CIRCO SOCIAL E PRÁTICAS DISCIPLINARES NÃO GOVERNAMENTAIS Tiago Cassoli1 Manoela Maria Valério2 A presente pesquisa pretende problematizar e analisar o chamado circo social, constituído em práticas que buscam a inclusão social de jovens pela arte do circo. Partindo da experiência em arte circense dos autores procuramos relacionar saberes do circo com tecnologias sociais disciplinares da educação e da psicologia. Temos como um recorte de análise as práticas de circo desenvolvidas por organizações não governamentais, num contexto de políticas neoliberais de controle social, produzidas pelo capitalismo atual. Para tanto perguntamos: como vêm se produzindo os embates entre saberes e poderes das tecnologias de controle social e as formas de resistência da arte circense? Como esta nova tecnologia de inclusão social relaciona-se com as racionalidades disciplinares da educação e da psicologia? Como vem se dando a nova aliança, não mais da filantropia com a ciência (especificamente com o poder médico do início do séc. XX), mas atualmente da filantropia com as artes, em particular com as artes circenses? Traçamos aqui alguns fragmentos para a análise dos problemas formulados sem pretendermos apresentar uma resposta cabal, mas apenas estabelecer alguns recortes que sugerem; que uma nova configuração política se desenha para que o jovem das periferias torne-se agora o público alvo das práticas circenses. O que isso implica? Para as análises utilizamos os referenciais teórico-metodológicos da genealogia e de corpo (FOUCAULT, 2004), de arte trágica (NIETZSCHE,1995) de corpo grotesco (BAKHTIN,1999) e de circo com alguns de seus pesquisadores. Como material de trabalho temos o diário de campo (LOURAU, 1993) desenvolvido em organização não governamental, gravações de mesas com debates e textos a respeito do tema, além de entrevistas com educadores e coordenadores de projetos que trabalham com circo social. Partimos da perspectiva foucaultiana de que nossa sociedade constitui sujeitos nas relações de poder. As análises feitas neste trabalho têm como foco as formas de constituição dos sujeitos nas relações estabelecidas entre eles nas práticas de circo social. Buscamos saber como essas formas de sujeitos se tecem, formam parcerias, articulam-se entre os diferentes saberes e que, apesar de se unirem, mantêm suas especificidades. Isso poderá nos indicar o 1 2 CIRCUS - Circuito de Interação de Redes Sociais. CIRCUS e UFF - Universidade Federal Fluminense/RJ. 1 que as torna sólidas ou frágeis e em quais circunstâncias as práticas disciplinares se transformam ou desaparecem, que condições seriam necessárias para transformar umas e abolir outras e quais seriam seus efeitos de subjetivação. Primeiro recorte: A aliança atual entre filantropia e arte A aliança da filantropia com a arte parece-nos algo novo em meio às iniciativas da moderna assistência. Sobre esta última, Paul Veyne nos alerta para o perigo dissimulado das palavras que nos iludem com a falsa impressão de permanência e que “povoam a história de universais inexistentes” (VEYNE, 1982, p.82). A caridade medieval, a caridade moderna, a previdência e a filantropia não têm a mesma natureza, não se sucederam por diferença de grau de eficiência por terem se tornado cada vez mais humanitárias e abrangentes: “não beneficiam as mesmas categorias de pessoas, não socorrem as mesmas necessidades, não possuem as mesmas instituições, não se explicam pelos mesmos motivos e nem se cobrem das mesmas justificativas” (VEYNE, 1982, p.81) e por fim, não se desenvolvem de maneira contínua. Hoje, parece para nós uma evidência tão natural a necessidade de recuperação, de reparação da vida dos prisioneiros, dos doentes de toda a espécie, das crianças de rua, dos jovens delinqüentes, dos sem-teto, dos deficientes. Devolver à sociedade o corpo recuperado do operário acidentado, da criança desassistida, do ex-presidiário ou do deficiente apto e independente, ou evitar todos estes males é uma tarefa tão óbvia quanto um critério de julgamento negativo ou de revolta contra o descaso com que, em geral, são tratadas essas categorias de pessoas. A recuperação e preservação da vida são positividades inextricáveis dos sentidos das noções de norma e normalidade, que o poder médico difundiu no social, mas que paradoxalmente incluem na falta e no negativo o desvio daqueles que dificilmente poderão atingir o grau positivo dessa recuperação ou dessa prevenção (LOBO, 1997). A não ser pelo sentido religioso da caridade que se enfraqueceu no decorrer dos séculos, o caráter piedoso e privado das iniciativas permaneceu quando a promoção de novos valores para a preservação dos corpos surgiu da aliança da filantropia com a ciência, no século XIX. Continua presente em nossos dias nas novas formas assistencialistas fomentadas pelo Estado neoliberal que, ao proclamar o caráter de obrigação do poder público como guardião do igualitarismo burguês, sustenta-se no desamparo e na miséria que supostamente pretende erradicar (LOBO, 1997). Uma das faces distintivas entre a filantropia e a caridade é a preocupação pragmática na escolha de seus objetivos, de tal sorte que, com o tempo, todos os considerados incuráveis 2 (velhos, doentes e inválidos), ficarão sob o domínio da caridade. Antes a “mulher que o homem, pois, através dela se socorre também a criança [...]. Em vez do dom o conselho, pois este não custa nada [...] A caridade desconhece esse investimento pois só pode arder no fogo de uma extremada miséria” (DONZELOT, 1980, p.65). Aos poucos, porém, os motivos da caridade serão assimilados pela filantropia e seu cientificismo no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, tendo a segunda assumido o caráter dominante. A questão do Estado estava em administrar com mais eficiência a pobreza e não apropriar-se dela, mas distribuí-la entre os ricos como um dever e um exemplo. Liberar a assistência à iniciativa privada, incentivá-la com subsídios, manter a racionalidade do equilíbrio entre ricos e pobres, mesmo que para isso seja necessário aumentar ainda mais o fosso que os separa. Eis a tática do Estado neoliberal que, utilizando artifícios sempre mais sofisticados, vem se consolidando a cada dia no Brasil. Na atualidade, um dos artifícios desse controle filantrópico sobre as populações de jovens pobres da periferia está instalado nas chamadas organizações não-governamentais, através da entrada em cena de uma nova aliança: das iniciativas da filantropia com as artes. Neste ponto cabe indagar como vêm se dando as apropriações da arte circense nas práticas de circo social que combinam finalidades “preventivistas” dos saberes da educação, da psicologia e da assistência social com técnicas de circo. Que valores veiculam certa concepção da arte com função social? Para tanto escolhemos como ferramenta de análise o conceito de arte trágica que é tomado em contraposição ao conceito de arte social ou circo social, veiculados nas práticas dessa nova filantropia. (NIETZSCHE, 1995). Entendemos a concepção trágica de Nietzsche como a queda da filosofia e do pensamento na Terra. As questões referentes às alturas idealizadas: representações perfeitas de tudo o que é mundano, como alma, espírito, livre-arbítrio, bondade, compaixão, são definitivamente abandonadas e atacadas por Nietzsche em um pensamento que, segundo ele, cai na Terra e se propõe a ver e analisar a realidade sem o intermédio do ideal. É preciso coragem ao ver como a realidade se produz e com o tempo nem sequer sofrer por isso (NIETZSCHE, 2000). Para este filósofo o pensamento ocidental, há mais de dois mil anos, aprisiona o homem em uma concepção idealizada da vida. A isto ele chama de posição reativa, ou contra a vida. Este modo de ver a realidade, que nega a vida, é alimentado pelo ressentimento e pela vingança contra a vida, é a usina que alimenta o ideal da alma, da bondade. Uma doença que, segundo Nietzsche, sofria Sócrates, passando pelo cristianismo até chegar às ciências 3 modernas. Nestas práticas e saberes o homem é tomado em um a priori, que nega os instintos considerados nobres ou artísticos como o egoísmo, a violência, a crueldade, o ódio, a malícia e a sátira, enfim, atributos do deus chamado Dionísio. Esses instintos foram aprisionados e desqualificados na cultura ocidental como ruins e de baixo valor social. Segundo Nietzsche (1988) não foi fácil adestrar o homem. A civilização não ocorreu de maneira natural, nem pacífica, foram necessárias muitas guerras, torturas, mortes e humilhações para criar este constrangimento perante tudo o que é próprio à vida. Decorreram milênios para a criação daquilo que ele chamou de má-consciência. O domínio dos vencedores das guerras é alimentado por imposições de forças, por inúmeras monstruosidades já cometidas contra o homem, sangrado e enfraquecido através de procedimentos violentos e cruéis. Passado o tempo, o homem foi amansado pela cultura e transformando em um fraco, passivo a todo e qualquer comando de ordem. Eis que surge o homem civilizado, educado, pronto para o trabalho e para a família. Surgem as instituições modernas e os procedimentos foram se aperfeiçoando, deixando sua fase mais violenta, para se tornarem cada vez mais sutis, até a chegada dos chamados direitos humanos. Sem os artifícios dos ideais, a filosofia nietzscheana nas mãos dos homens pode ser uma arma/ferramenta, “o martelo”, na análise da moral/ideal veiculada na realidade como verdade sobre o homem. Com esse pensamento apostamos na concepção trágica da vida como uma possível saída desta condição humana determinada pelos mecanismos de controle exercidos pelas disciplinas, valorizando, deste modo, a multiplicidade inerente à realidade sem o jugo da razão. É na espreita dos instintos artísticos, subjugados pelo homem na avaliação da realidade, que tentaremos lançar nossas questões. Deleuze (1976, p.84) diz: Em primeiro lugar, a arte é o oposto de uma operação ‘desinteressada’, ela não cura, não acalma, não sublima, não compensa, não “suspende” o desejo, o instinto e a vontade. A arte, ao contrário, é “estimulante da vontade de poder”, “excitante do querer”. Compreende-se facilmente o sentido crítico desse princípio: ele denuncia toda concepção reativa da arte. O segundo princípio [...] consiste no seguinte: a arte é o mais alto poder do falso, [...], esse poder afirmativo mais alto [...] Aparência, para o artista, não significa mais a negação do real nesse mundo, e sim seleção, reduplicação, formação. Então, verdade adquire talvez uma nova significação.Verdade é aparência.Verdade significa efetuação do poder, elevação ao mais alto poder. Em Nietszche, nós os artistasֱ nós os procuradores de conhecimento ou de verdade = nós os inventores de novas possibilidades de vida. 4 A arte, tal como pode ser utilizada pelo circo social, como pregam ao menos seus objetivos, aparece como um dispositivo disciplinar que, ao produzir o aumento da habilidade dos corpos procura reduzir as potências afirmativas de resistência à modelização dos comportamentos (FOUCAULT, 2004). Afinal, sob o domínio da nova filantropia que visa recuperar a “auto-estima”, expressão de cunho individualizador/normatizante, dos jovens marginalizados está a arte nas práticas de circo social. Assim, será possível haver nestas práticas de prevenção a invenção de novas possibilidades de vida? Segundo recorte: O corpo circense dos projetos sociais Para pensar o surgimento de tecnologias disciplinares aliadas às artes, junto com Nietzsche (1998) e Foucault (2004) buscamos levantar os mecanismos de adestramento do corpo humano desenvolvidos pela cultura. Sabemos que vários desses procedimentos aplicados pela Igreja, como o poder pastoral, práticas de confissão e até técnicas de tortura foram levados para dentro do Estado Moderno que interioriza certas técnicas de controle da consciência desenvolvidas na Idade Média. Opomos assim, ao corpo disciplinado gerado pelos projetos de arte social/circo social, o corpo grotesco que resiste em determinados circos, como respingos de um estilo de vida medieval (BAKHTIN, 1999). Bakhtin afirma que com a vinda dos tempos Modernos e o fim das feiras medievais, toda arte de rua, como dos artistas mambembes, vai para dentro dos circos. O corpo grotesco é um corpo em movimento, aquele que jamais está pronto nem acabado: está sempre em estado de construção, de criação, e ele mesmo constrói outro corpo; além disso, esse corpo absorve o mundo e é absorvido por ele. As fronteiras entre o corpo e o mundo apagam-se, assiste-se a uma fusão do mundo exterior e das coisas; o corpo nascente, devorador e excretador se fundem com a natureza e os fenômenos cósmicos (BAKHTIN, 1999, p.151). O corpo apresentado por Foucault (2004), mostra como a era industrial do século XVIII mudou em relação aos antigos modos de operar entre os homens. A sociedade moderna surge como uma sociedade disciplinar, ou seja, o corpo está imerso em mecanismos que o constituem como sujeito. 5 A vida na Europa começa a ser vista pelas instituições modernas como alvo de métodos, técnicas e saberes que buscam objetivos meticulosamente calculados de controle e constituição dos homens em sujeitos. São agora tomados como matéria prima, uma argamassa em que a sociedade e suas instituições moldarão seu projeto de homem. O corpo constituir-seá a partir desses objetivos traçados pelas práticas que Foucault chamou de disciplinares. Há nesse choque, do corpo grotesco versus o corpo da sociedade disciplinar, o surgimento de linhas de análise deste trabalho, que problematiza a aliança da arte circense com a filantropia contemporânea. Para rastrear como o sujeito constitui-se nas práticas de circo social entendemos ser necessário nos ater aos processos, às práticas de constituição do sujeito que se dão dentro dos projetos. Partindo do princípio da arte trágica, onde o corpo é produzido em processos artísticos que se opõem aos processos disciplinares/moralizadores, queremos ressaltar o que implica esta mistura. Esses diferentes processos, pois, são como a água e o óleo, não se misturam, seus objetivos são antagônicos, opostos. As práticas filantrópicas processam um mosaico de formas, em que são estabelecidas parcerias, alianças, métodos, estratégias de controle na produção de sujeitos. Porém, analisamos que em suas práticas, certas singularidades são desprezadas pelos seus objetivos, pois buscam um processo moralizador, enquanto a arte trágica afirma as diversas formas da vida, até as mais duras, estranhas e cruéis, de forma amoral. Não pressupõe a obrigação, o dever ser, a constituição de uma identidade. Aqui cabe perguntar: como é possível o surgimento do corpo grotesco nas práticas de circo social uma vez que este tipo de personagem aparece fora de processos e princípios moralizadores? As práticas filantrópicas, nos âmbitos do circo social, rompem com os fins artísticos das artes circenses e dão prioridades a métodos disciplinares de prevenção, que buscam a moralização da juventude pobre e perigosa. Queremos, desta maneira, problematizar a presença destas finalidades de inserção social e a preocupação primeira na busca e formação de cidadãos. Qual é a natureza de corpo veiculada nas práticas de circo social? Como foi possível o surgimento dessa concepção? Constatamos que a constituição do circo social a partir de diversos saberes (pedagogia, psicologia, assistência social, medicina) estão aliados ao Estatuto da Criança e do Adolescente, portanto, fundamentados pelo Direto. Esse paradigma exposto toma como verdade certa natureza de corpo, que é veiculado nas diversas práticas de controle social. Nesse sentido, as técnicas disciplinares e seus saberes, através da filantropia, forjaram uma nova realidade para o circo, útil aos seus interesses. 6 O circo social, assim, responde a certa lógica disciplinar presente nestes outros saberes que o constituem. Em suas práticas, o corpo terá que se submeter a uma moral, que irá contra aquilo que Nietzsche chamou processos artísticos. Cabe então pensarmos o jovem marginalizado em perigo ou perigoso, mergulhado em um campo político cada vez mais complexo, em que as práticas filantrópicas, em nome da inserção social e do chamado resgate da cidadania, aproximam saberes disciplinares das artes circenses em defesa da sociedade (FOUCAULT, 2002). Para a concepção trágica, os procedimentos artísticos não partem de um a priori ditado por uma moral, mas de um dizer Sim a realidade, em uma relação que afirma algo no que acontece. A vida é positivada em todas as suas facetas, onde até o sofrimento e a morte são vistos como uma potência e não como medo ou negação. Nesta relação com a realidade, é no dizer Sim aos instintos artísticos que surgem as possibilidades de criação e invenção de novos estilos de vida. O circo social assume os objetivos filantrópicos, nas chamadas oficinas artísticas, orientados pelas saberes disciplinares. Faz com que o corpo “excluído” se transforme em um corpo manso e dócil. Em entrevista, coordenador de projeto diz: “Nós não somos apenas fazedores de circo”. A benevolência da filantropia aliada a arte produz uma áurea ou mitificação desse processo como se fosse a salvação dos problemas causados pela sociedade em que vivemos. Notamos ainda que alguns valores veiculados no circo social vêm da Igreja Católica. No Brasil, a filantropia sempre esteve associada ao catolicismo, às Santas Casas de Misericórdia, exemplos que no século XX com o processo de urbanização das grandes cidades brasileiras, ganharam roupagens mais alinhadas com o discurso científico da época, principalmente o saber médico. Esses valores ou ideais herdados da Igreja, como alma, bondade, solidariedade, ganham, na atualidade, formas mais sofisticadas. Deste modo o corpo do jovem da periferia produzido nestas práticas de caráter filantrópico vem criando sujeitos forjados na relação de desmedida, o marginal, sob a vigilância e modelização da medida, o reintegrado à sociedade, que investe na desmedida tanto para manter sua preservação como para dominá-la. Por outro lado, que campo de possibilidades pode existir nestas práticas para os efeitos de resistência da arte? Considerações finais Surge agora a questão: que política determinadas práticas imprimem? 7 O que está em questão com o advento do circo social é uma certa política da sociedade. A que custo há garantia de segurança desta sociedade? Como garantir o desenvolvimento de práticas de conservação e formação da população dissociando-as de qualquer atribuição diretamente política, a fim de lastreá-las, não obstante a uma missão de dominação, de pacificação e de integração social? Donzelot (1976) afirma que isso se dá por meio da filantropia. Não se pode conceber a filantropia como uma fórmula ingenuamente apolítica de intervenção privada na esfera dos problemas ditos como sociais, mas sim como uma estratégia deliberadamente controladora, face à instauração de equipamentos coletivos, ocupando uma posição nevrálgica eqüidistante da iniciativa privada e do Estado. Constatamos por ora que o circo social é uma ferramenta de intervenção política, busca cumprir finalidades disciplinares ditadas pelos saberes da psicologia, educação, assistência, direito (ECA) respondendo a uma sociedade que anseia por mais proteção e segurança. O que queremos neste sentido salientar é que, com a entrada da nova filantropia há uma mudança profunda nas práticas circenses quando surge uma certa finalidade de recuperação, de restauração e até de cura do homem. Há, assim, uma política instaurada na configuração e constituição desses novos sujeitos, novos circenses, um novo circo, uma função para a arte. Imerso num terreno disciplinar o corpo, produto desta política, responde a um determinado número de seus objetivos que buscam fabricar vidas: as populações e os indivíduos. Esta política, para Foucault, está ligada àquilo que toma a vida em seus mais diversos aspectos sob uma forma de controle. Por outro lado é ao mesmo tempo essa mesma vida, através dos processos artísticos que a avaliam a partir de seus próprios valores, que cria resistência a mecanismos disciplinares de controle. Uma nova configuração política se desenha para que o jovem das periferias torne-se agora o público alvo das práticas circenses. Muito diz de nossa sociedade essa nova política. Referências Bibliográficas BAKHTIN, M. A Cultura popular na Idade Média e no Renascimento – O contexto de François Rabelais. 4. ed.São Paulo – Brasília: Edunb/Hucitec, 1999.419p. BOLOGNESI, M.F. Palhaços.São Paulo: Editora Unesp, 2003.293p. DELEUZE, G. Nietzsche e a filosofia. Rio de Janeiro: Rio-Sociedade Cultural, 1976. DONZELOT, J. A polícia das famílias, Rio de janeiro, Graal, 1978. DREYFUS, H.L; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária,1995. 299 p. 8 FOUCAULT, M.10. ed. Microfísica do poder. 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