PÓS-GRADUAÇÃO PROJETO “AVEZ DO MESTRE” Um Estudo Sobre a Evolução da Matemática como uma Ciência Intuitiva Por Mauro Lúcio Feital Orientador Prof. Marco Antônio Chaves Rio de janeiro, RJ, agosto de 2001 PÓS-GRADUAÇÃO PROJETO “A VEZ DO MESTRE” Um Estudo Sobre a Evolução da Matemática como uma Ciência Intuitiva Por Mauro Lúcio Feital Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Docência do Ensino Fundamental e do Grau Médio. Rio de Janeiro,RJ, agosto de 2001 II Genealogia de nossos digitos segundo Karl Menninger, Zahlwort Göttingen, RFA:Vanderhoeck & Ruprecht, 1957-1958, 2 vols) II,233. III und Ziffer ( DEDICATÓRIAS. Quero dedicar este trabalho, ao qual me entreguei com a vontade de todos os grandes projetos de minha vida: A meus saudosos pais, Seu Jovito e D. Zilpa, que sempre acreditaram em mim. Às mulheres da minha vida, Maria de Lourdes, . que enquanto viva, sempre me tolerou e a Idelícia F. Feital que sempre me incentivou A meu filho Marcus Thadeu, e a meus enteados Carlos Antônio e João Ricardo que sempre fizeram a minha vida o mais colorida e agitada possível. IV AGRADECIMENTOS. Quero agradecer á todos aqueles que tornaram possível a execução deste trabalho: Aos mestres que me orientaram na sua elaboração, e especialmente, a minha esposa Idelícia, que se permitiu privar de minha presença durante todas as horas necessárias a sua execução. V “A educação esteve, portanto, nos alicerces das nações modernas desde as primeiras revoluções antifeudais do século XVI. Na Inglaterra a energia que lançaria na História seu imenso império - alem da Revolução Industrial – veio desses impulsos remotos, que exorcizaram a fatalidade como explicação para os infortúnios da vida, fizeram o domínio da natureza parecer possível e desejável, transformaram a ampla cidadania numa fonte de vitalidade nacional. Nisso não foi exceção. Foi regra histórica. Um século e meio depois dos Ingleses, as revoluções francesas e prussianas retomariam a universalização da educação como chave do igualitarismo e também para multiplicar cidadãos formados em ofícios mais práticos do que a cultura de nobres letrados. Todas estas revoluções, não por acaso, produziram impérios políticos e econômicos.” Sérgio Costa Ribeiro -VEJA- 25 ANOS – Reflexões para o Futuro VI SUMÁRIO RESUMO…………………………………………………………………………6 INTRODUÇÃO: ………………………………………………………………….7 CAPÍTULO I – A Grafia, O Simbolismo, e o Pensamento Lógico.....……..…10 CAPÍTULO II- A Matemática grega: Ascenção e Decadência...............……...15 CAPÍTULO III- A China e a Índia, novas ideias e novos símbolos.............…...17 CAPÍTULO IV- A contribuição Árabe ………………..……………….…….…22 CAPÍTULO V- O papel da Idade Média…………….……………………….….23 CAPÍTULO VI- O Renascimento…………….. …………………………….…...25 CAPÍTULO VII- Do Renascimento ao Mundo Moderno………………….…...28 CONCLUSÕES- …………………………………………………………………..31 BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………..…34 ANEXOS VII RESUMO O objetivo deste trabalho monográfico é apresentar um estudo sobre a evolução da ciência da matemática, desde, aproximadamente, 2500 anos AC até a era moderna, como de caracter espontâneo/intuitivo/evolutivo, em que os conhecimentos produzidos nas diversas culturas em épocas anteriores, serão sempre utilizados por seus estudiosos ou seguidores, mesmo que de outras culturas, em novos avanços, em um caracter sempre cumulativo e muito significativo. A tese abordada por este trabalho procura estudar, analisar e demonstrar que, da teoria dos números ao conhecimento de métodos matemáticos, póde ser abservado que nenhum povo ou cultura desenvolveu seu conhecimento de maneira isolada e estanque. A conclusão observada, seria de que todas as culturas, de alguma forma, aproveitaram algum desenvolvimento oriundo de alguma cultura anterior ou vizinha, mesmo que para corrigir deficiências próprias. Algumas enfatizando mais um aspecto peculiar, devido às suas necessidades ou interesses, outras esta enfatizando outros aspectos. Contudo, evolução sempre foi contínua, com alguns saltos mais significativos em determinadas oportunidades, quando por força do surgimento de algum estudioso mais bem dotado intelectual e intuitivamente, se conseguia suprir alguma lacuna de conhecimento muito significativa. Pode ser observado ainda nas conclusões que, nos períodos de grande estagnação cultural, esta certamente foi provocada pela descontinuidade de conhecimento da cultura anterior ou vizinha, o que foi demonstrado muito significativamente no Período Medieval e até no Renascimento. VIII INTRODUÇÃO Elza F. Gomide, na Apresentação, pg 18, da sua tradução da “ A História da Matemática” ( BOYER,Carl B. A História da Matemática. 2 Ed.São Paulo,Edgard Blücher,1996), cita “ ...A história das dificuldades , esforços, tempos envolvidos em toda a evolução da matemática dá a medida da grandeza desta realização humana. Não deixa persistir a impressão, que o ensino pode dar, de algo que caiu do céu pronto e perfeito. Tudo, inclusive o que já nos parece trivial, agora que sabemos alguma coisa, tudo nos custou erros, tentativas, até que um resultado fosse construido...” Durante toda a vida acadêmica, foi sempre persistente aquela leve impressão de que poderia faltar alguma coisa. De onde teria surgido tal gama de conhecimentos que foi sendo apresentada, desde os tempos de alfabetização? Conhecimentos que davam sempre aquela impressão de origem mágica, quase divina, sem que nunca se apresentassem ou fossem claras sequer, maiores informações sobre a forma e o custo da aquisição de tal saber? Exceto a origem arábica da grafia dos números, raramente era informado ou conhecido algo mais que o pretenso autor intelectual deste ou daquele teorema, desta ou daquela equação, deste ou daquele método. A luta pela aquisição do conhecimento profissional, e a sua implantação nas atividades afins de realização, relegou, se não ao esquecimento, pelo menos ao segundo plano todas estas indagações. Contudo, sempre se aguardou uma oportunidade para esclarecer estas dúvidas e se aprofundar no caminho trilhado por outros para que se pudesse chegar ao estágio atual deste saber. Esta oportunidade surgiu com a realização deste trabalho, com o qual se pretende, se não tirar todas as dúvidas, o que seria de muita pretensão para uma pequena monografia, mas pelo menos esclarecer algumas e ainda balizar um caminho e apontar uma direção em um possível trabalho futuro de maior vulto. Em todo o desenvolvimento deste trabalho sempre houve a preocupação e uma premissa básica em apontar as idéias dos vários autores pesquisados sobre o “ IX COMO ? “ e principalmente o “ PORQUE ? ”, as quais sempre foram as dúvidas presentes todos estes anos. Sempre foi tambem uma grande dúvida, o método pelo qual se poderiam esclarecer as razões do desenvolvimento desta ciência, que foi sempre pré-julgada, durante a vida profissional, ser essencialmente intuitiva. Mas nesta possibilidade, por que só alguns “ iluminados “ conseguem ter esta divina intuição que os leva a conseguir respostas inesperadas à dúvidas inexplicáveis ? KUHN, Thomas S. na sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas. 5 Ed.São Paulo. Perspectiva,2000, pg 23, relata que pretendia desenvolver uma determinada dissertação para Mestrado em Física, contudo, diz ele, “... um afortunado e inesperado envolvimento em um curso de História da Ciência em que se apresentavam teorias e práticas cientificas antiquadas veio a minar radicalmente algumas das minhas concepções básicas a respeito da ciencia e das razões do sucesso desta...” e concluiu por enfluenciar e mudar drasticamente seus planos de pesquisa e profissionais. Esta conclusão, de imediato, possibilitou tambem balizar este trabalho logo direcionado para a pesquisa histórica, na procura das respostas almejadas. Assim, uma dificuldade inicial às respostas a primeira pergunta ( o COMO?), logo foi encontrada ao pesquisar a bibliografia sobre o assunto. Poucas e dificeis de encontrar são as obras sobre o assunto. E, se no dizer de Elza Gomide “...São muitas as Histórias (sobre a matemática), não muitas as que são boas...”, nota-se, ao pesquisar a sua tradução da obra de BOYER, algumas referências às obras de origem alemã ou francesa, poucas às de lingua inglesa e, pode-se constatar durante toda esta pesquisa, quase inexistentes, às de origem ou vertida ao português. Esta dificuldade, que sempre se constituiu em um obstáculo muito grande aos fins pretendidos e limitou imensamente o campo de pesquisa, porem não impediu de concluir o objetivo proposto inicialmente. A resposta a segunda pergunta ( o POR QUE?), certamente estaria embutida no contexto cultural dos povos pesquisados, nas suas necessidades e, eventualmente, X como se pode ver neste estudo e nos clássicos gregos, na profunda inquietação da alma humana. Esta pesquisa foi desenvolvida segundo uma metodologia Descritiva, Qualitativa, Bibliográfica, utilizando os pensamento e as informações dos vários autores relacionados na bibliografia apresentada. XI CAPÍTULO I A Grafia, O Simbolismo, e o Pensamento Lógico BOYER,Carl B. A História da Matemática. 2 Ed.São Paulo,Edgard Blücher,1996, tambem não apresenta respostas às questões iniciais levantadas. Pelo contrário, deixa mais dúvidas, quando aponta que, nas palavras de Aristóteles ( 380324 aC), a geometria teria surgido no vale do Nilo porque lá os sacerdotes egpícios tinham o lazer necessário para desenvolver o conhecimento teórico (pg 34). Contudo, os registros mais antigos da existência alguma matemática egípcia, apontam segundo BOYER, para calendários com origem em 2773 aC, outros registros encontrados, como o Papiro de Ahmes, porem apresentam a existência de algum exercício matemático, já bastante sedimentado, por volta de 2000 aC. Por outro lado, este autor esclarece que, a necessidade de medições periódicas de áreas de cultivo, devido ao apagamento das áreas demarcadas anteriormente pelas cheias anuais do Nilo, seria a causa do surgimento dos agrimessores ou “ estiradores de corda ”, no dizer irónico dos gregos contemporâneos à Aristóteles. Já KAPLAN, Robert. O Nada que Existe. Uma História Natural do Zero. Rio, Rocco, 2001, situa o início desta historia em, aproximadamente, 5000 aC com os sumérios, uma civilização mesopotâmica bastante avançada tanto nos conceitos como na maneira de grafar, conservar e difundir as informações sobre a ciencia dos números. Este autor baseia no comércio e nas religiões os fatores principais para o desenvolvimento desta ciência nesta antiga cultura. Segundo ele, como religião, se entende a necessidade de controlar o número de cada espécie de oferendas aos deuses em seus templos. De qualquer modo, na sua obra, HOWARD, Eves, Unicamp, 1995, com base nos registros mais antigos reportados do Egito, se por um lado justifica o surgimento da teoria dos números como uma necessidade prática imediata no trabalho dos agrimessores, por outro lado procura razões para justificar o primitivo manuseio matemático sem uma aplicação maior, somente como exercício de uma habilidade intelectual. XII Nota-se aí portanto, o surgimento de dois conceitos distintos, segundo suas palavras. O primeiro deles consistiria na utilização de uma matemática prática, aplicativa, de base decimal e de uso cotidiano, em que é grande a utilização de frações unitarias do tipo 1/ N para representar os mais variados números. Este método seria para utilização imediata e corriqueira, como por exemplo, definir a quantidade de material a ser utilizada em construçòes, as próprias dimensões destas construções, assim como a quantidade de alimento que se fazia necessária para suprir os trabalhadores ou como esta deveria ser dividida e, principalmente, para exercer a atividade de contagem de tempo ou o estabelecimento de calendários. Mas havia tambem uma outra matemática, sem utilização prática imediata, que pareceria ser mais adequada a um usofruto do pensamento abstrato ou um recurso de lazer cultural, a qual contudo utiliza ainda assim, os mesmos conceitos numéricos de fração unitária utilizados na “outra” matemática. Aí parece ficar evidente, segundo BOYER, nas palavras de Aristóteles, na grafia hierática ou “sagrada” dos números, utilizada em ambientes restritos, em contraposição ao uso mais corrente e pouco flexivel do hieróglifo, que deveria ser mesmo reservado um papel místico ou sacerdotal aos manipuladores destes recursos. BOYER aponta ainda que, em um papiro existente no British Museum, datado provavelmente de 1650 aC, o escriba AHMES que o copiou nesta grafia hierática ou “sagrada”, promete no que parece ser um tom místico “... fornecer um estudo completo e minucioso de todas as coisas... e o conhecimento de todos os segredos...”. Este papiro, de fato, permitiu uma visão, se não completa, pelo menos muito apurada dos métodos matemáticos e da grafia dos números utilizada no antigo Egito. Se na civilização egípcia, os indícios parecem apontar que o manuseio mais complexo dos números era efetuada de uma forma restrita e em um âmbito mais místico e sacerdotal, BOYER tambem utiliza este fato como justificativa para uma estagnação por quase 2000 anos, após um período de brilhante avanço na manipulação dos números. Contudo, outra civilização, que BOYER, HOWARD ou KAPLAN não esclarecem, se de uma forma autônoma ou de alguma outra forma influenciada pelos egípcios, no vale mesopotâmico, desenvolve brilhantes conceitos matemáticos e XIII tambem uma grafia dos números, chamada numeração cuneiforme, que lhes permite rapidamente superar os métodos, conhecimentos e dificuldades egípcias. Ambos os autores apontam que as civilizações babilônicas desenvolvem e utilizam um sistema tambem de fração unitária, porem de base sexagesimal, ao contrário do sistema de base decimal egípcio, e com isto parecem querer contornar as dificuldades imediatas daqueles e nos legam até os dias atuais, influência nos sistemas de medidas angulares e influnciam tambem a matemática utilizada na astronomia pelos gregos, romano e Europa, de uma maneira que persiste até o Renascimento. Sua escrita cuneiforme e seus métodos de preservação e transporte do seu conhecimento atraves de tabletas de barro cozido nos permite ter uma visão farta e detalhada de seus métodos de manuseio matemático ao contrário de seus contemporâneos egípcios com seus papiros de dificil conservação e mesmo das civilizações helênicas das quais pouco se conservou como registro dos métodos e manuseio. E o pouco que se tem registrado são de relatos posteriores as épocas pesquisadas. As civilizações babilônicas, até 600 aC, nos deixaram fartos registros de uma cultura matemática muito rica, com um desenvolvimento abstrato muito mais profundo que o egípcio, com surpreendentes conceitos lógicos de abstração matemáticas e geométricos cujos similares só vieram a serem encontrados nos dias atuais Assim, tanto BOYER quanto HOWARD, relatam que, embora métodos de tratamento da geometria dedutiva sejam creditados a Tales de Mileto (624/548 aC) e Pitágoras de Samos (600/580 aC), muito se pode encontrar de registros de métodos e tratamentos equivalentes nas civilizações egípcias e babilônias de muitos séculos anteriores. Relata ainda a existência, em muitos registros históricos posteriores, das viagens destes dois personagens históricos, às civilizações babilônicas e egípcias. De qualquer forma BOYER aponta como a contribuição decisiva no desenvolvimento matemático da civilização grega, a grafia mais racional dos números, com a numeração JÓNIA, em que foi utilizado parcialmente o princípio posicional, tornando mais flexível o manuseio e manipulação complexa dos números, e muito mais fácil o raciocínio abstrato no uso da lógica matemática. Deixa ainda sem XIV sombra de dúvida, que os conceitos de abstração matemática, de utilização restrita ao meio sacerdotal do antigo Egito, já abandonados pelas civilizações babilônicas, passa agora na civilização grega a ser encarado como uma filosofia de pensamento, principalmente com a escola pitagórica e seus seguidores. Porem KAPLAN aponta que, de forma alguma, uma grafia como a utilizada por sumérios, gregos ou egípcios poderia se um obstaculo maior a um desenvolvimento de uma matemática dedutiva mais avançada, “ pois ainda hoje usamos constantemente alguns artificios na grafia dos números ”, baseados principalmente no contexto em que tal grafia seria utilizada. E, se haveria uma carencia de um zero e de uma vírgula para possibilitar um conceito posicional apurado nestas civilizações, de forma alguma isto significaria uma dificuldade maior quando se tem, nas questões comerciais, um conceito sobre o valor de uma mercadoria. Sendo assim, não seria de forma alguma compatível, como ainda hoje, utilizar valores numéricos inadequados ao contexto que se quer retratar, como por exemplo cotar o preço de um produto (comum nas épocas em questão) em valores ou muito acima ou muito abaixo de seu valor comum. KAPLAN aponta ainda que, se estas antigas civilizações utilizavam um mesmo símbolo para representar coisas ou valores diferentes, hoje ainda se faz o mesmo quando por exemplo se emprega o mesmo símbolo para representar aspas e para representar polegadas e sempre se sabe quando utilizar tais sinais pelo contexto envolvido. Porem, segundo BOYER, se a carência de uma grafia numérica mais flexível causou alguns tropeços e atrasos no desenvolvimento da matemática grega, contudo causou um extraordinário desenvolvimento de uma geometria intuitiva que substituiu os conceitos da álgebra moderna quase totalmente. Alguns conceitos matemáticos intuidos atravéz da geometria grega ainda causam assombro até hoje. Pensadores matemáticos como Aristóteles, Anaxágoras, Hípias, Filolau, Arquitas, Zeno, Demócrito, Teodoro, Eudoxo, Euclides, Menaecmus, Dinostratos e o mais famoso deles, Arquimedes, ainda hoje são estudados como homens que conseguiram resultados tão assombrosos com ferramental matemático exclusivamente geométrico intuitivo. XV O mais fantástico é que todo o resultado obtido provem unicamente de um pensamento de matemática abstrata, que só circulava nos meios eruditos. Apesar dos célebres desafios a que se submetiam voluntariamente, a maior parte dos conceitos emitidos só teriam valor neste meio erudito. E estes desafios eram muitos e cada vez mais complexo. Quadratura do círculo, trisseção de um ângulo, duplicação de um cubo, quadraturas das lunas, eram conceitos de quase ou nenhum uso prático, que só tinham valor como desenvolvimento de um pensamento cada vez mais geométrico e abstrato e no meio matemático-erudito. E foi devido a todo este desenvolvimento matemático de seus pensadores, que o período em torno de 600 aC até 200 aC , BOYER chamou de a Idade do Ouro do pensamento intuitivo matemático grego. Contudo não se pode deixar de admirar que os avanços conseguidos por estes pensadores, foram obtidos com tão pouco ferramental. Equações de primeiro grau, de segundo grau, tabelas de quadraturas, de cúbicas, equações cúbicas, áreas poligonais, os poliedros, as curvas, os sólidos, princípios de trigonometria, proporções, o desenvolvimento do estudo dos números, os princípios de uma matemática infenitesimal com os paradóxos de Zeno e de uma geometria analítica com Papus, todos são conceitos dificeis de se aceitar como poderiam ter sido desenvolvidos naquele ambiente, e não obstante o foram. Deve-se ainda a Ptolomeu de Alexandria (150 dC) a divisão da círcunferência em 360º , as subdivisões em sessenta partes minutae primae e sessenta partes minutae secundae e os princípios gerais de alguma coisa que mais tarde seria a trigonometria. Nota-se aí segundo BOYER, a herança do sistema sexagesimal mesopotâmico. Seu Almagesto, em que são apresentadas estas ideias, foi utilizado para a ciência da astronomia por mais de 1400 anos. XVI CAPÍTULO II A Matemática grega: Ascenção e Decadência Se a época de ouro da matemática Grega decorreu segundo BOYER (Carl B. A História da Matemática. 2 Ed.São Paulo,Edgard Blücher,1996) de em tôrno de 600 aC até perto de 200 dC, desta época até 600 dC aproximadamente , ocorreu uma progressiva decadência do pensamento lógico abstrato grego, sem que se houvesse apresentado um herdeiro à altura desta tradição. A civilização romana não apresentou nenhuma figura de peso que desse prosseguimento ao pensamento grego, e até pelo contrário, BOYER aponta como as contribuições da civilização romana à ciencia da matemática, alem da morte de Arquimedes por mãos de um soldado romano, comandado por Marcelo, durante o cerco de Siracusa , a recuperação do túmulo de Arquimedes por Cícero, grande orador romano durante o período em que foi Questor na Cicília. Segundo BOYER (pg 98) “ ...durante toda sua longa história, a Roma antiga pouco contribuiu para a ciência e a filosofia e menos ainda para a matemática. Tanto durante a republica com durante o império, os romanos mnostraram pouca inclinação para a investigação especulativa ou lógica. As artes práticas como a medicina e a agricultura eram cultivadas com algum interesse, e a geometria descritiva era olhada favoravelmente. Projetos notáveis de engenharia e monumentos arquitetônicos se relacionavam com os aspectos mais simples da ciência, mas os construtores romanos se satisfaziam com as técnicas práticas elementares que requeriam muito pouco conhecimento da grande massa do pensamento grego...”. Contudo mesmo um pequeno renascimento da cultura matemática grega entre período de 200 dC a 600 dC foi o suficiente para fazer surgir e projetar nomes como Diofante, Nicômaco, Papus e Hipátia, filha de Teon , cujo assassinato em 415, na cidade de Alexandria, por uma turba enfurecida representou o marco do fim do brilhantismo grego na matemática intuitiva. Porem, mesmo este pequeno recrudescimento, foi suficiente para continuar a projetar conceitos que influenciaram e atrairam o pensamento de estudiosos árabes e hindus, e permitiram que, atravez de traduções nestes ediomas, se preservassem muitas obras da cultura grega, que de outra forma se perderiam. XVII Estes conhecimentos matemáticos influenciaram o pensamento ocidental e nortearam o estudo e o aprendizado desta ciência por toda a Idade Média e por parte do Renascimento. Há que se notar ainda assim as principais contribuições destes pensadores gregos neste período final do seu brilhante desenvolvimento matemático, e principalmente, reconhecer o papel importante da Universidade de Alexandria com centro aglutinador e impulsionador de todo este desenvolvimento cultural, pois foi atravez de Diofante que se implementou o surgimento de uma nova filosofia matemática, com o desenvolvimento dos princípios de um pensamento que mais tarde daria a origem a álgebra, assim como tambem dos princípios elementares da geometria analítica atravez de Papus, quando esta só foi se desenvolver plenamente já no século XVII, com Descartes. Com o fim de mais este brilhante período do pensamento grego, foi tambem determinado o fim de uma era denominada por BOYER de Período Alexandrino, ou da influência dos pensadores originados por Alexandria na matemática lógica abstrata. Porém, se este marco significou uma interrupção do pensamento lógico matemático ocidental por alguns séculos e que, quando ressurgiu, o fez em outras terras europeias mais ao norte, nos paises desenvolvia de maneira independente, orientais este ainda era forte, se com muitos conceitos novos e outros semelhantes ainda que desenvolvidos indepententemente. XVIII CAPÍTULO III A China e a Índia, novas ideias e novos símbolos BOYER,na sua A História da Matemática faz questão de apontar de uma maneira muito decisiva, que algumas descobertas atribuidas à gregos ou babilônios já eram do conhecimento de matemáticos chinese até em séculos anteriores, e enfatiza, “se em alguma oportunidade, algum conhecimento entrou ( na China ), em muito maior quantidade, saiu... “, com isto queria explicitar que a contribuição chinesa foi muito anterior aos conhecimentos gregos e que portanto mais certo seria considerar estes como sendo influenciados por aqueles. Em toda a sua obra, contudo aponta sempre para semelhanças, mais que meras coincidências, nos diversos trabalhos conhecidos destes períodos, embora a origem do documento possa ser egípcia, babilônica, grega, chinesa ou hindu. E mais talvez que mera coincidência, aponta as similaridades com proposições e problemas encontrados na cultura grega. Algumas das proposições de problemas e soluções são posteriores às gregas, outras contemporâneas, e outras ainda definitivamente anteriores. De qualquer modo, parece ter sempre havido, em epocas distintas, algumas influências de parte a parte, embora as formas de grafia numéricas sejam sempre distintas e características de cada cultura. Muito interessante seria enfatizar a anotação deste autor à pag135, quando relata que por volta de 213 aC o imperador chinês mandou destruir todo vestígio de cultura queimando livros ou outros meios de preservação do pensamento. Isto prejudicou muito seriamente a cultura matemática chinesa e destruiu certamente muitas fontes que poderiam desfazer dúvidas sobre a primazia de algumas proposições. Contudo, apesar deste percalço, a cultura matemática chinesa, não pôde ser desta forma, completamente estancada, devido as grandes necessidades deste conhecimento no comércio e no calendário. Curiosamente, apesar de outras muitas similaridades nas proposições, chama mais a atenção o conceito de macho e femea (yin e yang), encontrado tambem no XIX pensamento grego quanto aos números, agora aqui é encontrado no conceito das frações, entre numerador e denominador. Enquanto o conceito de números negativos, devido talvez ao pensamento lógico geométrico, não era aceito por qualquer das civilizações mediterrâneas, aos chineses não acarretava contrariedade e até da mesma forma que aos gregos, utilizavam um sistema de base decimal. Outra similaridade de difícil confrontação de primazia consistia nos ábacos e tábuas de contar. Conhecidas dos chineses já por volta de 300 aC, seria no entender de BOYER, muito dificil precisar a época em que cada cultura absorveu este método. Contudo algumas diferenças sempre podem ser anotadas, como por exemplo: o ábaco árabe possuia 10 bolas em cada arame sem barra central, ao passo que o chines possuia cinco fichas superiores e cinco inferiores separadas por uma barra, o que talvez explique a fácil aceitação do conceito de números negativos nesta cultura . A contribuição hindu parece ter sido sempre peculiar, se menos rica no entender de BOYER. Seus matemáticos, talvez por falta de relatos registrados, aparecem de forma esparça e sua contribuição original, embora exista, parece ser menos significativa que de outras culturas mediterrâneas. Contudo, este autor aponta que, se o pensamento lógico matemático hindu era menos severo que a lógica geométrica grega, era talvez por isto mesmo, muito rico no conceito intuitivo, e até de uma certa forma resultado de uma inocência lógica, por não estar tão preso aos severos conceitos numéricos gregos. Já KAPLAN esclarece que, mais que qualquer aspecto, foi essencialmente o aspecto místico da alma hindu, o fator maior que permitiu a este povo desenvolver algumas caracteristicas peculiares no trato da matematica intuitiva. Conceitos e aspectos religiosos e místicos associados ao caracter divino no trato com os números, permitiu e possibilitou aos hindus se desvincular do severo preciosismo grego e assumir novas e revolucionárias proposições matemáticas. Ou como esclarece o Mahavira em sua Ganita Sara Sagraha escrita em 830 dC “Que a regra daquele amo soberano de Jina prospere, ele que destruiu a posição das conclusões simples e propôs a logica do syadvada”. KAPLAN esclarece que, o tradudor inglês, neste caso pretendia explicar que syadvada é argumento de XX que o mundo das aparências pode ser ou não real, ou ambas as coisas podem ou não ser reais. Com este aspecto mística, nada mais natural que uma abordagem descompromissada para com a severidade da lógica grega na procura de novos conceitos. Assim, uma das contribuição decisivas da cultura lógica matemática hindu, foi o aperfeiçoamento do conceito do manuseio da trigonometria moderna, cujos primeiros princípios foram apresentados por Ptolomeu, e BOYER aponta até como sendo a palavra seno uma tradução ocidental do termo hindu jiva . Muitas outras influências da cultura grega são anotadas, e se parece ser pouco representativo o desenvolvimento de uma cultura matemática lógica independente hindu, foi de fato da maior importância, a sua contribuição para a matemática moderna. Desta forma, um outro ponto a apresentar muito interesse seria a notação numeral ou a grafia dos números nas culturas estudadas. A grafia chinesa, em um sistema de numerais em barras, de alguma forma lembra a cuneirforme mesopotâmica e também apresenta um princípio para a numeração posicional, porém, segundo BOYER, somente em 1247 é anotado o uso de um símbolo, cuja grafia parece ser assemelhada com o zero, ou posição vazia de quantidade, um conceito muito abstrato até para a cultura grego Aristotélica. Este princípio de notação posicional era muito conveniente para a aplicação de tábuas de calcular, e mesmo o conceito de zero ou posição vazia poderia ser simuladas nestas com muita facilidade. Na Índia, por longo tempo esteve em uso uma notação particular, a qual teria sido precedida por uma notação de traços verticais e posteriormente substituida (século 3 AC), por outra muito semelhante ao sistema herodiânico grego e mais tarde, de uma forma muito sintomática, segundo BOYER, substituida por uma outra notação denominada brahmi, algum tempo depois que os herodiânicos foram substituidos pelos jônicos na Grécia. Esta notação brahmi, possuia nove símbolos posicionais primeiros, seguidos de outros especiais e, era um passo inicial para a notação posicional moderna, porem XXI a contribuição hindu estacionou neste ponto, e BOYER vem a apontar uma possível influência grega neste conceito, ao provocar mais tarde em uma redução aos nove símbolos primeiros. Aí aparece mais fortemente a possível influência grega ( talvez Alexandria) na criação de um símbolo para o zero, como representação para a posição vazia, dentro de um conceito de notação posicional, sendo transmitido posteriormente à Índia. Curiosamente, BOYER aponta também um desenvolvimento do conceito do zero posicional na civilização Maya pré- colombiana, e desta forma, independente mesmo de qualquer possível influência maditerrânea, onde, nas aplicações destinadas a contar os dias, aparecia um símbolo representado por um olho aberto, significando uma posição vazia. A numeração hindu, que já contribuira com os nove símbolos primários, logo introduziu um décimo símbolo, representado como um ovo de ganso, para a posição vazia e estava completo no entender de BOYER, a notação moderna que se compõe essencialmente de : 1) base decimal, 2) notação posicional, 3) uma forma cifrada para cada um dos dez numerais. E embora aponte BOYER, que a grafia dos numerais seja bem diferente dos utilizados atualmente, e que nenhum dos requisitos se deveu originalmente aos hindus, foi muito provavelmente esta a cultura que primeiro os uniu para formar o nosso moderno sistema de numeração. A simbologia hindu para o zero, o ovo de ganso, que por algum tempo pareceu ser de influência grega e originada da letra grega ômicron, que é a letra inicial da palavra grega ouden ou vazio, porem estudos posteriores indicam não ser de fato esta a origem e sim o ovo de ganso hindu, utilizado por nós até os dias atuais. O pensamento matemático lógico hindu, distanciado das severas restrições lógicas da geometria grega, pode se desenvolver de uma maneira própria, intuitiva e, se apresentou deficiências, por não estar preso a lógica das ideias gregas, pode XXII desenvolver métodos aritméticos próprios e influenciar o pensamento árabe e por meio deles, ao europeu. O conceito de operações com o zero , ou o vazio, inadmissivel para o pensamento grego, recebeu deles uma atenção especial, e ao conceito de números irracionais e de equações indeterminadas, trataram sem as restrições gregas. KAPLAN porem, desenvolve toda uma análise sobre o aspecto místico religioso da civilização hindu, assegurando ser esta, a única a possibilitar a existência de uma figura com tal grau de polemização quanto o ZERO e aponta que esta figura matemática, como auxiliar de uma notação posicional restrita, já estava presente desde os sumérios na antiga mesopotamia e tambem mesmo na civilização grega, embora seu aspecto se resumisse meramente a delimitar ou indicar grandezas especiais. Neste caso, este autor aponta como indiscutível o papel da civilização hindu ser a única possível de imaginar e admitir a existência, e assim criar uma grafia, de um símbolo para representar o vazio, ou a ausência de tudo, conceito normalmente associado a coisas mágicas ou de caracter malígno, que perdurou até a Idade Média . XXIII CAPÍTULO IV A contribuição Árabe Por volta do século VIII, aproximadamente um século após a invasão árabe e conquista do Ímperio Muçulmano, BOYER aponta que um grande desenvolvimente dos conceitos matemáticos, ocorreu por influência muçulmana, principalmente em Bagda, que passou, tal como Alexandria alguns séculos anteriores, a ostentar o título de capital cultural do mundo conhecido. Por influência de alguns califas (al-Mansur, Harum al-Rachid e al-Mamum, principalmente este último), foi incentivada a tradução para o árabe, de muitas obras gregas e hindus, e, desta forma , foi grande a influência destas culturas no pensamento árabe e na difusão destas obras na Europa. Grandes pensadores matemáticos árabes surgiram e acrescentaram ao pensamento lógico geométrico grego e ao lógico intuitivo hindu, a organização sistemática árabe. Dentre os pensadores, Mohammed ibu-Musa al-Khowarizmi, com as suas obras De Número Hindorum e Al-jabr Wa’l muqabalah, se destaca de tal maneira que o seu nome dá origem ao têrmo algarismo, significando o sistema de numeração posicional, proveniente da Índia, e erradamente a partir dai confundido como de origem arábica. BOYER aponta ainda que o Al-jabr dá origem, nome e fundamento aos conceitos da Álgebra, em complementação ao grego Diofante, de uma forma clara e sistemática, como não tinha sido alcançado anteriormente por este e outros autores gregos e hindus, principalmente por serem os árabes os primeiros a ter disponíveis simultaneamente o pensamento lógico grego, a numeração posicional e os conceitos intuitivos pré algébricos hindus. Há que se notar contudo que, influências provenientes de varias regiões distintas afetaram a grafia original do sistema numeral hindu, embora como ressalte BOYER, o mais importante seria o conceito de numeração posicional emitido e não a simples grafia utilizada. XXIV CAPÍTULO V O papel da Idade Média HOWARD, Eves, Unicamp, 1995,pg 156, aponta que o colápso cultural e fim provável da expansão e domínio árabe no desenvolvimento da lógica matemática ocorreu em 1436, com a morte de Al-Kashi, o último dos grande matemáticos árabes. Porem, de uma maneira muito feliz, já estava a cultura europeia apropriadamente madura para absorver e desenvolver, por caminhos próprios, todo o conhecimento acumulado nas todas as etapas anteriores. Enfatiza ainda este autor, que se os árabes não contribuiram ocom o grande desenvolvimento proporcionado pelos gregos ou com criação de um sistema numeral apropriado como os hindus, nem por isto legaram aos novos povos matemáticos europeus, uma cultura lógica menos rica que a encontrada inicialmente 600 anos atrás. À cinco grandes civilizações, em cinco línguas diferentes, em épocas distintas, devemos os primórdios do desenvolvimento da cultura lógica matemática nos séculos anteriores ao século X, e deste período até aproximadamente o século XV, tambem a europa medieval pode apresentar sua contribuição, principalmente, tal como os árabes, na tradução e preservação das idéias dos clássicos gregos. De alguma forma, se o pensamento lógico não apresentou evolução de maior monta, pelo menos não estacionou e preservou o que já havia sido conquistado, com alguma sedimentação das idéias, como que preparando o terreno fertil para o Renascimento. BOYER chama o período da Idade Média no século XII, de Século das Traduções. A expansão dos numerais posicionais de origem hindu e assimilado pelos árabes, expandiu-se a partir do século doze, e sua utilização permitiu um melhor entendimento e aplicação dos conceitos e métodos aritméticos desenvolvidos pela civilização hindu. Mas foram nas traduções desta época a que se atribui a origem de alguns termos preservados pelo uso até os dias atuais. Aos hindus é atribuida a origem do nome jiva para designar a metade da corda do arco trigonométrico, função XXV matemática cujos principío são por sua vez atribuidas a Ptolomeu e aperfeiçoada muito posteriormente pelos hindus. Segundo BOYER, porem tal palavra hindu foi erradamente assimilada pelos árabes como jiba, mais tarde transformada pelos matemáticos contemporâneos em jaib cujo significado seria baia ou enseada , traduzido por Robert de Chester no século doze como sinus , expressão latina de mesmo significado, estando aí a origem para a palavra seno de uso atual corrente. Outra provável e curiosa origem de termo utilizado hoje, seria aquela provocada por Leonardo de Pisa mais conhecido como o Fibonacci , ou “o filho de Bonaccio”, um comerciante italiano. Leonardo, teria viajado com o pai pelo norte da África e conhecia Egito, Síria e Grécia, e haveria até estudado com um professor muçulmano, conhecendo assim os métodos algébricos árabes e hindus, assim como a metodologia de grafar os números pelo processo posicional hindu. Durante o Seculo das Traduções, o Fibonacci escreveu uma obra chamada O Liber Abaci no qual descreve o método de numeração posicional e o símbolo denominado zephirum . Posteriormente, deste termo teriam derivadas as palavras cifras e zero da matemática atual. XXVI CAPÍTULO VI O Renascimento Segundo HOWARD, Eves.Unicamp 1995, pg 255, por volta do século XV, a invenção da imprensa e dos seus tipos móveis, possibilitou uma maior e mais fácil difusão do pensamento grego e de suas obras, agora sendo redescobertas e influenciando profundamente o pensamento europeu contemporâneo. A matemática clássica grega, apesar de dificil compreensão para a maior parte dos estudiosos europeus da época, sempre pode ter uma difusão mais facilitada, juntamente com a filosofia dos grandes pensadores gregos. Vários autores da Alemanha e Itália neste século apresentaram grande contribuição na interpretação dos pensadores gregos, na sua difusão e na introdução de novos conceitos, porem só em 1484 pode ser identificada uma obra em que, efetivamente, BOYER aponta um avanço considerável. Nicolas Chuquet, um médico inexpressivo de Lyon, do qual pouco se sabe, apresentou uma obra intitulada Triparty en la Science des Nombres na qual inclui o conceito da numeração posicional hindu, o conceito do “décimo numeral” e seu significado, e ainda das quatro operações fundamentais denominadas plus, moins, multiplier par e partyr par. Introduz ainda o conceito da “regra da incógnita “nas expressões algébricas, anteriormente identificadas como res (em latim), chose (em francês), cosa (em italiano) ou coss (em alemão). Apresenta um conceito de notação exponencial incluindo expoente negativo e, pela primeira vez, apresenta um conceito de igualdade a um número negativo em uma equação. Se na maneira medieval o plus e o moins de Chuquet era rotineiramente utilizado na abreviação p e m, com a influência germânica, estas abreviaturas foram substituidas por símbolos iguais aos utilizados para indicar excesso ou deficiências em medidas de quantidade em armazens, e operações aritméticas de soma e subtração. XXVII tornaram-se os símbolos para as Estes símbolos (+) e (-) apareceram pela primeira vez em 1489, em uma aritmética comercial denominada “ Rechnung auff allen Kauffmanschaffen” publicados por um professor de Leipzig chamado Johann Widman. Dentre uma profusão de obras e contribuições de autores germânicos neste período (1487/1567), BOYER pode identificar uma primeira utilização da notação atual para raizes, uma figura gráfica semelhante ao triângulo de Pascal, cem anos antes deste nascer, uma admissão, ainda que constrangida, aos números negativo e aos irracionais, a proposição de utilização de uma letra apenas para identificar uma incógnita em uma equação e a vulgarização do uso dos símbolos (+) e (-) para a soma e a subtração. Outro grande impacto no desenvolvimento da lógica matemática consistiu na solução das equações cúbicas e tambem das quárticas ( através da Ars Magna de Gerônimo Cardano -1545), enigma por longo tempo e infrutiferamente pesquisado por todos os pensadores, desde os clássicos gregos, os quais só lhes conseguiram visualizar soluções (para as cúbicas) nas seções cônicas. Em um novo avanço, o sinal de igualdade, surgiu de uma maneira muito discreta em 1557 na Inglaterra no Whetstone of Witte de Robert Record, porem ainda não eram grafados de modo semelhantes aos atuais, pois eram bem mais longos. Por esta época ainda, Georg Joachim Rheticus, discipulo de Copérnico e de Regiomontanus (grande matemático prussiano), somou suas ideias ás dos mestres e, com Opus Palatinum de Triangulis deu forma definitiva à trigonometria ptolomaica utilizando todas as seis funções em suas tabelas. Século muito rico em novas idéias, o Renascimento presenciou ainda com François Viète, em sua obra Canon Mathematicus de 1579, um forte apelo ao uso das formas de frações decimais, em detrimento as formas sexagesimais, ainda com grandes defensores, como uma herança dos tempos mesopotâmicos. A carência de uma forma de grafar valores fracionários era tal, que os grandes autores de formas tabulares trigonométricas utilizavam raios (hipotenusas) para as funções da ordem de 10.000.000, de maneira a não ser necessário utilizar frações, contudo Viète ainda utilizava uma barra vertical para separar parte inteira de fracionária, pois a vírgula só veio a ser grafada com este objetivo com o De Planis Triangulis de 1592 de G. A. Maginis, embora tambem se atribua tal primazia a Christoph Clavius em 1593, em XXVIII uma tabela de senos. Contudo, este conceito só se tornaria popular com Napier vinte anos depois e na forma do ponto decimal. Se Viète introduziu ainda o conceito de utilização de vogais e consoantes para representar quantidades em equações algébricas, Girard em 1629 no Invention Nouvelle en l’Algebra introduziu o conceito de correspondência entre o número de raizes de uma equação e o grau desta, e ainda mais, indicou uma coerência nos números negativos, até então sempre encarados com perplexidade por todos os pensadores matemáticos, e abordou até o conceito de raizes imaginárias. Outro pensador contemporâneo, Thomas Harriot, matemático inglês, introduziu os símbolos de menor que (<) e maior que ( > ) e difundiu o sinal de igualdade apresentado por Recorde. Por volta de 1614, John Napier provocou uma verdadeira convulsão com Mirifici Logarithmorum Canonis Descriptio em que descrevia os principios gerais dos logarítmos, palavra criada por ele para designar a sua criação. Henry Briggs, admirador de Napier, com a concordância deste, extendeu suas ideias e criou os logarítmos de base dez, muito mais praticos que os neperianos e logo publicou tabelas abrangendo de 1 até 100.000, popularizando e disseminando o conceito. A Briggs são atribuidas as expressões “mantissa” e “característica” relativas aos logarítmos. Esta fase entre os século XVI e XVII foi caracterizado por grandes idéias e inovações desenvolvidas por grandes pensadores da lógica matemática. Nomes como Galileu, Kepler, Cavaliere e outros mais, abriram caminho em outras áreas e principalmente em uma área até então inexplorada e muito desconcertante para antigos pensadores, qual seria a matemática do infinitésimo. Por serem estudiosos da astronomia, estes pensadores, observaram aplicabilidade imediata nestas ideias de infinitésimo, tema complexo, que afastou muitos outros pensadores, por sua extrema abstração e pouca aplicabilidade imediata na engenharia ou no comércio. XXIX CAPÍTULO VII Do Renascimento aos tempos modernos Se o século XVII presenciou a perda de Cavaliere ( 1647) e de Torriceli(1647), ambos profundamente interessados na teoria dos infinitesimais, contudo assistiu tambem o surgimento de Fermat e de Descartes, os quais juntamente com Roberval, Girard Desargues e Blaise Pascal, desenvolveram e acrescentaram conceitos revolucionários à matemática até então conhecida. Tanto Descartes quanto Fermat, por volta de 1620, caminhando por direções distintas chegaram as mesmas conclusões e fundaram os pilares da Geometria Analítica moderna, embora, tanto um quanto outro, ainda se utilizavam de uma de grafia das expressões bastante diversa da atual, contudo, tanto BOYER quanto HOWARD, apontam para a grafia de Descartes como a mais próxima dos dias atuais, utilizando os sinais de germânicos para a adição e subtração (+ e -) apesar de utilizar ainda o (∞) como símbolo para a igualdade. Da mesma forma com que o fim do século XVI e princípio do XVII presenciou o domínio da matemática germânica e italiana, e que o início do século XVII presenciara o dominio da lógica francesa, agora o centro do desenvolvimento se desloca para a Inglaterra e Paises Baixos, quando varios nomes se destacaram como expoentes do pensamento lógico, principalmente levando mais em frente muito do que foi desenvolvido agora por Descartes, Fermat e Pascal. Em 1642 nascia Isac Newton e por volta de 1665 /1666 apresentou as bases da teoria do cálculo infinitesimal, o qual veio novamente a revirar a lógica matemática, principalmente porque já eram de uso corrente muitos conceitos e notações simbólicas desenvolvidos progressivamente nos períodos anteriores. Se Newton foi o expoente máximo do pensamento lógico matemático inglês, Gottfried Wilhelm Leibnitz foi o seu equivalente germânico, e desenvolveu (1676) um método para cálculo infinitesimal quase simultaneamente a Newton, introduziu a grafia do termos dx e dy para representar um incremento de valor e mais tarde criou a símbolo ∫ dx para representar uma soma infinitesimal. Seus conceitos de achar a tangente a uma curva exigiam o uso do calculus differentialis e para se achar a XXX quadratura se exigia o uso do calculus summatorius ou calculus integralis, dando origem assim às expressões utilizadas até os dias de hoje. Os princípios de limites utilizados por Leibnitz nestes estudos de infinitésimos já tinham sido estudados por Fermat, Descartes e Pascal no inicio do século. Outros símbolos tambem passaram a ser de uso corriqueiro depois de Leibnitz como os de igual, consolidando o seu uso anterior, e também os sinais para semelhante, congruente e os dois pontos para indicar uma divisão. A Leibnitz tambem é dada um brilhante contribuição no uso de alguma forma parecida com a teoria dos determinantes 50 anos antes de sua data considerada de desenvolvimento. BOYER aponta também que, se Newton conservou, talvez involuntariamente, os resultados de suas descobertas muito restritos ao ambiente britânico, Leibnitz, por outro lado encontrou brilhantes discípulos, nos irmãos Bernoulle, na disseminação de suas ideias. Estes irmàos, brilhantes matemáticos, desenvolveram de modo independente conceitos e teorias próprias, sendo responsáveis por brilhantes descobertas em consonância com Leibnitz. O fim do século XVIII foi extremamente prolífico em grandes nomes, tanto nas ilhas inglesas como no continente. Uma série de grandes matemáticos e grandes descobertas praticamente delineou o contorno final da matemamtica que hoje conhecemos e sua notação grafica. Abraham Moivre implementou a teoria das probabilidades, trabalhou com imaginários e funções circulares. Gabriel Cramer é responsável pelo processo de soluções de equações simultaneas que tem o seu nome. Embora também descoberto por Colin Maclaurin alguns anos antes, o processo foi melhor desenvolvido e apresentado por Cramer, onde sua regra de Cramer deu origem a teoria dos determinantes. Giramolo Sacheri, o mais brilhante matemático italiano do século XVIII, apresentou um estudo que implicaria na geometria não euclidiana. Seu discipulo Guido Grande estudou as Séries Divergentes e teve o grande merito de ser o professor de Euler. Leonhard Euler (1707/1783) definiu e introduziu a maioria dos conceitos de notações de uso corrente nos dias de hoje. Autor de brilhante e profusa produção acadêmica ( mais de 800 trabalhos em toda a sua vida), por suas contribuições XXXI introduziu o conceito de e como base dos logaritmos naturais, quando chamou em 1731 de e como “aquele número cujo logarítmo hiperbólico é igual a um ” ( BOYER. Edgard Blücher 1999,pg 305), tornou definitivo o uso da letra grega π para representar a razão da circunferência para o diâmetro de um círculo, utilizou i = − 1 , empregou e πi +1=0, utilizou de lx para representar log de x, utilizou f(x) para representar a função de x e dentre outras mais, utilizou Σ para indicar um somatório. Depois de Euler no século XVIII surgiram muitos outros matemáticos brilhantes e que contribuiram muito para esta ciência com o estabelecimento de muitos outros conceitos, contudo todos utilizavam as grafias de notações de Euler. BOYER considera Euler é o responsável direto pela notação matemática tal como a conhecem hoje os estudantes modernos, quando diz ele pg 305 “ Alem disso em quase tudo, Euler escrevia na linguagem e notação que usamos hoje, pois nenhum outro indivíduo foi tão grandemente responsável pela forma da matemática de nível universitário… nossas notações são hoje assim mais por causa de Euler que de qualquer outro matemático. “ completa. XXXII CONCLUSÃO KAPLAN nos permite uma avaliação muito clara da evolução da grafia de alguns símbolos matemáticos, de suas associação com as operações aritméticas, e, principalmente do desenvolvimento da noção intuitiva do ZERO com suas graves implicações gerais, inclusive quanto ao grau místico, mágico e religioso de que estaria carregado o seu conceito de vazio e ausência de tudo e portanto contendo um aspecto maligno. Porém BOYER, HOWARD, BAUMGART e KENNEDY, por outro lado, nos possibilitam uma visão geral da evolução e do desenvolvimento do pensamento da lógica matemática intuitiva atravez dos tempos e civilizações. Se aos sumérios e egípcios é dada uma primazia de desenvolvimento de um pensamento lógico inconteste, embora por razões que os autores citados não conseguem apontar claramente, exceto pelos mesmo motivos apresentados por Aristóteles a 2600 anos atrás “ porque lá os sacerdotes egpícios tinham o lazer necessário para desenvolver o conhecimento teórico”, a Platão tambem se poderia dar a mesma justificativa, quando BOYER aponta a pg 61 “ …alguns o consideram um pensador excepcionalmente profundo e incisivo, outros o representam como um flautista de Hamerlin da matemática, que seduzia os homens a abandonar os problemas do trabalho para se perderem em especulações vadias… “ Mas qual conclusão poderia ser tirada destes fatos apresentados? Não se pode de forma alguma ignorar que, se os pensadores Pitagóricos, levaram tão ao pé da letra o pensamento contemplativo para resolver seus problemas geométricos, que chegaram a fundar uma escola chamada Pitagórica, como uma sociedade secreta, quase como uma religião, que BOYER chama de culto órfico. XXXIII Estes fatos apontados, da mesma forma que levaram alguns seguidores de Pitágoras na Grécia clássica, a uma filosofia de culto aos números com um tal grau de exacerbação, a ponto de condenar à morte Hipasus de Metapontum, um de seus próprios seguidores, por este ter descoberto a irracionalidade de alguns números, ou como no dizer de BOYER, a existência das grandezas incomensuraveis, no entanto produziram ou provocaram a intuição de conceitos inacreditáveis para a época, como a secção áurea ou os paradoxos de Zeno, isto para só citar dois casos exemplares. No entanto esta brilhante produção do pensamento geométrico intuitivo grego, de quase mil anos, permaneceu praticamente ignorada por quase outros mil anos na Europa ocidental, devido ao completo despreparo desta civilização para compreende-la e aceita-la. Por outro lado porém, da mesma forma associavam à esta ciência, tão exata, conceitos ingênuos, típicos de uma cultura que engatinhava neste conhecimento. Assim, aos números, os gregos clássicos associavam uma classificação de sexo, como seres masculinos ou femininos. E Platão associou aos seus sólidos geométricos os chamados elementos naturais : ar, fogo, água, terra . Contudo, todos estas considerações não diminuem o valor de descobertas, tão ou mais grandiosas que, muitas, se esquecidas por séculos, foram novamente redescobertas na Idade Média ou na Renascença e, com assombro, mais tarde reconhecidas como tendo uma primazia de autoria milenar nos gregos clássicos. Estas descobertas foram, vimos no decorrer deste estudo, efetuadas com recursos matemáticos escassos, utilizando uma linguagem geométrica de tão dificil visualização para um não iniciado que Menaecmus disse a seu imperador, do qual era mestre, “ não haver estrada real para a geometria ” . XXXIV Contudo muitos conceitos e teoremas emitidos por grandes pensadores como Diofante, Zeno, Apolônio, Euclides, Arquimedes etc só conseguiram ser apreciados e entendidos, séculos mais tarde e com uso de um ferramental matemático muito mais poderoso. Pergunta-se como homens como estes, e mais tarde, chineses, hindus e arábes conseguiram obter tais resultados, somente com uma intuição e uma percepção introspectiva e especulativa? Um fato curioso pode ser constatado nas obras dos autores citados. Já no fim do período da antiguidade clássica grega, a cidade de Alexandria representou o centro aglutinador do desenvolvimento do saber grego. Mais tarde, com o domínio árabe, este papel foi desempenhado por Bagdá. E estes polos do conhecimento foram responsáveis por projetar grandes pensadores e grandes trabalhos. Posteriormente, na Idade Média e na Renascensa, com o desenvolvimento desta ciência dita exata, muito significativamente, seus maiores pensadores, responsáveis por brilhantes descobertas, quase sempre eram médicos reais ou eram professores, indicando não mais apenas aquele caracter introspectivo e especulativo da Grécia Alexandrina, mas um acentuado caracter de treinamento ou de transmissão do conhecimento em ambientes adequados, como as escolas reais, onde se concentravam aqueles que mais se destacavam nas ciências. Contudo, se aos mais aptos era possibilitado neste centros de cultura um bom treinamento nesta área do conhecimento, cabia exclusivamente ao aspecto intuitivo de cada um, o desenvolvimento adicional nesta ciência. E a alguns expoentes luminares excepcionais era possível desenvolver e apresentar descobertas nestas áreas do conhecimento. Se a lista de pensadores era grande, a relação de descobertas e o acréscimo de conceitos não eram menores. E XXXV este acréscimo de conhecimento era feito lentamente, as vezes com retrocessos, mas logo em seguida novo avanço. E os países e culturas de origem eram variadas. Se aos sumérios, egípcios, depois gregos, mais tarde ou talves, simultaneamente, estes autores não esclarecem, foi dada a primazia das primeiras idéias, logo chineses e hindus tambem não ficaram sem apresentar uma brilhante contribuição. Os árabes, se tambem assimilaram esta cultura, já milenar para eles, puderam apresentar sua própria contribuição em novas idéias. Mais tarde coube aos paises da bota italiana dar prosseguimento, depois os povos germânicos, depois ingleses ( com Newtom) e novamente os germânicos com Leibnitz e depois Euler, apresentaram conceitos e símbolos de uso corrente até os dias atuais. Mais que apenas um treinamento pode-se constatar uma forte parcela intuitiva no desenvolvimento destas ideias, quando vemos que muitos dos principais matemáticos dos séculos X IV, XV e XVI, responsáveis por grandes avanços posuiam uma formação completamente estranha a esta ciência, como médicos, tais como Nicolas Chuquet, ou advogados como Leibnitz. Raros eram matemáticos na formação como Newton, porem todos apresentaram trabalhos e contribuições espetaculares. XXXVI REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOYER,Carl B. A História da Matemática. 2º Ed.São Paulo,Edgard Blücher,1996 HOWARD, Eves. Introdução à História da Matemática . Campinas, Unicamp, 1995 KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. 5º Ed.São Paulo. 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