 2014). A “Gestão de Recursos” refere-se, de maneira simplificada, ao planejamento e alocação de recursos para tornar viável a implementação e operação do sistema de gestão da qualidade. Nesse conjunto de requisitos, a qualificação e o treinamento dos agentes envolvidos como o sistema ganha especial importância. O conjunto de requisitos “Realização do Produto” é, de certa forma, o núcleo do sistema. Aqui são definidos os requisitos básicos associados à captação das necessidades e requisitos dos clientes, planejamento do processo de projeto do produto, bem como desenvolvimento do produto e sua execução. Incluem-se aspectos essenciais de um sistema de gestão da qualidade, como análise de entradas e saídas de projeto, 19 execução, análise crítica e validação dos projetos, aquisição de materiais, controle dos processos, implementação de ações preventivas e corretivas, etc (SEBRAE, 2014). Outro grupo de requisitos define ações para medição dos resultados do sistema, análise e melhoria. Essas ações permitem a implementação de uma “estrutura” de melhoria contínua na empresa, ações essas que dependerão, eventualmente, de definições estratégicas por parte da Direção da empresa. Como indicado na figura, as entradas do sistema de produção são requisitos definidos pelo cliente, entendendo o “cliente” em sentido amplo: consumidores, a comunidade afetada pelos produtos e/ou serviços da empresa, etc. Da mesma forma, os resultados dos processo produtivos devem ser confrontados com as expectativas dos clientes, previamente definidas. Figura 1: modelo de abordagem por processos da ISO Fonte: ISO, 2000. 20 2.6.2 PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) teve origem em 1991 e foi criado com o objetivo de difundir os novos conceitos de qualidade, gestão e organização da produção que estão revolucionando a economia mundial, indispensáveis à modernização e competitividade das empresas brasileiras. Em 1998, foi instituído o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional (PBQPH), delimitado apenas à área da construção habitacional. No ano de 2000, determinou-se a necessidade de evolução de seu escopo e o projeto passou a ser denominado de Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), que desde então passou a englobar as áreas de saneamento e infraestrutura urbana. Por fim, cabe destacar que a proposta do Ministério das Cidades é de que o PBQP- Habitat esteja sempre integrado ao PBQP, reforçando essa articulação institucional entre o MDIC, Min. das Cidades e o setor privado. O PBQP-Habitat está inserido na estrutura do Ministério das Cidades, mais especificamente na Secretaria Nacional de Habitação, como mostra o esquema a seguir exposto: Figura 2: estrutura geral do PBQP-H Fonte: PBQP O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) é um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996); e 21 tem como finalidade organizar o setor da construção civil, essencialmente em dois pontos, a saber: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. A busca por esses objetivos envolve uma série de ações, dentre as quais se podem destacar: avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de obra, normalização técnica, avaliação de tecnologias inovadoras, informação ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores envolvidos. Figura 3: modelo de selo de certificação PBQP-H, nível A Fonte: PBQP A adoção das medidas ora expostas objetivou o aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos; e tem por finalidade a criação de um ambiente de competitividade equivalente entre as empresas do ramo em face às soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país. Vale ressaltar, ainda, que é notória a importância da implantação do PBQP-H em face à exigência de sua certificação para a possibilidade de participação em licitações públicas (o Estado responde por cerca de 35% do faturamento das construtoras), dentre outros fatores (CAMPOS, 2009). O PBQP-H foi inspirado nos requisitos da ISO 9001 e teve por base a adoção de um sistema evolutivo de Qualidade, o Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e 22 Obras válido para empresas construtoras, também inicialmente conhecido como SiQConstrutoras. Atualmente esse sistema chama-se Sistema de Avaliação de Conformidades de Empresas e Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC, que tem por objetivo fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e mecanismos de melhoria da qualidade de projetos e obras (CAMPOS, 2009). O SiAC adota a abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade da empresa construtora, que objetiva aumentar a satisfação dos clientes quanto ao atendimento de suas exigências. Um dos pontos marcantes da abordagem de processo é o da implementação do ciclo de Deming ou da metodologia conhecida como PDCA (do inglês Plan, Do, Check e Act). Sendo assim, a abordagem de processo visa à identificação, à organização e ao gerenciamento das atividades acima expostas, considerando as condições iniciais dessas e os recursos necessários para levá-las adiante, bem como os elementos que dela resultam e as interações entre atividades. Tal abordagem considera o fato de que o resultado de um processo é quase sempre a “entrada” do processo subsequente; as interações ocorrem nas interfaces entre dois processos. Ademais, tem-se por objetivos do PBQP-H: a) Promover a melhoria da qualidade e o aumento da produtividade no setor da construção civil, buscando aumentar a competitividade dos bens e serviços produzidos. b) Estimular o inter-relacionamento entre agentes do setor; c) Coletar e disponibilizar informações do setor e do PBQP-H; d) Fomentar a garantia de qualidade de materiais, componentes e sistemas construtivos; 23 e) Fomentar o desenvolvimento e a implantação de instrumentos e mecanismos de garantia de qualidade de projetos e obras; f) Estruturar e animar a criação de programas específicos visando à formação e à requalificação de mão de obra em todos os níveis; g) Promover o aperfeiçoamento da estrutura de elaboração e difusão de normas técnicas, códigos de práticas e códigos de edificações; h) Combater a não conformidade intencional de materiais, componentes e sistemas construtivos; i) Apoiar a introdução de inovações tecnológicas; j) Promover a melhoria da Qualidade de gestão nas diversas formas de projetos e obras habitacionais. O SiAC possui caráter evolutivo, estabelecendo níveis de qualificação progressivos, representados por dois letras (B, A), segundo os quais os Sistemas de Gestão da Qualidade das empresas construtoras são avaliados e classificados. De maneira evolutiva, conforme vai mudando de nível, mais requisitos são atendidos até o nível “A”, o mais completo, que demonstra que todos os itens da norma foram atendidos. 2.6.3 Outros programas de qualidade e produtividade A preocupação do Governo Federal em promover a qualidade, aumentar a competitividade e melhorar a produtividade do setor de construção civil, promoveu a criação do Programas de Qualificação Evolutivos que se baseia na implantação gradativa do Sistema de Gestão da Qualidade, conforme os requisitos da Norma ABNT NBR ISO 9001, permitindo que as organizações deste setor incorporem de maneira gradual, os requisitos sistêmicos. 24 Os benefícios dessa incorporação são a redução do desperdício, acarretando menores custos e incremento da qualidade dos produtos e serviços, além de padronizar as operações que envolvem o setor. Seguindo a orientação do Governo Federal, alguns Estados e Municípios criaram Programas de Qualidade, como por exemplo: QUALIOP – Programa de Qualidade de Obras Públicas do Governo do Estado da Bahia que tem por objetivo aumentar a qualidade das obras estaduais, através do melhoramento dos materiais, componentes, sistemas construtivos, projetos e obras. Seguindo as orientações do PBQP-H, no Qualiop estão previstos ainda acordos setoriais com os segmentos da construção civil, a implantação de processos de qualificação, homologação e certificação de produtos e serviços; QUALIPAV – Rio – Programa Municipal da Qualidade em Obras de Pavimentação, Obras de Arte Especiais e Obras de Drenagem Urbana do Município do Rio de Janeiro lançado em novembro de 1999 pela Secretaria de Obras da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de melhorar continuamente o processo de contratação e implantação de obras, além de assegurar a sua qualidade; QUALIHAB - Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo que é um sistema de Gestão da Qualidade que incentiva a elaboração, análise e revisão de normas da ABNT referentes à construção civil, desenvolvimento de programas de treinamento da mão de obra e da qualificação de seus sistemas e produtos utilizados em todo o processo de construção através de Organismos Certificadores, para garantir a melhoria na qualidade de habitações construídas pelo Estado por meio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano); 25 PARÁ OBRAS - Programa Qualidade e Produtividade em Obras Públicas do Estado do Pará têm como objetivo a melhoria da qualidade dos processos internos, bem como a motivação das equipes de trabalho. É realizado em parceria com a iniciativa privada e visa a modernização tecnológica, organizacional e gerencial da cadeia da construção civil por meio da implementação de sistema da qualidade com base na norma ISO 9000. PMQP-H (Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat) que foi desenvolvido, em 2003, pelo governo de Minas Gerais O objetivo do programa é promover o desenvolvimento econômico e social através da melhoria da qualidade das obras contratadas pelo Governo de Minas Gerais. 26 3.0 Panorama das técnicas construtivas correntes mais usadas na construção civil A construção civil, assim como a maioria das indústrias, evoluiu bastante ao longo do tempo e hoje existem muitas técnicas construtivas que utilizam tecnologia de ponta aliada a uma boa gestão de recursos. Porém, ainda nos dias de hoje é possível encontrar muitas obras utilizando processos construtivos defasados, de produção altamente artesanal e improvisados. (SANTIAGO, 2008) Neste capítulo, iremos mostrar as técnicas construtivas mais comuns da construção civil e os problemas inerentes a esses processos. 3.1 Fundações 3.1.1 Rasas São fundações em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente pela pressão distribuída sob a base da fundação e em que a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a 2 vezes a menor dimensão da fundação; compreende as sapatas, os blocos, as sapatas associadas, os radier e as vigas de fundação (COIMBRA 2009). As fundações superficiais que também são chamadas de rasas ou diretas são as fundações mais baratas e de simples execução que existem na construção civil. Isso se deve pela facilidade da construção dos elementos de fundação que dispensam equipamentos sofisticados, tanto na sua execução quanto na locação dos elementos no canteiro, e pelo fato de elas serem bem na superfície do terreno o que se dá o nome a elas. Dos tipos de fundações superficiais entende-se que: 27 Os blocos - são elementos de fundação superficial de concreto, geralmente dimensionado de modo que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura. Pode ter as faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar planta de seção quadrada, retangular, triangular ou mesmo poligonal. Usualmente são fabricados com concreto simples ou ciclópico e com grande altura para lhes conferir sua rigidez. As sapatas - são elementos de fundação de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração nele produzidas não podem ser resistidas pelo concreto, de que resulta o emprego de armadura. Pode ter espessura constante ou variável e sua base em planta é normalmente quadrada, retangular ou trapezoidal. Sapata corrida - é o elemento de fundação que absorve as cargas da estrutura linearmente em toda a sua extensão, são usadas quando as cargas não são muito grandes e o solo é regularmente resistente. Radiers - são elementos de fundações que reúnem num só elemento de transmissão de carga um conjunto de pilares, podem ser flexível, quando são formados apenas por uma laje, ou semiflexível quando são formados por laje e viga. Os radiers são produzidos geralmente em solos de baixa resistência onde se utiliza uma grande área de apoio para contrabalancear a baixa resistência do terreno. São de custo geralmente elevado se comparado com os outros tipos de fundações rasas, e dependendo das características do solo a fundação pode não acompanhar por igual os recalques do solo o que acabará em danos a estrutura. Sapata associada - é uma sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, não estejam situados em um mesmo alinhamento. 28 Viga de fundação - é uma fundação comum a vários pilares, cujos centros, em planta, estejam situados no mesmo alinhamento ou para carga linear. 3.1.2 Profundas Segundo Moraes (1976, p. 29) “fundação direta é caracterizada como profunda quando está assentada a uma profundidade considerada apreciável em relação a sua maior dimensão (além de 6,00 m).” O principal método semi-empírico, utilizado para determinação de capacidade de carga de estacas no Brasil, surgiu em 1975 e foi proposto por Aoki e Velloso. Desde então, vários outros autores propuseram novos métodos (Decourt e Quaresma, 1978; Cabral,1986; Antunes e Cabral, 1996). Para se distribuir as cargas provenientes da estrutura às estacas, há a necessidade de se criar um bloco de coroamento. Ao conjunto de estacas assim solidarizadas pelo bloco de coroamento denominam-se estaqueamento, podendo o mesmo ser constituído por estacas verticais, estacas inclinadas ou por ambas. (Alonso 1998, p. 30). A capacidade de carga de fundações profundas pode ser determinada por métodos estáticos, por provas de carga e por métodos dinâmicos. Em projetos corriqueiros, é pratica comum a utilização de métodos estáticos e semi-empíricos (Cabral,1986; Aoki e Velloso, 1975). A capacidade de carga é definida como a soma das cargas máximas que podem ser suportadas pelo atrito lateral e resistência de ponta. A transferência das cargas nas fundações profundas se dá por esses efeitos de atrito lateral e de ponta, e o mecanismo de ruptura do solo não atinge a superfície do terreno. As estacas podem ser classificadas de diversas maneiras. Velloso; Lopes: in Hachich et al (1998) apresentam uma classificação dos tipos mais comuns (Figura 4) enfatizando o método executivo, no que diz respeito ao seu efeito no solo. 29 Figura 4: classificação de fundações profundas Fonte: Alonso, 1998. 3.2 Fôrmas para concreto armado São as estruturas provisórias, geralmente de madeira, destinadas a dar forma e suporte aos elementos de concreto até a sua solidificação. Além da madeira, que pode ser reutilizada várias vezes, tem sido difundido, ultimamente, o uso de fôrmas metálicas e mistas, combinando elementos de madeira com peças metálicas, plásticos, papelão e pré-moldados (UEPG, 2014). Atualmente, com o alto custo da madeira, a necessidade de maior qualidade (controle tecnológico dos materiais), a redução das perdas (materiais e produtividade da mão de obra), redução de prazos de entrega (competitividade), é imperioso que o engenheiro dê a devida importância ao dimensionamento das fôrmas e escoramentos provisórios considerando os planos de montagem e desmontagem e o reaproveitamento na mesma obra. Em geral as fôrmas são classificadas de acordo com o material e pela maneira como são utilizadas, levando em conta o tipo de obra. Na tabela 3 são mostradas as possibilidades do uso das fôrmas. 30 Tipos de fôrmas Convencional Material Madeira Indicação (tipo de obra) Pequenas particulares específicos e obras detalhes Moduladas Madeira e mistas Trepantes Madeira, metálicas e mistas Torres, barragens e silos Deslizantes verticais Madeira, metálicas e mistas Torres e pilares altos de grande seção Metálicas Barreiras, defensas e guias Deslizantes horizontais Obras repetitivas edifícios altos Tabela 3: tipo de fôrmas Fonte: UEPG, 2014. Muitas são as razões para as fôrmas de madeira ter seu uso mais difundido na construção civil. Entre elas estão: a utilização de mão de obra de treinamento relativamente fácil (carpinteiro); o uso de equipamentos e complementos pouco complexos e relativamente baratos (serras manuais e mecânicas, furadeiras, martelos); boa resistência a impactos e ao manuseio (transporte e armazenagem); ser de material reciclável e possível de ser reutilizado e por apresentar características físicas e químicas condizentes com o uso (mínima variação dimensional devido à temperatura, não tóxica). As restrições ao uso de madeira como elemento de sustentação e de molde para concreto armado se referem ao tipo de obra e condições de uso, como por exemplo: pouca durabilidade; pouca resistência nas ligações e emendas; grandes deformações quando submetida a variações bruscas de umidade; e ser inflamável. As fôrmas metálicas possuem diversas espessuras dependendo das dimensões dos elementos a concretar e dos esforços que deverão resistir. Os painéis metálicos são indicados para a fabricação de elementos de concreto pré-moldados, com as fôrmas permanecendo fixas durante as fases de armação, lançamento, adensamento e cura. Em 31 e geral possuem vibradores acoplados nas próprias fôrmas. Nas obras os elementos metálicos mais usados são as escoras e travamentos. Embora exijam maiores investimentos, as vantagens do uso de fôrmas metálicas dizem respeito a sua durabilidade. Geralmente, as fôrmas são compostas de painéis de madeira com travamentos e escoramentos metálicos. As partes metálicas têm durabilidade quase que infinita (se bem cuidadas) e as peças de madeira tem sua durabilidade restrita a uma obra em particular ou com algum aproveitamento para outras obras. guia longarina garfo Painel da laje gravata cunha tensor Mão-francesa prumo escora tirante Sarrafo nivelamento cunha gastalho Fonte: Madeirit Figura 5: esquema geral de fôrmas em edificações Fonte: Madeirit, 2011. Para a execução de fôrmas na obra alguns cuidados devem ser levados em conta previamente a elaboração das fôrmas, como por exemplo: o recebimento e estocagem das peças brutas de madeira e dos compensados; a existência do projeto estrutural completo com a indicação das prumadas e embutidos das instalações prediais (água, esgoto, elétrica, telefone) e do projeto de fôrmas; e, preferencialmente, a existência de uma carpintaria (central de fôrmas) com todos os equipamentos e bancadas necessários. Além disso, devem-se seguir as seguintes condições: 32 a) Obedecer criteriosamente à planta de fôrmas do projeto estrutural; b) Ser dimensionadas para resistir aos esforços (peso próprio das formas, armaduras, concreto, operários, equipamentos e vibrações devido ao adensamento); c) As fôrmas devem ser estanques, não permitindo a passagem de argamassa pelas frestas das tábuas; d) Devem ser executadas de modo a possibilitar o maior número possível de reutilizações, proporcionando economia no material e mão de obra. 3.2.1 Fôrma de pilares Os cuidados iniciais na execução de fôrmas para os pilares dizem respeito necessidade de maior atenção na transferência dos eixos do piso anterior (no caso de edificação com pavimento tipo) para a laje em execução e do nível de referência, de forma a garantir a geometria da obra (prumos e níveis) exatamente como está prevista no projeto. Em geral a sequência de procedimentos na execução de pilares é: a) eixos e nível transferidos para a laje (conferidos e liberados com trena metálica); b) marcar e fixar os gastalhos nos tacos (colocados na concretagem) a partir dos eixos sem se preocupar com o nível; c) apicoar o concreto na base interna do gastalho a fim de remover a nata de cimento; d) fixar um pontalete guia, travando no gastalho e aprumando de acordo com os eixos (2 escoras em mão-francesa); e) colocar as formas (3 faces) do pilar, cuidando para que fiquem solidarizadas no gastalho e aprumadas no pontalete guia; f) verificar o nível do conjunto marcando no pontalete guia a altura do pilar; 33 g) a cada operação conferir prumo, nível e ortogonalidade do conjunto (usando esquadro metálico); h) passar desmoldante nas faces internas das fôrmas (caso já tenha sido usada); i) conferir e liberar para colocação e montagem da armadura; j) depois de colocada a armadura e todos os embutidos (prumadas, caixas) posicionar as galgas e espaçadores a fim de garantir as dimensões internas e o recobrimento da armadura; k) prever janela de inspeção e limpeza em pilares com mais de 2,5 m de altura; l) executar o travejamento da fôrma por meio de gravatas, tirantes, tensores, encunhamentos, de acordo com as dimensões dos painéis e da carga de lançamento a suportar; m) conferir todo o conjunto e partes e liberar para concretagem, verificando principalmente: prumo, nível, imobilidade, travejamento, estanqueidade, armaduras, espaçadores, esquadro e limpeza do fundo. 34 Figura 6: detalhe de fôrma de pilar Fonte: UEPG, 2014. 3.2.2 Fôrma de vigas As fôrmas das vigas podem ser lançadas após a concretagem dos pilares ou no conjunto de fôrmas pilares, vigas e lajes para serem concretadas ao mesmo tempo. O usual é lançar as fôrmas de vigas a partir das cabeças dos pilares com apoios intermediários em garfos ou escoras. Em geral os procedimentos para execução de fôrmas de vigas são os seguintes: a) depois de limpos os painéis das vigas, deve-se passar desmoldante com rolo ou broxa (providenciar a limpeza logo após a desmoldagem dos elementos de concreto, armazenando os painéis de forma adequada para impedir empenamento); 35 b) lançar os painéis de fundo de vigas sobre a cabeça dos pilares ou sobre a borda das fôrmas dos pilares, providenciando apoios intermediários com garfos (espaçamento mínimo de 80 cm); c) fixar os encontros dos painéis de fundo das vigas nos pilares cuidando pra que não ocorram folgas (verificar prumo e nível); d) nivelar os painéis de fundo com cunhas aplicadas nas bases dos garfos e fixando o nível com sarrafos pregados nos garfos (repetir nos outros garfos até que todo o conjunto fique nivelado); e) lançar e fixar os painéis laterais; n) conferir e liberar para colocação e montagem da armadura; o) depois de colocada a armadura e todos os embutidos (prumadas, caixas) posicionar as galgas e espaçadores a fim de garantir as dimensões internas e o recobrimento da armadura; p) dependendo do tipo de viga (intermediária ou periférica) executar o travejamento da fôrma por meio de escoras inclinadas, chapuzes, tirantes, tensores, encunhamentos, de acordo com as dimensões dos painéis e da carga de lançamento a suportar; f) conferir todo o conjunto e partes e liberar para concretagem, verificando principalmente: alinhamento lateral, prumo, nível, imobilidade, travejamento, estanqueidade, armaduras, espaçadores, esquadro e limpeza do fundo. 36 Painel da laje Nível da laje ... ... ... Chapuz 1”x4” Painel lateral 1”x9”, 1”x12” Painel de fundo 1”x9”, 1”x12” .. ... ... ... .. Gravata 1”x2”, 1”x3” Tala 1”x3” Escora 1”x3” .. ... .. Travessa 1”x2”, 1”x3” .. .. Escora 1”x3” Pontalete 3”x3” Fôrma p/ viga intermediária Fôrma p/ viga periférica Figura 7: detalhe de fôrma de vigas Fonte: UEPG, 2014. 3.2.3 Fôrma de lajes Os procedimentos para lançamento das fôrmas das lajes dependem do tipo de laje que vai ser executada e geralmente fazem parte do conjunto de atividades da execução das fôrmas de vigas e pilares. A exceção de lajes pré-moldadas que são lançadas posterior a concretagem das vigas é usual, nos demais casos, (pré-fabricadas, moldadas in loco, celulares) providenciar a execução dos moldes em conjunto com as vigas, para serem solidarizadas na concretagem. Os procedimentos usuais para lajes maciças são os seguintes: a) lançar e fixar as longarinas apoiadas em sarrafos guias pregados nos garfos das vigas; b) providenciar o escoramento mínimo para as longarinas por meio de escoras de madeira ou metálicas (1 a cada 2 metros); 37 c) lançar o assoalho (chapas compensadas ou tábuas de madeira) sobre as longarinas; d) conferir o nível dos painéis do assoalho fazendo os ajustes por meio cunhas nas escoras ou ajustes nos telescópios; e) fixar os elementos laterais a fim de reduzir e eliminar as folgas e pregar o assoalho nas longarinas; f) verificar a contra-flecha e se for o caso de laje-zero, nivelar usando um aparelho de nível (laser) a fim de garantir a exatidão no nivelamento; g) travar o conjunto todo; h) limpar e passar desmoldante; i) conferir nos projetos das instalações os pontos de passagens, prumadas, caixas, embutidos; j) liberar para execução da armadura; k) conferir todo o conjunto e partes antes de liberar para concretagem, verificando principalmente: nivelamento, contra-flecha, alinhamento lateral, imobilidade, travejamento, estanqueidade, armaduras, espaçadores, esquadro e limpeza do fundo. 38 Pa inel da la je tá bua s de 1”x12” Tra vessões 2”x3”, 3”x3”, 3’x4” ta la s Guia 3”x4” Guia c/ tá bua 1”x6”, 1”x9” < 1,00 m 0,80 Ponta letes ou pés-direitos Figura 8: detalhe de fôrma de lajes Fonte: UEPG, 2014. 3.3 Alvenaria A alvenaria é um sistema construtivo formado de um conjunto coeso e rígido de tijolos ou blocos (elementos de alvenaria), unidos entre si, com ou sem argamassa de ligação, em fiadas horizontais que se sobrepõem uma sobre as outras (UFSC, 2015). A alvenaria tem como principal função adequar e estabelecer a separação entre ambientes e suas propriedades são: a) Resistência à umidade e aos movimentos térmicos; b) Resistência à pressão do vento; c) Isolamento térmico e acústico; d) Resistência a infiltrações de água pluvial; e) Controle da migração de vapor de água e regulagem da condensação; f) Base ou substrato para revestimento em geral; g) Segurança para usuários e ocupantes; 39 Nas alvenarias antigas, as unidades de alvenaria eram, vulgarmente, a pedra ou o tijolo cerâmico, eventualmente reforçadas com estrutura interna de madeira. As alvenarias de pedra tem uma diversificada constituição interna, dependente da época, dos costumes e do local de construção. São caracterizadas por uma grande irregularidade geométrica e falta de homogeneidade material, resultado da diversidade de características (físicas, mecânicas e geométricas) dos materiais utilizados. A presença de cavidades ou vazios interiores é uma característica destas alvenarias que aparecem, em maiores ou menores percentagens. Os tijolos cerâmicos, elaborados a partir de uma pasta de material argiloso, mais ou menos homogenia, geralmente com formas paralelepípedo, eram cozidos, por exposição ao sol – tijolos de adobe – ou em fornos de lenha, têm características mais regulares do que as unidades de pedra natural. Como consequência, o uso de unidades de tijolo cerâmico, traduz se, também, numa maior regularidade e homogeneidade das suas alvenarias. As estruturas de alvenaria resultaram, por processos empíricos de aprendizagem (tentativa e erro), numa associação de elementos resistentes através dos quais a transmissão das cargas se faz por “trajetórias” de tensões de compressão. Apesar da aparente falta de ligação entre os elementos o fato é que, muitas destas estruturas, deram provas da sua eficácia e mantiveram a sua forma durante séculos. Aliás, o sistema construtivo das alvenarias, baseado na justaposição de unidades com uma fraca ligação entre si, permite o seu fácil desmonte, o que se traduz numa maior facilidade de manutenção (VALLE, 2008). A sequência construtiva de alvenaria de vedação é bem simples. Deve-se realizar o preparo da estrutura que ficará em contato com a alvenaria, através da aplicação do chapisco nas faces de pilares e nos fundos de vigas e lajes. 40 Figura 9: chapisco no contato alvenaria e estrutura Fonte: Bloco Santa Terezinha, 2009. Na locação da 1ª fiada da alvenaria devem servir como referência os eixos materializados e a posição dos elementos estruturais. Para tanto, é necessário avaliar os vãos deixados pela estrutura executada. Definir a referência de nível através do nível de mangueira ou do aparelho de nível. Os primeiros blocos a serem assentados devem ser aqueles que definem totalmente a posição da parede, quais sejam: ao lado dos pilares, no cruzamento de paredes e nas laterais das portas. Deve-se locar o bloco na posição segundo o projeto, nivelá-lo em relação à referência de nível, aprumá-lo e mantê-lo no alinhamento da futura parede. Figura 10: posicionamento de bloco Fonte: Bloco Santa Terezinha, 2009. 41 Para o assentamento da segunda fiada de alvenaria e das demais, recomenda-se a utilização dos escantilhões. Ao atingir a sétima fiada, deve-se montar o andaime e prosseguir com o assentamento. Figura 11: vergas e contravergas Fonte: Selecta blocos, 2009. Executar a fixação da alvenaria à viga ou à laje de concreto conforme as especificações estabelecidas no projeto para produção da alvenaria. Nas estruturas mais deformáveis, deve-se deixar um espaço entre 2 e 3 cm para a fixação da alvenaria com uma argamassa de elevada plasticidade. As etapas do serviço de execução devem ser respeitadas e concluídas para que as novas sejam iniciadas, evitando interferências e obstáculos na execução da alvenaria de vedação. O ambiente de trabalho deve permanecer constantemente limpo e organizado, propiciando um local de fácil acesso, livre circulação, seguro e produtivo. 3.4 Instalações prediais A instalação predial são sistemas físicos, integrado a um edifício, e que têm por finalidade dar suporte às atividades dos usuários, suprindo-os com os insumos prediais 42 necessários e propiciando os serviços requeridos (FERREIRA, 2010). A instalação predial conta com os seguintes serviços: a) Energia: sistema de energia elétrica e gás; b) Água: sistemas de suprimento de água e coleta de esgoto; c) Segurança: sistema de proteção contra incêndio e segurança patrimonial; d) Conforto: sistema de condicionamento de ar e de iluminação; e) Transporte: sistema de transporte mecanizado; f) Comunicações: sistema de comunicação interna e telecomunicação; g) Automação: automação de escritórios e predial; 3.4.1 Instalações hidráulicas e esgoto Etapas executadas após a alvenaria, as instalações hidráulicas e as de esgoto sanitário são entregues a um bombeiro (encanador) que as executará com base em projeto (UFJF, 2013). Serviços de instalação hidráulica: a) Ligação provisória de água e esgoto para a obra - requerimento à empresa pública de fornecimento de água tratada e coleta de esgoto (ou abertura de poço, se houver essa possibilidade, e execução de fossa); b) Execução de reservatórios inferior e superior de água para abastecimento da edificação, feitos de concreto armado de acordo com projeto estrutural ou simplesmente instalação de caixas d'água de fibrocimento; c) Execução das tubulações e conexões embutidas nas paredes e no solo ou aparentes; d) Instalação de metais e peças sanitárias. 43 Figura 12: tubulação de passagem de água fria e quente Fonte: UFJF, 2013. 3.4.2 Instalações elétricas Etapa de instalação de eletrodutos, condutores, chaves, caixas, luminárias e demais meios necessários ao suprimento de energia elétrica no interior das edificações, todos dimensionados e especificados em projeto por engenheiro eletricista. É uma etapa da edificação que se inicia com a ligação provisória de energia para o canteiro de obras, passa pela instalação de tubos e caixas embutidas durante as concretagens, continua após a alvenaria com trechos embutidos nas paredes e termina com a passagem dos fios pelos eletrodutos e suas ligações em tomadas e interruptores (Kopschitz, 2013). 44 Figura 13: sequência de instalações elétricas em uma obra Fonte: UFJF, 2013. 3.5 Esquadrias As esquadrias são elementos de vedação vertical utilizado no fechamento de aberturas, com função de controle de passagem de agentes (PUC, 2013). As esquadrias tem como principais requisitos de desempenho: a) Facilidade no uso; b) Segurança no funcionamento; c) Segurança na limpeza; d) Manutenção periódica; e) Manutenção de conserto; f) Controle de iluminação e ventilação; 45 g) Estanqueidade ao ar e água; h) Isolamento acústico; i) Estabilidade estrutural; j) Segurança contra intrusão; k) Estética. As esquadrias devem atender as especificações e detalhes estabelecidos em normas técnicas, as exigências do usuário, adequadas a composição arquitetônica quanto a sua utilização, dimensão, forma, textura, cor e desempenho (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). São vários os tipos de materiais utilizados para a composição de esquadrias, tais como: madeira, aço, alumínio e PVC. Esquadrias de madeira: de aspecto nobre e aconchegante, exigem manutenção permanente com pintura ou verniz. Figura 14: esquadria de madeira Fonte: PUC, 2013. Esquadrias de alumínio: fabricadas por serralheiro, são de alta durabilidade e não exigem manutenção. São, porém, de preço elevado. 46 Figura 15: esquadria de alumínio Fonte: PUC, 2013. Esquadrias de aço: feitas também por serralheiro, são de aspecto popular e exigem manutenção com pintura para evitar corrosão. Figura 16: esquadria de aço Fonte: Sasazaki, 2015. Esquadrias de PVC: são as mais novas no mercado e oferecem perfis prontos para uso de diferentes cores e boa durabilidade. Figura 17: esquadria em PVC Fonte: Tigre, 2015. 47 3.6 Revestimento de paredes Etapa da obra cuja principal finalidade é regularizar as superfícies de paredes - e também de tetos, muros e fachadas - resguardando-as das intempéries e do desgaste de maneira geral. Como qualidades essenciais de um revestimento podem ser citadas a resistência ao choque e a esforços de abrasão, a durabilidade e a impermeabilidade, quando necessária (UFJF, 2013). A argamassa é um tipo de revestimento executado em mais de uma camada (chapisco, emboço e reboco). Em casos especiais, onde temos paredes fora de prumo ou alvenaria de pedras irregulares, executamos enchimentos a fim de sanar os problemas. Se for necessário espessuras maiores que 3 cm, no enchimento, devemos utilizar cascalhos de tijolo ou pedras. A camada de acabamento deve ser bem áspera, e se for necessário mais que uma camada, devemos esperar que a anterior esteja totalmente endurecida. O chapisco (1ª camada) é uma camada finíssima de argamassa forte de cimento e areia grossa lavada 1:4 (volume), para aumentar a aderência da camada posterior (emboço) na parede. Aplicada com colher de pedreiro (através de uma peneira ou não), lançando a argamassa de forma a ficar bem espalhada (UFJF, 2013). O emboço (2ª camada) tem espessura de 1 a 2,5 cm e acabamento áspero. Ele é aplicado somente após o endurecimento total do chapisco e com as tubulações de instalações, já embutidas nas paredes. A aplicação é feita com o espalhamento da argamassa com colher e regularização com régua e desempenadeira, seguindo faixas-guias de argamassa que definem um plano (Kopschitz, 2013). O reboco (3ª camada) possui menor espessura (0,5 cm) e é aplicada após o endurecimento do emboço, possui acabamento mais liso, proporcionado pelos grãos finos de areia utilizada na argamassa. Esta etapa é executada após a instalação de peitoris e guarnições de portas e janelas, mas antes da instalação de rodapés e alisares. 48 O reboco é aplicado espalhando-se argamassa fresca com o auxílio de taliscas e, no momento adequado, faz-se o acerto da superfície com uma régua de alumínio. Em seguida, caso desejado, o acabamento é feito com uma desempenadeira, para obtenção de superfície mais bem acabada, para um acabamento mais liso usa-se uma camurça. Figura 18: camadas de revestimento de argamassa Fonte: UFJF, 2013. 3.7 Revestimento de piso A indústria da construção civil utiliza, nas edificações, os mais variados tipos de revestimentos para pisos cumprindo varias funções como proteção, impermeabilização, higiene, acabamento estético, entre outros. A especificação adequada desses materiais é fundamental para se ter o resultado esperado (SILVA, 2015). Para a escolha adequada do tipo de revestimento de piso das edificações deve ser considerada a finalidade do cômodo ou da área onde vai ser aplicado. As características essenciais são: a) Ser resistente ao desgaste; b) Provocar o mínimo de ruído com o movimento das pessoas; 49 c) Apresentar um mínimo de aderência que proporcione segurança no movimento das pessoas, evitando acidentes; d) Exigir pequena ou nenhuma despesa de manutenção; e) Ser de fácil limpeza, para ser mantido em boas condições de higiene; f) Proporcionar aspecto agradável. O revestimento de piso é constituído por várias camadas. O lastro é uma camada de concreto executada diretamente sobre o solo com as finalidades de formar uma base resistente e apropriada à execução de outras camadas de acabamento. É constituído, na maioria dos casos, de concreto simples sem armação. A espessura e o tipo (composição do concreto) de lastro dependem, no entanto, da sobrecarga prevista para o piso e da qualidade do solo sobre o qual se executa o serviço. Em indústrias, oficinas, armazéns e lugares que serão submetidos a cargas pesadas, inclusive por aglomeração de pessoas, o lastro pode ser de concreto armado (KOPSCHITZ, 2013). O contrapiso é uma camada de argamassa de cimento e areia de aproximadamente 2 a 3 cm, lançada sobre os lastros e/ou lajes. Pode ser a camada anterior ao revestimento definitivo do piso (cerâmica, por exemplo) e é chamada, neste caso, de contrapiso, ou pode ser o revestimento final – cimentado (KOPSCHITZ, 2013). O assentamento de piso cerâmico é um serviço executado depois do revestimento de tetos e paredes, é feito com peças dos mais variados tamanhos e cores oferecidas pelo mercado de materiais de construção. Existem basicamente duas técnicas de assentamento de peças cerâmicas para execução de revestimento de pisos: com argamassa fresca fabricada na obra, espalhada sobre lastro ou sobre laje; com argamassa industrializada, espalhada em pequena espessura para assentamento da cerâmica sobre contrapiso seco (UFJF, 2013). 50 Figura 19: revestimento de piso Fonte: Eliane, 2010. A execução de assentamento ou fixação são específicos para cada tipo de material. Um dos grandes problemas deste tipo de revestimento é o correto armazenamento e transporte do material, pois a cerâmica e o mármore, por exemplo, têm um alto custo e não podem ser danificados ou furtados (como ocorre frequentemente) durante o processo. Deve existir um controle rigoroso sobre esse tipo de material, que deve permanecer em local seguro e somente transportado para o pavimento na hora da aplicação. O projeto de paginação é sempre recomendado para a economia de material e otimização da produtividade. As juntas entre as peças devem ser feitas com argamassa específica, com espessuras de acordo com o tipo e dimensão do material empregado, para absorver as tensões entre as peças e compor de forma homogênea toda a superfície da parede (CALÇADA, 2014). 51 4.0 Técnicas que geram melhorias de produtividade e qualidade 4.1 Contextualização Nos últimos anos, o setor da construção civil vem passando por transformações e crescimento. As empresas estão sendo induzidas ao desenvolvimento de inovações ou à incorporação de inovações para manter a competitividade. Neste contexto, as empresas precisam adotar modelos para a gestão estratégica da inovação, que pode ser entendida como um processo estruturado apoiado em seis dimensões: método, ambiente, pessoas, estratégia, liderança e resultados (CBIC, 2014). Com o fim do ciclo inflacionário brasileiro em 1994, algumas construtoras perceberam que teriam duas formas de substituir os ganhos então obtidos na “ciranda financeira”: avançar rumo à informalidade ou investir em uma nova forma de construir: racional, eficiente e de custo mais baixo. As empresas que apostaram no desenvolvimento tecnológico e gerencial já têm muita história para contar. Ainda que não tenha proporcionado todos os efeitos desejados, não seria justo menosprezar, por exemplo, o esforço de milhares de construtoras brasileiras para obter a certificação ISO 9000. A introdução de novas tecnologias e sistemas construtivos nos canteiros de obras a partir de 1995 também constitui fato inegável (FARIA, 2006). O emprego de produtos, métodos e sistemas construtivos inovadores acabam esbarrando na falta de interesse dos próprios empresários da construção civil no Brasil em investir em infraestrutura e treinamento da mão de obra e conhecer a fundo as potencialidades apresentadas por essas novidades (CALÇADA, 2014). Ainda segundo CALÇADA (2014), as inovações acabam sendo inseridas a partir de tecnologias anteriormente já utilizadas e testadas por projetistas e construtores. Não há 52 uma mudança drástica nos processos, caracterizando-se por conseguinte em inovações incrementais. Com o crescimento da construção, várias empresas do setor têm buscado inovar em seus canteiros de obras, com o objetivo de alcançar maior produtividade. Nova técnicas construtivas, novos materiais, equipamentos, gestão dos processos e industrialização, são alguns dos recursos utilizados pelo segmento para alcançar a excelência. Essas alterações impactam diretamente na mão de obra, que, necessariamente, passa a ter que ser mais qualificada. Deve-se considerar que esses processos tornam o setor bem mais eficiente. A autonomia proporcionada pela utilização dessas novas técnicas gera maior controle e maior qualidade aos seus produtos, dinamizando o tempo e os recurso aplicados. Aos poucos, o setor está modificando o paradigma da construção artesanal e grande absorção de mão de obra não qualificada. Acelerar o processo de inovação tecnológica, expandindo seu conhecimento e utilização para todas as empresas, é um dos desafios prementes do segmento. Nesse contexto, ressalta-se o Programa de Inovação Técnológica (PIT), uma iniciativa da CBIC que tem o objetivo de estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento de inovações tecnológicas na construção civil nacional. O PIT prevê a implementação de nove projetos que vão garantir o desenvolvimento de tecnologias que permitam a evolução do setor e visa a inserção do tema no planejamento de negócios das empresas. A ideia é mostrar que o investimento na área podem se tornar um diferencial competitivo, aumentando a produtividade e a sustentabilidade dos negócios. 53 4.2 Contrapiso autonivelante O contrapiso auto-nivelante, também conhecido como autoadensável, ou até mesmo autoescoante, é um material relativamente novo no Brasil, e que começou a ser estudado por empresas de construção civil e pesquisadores no início de 2008. A principal característica do contrapiso autonivelante é possuir uma elevada fluidez, em comparação as argamassas convencionais (CBIC, 2014). Os dados são fornecidos pela CBIC e baseados em uma obra em Salvador, o Biarritz Maison Patamares, que é composto por duas torres de 15 pavimentos cada, sendo duas unidades por andar. Todos os apartamentos possuem 149,70 m² de área privativa, quatro suítes, com um total de 164,66 m² por pavimento e têm como um dos destaques o uso de poucas vigas na parte central das unidades, fator que possibilita quatro opções de personalização do apartamento. Visando acelerar o cronograma da obra e aperfeiçoar o processo de execução do contrapiso, a Concreta optou por contratar empresa executora de contrapiso autonivelante (CBIC, 2014). Figura 20: contrapiso autonivelante Fonte: Concreta, 2014. 54 4.2.1 Processo construtivo Ao chegar à obra, à argamassa é transportada em caminhão betoneira, e é adicionado 3 litros de aditivo a cada m³ de material e permanece em processo de mistura por 10 minutos (CONCRETA, 2014). Tabela 4: composição do traço Fonte: Concreta, 2014. As etapas do processo construtivo são: a) Limpeza: o local deve estar limpo, isento de sobras de argamassas, concretos, pontas de prego ou aço e qualquer outro tipo de material que possa interferir na qualidade do serviço, para este serviço foram utilizados 3 serventes. b) Transferência de nível: um segundo passo consiste em transferir os níveis do contrapiso para cada cômodo, a partir do ponto de origem (nível de referência), utilizando nível alemão, aparelho de nível a laser ou mangueira de nível, orientando-se pelo projeto de contrapiso, quando houver. Caso utilize o nível a laser, basta tirar um ponto de origem e mapear o restante. A execução deste serviço foi realizada por um pedreiro e um servente. Figura 21: transferência de nível Fonte: Concreta, 2014. 55 c) Assentamento das niveletas: devem ser instaladas niveletas (conhecidas como aranha) feitas em aço, niveladas a laser em substituição às mestras tradicionais, conforme. Os executores deste serviço são pedreiro e servente convencional. Figura 22: niveleta instalada Fonte: Concreta, 2014. d) Lançamento da argamassa: Para o lançamento da argamassa sobre a base, é necessário o bombeamento a partir do térreo direto da betoneira para a bomba. Na área a ser executada tem que ser feito o serviço de adensamento com um vibrador manual, apropriado após o término do espalhamento. O executor deste serviço é o pedreiro. Figura 23: lançamento de argamassa Fonte: Concreta, 2014. e) Cura da argamassa: para a cura da argamassa o local deverá ser mantido úmido durante 72 horas após endurecimento. A execução deste serviço foi realizada por um servente comum. 56 Figura 24: resultado final Fonte: Concreta, 2014. 4.2.2 Resultados Na obra em estudo, a atividade de contrapiso foi planejada para ser realizada da forma convencional, o que seria realizado em torno de 24h (3 dias trabalhados) para cada pavimento. Com a adoção da solução de contrapiso auto nivelante, foi possível acelerar o cronograma. A tabela abaixo refere-se a uma área de 164,66 m². Tabela 5: atividades, tempo e recurso de mão de obra para contrapiso autonívelante Fonte: Concreta, 2014. O tempo previsto para a execução do pavimento era de 24 horas trabalhadas e o tempo realizado foi de 12.83 horas, tendo uma redução de tempo de 11,18 horas (CBIC, 2014). Algumas vantagens foram observadas no contrapiso autonivelante em relação ao sistema convencional: 57 a) O transporte vertical da obra não foi utilizado em função da tecnologia construtiva adotada, pois o processo é através de bombeamento. No caso do contrapiso convencional a obra teria que dispor de transporte vertical e horizontal até o local; b) Foi possível minimizar estoque de agregados no canteiro tornando o mesmo mais funcional; c) Identificou-se ganhos de produtividade de mão de obra, pois se mantém a produção com uma equipe reduzida; d) Percebeu-se ganho no planejamento físico da obra, reduzindo a parcela de tempo para a etapa deste serviço e podendo acelerar as atividades sucessoras; e) É uma solução econômica e fácil de usar; f) Possui baixa retração; g) É durável; h) É compatível com a maioria das argamassas colantes do mercado. 4.3 Alvenaria moldada A técnica consiste basicamente na inclusão de tijolos, ao invés de concreto puro, nas fôrmas para paredes de concreto moldadas in loco. Para que os tijolos permaneçam organizados dentro da fôrma, mesmo antes da inserção do concreto/ argamassa, são usadas as juntas pré moldadas de entijolamento, que são como a argamassa das juntas de assentamento (entre os tijolos) atuais, ou seja, a argamassa aplicada com a colher de pedreiro para assentamento dos tijolos, porém estas são pré-fabricadas (CBIC, 2014). 58 Figura 25: juntas pré-moldadas Fonte: SHC, 2013. Além de manter os tijolos devidamente organizados dentro da fôrma, as juntas pré moldadas de entilojamento têm ainda a função de fechar os furos destes tijolos (que estarão na vertical) para que não entre concreto no interior dos mesmos. As mesmas possuem ainda, espaçadores incorporados, que mantêm um distanciamento da fôrma, deixando livre um espaço que no enchimento será ocupado pelo reboco. Além disso, como as juntas também são feitas de concreto, dentro da parede não haverá nenhum corpo estranho, apenas tijolos e cimento, como numa parede de alvenaria comum. As juntas também podem ter outros formatos, como abas longitudinais de cercamento dos tijolos, em vez de dentes, por exemplo. Ao ser inserido o concreto (ou argamassa) de alta fluidez vai preenchendo todos os espaços vazios, envolvendo todos os tijolos e moldando, ao mesmo tempo, o reboco. Ao serem retiradas as formas, tem-se paredes alinhadas, lisas e com todas as características da parede artesanal, gastando-se pouco concreto (CBIC, 2014). De acordo com a SHC, os resultados quantitativos e qualitativos são: a) Produto final similar à alvenaria tradicional; b) Permite industrialização do processo, dispensando o enquadramento manual dos tijolos (prumo); 59 c) Melhor qualidade termoacústica relação à parede de concreto, o tijolo é excelente isolante acústico; d) 80% de redução do uso de cimento em relação à parede de concreto; e) 20% de redução do custo total da obra em relação à parede de concreto; f) Dispensa mão de obra especializada; g) Possibilidade de modificações futuras; h) Rapidez na execução: casa popular, paredes prontas em apenas um dia no ponto de pintura; i) Amplamente aplicável: edificações residenciais, comerciais, industriais, muros, etc; j) O sistema permite a moldagem de uma casa popular inteira, in loco. O que evita os custos com montagem e transporte. 4.4 Concreto PVC O sistema construtivo em concreto PVC possui uma metodologia inovadora de construção. O sistema é composto por perfis modulares de PVC que são combinados e preenchidos com concreto, produzindo paredes e divisórias resistentes para construção de edificações e tem como característica principal reduções significativas no cronograma de execução da obra com custo competitivo. Depois de montados os painéis de PVC, as paredes são travadas para assegurar o prumo e em seguida o concreto é aplicado utilizando uma bomba de argamassa adequada para brita 0 com mangote de 1½”, despejando concreto dentro da parede, evitando desperdícios (CBIC, 2014). 60 Figura 26: casa em concreto PVC Fonte: Global Housing, 2013. Ainda segundo a CBIC (2014), as paredes são preenchidas com concreto com no mínimo Fck 20Mpa e com slump de 23 cm com aditivo plastificante, garantindo a alta fluidez do concreto, eliminando a possibilidade de espaços vazios sem a necessidade do uso de vibrador. Para facilitar a passagem de fiação de tomadas e interruptores estão previstos nos painéis um módulo canaleta, substituindo assim a necessidade de conduítes e caixas para tomadas as paredes, que deverá ser instalado antes da concretagem. A laje de concreto é o principal apoio para as paredes de PVC. Na laje deverão ser empregados elementos estruturais em aço de construção, conforme cálculo estrutural. As tubulações de água e esgoto devem ser instaladas antes da montagem da malha de aço obedecendo as dimensões indicadas no projeto. Tabela 6: comparativo concrto PVC x alvenaria Fonte: Global Housing, 2013. 61 A maior vantagem do sistema construtivo concreto PVC é a significativa redução de homem/hora por m² de obra pronta. De acordo com a Global Housing, outras vantagens do Sistema Construtivo em Concreto PVC são: a) O sistema de Concreto de PVC apresenta índice global de 2,41Hh/m², enquanto que o sistema convencional tem índice em torno de 12,31 Hh/m² construído; b) Ganho de até 27% com economia de materiais de construção; c) Redução em até 80% do desperdício com materiais; d) Economia de 75% de consumo de água e energia durante a obra; e) Ganho de até 7% na área útil devido a menor espessura das paredes; f) 70% menor o valor de contribuição para efeito de cálculo do INSS da construção, por se tratar de um sistema pré-fabricado; g) Os perfis são cortados no tamanho exato para o projeto, evitando desperdício; h) Facilidade de construção e possibilidade de ampliação após a entrega do projeto; i) Bloqueio contra umidade; j) Conforto térmico; k) Baixa manutenção; l) Facilidade com a limpeza das paredes; m) Conforto acústico; n) Permite aplicação de revestimentos; cerâmico, texturas, reboco, massa corrida ou pintura; o) Resistente a ação de fungos, e a maioria dos agentes químicos. 62 4.5 Instalação de Drywall Drywall é um sistema construtivo para vedação de edificações que combina estruturas de aço galvanizado entre duas chapas de gesso de alta resistência. O material é todo industrializado, sendo transportado para a obra e montado conforme cronograma. As instalações ficam escondidas entre as placas de gesso e não existe quebra de material e consequentemente não há desperdício como na alvenaria convencional. O desempenho termo acústico é garantida pela aplicação de lã de vidro. A superfície é lisa e já está pronta para o acabamento, sem necessidade de revestimentos como reboco e emboço (CALÇADA, 2014). O Drywall necessita de mão de obra especializada e uma logística de transporte de materiais adequada para garantir o aumento de produtividade e qualidade na execução das vedações. Outra restrição em relação a alvenaria convencional é a sua resistência mecânica reduzida e sensibilidade a umidade, além da barreira cultural que existe no Brasil quanto a novas tecnologias construtivas (BRAGA et al.,2008). 4.6 Banheiros prontos A constante busca por processos inovadores, que contribuem para a melhoria da qualidade e eficiência no processo de construções de edifícios, trouxe soluções muito importantes na industrialização da construção civil, tanto para esse setor quanto para a sociedade (LOPES, 2005). Dentro desse conceito, uma solução que vêm sendo utilizada na construção são os banheiros pré-fabricados, conhecidos como “banheiro pronto”. O banheiro pronto é um sistema pré-fabricado de solução para Construção Civil, onde os banheiros são fabricados em linha de produção industrial e chegam prontos à obra, bastando posicioná-los na área planejada e conectá-lo às redes de água, esgoto e energia. Desta forma, todas as etapas de controle de materiais, acabamentos, execução de instalações e controle de qualidade são realizados na fábrica. 63 Os banheiros prontos podem ser executados em concreto armado ou em drywall, de acordo com a necessidade de cada obra. No sistema em concreto armado, a peça é confeccionada em concreto de alto desempenho, armado com telas nervuradas de aço (CA 60 com malha de 10 cm x 10 cm) e reforçados por vergalhões (CA 60 com bitolas de 10 mm). As paredes e o teto têm espessuras mínimas de 4 cm e os pisos, de 5 cm. Esse modelo é particularmente indicado para banheiros de dimensões menores a serem instalados em lajes que suportem a sua carga distribuída (TECHNE, 2014). Já no sistema em drywall, o piso também é executado em concreto armado, mas as paredes e o teto são estruturados com perfis especiais de aço galvanizado e recebem placas de gesso acartonado hidrofugante, tipo drywall RU (resistentes à umidade). É indicado para obras que exigem menor peso dos módulos, minimizando o impacto das unidades instaladas sobre a estrutura do edifício (TECHNE, 2014). Com as definições de metragem e dos materiais a serem utilizados, inicia- se a produção dos banheiros. O primeiro passo é a concretagem dos pisos, que seguem para as plataformas de montagem, onde serão executadas as paredes e o teto. Com a estrutura dos módulos finalizada, é realizada a instalação dos eletrodutos nas paredes, para as caixas elétricas internas e externas, além de eletrodutos para passagem de fiação elétrica e colocação de reforços para bancadas. As entradas de água fria e quente são executadas com sistema de tubulações flexíveis de polietileno reticulado (PEX). Já as instalações de esgoto são feitas com tubos de PVC até o ponto de saída para as conexões, onde as tubulações são direcionadas ao shaft. Vale lembrar que o sistema apresenta soluções para vasos sanitários com saídas vertical e horizontal, incluindo a caixa de descarga embutida que substitui a caixa acoplada convencional. 64 Finalizando essa etapa, são executadas as instalações elétricas, similares às de um banheiro convencional. O cabeamento é conduzido por meio do eletroduto do tipo corrugado e flexível já instalado na parede, em circuitos independentes direcionados a uma caixa de passagem de PVC. Se necessário, também é possível embutir em sua estrutura as caixas elétricas de outros ambientes com os quais faz divisa, como dormitório e corredor. O sistema de exaustão é entregue conforme a solicitação do projeto. Todos os módulos recebem impermeabilização na área do piso, rodapés e nas paredes da área do boxe. Após a instalação de todos os acessórios, a fase de acabamento interno é finalizada com a aplicação de silicone em todos os encontros de piso, paredes e teto e, posteriormente, com a limpeza final da parte interna das unidades. A alta produtividade conferida pelo sistema pode reduzir significativamente os prazos de entrega da obra. Dependendo da necessidade e da velocidade de construção do edifício, é possível instalar até 25 banheiros por dia. Porém, vale lembrar que a produtividade pode ser comprometida caso a sequência de lajes, bem como o fechamento das fachadas, não for mantida na mesma velocidade da entrega dos banheiros (TECHNE, 2014). 4.7 Protótipos físicos Utilizando a tecnologia mais rápida e moderna no mercado com diversas vantagens sobre os métodos convencionais, a Impressora 3D permite aos arquitetos, engenheiros e projetistas a confecção de protótipos a partir de seus arquivos 3D, garantindo maior precisão e rapidez. A impressão do protótipo físico também é conhecida como Prototipagem Rápida, e consiste em usar tecnologia para fabricar objetos diretamente criados por programas de modelagem 3D. O processo de impressão é feito em 65 plataforma móvel a partir do lançamento de aglutinantes sobre camadas de um composto em pó. Através de um cabeçote de impressão é depositado seletivamente o aglutinante sobre as camadas finíssimas de pó nas áreas desejadas. A parte não aglutinada do pó permanece na plataforma e fornece suporte ao protótipo durante o processo de modelagem, permitindo seu reaproveitamento em novas impressões. Em seguida a peça é removida para acabamento final (SENAI, 2012). Ainda segundo o SENAI (2012), o serviço envolve uma metodologia composta por quatro fases. Para iniciar é necessária a confecção da modelagem 3D (tridimensional) da geometria, para tal se utiliza um software BIM- Building Information Modeling. A segunda fase, ainda no ambiente 3D, consiste em converter o arquivo para o formato de entrada do software que realiza a preparação para a impressão, geralmente arquivo tem extensão STL (Stereolithography Tesselation Language). Na terceira fase, o modelo 3D STL é verificado, posicionado, orientado e enviado para fabricação. Na quarta e última fase, iniciada após a impressão do modelo, este passa por um processo de finalização, no qual é dado o acabamento final utilizando resinas específicas que conferem à peça características como resistência mecânica. Os modelos construídos a partir de arquivos com extensão STL podem ser customizados para atender às especificações do cliente e até mesmo pintados. Figura 27: software BIM Fonte: Autodesk. 66 O investimento neste serviço diferenciado leva em consideração, além do valor agregado do recurso, o tamanho do protótipo, sua finalidade, bem como o nível de detalhamento e acabamento solicitado pelo cliente, por isso os valores e o tempo para execução do protótipo podem variar (CBIC, 2014). Segundo a CBIC (2014), os resultados deste serviço são: a) Redução do tempo/custo para comunicar novas ideias; b) Visualização do modelo edificado em escala reduzida como grande colaboradora da compreensão espacial pelo cliente; c) Fácil duplicação das maquetes a custo reduzido; d) Cópias podem ser feitas em várias escalas; e) A construção da maquete deixa de ser ponto impactante no cronograma do projeto; f) Compatibilização dos processos de produção dos edifícios minimizando os problemas de engenharia como encaixes, montagens e interferências. Figura 28: modelos de impressão 3D Fonte: SENAI, 2012. 67 5.0 Estudo de caso O objetivo do presente capítulo é realizar um estudo de caso sobre a obra “Y” com foco nos ganhos de produtividade e qualidade. 5.1 Apresentação da obra Empreendimento localizado na cidade do Rio de Janeiro, na Avenida Abelardo Bueno, 100 – Barra da Tijuca. A obra “Y” que será composta por um embasamento, contendo 2° e 1° subsolos, Térreo, Mezanino, Garagem 1, PUC(Pavimento de uso comum) e uma torre de 17 pavimentos, totalizando 78.449,68m² e possuindo Certificação Leed Silver. Este edifício será ocupado pelo Centro de Mídia durante os Jogos Olímpicos e posteriormente lançado como Empreendimento Corporativo de salas comerciais. Figura 29: MPC Fonte: Construtora “X”. 68 5.2 Metodologia adotada 5.2.1 Fundação A fundação foi realizada pelo cliente e o método utilizado foi a estaca escavada em conjunto com a estaca barrete. Neste período, já havia acompanhamento do corpo técnico da construtora “X”. Figura 30: fundação MPC Fonte: Construtora “X”. 5.2.2 Superestrutura A estrutura da obra “Y” é formada por pilares, vigas e lajes maciças em concreto armado moldado in-loco do 1º Subsolo ao Mezanino, Casa de Máquinas e Cobertura. Do 1º Pavimento ao 17º Pavimento consideramos a estrutura com Armação protendida, com taxa de 12,00 Kg/m³. 69 Figura 31: estrutura MPC Fonte: o autor, 2015. Foram utilizados os seguintes traços de concreto: fck 40Mpa nas estruturas até 3º Pavimento e fck 35Mpa nas estruturas a partir do 4º Pavimento, o fator água/cimento será 0,45 para fck 40 Mpa e 0,50 para fck 35 Mpa. Foram utilizados os seguintes aços: CA50 - Em barras, maiores ou iguais a 6,3mm, e obrigatoriamente com alta aderência. CP190RB - Fios e cordoalhas para protensão. O sistema utilizado é o de cordoalhas aderentes na maioria dos casos. Considerada Taxa de protensão no MPC de 12 kg/m³, nas lajes do 1º Pavimento a Laje do Barrilete. Conforme pode ser visto na tabela nº 7, para finalização da estrutura até o 17º pavimento temos como data marco abril/2015. NOME DA TAREFA Término da Estrutura -Térreo Setor A - Torre Término da Mobilização de Instalações DATAS ESCOPO (REFERENCIA EAP) setembro-14 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto novembro-14 Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E dados; Item 15 - Instalações Hidráulica, Incêndio e Gás; Item 17 Instalações Especiais; Item 18 - Ar Condicionado Ventilação e Exaustão 70 Término Estrutura 4º Pav. dezembro-14 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto Término Estrutura 7º Pav. janeiro-15 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto fevereiro-15 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto Término Estrutura 13º Pav. março-15 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto Término Estrutura 17º Pav. abril-15 Item 4 da EAP - Estruturas de Concreto Término - Pele de Vidro -5º Pav. maio-15 Subitem - 11.01 - Esquadrias de Alumínio; Subitem - 13.01 Vidro Laminado Término da Esquadria - 1º Pav. junho-15 Item 12 - Esquadrias de Madeira / Marcenaria Término da Alvenaria da Torre julho-15 Item 5 da EAP - Vedações, Exceto item 5.03 Parede em Gesso Acartonado (Drywall) Término da Estrutura do Embasamento Término das Instalações Mecânicas Término - Instalações de Infraestrutura/Tubulação Elétrica / Automação / VAC / Hidráulica Término - Pele de Vidro - Ático Término do Comissionamento dos Sistemas Entrega definitiva MPC agosto-15 Item 16 - Instalações Mecânicas setembro-15 Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E dados; Item 15 - Instalações Hidráulica, Incêndio e Gás; Item 17 Instalações Especiais; Item 18 - Ar Condicionado Ventilação e Exaustão outubro-15 Subitem - 11.01 - Esquadrias de Alumínio; Subitem - 13.01 Vidro Laminado novembro-15 Item 14 - Instalações Elétrica, Telefonia E dados; Item 15 - Instalações Hidráulica, Incêndio e Gás; Item 16 - Instalações Mecânicas; Item 17 Instalações Especiais; Item 18 - Ar Condicionado Ventilação e Exaustão dezembro-15 Tabela 7: prazos de entrega Fonte: Construtora “X”. Com o intuito de cumprimento do prazo, foi estabelecido um ciclo de 7 dias para concretagem da laje da Torre Sul, que é a única frente de estruturas no momento. A laje é concretada em 2 etapas. O setor 1 necessita de um volume de 354 m³ de concreto e o setor 2 um volume de 263 m³ de concreto. A seguir tem-se o ciclo do setor 1 que vêm sendo cumprido pelos empreiteiros. 71 ATIVIDADES 1º dia D0 DIA Carregamento e Separação de armadura dos pilares Separação de Forma dos Pilares Separação de deck light e cimbramento Instalação de Linha de Vida Marcação dos eixos Montagem de andaimes para armação P8, P9, P13 E P15 Liberação da Segurança para trabalhos Armação de Pilares (todos) armação dos Pilares (P08 e P09) Montagem de forma dos pilares (P01 AO P14) Montagem de plataforma para pilares de periferia Montagem do cimbramento e formas das vigas de borda (V821,V803,V802,V801,V835 e V834) transporte de deck light para LAJE de momento Marcação de saida do deck light 7º dia 6º dia 5º dia 4º dia 3º dia 2º dia Recebimento do aço de pilares/vigas/LAJEs (LAJE superior) Recebimento de cordoalhas (LAJE superior) Montagem de forma dos pilares (P8, P9) Montagem de forma de pilares (P14 A P37) Instalação de rede de proteção (SLQA) armação dos Pilares (P13 e P15) Montagem do cimbramento e forma das vigas de borda (V818,V831, V816, V823, V805, V806, V822 e V833) Montagem do Deck light (até P13) Inicio da desforma/Preparação de área para protender (LAJE INFERIOR) Forma dos Pilares (P13 e P15) Arremates do Deck Light nas vigas (V821,V803,V802,V801,V835 e V834) Montagem de deck ligth (P13 ao P37) Instalação de rede de proteção (SLQA) Montagem de guarda-corpo de periferia - Metroform (LAJE INFERIOR) Locação das caixas para shaft Liberação da Segurança para trabalhos montagem da plataforma de trabalho (V821,V803,V802,V801,V835 e V834) Resultado da resistência do concreto (LAJE INFERIOR) Envio de resultado de resistencia do concreto (e-mail) Arremates do Deck Light nas vigas (V818,V831, V816, V823, V805, V806, V822 e V833) montagem da plataforma de trabalho (V818,V831, V816, V823, V805, V806, V822 e V833) Colocação da armação das vigas (V821,V803,V802,V801,V835 e V834) Armação positiva das LAJEs (Área entre P1 e P15) Liberação da Segurança para trabalhos Forma das vigas (V826, V830, V825, V829, V807, V827, V808, V812, V813, V815, V832) Marcação de saída de cabos de protensão protensão dos cabos - C71, C76 ao C82, C1 ao C7, C35 ao C40, C8 ao C20 (LAJE INFERIOR) Colocação da armação das vigas (V818,V831, V816, V823, V805, V806, V822 e V833) Colocação da armação das vigas (V826, V830, V825, V829, V807, V827, V808, V812, V813, V815, V832) Armação positiva das LAJEs (Área entre P15 e P33) lançamento de cordoalhas (C71, C1 ao C21, C83 ao C93) protensão dos cabos - C21 ao C34, C72 ao C75, C83 ao C93(LAJE INFERIOR) Confecção de relatório de protensão (LAJE INFERIOR) Envio de relatório de protensão ao Projetista (LAJE INFERIOR) lançamento de cordoalhas (C22 ao C40, C72 ao C82) armação negativa e reforços Aprovação do projetista - protensão (LAJE INFERIOR) Concretagem da LAJE Tabela 8: ciclo de concretagem Fonte: o autor, 2015. 72 Este ciclo reduziu em 2 dias o tempo de finalização de um setor para concretagem. Antes um setor estava sendo feito com 9 ou 10 dias de trabalho. Outro fator que influenciou bastante na redução de dias do ciclo de concretagem, foi a substituição de assoalhos por peças de fôrma industrializadas (deck ligth). O deck ligth influenciou positivamente na produtividade e qualidade do produto final. O deck ligth influenciou positivamente na produtividade e qualidade do produto final, reduzindo de 1,2 Hh/m² para 0,3 Hh/m² a execução de fôrmas. Figura 32: laje em deck ligth Fonte: o autor, 2015. Atualmente a Torre Sul do MPC, está com os dois setores do 12º pavimento concretado. Tendo previsão de término, até a laje do 17º pavimento, em 10/04/2015. 73 Figura 33: atual situação da obra Fonte: o autor, 2015. O setor de qualidade acompanha toda a execução da obra com fichas de verificação de serviço, estas são utilizadas anteriormente, durante e posteriormente a qualquer atividade. A FVS ajuda a garantir os padrões de qualidade, avaliando as condições de início do serviço, os parâmetros de controle durante a execução e entrega. Abaixo segue a ficha de verificação de serviço aplicada para cabos de protensão com aderência. Figura 34: ficha de verificação de serviço Fonte: Construtora “X”. 5.2.3 Vedações Na obra em estudo, são utilizados basicamente dois tipos de vedações: alvenaria e drywall. 74 A alvenaria é executada de maneira artesanal e, consequentemente, lenta. Por isso, durante a confecção dos projetos o consórcio optou por ter a maior parte da vedação em drywall (75%). Os andares tipo possuem apenas 310 m² de alvenaria, e a maioria está localizado em escadas com especificação de blocos corta-fogo. Temos aproximadamente 2100 m² de drywall nos andares tipo. Essa diferença reflete no curto prazo para execução da obra, o drywall é uma técnica muito mais rápida quando comparado à alvenaria. O drywall também diminui a carga sobre a fundação, possibilita eventuais mudanças de layout com maior facilidade, temos uma obra mais seca e com menos resíduos. A alvenaria segue o processo construtivo padrão: a) Marcação de alvenaria; b) Execução de primeira fiada; c) Subida de fiadas da extremidade; d) Assentamento de blocos; e) Montagem de andaimes; f) Subida de fiadas da extremidade. 75 Figura 35: marcação de primeira fiada Fonte: o autor, 2015. A alvenaria está com cinco frentes de trabalho (PUC, 2º, 3º, 4º e 5º pavimento). As equipes estão dividas em 4 pessoas (2 pedreiros e 2 serventes) para cada andar e o prazo para término é de 7 dias trabalhados. Para atingir o prazo necessitamos de 0,4 Hh/m², e hoje estamos tendo uma produtividade 0,6 Hh/m². Com o objetivo de atingir o prazo foi disponibilizado mais 2 colaboradores (1 pedreiro e 1 ajudante) para cada andar. Figura 36: parede em bloco de concreto Fonte: o autor, 2015. 76 A gerência da obra optou por fazer um andar modelo, com o intuito de se antecipar frente a possíveis problema. O 3º pavimento foi escolhido para ser o modelo. Atualmente, este é o único local que está sendo instalado drywall, que tem início efetivo previsto para a primeira quinzena de abril. A instalação de drywall também segue o procedimento padrão, listado abaixo: a) Marcação das paredes; b) Instalações das guias de piso, parede e teto; c) Instalação de montantes; d) Confecção das aberturas; e) Instalação das chapas de drywall em um dos lados da parede; f) Passagem de instalações elétricas, hidráulicas e outras; g) Colocação do isolamento acústico; h) Instalação da outra placa de drywall; i) Rejunte de chapas e cantos; Figura 37: instalação de drywall Fonte: o autor, 2015. 77 Figura 38:instalações hidráulicas em drywall Fonte: o autor, 2015. 5.2.4 Fachada A fachada é considerado um item crítico na obra. Devido a problemas de fabricação, o prazo para o término da primeira etapa está cada vez mais apertado. Estão sendo utilizados inserts reguláveis em dois sentidos com o objetivo de sanar problemas de prumo de fachada, estes inserts tem variação de 5 cm. Durante a instalação de inserts, os quadros estão sendo produzidos na fábrica e só será entregue na obra quando for instalado. Para obter ganhos de produtividade foi instalado uma mini grua para armazenar os quadros em diversos andares, esta mini grua trabalha simultaneamente com a aranha. 78 Figura 39: aranha para subida de quadros Fonte: UNIC, 2015. Figura 40: equipamento para subida de quadros Fonte: o autor, 2015. A gerência montou um plano de ataque onde é imprescindível o controle de fabricação e entregas dos materiais necessários para instalação dos quadros. Com isso, estão previstos a instalação de 35 quadros por dia, com uma equipe de dez pessoas na obra. Atingindo essa produtividade estaremos adequados ao prazo, já que o total são de aproximadamente 5000 quadros. A fachada vem sendo acompanhada também pela equipe de qualidade, que possui um funcionário diariamente na fábrica, acompanhando todo o processo de fabricação. A ficha de verificação de serviço também é aplicada neste serviço, o que diminui a probabilidade de erros. 79 Figura 41: atual situação da fachada Fonte: o autor, 2015. 5.3 BIM e Laser Scanner Laser Scanners, integrados ao BIM, permitem verificar desvios de execução em relação ao projeto através de escaneamento 3D das construções. Diferente das ferramentas tradicionais como teodolito e estação total, que registram apenas pontos isolados, o scanner 3D a laser é capaz de cobrir superfícies. Através de um processamento muito mais rápido e preciso, milhões de pontos são coletados e unidos instantaneamente, formando um modelo tridimensional as built que, através da tecnologia CAD, pode ser comparado com o projeto desenvolvido em BIM para identificar eventuais diferenças de posicionamento dos elementos executados (MÉTODO ENGENHARIA, 2015). A obra do Parque Olímpico (MPC) está sendo a primeira obra da Método no Rio de Janeiro a utilizar esta tecnologia. O sistema começou a ser implantado no início de janeiro, e foi executado o mapeamento da área em 10/02/2015. Os resultados estão previstos para o fim do mês de março. 80 Ainda segundo a MÉTODO ENGENHARIA (2015), tendo-se um projeto modelado em BIM, diversas informações de uma obra podem ser obtidas com a utilização do scanner 3D. Ao longo da execução do edifício, com esse equipamento, pode-se ter documentadas as informações sobre problemas construtivos, A ferramenta pode ser utilizada para diversas aplicações, entre elas: a) Desenvolvimento de projetos as built; b) Mapeamento detalhado de estruturas de edifícios, identificando a necessidade de reparos e desvios além da tolerância especificada; c) Controle de qualidade: quantificação de não conformidades, facilitando a visualização e garantindo a qualidade das informações; d) Levantamento total, e não amostral; e) Diagnóstico de um edifício para um projeto de Retrofit; f) Monitoramento de deformações; g) Inspeção minuciosa de elementos estruturais de geometria complexa; h) Acompanhamento do progresso da construção para fins de documentação; i) Simulação estrutural das capacidades de carga real de lajes, vigas e pilares; j) Controle de volume e dimensões de escavações. Este sistema apresenta ainda diversas vantagens para construção civil: a) Levantamento fiel e integrado à tecnologia BIM do ambiente as-built; b) Identificação simples, rápida e precisa de desvio de projeto; c) Incorporação desses desvios, aumentando a confiabilidade do modelo e da documentação gerada; 81 d) Antecipação de riscos e rapidez na definição de planos de ação frente a não conformidades; e) Aumento da supervisão em campo; f) Racionalização do processo, redução da possibilidade de conflito de informações e consequentemente economia de escala de tempo e custo. Figura 42: laser scanner Fonte: Construtora “X”. 5.4 Considerações finais do Estudo de Caso Devido a mudanças de métodos executivos a obra tem alcançado as metas de produtividade e qualidade. Os indicadores de qualidade tem o objetivo de identificar os principais problemas de qualidade da obra, que possuem influência no produto final. Os problemas identificados são apresentados em relatório, bem como propostas de ações para a sua resolução. São considerados na análise os materiais empregados; a forma de inspeção (lotes amostragem); as ações de correção e/ou melhoria; o correto preenchimento dos formulários de controle (FT); se há registro das não conformidades verificadas em campo nos formulários de controle e por fim a análise do produto em campo e se não são existem danos nos serviços já executados. 82 Tabela 9: avaliação de estrutura moldada in loco Fonte: Construtora “X”. Gráfico 2: avaliação de qualidade de estrutura moldada in loco Fonte: Construtora “X”. Analisando a tabela 9 e o gráfico 2, percebemos que a avaliação de estruturas moldadas in loco encontra-se acima da nota de corte. De agosto a dezembro a nota foi mantida acima de 8,0, e por fim teve uma média de 8,9. As atualizações e controles de FVS foram intensificadas com o objetivo de alcançar notas maiores, para isso foi criado o programa Juntos pela Qualidade. Neste programa, os colaboradores identificam e solucionam não conformidades, e ao fim de cada mês temos uma equipe vencedora que é premiada pela construtora. 83 O indicador de produtividade atua como o parâmetro que medirá a diferença entre a situação desejada e a situação atual, ou seja, ele indicará um problema. O indicador permite quantificar um processo. Um exemplo de indicador de produtividade é a redução 1,2 Hh/m² para aplicação de fôrma em chapa de madeira compensada para 0,3 Hh/m² para aplicação de fôrma industrializada. Na obra em estudo o indicador de produtividade está dentro do desejado, como mostra o gráfico 3: Gráfico 3: prazo, escopo e percentual comprometido Fonte: Construtora “X”. Apenas o indicador de prazo, que no mês de dezembro, não ficou entre o intervalo desejado. As medidas aplicadas com o objetivo de atingir os prazos foram a troca da fôrma em compensado por fôrma industrializada, a substituição de alvenaria por drywall 84 e a instalação de equipamentos para execução de pele de vidro. Assim, a obra está com as principais atividades dentro do prazo estipulado pelo cliente. 85 6.0 Conclusões Na última década, o setor da Construção Civil vem passando por uma grande transformação, saindo de um longo marasmo, com poucos investimentos, para um período com grandes obras em andamento e fortes investimentos imobiliários. Nos últimos anos, esta mudança foi intensificada, graças à retomada de investimentos públicos, criação de diversas leis que facilitam a retomada de imóveis em caso de inadimplência, captação de recursos em bolsas e esforços do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat, que disseminou os conceitos de gestão de qualidade. Isto se refletiu na adoção de novos modelos de organização e inovações tecnológicas em diversas empresas, criando um núcleo de empresas dinâmico e moderno dentro do setor, comparável a empresas europeias e norte-americanas do mesmo segmento. A presença de algumas empresas brasileiras no exterior é a prova mais evidente da capacidade técnica e financeira destes grupos empresariais modernos. Entretanto, a maioria das empresas enfrenta dificuldades para atender a estas novas demandas e o quadro geral de desempenho, expresso pelas médias estatísticas é bastante aquém do desejável para responder adequadamente aos anseios da sociedade brasileira. Hoje, o setor passa por problemas de falta de mão de obra especializada que possa fazer frente às necessidades de crescimento do setor. No entanto, ainda persistem problemas de qualidade e produtividade que impedem o pleno desenvolvimento setorial. Os aspectos de não conformidade, baixa qualidade e informalidade da mão de obra não foram, ainda, devidamente enfrentados e resolvidos. 86 Como sugestão para trabalhos futuros, a construção civil insiste em novas tecnologias aplicadas a antigas técnicas de construção, o que gera pequenos ganhos em produtividade e qualidade. O investimento em técnicas inovadoras objetivam ganhos maiores, reduzindo custos e prazos. Outro fator que deve ser estudado é a rejeição cultural da sociedade a novas técnicas de construção, a população se encontra engessada quando falamos em construção civil. A mão de obra também é um ponto importante de estudo, o alto índice de não qualificação influencia diretamente no resultado final de obras civis. A implantação de um projeto governamental para a qualificação de operários da construção civil poderia trazer ganhos ao setor. 87 7.0 Referências bibliográficas AMORIM, S.R.L., 1995, Tecnologia, Organização e Produtividade na Construção. Tese de Doutorado, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ BARBIERI, J.C., 1990, Produção e Transferência de Tecnologia. 1 ed. São Paulo: Ática S.A. CBIC, Déficit habitacional total, relativo, por componentes – Brasil, 2014. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/menu/deficit-habitacional/deficit- habitacional-no-brasil Acesso em 16 de dez.2014. SELECTABLOCOS, Detalhes Construtivos – Cuidados Com as Aberturas, 2014. Disponível em: http://www.selectablocos.com.br/alvenaria_estrutural_detalhes_construtivos_12.html Acesso em 05 de jan.2015. SILVA, J.B.V., Como Medir a Produtividade na Construção Civil, 2013. Disponível em http://www.ecivilnet.com/artigos/medir_produtividade_na_construcao_civil.htm Acesso em 21 de dez.2014. UEPG, Notas de aula de formas para concreto,2014. Disponível em: www.uepg.br/denge/aulas/formas/Formas.doc Acesso em 12 de jan.2015. CAMPOS, E. P., Impacto das Certificações do setor da construção civil, ISO 9001 e PBQP-H em empresa 2009. 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