1 SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR Rotina de Controle da Qualidade da Água Elaboração: Luciana Augusta Alves Mariano – Enfermeira da CCIH/SCIH – Abril de 2006 Revisão: Ana Carolina Cristino Brito- Enfermeira da CCIH / SCIH - setembro de 2011 _____________________________________________________________________ I. INTRODUÇÃO: O fornecimento de água de boa qualidade livre de contaminação é essencial para várias operações no ambiente hospitalar. Além de ser necessária à vida, é utilizada para procedimentos de limpeza, desinfecção, esterilização, preparo de alimentos e hemodiálise, sendo que os requisitos de pureza variam de acordo com o tipo de uso. A água pode conter organismos nocivos à saúde humana, como as bactérias, endotoxinas bacterianas, certos tipos de algas além de contaminação química. Assim é necessário que procedimentos relativos ao tratamento da água sejam feitos, tais como conservação e limpeza de reservatórios, esterilização e desinfecção. O tratamento da água consiste em melhorar suas características organoléticas (propriedade das substâncias impressionarem os sentidos), físicas, químicas e bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo. Devido ao fato da água poder ser um veículo de contaminação que atinge rapidamente uma grande quantidade de indivíduos, determinamos uma rotina especifica para o controle de qualidade da água. II.CLASSIFICAÇÃO DA AGUA: Água potável- água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos a saúde; Água destilada- água livre de qualquer forma de vida; 2 Água deionizada- é o processo de remoção total dos íons presentes na água, através de resinas catiônicas e aniônicas. A troca iônica é utilizada para retirar da água substâncias inorgânicas que não podem ser removidas pelos processos normais de filtração ou sedimentação. Pode, portanto, remover resíduos minerais como cálcio, magnésio, arsênico, cromo, excessos de flúor, nitratos, rádio e urânio. II. RESERVATÓRIOS: A Santa Casa tem 3 reservatórios sendo, Pavimento Superior 1 com capacidade para 95.000 litros, Pavimento Superior 2 capacidade para 150.000 litros e Pavimento Enterrado com capacidade para 120.000 litros, sendo estes revestidos de manta asfáltica e proteção mecânica. III. FONTE: A fonte de fornecimento de água para os reservatórios é exclusivamente a SANEAGO. OBS.: Possuímos três poços desativados e lacrados. IV.RECOMENDAÇÕES GERAIS: Manter reservatórios de água tampados de forma apropriada,impedindo possíveis contaminações por pássaros e roedores; Manter registrados o controle de limpeza de todos os sistemas de tratamento de água existentes na instituição; Encaminhar ao SCIH periodicamente os resultados das análises da qualidade da água; Comunicar ao SCIH qualquer anormalidade de funcionamento dos sistemas de tratamento de água; Durante os procedimentos de manutenção e desinfecção do sistema de tratamento armazenagem e distribuição de água toda a comunidade hospitalar deve ser avisada; Os reservatórios devem ser mantidos ao abrigo da incidência direta da luz solar. Em caso de contaminação, amostras diárias devem ser colhidas nos diversos pontos do sistema enquanto persistirem os sinais de contaminação, devendo ser feita uma desinfecção geral dos mesmos. V. COLETA DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE: 3 A coleta de amostras de água para exame de potabilidade deve ser realizada mensalmente ou sempre que houver suspeita de contaminação da água, priorizando os mesmos pontos de coleta com o objetivo de estabelecer parâmetros de comparação entre os exames TABELA DE ANALISE DA ÁGUA sistema Reservatório comum Osmose reversa Osmose freqüência Mensal Mensal Trimestral responsável Setor de manutenção Hemodiálise CME 1. Pontos de coleta de amostras: A. Em todo sistema: Antes e após a passagem pelo filtro de areia; Após saída do reservatório; Após processo de osmose; 2. Procedimento: Proceder à higienização das mãos; Desinfetar a torneira com gaze estéril embebida em álcool a 70%; Abrir a torneira e deixar a água escoar por no mínimo 02 (dois) minutos ou por tempo determinado de acordo com o projeto hidráulico; Colher a amostra em vidro estéril, abrir exatamente no momento de coleta, tendo o cuidado para não tocar nas bordas; Coletar a água de modo que o frasco coletor fique com até no máximo 2/3 de seu volume, para permitir homogeneização da amostra; Fechar o frasco com a própria tampa e vedá-lo com fita adesiva ou esparadrapo, para evitar que a amostra derrame; Cobrir a tampa com papel protetor e amarrá-la com barbante; Identificar o frasco com data, hora, procedência, cidade, município, responsável pela coleta, telefone e endereço. 4 3. Transporte: Amostras transportadas à temperatura ambiente: o intervalo de tempo entre a coleta e a chegada ao laboratório não poderá ser superior a 06 (seis) horas; Amostras transportadas sob refrigeração: o intervalo de tempo entre a coleta e a chegada ao laboratório não poderá ser superior a 24 (vinte e quatro) horas. A embalagem deverá conter gelo em sacos plásticos, acondicionados de tal forma que não molhem ou danifiquem o papel protetor do frasco. VI. ROTINA DE LIMPEZA DOS RESERVATORIOS: A limpeza dos reservatórios de água será realizada a cada 3 meses e seguirá os seguintes passos: Esvaziar o reservatório de água pelo encanamento até uma altura de 30cm, onde irão se concentrar iodo, minerais, partículas pesadas e outros; Remova a água restante através de bombas de sucção, de modo que detritos e resíduos sejam removidos; Proceda a limpeza mecânica das paredes, de preferência com água em alta pressão. Deve-se tomar o maximo cuidado para não remover a impermeabilização dos reservatórios de água; Enxágüe com jatos de água e aplique solução de hipoclorito de sódio e ainda 50g de sal para cada 20.000 litros de capacidade de reserva de água, deixando um tempo de contato de 45 minutos; Enxágüe com água limpa; Encha o reservatório. VII.ROTINA DE LIMPEZA DOS SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA: 1.FILTRO DE AREIA: O filtro de areia tem um funcionamento semelhante ao dos filtros lentos das estações de tratamento de água. A limpeza deste tipo de filtro deve ser realizada através de lavagem com água aproximadamente 20 minutos raspagem de aproximadamente um centímetro da sua camada superficial de areia, a troca da área do filtro é anual. Após dez limpezas, o leito filtrante deve ter sua espessura original reconstituída, ou seja, a camada de areia deve ser completada novamente para 25 centímetros. 5 É recomendada uma camada de carvão vegetal, moído e sem pó, na parte inferior do filtro, objetivando a adsorção de compostos responsáveis pela presença de sabor ou odor. Realizar anotação no livro de relatório descrevendo o procedimento de limpeza. Obs.: Se os filtros não forem tratados cuidadosamente sua eficiência é limitada. 2. OSMOSE REVERSA: A água usada em hemodiálise e CME pode ser origem de endotoxinas (ou Lipopolissacarídios ) que causam várias respostas fisiológicas agudas , como febre , calafrios , cefaléia , mal-estar , mialgias , náuseas , bocejos, podendo também causar coagulação de dialisador , além de determinar complicações a longo prazo , como caquexia e amiloidose , e contribuir para sub-diálise. Mesmo em água esterilizada podem ser encontradas altas concentrações de endotoxinas , pois mesmo uma baixa contagem de colônias bacterianas não significa ausência de endotoxinas. As bactérias mais frequentemente encontradas em água de hemodiálise são gramnegativas , em torno de 90 % , com franco predomínio do gênero Pseudomonas. As bactérias gram-negativas podem se multiplicar muito rapidamente , mesmo em água que foi esterilizada , alcançando altas concentrações (> 100.000 col/ml) em menos de 48 horas. Em soluções de diálise este crescimento bacteriano pode ser mais rápido , pela presença de glicose e bicarbonato , gerando altos níveis de endotoxinas . O padrão mínimo de qualidade de água para hemodiálise deve corresponder aos seguintes padrões microbiológicos e de endotoxinas: TIPO DE FLUIDO CONTAGEM DE COLONIA UFC/ml 1.Água para dializato <200 2.Dializato <2000 3.Água para reprocessar <200 capilar 4.Água para solução <200 desinfectante 2.1 Coleta de amostra para análise: Pontos de coleta de amostras: Pré-filtros para verificar potabilidade; ENDOTOXINAS EU/ml Não padronizado Não padronizado <5 <5 6 Pré e Pós filtros de carvão e areia; Pré e Pós osmose; Máquinas (01 vez por mês); Bancada de Reuso; Potabilidade. Procedimento: segue a mesma rotina para os reservatórios comuns. 2.2 Rotina Para Limpeza e Desinfecção dos Reservatórios de Água Tratada para Hemodiálise: A. Procedimento: Freqüência: mensal Tanque cônico com sistema de Looping: Colocar quantidade de cloro necessária para concentração a 2% conforme o volume do tanque e tubulação; Garantir que o tanque e toda tubulação estejam preenchidos com esta solução através de recirculação; Aguardar 30 minutos; Colocar nova água; Fazer teste de resíduo para cloro; Liberar para uso quando teste de resíduo for negativo em todos os pontos; caso contrário, recircular a água novamente; Tanques Cilíndricos: Proceder conforme rotina de limpeza e desinfecção de caixa d'água e cisterna de abastecimento. 2.3 OBSERVAÇÕES GERAIS: Normalmente a vida média de elementos dos equipamentos de Osmose Reversa é de 04 anos, dependendo das características do projeto, da qualidade da água de 7 alimentação, da freqüência de limpezas que é realizada no equipamento, entre outros fatores. O reservatório que recebe água tratada deverá ter base cônica e de tamanho compatível ao consumo; A água desses tanques deve estar em continuo movimento por meio de bombas de recirculação para que seja promovida a movimentação da água tratada por todos os encanamentos da sala de diálise e retornar ao tanque de armazenamento; Evitar nos circuitos de segmentos de água as "alças cegas". Quando houver um diferencial de pressão entre os manômetros instalados no pré filtro, de 12 a 15 PSI. Se isso não ocorrer, troca-se uma vez por mês. 3.ROTINA PARA LIMPEZA E DESINFECÇAO DE SISTEMA DE OSMOSE REVERSA DA CME A. Procedimento: Freqüência: Mensal ou de acordo com as recomendações do fabricante*; Realizar exames microbiológicos a cada três meses; Observações gerais: O sistema de osmose possui resinas e membranas que produzem uma quantidade determinada de água (em media 500 a 800 litros), após, as resinas devem ser trocadas pois não são mais eficientes ; Devem possui filtro, pré filtro, filtro de carvão, resina e membranas. TABELA DE LIMPEZA DOS SISTEMAS DE TRATAMENTO: SISTEMA Reservatório comum Filtro de areia Osmose reversa osmose RESPONSÁVEL Setor de higienização manutenção Hemodiálise CME FREQUENCIA trimestral Semanal Mensal De acordo com o fabricante 8 VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: MARTINS, M. A. Manual de Infecção Hospitalar: Epidemiologia, Prevenção e Controle, Medsi, 2ª ed. Rio de Janeiro, 2001. BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria 1469 Controle e Vigilância da Qualidade de Água para Consumo Humano, de 29 de dezembro de 2000. http://www.anvisa.gov.br/portatias/1469-00 , em 20/01/03. BRASIL, Ministério da Saúde, RDC Nº.154 Regulamento Técnico para o Funcionamento dos serviços de Diálise, de 15 de julho de 2004. http://www.e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id+11539 , em 02/09/04. Aspectos de segurança no ambiente hospitalar, http://www.opas.org.br/gentequefazsaude/bvs.br/cd49/segurança hosp.pdf , em 12/04/2006. Programa nacional de controle de qualidade=Educação continuada= Água reagente no laboratório clinico, http://www.pncq.org.br/participantes/atualização em 12/04/2006. ANVISA- Resolução RDC nº 306 de dezembro de 2004: Regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. _________________________________ Enfª. Ana Carolina Cristino Brito Enfermeira SCIH / CCIH _______________________________ Dra. Mônica Ribeiro Costa Infectologista da C.C.I.H. /S.C.I.H. 9