Caminhos de uma saída de estudos na Bienal do MERCOSUL, 2013- Um olhar interdisciplinar. Em saída de estudos, no dia 1º de novembro, a turma 181, juntamente com as turmas do ensino médio e a oitava série do ensino fundamental e professores/as, estudantes visitaram a 9ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. A proposta da saída de estudos partiu das aulas de Filosofia, quando a professora Graziela Rinaldi da Rosa provocou os/as estudantes a se interessarem a pensar e refletir acerca da arte contemporânea. Em parceria com disciplinas e professores/as de outras áreas de conhecimento (História/Literatura/Química) os/as estudantes foram acompanhados/as de guias da Bienal e percorreram os caminhos do Santander Cultural, Margs e Memorial do Rio Grande do Sul. Já na entrada do museu, que hospedou a 9ª Bienal do Mercosul, observamos uma grande obra, parecendo incluir o chão e alguns pilares. Sem muito entender qual era o sentido da obra, a guia nos auxiliou: a ideia inicial do artista era utilizar ferrugem com um pouco de terra, para dar origem a obra e com o clima e alguns insetos que passavam por ali, a grande obra iria sendo marcada, com trilhos, rabiscos. Mas, a experiência seguiu outros rumos. Além das marcas deixadas por clima e insetos, pessoas entravam na obra, e mesmo sem a intenção ou sem saber da existência dela, acabaram deixando seus rastros e pegadas. A obra de Daniel Santiago, fazia uma enorme reflexão: o artista desenvolveu um projeto que consistia em uma coleção de pertences pessoais, selecionados há anos e assim que os encaixotasse, afundaria a caixa de objetos num lago em Toronto. Mas a intenção iam além disso. A perda desses tesouros se transformaria em um novo começo para ele! O artista selecionou alguns materiais para exposição: o mapa aonde a caixa foi afundada, um breve vídeo, que mostrava partes de sua trajetória e a chave da caixa de tesouros. Outra obra que chamou a atenção dos/as estudantes foi a do artista argentino, Nicolás Bacal: uma verdadeira obra de amor, bastante curiosa. Segundo a guia, a história começava quando ele se apaixonara pela suave voz de uma jovem, quando ligava para um certo telefone, que dizia as horas. Foi então, que descobriu-se de quem era o telefone, e após fazer contato com a dona, que agora não mais tão jovem, disponibilizaram o número para receber as ligações, porém, se ouvirá apenas a gravação de uma senhora declamando poemas de amor... Para dar certa continuação as obras de amor, estavam dentro de um cofre – já que o local era um antigo correio – cópias de uma carta de amor, também traduzidas para três línguas, disponíveis para quem tivesse curiosidade em ler ou levar. A filosofia que essa obra trazia era o local onde as cartas foram colocadas: um cofre. Muitos pensamentos e teorias surgiram, mas todas seguiam a ideia de que aquilo poderia ser algo de grande valor para o artista! Abordando a questão sonora, os/as estudantes puderam conhecer obras um tanto quanto musicais. Vivenciaram obras, escutando o som da viagem de um pombo correio. A artista trouxe a ideia dos pombos, também pelo fato de o local ser um antigo correio. Na sala de exposição, havia uma poltrona para sentarmos, as caixas de som e os antigos guichês. No meio do caminho da saída de estudos, os/as estudantes se depararam com uma obra transparente, com formato de pedra, parecendo ser artificial. A intenção do autor era transportar a pedra, porém apenas com seu formato. O processo foi feito da seguinte forma: uma grande pedra foi retirada de um rio, e com algumas camadas de um material semelhante ao látex, modelados, a pedra viraria uma escultura, como lá observamos. Além disso foram convidados/as a assistir um breve vídeo sobre o trabalho escravo. Um documentário sobre pessoas que trabalhavam 12 horas por dia, além de serem obrigadas a ‘’viver’’ dentro da fábrica, sem ao menos poderem conviver com a sociedade. Uma obra chocante, mas que abriu portas para uma enorme reflexão. Num outro espaço, o artista procurou retratar esse sofrimento com algumas imagens da fábrica e roupas de alguns dos tantos trabalhadores escravos, também com etiquetas bordadas retratando suas terríveis vidas. Os/as estudantes perceberam que a arte contemporânea é repleta de cores, formas, sentidos, com cada obra é possível descobrir novas ideais. Todas com um jeito único, mas repletas de filosofia. “Acredito que esse é o verdadeiro sentido da arte... Além de ser algo interessante, é capaz de se transformar em algo muito maior do que está apenas ali”. Letícia Cassel (181)