TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1370, DE 12 NOVEMBRO DE 2010, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE II TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 Está planeada a criação de um centro de competência Unit4 investe em Portugal para chegar aos PALOP Para aumentar as receitas em Portugal a Unit4, fabricante holandês de software ERP para empresas de médio porte, vai proceder a uma série de investimentos na estrutura local – sede e infra-estruturas assim como o aumento dos recursos humanos – consultoria e suporte, nas competências e formação das equipas e no investimento na estrutura de vendas & marketing. Ricardo Marques mencionou ainda a criação de um centro de competência para os PALOP e na fundação de subsidiárias em países com maior crescimento no investimento de TIC, do qual a abertura da subsidiária em Moçambique é o primeiro passo. Ultrapassar a natural reacção de “retracção” dos potenciais clientes a qualquer investimento – mesmo que este signifique uma melhoria nos processos internos de negócio, na redução de custos de operação e na melhor preparação para enfrentar as necessidades do negócio no futuro – vai ser o grande desafio que a Unit4, fabricante de software ERP para empresas de médio porte, terá de enfrentar no futuro próximo. Ricardo Marques, director comercial da Unit4, em declarações à “Vida Económica”, assume que o actual período económico veio efectivamente diminuir o número de empresas com capacidade para investir na melhoria de processos do negócio através das Tecnologias da Informação e Comunicação. No entanto, o responsável enaltece que isto significa que a mensagem da Unit4, da atenção aos custos reais dos sistemas de TI e a preocupação com o TCC – Total Cost of Change (“Custo total de Mudança”), é mais actual e entendível do que no passado. Aliás, Ricardo Marques diz que o mercado global dos ERP continua a ser dinâmico e consequentemente a crescer. “Em termos do grupo Unit4, a nossa presença neste mercado evolui a um ritmo superior à média”. O grupo tem apresentado um ritmo de crescimento consistente quer em termos de licenças quer de serviços, diz o responsável, embora os sectores da administração local, da educação e dos serviços sejam os sectores com o ritmo de crescimento mais significativo (superior a 20% ao ano). “Em Portugal, têm sido dois anos marcados pelo processo de consolidação dos clientes nacionais e internacionais, registo de clientes em novos sectores e sobretudo um maior reconhecimento da nossa marca e da visão”. Administração local e serviços acima das expectativas Apesar de tudo, numa perspectiva global, os objectivos estão abaixo das expectativas iniciais definidas pelo grupo com o investimento em 2006 na presença directa em Portugal. “Mas temos áreas como a administração local e os serviços com resultados acima das expectativas”. Para se desatacar da concorrência, o responsável explicou à “Vida Económica” que a diferenciação vem pela oferta de soluções “Embracing Change”, “capazes de se adaptar aos processos dos clientes durante todo o ciclo de vida do ERP, sem a necessidade dos custos de suporte ou manutenção associados às aplicações tradicionais”. Esta visão e esta oferta “é melhor recebida e tem aplicabilidade em empresas sujeitas à necessidade de adaptação contínua a novos processos, seja por crescimento consistente ou processo de fusões, por alterações legais ou forte concorrência”. Os clientes e sectores mais representativos para a Unit4 são a administração local, os serviços – comerciais e consultoria – e da educação. TERCEIRO TRIMESTRE COM RESULTADOS ACIMA DO PREVISTO Há mais de 20 anos que a Unit 4 Agresso se move no mercado de desenvolvimento de software. Tem uma oferta especialmente vocacionada para empresas de serviços e para sector público através da disponibilização de soluções integradas de dados, processos e entrega para as organizações que vivem em mudanças constantes (BLINC). Conta com mais de 3500 colaboradores espalhados por 14 escritórios na Europa e mais cinco noutros continentes, tendo uma presença directa na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Irlanda, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia, Canadá e Estados Unidos, para além de um vasto grupo de parceiros em diversos países. A sede é em Sliedrecht, na Holanda, e está cotada na Bolsa de Amesterdão (Euronext). O terceiro trimestre de 2010 acabou com resultados acima do previsto e um Criação de centro de competência está em vista Os objectivos para os próximos anos passam por “crescer em receitas de licenças e serviços, de crescer os clientes nas áreas estratégicas do grupo e no crescimento dos recursos humanos”. Para o mercado nacional a estratégia para o aumento das receitas pressupõe o investimento na estrutura local – sede e infraestruturas assim como o aumento dos re- Os quatros elementos de uma boa estratégia de informação Os dados recolhidos pelas empresas são, provavelmente, o seu activo mais valioso. Todos os dias, as empresas recolhem grandes quantidades de informação corporativa, que precisam de ser tratadas para o rápido recuperar das actividades operacionais como, por exemplo, emitir facturas ou listas de materiais, cortar pagamentos ou elaborar folhas de balanço. Os ambientes das aplicações Os ambientes das aplicações empresariais e planeamento de recursos das empresas (ERP) gerem muitas destas funcionalidades. Contudo, à medida que se recolhe, processa, transforma e aproveita mais e mais informação, as empresas tendem a implementar quatro fases de desenvolvimento de soluções que lhes permitam obter informação útil e fiável, para utilizá-la na tomada de decisões mais inteligentes. Primeiro elemento: business intelligence Tradicionalmente, o BI era usado por analistas de negócio, que procedem a uma manipulação sofisticada dos dados. Embora este tipo de BI analítico seja crucial para uma estratégia de informação, a maioria das empresas deram-se conta, agora, de que o efeito do Business Intelligence pode ser multiplicado se os dados corporativos também forem disponibilizados aos trabalhadores de primeira linha, aos clientes e aos parceiros de negócio externos. É aquilo a que, actualmente, se chama “costumer-facing-BI” – o Business Intelligence ao serviço dos clientes. No entanto, chegar a um grande número de colaboradores operacionais apresenta os seus próprios desafios. À medida que a informação chega a utilizadores de todo o mundo, alcançar e manter uma segurança eficaz é muito mais complicado. Se o BI vai integrar todas as facetas de uma empresa chegando não só a cada processo interno, como também àqueles que estão fora desta, a solução que o suporta deve cumprir certos critérios. Deve ser fácil e intuitivo para que os colaboradores sem perfil técnico possam aceder à informação instantaneamente. Deve ser rentável, para reduzir ao máximo os custos relativos a licenças e a formação. Deve ser personalizável, para que os utilizadores individuais possam ajustá-lo às suas necessidades específicas. Devem incorporar ferramentas que permitam aceder em tempo real, para dar resposta às necessidades de informação no nível operacional. Por último, a solução de BI deve proporcionar uma segurança suficientemente flexível, para que funcione com as infra-estruturas existentes, mas com potência para encarregar-se da segurança individual e proteger a informação sensível ou confidencial, a todo o momento. grande volume de encomendas em todas as suas subsidiárias, anunciaram em comunicado de imprensa. “Sobretudo os projectos realizados para o sector público do Reino Unido e de Espanha contribuíram para que as expectativas fossem amplamente excedidas. Adicionalmente, o Grupo fechou também um importante leque de contratos na região da Ásia Pacífico”. As receitas do terceiro trimestre ascenderam aos 99,1 milhões de euros, um crescimento de 10% por comparação com os resultados alcançados no mesmo período de 2009. “Este é um crescimento muito significativo, sobretudo tendo em conta que as receitas provenientes da área dos serviços não são significativas, por causa das diversas reorganizações que ocorreram entretanto, e que se traduziram na diminuição do número de consultores nalguns países”. cursos humanos – consultoria e suporte, nas competências e formação das equipas e no investimento na estrutura de vendas & marketing. Ricardo Marques mencionou ainda a criação de um centro de competência para os PALOP e na criação de subsidiárias em países com maior crescimento no investimento de TIC, do qual a abertura da subsidiária em Moçambique é o primeiro passo. SUSANA MARVÃO [email protected] MANUEL DEL PINO Director de Pré-venda da Information Builders Ibéria Segundo elemento: gestão do desempenho Uma solução de gestão do desempenho pode ligar, de um modo eficaz, objectivos financeiros estratégicos com iniciativas operacionais chave ou tácticas, e medir e comunicar efectivamente a concretização destes objectivos para melhorar o desempenho corporativo geral. No entanto, muitas soluções abordam os requisitos da gestão de desempenho apenas numa perspectiva apenas financeira. Alcançam fazer uma monitorização eficaz do progresso dos seus resultados, como a rentabilidade e o benefício, mas não podem entrar facilmente nos sistemas que contêm informação realmente útil sobre as actividades-chave que contribuem para o alcance destes objectivos. Ver versão integral: www.vidaeconomica.pt TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO Os cinco mitos da segurança informática A Panda Security resolveu questionar a sua comunidade de utilizadores, através do Facebook e Twitter, sobre que ideias preconcebidas têm das empresas de segurnaça informática. O primeiro mito a encabeçar a lista é “as empresas de antivírus são quem cria os vírus”, uma frase que a Panda admite ter ouvido imenso ao longo dos 20 anos neste sector. A empresa considera a afirmação “absurda” e “defende-se” dizendo que recebem amostras de cerca de 55 mil novos vírus diariamente nos laboratórios. “A motivação financeira leva os hackers a dedicarem cada vez mais tempo ao aperfeiçoamento de ameaças e esquemas fraudulentos para roubar dados bancários e informação confidencial aos utilizadores”, explicam em comunicado. O segundo grande mito é que as empresas de segurança contratam hackers. A empresa de segurança afiança que conscientemente nunca contratou ninguém que se enquadrasse nos denominados hackers “black hat”. “No entanto já contratámos (e estamos sempre à procura de novos) hackers “white hat” (basicamente os “hackers bons”, cujos conhecimentos e capacidades técnicas são utilizados para combater a programação com fins maliciosos)”. Depois, vem a questão de não existirem vírus para Mac, Linux nem plataformas utilizadas em telemóveis. “Todos gostaríamos que isto fosse verdade!”, diz a Panda. Mas a verdade é que existem vírus desenvolvidos para estas plataformas. O que acontece é serem em menor volume de ameaças em circulação quando comparado com o das desenvolvidas para Windows. Em quarto lugar surge a ideia de que ser um hacker, desenvolver vírus e infiltrar-se em sistemas exige conhecimentos avançados. A Panda diz que se em alguns casos isso até pode ser verdade, em muitos outros não. A empresa explica que há alguns anos era difícil desenvolver vírus, worms, Trojans, entre outros, pelo knowhow técnico que era necessário. Mas ao que tudo indica, actualmente isto já não é necessário. “Hoje em dia vendem-se kits pela Internet que permitem a qualquer amador, gerar e configurar malware. Não afirmamos propriamente que qualquer um conseguirá fazê-lo, mas com o mínimo de conhecimentos e dedicação é possível construir, por exemplo, uma botnet capaz de infectar 13 milhões de computadores em todo o mundo”. Por último, o mito de que não trabalham mulheres em empresas de segurança. Esta suposição, apesar de frequente, é tida como “totalmente irreal”, sendo que na Panda mais de 30% da força de trabalho é feminina, e muitas trabalham directamente nas áreas técnicas ou da gestão. “Esta é inclusivamente uma tendência crescente, já que são cada vez mais as mulheres que se dedicam à formação e especialização em sectores como o da segurança informática”. sexta-feira, 12 Novembro de 2010 III Em Portugal, Bruno Morais diz que desafio vai ser lidar com medidas de austeridade Software AG elege concorrência e crise financeira mundial como grandes desafios a superar “Uma maior concorrência e a crise financeira mundial são dois desafios com que certamente nos iremos debater”, garantiu à “Vida Económica” Bruno Morais, director-geral da Software AG Portugal. No nosso país, diz o responsável, o desafio vai ser grande em especial pelas medidas de austeridade que estão a ser tomadas, que certamente terão impacto negativo no nível de investimento. “No entanto, esta pode também ser uma oportunidade pelo facto de as empresas focarem os seus investimentos na optimização de processos, área onde a Software AG é líder de mercado”. Vida Económica (VE) – Como explicam que no actual período economicamente menos favorável tenham obtido resultados como os divulgados? Bruno Morais (BM) – O crescimento de 29% apresentado no terceiro trimestre deve-se principalmente ao segmento de serviços, que cresceu 55%, e ao segmento de Business Process Excelence (soluções webMethods e ARIS), que cresceu 27%. Temos participado em projectos cada vez mais críticos e consequentemente de maior dimensão, factor que justifica em grande parte este crescimento. VE – E no mercado português, como foi a prestação? BM – No mercado nacional o crescimento foi superior ao apresentado globalmente tendo sido o segmento de Software de Business Process Excelence o principal responsável por este crescimento. Já o crescimento de serviços foi mais modesto do que foi anunciado globalmente, pelo facto de o nosso modelo de negócio em Portugal assentar sobre parcerias estratégicas com diversas consultoras, que asseguram os serviços de implementação. VE – De que forma tem evoluído o mercado onde estão inseridos? BM – O mercado de software e de serviços está cada vez mais competitivo, cada vez a oferta é maior e os clientes são cada vez mais exigentes. Em algumas áreas o software tem-se tornado uma commodity, passando em algumas situações para regime de outsourcing. Esta será uma tendência com forte crescimento. Já em áreas críticas, como é o segmento principal da Software AG, Business Process Excelence, a tendência é inversa: as empresas entendem que é nos processos que está o valor do seu negócio e aqui querem manter as soluções inhouse e escolher o melhor software e os melhores implementadores de mercado. VE – De que forma se pretendem destacar da concorrência? BM – A nossa diferenciação advém do alto grau de especialização e foco da nossa empresa. O Business Process Excelence é a nossa palavra de ordem. Os nossos projectos permitem optimizar e controlar os processos de negócio mais críticos de uma organização, numa óptica de melhoria contínua. Essa optimização tem impacto na racionalização dos custos e no aumento de eficiência dessas organizações, dois factores de extrema importância nos dias de hoje. VE – Quais os sectores onde melhor estão implantados? BM – Em Portugal, a administração pública, sector financeiro e seguros e telecomunicações são os sectores onde temos uma presença mais significativa. VE – Quais os objectivos para os próximos dois anos? BM – Queremos continuar a crescer com base em crescimento orgânico e aquisições. Já "O mercado de software e de serviços está cada vez mais competitivo", diz Bruno Morais, director-geral da Software AG. investimos mais de mil milhões de euros em aquisições nos últimos quatro anos e hoje estamos a obter os benefícios dessa estratégia. Continuamos a avaliar possíveis aquisições que complementem o nosso portfolio no segmento de Business Process Excelence que antecipamos ser o motor do nosso crescimento. VE – O que acreditam ir catapultar o vosso crescimento no próximo ano? BM – A consolidação da aquisição da IDS Scheer e da Data Foundations e a possibilidade cross-selling nos diferentes clientes irão permitir mantermos a nossa ambição de crescimento no próximo ano. VE – Quais os grandes desafios que esperam enfrentar? BM – Uma maior concorrência e a crise financeira mundial são dois desafios com que certamente nos iremos debater. Em Portugal o desafio vai ser grande em especial pelas medidas de austeridade que estão a ser tomadas, que certamente terão impacto negativo no nível de investimento. No entanto, esta pode também ser uma oportunidade pelo facto das empresas focarem os seus investimentos na optimização de processos, área onde a Software AG é líder de Mercado. VE – Qual a estratégia da Software AG para o mercado nacional? BM – É nosso objectivo continuar a crescer acima da média do mercado e daquilo que é definido globalmente na Software AG, tal como aliás tem acontecido nos últimos dois anos. Para o conseguirmos apostamos na excelência pela abordagem que temos ao mercado onde primamos pela diferenciação nas áreas de foco em Portugal: Business Process Management, Business Process Analysis, Process Intelligence e Governance. Estas são as áreas que permitem às organizações optimizarem os seus processos e consequentemente aumentarem a sua eficiência e racionalizarem os custos. SUSANA MARVÃO [email protected] NO TOP 50 DAS 500 MAIORES EMPRESAS DE SOFTWARE DO MUNDO A Software AG passou a estar presente no ranking das 500 maiores empresas de software e fornecedoras de serviços do mundo, elaborado pela revista norte-americana Software Magazine. Na 28ª edição a empresa ficou posicionada no 50º lugar do ranking, com receitas de software na ordem dos 1,2 mil milhões de dólares e uma taxa de crescimento de 11,5%. Em 2009 a empresa tinha ficado cotada no 56º lugar e no 65º em 2008. Os rankings 500 de software resultam do apuramento das receitas totais mundiais de software e serviços em 2009. Também no gráfico das dez empresas com maior crescimento a Sogtware AG está presente, na categoria acima dos mil milhões de dólares de receitas. “Esta posição confirma que a Sof- tware AG é não só uma das 50 maiores empresas de software do mundo mas também uma das que mais crescem”. De acordo com Bruno Morais, “este é um marco importante que demonstra o crescimento sustentado da Software AG e o sucesso das suas aquisições. A última aquisição da Data Foundations irá certamente criar condições para que a nossa performance seja ainda superior no próximo ranking”. O software 500 é um ranking baseado nas receitas das maiores empresas de software e fornecedores de serviços a nível mundial. No seu público-alvo incluem-se médias e grandes empresas, os seus profissionais de TI, programadores e gestores de negócios envolvidos na compra de software e de serviços associados. IV TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 Rui Martins, responsável comercial da Logitech para Portugal Em período de crise as marcas líder saem reforçadas O mercado informático e de electrónica de consumo não escapou às malhas da crise. A evolução deste sector tem estado, e continuará a estar durante um período de tempo ainda indefinido, sob o efeito de um período economicamente menos favorável. Período esse que, por um lado, tem resultado num menor nível de consumo mas que, por outro lado, também tem servido para “limpar” o canal de marcas que não trazem valor adicional, explicou à “Vida Económica” Rui Martins, responsável comercial da Logitech para Portugal. O responsável assume que, desta forma, a médio e longo prazo “as marcas líderes como a Logitech sairão com certeza reforçadas”. Ainda assim, assume o director comercial, a nível de consumidor final estamos perante um perfil de utilizador muito mais exigente e informado e que aposta em marcas e produtos com uma elevada relação qualidade preço. “Neste segmento a marca Logitech está muito bem posicionada”, afiançou. “Obviamente que estes últimos anos têm sido muito complicados para o sector informático e de electrónica de consumo em geral, especialmente para as empresas que baseiam o seu negócio no segmento B2B”. Mas, no caso da Logitech, em que actualmente quase 90% das vendas estão centradas no retalho (B2C), o impacto no nosso negócio foi muito menor, garantiu o responsável. Reestruturação preveniu crise Para combater o facto de os últimos dois anos terem sido complicados para a generalidade das empresas do sector, no início do ano de 2009 a Logitech realizou uma reestruturação “muito importante” a nível mundial, com o objectivo de poder antecipar-se às circunstâncias que se previam difíceis “Nesta altura podemos afirmar que foi uma boa decisão, que nos permitiu enfrentar este período de incerteza com excelentes perspectivas para o futuro”, comentou Rui Martins. Para fazer face à concorrência, a empresa apoiou-se em três pilares fundamentais. O primeiro foi no desenvolvimento dos seus produtos, nomeadamente num investimento muito forte em investigação e desenvolvimento (I&D). Actualmente a empresa tem mais de 500 engenheiros a nível mundial, “o que se traduz no lançamento contínuo de tecnologias i n ov a d o r a s” . Outro aspecto enfatizado por Rui Martins é o um design avançado, tanto a nível funcional como a nível estético, e, sobretudo, “uma facilidade de utilização que possa satisfazer todos os utilizadores”. Para os próximos dois anos, um dos principais objectivos é a de se consolidarem como uma PUB marca que englobe soluções tecnológicas para o lar do futuro, baseado na integração de ecrãs de tamanho grande (TV e PC) e de ecrãs de comunicações móveis, sistemas digitais de Home Cinema, sistemas multimédia integrados no PC, reprodução de música e vídeo através da internet, etc.… “Tudo isto na procura de satisfazer aos utilizadores mais exigentes”. O crescimento no próximo ano será assente, segundo Rui Martins, numa gama suficientemente ampla “para satisfazer a segmentos de consumidores muito distintos, no lançamento de produtos muito avançados que nos permitem destacar a marca a nível tecnológico e linhas de produto dirigidas a um consumidor atento às últimas tendências da moda”. Desafio é adequar estrutura ao mercado competitivo O principal desafio, a curto prazo, é fazer frente a uma situação económica que não é propriamente a mais favorável para qualquer empresa de electrónica de consumo. Quanto aos desafios de médio e longo prazo, serão, para Rui Martins, fundamentalmente adequar a estrutura organizativa e manter a relação com os distribuidores e clientes num mercado cada vez mais complexo, competitivo e exigente. O mercado português, em relação a outros mercados europeus, é muito provavelmente o que tem um maior número de marcas a competir nos lineares das lojas, muitas delas a preços realmente baixos, explana o director comercial. “Como tal, a nossa estratégia será a mesma que nos permitiu manter a nossa posição de liderança nos últimos anos: uma excelente relação com os nossos distribuidores e clientes, um serviço de pós venda eficaz, inovação constante e uma estratégia de comunicação cada vez mais eficaz”. SUSANA MARVÃO [email protected] TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 V Madalena Bustorff-Silva Gávea, general manager da Rentsu Renting é a solução mais lógica em tempos de incerteza económica É principalmente em épocas de crise e de maior incerteza económica que as empresas são confrontadas com os problemas de investimento em soluções e equipamentos tecnológicos. Como tal, o renting, locação operacional, é uma solução lógica nestes tempos de abrandamento económico devido às vantagens de flexibilidade para a gestão financeira bem como a possibilidade de renovação tecnológica. Madalena Bustorff-Silva Gávea, general manager da Rentsu, explicou à “Vida Económica” que, apesar de o cliente-tipo da empresa serem as PME, deverá ser o sector público e as soluções para o canal HORECA que irão catapultar o crescimento no próximo ano. Desde Junho de 2006 que a Rentsu se assume como empresa especializada em renting de equipamentos informáticos. O mercado de renting em Tecnologias da Informação teve um forte crescimento no triénio de 2006 a 2009, mas, no entanto, desde o início de 2010 que se sente um abrandamento deste crescimento basicamente devido à pressão que o contexto económico implicou, principalmente nas PME, obrigando as mesmas a repensar as suas estratégias de crescimento. Madalena Bustorff-Silva Gávea, general manager da Rentsu, disse à “Vida Económica” que, devido ao facto de o cliente-tipo da Rentsu serem precisamente as pequenas e médias empresas, a organização sentiu que os últimos dois anos têm sido bastante difíceis para a maioria dos clientes. A oferta da empresa agrega as componentes financeira, consultoria e prestação de serviços de TI, actuando de forma transversal aos vários sectores de actividade. A responsável afiança que desde o início da sua actividade a Rentsu tem não só alcançado os objectivos de crescimento anual como também suplantadas as expectativas de crescimento. “No entanto, devido às externalidades que a nossa economia está sujeita, somos conservadores no que respeita ao crescimento futuro”. Embora a Rentu esteja maioritariamente implementada no sector privado, o sector público é igualmente um forte cliente, es- OFERTA ESPECÍFICA PARA AS PME Uma das ofertas disponibilizadas pela Rentsu é especificamente para as pequenas e médias organizações. O objectivo final é que as Tecnologias de Informação na empresa deixem de ter um posicionamento de centro de custo, passando a ser um elemento estratégico da empresa, contribuindo e alavancando o próprio negócio. Através de um posicionamento transversal a toda a empresa, a Rentsu defende que o cliente alinha as TI pelos objectivos estratégicos do negócio para além de obter uma redução de custos de selecção, aquisição, financiamento e implementação das soluções escolhidas. A empresa afiança ainda haver uma clara optimização dos fluxos de comunicação e partilha de informação, potenciando a satisfação de clientes e utilizadores. O serviço vida ainda melhorar e assegurar uma gestão correcta e mais eficaz de entidades que prestem serviços em outsourcing junto do cliente e, por último, identificar e implementar planos de redução de custos em TI. pecialmente através da presença em escolas e estabelecimentos de ensino. Aliás, para 2011, as autarquias vão ser uma forte aposta da Rentsu. “Queremos consolidar a nossa posição em termos de facturação e crescer apostando fortemente no sector público. A nossa oferta de soluções inovadoras de produtos e serviços, tal como a nossa solução para as autarquias e outros canais específicos como o canal HORECA”, vão catapultar o crescimento no próximo ano. Os principais desafios estão, para Madalena Bustorff-Silva Gávea, relacionados com as parcerias a realizar com as instituições financeiras com que trabalham. “São um factor chave para desenvolvimento do nosso modelo de negócio”, disse a general manager. Relativamente à solução de renting oferecida pela Rentsu às autarquias, a responsável salienta o facto de permitir a libertação das verbas inscritas nos Planos Plurianuais de Investimento, de modo a que os Municípios possam ter acesso contínuo à evolução tecnológica. “Do ponto de vista tecnológico, possibilitamos o acesso a soluções actuais de Tecnologias de Informação e a actualizações e manutenção de licenciamento de software, disponibilizamos equipamentos de substituição e seguro multirriscos. Numa perspectiva financeira também acrescentamos valor a quem opte por uma solução de renting, seja através da libertação das linhas de crédito, ou da inexistência de investimento inicial, da garantia de fluxos de tesouraria constantes durante o período contratado e a possibilidade de reflectir os custos na conta exploração e não em dívida no passivo”. Outra das vantagens, a nível das autarquias, é a possibilidade de envolver parceiros locais na implementação das soluções Rentsu (tanto a nível dos serviços de assistência e manutenção prestados como a nível dos equipamentos), “constituindo um motor de dinamização da economia local”. Esta oferta, para além das soluções em informática tradicional (computadores, portáteis, impressoras, multifunções, software), contempla todas as áreas de intervenção das autarquias, tais como obras e urbanismo, cultura, trânsito, divisão escolar, apresentando soluções que vão desde os painéis informativos ao equipamento de apoio a exposições, passando por projectores, quadros interactivos, scanners, plotters, entre outros. SUSANA MARVÃO [email protected] Antigo presidente-executivo da SAP já está em funções Leo Apotheker assumiu presidência da HP Leo Apotheker, antigo presidente-executivo da SAP, já assumiu o cargo de CEO da HP, após Mark Hurd ter renunciado ao cargo face a uma investigação de denúncia de assédio sexual. A imprensa internacional já começou a especular quais serão as prioridades e que foco irá dar à HP o homem que durante 20 anos liderou os destinos da alemã SAP. Uma contratação que surpreendeu uma facção da indústria e que inicialmente causou até uma queda na cotação das acções da maior empresa mundial de tecnologia em receita. A InformationWeek norteamericana divulgou um “brief” de uma conferência telefónica junto a analistas convocada um mês após o executivo ter sido anunciado como novo director-executivo e presi- dente da HP no qual está exposta parte da sua agenda. Relativamente ao facto de as contas de software representarem apenas 3% da receita da HP, o francês Apotheker refere que a “HP deve ser mais valiosa do que a soma das suas partes e, para que isso ocorra, todos nós acreditamos num compromisso de longa data. O software é uma espécie de cola para fazer isso acontecer, ajudando a diferenciar-nos do padrão da indústria. É como podemos ter certeza de que as diversas partes de nossa tecnologia realmente se encaixam bem”. O novo executivo da HP afiança que a empresa norte-americana tem um portfólio diversificado de negócios, produtos e serviços e acredita estarem posicionados para serem um forte player em todas as frentes. “É um pouco cedo e seria presunçoso dizer qual a parte exacta desses elementos somos bons ou até mesmo iremos melhorar. Mas estou certo de que teremos uma grande oportunidade para discutir o que vamos fazer no futuro.” Sobretudo, disse que a primeira coisa que queria fazer era ouvir e aprender muito sobre as pessoas da HP. “Farei isso nas próximas semanas, talvez meses. Viajarei pelo mundo para conhecer tantos funcionários da companhia quanto for possível. Quero aprender com eles. Pretendo fazer a mesma coisa com os nossos clientes e, claro, com os nossos accionistas. Esse será meu primeiro foco”. SUSANA MARVÃO [email protected] VI TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 Como fazer de Portugal um caso de sucesso? “Falta inovação social à economia digital” O comércio electrónico em Portugal está a crescer, mas há ainda um longo caminho a percorrer até que o país atinja os níveis de mercados maduros como o do Reino Unido. Esta e outras conclusões resultaram do Fórum para a Sociedade de Informação: Economia Digital Digital - Como fazer de Portugal um caso de sucesso? A recessão económica levou ao abrandamento de investimentos em projectos que estimulem a utilização das novas tecnologias de informação. Hoje, é fundamental aumentar a literacia digital para que a Sociedade da Informação e o negócio electrónico se possam desenvolver em Portugal. Esta foi a conclusão de Roberto Carneiro, presidente do Instituto de Ensino e Formação à Distância da Universidade Católica Portuguesa e presidente da ACEPI, durante a conferência Economia Digital, promovida pela ACEPI e a UMIC no âmbito da Portugal Internet Week 2010. Segundo o responsável, “a inovação não é apenas económica e financeira, mas também social”, pois a tecnologia deverá estar ao dispor de toda a população, desde as franjas mais letradas até àquelas mais resistentes a estas novas realidades. De acordo com o responsável, estamos perante uma sociedade que está “cada vez mais dividida entre três fossos digitais que se erigem em torno das competências, do acesso e dos professores”. Nesse sentido, é preciso criar um mix completo de capacidades, antecipar necessidades futuras, promover a optimização da articulação entre as solicitações do mercado de trabalho e os requisitos dos recursos disponíveis. Estas constituem aspectos que, conjugados, poderão estar na base da génese de um passaporte de qualificações, explicou. O talento é outro dos pontos essenciais que se perfila no âmbito das qualificações digitais. “Todas as economias precisam de talento, que se traduz na combinação de capital humano, competências e empreendedorismo”. Se em 2006 cerca de 47% das empresas de TI tinham dificuldades em recrutar trabalhadores, em COMÉRCIO ELECTRÓNICO VALE MAIS DE 8% DO PIB Segundo um estudo realizado pela Acepi - Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva, em parceria com a IDC, o volume de negócio realizado em 2010 deverá ultrapassar os 17 mil milhões de euros. Intitulado de Estudo sobre os In- dicadores da Economia Digital em Portugal, o relatório revelou que mais de 50% da população portuguesa tem um computador pessoal. Sendo que a maioria são computadores portáteis. “Temos uma das mais altas taxas de penetração”, assegura Alexandre Nilo Fonseca, presidente da Acepi. Também na banda larga Portugal demonstra ter uma maior adesão, assim como na adopção do telemóvel e do multibanco. A complexa rede que cobre o território nacional faz com que o país tenha, nesta categoria, um valor que é mais do dobro da média europeia. A explicação, segundo Alexandre Nilo Fonseca, reside na “desconfiança” do comércio electrónico via internet. A maioria das transacções é feita através da rede ATM. Os outros países, onde a rede multibanco não permite a realização destes serviços, recorrem à internet. Essa é a explicação do presidente da Acepi para a diferença de valores entre países europeus - em Portugal cerca de 16% da população já efectuou compras online através de um PC. A média europeia ronda os 30%. “O volume de negócios realizado na rede multibanco, em Portugal, é superior a seis mil milhões de euros”, referiu Alexandre Nilo Fonseca. A este valor há que acrescentar mais de três mil milhões de euros transaccionados no segmento Business to Consumer (B2C) e cerca de nove mil milhões de euros realizados via Business to Business (B2B). Feitas as contas, o valor do comércio electrónico, nas suas várias vertentes, deverá ultrapassar, no final de 2010, 17 mil milhões de euros. No entanto nem tudo são boas notícias. O estudo detectou também áreas em que Portugal peca, nomeadamente ao nível da iliteracia digital. O número de pessoas que não se sente à vontade a trabalhar com um computador ainda é elevado. Com a agravante de, nos dias de hoje, em que tudo está ligado à rede, fomentar a infoexclusão. É, por isso, necessário aumentar a literacia digital dos portugueses, através de uma maior aposta na formação. Simultaneamente dever-se-á continuar a investir no desenvolvimento de redes da nova geração e a incentivar as empresas a usar a internet como forma de internacionalizarem os seus negócios. “No negócio digital não há barreiras regionais e/ou temporais”, constatou Alexandre Nilo Fonseca. ALEXANDRA COSTA 2015 a falta de qualificações será ainda maior. Um obstáculo que, também em Portugal, continua por ultrapassar, tornando-se uma barreira à competitividade a nível mundial. Luís Magalhães, presidente da UMIC, partilhando da mesma opinião, acabou mesmo por admitir que Portugal está dividido em dois: “um país que está em crise e outro que está muito bem”. Trata-se de uma realidade bipolar onde existe uma elite com qualificações que se posiciona e compete a nível mundial, mas também existe um outro grupo de pessoas com baixas qualificações e incapaz de abraçar esta realidade, o que conduz a uma bipolarização europeia, explicou este responsável. Comércio electrónico e publicidade online em maturação O crescimento da penetração da internet nos lares e a massificação da banda larga são factores de motivação para o desenvolvimento do comércio electrónico e, consequentemente, também da publicidade online. Na Europa, em média, nove em cada 10 casas possuem hoje acesso à internet. Quem o afirma é Alison Fennah, directora executiva da EIAA – European Interactive Advertising Association. É claro que, como explica a oradora, “há países mais maduros do que outros”. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 VII “PORTUGAL GASTA TANTO ONLINE COMO OUTROS MERCADOS MAIS MADUROS” Alison Fennah, em entrevista à Vida Económica, referiu que Portugal é um país inovador e visionário ao nível das tecnologias da informação. A directora executiva da EIAA – European Interactive Advertising Association disse ainda que o comércio electrónico é uma oportunidade para as PME se tornarem globais e internacionalizarem os seus negócios, assim como para as marcas que procuram promover os seus produtos e serviços online. Contudo, alerta, ainda é necessário educar o mercado e mudar algumas mentalidades. A.F. - Isso dependerá dos mercados. O meu trabalho permite-me observar que eles são todos muito diferentes. Alguns são mais abertos ao e-commerce, outros trilham caminhos muito seguros naquilo que compram, outros ainda são mais aventureiros. Por isso imagino que naqueles mercados onde as pessoas são muito abertas a comprar um leque muito variado de produtos terão mais apetência por produtos portugueses. O Reino Unido e a França, por exemplo, adquirem um leque muito distinto de produtos. Os mercados de Leste, por outro lado, são muito importadores porque há muita coisa que ainda não têm. Da minha pesquisa pude observar que há muita gente que usa a internet para pesquisar sobre os produtos e que depois procura adquirir aquilo que não tem perto de si. Isto mostra o verdadeiro potencial do futuro das transacções transfronteiriças e a importância para os negócios serem capazes de lá estar e de fazê-lo com segurança. Vida Económica (VE) - Como vê o mercado português em termos de comércio electrónico? Alison Fennah (AF) – Bom, na perspectiva do consumidor, diria que o mercado português está dividido em dois grupos de uma forma mais marcada do que acontece noutros mercados europeus. Por um lado temos consumidores muito maduros, bemeducados, com poder de compra, grandes consumidores de internet e que gastam muito dinheiro online. Daí que em termos de comércio electrónico o mercado português gaste tanto dinheiro online como outros mercados mais maduros. No entanto, os seus padrões de compra ainda não são muito alargados. Passam muito tempo online e estão a começar a usar a internet móvel, mas a penetração é ainda relativamente baixa, à volta de 62%, o que me diz que há ainda um grupo de utilizadores mais velhos, com menos educação que ainda não é muito assíduo na net nem tem ainda capacidade para transaccionar online. VE – O que pode fazer-se para alterar esta realidade? A.F. - Penso que iniciativas como esta são realmente importantes para focar quer a vertente empresarial quer a de consumo e O Reino Unido é um dos líderes europeus a este nível, enquanto em Portugal ainda há muito a fazer. Apesar da elevada penetração de acesso à internet nos lares nacionais que, segundo dados apresentados pela responsável da EIAA, rondam os 62%, o comércio electrónico ainda está a dar os primeiros passos. Alison explica, em entrevista à “Vida Económica” (ver caixa), que o país se movimenta a duas velocidades: aqueles que estão muito integrados na realidade cibernética e que já transaccionam sem problemas, e um outro grupo, numa faixa etária mais elevada, que ainda “tem que ser educado para se movimentar online”. A publicidade online é outro dos fenómenos da internet para o qual Portugal ainda não está bem desperto. A este nível os países do Norte da Europa ocupam uma posição de destaque, com a publicidade online a representar já cerca de 20% dos investimentos realizados pelas empresas. Países como Portugal ou a Espanha, onde esta percentagem não ultra- para ajudar a fazê-las migrar para o online. Desta forma cria-se uma proposição de valor quer para empresas, quer para o consumidor final. E isto não é uma tarefa fácil, se feito em simultâneo. Mas vejo que em Portugal estão a ser tomadas muitas iniciativas para promover estes dois lados do mercado. É fundamental o que tem acontecido em Portugal que tem as empresas, os fornecedores de e-commerce e o Governo todos a remar na mesma direcção. É impressionante. VE - Talvez não seja tão complicado por ser um mercado pequeno… A.F. – É verdade. Mas, por outro lado, é um grande investimento. É óbvio que as pessoas fizeram um esforço por investir nisto, para fazer crescer o mercado. Este é o tipo de pensamento inovador e visionário. Penso que é também importante salientar o que foi dito nesta conferência sobre as pequenas empresas. O comércio electrónico é uma oportunidade de se tornarem globais, internacionalizarem os seus negócios, e iniciativas como esta podem facilitar este percurso. VE - E estarão os outros mercados preparados / mentalizados para adquirir produtos portugueses pela internet? passa, em média, os 5%, surgem agora como as grandes oportunidades de crescimento e de desenvolvimento para a publicidade interactiva no futuro imediato. O segmento móvel é outra das oportunidades identificadas por esta oradora no campo da publicidade interactiva. “É uma estrela em ascensão. Cada vez mais utilizadores recorrem aos seus telemóveis para aceder à internet, o que transforma esta plataforma em mais um meio para fazer publicidade”, explicou. Referindo-se às redes sociais, e apesar do seu potencial, Alison Fennah alertou para os perigos de uma estratégia mal definida neste segmento. “Os marketeers estão muito interessados nesta ferramenta, que realmente traz um mundo de oportunidades, mas ainda é preciso fazer muito trabalho para convencer as empresas a investirem nesta área”. Educar o mercado e alertar as empresas para as oportunidades comerciais geradas pela internet, é também uma das responsabilidades, e dos desafios próxi- VE - As redes sociais transformar-se-ão em conselheiros para as compras na internet? A.F. - Acho que há a necessidade de gerir todas as várias formas de comunicação online. Por um lado, existe o “boca a boca” online através das redes sociais, e por outro lado, o apetite de usar a Net para pesquisas. Depois há o facilitador através das plataformas de e-commerce e há claramente a necessidade de gerir todo este processo para manter a marca no topo das mentes do consumidor. É um processo muito complexo que se torna ainda mais complexo quando pensamos na internet móvel. As pessoas estão sempre online e a comunicar. Penso que é uma grande oportunidade para as marcas porque significa que elas podem crescer muito depressa e em diferentes mercados, mas também uma grande responsabilidade na gestão de todo o processo. VE - Quais os desafios para as empresas portuguesas no que se refere à publicidade online? A.F. - Penso que um desafio importante é a educação e formação de agências e anunciantes e de todas as partes intervenientes no negócio de media, mostrando às pessoas como os consumidores estão online e como estão a usar a internet. As pessoas estão a mudar os seus hábitos para tirar partido destes novos meios e desta nova realidade. mos, que Associações como aquela que dirige têm perante si. “É fundamental retirar a complexidade de tudo isto, para que os mercados e as empresas se relacionem sem problemas”, concluiu. Falta regulação no e-commerce Susanne Czech, directora executiva da EMOTA – European Ecommerce and Mail Order Trade Association, entidade que luta por um mercado livre na venda à distância, defendeu durante o Fórum para a Sociedade da Informação que um dos principais entraves ao desenvolvimento do comércio electrónico entre os países da União Europeia ainda é a falta de regulação. Os cidadãos europeus, segundo explicou, ainda não se sentem à vontade para adquirir produtos que vêm de outros países. Falta confiança e algumas regras que lhes garantam um maior nível de segurança em situações de reclamação, por exemplo. “Há uma clara necessidade de uma acção legislativa a VE - Quais são as principais diferenças quando comparamos mercados mais maduros em termos de publicidade online com Portugal? A.F. - Em alguns países a penetração tem sido mais elevada desde há mais tempo. Por isso é tudo uma questão de maturidade. Outra questão é o tamanho global do mercado publicitário em cada país. Se olharmos, por exemplo, para o mercado publicitário do Reino Unido, ele é bastante grande, por isso tem uma série de capacidades que podem ser transportadas de um meio para outro. Podemos olhar para as questões de media e para as questões de e-commerce mas um elemento comum é que é preciso ter fortes capacidades para tornar o produto apelativo para o mercado e usar a imaginação para atrair as pessoas, levando-as a comprar online. VE - Como fazer os anunciantes perceber que a publicidade online não é o parente pobre das suas estratégias? A.F. - É importante usar casos de sucesso para demonstrar como certas empresas colocaram o online no centro das suas campanhas e quais os benefícios que isso lhes trouxe. É fundamental demonstrar a eficácia e eficiência deste tipo de estratégia ou de diversas campanhas em diferentes mercados pela Europa fora. Depois começar a trabalhar com anunciantes para demonstrar casos como estes. Às vezes não é fácil ter as empresas a contar os seus casos de sucesso pois não querem revelar segredos. Esse é também o nosso papel enquanto associação de comércio, demonstrar que o que fizeram é importante e que deve ser partilhado com outros para que se lhes siga os exemplos. É preciso mudar mentalidades e ter um espírito aberto a novas ideias e criatividade. VE - Acredita que o online beneficiará da crise económica actual? A.F. - No Reino Unido, por exemplo, temos dados que dizem que o comércio electrónico cresceu em 2009 apesar da recessão, não obstante as pessoas terem menos rendimento disponível. Elas tentaram fazer o melhor uso possível do seu dinheiro comprando online. É preciso ter sempre em mente as condições económicas globais, mas pense nas oportunidades para o comércio electrónico: as pessoas vão procurar sempre obter o melhor preço. FÁTIMA FERRÃO nível europeu, para que se possa evoluir neste campo”, afirmou. Mesmo assim, a oradora assegura que, pelo menos, um terço dos cidadãos da União Europeia se revelam dispostos a comprar online noutro país. Facto que revela um mercado potencial com uma dimensão bem atractiva, sobretudo para os pequenos retalhistas que pretendam operar numa escala europeia. “É uma grande oportunidade para crescer”, afirmou. O desafio passa, por isso, por encorajar o desenvolvimento do e-commerce na Europa. Contudo, antes de mais, é preciso modernizar a legislação europeia de protecção ao consumidor, eliminando barreiras nas transacções entre países. Será também necessário reforçar a eficácia dos serviços de entrega, criando mercados postais cada vez mais competitivos. Atingidos estes objectivos, a confiança do consumidor sairá reforçada. ALEXANDRA COSTA, FÁTIMA FERRÃO E TÂNIA NÓBREGA VIII TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO sexta-feira, 12 Novembro de 2010 Paul Gullet, vice-presidente da NComputing “As empresas têm de ser educadas” PEDRO AREDE redacçã[email protected] O recém-eleito vice-presidente da NComputing acredita que as empresas precisam de ser confrontadas com o potencial real de investir em sistemas de Cloud Computing. “Muito do trabalho que temos hoje ainda passa por fazer perceber às empresas quais os benefícios de investir nesta área”, confessou à “Vida Económica” Paul Gullet, vice-presidente para a EMEA da NComputing. C om presença em 140 países, a NComputing dedica-se ao mercado da virtualização de ambientes de trabalho com o objectivo de reduzir custos na área da computação através dos denominados sistemas em nuvem ou Cloud Computing. Desta forma, através da computação cloud, o objectivo da NComputing é ser capaz, segundo Paul Gullet, vice-presidente para a EMEA (Europe Middle East & Africa) da NComputing, de reduzir custos “através do melhoramento das capacidades de gestão e da redução do consumo e do desperdício energético ”. Questionado acerca das principais vantagens desta virtualização de ambientes de trabalho, Paul Gullet salienta sobretudo o facto de o Cloud Computing permitir “uma maior centralização de informação e das aplicações informáticas”. “Centralizar a informação e as aplicações informáticas, torna o acesso a estes conteúdos muito mais fácil, quer seja para os funcionários da empresa, quer mesmo para os clientes ou parceiros de negócios”, concluiu. Por outro lado, para o vice-presidente para a EMEA da NComputing, outra vantagem deste tipo de tecnologia é a optimização dos recursos existentes no interior das organizações. “Ao melhorar o acesso aos recursos de uma empresa, melhora-se a sua eficiência e reduzem-se custos”. Com um histórico já consolidado na construção de equipas bem-sucedidas no mercado europeu, onde chegou a ser Presidente da Tandberg (alcançando um crescimento ano após ano de 30%), Paul Gullet refere ter como objectivo aumentar significativamente as vendas no mercado empresarial e desenvolver as transacções no sector da educação e nos países em desenvolvimento. Para além disso, responsável por pôr em prática um programa de parceiros concebido para dar ao canal oportunidades de aumentar as vendas no mercado da virtualização de ambientes de trabalho, o vice-presidente da NComputing, afirma que “várias empresas de pequena, média e grande dimensão têm demonstrado interesse na tecnologia desenvolvida”. “A NComputing está fortemente implantada nos mercados das PME e da educação”, referiu Paul Gullet. “A mudança para uma computação de base cloud e web transforma a nossa solução num factor (…) crítico para permitir o correcto funcionamento deste novo ambiente informático”, conclui o responsável. Metas de crescimento cumpridas Já em termos de crescimento, Paul Gullet mostra-se satisfeito com a evolução dos resultados desde que aceitou o cargo na NComputing: “estou contente por dizer que o objectivo ao qual fui proposto de duplicar o negócio nos próximos 12 meses e de acelerar o crescimento da empresa, está a ser cumprido”. “O negócio está a crescer de forma irrepreensível e estamos focados em continuar esse crescimento ao longo do tempo”, rematou. No entanto, para Paul Gullet, embora as organizações comecem a estar mais conscientes da importância de adoptar um sistema de computação cloud, não é verdade que todas se encontrem mobilizadas para investir seriamente neste tipo de tecnologia. Assim, para Gullet, é necessário “fazer perceber às empresas o benefício de investir em sistemas de Cloud Computing”. “As empresas têm de ser educadas. Ainda por cima, porque o retorno deste tipo de tecnologia é quase imediato”, apontou. Tendo começado sobretudo por ter um papel activo na área da educação, a NComputing actua, hoje dia, em diversos sectores do mercado, das quais fazem parte inclusivamente empresas estatais. “Dadas as actu- ais condições de mercado, cada vez mais os governos a nível local ou até mesmo a nível central têm vindo ter connosco para saber como podem poupar dinheiro”, afirmou o vice-presidente EMEA da NComputing. “A NComputing está actualmente presente em sectores muito específicos da indústria tais como a indústria, o retalho, as finanças e o sector da saúde”. Questionado sobre quais os principais desafios que a NComputing terá de enfrentar nos próximos anos, Paul Gullet respondeu afirmando que “o principal é conseguirmos dizer às pessoas que estamos aqui e que possuímos esta tecnologia maravilhosa”. NComputing em Portugal A NComputing não tem representação directa em Portugal, sendo que a sua presença no nosso país só pode ser sentida através de alguns parceiros. “Actualmente, a nossa representação em Portugal é feita através de alguns parceiros muito fiáveis do norte do país, a NCPT e a FINA”, explicou Paul Gullet. No que diz respeito a uma futura presença da empresa no nosso país, o vicepresidente não descarta a hipótese e afirma que irá estudar a situação “à medida que o negócio for evoluindo”. “Temos uma equipa da NComputing sedeada em Madrid que trabalha de perto com os nossos parceiros portugueses. Assim que o mercado crescer favoravelmente, e estamos muito confiantes nesse ponto, veremos a oportunidade de avançar para Portugal”, afirmou Paul Gullet. Estagnação do mercado português “obriga” a novas saídas VisionWare mantém aposta em Cabo Verde F ace à estagnação do mercado interno, a VisionWare, empresa especializada em segurança de informação, continua a apostar nos mercados internacionais, nomeadamente em Cabo Verde, país no qual já marca presença através de dois escritórios, na cidade da Praia e, mais recentemente, em Mindelo. A empresa portuguesa está neste mercado desde 2005 e Bruno Castro, CEO da VisionWare, admite que esta aposta “é o culminar da identificação do enorme potencial económico e humano que este mercado representa actualmente, da facilidade de integração no país devido à aproximação cultural, assim como da sua excelente posição geográfica, no cruzamento entre os mercados Europeus, Africanos e Americanos.” O responsável afiança que Cabo Verde representa actualmente um nível de maturidade cultural e organizacional que pode ser comparado a qualquer país da Comunidade Europeia. “Hoje, e face ao enfoque do Governo na adopção das indicações oriundas da UE, revejo um movimento transversal dos sectores da Administração Pública, Financeiro e algumas instituições do tecido empresarial em promoverem a implementação das melhores práticas e normas internacionais em vigor na UE”. No que respeita à VisionWare, é “com orgulho pessoal que temos vindo a apoiar a evolução substancial do nível de segurança e implementação de normas internacionais da área com o ISO/IEC 27001 ou BS 25999 em algumas das mais prestigiadas instituições cabo-verdianas.” O administrador explana que tem-se vindo a assistir a um investimento exponencial neste país por parte de grandes empresas – o principal mercado alvo da Visionware – “com algumas das quais temos excelentes referências com projectos de grande dimensão e complexidade, nomeadamente no sector financeiro e Administração Central, o que atesta a nossa maturidade, com- petência e solidez neste mercado e especificamente, em Cabo Verde”. Bruno Castro admite que o mercado português está estagnado e deixou de ser suficiente para a empresa lusa: “Vemos aqui (Cabo Verde) a oportunidade de dimensionar e expandir o nosso negócio a nível internacional”. Com o agravamento da crise económica e falta de estabilidade e confiança do tecido empresarial, sentida em maior escala nos mercados europeus, a VisionWare tem vindo a reforçar a sua estratégia de internacionalização nos mercados PALOP e Médio Oriente, com a concretização de um investimento na garantia da presença efectiva em Cabo Verde (a par de Bruxelas) com o intuito de atingir objectivos “maiores”. “Tendo em consideração as vantagens e sinergias que identificamos especificamente em Cabo Verde (e que não reconhecemos em qualquer outro país associado à nossa estratégia de internacionalização), vemos aqui a oportunidade de dimensionar e expandir o nosso negócio a nível internacional através de novas abordagens estratégicas de incursão em outros mercados próximos, igualmente interessantes, assumindo a nossa delegação de Cabo Verde como centro de operações (comercial e operacional)”, refere Bruno Castro.