Gaudi ....La base de todo raciocínio es la regla de tres, la proporción matemática, el silogismo. El hombre debe recurrir a estos medios; primero supone el conocimiento de una cosa para encontrar otra que le sirva de base firme. Primero avanza un pie y luego el otro. Un problema de muchas incógnitas debe resolverse por partes. El hombre se vale de dos cosas conocidas, comparadas entre sí, para deducir la relación desconocida entre otras dos; es la proporción <<a es a b como c es a d>>.” (Conversaciones con Gaudi - Cesar Martinell Brunet - Ed. Punto Fijo, 1969). O Mecanismo Estrutural É comum a representação de vigas, lajes e pilares por linhas sem espessura, sujeitas a momentos e deformações elásticas quando estes efeitos somente podem agir em elementos tridimensionais, e a apresentação de soluções matemáticas bastante abstratas e complexas para mentalidades mais visuais como a dos arquitetos e designers. É mais razoável para o entendimento das estruturas sua representação com espessura e volume possibilitando o entendimento de que sempre haverá uma parte resistindo à compressão enquanto outra à tração. Através de desenhos mais condizentes com os mecanismos que são acionados para que os elementos estruturais resistam às forças e utilizando uma parte da matemática mais visual que é a geometria, vamos caminhar para a solução dos nossos problemas estruturais, com mais tranqüilidade. O desenho ao lado mostra um bloco de um material qualquer, ou seja um pilar, apoiado no chão carregando uma carga. Seu peso e qualquer outra carga Vitor Amaral Lotufo 1 que estiver carregando estão sendo entregues ao apoio no chão, que reage com uma força igual e contrária. O peso da carga mais seu próprio peso comprimem o pilar, fazendo com que este diminua de tamanho, é a maneira que os materiais resistem à forças de compressão, como conseqüência o chão também é amassado pelo peso do pilar. Essa diminuição de comprimento, entre certos valores, é proporcional à força total de compressão, à seção da área comprimida e ao tipo de material de que é feito o pilar. Se as forças forem de tração haverá aumento no comprimento da peça tracionada e também entre certos valores será proporcional à área da seção e ao tipo de material. Os materiais que usamos para construção tem características variadas, por exemplo a pedra, o vidro e os tijolos são quebradiços, resistentes à compressão, mas frágeis à tração, possuem pequenas fissuras causadas pelo processo de endurecimento que praticamente os fazem explodir, quando tracionados. Já a fibra de vidro feita com fiapos muito finos do próprio vidro não apresenta esse inconveniente, a escala portanto pode alterar essa característica. Metais como o ferro, o alumínio, são dúcteis, podem se deformar bastante antes da ruptura, a madeira não é dúctil mas também não é quebradiça. Cada material tem então várias características e talvez as mais importantes para a construção sejam suas resistências típicas à compressão e à tração em determinadas condições normais de trabalho e seu módulo de elasticidade (E), que é definido como a tensão de compressão ou tração, ( força dividido pela seção) multiplicado pelo inverso da porcentagem do aumento ou diminuição de comprimento (comprimento inicial dividido pelo aumento), como este último item sempre dará um número grande o módulo de elasticidade será sempre representado por um número grande. Material Madeira Concreto Tijolo Comum Aço CA-50 Compressão 100 kgf/cm² 50 a 300 kgf/cm² 50 kgf/cm² 5000 kgf/cm² Tração E 100 kgf/cm² 140000kgf/cm² 15 a 30 kgf/cm² 240000kgf/cm² ----70000kgf/cm² 5000 kgf/cm² 2100000kgf/cm² A fórmula de Hooke relaciona o aumento ou diminuição do comprimento, com a força que é aplicada. DL = (FHL) / (EHS) Por exemplo: Uma carga de 10000kgf comprime um pilar de madeira com 250cm de altura e com seção de 10 H 10 cm. A diminuição será de: L = (F H L) / (E H S) DL = (10000kgf H 250cm) / (140000kgf/cm² H 100cm²) DL = 0,18cm ou 1,8mm O desenho seguinte mostra o pilar apoiado em dois pontos, o chão e a parede. A parede é lisa, só oferece reação horizontal, o apoio no chão reage verticalmente igual e contrario ao peso e, através de atrito reage à força horizontal, ele precisa do atrito com o chão para não escorregar. O pilar agora pode ser chamado de viga pois vence um vão, inclusive podendo carregar algum outro peso alem de seu próprio, mas como depende do atrito com o chão para resistir à força horizontal, não é auto portante, sem o atrito perde sua função de viga. Espelhando essa figura e colocando um tirante ligando as partes inferiores para que a força horizontal de um lado equilibre o outro, temos uma viga da maneira que Vitor Amaral Lotufo 2 estamos acostumados a ver, algo parecido com uma tesoura de telhado. Na parte de cima os dois pilares-viga se comprimem um se escora no outro enquanto que na parte de baixo o tirante é tracionado, completando uma estrutura auto portante, pois agora não é necessário a ajuda externa do atrito. As cargas vão para os apoios, gerando forças horizontais que vão se contrapor no tirante. Temos compressão na parte de cima (a cabeça de um pilar-viga contra o outro) e tração na parte de baixo (no tirante). Vamos chamar de “altura estrutural” a distância entre as forças de compressão na parte de cima às de tração na parte de baixo. Quanto maior a altura estrutural em relação ao vão menores serão as forças horizontais. Esquematicamente é assim que funciona toda e qualquer viga. Os triângulos formados pelas forças são semelhantes aos geométricos do desenho da estrutura e se conhecemos uma das forças, por exemplo o peso, podemos conhecer as outras. Exemplo: Nesta estrutura temos dois telhados apoiados em vigas, de cumeeira e de base. As cumeeiras descarregam metade do peso de cada telhado na estrutura (tesoura) e a outra metade nas vigas da base que descarregam diretamente nos pilares. No desenho só estão representadas as forças externas que descarregam nas vigas cumeeiras. Pelas pernas da tesoura correm as resultantes inclinadas das cargas verticais da cumeeira e das forças horizontais do topo (a cabeça de uma perna contra a outra) até a base onde se decompõe em horizontais e verticais. As horizontais vão se contrapor pelo tirante e as verticais carregam os apoios. Como neste exemplo o ângulo das pernas com o tirante é de 45°, as horizontais vão ter a mesma intensidade que as verticais. Se o ângulo for menor, a altura estrutural será menor e as forças horizontais maiores, se for maior, a altura estrutural será maior e as forças horizontais menores. Neste caso (ângulo de 45°), as horizontais esticam o tirante com força de intensidade igual ao peso de cada um dos telhados e comprimem as pernas com a intensidade igual ao do peso de um dos telhados, multiplicado pelo seno de 45° que é e2. Este é um exemplo do mecanismo estrutural, que permite a construção de um vão livre, um abrigo, uma ponte...enfim uma estrutura auto portante, e que aplicado repetidamente nos permite criar estruturas mais complexas. Vitor Amaral Lotufo 3 E é o princípio de funcionamento de toda e qualquer estrutura, é um jogo de tração e compressão atuando sempre em triângulos de forças e para dimensiona-las utilizaremos a ferramenta básica, a regra de três, comparando o triângulo geométrico da estrutura com o triângulo formado pelas forças. Mudança da forma geométrica após a aplicação das forças Devemos lembrar que as peças comprimidas da tesoura diminuirão de tamanho e as tracionadas aumentarão de tamanho e isso pode alterar os ângulos entre as peças, alterando o vão e a altura estrutural e consequentemente alterando a intensidade das forças. Lei de Hooke: Robert Hooke foi quem descobriu a relação entre força e a forma com que os materiais resistem à essas forças, aumentando ou diminuindo seu comprimento. DL = (FHL) / (E H S) O triângulo formado pelas duas pernas da tesoura mais o tirante terá sua forma modificada, pois as pernas sujeitas a compressão diminuirão de comprimento e o tirante devido à tração aumentará de comprimento. Se as cargas devidas ao telhado forem de 1500kgf sobre cada uma das vigas no topo da tesoura, sendo seu vão livre de 3m e a altura do triângulo de 1,50m, teremos uma força de 1500kgf tracionando o tirante e de 1500kgf H e2 comprimindo cada perna da tesoura= 2121,32kgf.. Usando peças de madeira no perfil de 6 x 16cm com E= 140000kgf/cm², teremos para as peças comprimidas: DL = (L H F)/(S H E) DL = (212,132cm H 2121kgf) / (96cm² H 140000kgf/cm²) DL = 0,03348cm E o tirante: DL = (300cm H 1500kgf) / (96cm² H 140000kgf/cm²) DL = 0,0335cm Se a simetria se mantém a metade do triângulo continuará com ângulo de 90° (retângulo), mas o Ângulo formado entre perna e tirante não será mais de 45°, pois o cateto e a hipotenusa se modificaram: de 212.132 para 212,09855 e de 150 para 149,98cm, o ângulo será então de 44,997°. É uma diferença muito pequena para ser levada em conta, mas em estruturas maiores e cargas maiores, as diferenças poderão ser importantes. Vitor Amaral Lotufo 4 go de seu percurso, ou seja quando formado por infinitos blocos assume a forma de uma curva catenária. Para que o desenho se aproxime mais de uma Arcos Os arcos são vários triângulos (mecanismo estrutural) superpostos. Para entendermos essa idéia, vamos retirar o tirante da tesoura e apoiá-la em outros blocos, ou pilares-viga, inclinados, de tal forma que estes queiram “cair” para dentro com a mesma intensidade que os que estão acima querem “cair, abrir” para fora. O tirante agora deve ser colocado na parte de baixo dos novos blocos. A inclinação dos blocos de baixo será determinada pela direção da resultante entre a força horizontal provocada pelos blocos de cima e a vertical, soma do peso dos dois blocos (o de cima mais o de baixo), pois o bloco de baixo além do próprio peso, suporta também o peso do de cima, como mostrado no desenho. É uma aplicação repetida do mecanismo estrutural do exemplo anterior. Esse é o perfil que um arco deve ter para resistir à cargas iguais ao lon- curva catenária, devemos trabalhar com pedaços pequenos, principalmente na parte superior da curva, porém é interessante notar que os arcos podem estar equilibrados, um contra o outro, tendo aquela ponta típica dos arcos góticos. Ao lado, desenho de Franz Josef Ritter von Gerstner de um polígono funicular invertido. (Karl-Eugen Kurrer “Theory of Structures), onde mostra a construção de um arco de catenária invertido e abaixo indica que as forças horizontais tem o mesmo tamanho e a inclinação dos elos varia com a resultante desta força horizontal com os tamanhos das verticais. No exemplo seguinte a catenária é construida a partir do elemento inferior, mantendo-se fixo o valor da força horizontal, diminuindo-se o valor da força vertical, à medida que caminhamos para o topo da curva. Estes arcos que são chamados funiculares tem sua forma definida pela maneira com que é distribuida a carga assim e estarão em equilíbrio sempre que as forças horizontais da parte acima seja de mesmo tamanho da de baixo com direções opostas. Dessa maneira os blocos trabalharão somente à compressão, haverá tração na interrupção da curva, para isso o tirante. As forças horizontais são sempre iguais e vão se contrapondo ao longo do arco. O arco entrega em cada apoio na fundação, o peso total de cada metade do arco, através de uma força com a direção da inclinação do bloco que chega ao apoio ou seja a tangente da curva do arco no ponto do apoio. A intensidade da força horizontal será proporcional à inclinação com que chega o arco no apoio e ao peso descarregado, lembrando que essa tangente será determinada pelo vão, pela altura estrutural e pela distribuição do carregamento, pois são as determinantes da proporção da curva catenária. Não vamos nos importar com o que acontece internamente em cada bloco, pois iremos depois subdividi-los em inúmeros pedaços, sempre nos importando apenas com as forças que cada um entrega para seus vizinhos, ou seja seus apoios. No desenho seguinte, optamos por construir com oito blocos ou pedaços de mesmo tamanho e peso, somente o oitavo foi subdividido pela metade e a metade seguinte também pela metade e finalmente mais uma subdivisão para que a curva ficasse visualmente mais arredondada no topo (sempre com Vitor Amaral Lotufo 5 o peso proporcional ao comprimento, caso contrario não teremos mais uma catenária). Começamos então o desenho considerando oito unidades de peso para a força vertical. A horizontal foi fixada como uma constante. Apenas nos pedaços do topo o peso foi considerado proporcional à metade do bloco e assim sucessivamente. Estes arcos podem ser chamados de arcos com curvatura natural, pois sua curvatura é definida para que sempre as forças horizontais sejam iguais ao longo de todo o seu desenvolvimento respeitando seu carregamento. Se houverem cargas extras externas, estas deverão ser acrescidas ao peso de cada bloco. Se essas cargas externas forem iguais em todos os blocos cons- Vitor Amaral Lotufo 6 tituintes do arco, a sua forma ideal não se modificará, porém se não houver regularidade é possível que uma outra forma de arco seja a resultante natural. O arco resultante natural é chamado de funicular, pois se pendurarmos pesos em um cordão (funiculum em latim), este adotará a forma do arco resultante e que consistiu a maneira de Gaudi projetar os arcos da Cripta Guell. A cada passo, a força horizontal é sempre de mesma intensidade, porém a força vertical que é nula no centro do arco vai aumentando passo a passo, a tangente que na verdade é a resultante da horizontal com a vertical consequentemente aumenta conforme se aproxima dos apoios. O arco que trabalha à tração, trabalha igual ao de compressão, porém com inversão de sinal nas forças, as forças horizontais se dirigem para o interior do arco e as verticais ficam dependuradas no arco. Na parte superior, travando o arco de tração, podemos colocar uma Vitor Amaral Lotufo 7 barra horizontal para compensar as forças de compressão horizontais. Podemos também ao invés da barra de compressão, colocarmos outro arco invertido com as mesmas cargas, eles se compensarão. Como são operações repetitivas para se obter os pontos dessa catenária, podemos programa-la numa tabela de EXCEL para melhor observar suas variações: Abóboda em pedra maciça - Residência Gardel - arq. Cecília Lenzi 400 500 200 400 y 600 800 1000 1200 y Onde “ângulo” é o ângulo formado pelo primeiro bloco superior, vizinho ao eixo da catenária com a horizontal e os seguintes, obtidos pela fórmula =ATAN(C2/B2) ou arco cuja tangente é Kgf / H, dados atribuídos para o primeiro bloco, seu peso e a força horizontal “H” = 2 /TAN(PI()/90) que é descarregado no topo do segundo bloco, esta força horizontal pela característica da catenária será sempre a mesma em todos os blocos. E obteremos os primeiros valores para “x” e “y” =6*COS(A2) e =6*SEN(A2) respectivamente e para os seguintes =6*COS(A3)+D2 e =6*SEN(A3)+E2 O valor 6 atribuído é 6cm ou a espessura de um tijolo mais a argamassa. Quando o carregamento de um arco tiver uma regularidade linear (cargas iguais à distâncias horizontais iguais), sua forma ideal será de uma parábola. Este é o tipo de carregamento mais usual e frequente. As tangentes da parábola nos pontos de apoio, são linhas que passam por um ponto do dobro de sua altura. Os arcos são ideais para resistir somente forças de compressão e da mesma forma que os arcos suspensos, são instáveis, qualquer força eventual pode desequilibrá-los. Se não estiverem inseridos por exemplo à uma parede que os estabilize, será sempre necessário construí-los de forma a resistirem também à flexão. 300 E y 0,104714439 0,314047698 0,627808976 1,045713159 1,567382104 2,192346343 2,920047167 3,74983909 4,680992645 5,712697511 6,844065917 8,074136302 9,401877199 10,8261913 12,34591969 13,95984616 15,66670165 17,46516868 19,3538859 200 D x 5,999086171 11,99543336 17,9872239 23,97265254 29,94993132 35,91729419 41,87300167 47,81534509 53,74265081 59,65328403 65,54565244 71,41820954 77,26945762 83,09795051 88,90229591 94,68115751 100,4332566 106,1573737 111,8523493 100 B C H kgf 114,5799233 2 114,5799233 4 114,5799233 6 114,5799233 8 114,5799233 10 114,5799233 12 114,5799233 14 114,5799233 16 114,5799233 18 114,5799233 20 114,5799233 22 114,5799233 24 114,5799233 26 114,5799233 28 114,5799233 30 114,5799233 32 114,5799233 34 114,5799233 36 114,5799233 38 0 A ângulo 0,017453293 0,034895958 0,05231741 0,069707136 0,08705474 0,10434998 0,121582797 0,138743354 0,155822067 0,172809635 0,189697063 0,206475693 0,22313722 0,239673718 0,256077651 0,272341886 0,288459711 0,304424835 0,320231397 0 Catenária Vitor Amaral Lotufo 8 Parábola A parábola é a funicular da maioria dos carregamentos típicos de nossas construções, pois é o resultado de um carregamento uniformemente distribuido ao longo de uma reta ou plano e seu desenho mostra que as tangentes nos apoios são linhas que partem de um ponto do dobro da altura da sua flexa, definindo um triângulo geométrico com a metade do vão e o dobro da flexa que é semelhante ao de forças. Vitor Amaral Lotufo 9 Arcos com curvatura não natural Os arcos de circunferência normalmente não consistem em curva funicular de um carregamento, pois este teria de ser muito atípico. Isso quer dizer que as forças horizontais não se compensam, existindo ao longo da curva forças horizontais excedentes, maiores ou menores. Vamos ver como as forças caminham em um arco de semi circunferência tendo de resistir somente ao seu próprio peso. Da mesma maneira que o pilar inclinado, o bloco de cima descarrega no bloco de baixo uma força inclinada decomposta em duas, o seu peso e uma horizontal dirigida para fora. O bloco de baixo também inclinado, apoia-se no de cima provocando uma força horizontal para dentro, em sentido oposto, se esta horizontal for igual a do bloco de cima, haverá compensação, mas se não forem iguais haverá um excedente de força horizontal dirigido para dentro ou para fora. Neste arco de circunferência, o excedente é para fora, inclusive nos outros encontros de blocos. Os arcos em semicírculo trabalham à flexão, isto é haverá tração e com^Residência Eduardo Manzano - Arq. Vitor Lotufo pressão ao longo do arco, pois não há nenhum mecanismo para compensação desse excesso de força horizontal que provocará o aparecimento de forças de tração na face externa do arco. É necessário a criação de elementos que resistam à flexão. A maior parte das vezes construímos portais em forma de arco incrustados em paredes, dessa maneira as paredes acabam fornecendo a escora para esses excedentes de forças horizontais. Quando dividimos em muitas partes um arco de semi circunferência, vemos que a força horizontal na base tende a zero, mas ao longo do arco existirão forças horizontais excedentes. As forças horizontais excedentes terão dois apoios um no topo que é o único que pode resistir à forças horizontais e outro na base, mas que não tem condições de resistir à forças horizontais. Então soma-se as forças horizontais excedentes no arco e verifica-se se o material construtivo do arco é capaz de Vitor Amaral Lotufo 10 resistir à essa força que será de tração. Por exemplo se o arco for construido em tijolos de meia vez, teremos à disposição metade de sua seção para resistir tração, a outra trabalha à compressão. Dessa metade, a face externa resiste à um máximo de tração, que para a alvenaria seria aproximadamente 5kgf/cm², mas na transição entre tração e compressão esse valor é nulo, então adotaremos a média de sua capacidade de resistência à tração, portanto 2,5kgf/cm², então um arco com profundidade de 100cm pode resistir a 100cm x 5cm x 2,5kgf ou 1250kgf/metro linear. Caso não seja suficiente o próprio material, podemos reforçar com barras de aço na superfície externa do arco, chumbadas aos apoios. Forças excedentes em arcos de circunferência: “A” é o número de divisões da metade da circunferência e vai determinar o número de partes do arco. “B” é o ângulo interno das divisões em radianos. “C” é o ângulo definido pela horizontal e pela direção da força que cada parte traz para seu apoio em radianos. “D” é o raio do arco em metros. “E” é a altura de cada parte em metros. “F” é a área de cada parte, ou a altura multiplicado pela largura do arco, que no caso de ser uma abóboda fixamos em 1 metro, então teremos um total de força horizontal por metro de seção da abóboda. “G” é o peso de cada parte acumulado com os pesos das partes superiores (forças verticais). “H” é a força horizontal provocada pelas partes imediatamente acima. “I” é o valor da força excedente em cada apoio. A soma é o valor total das forças excedentes. Este total tende à pequena diminuição conforme dividimos o arco em mais partes. O sinal de negativo mostra que as forças excedentes neste caso tem dire- A B C D E F G H nº div ang da div âng parte Raio m altura parte área da parte peso partes H acumulado 32 0,09817477 0,049087385 3 0,588102842 0,588102842 205,8359947 4189,887926 32 0,09817477 0,147262156 3 0,588102842 0,588102842 411,6719894 2775,267123 32 0,09817477 0,245436926 3 0,588102842 0,588102842 617,5079841 2465,230061 32 0,09817477 0,343611696 3 0,588102842 0,588102842 823,3439788 2301,092268 32 0,09817477 0,441786467 3 0,588102842 0,588102842 1029,179973 2176,018228 32 0,09817477 0,539961237 3 0,588102842 0,588102842 1235,015968 2060,49966 32 0,09817477 0,638136008 3 0,588102842 0,588102842 1440,851963 1942,763974 32 0,09817477 0,736310778 3 0,588102842 0,588102842 1646,687958 1816,840184 32 0,09817477 0,834485549 3 0,588102842 0,588102842 1852,523952 1679,02984 32 0,09817477 0,932660319 3 0,588102842 0,588102842 2058,359947 1526,583779 32 0,09817477 1,030835089 3 0,588102842 0,588102842 2264,195942 1357,106821 32 0,09817477 1,12900986 3 0,588102842 0,588102842 2470,031936 1168,238101 32 0,09817477 1,22718463 3 0,588102842 0,588102842 2675,867931 957,4408552 32 0,09817477 1,325359401 3 0,588102842 0,588102842 2881,703926 721,8292565 32 0,09817477 1,423534171 3 0,588102842 0,588102842 3087,53992 457,9932832 32 0,09817477 1,521708942 3 0,588102842 0,588102842 3293,375915 161,7931838 PI()(An) Bn+Cn-1 2*Dn*SEN(PI()/An)) Fn*Peso/m²+Gn-1 En*largura Gn/TAN(Cn) I Hn-Hn-1 excedente -1414,620803 -310,0370624 -164,1377927 -125,0740402 -115,5185677 -117,7356858 -125,9237901 -137,8103446 -152,4460606 -169,4769583 -188,8687195 -210,797246 -235,6115987 -263,8359734 -296,2000993 -161,7931838 soma -4189,887926 ção do interior para o exterior do arco. Podemos fazer simulação da passagem de forças acidentais sobre a abóbada e verificaremos que esta melhora as condições das forças excedentes passando a existir excedentes em direção contraria. A força horizontal no apoio inferior tende a zero, quando o número de divisões aumenta. A maior força horizontal fica na parte superior, porém as excedentes decrescem até a faixa dos 60° para voltar a crescer a medida que o ângulo com a horizontal diminue. Cúpulas Vitor Amaral Lotufo 11 As cúpulas funcionam da mesma maneira. Calculamos um arco que gira em torno de uma circunferência. Este arco agora será composto por dois setores opostos da cúpula, não tendo uma seção constante, pois no topo os dois setores se tocam em apenas um ponto e sua seção é crescente até atingir a metade da calota. Dividimos cada setor em partes de mesma altura, cada parte do setor terá um peso diferente, o superior triangular, os subsequentes trapezoidais e com áreas crescentes e pesos crescentes. Caso a cúpula exceda a meia esfera seus setores inferiores terão área decrescente. Cúpulas com curvatura natural trabalham somente à compressão, mas quando a curvatura não é natural como por exemplo a esférica, as forças horizontais não serão constantes existindo em cada paralelo forças horizontais excedentes. Se quisermos construir cúpulas com curvaturas não naturais, deveremos prever elementos estruturais que absorvam essas forças horizontais tais como cintas ou anéis. Giovanni Poleni em 1748 publicou seu parecer sobre trincas existentes na Cúpula do Vaticano para o Papa Benedetto XIV. Ao lado vemos um dos desenhos de Poleni (Tavola D) mostrando na figura XI o percurso das forças num arco e na figura XIII a diferença entre um arco Cúpula Hemisférica Vitor Amaral Lotufo 12 A curvatura de um arco ou de uma cúpula com a forma de uma meia esfera apresenta desequilíbrios entre as forças horizontais em cada paralelo. Este desenho mostra um corte vertical de uma cúpula hemisférica dividida em dezesseis setores e cada setor dividido em quatro partes, por paralelos A,B,C e D. Formando quatro trapézios com áreas diferentes e portanto com pesos diferentes. A primeira é um trapézio onde um dos lados é nulo, portanto é um triângulo. A área de cada trapézio é a média da soma dos dois lados paralelos multiplicado pela altura. Cada lado dos trapézios é a circunferência do respectivo paralelo, dividido pelo número de setores, no caso 16 e a altura de cada parte é a circunferência da esfera dividida por 16 também. Considerado o raio R unitário, temos que: R° = cos 90° ou 0, R¹ = cos 67,5° ou 0,3827, R² = cos 45° ou 0,707, R³ = cos 22,5° ou 0,92388 R = cos 0° ou 1. (à esquerda) e um setor da cúpula (à direita). Na Tavola E, Poleni demonstra que a curva funicular da cúpula passa por dentro da cúpula, demostrando assim que mesmo com as trincas a cúpula tinha sido bem projetada, não incorrendo em risco de ruina. Comprimentos dos segmentos: O = 0, A = (0,3827 H 2p / 16) ou 0,15029, B = (0,707 H 2p / 16) ou 0,2777, C = (0,92388 H 2p / 16) ou 0,3628, D = (1 H 2p / 16) ou 0,3927 que é também a altura de cada trapézio. Área da parte A = ((0 + 0,15029) / 2) H 0,3927 = 0,0295 parte B = ((0,15029 + 0,277) / 2) H 0,3927 = 0,084 parte C = ((0,2777 + 0,3628)/2) H 0,3927 = 0,1258 parte D = ((0,3628 + 0,3927)/2) H 0,3927 = 0,1483, todas expressas em R² Vamos adotar essas áreas como um fator de peso e vamos calcular as forças que agem na esfera adotando-se as áreas como forças peso. A força horizontal que a parte “A” descarrega na parte “B”, se compensa pela horizontal contraria proveniente da parte”B”. A força horizontal descarregada pela parte “B” na parte “C” é um pouco maior que a proveniente da “C”, resultando um excedente dirigido para fora. A força horizontal descarregada pela parte “C” na parte “D” é um pouco maior que a proveniente da “D”, resultando um excedente dirigido para fora. A parte “D” descarrega no apoio uma força inclinada que decomposta tem uma componente horizontal para fora e uma vertical igual a soma de todas as partes do setor. Como o excedente de forças se dirige para fora as forças são de tração nos anéis. Se forem dirigidas para dentro, as forças comprimirão o anel. O desenho da vista superior da cúpula mostra os excedentes das forças horizontais decompostos em forças que tracionam as cintas ou anéis entre as partes em que foram divididos os setores. As forças horizontais na base, também tem componentes que tracionam o anel da base da cúpula. Quanto maior for a divisão em setores e partes melhor será a precisão. Essas operações também podem ser calculadas com a ferramenta estrutural, em operações sucessivas. Exemplo Cúpula hemisférica feita em tijolos comuns 1/2 vez, com 5m de raio, peso próprio da alvenaria 280kgf/m² e carga acidental de 50kgf/m², total de 330kgf/ m². Dividimos a cúpula da mesma forma que a anterior em por exemplo 16 setores e em 4 partes cada setor. Poderemos então utilizar as proporções de peso de cada parte do setor: Lembrar que os índices de área estão expressos em raio elevado ao quadrado. Peso da parte A: 0,0295 H 25m² H 330 kgf/m² = 243,375 kgf Peso da parte B: 0,084 H 25 m² H 330 kgf/m² = 693 kgf Peso da parte C: 0,1258 H 25 m² H 330 kgf/m² = 1037,85 kgf Peso da parte D: 0,14833 H 25 m² H 330 kgf/m² = 1223,72 kgf/m² A parte A esta apoiada no topo, horizontalmente na outra parte A do setor oposto por contraposição e abaixo no topo da parte B, formando um ângulo de 11,25° com a horizontal, provocando uma força horizontal de 243,375 kgf / Vitor Amaral Lotufo 13 tg11,25° = 1223,53 kgf direcionada para fora. A parte B está apoiada na parte C, descarregando seu peso de 693 kgf mais o de A de 243,375 kgf, totalizando 936,375 kgf com o ângulo de 11,25° mais 22,5° ou 33,75°, provocando uma força horizontal de 936,375 kgf / tg 33,75° = 1401,38 kgf. Uma força igual com sentido contrário agirá na outra extremidade empurrando a força horizontal proveniente da parte A para dentro, resultando uma força excedente de 1401,38kgf - 1223,53kgf = 177,85kgf, esta força dirigida para dentro portanto comprimindo o anel desse paralelo. A parte C, está apoiada na parte D, descarregando seu peso de 1037,85kgf mais o de A e B, de 936,375 kgf, totalizando 1974,225 kgf com o ângulo de 33,75° mais 22,5° ou 56,25°, provocando uma força horizontal de 1974,225 kgf / tg 56,25° = 1319,135kgf. Uma força igual com sentido contrário agirá na outra extremidade empurrando a força horizontal proveniente da parte B para dentro, resultando uma força excedente de 1319,135kgf 1401,38 kgf = - 82,25 kgf, esta força dirigida para fora, portanto tracionando o anel desse paralelo. A parte D, está apoiada na fundação, descarregando seu peso de 1223,72 kgf mais o de A, B e C, de 1974,225kgf, totalizando 3197,945 kgf com o ângulo de 56,25° mais 22,5° ou 78,75°, provocando uma força horizontal de 3197,945kgf / tg 78,75° = 636,11kgf, que deve ser resistida por uma cinta. Uma força igual com sentido contrário agirá na outra extremidade empurrando a força horizontal proveniente da parte C para dentro, resultando uma força excedente de 626,71kgf - 1303,15kgf = - 676,44kgf, esta força dirigida para fora, portanto tracionando o anel desse paralelo. A força horizontal na base da parte D provocará tração no anel final. A força excedente horizontal entre as partes A e B provoca compressão e tem a intensidade de 177,85kgf . Decomposta em duas, nas direções dos setores adjacentes que formam um ângulo entre si de 157,5° valerão: F compressão = F excedente / (2 H cos78,75°) ou 177,85kgf / 0,39 = 456kgf Os tijolos aguentam 50kgf/cm² à compressão, portanto são necessários 10cm² de seção de tijolo no anel. A força excedente horizontal entre as partes B e C provoca tração e tem a intensidade de 98,23kgf . Decomposta em duas, nas direções dos setores adjacentes que formam ângulo entre si de 157,5° valerão: 98,23kgf / 0,39 = 251,87 kgf de tração, multiplicado por 1,4 coeficiente de segurança = 353 kgf, será necessário reforçar com uma barra de aço que suporte essa força ou 353kgf/ (50kgf/mm² H 0,85 coef. seg.) = 8,2mm². A força excedente horizontal entre as partes C e D provoca tração e tem a intensidade de 676,44kgf . Decomposta em duas, nas direções dos setores adjacentes que formam ângulo entre si de 157,5° valerão: 676,44kgf / 0,39 = Vitor Amaral Lotufo 14 1735kgf de tração, multiplicado por 1,4 coeficiente de segurança = 2429kgf, será necessário reforçar com uma barra de aço que suporte essa força ou 2429kgf / (50kgf/mm² H 0,85 coef. seg.) = 57,2mm² (uma barra de 10mm de diâmetro ou duas de 6,2mm). A força horizontal na base de D é de 626,71kgf, decomposta em duas 626,71kgf / 0,39 = 1607 kgf H 1,4 = 2250kgf / (50kgf/ mm² x 0,85) = 53mm² Programa cúpula em Excel Como as operações são repetitivas e sequenciais, podemos construir tabela com EXCEL . A- Raio da cúpula (r), em metros. B- Número de setores em que dividimos a esfera. C- Número de partes em que cada setor foi dividido, consideramos aqui uma metade de setor. D- Ângulo horizontal que define cada setor em radianos, fórmula =2*PI()/B. E- Ângulos verticais em radianos, fórmula =PI()/C. F- Raios horizontais de cada paralelo, fórmula =A*cos(E). G- Comprimento de cada circunferência de cada paralelo fórmula =2*PI()*F. H- Comprimento de cada segmento horizontal de Sala de estar residência Victor Rebouças. Arq. Vitor Lotufo Vitor Amaral Lotufo 15 cada parte, fórmula =G/B. I- Comprimento do segmento vertical das partes, fórmula =2*PI()*A/B. J- Designativo de cada parte. K- Área de cada parte em m², fórmula =((H¹+H²)/2)*I,. L- Peso de cada parte, considerando 330 kgf/m², fórmula =K*330. M- Peso acumulado das partes a partir da superior, com a fórmula SOMA(L²+M¹). N- Ângulo que cada parte faz com a seguinte inferior em radianos, fórmula =(PI()/C)+N. O- Ângulo N medido em graus com a fórmula =(180*N)/PI(). P- Força horizontal sob cada parte em kgf, fórmula =M/TAN(N). Q- Força excedente sob cada parte em kgf, fórmula =P²-P¹. R- Forças multiplicadas pelo coeficiente de segurança 1,4. Vitor Amaral Lotufo 16 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T r nºsets nºpart âng H âng V Raios H Circ. H Segm H Segm V parte área pte peso pt p acum âng pte âng graus Força H exced exced*1,4 âng horiz Força anel 5 32 16 0,196349541 1,570796327 0 0 0 0,981747704 A 0,094016812 31,02554782 31,02554782 0,09817477 5,625 315,0076733 90,17195611 126,2407386 1,472621556 643,9727691 5 32 16 0,196349541 1,374446786 0,97545161 6,12894322 0,191529476 0,981747704 B 0,278437421 91,88434904 122,9098969 0,294524311 16,875 405,1796294 103,9247929 145,4947101 1,472621556 742,1901395 5 32 16 0,196349541 1,178097245 1,913417162 12,0223546 0,375698581 0,981747704 C 0,452157837 149,2120863 272,1219831 0,490873852 28,125 509,1044224 37,79475208 52,91265291 1,472621556 269,9153063 5 32 16 0,196349541 0,981747704 2,777851165 17,45375363 0,545429801 0,981747704 D 0,535474455 176,7065701 448,8285532 0,687223393 39,375 546,8991745 -33,53576587 -46,95007221 1,472621556 -239,499296 5 32 16 0,196349541 0,981747704 2,777851165 17,45375363 0,545429801 0,981747704 E 0,535474455 176,7065701 625,5351233 0,883572934 50,625 513,3634086 -84,55628977 -118,3788057 1,472621556 -603,8678811 5 32 16 0,196349541 0,981747704 2,777851165 17,45375363 0,545429801 0,981747704 F 0,535474455 176,7065701 802,2416934 1,079922475 61,875 428,8071188 -131,8464097 -184,5849736 1,472621556 -941,5953829 5 32 16 0,196349541 0,981747704 2,777851165 17,45375363 0,545429801 0,981747704 G 0,535474455 176,7065701 978,9482634 1,276272016 73,125 296,9607091 -191,8406818 -268,5769545 1,472621556 -1370,050961 5 32 16 0,196349541 0,981747704 2,777851165 17,45375363 0,545429801 0,981747704 H 0,267737227 88,35328504 1067,301548 1,472621556 84,375 105,1200273 -105,1200273 -147,1680382 1,472621556 -750,726035 S- Ângulo entre setores, fórmula =(PI()-D)/2. T- Força que comprime (em positivo) ou que traciona (em negativo) cada anel entre partes em kgf, fórmula =R/(2*COS(S)). Quanto mais setores e partes dividirmos mais preciso vai se tornando o resultado. A divisão em partes também deve estar relacionada ao vão que a alvenaria de tijolos consegue vencer sem precisar de reforços, isto é cada anel entre as partes funciona como apoios para as partes. Para aplicar este esquema em geodésicas, devemos fazer coincidir aproximadamente os paralelos com os da geodésica e dividir a soma das forças de todas as partes de mesma posição e dividi-las pelo número de barras de mesma posição. Cúpula Natural Uma cúpula natural é o equivalente a um arco ou uma abóboda natural, isto é em qualquer lugar da curva a força horizontal será exatamente igual, não existirão excedentes de forças horizontais, no caso do arco essa curva é chamada de catenária. A curva desenhada por uma corrente representa a curva ideal de um arco construido com um mesmo material, com espessura constante, mas quando queremos construir uma cúpula de um mesmo material e espessura constante não poderemos utilizar a catenária, pois a largura de um setor de cúpula não tem largura constante. Para que as partes de um setor de uma cúpula natural apresentem pesos iguais ao longo de sua curvatura é preciso que a área da superfície de cada pedaço seja equivalente e a inclinação de cada parte siga o gráfico de resultantes, provocando sempre forças horizontais iguais. A curvatura de uma cúpula natural é uma curva semelhante à da catenária, da parábola e do círculo, pois a curvatura tem um desenho único, sua variação é somente de escala. Fixamos alguns valores: O número de setores “n” em que vamos dividir a cúpula, mais setores, maior precisão. A proporção entre a força “P”, peso de cada parte do setor e a força horizontal, este será um fator de escala pois determina as inclinações das partes, quanto mais inclinada a primeira parte, maior precisão nos dados obtidos. E o raio do primeiro paralelo, onde se situa o lado “a” da primeira parte, é um fator de escala da curva também. Com esses dados, construiremos uma tabela no “Excel” para obtermos dados que permitam o desenho dessa curva e a partir daí podemos alterar os dados de escala para obtermos um resultado mais condizentes com nossa proposta. Observando-se os triângulos do desenho, podemos relacionar alguns parâmetros: A largura da parte = tangente de metade do ângulo do setor multiplicado por 2 e pelo raio do círculo paralelo. a = tg (p / n) H 2 H R1 b = tg (p / n) H 2 H R2 A altura de cada parte = raio do paralelo diminuído do raio do paralelo superior dividido pelo coseno do ângulo de cada parte com o raio paralelo. h1 = (R1 - R0) / cos a1 h2 = (R2 - R1) / cos a2 As superfícies das partes devem ser sempre iguais e são sua altura multiplicado pela média da soma de suas larguras. S1 = h1 H (0 + a) / 2 S2 = h2 H (a + b) / 2 S1 = S2 S1 = h2 H (a + b) / 2 S1 H 2 = a H h2 + b Hh2 Vitor Amaral Lotufo 17 H larg p I alt p 0,289949494 0,37466629 0,425462298 0,460938431 0,487856057 0,509377666 2*B*TAN(E) 0,455597898 0,06605019 0,35 0,198762026 0,06605019 0,452262219 0,165098938 0,06605019 0,513578425 0,149030089 0,06605019 0,556401906 0,139229708 0,06605019 0,588894354 0,13246682 0,06605019 0,614873235 (Rn-Rn-1)/G (Hn+Hn-1)*I/2 B S1 H 2 = a H ((R2 - R1) / cos a2) + b H ((R2 - R1) / cos a2) S1 H 2 = ((R2 - R1) H a + (R2 - R1) H b) / cos a2 S1H2Hcos a2 = tg (p / n)H2HR1HR2 - tg (p / n)H2HR1² + tg (p / n)H2HR2² - tg (p / n) H2HR2HR1 S1Hcos a2 = - tg (p / n)HR1² + tg (p / n)HR2² S1Hcos a2 / tg (p / n) = - R1² + R2² R2² = (S1Hcos a2 / tg (p / n))+R1² 0,8 K x L y 0,291666667 0,462103698 0,615394213 0,75813915 0,893524351 1,023418754 SEN(F)*I+L 0 0,2 Devemos agora fixar valores para "n" número de setores que é um fator de precisão dos resultados, o raio do primeiro paralelo “R1" e a relação P/H, peso de cada parte dividido pela força horizontal, que são fatores de escala e que deixam mais precisa a curva. 0,4 0,6 0,8 1 1,2 Série1 Vamos construir uma tabela no "Excel", para determinarmos a curva. “n” é o número de setores em que vamos dividir a cúpula. R paralelos são os raios das divisões em partes dos setores, o primeiro raio será por nós definido, os seguintes obedecerão à fórmula para R2² = (S1Hcos a2 / tg (p / n))+R1². J área p 0,6 G cos âng p 0 0,76822128 0,514495755 0,371390676 0,287347886 0,233372952 0,196116135 0,4 E F âng Setor âng partes 0 0 0,392699082 0,694738276 0,392699082 1,030376827 0,392699082 1,19028995 0,392699082 1,279339532 0,392699082 1,335251346 0,392699082 1,373400767 ATAN(H/2*R1) ACOS(C/D) 0,2 8 8 8 8 8 8 B C D R paralelos P H 0 0,35 1 1,2 0,452262219 2 1,2 0,513578425 3 1,2 0,556401906 4 1,2 0,588894354 5 1,2 0,614873235 6 1,2 RAIZ(B*B+(J*G/TAN(E))) 0 A n Vitor Amaral Lotufo 18 Triângulos Vitor Amaral Lotufo 19 A composição e decomposição de forças é chamada de paralelogramo de forças sendo a força diagonal a resultante ou a força a ser decomposta . O paralelogramo é formado por dois triângulos simétricos. Podemos dizer que as forças se compõe e se decompõe sempre em triângulos. Mesmo formando polígonos como nos arcos, entendemos que se trata de uma aplicação seriada de triângulos de forças. O triângulo é também a estabilidade, não se deforma, já os outros polígonos perdem sua forma por modificação dos ângulos formados entre suas arestas. Muitas construções apresentam elementos retilíneos e aparentemente não enxergamos triângulos, mas obrigatoriamente estão presentes em encontros de vigas, pilares e lajes. Sem triângulos, qualquer força pode colocar a estabilidade de tais construções em risco. Treliças As treliças representam um tipo estrutural onde os triângulos aparecem explícitos, assim podemos enxergar com mais clareza seu funcionamento. As cargas devem ser colocadas somente nos nós, os encontros de barras, para que as barras trabalhem unicamente à compressão ou à tração. Dessa maneira não haverá flexão (compressão e tração na mesma barra). As figuras acima mostram exemplos de treliças simples (os próprios mecanismos estruturais). O primeiro é um arco de compressão suportando uma carga no nó central, esta é decomposta em duas forças nas direções das pernas do arco que por compressão, transporta as duas forças para os apoios e então um tirante absorve a força horizontal, o segundo (em baixo) é um arco de tração que recebe a carga em seu ponto central, esta se decompõe em duas, nas direções dos tirantes e são transportadas pelos tirantes para os apoios superiores. Uma barra horizontal absorve as componentes horizontais por compressão. Essas treliças são simples, elas podem ficar mais complexas à medida em que apoiamos por exemplo um arco de compressão simples em um arco de tração, ou um arco de tração simples num arco de compressão e assim por diante. As treliças podem ser formadas por vários arcos de tração e compressão, cada um servindo de apoio para o outro. Podemos relacionar a forma dos arcos de compressão com o símbolo de uma cara triste e a forma dos arcos de tração com o símbolo da cara feliz. Vitor Amaral Lotufo 20 Funcionamento das treliças Bem no meio desta treliça, vemos um arco de tração dependurado como se fosse uma rede pendurada num arco de compressão. A força que esta dependurada no nó “1”, se decompõe em duas que percorrem tirantes inclinados até os nós “2”, onde novamente são decompostas em duas forças, as horizontais vão se contrapor na barra superior, enquanto as outras vão percorrer as pernas do arco de compressão, até descarregarem nos nós “3”, onde se decompõe novamente em horizontais (que se contrapõe no tirante inferior) e verticais (que vão para os apoios). O próximo desenho mostra outra treliça de mesmo tamanho mas onde o centro é ocupado por um arco de compressão apoiado num de tração, que vai descarregar as componentes verticais nos apoios. Existem muitas possibilidades para a configuração de uma treliça, mas a regra básica é, quando o vazio do arco está para cima (contente), o arco trabalha à tração, arco com o vazio para baixo trabalha à compressão (triste),. Quando a treliça é formada pela sucessão de vários triângulos a parte central é mais solicitada que as laterais pois na parte central passam mais arcos comprimidos e tracionados. As forças horizontais são maiores na parte central diminuindo em direção aos apoios. O limite da inclinação das pernas de um arco, quer seja de compressão ou de tração é a vertical. Para calcular as forças que atuam nas barras da treliça devemos proceder da mesma maneira como fizemos com o mecanismo estrutural, começando pelo meio da estrutura. O triângulo central da treliça carrega seu próprio peso e mais cargas exteriores e descarrega tudo em dois pontos de apoio, que estarão no próximo arco, este também carrega seu próprio peso e mais eventualmente outras cargas externas, descarregando a soma das cargas destes dois arcos para os apoios ou para um próximo arco e assim por diante. Podemos também calcular as forças que atuam nas treliças, calculando as forças que a treliça descarrega nos apoios. Se a treliça for simétrica, a força vertical que ela descarrega nos apoios é igual à metade da soma das forças verticais que atuam sobre a treliça mais seu próprio peso. Quem transportou essa força da treliça para o apoio, foi a força inclinada trazida pela barra inclinada e essa inclinação é também responsável pelo tamanho da força horizontal que deverá ser resistida pelo tirante ou pela barra horizontal de compressão, quanto menor a inclinação da barra, maior será a força horizontal. Conhecendo o valor da força vertical nos apoios, podemos determinar as outras forças que atuam nas barras que chegam aos apoios. Colocando números: Vitor Amaral Lotufo 21 Vamos estimar em 1000kgf o valor de cada força nos três nós superiores da treliça acima e a distância entre cada nó de 1m e ângulos de 60° entre barras. Começamos pelo vão central, nó “1”, o centro é o apoio entre duas vigas, temos então duas cargas de 500kgf nesse ponto cada uma apoiada de um lado da estrutura. Essas forças se dividem em duas, uma no sentido da barra inclinada da treliça valendo 500kgf / cos 30° = 577kgf e outra horizontal comprimindo a barra superior 500kgf H tg 30° = 289kgf. As forças de 577kgf caminharão comprimindo as barras centrais inclinadas, até se apoiarem nos nós “2”, onde se dividirão novamente em duas e em razão do ângulo ser de 60°, terão o mesmo valor ou seja 577kgf que esticam o tirante central e outras que vão se dependurar no tirante inclinado que vai ao nó 3+4. No nó 3+4 se divide em duas novamente com o mesmo valor, comprimindo a barra superior e as barras que conduzem ao nó de apoio, mas conjuntamente com novas cargas de 900kgf que estão carregando estes nós e que se dividem em duas forças de 577kgf comprimindo também a barra superior, o total de forças comprimindo o centro da barra superior será de 577kgf + 577kgf + 289kgf = 1444kgf e comprimindo a barra inclinada com 1000kgf / cos 30° = 1155kgf que somado a 577kgf , comprime a barra inclinada com 1732kgf. Esta, no apoio, no nó 5 se divide em duas, uma vertical valendo 1500kgf ou a metade das cargas que a estrutura carrega e horizontais de 1732kgf H sen 30° = 886kgf sendo que no vão central é somada a 577kgf resultando em aproximadamente 1444kgf As forças horizontais devem ser sempre iguais para a viga estar em equilíbrio. Estruturas que trabalham à flexão As peças das treliças, arcos e cúpulas, normalmente trabalham somente à compressão ou à tração, toda sua seção esta sendo somente comprimida ou tracionada, mas quando uma peça estrutural sofre flexão, compressão e tração coexistem, ou seja um lado de sua seção esta sendo comprimido enquanto o outro esta sendo tracionado. Quando ocorre flexão um dos lados da peça esta com um máximo de compressão enquanto o outro lado com um máximo de tração, entre esses dois máximos haverá uma nuance de forças, a compressão diminui até passar a tração, como mostra a figura acima de uma viga fletida. Quando uma peça estrutural esta sendo simplesmente comprimida ou tracionada, as resultantes das forças de compressão ou de tração passam pelo centro da seção, porém na flexão a posição das resultantes varia conforme o tipo de seção da peça e a forma como as forças se distribuem na peça. Para calcularmos as forças que comprimem e tracionam uma viga que trabalha à flexão, vamos substituir essa viga por uma estrutura mais simples que já dominamos, por exemplo um arco. As forças serão as mesmas, desde que posicionemos o arco e o tirante de tal maneira que o arco passe pela resultante de compressão e o tirante pela resultante de tração, ou seja a altura estrutural de ambos será a mesma e as Vitor Amaral Lotufo 22 seções do arco e tirante sejam compatíveis com a quantidade de forças que as partes das seções comprimidas e tracionadas da viga podem suportar. Sabemos que no meio do vão em uma viga bi apoiada, com perfil retangular essa variação apresenta um gráfico com a forma de triângulos opostos, sendo que as forças resultantes de compressão e a de tração passam pelos centros de gravidade dos referidos triângulos. O arco para poder substituir a viga, deve passar por onde passam as resultantes e ter sua forma relacionada com as forças que carregam a viga. Por exemplo, se a carga for concentrada o arco será um triângulo, com altura igual a altura estrutural da viga, ou seja igual à distância entre as duas resultantes, na direção do ponto de aplicação da carga concentrada. Neste exemplo, o arco tem a forma de uma parábola, pois é o arco natural para carregamentos distribuídos ao longo da viga. Vemos no desenho que o arco descarrega em cada ponto de apoio uma força “T” tangente à sua direção que decomposta resulta na força vertical“V”(metade da carga total do arco), e também na força horizontal “H”. Esse triângulo de forças é semelhante ao triângulo geométrico formado pela metade do vão e pelo dobro da altura estrutural do arco (tangente de uma pa- rábola), pois como foi considerada a carga uniformemente distribuída na viga, a curva natural do arco será uma parábola e a tangente num ponto qualquer da parábola é a linha que une esse ponto ao dobro de sua altura. Utilizamos um arco de compressão para descobrir as forças semelhantes que agem na viga, mas podemos utilizar um arco de tração ou mesmo dois arcos um de tração e um de compressão cada um com metade da altura estrutural, dividindo a carga entre os dois arcos, pois são estruturas equivalentes. Vitor Amaral Lotufo 23 Também ao invés de um arco podemos utilizar uma treliça, sempre tendo o cuidado de considerar alturas estruturais compatíveis. Estes exemplos são válidos para vigas de um mesmo material, como são as de madeira, porém para as vigas em concreto armado temos de considerar que a resultante das forças de tração esta onde se concentram as barras de aço. A localização da posição das resultantes de compressão e tração no centro da viga varia conforme o perfil da seção. Para determinarmos essa posição, ´primeiro localizamos a posição da linha neutra LN, pois quando o perfil da seção não é simétrico a LN não estará no centro. Dividimos em áreas o perfil da viga, por exemplo de 1cm² e em camadas, somamos a área total, que no exemplo é de 80cm². Calculamos a distância D de cada camada ao eixo x que poderá estar por exemplo passando na base da seção. Multiplicamos as distâncias pela área de cada camada respectiva, somamos os resultados e dividimos pelo total da área e obteremos a distância da linha neutra LN ao eixo x, neste caso é de 5cm. Agora, para situar a posição das resultantes, multiplicamos a área de cada camada pela sua distância à LN e obtemos o potencial de resistência de cada camada. Esses valores obtidos significam que somente as camadas mais externas tem a possibilidade de atuar plenamente na tensão máxima de compressão ou tração, conforme se aproximam da LN essa capacidade vai diminuindo até zero na LN. Somando-se esses resultados teremos a máxima capacidade de atuação dessa viga à compressão e à tração. Multiplicamos cada resultado novamente pela distância à LN (S H d H d), a somatória desses valores dividida pela soma do potencial de cada camada, nos dará a que distância da linha neutra LN ficam as resultantes de compressão e de tração, neste caso a 2,95cm da LN.Esses valores obtidos significam que somente as camadas mais externas tem a possibilidade de atuar plenamente na tensão máxima de compressão ou tração, conforme se aproximam da LN essa capacidade vai diminuindo até zero na LN. Somando-se esses resultados teremos a máxima capacidade de atuação dessa viga à compressão e à tração. Multiplicamos cada resultado novamente pela distância à LN (S H d H d), a somatória desses valores dividida pela soma do potencial de cada camada, nos dará a que distância da linha neutra LN ficam as resultantes de compressão e de tração, neste caso a 2,95cm da LN. Cálculo de uma viga em madeira Vitor Amaral Lotufo 24 Na figura abaixo está representada uma viga de madeira com de 6 H 16 cm de seção, percorrendo um vão de 2,50m, recebendo uma carga distribuída total de 500kg (200kgf/m). Como o perfil da viga é retangular, as resultantes de compressão e de tração passam em sua parte central, a 1/6 de suas faces superior e inferior, consequentemente a altura estrutural é de 2/3 da altura total da viga. Se carregarmos um cabo flexível ou uma corrente com a mesma carga distribuída, com o mesmo vão e com altura estrutural igual à da viga, este assume a forma de uma parábola. A parábola,deve ser traçada então tendo como limites os eixos das resultantes de compressão e de tração. As tangentes à parábola junto aos apoios, são linhas que partem de um ponto central distando de duas vezes a altura estrutural Para isso dobramos a altura estrutural (distância entre as resultantes de compressão e de tração) no centro da viga e unimos aos eixos dos apoios da viga. Essas linhas servem para desenharmos a parábola e ao mesmo tempo são as tangentes à parábola junto aos apoios. 1- Desenhamos o triângulo geométrico: metade do vão, dobro da altura estrutural e tangente à parábola. 2- O arco de tração em forma de parábola descarrega nos apoios forças “T” com a direção da tangente. 3- Estas forças “T” podem ser decompostas em duas outras, uma vertical que será igual à metade da carga que age sobre a viga, 300kgf ou “V/2 e a outra é a força horizontal que comprime a parte superior da viga. 4- Comparamos o triângulo das forças com o triângulo formado pela metade do vão e dobro da altura estrutural e como são semelhantes descobrimos o valor de “H”. H / 125cm = 250kgf / 21,33cm H = 375kgf H cm/ 21,33cm H = 1465kgf Para suportar essa força horizontal (de compressão e de tração), temos metade da seção da viga ou 6cm H 8cm = 48cm². Cada cm² de seção de viga esta apto a suportar 100kg/cm² resistência à compressão e à tração da madeira, mas como vimos, metade da área superior da viga resiste à compressão, nesse caso 48cm² e metade à tração, os outros 48cm² e relembrando que somente as faces mais externas da viga estão aptas a resistir ao máximo de sua capacidade, o centro da viga não tem capacidade de resistência e teremos de considerar que a viga prismática à flexão só pode suportar a metade dos 100 kg/cm² ou seja 50 kg /cm². Vitor Amaral Lotufo 25 Multiplicamos 50kgf/cm² por 48cm² temos que a viga pode suportar 2400kgf à tração ou compressão, que é a mais que o necessário pois pelo nosso cálculo, as forças horizontais são de 1465kgf. Vamos verificar agora a viga tendo de suportar ainda uma carga concentrada de 200kgf a 50cm do apoio. Vamos substituir a viga de madeira pelo mesmo cabo flexível e sem considerarmos a carga distribuída. O cabo fica com a forma de um triângulo, preso aos apoios e não devendo ultrapassar os limites das resultantes de tração e compressão. Como a carga de 200kgf não esta centrada, cada apoio receberá uma parcela da carga inversamente proporcional à distância da carga aos apoios: Va / Vb = b / a P¹ será igual a 160kgf e P² = 40kgf Os triângulos de forças sendo semelhantes aos geométricos formados pelo cabo, teremos: H / 50cm = 160kgf / 10,66cm H = 750,5kgf Essa força “H” deve ser somada à força “H” provocada pela carga distribuída, 1465kgf + 750,5kgf = 2216kgf, que deve ser resistida tanto à compressão na parte de cima da viga como à tração na parte de baixo. Dispondo a viga de seção 6 H 16cm da metade dos 96cm² ou 48cm² para resistir a essa força de 2216kgf, mas apesar de nominalmente a viga resistir à 100kgf/cm², somente a parte mais externa resistirá esses 100kgf, a parte central não contribuirá em nada, então consideraremos que a viga resiste somente a 50kgf/cm² ou seja 50kgf H 48cm² = 2400kgf , mas superior à 2216kgf, portanto a viga resiste à soma das cargas distribuídas e concentradas. Na prática é comum o abuso na resistência das vigas de madeira pois a carga admissível por medida de segurança é cerca de 1/5 da encontrada em laboratório. Quando colocamos a corrente para suportar a mesma carga e vão que a viga de madeira, devemos observar que somente no centro a corrente está na horizontal e para os dois lados ela vai cada vez mais assumindo uma inclinação, fruto da composição da força horizontal com as verticais que vão se apoiando na corrente. Já verificamos a capacidade da viga de resistência às forças horizontais Se nossa viga fosse de aço, não haveria problemas pois o aço tem resistência igual em qualquer direção, porém a madeira não, a madeira é um material como uma somatória de tubinhos aglomerados que são as suas fibras, apresentando maior resistência longitudinal do que transversal tanto à tração como à compressão; sua resistência transversal à compressão é algo próximo a 30% da longitudinal. Vitor Amaral Lotufo 26 Quando a carga é distribuída, a força vertical varia de zero no centro para um máximo nos apoios, quando é concentrada, a força vertical é a mesma ao longo de toda a viga. A metade da carga distribuída total é a que chega em cada apoio, chega através da força “T” tangente à curva da corrente no apoio, supondo que a corrente esteja presa no apoio, num pedaço da viga de madeira, esta então descarregaria a força tangente num plano da viga perpendicular à sua chegada. Se decompusermos esta força “T” em horizontal e vertical e decompormos também o plano de chegada, teremos que a força horizontal descarrega no apoio da forma que já vimos e a vertical Somando-se a carga concentrada teremos: 250kgf + 160kgf = 410kgf A viga então precisa resistir ao máximo da força vertical à compressão ou à tração junto ao apoio. A força que chega ao apoio com a inclinação da tangente à curva da corrente deve ser resistida por uma seção igual ao plano perpendicular à essa força. Sendo que as forças em que ela é decomposta pelos planos catetos desse plano inclinado hipotenusa. A seção que resiste à horizontal é a seção do cateto altura da viga e a vertical por uma seção definida pelo outro cateto pela largura da viga. No caso, por semelhança de triângulos: c = (16cm H 250kgf) / 1465kgf c = 2,73cm Sc = 2,73cm H 6cm Sc = 16,38cm² que multiplicado por 30kgf/cm² (30% de 100kgf/cm²), C = 491,4kgf Como “V/2” = 250kgf que é menor que 491,4kgf, a viga resiste à força vertical. Considerando também a carga concentrada, precisamos somar as forças horizontais e verticais, teremos então: H = 1645kgf + 750,5kgf H = 2395,5kgf e V = 250kgf + 160kgf V = 410kgf c = (16cm H 410kgf) / 2395,5kgf c = 2,74cm Sc = 2,74cm H 6cm Sc = 16,4cm² C = Sc x 30kgf C = 493kgf que também é maior que a força vertical total. Essa área deverá ser também a mínima área de apoio da viga. Cálculo de uma viga em concreto armado O concreto armado é um material composto por concreto e aço. O concreto conforme seu traço, resiste à cerca de 200kgf/cm² à compressão e próximo a 30kgf/cm² à tração. Devido à sua baixa resistência à tração ele é reforçado com aços próprios para uso com concreto armado, são os CA-25, CA-50 ou CA-60, que resistem respectivamente 25kgf/mm² ou 2500kgf/cm², 50 kgf/mm² ou 5000 kgf/cm² ou 60 kgf/mm² ou 6000 kgf/cm², tanto à compressão como à tração. Para que as barras de aço colaborem com o concreto, é preciso que haja uma aderência ótima entre os dois materiais, preferindo-se usar varias barras finas no lugar de uma única mais grossa, pois quanto maior a superfície de contato, melhor a aderência. É importante também sempre fazer um gancho nas pontas das barras de ferro submetidas à tração para aumentar a aderência. Para o cálculo, devemos proceder exatamente igual fizemos para a viga de madeira, com uma diferença, o eixo da resultante das forças de tração fica no eixo da posição das barras de aço. Por exemplo, se estimamos usar barras de 1 cm de diâmetro e prevermos uma cobertura de 2cm de concreto, o eixo da resultante de tração ficará a 2,5cm da face da viga (2cm + 1/2cm) e não a 1/6 da altura total da viga. Roteiro: Cálculo de uma viga em concreto armado, vencendo um vão de 4m, carregando uma parede de tijolos pesando 280kgf/m² e duas lajes armadas em uma única direção em concreto armado com espessura de 7cm com carga acidental prevista de 150kgf/m² e revestimentos pesando 50kgf/m². 1- Estima-se as dimensões da viga: altura entre 8 a 10% do vão, largura maior que 1/5 da altura e no mínimo 10cm ou seja 36cm de altura e 12cm de largura. 2- Estima-se a carga total que a viga deve suportar: Metade da carga da laje (metade carrega uma viga, metade a outra): carga acidental: 3m H 4m = 12m² Vitor Amaral Lotufo 27 12 m² H 150kgf/m² = 1800kgf carga devida ao peso próprio: 12m² H 0,07m H 2500kgf/m³ = 2100kgf carga permanente: 12 m² H 50 kgf/m² = 600kgf total = 4500kgf / 2 = 2250kgf de carga da laje para cada viga peso próprio da viga 0,36m H 0,12m x 4m H 2500kgf/m³ = 432kgf mais o peso da parede 2,21m H 4m H 280kgf/m² = 2475,2 kgf. totalizando 5157,2kgf que multiplicado pelo coeficiente de segurança 1,4 dará 7220kgf pesando sobre a viga e se dividindo para cada um dos apoios ou seja a carga vertical “V” em cada apoio será de 3610kgf 3- A viga tem seção retangular portanto sua altura estrutural, a distância entre a resultante das forças de compressão à resultante das forças de tração será de 36cm - (1/6 H 32cm + 2,5cm) = 27,5cm. 6- O triângulo geométrico será formado pela metade do vão e pelo dobro da altura estrutural da viga (pois a carga é distribuida) e o de forças pela metade da carga total da viga ou 3610kgf. 7- Portanto a força horizontal H = metade da carga total x metade do vão / dobro da altura estrutural. H = 3610kgf H 200cm) / 55cm H = 13127kgf 7- O aço usado em concreto armado é o CA-50 que quer dizer que aguenta 50kg/mm² ou 5000Kg/cm², a norma pede para dividirmos esse valor por 1,15, que é um coeficiente de segurança, então usaremos a resistência de 4347Kg/cm². Se nosso cálculo resultou numa força horizontal “H” de 13127kgf dividimos por 4347Kg/cm² e saberemos que precisamos de uma seção de aço de 3,02cm² ou duas barras de aço de 12,5mm de diâmetro, pois cada uma tem 1,27cm² de seção, totalizando 2,53cm², mais uma de 10mm de diâmetro que tem 0,71cm² de seção que somadas totalizam 3,24cm² de seção de aço. 8-1 A área de concreto que trabalha à compressão precisa ser suficiente também para suportar a força horizontal. A resistência do concreto pode variar conforme seu traço, consideramos que ele aguenta 200Kg/cm² que dividimos por segurança também por 1,4, teremos então 142,86Kg/cm² como resistência do concreto. 8-2 Mas como a metade da viga que trabalha à compressão não trabalha toda na taxa máxima da resistência do concreto, somente a borda superior trabalha no máximo, essa taxa vai decrescendo até chegar ao meio quando a taxa se anula, então temos que trabalhar pela média ou 71,43Kg/cm². 8-3 Agora multiplicamos 71,43Kg/cm² pela metade da seção da viga 18 H 12cm = 216 cm², que é a parte de concreto que deve resistir à compressão (a metade de baixo da viga não ajuda nem na tração nem na compressão. 8-4 Se esse valor for maior que a força H, significa que a viga resistirá se for menor, precisamos rever as dimensões da viga. Vamos agora multiplicar a área comprimida de 216cm² x 71,43Kg/cm² = 15428Kgf, que é superior aos 13127Kgf da força horizontal, portanto aguenta. 9- O concreto resiste muito pouco à tração e a força que realmente transporta as cargas para os apoios é a força inclinada que é decomposta em vertical e horizontal e neste caso de cargas uniformemente distribuídas, será maior junto aos apoios, onde temos uma força vertical de 3610kgf usaremos estribos de aço, capazes de resistir à essa força vertical que somada vetorialmente às horizontais equivalem à força “T” inclinada. Dividindo-se 3610kgf / 4347kgf/ cm² que é quanto cada cm² de aço resiste à tração temos 0,83cm² Cada estribo tem de resistir à soma das forças verticais que carregam a viga entre o espaço entre um estribo e outro , a norma pede para que essa distância seja no mínimo igual à largura da viga então, experimentaremos a distância entre estribos de 12 cm . A carga que temos na viga é de 8000kgf descarregados num comprimento de 125cm e por regra de três temos que 8000/125 = 64kgf por centímetro que multiplicado por 12cm temos 768kgf. Precisamos então de 768kgf / 4350kgf/cm² ou 0,17cm² ou com 1 estribo de 4,3mm teremos quase o dobro da seção necessária. Os estribos são necessários também para a construção da viga, isto é manter a forma e a posição das várias barras de aço da viga. Lajes Vitor Amaral Lotufo 28 As lajes são vigas com pouca altura e grande largura. Como o cálculo é sempre por tentativa e erro, primeiramente pré dimensionamos sua espessura. Para lajes maciças pré dimensionamos com 2,5% do menor vão, se for nervurada com 4% do menor vão, para facilitar as contas calculamos trechos com 1m de largura. Por exemplo, vamos calcular uma laje maciça, piso residencial com 4m de vão. A espessura será de 2,5% H 400cm = 10cm. A altura estrutural será de 10cm menos 1/6 da altura (centro de gravidade das forças de compressão) e menos 2cm (distância do eixo das barras de aço ao fundo da laje, resultando em 6,44cm a altura estrutural, que é multiplicada por 2 por ser carga distribuída = 12,88cm. A carga acidental sobre a laje será de 150kgf/m² e o peso próprio da laje de 0,10m H 1m H 1m H 2500kgf/m³ = 250kgf, somando-se os dois valores teremos a carga de 400kg/m². O peso total da faixa de 1m de largura será de 400kgf/m² H 4m = 1600kgf. Metade desse peso vai para cada apoio, ou seja 800kgf. Comparamos o triângulo geométrico com o de cargas: H (força horizontal) / 800kgf = 200cm / 12,88cm, resultando H = 12422,4 kgf A NB pede que consideremos 40% a mais como fator de segurança H = 17391,3kgf. O aço CA-50 aguenta 5000kgf/cm², a NB pede que consideremos menos 15% como fator de segurança, então aguentará 4250kgf/cm² Dividindo-se 19687,5kgf por 4250kgf/cm² teremos quantos cm² de aço precisaremos para resistir a força de tração numa faixa de 1m de largura, ou seja 4,092cm². A barra de aço de 6,3mm tem 0,32cm² de seção, dividindo-se 4,092cm² por 0,32cm, veremos que precisaremos de 13 barras de aço 6,3mm em cada faixa de 1m de largura da laje. A armação da laje será feita com uma barra de 6,3mm a cada 7,7cm aproximadamente. Precisamos verificar se a parte comprimida resiste à força horizontal de 17391,3kgf. A área de concreto considerada será a metade da altura total da laje, ou 5cm, multiplicada pela largura de 100cm = 500cm². A resistência do concreto é variável conforme seu traço, vamos considerar um concreto que resista a 200kgf/cm², a NB pede que reduzamos sua capacidade em 40%, teremos então 120kgf/cm² e como na flexão somente os centímetros mais externos, na face superior da laje é que vão resistir realmente os 120kgf/cm², pois na linha neutra (o divisor entre compressão e tração) a compressão é zero, então devemos considerar a resistência média de 60kgf/ cm². Multiplicando-se 60kgf/cm² pela área comprimida de 500cm² temos que ela resiste a 3000kgf, que é muito superior aos 17391,3kgf. Concluímos que a laje pode ser construída nessa espessura e com a armação indicada, inclusive poderemos reduzir a espessura da laje, diminuindo a área comprimida, mas logicamente teremos uma armação mais pesada, lembrando que a NB recomenda 7cm como espessura mínima para lajes de piso. As lajes normalmente não são armadas com estribos. Vigas em Balanço - Vigas Contínuas As vigas auto portantes descarregam nos apoios somente cargas verticais, mas quando são contínuas, por exemplo um balanço, chegam aos apoios ainda forças horizontais precisando então de contra balanços, para ficarem auto portantes. Esse contrabalanço que é uma continuidade da viga, pode estar na sua mesma direção ou não, a continuidade pode estar por exemplo no pilar. O pilar pode também dar continuidade à este binário de forças horizontais de tração e de compressão e transportar também a força vertical para a fundação. Vitor Amaral Lotufo 29 Sempre é interessante que quando houver continuidade entre duas partes da estrutura seja mantida a mesma altura estrutural, pois assim as forças agem em cada parte terão a mesma amplitude. A continuidade do balanço em função do contrabalanço proporciona uma diminuição virtual do vão contínuo. O contrabalanço representa um apoio para o vão contíguo, portanto o vão fica menor. Para localizarmos para onde foi transferido o apoio do vão central, precisamos usar um pouco do conhecimento das equações do segundo grau e as noções de momento de força. Imaginemos que estamos substituindo uma viga contínua com balanço, por uma corrente para suportar as cargas verticais e uma barra para suportar as forças horizontais. A curva desenhada pela corrente na verdade representa o gráfico do mo- Vitor Amaral Lotufo 30 nuição virtual do vão principal Considerando a carga como uniformemente distribuída horizontalmente na corrente ela seguirá a forma de parábola e será fácil então descobrirmos qual o ponto em que cruza a horizontal de compressão para daí determinarmos as forças que agem no sistema. y1 = a H x1² é a equação geral da parábola, o valor “a” define a escala da curva que terá o mesmo valor na equação da parábola do balanço pois a carga por metro linear é a mesma. y2 = a H bal² y3 = a H x2² y3 = |y1| + |y2| a H x1² + a H bal² = a H x2² x1² + bal² = x2² mas x2 = x1 + k x1² + bal² = ( x1 + k )² x1² + bal² = x1² + 2 H x1 H k + k² mas k = vão - 2 H x1 x1² + bal² = x1² + 2 H x1 H (vão - 2 H x1 ) + (vão - 2 H x1 )² bal² = 2 H x1 H ( vão - 2 H x1 ) + ( vão - 2 H x1 )² bal² = 2 H x1 H vão - 4 H x1² + vão² - 4 H x1 H vão + 4 H x1² bal² = - 2 H x1 H vão + vão² x1 = ( vão² - bal² ) / 2 H vão Dessa forma localizamos o ponto onde o contrabalanço apoia o vão central. mento fletor numa determinada escala, lembrando que o momento fletor é uma medida, uma distância, o vão, multiplicado por uma força, quando a carga é uniformemente distribuída a corrente percorrerá a forma de uma parábola, se for concentrada, a corrente percorrerá a forma de um triângulo. Qualquer outro tipo de distribuição das cargas, fará com que a corrente assuma a forma da funicular desse carregamento, a parábola e o triângulo representam a maioria dos casos e as curvas podem ser somadas. É preciso que a corrente desenhe tanto o balanço como o vão central numa mesma escala vertical e horizontal, para isso ela deve se restringir a percorrer os vãos, limitando-se à altura estrutural da viga. É importante notar que a existência do balanço proporciona uma dimi- Melhor “performance” balanço / vão: Se y1 for igual a y2 estaremos usando integralmente a altura estrutural da viga, tanto do balanço como do vão. a H x1² = a H bal² x1² = bal² mas x1² + bal² = x2² (da sequência anterior) bal² = x2² - x1² 2 H x1² = x2² w2 H x1 = x2 mas x1 = bal e x2 = vão - x1 bal H w2 = vão - bal Vitor Amaral Lotufo 31 ou bal = vão / w8 então a melhor proporção entre balanços e vão central será 1 : 2,828 : 1 ou aproximadamente 1 : 3 : 1 Quando a viga é contínua com vãos iguais e cargas iguais e regu- larmente distribuídas, consideramos que o vão central comporta-se como vão entre dois balanços (caso anterior) e os vãos das pontas como se fossem vãos com balanço ideal com y1 = y2, ou bal = vão / 2,414 bal + bal H w2 = vão ou bal = vão / ( 1 + w2 ) ou bal = vão / 2,414 Quando temos dois balanços: A melhor proporção é quando temos y1 = y2 pois as alturas estruturais serão iguais, com melhor aproveitamento da altura útil da viga. vão = 2 H x2 x2 = vão / 2 y1 = a H x1² y2 = a H bal² |y1| + |y2| = a H x2² a H x1² + a H bal² = a H x2² x1² + bal² = x2² x1² + bal² = (vão/2)² x1² = vão²/4 - bal² mas x1 = bal 2 H bal² = vão² / 4 ou 8 H bal² = vão² Exemplo: Uma viga em concreto armado com um vão central de 6m e dois balanços de 2m suporta uma laje que descarrega 2000kgf em cada metro linear da viga, mais parede que descarrega mais 700kgf por metro linear da viga, mais 150kgf por metro linear de peso próprio da viga, resultando uma carga total de 2850kgf por metro linear. Vamos experimentar as medidas de 20 H 48 cm para seção da viga. A altura estrutural da viga será de 36cm pois estamos descontando 8cm no topo, (1/6 da altura ) na parte comprimida e 4cm (distância entre o eixo da armadura e a face da viga na parte tracionada. Para dimensionarmos o vão central virtual calculamos x1 = (vão² - bal²) / 2 H vão x1 = (6m² - 2m²) / 2 H 6m x1 = 32m² / 12m x1 = 2,666m k = 6m - 5,333 = 0,666m Como são dois balanços dobramos k k = 1,333m O vão virtual é de 4,666m A carga é distribuída ao longo da viga, sua curva de distribuição é de uma parábola. O vão central virtual descarrega nos contra balanços 4,666m H 2850kgf/ml = 13300kgf / 2 = 6650kgf em cada apoio. Essas forças verticais são trazidas para os apoios por forças com a inclinação da tangente à parábola nos pontos de apoio. Dobramos a flecha da parábola e ligamos aos apoios para desenharmos as tangentes, temos então o triângulo geométrico formado pela metade do vão, 2,333m e pelo dobro da flecha da parábola 36cm H 2 = 72cm, que é semelhante ao das forças, ou seja: A força vertical de 6650kgf está para 72cm, assim como a força horizontal está para 233,3cm ela vale então 30710kgf. A força horizontal deve ser resistida tanto pela parte comprimida como pela tracionada. A parte comprimida é a parte superior da viga 20cm H 24cm ou 480cm², cada cm² de concreto resiste conforme o traço usado, 150kgf/cm², mas como vimos anteriormente, devemos considerar a média entre esse valor que é máximo na face comprimida e é zero no centro na linha neutra. Portanto a viga é capaz de suportar 480cm² H 75kgf/cm² = 36000kgf, que é superior a 30710kgf de compressão. A parte tracionada, ou seja a armação também precisa resistir aos 30710kgf, que dividido por quanto aguenta o aço estrutural 5000kgf/cm² H 0,85 = 4250kgf/cm² = 7,23cm² de seção de aço ou 6 barras de 12,5mm, que deverão percorrer a parte de baixo no vão central virtual e a parte de cima dos balanços e contra balanços. O ideal seria que as barras de aço percorressem o caminho das parábolas, mas é mais difícil conseguir isso numa construção. Até alguns anos atrás, as barras de ferro eram dobradas a 45°, mas atualmente recomenda-se colocar estribos suficientes para em combinação com as barras retas tal resistência seja atingida. A força inclinada que chega no ponto de apoio é a hipotenusa do triângulo de forças, maior portanto que a força vertical e que a força horizontal, neste caso ela vale 31422kgf, sendo que as componentes horizontais são resistidas pelo concreto e pelas barras de aço, a componente vertical, precisa ser resistida por uma seção tal que seu comprimento esteja para a altura da viga, assim como a componente vertical está para a componente horizontal, ou seja d = 48cm H 6650kgf / 30710kgf = 10,4cm. Cada 10,4cm do comprimento da viga deve suportar a carga vertical de 6650kgf à tração com uma seção de aço de 6650kgf / 4250kgf ou 1,56cm² de aço ou cada 5cm, 3197kgf / 4250kgf/cm² = 0,75cm² de seção de aço ou duas barras de 5mm² ou um estribo (duas barras) de 5mm2, logicamente essa proporção de aço pode ser diminuída em direção ao centro da viga. A seção de concreto de 10,4cm H 20cm = 208cm² que resiste a 150kgf/ cm² também deve resistir aos 6650kgf. Verificação de arcos à flexão Vitor Amaral Lotufo 32