A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS MIDIÁTICOS NA EDUCAÇÃO1
Andressa dos Santos Ferreira 2
Carlos Renato Pereira da Costa3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo
A população brasileira está envolvida demais com a mídia em geral e isso é cada
vez mais perceptível no ambiente escolar. Ainda assim, não são todas as escolas que
permitem aos professores meios para explorem esses recursos. Desse modo, nós,
educadores, precisamos conhecer se existem e quais são os recursos midiáticos
utilizados por nossos alunos quando estudam e como podemos tirar proveito dos
mesmos, não só os utilizando como também criando-os.
Introdução
Muito se estuda e debate, atualmente, sobre a utilização de ferramentas
midiáticas no ensino das escolas. Computador, televisão, rádio, celular... Cada vez mais
estamos cercados por aparelhos e meios de comunicação das mais diversas formas que
invadem os mais diversos setores de nossas vidas e, isso, reflete na educação das
famílias e das instituições onde o conhecimento tem lugar central. Visto que o
conhecimento não se resume apenas ao que é visto na escola estes meios de informação
contém grande capacidade de ensino e é preciso que, nós educadores, nos envolvamos
com essas altas (e baixas) tecnologias. Este artigo pretende divagar sobre como esses
recursos são e podem ser usados pelos professores e alunos mesmo se as escolas onde se
encontram não tenham acesso a esses instrumentos.
Elucidações sobre o tema
Hoje em dia, em nosso país, ou as pessoas tem acesso à internet em casa ou vão
à lan houses e cyber cafés para navegarem, pelos mais diversos motivos de navegação
(diversão, contato com os amigos, trabalho, notícias, aprendizado,...). O Brasil é o
1
Artigo, referente à prática avaliativa da disciplina MAT 01074 – Educação Matemática e
Tecnologia, sob a orientação da professora Leandra Anversa Fioreze. Porto Alegre, 2012/1.
2
Aluna da turma U do curso de Licenciatura em Matemática da UFRGS.
3
Aluno da turma U do curso de Licenciatura em Matemática da UFRGS.
segundo (e às vezes o primeiro) em número de usuários nas redes sociais, batemos
recordes de acesso e de horas de uso de computadores.
Nesse sentido, quem acredita que os alunos, de um modo geral, não pesquisam e
fazem suas tarefas escolares em frente a computadores está, minimamente,
desatualizado. As tarefas e trabalhos escolares tomam o tempo de diversão dos
estudantes e são determinantes para seu desempenho acadêmico melhorar ou apenas
seguir medianamente. Talvez para obterem um desempenho melhor na resolução das
tarefas, talvez por não conseguirem entender a matéria, muitos alunos recorrem às
respostas rápidas e, algumas vezes, para eles, corretas da internet.
Atentando-nos a esses fatos, nós educadores, não podemos mais negligenciar a
tarefa de guiar nossos alunos nessas pesquisas e na utilização desses recursos. Mesmo
que na escola onde atuamos não seja tão comum o uso de mídias variadas ou que
simplesmente não se tenham meios de utilizar mídias não podemos agir como se elas
não fizessem parte do cotidiano de nossos alunos. Não é empecilho o fato de não
acompanharmos a navegação dos nossos alunos, pois podemos dar-lhes as coordenadas
dessa navegação presencialmente ou por correspondência eletrônica.
Mas como trabalharemos com essas mídias estando o aluno longe de nossa
observação presencial e nos encontrando apenas na escola?
Um dos primeiros passos que devemos dar é pesquisarmos com nossos alunos
quais são os recursos midiáticos que eles mais utilizam para estudar e analisa-los: sua
rigorosidade no tratamento das informações ali contidas, sua facilidade de manuseio,
sua facilidade de acesso etc. Precisamos conhecer como é o contato dos estudantes com
esses meios de informação e, para eles, de estudo. Investigar como é esse estudo e como
nosso aluno digeri as informações que obtém, longe do comando de quem quer que seja,
é incentivá-lo a estudar, é reconhecer que, mesmo que tenha feito por obrigação ou por
interesse de obter uma boa avaliação, ele procurou cumprir o que lhe foi solicitado e
que, por ter feito de uma maneira provavelmente não indicada pelo professor, foi próativo.
Cobramos muito de nossos alunos das mais diversas maneiras e poucas vezes os
elogiamos e os incentivamos a modificar sua prática de estudo. Dar voz aos alunos, sem
perder de vista o objetivo das aulas e práticas escolares, torna o professor mais acessível
diante de sua classe. Pesquisar junto aos alunos como estudam os estimula a adquirir
novas posturas diante dessa atividade. Dar atenção ao fato de nossos alunos
pesquisarem o que desejam aprender na internet é incentivá-los a fazer isso mais vezes.
Uma segunda atitude que devemos tomar é orientar nossos estudantes nas
pesquisas que farão, explicando porque algumas das fontes que utilizam não são
adequadas ou apoiando-os a continuar usando e guiando-os a valer-se dos recursos que
conhecemos e confiamos, até então.
Mesmo que passem horas em frente ao computador para a resolução de algum
trabalho sugerido pelo professor os alunos poderão não obter sucesso nessa empreitada,
pois eles ainda estão aprendendo e algumas vezes não conseguem saber se uma
determinada informação obtida está, de fato, correta. Os professores estudaram (ou
deviam ter estudado) a matéria que ministram. Assim sendo, são mais credenciados para
decidir o que pode servir como fonte de consulta ou não. Desse modo, é obrigação do
professor mostrar a seus aprendizes quais locais de pesquisa são ou não confiáveis. A
partir do momento que nos abrirmos a não só ministrar conteúdos devemos administrálos, devemos acompanhar o contato que nossos estudantes vão iniciando com os
mesmos. Não acaba-se nossa tarefa de introduzir assuntos e transmiti-los na escola, ela
apenas ganha mais um componente, o de acompanhar nosso estudante enquanto ele vê
essa matéria transmitida em outro local, com uma nova introdução.
É claro que as mídias não substituirão o papel e a caneta nas escolas, pois
precisamos conhecer os meios mais diversos de nos comunicarmos e praticarmos nossos
aprendizados em locais onde podemos administrar nossos traços. Mas, poderíamos
diminuir, drasticamente, os maus usos do papel (já que muitos cadernos são jogados no
lixo ao final dos anos letivos) aproveitando-nos mais de locais que exibem
“exatamente” o que queríamos transmitir.
Podemos tomar a frente e produzirmos recursos midiáticos, materiais
informatizados que nos sirvam de apoio. Não precisamos começar a inventar vídeos e
áudios para reproduzirmos o que fizemos em aula, podemos criar materiais, escritos no
Word mesmo, que sejam enviados aos nossos alunos e poupem-nos tempo de cópia em
sala de aula, dando-nos assim mais tempo para explicar o conteúdo e exercitar os
conhecimentos a respeito deste. Podemos sugerir que nossos alunos façam download de
softwares e assistam vídeos que exemplifiquem melhor o que tentamos ensinar-lhes em
aula.
Conclusões
Assumindo a autoria dos materiais midiáticos que utilizaremos com nossas
turmas e assumindo a postura de um ser comunicativo midiático capaz de indicar outros
recursos a nossos alunos teremos um pouco mais de garantia e segurança da qualidade
do aprendizado desses, além de nos tornarmos mais acessíveis (tanto no sentido de
liberdade de comunicação quanto no sentido de vários meios para se estabelecer essa
comunicação), retirando, assim, àquela imagem de ser inabalável e inquestionável que
temos diante de nossos aprendizes (e de suas famílias) que não mais nos auxilia no
ensino-aprendizagem do cotidiano escolar.
Referências Bibliográficas
GOMES, L. E. W. Tecnologias e Linguagem da Mídia na Educação: desafios para o
processo
de
ensino-aprendizagem.
Disponível
em:
http://intercom.org.br/papers/regionais/centrooeste2011/resumos/R27-0066-1.pdf.
Acesso em: 30 de jun de 2012.
JUNIOR, A. J. S.; LOPES, C. R. Saberes docentes e o desenvolvimento de objetos de
aprendizagem. In: PRATA, C. L.; NASCIMENTO, A. C. A. (Orgs.). Objetos de
Aprendizagem: uma proposta de recurso pedagógico. Brasília: MEC, SEED, 2007.
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MORAN, J.M. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, ano I, n.2, jan./abr.
1995, p.27-35. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm. Acesso em: 5
de junho de 2012.
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