Diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia Relatório Resumido de Propostas do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia Diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia Relatório Resumido de Propostas do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia Rio de Janeiro, 10 a 13 de abril de 2007 2007, Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual; Movimento D´ELLAS Distribuição Gratuita Reprodução autorizada, desde que citada a fonte de referência. Ficha Técnica do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia Realização: Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual e Movimento D'ELLAS. Apoio Institucional: Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Financiamento: Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR). Co-financiamento: Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP) Apoio: Centro Latino-Americano de Direitos Humanos e Sexualidade do IMS/UERJ (CLAM) Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (Cesec) Grupo Criola Articulação de Mulheres Negras Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro Comissão de Conteúdo Programático: Cláudio Nascimento, Coordenador Geral do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia, Secretário Geral da ABGLT e Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo Arco-Íris/RJ; Cristina Vilanova, Coordenadora de Prevenção da SENASP. Lúcia Xavier, Coordenadora do Grupo Criola Articulação de Mulheres Negras Ricardo Balestreri, Diretor do Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública da SENASP. Sergio Carrara, Coodenador do Centro Latino-Americano de Direitos Humanos e Sexualidade do IMS/UERJ (CLAM) Silvia Ramos, Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CeSeC) Colaboração ao Programa: Alexandre Bôer, Secretário da Região Sul da ABGLT e Coordenador do Grupo Somos-RS Beto de Jesus, Diretor da ABGLT e Secretário da América Latina da ILGA Caio Fábio Varela, Assessor Técnico do Projeto Observatório do Programa Brasil Sem Homofobia Carlos Magno, Secretário da Região Sudeste da ABGLT e Coordenador do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (CELLOS-MG) Ivair Augusto dos Santos, Secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Assessor Especial da SEDH-PR Jussara Bernardes, Presidente do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual-RJ Léo Mendes, Secretário de Comunicação da ABGLT e Membro da Associação Goiana de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AGLT-GO) Perly Cipriano, Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR). Sebastião Diniz, Secretário da Região Norte da ABGLT e presidente do Grupo DiveRRsidade-RR Yone Lindgren, Vice-presidente da ABGLT e Coordenadora Geral do Movimento DELLAS - RJ. Fernanda Benvenut, Vice-presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e presidente da Associação de Travestis da Paraíba (ASTRAPA-PB) Marcio Caetano, Vice-presidente do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual Heliana Hemetério, membro do Conselho Consultivo do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual Toni Reis, Presidente da ABGLT Comissão de Seleção de Bolsas de participantes: Léo Mendes, Secretário de Comunicação da ABGLT e Membro da Associação Goiana de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (AGLT- GO) Yone Lindgren, Vice-presidente da ABGLT e Coordenadora Geral do Movimento DELLAS - RJ Sebastião Diniz, Secretário da Região Norte da ABGLT e presidente do Grupo DiveRRsidade- RR Carlos Magno, Secretário da Região Sudeste da ABGLT e Coordenador do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (CELLOS-MG) Marcio Caetano, Vice-presidente do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual Coordenação Técnica Cláudio Nascimento, Coordenador Geral Marcio Alonso, Coordenador Executivo Julio Moreira, Coordenador de Operações Alessandra Ramos, Coordenadora de Operações Gilza Rodrigues, Coordenadora de Administração e Finanças Alessandra Ramos, Diego Cotta e Layla Peçanha (Recepção aos convidados e palestrantes) Márcia Vilela, Marcela Prior, Adriana Silva, Diego Cotta e Lucas Bosco (Comissão de Comunicação) Heliana Hemetério (Cerimonial) Marcelo Azevedo, Andréa Lima, Marizeth Sampaio (Comissão de Credencimento) Claiton Monteiro e Vera Couto (Secretaria do evento) Referência bibliográfica: Cláudio Nascimento Silva (organizador e redação final) Diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia: Relatório Resumido de Propostas do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia/Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual; Movimento Apresentação ....................................................................................................................... 3 Objetivos e Resultados ........................................................................................................ 4 Programação ........................................................................................................................ 5 Propostas ........................................................................................................................... 10 Eixo I Formação Policial: Culturas das Instituições e Diversidade Sexual........................................... 11 Eixo II Prevenção à Violência contra GLBT: Experiências Policias e Comunitárias................................ 12 Eixo III Atendimento, Investigação e Registro da Violência Homofóbica: Diferentes Modelos................... 13 Eixo IV Violências Específicas e Políticas Diferenciadas de Prevenção e Segurança............................ 14 Eixo V Monitoramento, Avaliação e Controle Social das Políticas de Segurança para GLBT.................. 15 Contatos ............................................................................................................................. 16 Release .............................................................................................................................. 17 Este documento é um relatório resumido de propostas do 1º Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia para composição das diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia. O 1º Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia foi um evento histórico, pois reuniu no Rio de Janeiro pela primeira vez representantes de organizações GLBT, das Polícias Civil e Militar, dos Governos e de Universidades, que apresentaram propostas para o combate à discriminação e à violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Durante quatro dias, ocorreram palestras, debates e grupos de trabalhos que abordaram diversos temas na área de segurança pública para o enfrentamento da homofobia. Enfrentar os casos de discriminação e violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em todo o país com políticas consistentes e permanentes é sem dúvida um grande desafio. O Brasil convive com a alarmante estatística de uma morte de GLBT a cada dois dias, e para transformar desejo em realidade; sonho em atitude e tolerância em respeito, lideranças do movimento GLBT, policiais e representantes de governos e universidades uniram-se pela primeira vez para o I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia. O evento, cujo slogan foi Unindo esforços, ampliando diálogos, ocorreu do dia 10 ao dia 13 de abril no Hotel Rio Othon Palace - RJ. O principal objetivo do evento foi a troca de experiências de ações que vem sendo implementadas nos Estados e a construção coletiva de diretrizes para a criação do Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia, do qual participaram de sua redação mais de 300 participantes, entre eles: 100 ativistas; 30 representantes dos governos federal, estadual e municipal; 45 representantes de centros de referência de combate à homofobia; 82 representantes das Polícias Militar e Civil de todos os estados da federação e 25 representantes de universidades de vários estados, entre outros. Um dos passos seguintes será a am- 3 pliação da Câmara Técnica de Segurança para GLBT do Ministério da Justiça para que nos próximos meses o plano seja concluído, com a definição de metas, cronograma, recursos e responsáveis para sua execução. Além disso, também foi definida a realização de seminários estaduais de segurança pública para o enfrentamento da homofobia com o intuito de discutir formas de implementação das diretrizes nacionais de acordo com a realidade local. Para isso, o Governo Federal, através da Secretaria Especial de Direitos Humanos e da Secretaria Nacional de Segurança Pública, apoiará essas iniciativas nos estados. A própria realização do encontro deve ser considerada uma grande vitória por ter reunido - pela primeira vez - diferentes atores sociais para discutir o tema. Mostrou-se fundamental a divulgação e discussão de diversas experiências de ação de ativistas e policiais no combate a homofobia que até então eram pouco conhecidas. Os dados sobre a violência contra GLBT apresentados ao encontro revelam números alarmantes. Além disso, os crimes contra homossexuais vem sendo cometidos com requintes de crueldade. De um modo geral, os resultados do seminário atestam a importância e a urgência da luta e da mobilização de toda a sociedade para garantir a execução do Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia, com ações em todos os Estados. Cláudio Nascimento Coordenador Geral do I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate a Homofobia Secretário Geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo Arco-Íris/RJ Coordenador do Projeto Observatório do Programa Brasil Sem Homofobia Membro da Câmara Técnica de Segurança Pública para GLBT da SENASP. O Seminário Nacional de Segurança Pública e Com-bate à Homofobia é uma realização do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual em parceria com o Movimento D'ELLAS e contou com o apoio institucional da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais (ABGLT), foi financiado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), cofinanciado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP) e teve o apoio do Governo do SEASDH do Estado do Rio de Janeiro, Programa Nacional de DST-Aids, Grupo Criola, Centro Latino-Americano de Direitos Humanos e Sexualidade da UERJ e Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CeSEC) Universidade Candido Mendes. O Seminário faz parte das estratégias de ações na área do Programa Federal Brasil Sem Homofobia. OBJETIVO GERAL Trocar informações e experiências para a articulação e o desenvolvimento de estratégias comuns que consolidem e ampliem ações na área de segurança pública visando ao combate da discriminação e da violência contra gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais nas esferas federal e estadual, bem como à promoção da cidadania deste segmento da população, de acordo com o Programa Brasil Sem Homofobia do Governo Federal. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ampliar o diálogo entre organizações de defesa dos direitos GLBT e setores de segurança pública dos diversos níveis; Ampliar o debate e estimular a produção de conhecimento sobre o tema em Universidades de todo o país; Criar diretrizes para a elaboração de um Plano Nacional de Segurança para o Enfrentamento da Homofobia; Criar diretrizes para a elaboração de Planos Estaduais de Segurança para o Enfretamento da Homofobia, de acordo com a realidade de cada estado. METODOLOGIA A programação consistirá na realização de conferências, painéis, oficinas, grupos de trabalho e plenárias de apresentação de resultados dos GT para dialogar e consensuar propostas de ações. RESULTADOS ESPERADOS 1- Ter ampliado o diálogo entre os diversos setores participantes do seminário e identificado esforços na área de segurança pública para o enfrentamento da homofobia; 2- Ter elaborado diretrizes para a criação do Plano Nacional de Segurança para o Enfrentamento da Homofobia e dos Planos Estaduais de Segurança para o Enfretamento da Homofobia, implementando as ações previstas na área de segurança pública do Programa Brasil Sem Homofobia do Governo Federal. 4 09h às 19h30 - Credenciamento - Foyer (1º andar) 09h às 12h - Reunião Preparatória de técnicos e representantes da área de segurança pública - Itaipú A (1º andar) 12h às 14h - Almoço - Samambaia (3º andar) 13h às 14h30 - Reunião Preparatória de ativistas - Itaipú A (1º andar) 15 às 17h30 - Abertura Oficial - Itaipu B (1º andar) - Pocket Show com a cantora Leila Maria - Autoridades (Governos Federal, Estadual e Municipal e representantes do Movimento GLBT) 17h30 às 18h - Intervalo para Café - Foyer (1º andar) 18h às 19h30 - Diferença e Diversidade - Itaipu B (1º andar) Escritora e sexóloga Regina Navarro Lins 19h às 20h - Lançamentos de Livros - Foyer Itaipú A (1º andar) - Boa Noite Cinderela, Maria Teresa Moreira, Editora Zit - Legalidade Libertária, Luiz Eduardo Soares, Editora Lúmen-Juris - Legislação e Jurisprudência, LGBTTT, Organizadora Kelly Kotlinski, Coturno de Vênus, Editora Letras Livres - E ninguém tinha nada com isso, Marcelo Garcia, Editora Biruta - O Movimento Negro e o Estado : 1983-1987, Ivair Augusto dos Santos, Editora Imprensa Oficial do Estado de São Paulo - Família e Religião, Organizadores Luiz Fernando Dias Duarte, Maria Luiza Heilborn, Myriam Lins de Barros e Clarice Peixoto, Editora Contracapa 20h às 20h30 - Livre 20h30 às 23h - Jantar de Boas Vindas - Pátio Tropical (3ºandar) 8h30 às 10h45 - Painel I - Discriminações e Violências contra GLBT: Panorama atual - Itaipu A (1º andar) - Luiz Mott, Antropólogo, Professor Titular da UFBa e Fundador do Grupo Gay da Bahia - Sílvia Ramos, Mestre e Coordenadora do CESeC da UCaM/RJ - Marcio Caetano, Mestre e Vice-presidente do Grupo Arco-Íris/RJ - Roldão Arruda, Escritor e Jornalista do Jornal Folha de São Paulo/SP Coordenação: Toni Reis, presidente da ABGLT/PR Relatoria: Beth Fernandes, presidente da ASTRAL/GO 10h45 às 11h - Intervalo 11h às 12h45 - Painel II - Políticas de Segurança Pública no enfrentamento da Homofobia - Itaipu B (1º andar) - Perly Cipriano, Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da SEDH - Ricardo Balestreri, Diretor do Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública da SENASP - Fernanda Benvenuti, Presidente da ASTRAPA e Vice-presidente da ANTRA/PB - Cláudio Nascimento, Secretário Geral da ABGLT, Coordenador do Observatório do Programa Brasil Sem Homofobia/RJ, Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo Arco-Íris/RJ Coordenação: Yone Lindgren, Coordenadora Geral da ABL e Vice-presidente da ABGLT e Coordenadora do Movimento DELLAS/RJ Relatora: Bárbara Graner, coordenadora do Coletivo Nacional de Transexuais/SP 12h45 às 14h - Almoço - Samambaia (3º andar) 14h às 16h30 - Painel III - Segurança Pública, Legislação e Justiça - Itaipu B (1º andar) - Cida Diogo, Deputada Federal (PT/RJ) e Coordenadora da Frente Parlamentar Mista Pela Cidadania GLBT - Sérgio Suiama, Procurador da República em São Paulo - Sérgio Carrara, Antropólogo e Coordenador do CLAM-IMS/UERJ - Roger Raupp Rios, Juiz Federal e Dr. em Direito -Marisa Fernandes, Membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Coordenadora do Coletivo de Feministas Lésbicas - Beto de Jesus, secretário da ILGA para a América Latina e Caribe Coordenação: Marcelo Nascimento, Secretário de Direitos da ABGLT e Coordenador do Grupo Gay de Alagoas Relatoria: Marjorie Machi, presidente da ASTRA/RJ 5 16h30 às 17h - Intervalo para Café - Foyer (1º andar) 17h às 19h - Mesas: Diálogos Governamentais e Comunitários Mesa I - Formação Policial: Culturas das Instituições e Diversidade Sexual - Pontal (2º andar) - Sérgio Roberto Abreu, Tenente Coronel da PM/RS - Lydiane Maria Azevedo, Gabinete Chefe de Polícia Civil/MG - Marta Rocha, Delegada e professora da ACADEPOL /RJ - Lourival Resendo, Capitão do 2ª Cia do 7º BPM Metropolitana/SP - Cláudio Duane Martins, Capitão e Coordenador de Ensino de Graduação da PM/MG Coordenação: Weidman Lopes, presidente da ATRAM Relatoria: Edvaldo Souza, Presidente do Grupo Satyricon/PE Mesa II - Prevenção à Violência contra GLBT: Experiências policiais e comunitárias - Guaratiba (2º andar) - Carlos Eduardo Millan Guimarães, Tenente Coronel Comandante da PM do 23º BPM. - Valkiria La Roche, Diretora do CR Estadual GLBTT de Minas Gerais - Cristina Villanova, Coordenadora Geral de Ações de Prevenção SENASP - Toni Reis, Presidente da ABGLT Coordenação: Lili Andersen, Vice-presidente da ABGLT/ES Relatoria: Raimunda Denise, Diretora do Grupo Tucuxi/RO Mesa III - Atendimento, investigação e registro da violência homofóbica: Diferentes Modelos - Itaipu B (1º andar) - Francisco Orlaneudo de Lima, Coordenador do Centro de Referência Janaína Dutra- GRAB-CE - Juliana Balbino de Nadai, Advogada e Coordenadora do CAVVID da Prefeitura de Vitória - ES - Yone Lindgren, Coordenadora do CERCONVIDH e Disque Defesa Homossexual-RJ - Del. Iracy Mangueira Marques, da Delegacia Especializada de Atendimento a Grupos Vulneráveis - SE - Welton Trindade, Presidente do Grupo Estruturação/DF Coordenação de Mesa: Carlos Magno, Secretário da Região Sudeste da ABGLT e coordenador do CELLOS/MG Relatoria: Tathiane Araújo, Secretária Geral da ANTRA e Presidente da ASTRA/SE Mesa IV - Violências específicas e políticas diferenciadas de prevenção e segurança - Samambaia (3º andar) - Maria Teresa Moreira, Escritora e Relações Públicas (Livro sobre o Boa Noite, Cinderela) - Neuza das Dores, Diretora do CEDOICOM e Empreendedora Social Ashoka - Karen Bruck, Sociedade Civil e Direitos Humanos do PN DST-Aids/MS - Silvia Ramos, Mestre e Coordenadora do CESeC da UCaM/RJ - Valquiria Lucas, Delegada da Corregedoria Interna de Polícia Civil/RJ Coordenação: Alexandre Böer, Secretário da Região Sul da ABGLT/RS Relatoria: Bizan Velô, Secretário da Região Nordeste da ABGLT/SE Mesa V - Monitoramento, avaliação e Controle Social das Políticas de Segurança para GLBT- São Conrado (2 ºandar) - Marcelo Durante, Coordenador Geral de Pesquisa e Análise da Informação da SENASP - Marcelo Cerqueira, Jornalista e Presidente do Grupo Gay da Bahia - Cláudio Nascimento, Secretário Geral da ABGLT, Coordenador do Observatório do Programa Brasil Sem Homofobia/RJ, Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo Arco-Íris/RJ - Sérgio Carrara, Antropólogo e Coordenador do CLAM-IMS/UERJ - José Francisco, Ex-ouvidor de Polícia de Minas Gerais - Sandra Carvalho, Diretora da ONG Justiça Global Coordenação: Sebastião Diniz, Secretário da Região Norte da ABGLT e Coordenador do Grupo DiveRRsidade/RR Relatoria: Dani Lima, Presidente do Grupo Lésbico de Goiás/GO 19h30 às 21h - Jantar 21h às 23h - Lançamento do Vídeo Meu Mundo é Esse, de Márcia Cabral - Grupo Minas de Cor/SP e Apresentação de Curtas-Metragens Mix Brasil - Itaipu B (1º andar) 6 8h30 às 10h45 - Painel IV - Políticas de Segurança Pública para o enfrentamento da homofobia: perspectivas - Itaipu B (1º andar) - Luiz Eduardo Soares, Antropólogo, Cientista Político, Professor da UERJ e UCAM/RJ - Ricardo Balestreri, Diretor do Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública da SENASP - Cláudio Nascimento, Secretário Geral da ABGLT, Coordenador do Observatório do Programa Brasil Sem Homofobia/RJ, Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo Arco-Íris/RJ - Lúcia Xavier, Coordenadora do Grupo Criola e da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras - Ivair Augusto, Secretário Executivo do CNCD da SEDH/PR 10h45 às 11h - Intervalo 11h às 13h - Grupos de trabalho GT I - Formação Policial - Itaipú A (1º andar) Coordenação: Cris Simões, Coordenadora da ABL /SP Relatoria: Felipe Fernandes, Mestre e Doutorando da UFSC/SC GT II - Prevenção à Violência contra GLBT - Guaratiba (2º andar) Coordenação: Clovis Arantes, Secretário Regional da ABGLT/MT Relatoria: Beto Paes, Coordenador do Grupo Homossexual do Pará GT III - Atendimento, investigação e registro da violência homofóbica - Itaipu B (2º andar) Coordenação: Keila Simpson, Presidente da ANTRA/BA Relatoria: Beto de Jesus, Diretor da ABGLT/SP GT IV - Violências específicas - Samambaia (3º andar) Coordenação: Julio Moreira, Diretor do Grupo Arco-Iris/RJ Relatoria: Paulo Mariante, Membro do Grupo Identidade/SP GT V - Monitoramento, avaliação e Controle Social das Políticas de Segurança para GLBT- São Conrado (2º andar) Coordenação: Irina Bacci, Coordenadora do INOVA/SP Relatoria: Caio Varela, Assessor da ABGLT 13h às 14h - Almoço - Pátio Tropical (3º andar) 14h às 15h30 - Apresentação dos Grupos de Trabalho - Itaipu B (1º andar) 16h às 17h30 - Lançamento do Manifesto de Intelectuais, Artistas e Lideranças de Movimentos Sociais pela aprovação da criminalização da homofobia pelo Senado Federal. (projeto de lei nº 122/06 que criminaliza as práticas de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero) - Itaipu B (1º andar) 17h30 às 18h - Intervalo para Café - Foyer (1º andar) 18h às 19h30 - Reuniões satélites - Rede Nacional de Universidades com Programas de Especialização em Segurança Pública (RENAESP) - Guaratiba (2º andar) - Reunião Nacional de Academias de Polícia Civil e Escola Superior de Formação de Polícia Militar - Samambaia (3º andar) - Reunião de Ativistas GLBT e Direitos Humanos, Centros de Referência contra Homofobia e SEDH-DF - Itaipu A (1º andar) 19h30 às 21h - Jantar - Jardim Tropical (3º andar) 21h às 23h - Talk-Show com Gilles e Show de Transformistas com apresentação de Mimosa Kerr - Itaipu B (1º andar) Transformistas convidadas: Roberta Di Summer, Anúbis, Celine Mazza, Fabíola Fontenelle, Sara Nowak, Dyanlli Braga, Wanda Camburão, Lady Bynydycta, Karla Vanini, Salazar e Fujica 08h30 às 11h - Plenária de apresentação das propostas de Diretrizes para os Planos Nacional e estaduais - Itaipu B (1º andar) 11h às 11h20 - Intervalo 11h20 às 12h - Sessão de Encerramento com organização do evento e financiadores - Itaipu B (1º andar) 12h30 às 13h30 - Almoço de Confraternização - Pátio Tropical (3º andar) 15h - Saída - Check Out 7 Programação incentivou o diálogo entre diferentes atores sociais Ampliar o diálogo entre organizações na defesa dos direitos humanos de GLBTs e setores de segurança pública de diversos níveis, estimular a produção de conhecimento sobre o tema nas universidades de todo o país e criar diretrizes para a elaboração de um Plano Nacional de Segurança Pública para o enfrentamento da homofobia constituíram as finalidades do evento. Com o intuito de contribuir para uma maior participação e desenvolvimento desses objetivos, o seminário foi organizado com a seguinte estrutura: painéis, mesas redondas, grupos de trabalho e plenária final. Os painéis apresentaram e analisaram a situação das discriminações e violências contra GLBT, as políticas já existentes de segurança pública para o enfrentamento da homofobia (algumas das quais devem ser consideradas exemplares), a legislação atual e o sistema de justiça. Já as mesas redondas possibilitaram a troca de experiências de ações implementadas nos estados, tanto pelas forças de segurança quanto por grupos ativistas; além de analisar possíveis respostas governamentais e comunitárias. Nas mesas foram abordados temas como a formação policial, a prevenção à violência contra GLBT, os diferentes modelos de atendimento, a investigação e o registro da violência homofóbica, Abordou-se também o tema das violências específicas e políticas diferenciadas de segurança e monitoramento das políticas na área. Os grupos de trabalho, por sua vez, produziram propostas de diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia que foram apresentadas e acolhidas pela Plenária final. Ações de segurança pública para o combate à discriminação e à violência Diversas apresentações sobre discriminação e violência contra GLBT combinados a relatos de agressões e casos de discriminação serviram para dimensionar a real situação de violação dos direitos humanos da comunidade GLBT brasileira. A partir do diagnóstico realizado, representantes das Organizações de Defesa GLBT, de instituições policiais, de universidades e de órgãos governamentais apontaram propostas de políticas públicas consistentes e de caráter continuado de segurança para o enfrentamento da homofobia. Como diretrizes para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia foram definidas 72 ações, visando à criação de novas políticas e consolidação das já existentes. Encontram-se entre elas: prevenção à violência, através de campanhas informativas para orientar policiais e sociedade civil; inclusão dos temas do combate à homofobia e a discussão conceitual de orientação sexual e identidade de gênero no currículo das academias de polícia e de cursos de formação policial; estruturação de serviços de atendimento às vítimas de violência e investigação de crimes homofóbicos; criação de bancos de dados para registrar crimes e para acompanhar o desenvolvimento de políticas de segurança e avaliar o seu impacto social. “ A própria realização do encontro deve ser considerada uma grande vitória por ter reunido diferentes atores sociais para discutir o tema de segurança pública e combate à homofobia. ” Cláudio Nascimento Coordenador do seminário “ Nós, do movimento social, também temos que nos capacitar e compreender que é necessária a prevenção da violência. O evento me surpreendeu, foi muito além das minhas expectativas. Pensei que só o movimento participaria, mas houve interação. ” Yone Lindgren Coordenadora do Movimento D`ELLAS 8 Diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia em consonância com o Programa Brasil Sem Homofobia. O Governo Federal lançou em 25 de maio de 2004 o Programa Brasil Sem Homofobia, que tem como objetivos o combate à violência e à discriminação contra GLBT e a promoção da cidadania homossexual. O Brasil Sem Homofobia, em seu quinto eixo, referente ao Direito à Segurança: combate à violência e à impunidade, estabelece o seguinte: 17- Apoiar a criação de instrumentos técnicos para elaboração de diretrizes, de recomendações e de linhas de apoio por meio do Plano Nacional de Segurança e de outros programas para as Secretarias Estaduais de Segurança Pública e os órgãos municipais que atuam na área de Segurança Urbana, visando ao estabelecimento de ações de prevenção à violência e combate à impunidade contra gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais. 18- Estimular o desenvolvimento e o apoio na implementação de políticas públicas de capacitação e de qualificação de policiais para o acolhimento, o atendimento e a investigação em caráter não-discriminatório; a inclusão nas matrizes curriculares das Polícias e das Guardas Municipais do recorte de orientação sexual e do combate à homofobia nos eixos temáticos de direitos humanos; e a sistematização de casos de crimes de homofobia para possibilitar uma literatura criminal sobre o tema. 19- Apoiar a criação de Centros de Referência contra a discriminação, na estrutura das Secretarias de Segurança Pública, objetivando o acolhimento, orientação, apoio, encaminhamento e apuração de denúncias e de crimes contra homossexuais. 20- Criar instrumentos técnicos para diagnosticar e avaliar a situação de violação aos direitos humanos de homossexuais e testemunhas de crimes rela- 9 cionados à orientação sexual para levantar os tipos de violação, a tipificação e o contexto dos crimes, o perfil de autores e o nível de vitimização, de modo a assegurar o encaminhamento das vítimas GLBT, em serviços de assistência e proteção. 21- Propor a criação de uma Câma- ra Técnica para diagnosticar, elaborar e avaliar a promoção de políticas de segurança na área em questão." “ O seminário propiciou diálogo e confluências de propósitos no sentido de combater a homofobia, onde o poder público – através de suas academias de polícia, ministério público, prefeituras e governos dos estados e da união – trabalhou de maneira articulada com a comunidade GLBT, através de suas entidades, centros de referência e universidades. Foi um encontro de parcerias. Assim deve ser um seminário como esse. Foi um dos melhores seminários que participei. Perly Cipriano Subsecretário da Secretaria Especial de Direitos Humanos - SEDH “ ” Certamente, vai contribuir muito para a mudança da cultura policial brasileira no sentido do reconhecimento de que os operadores de segurança pública precisam cuidar e proteger de igual maneira todos os cidadãos brasileiros independentemente da sua orientação sexual. É, portanto, um evento que será um marco do processo civilizatório brasileiro. ” Ricardo Balestreri Diretor de Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública sa Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP Eixo I - Formação Policial: Culturas das Instituições e Diversidade Sexual O preconceito é resultante, entre outras coisas, de desconhecimento, desinformação e falta de discussão pública sobre a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero, entre outros tópicos relacionados às diferenças social e politicamente relevantes (raça/etnia, religião, deficiências físicas, diferenças geracionais, etc.) deve ser considerada um item específico a ser incluído na formação e nos cursos de aperfeiçoamento das Polícias, não só pelo fato de que o respeito à diferença deve estar na base da democracia, mas principalmente pela necessidade de existirem políticas específicas de segurança para a população GLBT. Nos últimos anos, em alguns estados brasileiros, desenvolveram-se várias experiências de inclusão nos currículos permanentes das Polícias Civil e Militar e em cursos especiais de Direitos Humanos a elas oferecidos, da discussão de temas como o combate à homofobia e o respeito à diversidade sexual. A participação direta de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais nessas atividades de formação policial constitui oportunidade única e freqüentemente bastante produtiva, ainda que nem sempre simples de ser estabelecida. O impacto, as vantagens e as dificuldades dessa participação foram temas desta mesa/ grupo de trabalho. É preciso também reconhecer o quão pouco a sociedade brasileira (incluindo-se aqui a população GLBT) conhece sobre o funcionamento das Polícias, suas atribuições específicas, suas carreiras e práticas. O Seminário serviu igualmente para identificar experiências de intercâmbio e para pensar propostas no sentido de reduzir a desinformação e os preconceitos que, por razões históricas, a comunidade GLBT mantém em relação à Polícia e vive-versa. Propostas 1. Incluir nos cursos de formação/aperfeiçoamento permanente de policiais e de direitos humanos, os temas de diversidade, orientação sexual e identidade de gênero e combate à homofobia/lesbofobia/transfobia no contexto da discussão sobre o respeito à diversidade (gênero, geração/idade, raça/etnia, religião, deficiência física, violência intra-familiar, etc.); 2. Incorporar a prática dos resultados de pesquisas realizadas no âmbito do movimento e/ou universidades nos processos de formação policial por meio de parcerias com as academias de Polícia, incluindo nesses cursos a participação de ativistas GLBT com a devida qualificação; 3. Ampliar a parceria com o movimento GLBT nas capacitações das polícias; 4. Compartilhar iniciativas, experiências e projetos de formação e capacitação existentes em outros Ministérios; 5. Garantir nas grades de formação policial, a discussão sobre o tema da orientação sexual e identidade de gênero; incluindo o debate sobre relacionamento intrafamiliar; 6. Acrescentar nas capacitações materiais informativos referentes aos GLBTs profissionais do sexo; 7. Criar materiais (VHS, DVD, publicações) com informações conceituais sobre o combate à homofobia, experiências já realizadas tanto pelo movimento GLBT, universidades e academias de polícias; 8. Estabelecer recomendações para formação policial, por parte do Governo Federal,através da SENASP, para gestores de segurança públicas estaduais e municipais; 9. Incluir nas grades de formação, tipos de abordagens específicas, por parte das polícias, às travestis e transexuais, tratando-as (os) pelo nome social e não o nome de registro, levando em consideração suas especificidades; 10. Promover capacitação para as corporações visando identificar a tipificação da violência em decorrência da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero nos registros policiais com qualificação da vítima; 11. Conhecer modelos de Formação Policial já em execução em outros países, em especial no MERCOSUL, buscando a construção de referências e marcos lógicos inter-regionais e transnacionais. 12. Ampliar a capacitação em direitos humanos e combate à homofobia para os agentes penitenciários; 13. Criar, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP), banco de dados com o conteúdo dos cursos e capacitações existentes; 14. Ampliar a parceria entre a SENASP e o Ministério da Educação (MEC), no que se refere à capacitação e à formação de policiais, nos estados e municípios; 15. Propor medidas que garantam a igualdade de direitos dos operadores de Segurança Pública por meio de decretos, portarias, etc., como, por exemplo, os direitos previdenciários; 16. Criar mecanismos de incentivo aos profissionais, para que eles possam assumir a sua orientação sexual dentro das corporações; 17. Sistematizar os dados de segurança pública relativos à violência e discriminação contra GLBTs 18. Convidar policiais para debates dentro de encontros e seminários promovidos por grupos GLBT, buscando a aproximação e desestigmatização do trabalho policial; 19. Capacitar continuamente os/as policiais no acolhimento dos/das denunciantes, evitando constrangimentos devido à orientação sexual e à identidade de gênero, bem como seus familiares, amigos e/ou acompanhantes; 11 Eixo II - Prevenção à Violência contra GLBT: Experiências policias e Comunitárias Embora tradicionalmente as Polícias sejam vistas como instituições que devem ser acionadas somente depois que os crimes acontecem, muito é possível fazer para prevenir a ocorrência de violências ou para reduzir sua freqüência ou impacto. Por exemplo, o mapeamento de crimes mais freqüentes em determinados locais e horários,o estabelecimento do modus operandi do agressor e a identificação das comunidades mais atingidas são tarefas que também podem ser realizadas a partir de uma parceria entre polícias, universidades e movimento GLBT. Levantamentos deste tipo podem ser extremamente úteis para prevenir ou reduzir a criminalidade homofóbica. Algumas experiências relativas ao policiamento preventivo voltado para a segurança de blocos de carnaval e a presença de policiais não uniformizados em áreas de freqüente violência contra homossexuais atestam a eficácia dessas práticas. “ Sem dúvida, é um importante passo para a construção de uma sociedade que respeita as diferenças. O Seminário traz uma importante contribuição para o combate à homofobia em nosso país. Regina Navarro Lins Escritora e Sexóloga ” Propostas 1.Promover campanhas sistemáticas contra homofobia, de âmbito Nacional, Estadual e Municipal, com responsabilidade dos governos, em articulação com a sociedade com enfoque na não-violência contra a população GLBT; 2. Promover ações especiais de policiamento preventivo em espaços de freqüência GLBT e eventos (como carnaval, Paradas GLBT e outros) significativos para a população GLBT; 3. Elaborar materiais educativos, informando a população GLBT, sobre os instrumentos legais e formas de acionar as forças de Segurança em situação de ameaça e risco; 4. Identificar nas corporações policiais, de técnicos experientes em violência contra GLBT e inclusão de suas recomendações em materiais informativos, produzidos em parceria com o Movimento GLBT (panfletos, cartilhas, boletins da comunidade, cartazes, etc.); 5. Fomentar a divulgação midiática de atividades conjuntas entre Polícias e grupos GLBT, assim como divulgação do resultado de ações de investigação de crimes e violências homofóbicas; 6. Identificar e divulgar as lições aprendidas de prevenção à violência contra GLBT das Polícias comunitárias já em execução em outros países, em especial no MERCOSUL, buscando com isso a construção de referenciais e marcos lógicos inter-regionais/ transnacionais; 7. Criar campanha televisiva, pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Secretaria de Comunicação (SECOM) sobre homofobia; 8. Criar mecanismos de participação efetiva do Movimento GLBT na elaboração dos planos estaduais e municipais de segurança pública. 12 Eixo III - Atendimento, investigação e registro da violência homofóbica: Diferentes Modelos. Ao longo dos últimos anos, diversas formas de enfrentar os problemas específicos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em relação à violência e à Justiça se desenvolveram no Brasil. Desde o DDH - Disque Defesa homossexual criado na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, em 1999, que já tinha sido precedido por serviços de atendimento à violência em ONGs, até a data de hoje com 48 Centros de Referência de apoio a GLBT locados em diversas Secretarias Estaduais e Municipais, em Assembléias Legislativas e Câmara de Vereadores ou em ONGs e Universidades, os modelos de atuação conjunta da sociedade civil com as instituições públicas são muitos. Avaliando essas experiênPropostas cias, é possível verificar que cada uma delas tem aspectos positivos e limitações; vantagens e desvantagens nas suas ações. O objetivo desta mesa / grupo de trabalho foi analisar essas experiências; identificar os aspectos fortes e fracos de cada modelo e discutir a idéia da criação de serviços policiais específicos para a população GLBT (delegacias, núcleos, pólos de atendimento) a exemplo das Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM), criadas por demanda do movimento feminista; além disso, analisar as vantagens das ligações diretas com as Secretarias de Segurança e as articulações com as Polícias. Discutiu-se também os temas de violência homofóbica, abordandose o dilema entre a preservação da privacidade das vítimas e o registro sistemático do número de agressões a GLBT, e a oportunidade de se criar práticas e dispositivos específicos no atendimento às vitimas e investigação dos crimes. “ O encontro foi histórico no sentido de reunir a Comunidade GLBT e os operadores de segurança pública, porque se conseguiu elaborar diretrizes claras para a segurança pública no Brasil. ” Toni Reis Presidente da ABGLT 1. Promover estudos sobre o registro, o atendimento e a investigação da violência homofóbica, através das iniciativas existentes referentes a: a) Delegacias, pólos, unidades, centros de referências, divisões ou núcleos policiais especializados nas questões GLBT; b) Centros de Referência que articulam movimento social, poder público (executivo e legislativo), universidades e ONG's; c) Bancos de dados (municipais, regionais e nacionais) que auxiliem no registro e no acompanhamento das políticas de segurança e seu impacto; d) Bancos de dados a partir dos Centros de Referência, respeitando a questão temporal e a capacidade instalada; e) Ações voltadas à melhoria da investigação referente à violência contra GLBT; 2. Analisar e incorporar os aspectos positivos das experiências das Delegacias de Atendimento às Mulheres; 3.Identificar modelos de prevenção já em execução em outros países, em especial no MERCOSUL, buscando a construção de referenciais e marcos lógicos inter-regionais/ transnacionais; 4. Criar formulário específico para registrar a violência homofóbica; 5. Realizar campanha de sensibilização para policiais no tocante ao acolhimento das demandas da comunidade e apropriação dos serviços por parte da comunidade, buscando as delegacias para fazer denúncias; 6. Mapear e monitorar todas as delegacias da mulher, com intuito de identificar o modo como têm acolhido mulheres lésbicas, transexuais e bissexuais; 7. Incluir as perspectivas das lésbicas e transexuais nos Centros de Referências de Prevenção e Combate à Violência contra a mulher, que possam acolhê-las e integrá-las a um programa de proteção à vítima de violência doméstica, garantindo acesso a abrigo e aos programas sociais do Governo Federal, como a bolsa-família, conforme LEI Maria da Penha; 8. Ampliar o horário de atendimento das Delegacias de Atendimento às Mulheres e integrá-las às demais delegacias; 9. Recomendar às instituições de Segurança Pública o reconhecimento da cidadania de transexuais, garantindo o acesso e o acolhimento por meio de abordagem específica 10. Preparar e treinar equipes multidisciplinares (psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, etc.) para o atendimento específico à comunidade GLBT; 11. Tornar opcional e não obrigatória a declaração da orientação sexual e identidade de gênero nos Boletins de Ocorrência; 12. Reforçar e ampliar a atuação da Câmara Técnica, da SENASP, criando uma rede de vários atores (delegacias, Procuradorias, Defensorias Públicas, Centros de Referências, ONGs, universidades, etc.) para o atendimento das demandas da comunidade GLBT; 13. Estimular Políticas Públicas que promovam a autonomia, orçamento próprio e mandato desvinculado do governo para as ouvidorias de polícia; 14. Estimular a participação social na discussão sobre novos modelos democráticos de polícia para o Brasil; 13 Eixo IV - Violências específicas e políticas diferenciadas de prevenção e segurança A homofobia se manifesta de múltiplas formas. Embora as várias agressões e discriminações que compõem as dinâmicas mais freqüentes da homofobia possam atingir qualquer GLBT, verifica-se a predominância de certas modalidades de violência contra determinados grupos. Por exemplo, lésbicas são mais vítimas de violências familiares e interpessoais do que outros grupos; gays são mais freqüentemente vítimas de chantagens, extorsões e do golpe Boa Noite Cinderela e violência física; travestis e transexuais são destacadamente vítimas de violências físicas, além de sofrerem muitas outras agressões graves. Os grupos são indistintamente vítimas de violências verbais e ameaças, em altas proporções conforme dados de várias pesquisas realizadas no país durante as Paradas do Orgulho GLBT. A idéia da mesa e do grupo de trabalho foi identificar e compreender as diferentes dinâmicas dessas violências específicas e apontar formas criativas e proativas para “ O interesse dos participantes em traçar diretrizes comuns para a efetivação da Segurança Pública no combate à homofobia nas diversas regiões, levando-se em consideração a especificidade de cada local, é uma realidade possível e urgente a ser construída conjuntamente pelo Poder Público com o movimento social. Lili Andersen Vice-presidente da ABGLT. ” Propostas 1. Considerar os homicídios motivados pela orientação sexual ou identidade de gênero como crimes a serem objetos de investigação policial especializada, acompanhados pelo Ministério Público em sua tramitação na Justiça; 2. Criar Grupos de Trabalho e parcerias voltadas especificamente para as violências "invisíveis" (agressões no contexto familiar, nas populações confinadas, nas escolas e nas chamadas violências interpessoais), junto às Secretarias de segurança Pública dos Estados, às Secretarias de Saúde, e abertos à participação de outras Secretarias e de organizações da sociedade civil; 3.Criar nas Secretarias de Seguranças Públicas dos Estados grupos de investigação especial com o objetivo de identificar, prender, e levar criminosos contumazes à Justiça, no que se refere à desarticulação de quadrilhas, de chantagistas e de aplicadores do golpe "Boa Noite Cinderela", tráfico de seres humanos, grupos neonazistas, gangues que ataquem travestis e transexuais e crimes na internet; 4. Estimular a participação das vítimas no reconhecimento de agressores, no acompanhamento do inquérito policial e no julgamento na Justiça, garantindo-lhes também proteção durante os processos, inserindo-os nos programas de proteção às testemunhas; 5. Criar um Grupo de Trabalho Misto, integrando Defensoria Pública, Ministério Público, Ordem de Advogados do Brasil (OAB), movimento GLBT e Secretarias de Segurança Pública dos Estados para abordar, especificamente, o tema da violência policial contra a população GLBT, especialmente contra travestis e transexuais, estabelecendo com as Ouvidorias ou as Corregedorias das Polícias, acompanhamento dos casos; 6. Garantir nos Grupos de Trabalho Mistos a presença de representantes de lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais, contemplando-se ainda outros recortes, tais como jovens deficientes físicos e/ ou idosos, diversidade de cor/ raça e a representação de diferentes extratos sociais; 7. Propor intercâmbio com modelos de políticas públicas de prevenção às violências cometidas contra GLBT já em execução em outros países, em especial no MERCOSUL, buscando a construção de referências e marcos lógicos inter-regionais/ transnacionais; 8. Estender a lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais o mesmo direito à visita íntima a suas/seus parceiras/os, autorizada a heterossexuais; 9. Revisar os procedimentos de abordagem policial para a garantia do direito à livre expressão da afetividade e do direito de ir e vir; 10. Criar conselhos deliberativos de segurança pública, paritários, e com critérios democráticos para a participação da sociedade civil; 11. Ampliar o acesso ao registro de ocorrência virtual, já existentes para diversos tipos de crimes; 12. Reformular as especificações dos registros de ocorrências policiais, no tocante à orientação sexual e identidade de gênero; 14 Eixo V - Monitoramento, avaliação e Controle Social das Políticas de Segurança para GLBT. Para o êxito do Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia será necessário contemplar na sua matriz lógica, o monitoramento, avaliação e controle social. É necessário que conselhos, câmaras técnicas, grupos de trabalho, etc, reconheçam e garantam a participação de ativistas gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais para os quais e com os quais tais políticas são desenhadas e executadas. O trabalho de monitoramento, avaliação e controle da política de segurança para GLBT depende do grau de engajamento dos diferentes atores sociais envolvidos. Tais atores devem, em conjunto, definir os indicadores de tais políticas e acompanhar sua evolução ao longo do tempo. O papel dessa mesa/ grupo de trabalho foi iniciar esse Propostas processo para nomear os indicadores que irão corroborar para o sucesso dessas políticas. Além disso, para efetivação das políticas públicas de segurança para enfrentamento da homofobia, os governos devem estabelecer e implementar mecanismos de acompanhamento e avaliação das políticas públicas realizadas nos diversos níveis. Esse trabalho depende fundamentalmente da qualidade e do fluxo de informações sobre as modalidades e a intensidade da violência que atinge GLBT. Essas informações são cruciais para o estabelecimento do "diagnóstico" da situação sobre a qual se vai atuar e para o conhecimento do impacto das ações empreendidas. Nesse sentido, discutir monitoramento, avaliação e controle das políticas de segurança para GLBT é também discutir os sistemas de informação sobre violência homofóbica existentes no Brasil e os que serão necessá-rios implementar no futuro. “ Indiscutivelmente esse Seminário é um sinal de mudança. Percebemos que os campos devem se misturar mais e o que historicamente ficava em campos opostos podem e devem jogar juntos. A experiência vivida junto aos operadores de segurança pública do nosso país, por ocasião do debate sobre a homofobia já marca lugar e espaço na história. Beto de Jesus Membro da Executiva da ABGLT ” 1. Monitorar, avaliar e participar do ciclo orçamentário nas três esferas governamentais, garantindo, efetivamente, a implementação e ampliação das políticas de segurança pública voltadas para o segmento GLBT, por meio de ações de controle social do movimento GLBT; 2. Monitorar os recursos dos diferentes fundos de políticas sociais; 3. Sistematizar, consolidando a participação do movimento GLBT nos Conselhos de Direitos Humanos e de Segurança Pública, e incentivar a criação dos mesmos onde não existam; 4. Incentivar e fortalecer a participação do movimento GLBT em redes e fóruns de Direitos Humanos e Segurança Pública; 5. Realizar pesquisas sobre o impacto das políticas de Segurança Pública e Combate à Homofobia, bem como pesquisas a cerca da violência e discriminação sofridas pela população GLBT, realizadas em parceria com: Universidades, Institutos de Pesquisa, Núcleos de referência GLBT e Centros de Referência GLBT; 6.Produzir, pelos órgãos de segurança, sistematicamente relatórios para o acompanhamento periódico e avaliação das ações de segurança pública para enfrentamento da homofobia nos diversos âmbitos; 7. Identificar modelos de monitoramento, avaliação e controle social das políticas de segurança já em execução em outros países, em especial no MERCOSUL, buscando a construção de referências e marcos lógicos interregionais/transnacionais; 8. Construir indicadores para o monitoramento e avaliação do trabalho realizado pelos Núcleos e Centros de Referência de Combate a Homofobia, SENASP, SEDH; 9. Criar mecanismos de coleta de denúncias e acolhimento nas corregedorias, ouvidorias de polícia e Ministério Público. 15 Grupo Arco-Íris (21) 2208-2799 (21) 2238-8292 www.arco-iris.org.br Movimento D`ELLAS (21) 3813-1960 (21) 3077-9119 [email protected] ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais www.abglt.org.br SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública (61) 3429-3780 (61) 3429-3854 http://www.mj.gov.br/senasp SEDH - Secretaria Especial de Direitos Humanos (61) 3429-3142 (61) 3429-3454 www.presidencia.gov.br/sedh 16 Policiais e Ativistas Homossexuais criam Plano Nacional de Segurança Pública para Enfrentamento da Homofobia O 1º Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia foi um marco na história, pois reuniu no Rio de Janeiro pela primeira vez representantes de organizações gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (GLBT), das Polícias Civil e Militar, dos Governos e de Universidades, que apresentaram propostas para o combate à discriminação e à violência contra homossexuais. Durante quatro dias, ocorreram palestras, debates e grupos de trabalhos que abordaram diversos temas na área de segurança pública para o enfrentamento da homofobia. Sem dúvida, um grande desafio: enfrentar os casos de discriminação e violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em todo o país com políticas consistentes e permanentes. O Brasil convive com a alarmante estatística de uma morte de GLBT a cada dois dias, e para transformar desejo em realidade; sonho em atitude, e tolerância em respeito, lideranças do movimento GLBT, policiais e representantes de governos e universidades uniram-se pela primeira vez para o I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia. O evento, cujo slogan foi Unindo esforços, ampliando diálogos, ocorreu do dia 10 ao dia 13 de abril no Hotel Rio Othon Palace – RJ. Segurança Pública é para todos O principal objetivo do seminário foi a construção coletiva de diretrizes para a criação do Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia, elaborado por mais de 300 participantes, entre eles: 100 ativistas; 30 representantes dos governos federal, estadual e municipal; 45 representantes de centros de referência de combate à homofobia; 82 representantes das Polícias Militar e Civil de todos os estados da federação e 25 representantes de universidades de vários estados, entre outros. Um dos passos seguintes será a ampliação da Câmara Técnica de Segurança para GLBT do Ministério da Justiça para que nos 17 próximos três meses o plano seja concluído, com a definição de metas, cronograma, recursos e responsáveis para sua execução. O evento também definiu a realização de seminários estaduais de segurança pública para o enfrentamento da homofobia com o intuito de discutir formas de como implementar as diretrizes nacionais de acordo com a realidade local. Para isso, o Governo Federal, através da Secretaria Especial de Direitos Humanos e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, se comprometeu a apoiar essas iniciativas nos estados. Para o coordenador do evento, Cláudio Nascimento, a realização do encontro já é uma grande vitória por ter reunido – pela primeira vez – diferentes atores da sociedade para discutir o tema: “Fizemos história com esse seminário. Foi muito rico saber da existência de diversas experiências de ações de ativistas e policiais no combate à homofobia que sequer tínhamos conhecimento”. Segundo ele, a violência contra GLBT apresenta dados alarmantes: “Os crimes contra homossexuais são cometidos com requintes de crueldade. É uma vergonha baixar a cabeça para qualquer tipo de violência. Por isso, vamos lutar e mobilizar toda a sociedade para garantir a execução do Plano Nacional de Segurança Pública para o Enfrentamento da Homofobia com ações em todos os Estados”, completa Nascimento que também é Coordenador de Direitos Humanos e Políticas Públicas do Grupo ArcoIris, Secretário Geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e membro da Câmara Técnica de Segurança Pública para GLBT. Pesquisas confirmam violência homofóbica No Brasil, nos últimos 15 anos, mais de 2.500 homossexuais foram assassinados em razão da sua orientação sexual e identidade de gênero. Só em 2006, foram cometidos 88 assassinatos pelas mesmas razões, segundo dados do Grupo Gay da Bahia. Os índices de homossexuais agredidos ou discriminados historicamente se situam em patamares muito elevados. Em 2004 e 2005, pesquisas realizadas na Parada do Orgulho GLBT do Rio de Janeiro pelo Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual, pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos da UERJ (CLAM) e pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC) revelaram um preocupante quadro: 64,8% dos entrevistados já foram vítimas de discriminação por orientação sexual e 61,5% sofreram agressão física. Outras pesquisas em Paradas nos estados de São Paulo e de Pernambuco em 2006 apresentaram dados semelhantes: 62% dos entrevistados disseram já terem sofrido algum tipo de agressão e 69% foram discriminados. Dos casos de discriminação ou violência relatados nessas pesquisas, menos de 10% registraram ocorrência, fato que desafia o sistema de segurança pública a se preparar e estruturar serviços de atendimento e investigação diferenciados. “Nós, do movimento social, também temos que nos capacitar e compreender que é necessária a prevenção da violência. O evento me surpreendeu, foi muito além das minhas expectativas. Pensei que só o movimento participaria, mas houve interação”, declarou a coordenadora do Movimento D´ELLAS e vice-presidente da ABGLT, Yone Lindgren. Programação incentivou o diálogo entre diferentes atores sociais Ampliar o diálogo entre organizações na defesa dos direitos GLBT e setores de segurança pública dos diversos níveis, estimular a produção de conhecimento sobre o tema em universidades de todo o país e criar diretrizes para a elaboração de Planos Nacional e Estaduais de Segurança Pública para o enfrentamento da homofobia constituíram as finalidades do evento. De acordo com o Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH-PR), Perly Cipriano, “o seminário propiciou diálogo e confluências de propósitos no sentido de combater a homofobia, onde o poder público – através de suas academias de polícia, ministério públi- co, prefeituras e governos dos estados e da união – trabalhou de maneira articulada com a comunidade GLBT, através de suas entidades, centros de referência e universidades. Foi um encontro de parcerias. Assim deve ser um seminário como esse. Foi um dos melhores seminários, de que participei”. Com o intuito de contribuir para uma maior participação e desenvolvimento dos objetivos, o seminário foi organizado com a seguinte estrutura: painéis, mesas redondas, grupos de trabalho e plenária final. Os painéis apresentaram e analisaram a situação das discriminações e violências contra GLBT, as políticas já existentes e exemplares de segurança pública para o enfrentamento da homofobia, a legislação atual e o sistema de justiça. Já as mesas redondas possibilitaram a troca de experiências de ações implementadas nos estados, tanto pelos policiais quanto pelos ativistas; além de analisar possíveis respostas governamentais e comunitárias. Nas mesas foram abordados temas como formação policial, prevenção à violência contra GLBT, diferentes modelos de atendimento, investigação e registro da violência homofóbica, análise das violências específicas e políticas diferenciadas de segurança e monitoramento das políticas de segurança na área. Os grupos de trabalho, por sua vez, produziram propostas de diretrizes para o Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia que foram apresentadas e acolhidas pela Plenária final. O Secretário Executivo do Conselho Nacional de Combate à Discriminação da SEDH–PR, Ivair Augusto dos Santos, complementou: “O seminário foi muito bom porque possibilitou a criação de um espaço de debates e troca de idéias no campo dos direitos humanos e combate à homofobia. O evento abordou um tema sensível que é o de segurança pública, o que prova a maturidade do movimento GLBT.” Ações de segurança pública para o combate à discriminação e à violência Diversas apresentaçãoes sobre discriminação e violência contra homossexuais combinados a relatos de agressões e casos de discriminação serviram para dimensionar a real situação de violação aos direitos da comunidade GLBT. A partir do diagnóstico realizado, representantes das organizações de defesa GLBT, das instituições policiais, acadêmicas e governamentais apontaram propostas de políticas públicas consistentes e de caráter continuado de segurança para o enfrentamento da homofobia. Como diretrizes para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia foram definidas 72 ações, visando à criação de novas políticas e consolidação das já existentes. Entre estas ações, estão: prevenção à violência, como campanhas informativas para orientar policiais e sociedade civil; inclusão dos temas do combate à homofobia e de conceitos sobre orientação sexual e identidade de gênero no currículo das academias de polícia e de cursos de formação policial; estruturação de serviços de atendimento de vítimas de violência e investigação de crimes homofóbicos; criação de bancos de dados para registrar crimes, acompanhar políticas de segurança e o seu impacto na sociedade. Para o Diretor do Departamento de Pesquisa, Análise de Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), Ricardo Balestreri, "o evento vai entrar para a história da Segurança Pública e dos Direitos Humanos no Brasil como o grande ponto de partida para a construção de políticas públicas de combate à homofobia e promoção da diversidade como um valor democrático. Certamente, vai contribuir muito para a mudança da cultura policial brasileira no sentido do reconhecimento de que os operadores de segurança pública precisam cuidar e proteger de igual maneira todos os cidadãos brasileiros independentemente da sua orientação sexual. É, portanto, um evento que será um marco do processo civilizatório brasileiro." Artistas e intelectuais iniciam campanha a favor da lei de combate à homofobia O I Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia marcou também o lançamento do Manifesto de Intelectuais, Artistas e Líderes de Movimentos Sociais no dia 12 de abril. O documento exige a aprovação do Projeto de Lei 122/2006, que define como crime a homofobia, equiparando-a com a prática do racismo. Este projeto de lei já foi aprovado na Câmara dos Deputados e atualmente está em andamento no Senado Federal – em exame na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). A cerimônia de lançamento do Manifesto contou com a presença de Jean Wyllys e da Senadora Fátima Cleide (PT/RO) – relatora do projeto de lei -, além de diversas lideranças do movimento GLBT. O Manifesto de Intelectuais, Artistas e Líderes de Movimentos Sociais tem o apoio de Adriana Calcanhoto, Betty Faria, Chico Buarque, Cissa Guimarães, Claudia Raia, Eduardo Moscovis, Elke Maravilha, Fernanda Abreu, Giulia Gam, Leda Nagle, Leila Maria, Letícia Sabatella, Marieta Severo, Marília Pêra, Marina Lima, Marisa Monte, Milton Cunha, Patrycia Travassos, Renata Sorrah, Sonia Braga, Tuca Andrada e Vera Holtz. Entre os intelectuais figuram: Alba Zaluar, Emir Sader, Luiz Eduardo Soares, Maria Luiza Helbourn. A campanha percorrerá todos os estados brasileiros para arregimentar mais adesões. Em maio, o Manifesto será entregue ao presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com a presença de artistas e intelectuais. O Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate à Homofobia é uma realização do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual em parceria com o Movimento D`ELLAS. O seminário contou com o apoio institucional da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais (ABGLT), foi financiado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), co-financiado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP) e teve o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Programa Nacional de DST-Aids, Grupo Criola, Centro LatinoAmericano de Direitos Humanos e Sexualidade da UERJ e Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CeSEC) – Universidade Candido Mendes. O evento é parte integrante das estratégias de ação na área de segurança pública do programa Brasil Sem Homofobia. 18 Realização Apoio Institucional Financiamento Secretaria Especial dos Direitos Humanos Secretaria Nacional Ministério de Segurança Pública da Justiça GOVERNO FEDERAL Apoio Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos Co-financiamento GOVERNO FEDERAL