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O RECREIO INTERATIVO COMO ESTRATÉGIA PARA DESPERTAR O
INTERESSE PELA FÍSICA
Raiane Farias Souza1, Benedita Niele Rodrigues Lima2, Francisco Sioney
Rodrigues Silva3, Nórlia Nabuco Parente4
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IFCE- Campus Sobral/Licenciando em Física, [email protected]
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3
IFCE- Campus Sobral/Licenciando em Física, [email protected]
EEEP Dom Walfrido Teixeira Vieira/Docente do Ensino Médio, [email protected]
4
IFCE - Campus Sobral/Docente da Licenciatura de Física, [email protected]
Resumo
Em muitas escolas o ensino de física está focado na teoria e na resolução
exercícios de cálculos, sendo o livro didático um dos principais instrumentos de ensino.
Diante da escassez de estratégias de ensino inovadoras, a aprendizagem dos conteúdos
de Física tem se tornado um enfado para os alunos. Neste trabalho são apresentados os
resultados de uma pesquisa que confirma a necessidade de metodologias mais práticas,
com o uso de experimentos e de jogos educativos que explorem os conteúdos de Física
de forma mais motivadora. Com isso, pode-se inferir que trabalhar com recursos
didáticos que despertem a vontade de conhecer mais a Física é uma estratégia
importante e que complementa o trabalho pedagógico tradicional já realizado por meio
da teorização e da resolução de exercícios. O público-alvo foram alunos do ensino
médio de uma escola pública profissional do interior do Ceará, que foram envolvidos
em atividades recreativas e experimentais planejadas e executados pelos bolsistas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Seguindo assim, esta
metodologia: pesquisa de experimentos e jogos; solicitação de equipamentos ou
experimentos; Confecção dos demais experimentos de baixo custo; levantamento dos
materiais necessários para jogos lúdicos; realização do evento. Também foram
aplicados questionários cujo objetivo foi coletar as percepções dos sujeitos sobre essas
metodologias e servir como instrumento norteador de novas práticas a serem
desenvolvidas na escola. Este trabalho visa mostrar como a experimentação e os jogos
educativos podem influenciar a aprendizagem dos conteúdos de Física e apresentar a
explicação dos experimentos e jogos educativos, como uma alternativa didática para os
professores, a fim de complementarem as aulas teóricas de forma criativa, sem grandes
custos, tornando-as mais atraentes.
Palavras-chave: Ensino de Física, experimentação, lúdico, aprendizagem.
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1. INTRODUÇÃO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN)
(BRASIL, 2002), são competências e habilidades fundamentais a serem desenvolvidas
em Física: compreender enunciados que envolvam símbolos físicos; utilizar e
compreender gráficos; realizar cálculos aplicando relações matemáticas para a
expressão do saber físico. Essas habilidades são desenvolvidas quando os alunos são
frequentemente submetidos a resolverem os exercícios presentes nos livros didáticos de
Física.
Contudo, essas não são as únicas competências a serem desenvolvidas nesta
área. É essencial também aprimorar a capacidade de investigação e de compreensão da
Física presente no mundo vivencial, além de reconhecê-la enquanto construção
humana e suas relações com o contexto cultural e social. E para essas habilidades
serem desenvolvias, é preciso propor metodologias diversificadas que coloquem o aluno
em situações de interatividade, descoberta e experimentação.
Com base nessas premissas, percebe-se que resolver os exercícios é importante
para a aprendizagem de Física, mas não é o único caminho. É necessário também
proporcionar aos estudantes atividades que favoreçam o desenvolvimento das outras
competências fundamentais de investigação e contextualização sociocultural do
conhecimento físico. Porém, as atividades experimentais e lúdicas, que dão conta desses
aspectos, representam uma pequena parte do ensino praticado nas escolas, sendo a
resolução de exercícios a atividade mais frequente nas aulas de Física. Sabe-se que a
carga horária semanal reservada às aulas de Física limita a possiblidade de realizar
metodologias diferentes, sobretudo quando as escolas focam nas avaliações externas e
nos exames de seleção para ingresso no ensino superior, restando então pouco tempo
para o desenvolvimento das outras competências.
A experiência do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, com
a inserção dos licenciados na realidade escolar, tem mostrado que o uso de
metodologias fora de sala de aula, como as realizadas através de experimentos presentes
no laboratório ou confeccionados com materiais de baixo custo, torna-se importante na
formação do aluno.
Os projetos didáticos desenvolvidos pelos bolsistas PIBID nas escolas
atendidas pelo programa têm relevado como atividades práticas e interativas despertam
nos alunos o interesse pela matéria e ajudam a desenvolver as habilidades de
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investigação e contextualização. O desafio tem sido encontrar espaço na rotina escolar
para a realização dessas atividades.
Dessa forma, os bolsistas desenvolveram a ideia do Recreio Interativo,
aproveitando os intervalos escolares para envolver os estudantes em atividades
interativas e experimentais que exploram os conteúdos de Física que estão sendo
explorados teoricamente nas aulas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O uso de metodologias diversificadas
A busca por outras maneiras de ensino, além das práticas tradicionais de
resolver exercícios e aplicar fórmulas, torna-se importante para favorecer uma
aprendizagem completa.
Muitas vezes, a utilização do livro didático tem se tornado o principal
instrumento, ou até mesmo o único, para a aprendizagem dos estudantes, resultando
assim, em algumas limitações no ensino de Física, como afirmam Delizoicov, Angotti e
Pernambuco:
Ainda é bastante consensual que o livro didático (LD), na maioria das salas de
aula, continua prevalecendo como principal instrumento de trabalho do
professor, embasando significamente a prática docente. Sendo ou não
intensamente usado pelos alunos, é seguramente a principal referência da
grande maioria dos professores (...) tem-se a clareza de que o professor não
pode ser refém dessa única fonte, por melhor que venha a tomar-se sua
qualidade.(DELIZOICOV, ANGOTTI E PERNAMBUCO, 2011, págs. 36 e
37).
Os autores citados sugerem, além do uso crítico do livro didático de Ciências
Naturais, que o docente proporcione outras fontes de conhecimento e divulgação
científica e cultural como laboratórios abertos, planetários, parques especializados,
exposições, feiras e clubes de ciências, fixos ou itinerantes. E alertam que: “Esses
espaços não podem permanecer ausentes ou desvinculados do processo de
ensino/aprendizagem, mas devem fazer parte dele de forma planejada, sistemática e
articulada”. (DELIZOICOV, ANGOTTI E PERNAMBUCO, 2011, págs. 36 e 37).
Desta forma, a utilização de diferentes estratégias e recursos só tem a
enriquecer a aprendizagem do aluno, e por isso é preciso abrir espaço para que sejam
incorporados na prática do cotidiano escolar, e favor da melhoria do ensino e da
aprendizagem.
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1.2 A importância do Experimento no ensino da Física
A utilização de experimentos também enriquece o ensino porque, é através das
atividades experimentais que o aluno poderá desenvolver as competências e habilidades
de investigação e compreensão fundamentais para a aprendizagem dos conhecimentos
das Ciências da Natureza.
O contato com o experimento permite que o estudante construa uma
compreensão mais abrangente sobre o assunto porque é através desse tipo de atividade
que o aluno pode observar, elaborar hipóteses e testá-las, habilidades básicas da área,
conforme apontam Villatorre, Higa e Tychanowicz:
(...), o laboratório ou experimento torna-se importante, como um instrumento
gerador de observações e de dados para as reflexões, ampliando a
argumentação dos alunos. No experimento, tem-se o objeto em que ocorre
manipulação do concreto, pelo qual o aluno interage através do tato, visão e da
audição, contribuindo para as deduções e as considerações abstratas sobre o
fenômeno observado. (VILLATORRE, HIGA E TYCHANOWICZ, pág. 107).
Além disso, segundo os PCN, com a realização de procedimentos de observação
e experimentação, os estudantes podem buscar informações e estabelecer relações entre
os conteúdos, subsidiados por informações complementares oferecidas por outras fontes
ou pelo professor.
Neste sentido, essa metodologia completa ao conhecimento teórico, permite a
construção de uma concepção ampliada do mundo científico, facilitando a
aprendizagem.
3.3 O lúdico no ensino das Ciências
A busca por jogos educativos torna-se uma ferramenta útil, assim como os
experimentos, pois possibilita ao estudante que aprenda e se divirta ao mesmo tempo. O
lúdico ajuda amenizar as tensões proporcionadas pela rotina de sala de aula, também no
ensino médio, nas palavras de Ward, Roden, Hewlett e Foreman:
O uso de diferentes tipos de jogos proporciona uma rica variedade de
oportunidades de aprendizagem. O jogo é conhecido como um poderoso
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mediador para a aprendizagem no decorrer da vida da pessoa. Os alunos
selecionam diferentes tipos de jogos fora da sala de ala e eles desenvolvem-se
quando a aprendizagem é desafiadora.
(…). O fato de ter uma razão ou uma platéia para a atividade pode aumentar a
motivação. Jogos de equipe em ciências são mais motivadores para todos os
alunos, particularmente quando as equipes são formadas por alunos de ambos
os gêneros e com níveis variados de capacidade. (WARD, RODEN,
HEWLETT E FOREMAN, 2010, págs. 162 e 163).
Neste sentido, o trabalho com jogos educativos também se torna um
estimulador à aprendizagem, pois pode servir como elemento de motivação e resultando
em um conhecimento satisfatório.
Com isso pode-se inferir que trabalhar com recursos didáticos que despertem a
vontade de conhecer mais a Física é uma estratégia importante e que complementa o
trabalho pedagógico tradicional já realizado por meio da teorização e da resolução de
exercícios.
2. METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida em umas das escolas atendidas pelo subprojeto
PIBID do curso de Licenciatura em Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará, Campus de Sobral. A instituição, que faz parte da rede pública e
destina-se ao ensino médio profissionalizante, está localizada no município de Sobral,
interior do Ceará.
Através do programa os licenciados foram inseridos no cotidiano dessa escola
para conhecer a rotina e as atividades docentes e para elaborar, com a orientação do
professor supervisor, alternativas didáticas que possam satisfazer as necessidades de
ensino e aprendizagem observadas na escola.
Dessa forma, vem sendo desenvolvidos projetos didáticos voltados para
atividades práticas e interativas com o objetivo de desenvolver as habilidades de
investigação e contextualização, uma das necessidades observadas pelos bolsistas.
Contudo, por ser uma escola de tempo integral, na qual os estudantes tem todo
o tempo escolar preenchido com as atividades curriculares regulares, o desafio tem sido
encontrar espaço na rotina escolar para a realização dessas atividades.
Dessa forma, os bolsistas desenvolveram a ideia do Recreio Interativo. O
projeto consiste em aproveitar os intervalos escolares para envolver os estudantes em
atividades interativas e experimentais que exploram os conteúdos de Física que estão
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sendo explorados teoricamente nas aulas. Já foram realizados três Recreios Interativos
nesta escola, resultado da boa aceitação do projeto pela comunidade escolar,
principalmente pelos alunos.
Os Recreios Interativos seguem a seguinte metodologia: (1) são pesquisados
experimentos e jogos relacionados com os conteúdos explorados pelo professor naquele
período; (2) é feita a solicitação de equipamentos ou experimentos do IFCE
relacionados com esses conteúdos para serem utilizados no recreio; (3) são
confeccionados experimentos com materiais de baixo custo; (4) é feito um levantamento
dos materiais necessários para a realização das atividades lúdicas; (5) após o período de
planejamento e organização, o recreio é realizado no intervalo entre os turnos da manhã
e da tarde.
Durante o Recreio Interativo os bolsistas se dividem nas diferentes atividades,
estimulando a interação dos estudantes. Já foram utilizados os seguintes experimentos:
Placa giratória sobre centro de massa; Gerador de Van de Graaff; Canhão de ar; Banco
de pregos; Circuito em série e paralelo; Labirinto elétrico; Termoscópio com garrafas
PET. E as atividades lúdicas: Caixa mágica (com perguntas de velocidade média,
escalas termométricas e eletricidade); Quiz de Física (dois estudantes devem responder
perguntas sobre Física enquanto um compressor enche um balão); Afunda ou não
afunda (são apresentados diferentes objetos que serão mergulhados e os estudantes
levantam suas hipóteses). Como mostramalgumas imagens do último Recreio
Interativonos anexos, pág. 08.
Os estudantes que participaram da atividade responderam o questionário
elaborado com o objetivo de coletar as percepções dos sujeitos sobre essas
metodologias e servir como instrumento norteador de novas práticas a serem
desenvolvidas na escola. Foi utilizada uma amostra de 50 alunos par a análise dos
resultados.
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1 QUESTIONÁRIO
Os dados levantados pela pesquisa foram apresentados em tabelas que
correspondem ao questionário aplicado aos alunos.
Os estudantes foram questionados sobre os seguintes aspectos: se gostou do
Recreio Interativo; qual atividade mais gostou e por que; se conseguiu relacionar os
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experimentos com o cotidiano; se os experimentos serviram para melhorar a
compreensão dos conteúdos; e se gostaria que houvesse outro Recreio Interativo, como
mostra a Tabela 01 nos anexos, pág.08 e 09.
De acordo com os dados, pôde-se observar que os alunos se interessam e gostam
de atividades experimentais, e principalmente quando podem manusear equipamentos
apresentados, pois o recreio foi aprovado por unanimidade.
A atividade que os estudantes mais gostaram foi o Quiz, seguido do Afunda ou
Não Afunda, sobre densidade. Isso revela o interesse por atividades lúdicas, por serem
mais divertidas, como foi afirmado.
A maioria, 44 dos 50 alunos que responderam o questionário, conseguiu
relacionar as atividades com o cotidiano, e 45 afirmaram que o experimento serviu para
melhorar a compreensão dos conteúdos de Física. Cabe ressaltar que 48 estudantes
gostariam que houvesse outro Recreio Interativo.
1. CONCLUSÃO
Os resultados mostram que as aulas práticas, experimentais e jogos educativos,
podem servir como atividades complementares para a aprendizagem em sala de aula. Os
estudantes reconhecem a importância de atividades como o Recreio Interativo na
aprendizagem, pois despertam a curiosidade e estimulam o desenvolvimento das
competências de investigação e contextualização. Além disso, atividades lúdicas e
interativas podem motivar os alunos e despertar o interesse pelos conteúdos da Física.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais. Ensino Médio. Ministério da Educação.
Secretaria de Educação Básica: Brasília, 2002.
DELIZOICOV, Demétrio., ANGOTTI, José André., PERNAMBUCO, Marta Maria.
Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011.
VILLATORRE, Aparecida Magalhaes., HIGA, Ivanilda., TYCHANOWICZ, Silmara
Denise. Metodologia do Ensino de Matemática e Física:Didática e Avaliação em
Física. Editora Ibpex.
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WARD, Hellen., et al.;tradução Ronaldo Cataldo Costa; consultoria , supervisão e
revisão técnica desta edição José Fernado Bitencourt Lomônaco.Ensino de Ciências –
Porto Alegre: Artmed, 2010.
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ANEXOS
Imagens
I
Fig. 1Quiz de Física
Fig. 2 Experimentos
Tabela
Tabela 01: Questionário
01. Você gostou do Recreio Interativo?
Sim: 50
Não: 0
02. Qual atividade mais gostou?
Circuito série e paralelo: 15
Densidade: 16
Quiz- jogo de preguntas: 20
Termoscópio: 5
Labirinto Elétrico: 12
03. Por que você gostou desta atividade?
Pela associação do experimento ao conteúdo em sala de aula: 07
Por ser mais divertido: 31
Por despertar a curiosidade: 21
Outros: 0
04. Você conseguiu relacionar os experimentos com o cotidiano?
9
Sim: 44
Não: 05
Não responderam: 01
05. O experimento serviu para melhorar a compreensão dos conteúdos de Física?
Sim: 45
Não: 04
Não responderam: 01
06. Você gostaria que houvesse outro Recreio Interativo?
Sim, a cada mês: 48
Sim, a cada três meses: 0
Sim, a cada seis meses: 0
Não: 0
Não responderam: 02
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