Seção Especial 20 anos do PET Administração Pública Renan do Prado Alves O histórico do PET - atual “Programa de Educação Tutorial”, primeiramente denominado “Programa Especial de Treinamento” – inicia-se em 1979 quando foi criado pelo então diretor da CAPES, Cláudio de Moura e Castro. A concepção primária desse programa surgiu nos moldes de uma experiência bem sucedida do Professor Ivon Leite de Magalhães Pinto, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), na década de 50, onde os alunos bolsistas tiveram grande destaque por participar de um grupo. A lógica do programa adivinha dos modelos norte-americanos e da experiência mineira, que consistia no seguinte: os alunos de cursos superiores que se destacassem nas suas médias seriam escolhidos para serem bolsistas e se juntarem a um grupo no qual se trabalhariam as características individuais de cada um a fim de aproveitá- las a favor do projeto. Em ambiente continuado estes graduandos se tornariam a massa inicial para uma pós-graduação sólida e competente. (CASTRO, 2007, p. 04) Melhorar a graduação era um produto secundário, algo que viria por si só, sem uma política explícita, como aconteceu no programa mineiro. Acreditávamos que isso seria um sub-produto inevitável, quase automático.(CASTRO, 2007, p.06) Porém, engana-se quem pensa que a trajetória do PET se desenvolveu perfeitamente. Em meados dá década de 90 começaram as conturbações. Em 1999 a responsabilidade pelo PET foi passada para outro setor (saindo da CAPES e se deslocando para o MEC), o novo regulamento se distanciava muito do original - sendo que esta medida foi revogada posteriormente -, e, durante um longo período (compreendido mais especificamente entre 1995 e 2003), o Ministério da Educação impôs fortes pressões para acabar com o programa com a justificativa de que ele era muito oneroso aos cofres públicos. Quando realmente a Capes decidiu acabar com o PET, descobriu, como se diz em Minas, que havia “criado cobra”. Já havia três mil jovens inteligentes, competentes, aguerridos e ligados na internet. Daí para frente, morando no exterior, não vi muito bem como se passaram as coisas, mas entendo que a reação dos bolsistas CASTRO, 2007, p.07 foi feroz e bem orquestrada. Atualmente o PET é um programa bem estruturado com membros presentes em todas as regiões do país - os grupos inclusive se reúnem anualmente em eventos regionais e nacionais. Para um efeito comparativo, no começo dos anos 80 – quando Cláudio de Moura e Castro saiu da diretoria da CAPES – , o PET era formado por 3 grupos com aproximadamente 15 participantes. Em 1999, o Programa contava com 313 grupos e 3756 bolsistas. Atualmente o Programa de Educação Tutorial consta com 400 grupos e mais de 4.200 bolsistas3 . Hoje em dia o PET “tradicional” foca seus esforços no que é considerado o tripé básico da formação acadêmica complementar: o ensino, a pesquisa e a extensão; mas também já surgem grupos PET denominados “Conexões de Saberes” (que focam suas atividades em temas segmentados como o PET Saúde) e também os “ PET Extensão” (que trabalham apenas o caráter extensionista do programa). A medida que mais grupos são abertos a cada ano, é fácil acreditar que o Programa de Educação Tutorial ainda trilhará um longo caminho de sucesso. O PET na UNESP e em Araraquara A UNESP é a Instituição de Ensino Superior com mais grupos PET. Atualmente são 30 grupos do Programa divididos em 16 Unidades Universitárias, distribuídas em 10 campi4 Por sua vez, dentro da UNESP, uma das unidades que contém mais grupos PET é Araraquara. Ao todo, dos 8 cursos disponibilizados na cidade, 7 tem grupos PET5 , sendo eles – em ordem cronológica de criação: Pedagogia (implantação em maio/1988), Administração Pública (maio/1992), Farmácia-Bioquímica (agosto/1994), Letras (agosto/1994), Ciências Sociais (setembro/1996), Odontologia (setembro/1996), e Química (setembro/1996). Da grande quantidade de grupos em Araraquara, houve a articulação de se fazer um grupo que reunisse todos os grupos PET para que, em encontros regionais ou nacionais, a unidade como um todo pudesse ter mais articulação política dando assim, mais peso as escolhas feitas em grupo do que individualmente. Dessa premissa, nasceu o PETARA, que dura até hoje. O PET Administração Pública Na grande área das “Ciências Sociais Aplicadas” encontra-se o curso de Administração Pública, que também está incluso no chamado “Campo de Públicas”, no qual incluem também outras formações como, por exemplo, Gestão de Políticas Públicas. Em 1992, com os esforços da Profª Drª. Helena de Carvalho Lorenzo, o PET Administração Pública foi estabelecido no curso da UNESP Araraquara, 3 Dados de 2010, retirados do portal do MEC. Dados de 2011 da Pró -Reitoria de Graduação da UNESP 5 A única exceção fica por conta do curso de Ciências Econô micas q ue teve seu grupo PET in iciado em 1988 e finalizado em 2002 4 sendo o segundo da unidade a ser implantando. Além disso, o PET Administração Pública da UNESP Araraquara é o único do Brasil! A primeira tutora ficou no comando do grupo de 1992 a 1994, quando foi substituída pelo Profº Dr José Luiz Riani Costa. A tutoria do Professor Riani foi a mais curta do histórico do grupo, tendo durado apenas um ano (1995-1996). O PET Administração Pública passava por problemas nessa fase inicial de adaptação, dificuldade refletida na rotatividade dos tutores, além de dificuldades internas como relata o ex-petiano Mário Stecca Neto que atualmente é Analista de Promotoria do Ministério Público do Estado de São Paulo e ingressou no PET em 1995. “Nosso grupo teve que batalhar muito para sobreviver. Os pareceres que recebíamos não vinham sendo bons e isso culminou na suspensão das bolsas por seis meses. Foi uma grande decepção para todos. Mesmo assim, nesse período, continuamos com nossas atividades e felizmente conseguimos reverter o quadro.” O terceiro tutor do grupo, Profº Dr José Luís Bizelli assumiu o comando do grupo e seu período de permanência foi o maior do histórico do PET Administração Pública, durando 09 anos (1997 - 2006). Durante esse período, o grupo se estabilizou e contribuiu para a formação de diversos estudantes, como relata a ex-petiana Lucimara Andréia Trevizam, que se formou em 2004 e ingressou no PET em 2001: “O PET enriqueceu minha vida acadêmica com as várias atividades que desenvolvíamos como discussões de livros não abordados na grade curricular, projetos de iniciação científica, organização de cursos e eventos. Além de intervir na Universidade, também foi possível nos aproximar da comunidade, por meio das atividades de extensão que desenvolvemos. Recordo-me dos eventos que realizávamos nas praças da cidade e do projeto de inserir o tema ‘Desenvolvimento Sustentável’ nas escolas.” Depois desses 15 anos de história, chegamos à fase mais atual do PET Administração Pública. Sob a tutoria da Profª Drª Ana Cláudia N. Capella – que iniciou sua fase em 2006 e continua até hoje – o grupo segue forte, tendo inclusive um membro discente na Comissão Executiva Nacional do Programa de Educação Tutorial (CENAPET). Quem dá o seu relato sobre essa fase mais atual do grupo é a ex-petiana Bruna Pizzolato, que integrou o PET no período entre 2008 a 2011. Atualmente ela é mestranda na Fundação Getúlio Vargas (FGV): “Quando entrei no grupo havia muitas pessoas comprometidas e que gostavam de participar, então, minha maior dificuldade inicial foi conseguir me encaixar nos trabalhos do grupo, pois todas as atividades já tinham, em certa medida, seus respectivos responsáveis. Porém, essa dificuldade foi apenas inicial, e, com o passar do tempo, novas oportunidades foram surgindo.” Como é perceptível, comparativamente, o PET Administração Pública acompanhou a história do Programa como um todo. Ambos tiveram fases conturbadas, mas, atualmente, os dois trilham um caminho sólido e consistente. O PET Administração Pública vem se mostrando como um diferencial importante para os alunos da FCL/Araraquara, que não apenas prezam pela vida acadêmica, mas que procuram por uma oportunidade de se graduar completamente buscando experiências, contatos e oportunidades que não acontecem apenas no ambiente da sala de aula. Considerações dos ex-petianos Mário S. Neto Lucimara A. Trevizam Bruna Pizzolato Mesmo para mim, que não segui a carreira acadêmica, O PET foi um lugar onde Os vinte anos de vida acredito que o PET foi uma pude mostram que, em geral, o experiência pessoal programa deu certo. Ter profissional aprender e academicamente muito e de incrível, grande importância para a participado dele foi uma independente do caminho minha vida pessoal. O honra. Petianos: sintam-se que o aluno deseje seguir. programa me ensinou a privilegiados! Vistam e Recomendo aproveitarem e trabalhar em grupo, a honrem a camisa e jamais se dedicarem a todas as importância da pesquisa, se esqueçam de cumprir sua atividades, função social! pois são das atividades de extensão, aprendizados para a vida além do fato de ir muito que não serão obtidos em além do que se ensina na sala de aula. graduação. Bibliografia CASTRO, C. M. “O PET Visto por seu criador”. [S.I.:s.s.,200-]. Ensaio. Disponível em <http://www.pet-odonto.ufpr.br/pet_claudiocastro.pdf>. Acesso em novembro de 2013